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FILOSOFIA DA RELIGIÃO
AULA 1
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CONVERSA INICIAL
religião voltou a constituir um fator determinante da realidade mundial quer no nível pessoal quer
na vida pública. Nada mais natural, pois, que a filosofia como reflexão radical sobre a experiência
humana do ente no seu todo se debruce com renovado interesse sobre este fenômeno na tentativa
de interpretá-lo. (Mac Dowell, 2011)
Essa constatação aponta para a necessidade de se fazer da religião objeto de investigação a fim
Antes de responder à pergunta crucial, devemos considerar qual a diferença entre História das
Religiões, disciplina já consolidada, cujo surgimento remonta aos tempos imediatamente posterior ao
Iluminismo, e a Filosofia da Religião, disciplina mais recente e menos estrutural que a sua
antecessora.
Segundo Agnolin (2019), a disciplina História das Religiões se ocupa em identificar o genómenon
da religião, isto é, a constituição de seu processo histórico e não o seu fainómenon, que é objeto da
dentro do seu contexto cultural levando assim em consideração a relação existente entre religião e
cultura.
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Comparadas, a Filosofia da Religião é aquele ramo da filosofia que se ocupa das questões fundantes
2. Razões últimas:
Assim, estabelece-se que os objetos próprios da disciplina Filosofia da Religião são as questões
arquetípicas e finais da religião, porém, não há como desvincular essas questões daquelas que
manifestam a natureza ontológica da religião, ou seja, aquilo que torna um fenômeno de fato
Champlin (1995, p. 779) nos fornece uma lista de assuntos que comumente são abordados na
d. O problema do mal.
f. A alma, sua existência, sua sobrevivência diante da morte biológica e o seu destino.
h. A liberdade e o determinismo
i. O misticismo.
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l. A função religiosa como parte da sociedade. A religião como uma das instituições da
sociedade.
práticas religiosas.
Quanto ao método
De modo geral, os estudos realizados pelos que se empenham em investigar as religiões numa
O método apriori parte de “ideias mais gerais sobre o sentido da existência humana e em função
de tais concepções determinam como deve ser a religião, para que satisfaça esses pressupostos”.
Esse é o método adotado por Kant em seu tratado A Religião dentro dos Limites da mera Razão
(1793). Nesse tratado, Kant propõe que a religião seja subordinada à Ética Filosófica, reconhecendo a
necessidade dos mandamentos divinos e adotando-os de tal forma que se tornem, não a expressão
de uma vontade alheia, “mas leis essenciais da vontade livre como tal”. Hegel também se valeu desse
humanidade”. Os estudiosos que se valem desse método “tomam a religião como algo já dado e
procuram compreender racionalmente o seu significado”. Eles reconhecem a religião como “um
fenômeno original e irredutível tanto à razão filosófica como à poética”. (MacDowell, 2011)
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concretiza-se na tese de que a religião é revelação. Pode-se dizer que essa tese nada mais é que a
expressão filosófica do valor absoluto que a religião se atribui.
Enfoques
valorativo.
seja. o que caracteriza o fenômeno religioso como tal, “bem como os seus diversos elementos, desde
a experiência religiosa na sua feição própria e nas múltiplas formas, até suas diversas expressões na
O enfoque crítico-valorativo busca determinar o valor da religião. Essa avaliação pode ser em
Qual é o fundamento real do fenômeno religioso? A experiência religiosa atinge efetivamente uma
realidade superior ou consiste em um sentimento meramente subjetivo? O divino como termo da
transcendência religiosa existe realmente ou é apenas uma projeção do espírito humano? A atitude
religiosa pode justificar-se filosoficamente ou é fruto de uma ilusão, que a razão crítica explica, ao
reduzi-la às suas raízes não-religiosas, i.e. psicológicas, sociológicas etc.?
ser abordados em termos axiológicos e responder a outras perguntas: qual é o valor humano da
religião? Ela respeita a dignidade humana? Contribui para o desenvolvimento pessoal e social? É fator
O projeto de uma Filosofia da Religião, como realidade humana, surge apenas no tempo do
Iluminismo (fim do século XVIII), através da transformação cultural provocada pela modernidade,
quando a religião se torna algo exterior à razão e subordinado a ela, um fenômeno cultural entre
Temas da aula
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Para Platão, Filosofia “é o uso do saber em proveito do homem. [...] uma ciência em que
coincidam fazer e saber utilizar o que é feito, e esta ciência é a Filosofia” (Eutidemo, 288 e 290d). A
Filosofia é “necessária, portanto uma ciência em que coincidam fazer e saber utilizar o que é feito, e
esta ciência é a Filosofia” (Eutidemo, 288 e 290d).
conhecimento que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais amplo possível; 2. o uso desse
442)
A Filosofia como investigação é contraposta por Platão, por um lado, à ignorância e, por outro, à
Para Thomas Hobbes, a Filosofia é “por um lado, o conhecimento causal e, por outro a utilização
desse conhecimento em benefício do homem” (Sobre o Corpo, 1665 I, §2, 6). Para Descartes, a
Filosofia é “o estudo da sabedoria” compreendendo aí não somente “a prudência nas coisas, mas um
perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem pode conhecer” (Princípios Filosóficos, 1644).
Bergson vinculou a intuição humana à investigação filosófica, julgando ser a intuição o órgão da
filosofia a “visão direta do espírito por parte do espírito” (1934, p. 51), ou seja, o instrumento para
atingir, imediata e infalivelmente, a "duração real" que é a realidade absoluta (Bergson, citado por
Como saber investigativo, a Filosofia, segundo Nicola Abbagnano (2008), assume três formas
distintas que definem três concepções filosóficas fundamentais, a saber, a metafísica, a positivista e a
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crítica:
Para a primeira delas, a Filosofia é o único saber possível, e as outras ciências, enquanto tais,
coincidem com ela, são partes dela ou preparam para ela. Para a segunda delas, o conhecimento
cabe às ciências particulares, e à Filosofia cabe coordenar e unificar seus resultados. Para a terceira
delas, Filosofia é juízo sobre o saber, ou seja, avaliação de suas possibilidades e de seus limites, em
vista de seu uso pelo homem. (Abbagnano, 2008, p. 444)
filosóficos, eliminar a própria filosofia ou se ‘curar’ dela” (Investigações Filosóficas, parágrafo 133).
provavelmente "obrigação", mas, segundo Cícero, derivaria de relegere: "Aqueles que cumpriam
cuidadosamente todos os atos do culto divino e, por assim dizer, os reliam atentamente foram
chamados de religiosos — de relegere —, assim como elegantes vem de elegere, diligentes de
diligere e inteligentes de intelligere - de fato, em todas essas palavras nota-se o mesmo valor de
legere, que está presente em religião". (Abbagnano, 2008, p. 847)
Segundo Bergson, a religião é a experiência do divino que “revela a realidade de seu objeto”.
Segundo ele, a religião verdadeira é mística em sua natureza essencial (Abbagnano, 2008, p. 846) Já
para Ludwig Feuerbach, a religião é “a autoconsciência do homem” ou ainda “a autoconsciência do
infinito”; noutras palavras, “a consciência que o homem tem da infinidade de seu ser, e não de sua
limitação (Essência do Cristianismo, 18-II, parágrafo 1) (Abbagnano, 2008, p. 848).
Kierkegaard acredita que as origens das religiões se encontram na angústia humana que “leva o
homem a perceber que a possibilidade corrói e destrói as expectativas ou capacidades humanas além
de destroçar cálculos e habilidades com a ação do acaso e das possibilidades insuspeitas” (1844).
Marilena Chauí (1997, p. 298) define religião como “um vínculo” entre “o mundo profano e o
mundo sagrado, isto é, a Natureza (água, fogo, ar, animais, plantas, astros, pedras, metais, terra,
Mac Dowell (2011) nos oferece uma definição abrangente do que seja religião:
Numa primeira aproximação, religião pode ser definida, à luz da autocompreensão do homo
religiosus, como a relação do ser humano para com um poder superior, experimentado como
sagrado ou divino, do qual ele depende de algum modo juntamente com o seu mundo. A atitude
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religiosa supõe que o sagrado se manifesta como algo fundamental na experiência humana. A
religião vem a ser então, propriamente, a resposta existencial e espontânea do ser humano a esta
manifestação. Enquanto reconhecimento da própria dependência para com o sagrado, tal resposta,
condicionada culturalmente, se expressa na profissão de fé dos mitos e nas práticas cultuais dos
ritos, que na sua variedade histórica explicam as diferenças das tradições religiosas.
no âmbito europeu continental como mais ainda no anglo-americano. Prova disso é a explosão de
publicações sobre o tema, seja sob a forma de estudos especializados, seja de tratados ou
coletâneas de artigos que oferecem uma visão sistemática da problemática atual.
E complementa:
Ora, o filosofar autêntico não é senão a tentativa de pensar metodicamente a própria orientação na
vida. Neste sentido há uma íntima ligação entre filosofia e religião. E, de fato, historicamente desde
seus albores a filosofia envolveu-se radicalmente com a dimensão religiosa da existência. (Mac
Dowell, 2011)
Para Champlin (1995, v. 5, p. 642), o conflito entre ciência e religião se dá pelo fato de que
“muitos teólogos têm uma forte vontade de crer, e creem em quase qualquer coisa, e cientistas têm a
forte determinação de não crer, e terminam no ceticismo”. O que é dito a respeito dos cientistas
Uma forma de objetar à possibilidade de uma filosofia da religião é abordar a religião de forma
reducionista. O reducionismo religioso acontece de várias formas, às vezes considerando a religião
um mero sistema moral, às vezes tratando-o o assunto apenas no campo antropológico ou idealista.
Porém, as formas mais depreciativas apontam na direção de más intenções ou ainda um tema
metafórico.
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Platão tinha uma ideia reducionista da religião, reputando-a a mera moralidade. Segundo ele, “A
divindade que, segundo a tradição, rege o princípio, o fim e o curso de todos os seres, e procede
conforme sua natureza no seu movimento circular; atrás dela vem sempre a justiça punitiva para
Na Filosofia Moderna, Kant concluiu de forma similar, ao afirmar que a religião “considerada do
ponto de vista subjetivo é o conhecimento de todos os nossos deveres como mandamentos divinos”
(Religião nos Limites da Simples Razão IV, I). Para ele, a existência de Deus e todas as implicações
decorrente disto são postulados da razão prática, porque, segundo ele, “só Deus torna possível a
união de virtude e felicidade em que consiste o sumo bem, que é o objeto da lei moral” (Crítica da
Razão Prática, I, cap. 2, parágrafo 5).
Mediante o conceito do sumo bem, a lei moral conduz à religião, ao conhecimento de todos os
deveres na forma de mandamentos divinos; não como sanções, ou seja, como decretos arbitrários e
por si mesmo acidentais de uma vontade alheia, mas como leis essenciais de toda vontade livre por
si mesma, que, porém, devem ser consideradas mandamentos do Ser supremo, porque só de uma
vontade moralmente perfeita (santa e boa) e ao mesmo tempo onipotente podemos esperar o
sumo bem, que a lei moral nos obriga a ter como objeto de nossos esforços; portanto, podemos
esperar alcançá-lo mediante o acordo com essa vontade perfeita. (Abbagnano, 2008, p. 255)
Hegel (Ciência da Lógica, I, I, cap. III, nota 2, trad. it., p. 169-70, citado por Abbagnano, 2008, p.
524) reduzia a religião (e a filosofia) a mero idealismo:
O idealismo da filosofia consiste apenas nisto: em não reconhecer o finito como verdadeiro ser.
Toda filosofia é essencialmente idealismo ou pelo menos tem o idealismo como princípio; trata-se
apenas de saber até que ponto esse princípio está efetivamente realizado. A filosofia é idealismo
tanto quanto religião"
Nietzsche se notabilizou por criticar as religiões, em especial a religião cristã, nesse sentido. Ele
indaga e responde:
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Que significa “ordem moral do mundo”? que existe, de uma vez por todas, uma vontade de Deus
quanto ao que o homem tem e não tem de fazer; que o valor de um povo, de um indivíduo, mede-
se pelo tanto que a vontade de Deus é obedecida; que nas vicissitudes de um povo, de um
indivíduo, a vontade de Deus mostra ser dominante, isto é, punitiva e recompensadora, segundo o
grau da obediência. A realidade, no lugar dessa deplorável mentira, é a seguinte: uma espécie
parasitária de homem, que prospera apenas às custas de todas as formas saudáveis de vida, o
sacerdote, abusa do nome de Deus: ao estado de coisas em que o sacerdote define o valor das
coisas ele chama “reino de Deus”; aos meios pelos quais um tal estado é alcançado ou mantido, “a
vontade de Deus”; com frio cinismo ele mede os povos, as épocas, os indivíduos, conforme
beneficiem ou contrariem a preponderância dos sacerdotes. (Nietzsche, 2009, p. 32)
E complementa:
sacerdote têm de ser conhecida – para esse fim é necessária uma “revelação”. Em linguagem mais
clara: requer-se uma grande falsificação literária, descobre-se uma “Escritura Sagrada”. (Nietzsche,
2009, p. 32)
Nietzsche (2009, p. 81), em sua Lei Contra o Cristianismo (arts. 2 e 5), expressa sua indignação
contra a classe sacerdotal:
Artigo Segundo – Toda participação num um ofício divino é um atentado à moralidade pública.
Deve-se ser mais duro com os protestantes que com católicos, e mais duros com os protestantes
liberais que com os ortodoxos. O que há de mais criminoso no fato de ser cristão aumenta à
medida que alguém se aproxima da ciência. Portanto, o criminoso dos criminosos é o filósofo.
Artigo Quinto – Quem senta à mesa com um sacerdote é expulso: excomunga a si mesmo da
sociedade honesta. O sacerdote é nosso chandala – deve ser banido, esfomeado, enxotado para
Max Müller opinava que as ideias abstratas não podem ser expressas a não ser metaforicamente,
daí porque ele considerava que “todo o dicionário da religião antiga era composto por metáforas” e
por isso “uma fonte contínua de equívocos” (1897, I, 68).
O reducionismo de Max Müller elimina a eticidade das religiões. Nesse mesmo sentido Nicolai
l. a ética está radicada nesta existência, enquanto a religião tende a uma existência radicada além
desta; 2) a ética está voltada para o homem, a religião para Deus; 3) a ética afirma a autonomia dos
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religião transfere toda iniciativa a Deus (Ética 1926, 3a ed., 1949, p. 811-17).
Segundo Marilena Chauí (1997), é possível conciliar filosofia e religião. Para ela, Kant, Hegel e os
fenomenologistas mais recentemente procuraram contribuir para que a conciliação fosse possível.
fenômeno e “impedir a pretensão de teorizar” (Chauí, 1997) sobre o nôumeno (a realidade em si).
manifestação mais baixa. Na cultura, segundo ele, o Espírito “se realiza como Arte, Religião e
Filosofia, numa sequência que é o aperfeiçoamento rumo ao término do tempo”.
comum, ciência, filosofia, artes, religião –, de sorte que não há oposição nem exclusão entre elas, mas
metodológica da Filosofia. Augusto Comte foi um dos principais defensores dessa corrente filosófica
que se caracterizou pela romantização da ciência e pela ousada proposta de reduzir a religião a uma
“ciência” ou, noutros termos, uma religião científica. Segundo ele, essa religião científica seria uma
Os positivistas alimentaram uma noção utópica de que a religião tradicional, em pouco tempo,
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tradução social das crenças de uma nação e sua maneira de se relacionar com o divino. Os rituais,
por sua vez, colocam à disposição dos indivíduos elementos que lhes permitem ter um
No& Tractatus, Wittgenstein (1961, parágrafos 6.421, 6.44) usou o termo místico para apontar os
assuntos de ética e estética. A ocorrência da palavra Deus, nesse contexto (parágrafo 6.432), e as
associações históricas da palavra místico sugerem a inclusão do assunto religião. Ocorre que a lógica
diz respeito a relações de implicação dedutiva entre proposições. Uma proposição é uma
mensuração, ou seja, uma figuração de um fato. Mas a ética, a estética e Deus ficam além dos fatos e,
Toda doutrina que admita a comunicação direta entre o homem e Deus. A palavra mística começou
a ser usada nesse sentido nas obras de Dionísio, o Aeropagita, pertencentes à segunda metade do
O elemento místico se relaciona àquela realidade que transcende a física (metafísica) ou possui
componentes que extrapolam os limites da razão humana, ficando assim além de toda e qualquer
as cosmogonias.
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simplicidades. Os cantos, as palavras proferidas, os atos litúrgicos em suas formas mais variadas
(sacrifícios, orações, invocações, danças e objetos sagrados) integram e diversificam o elemento
estético.
Técnicas mágicas e religiosas, que só podem, ser postas em prática com base em determinados
sistemas de crenças; não podem, portanto, modificar esses sistemas e apresentam-se também
como não-corrigíveis ou não modificáveis. Essas técnicas constituem um dos dois elementos
fundamentais de qualquer religião e podem ser indicadas com o nome genérico de ritos.
entre os humanos e a divindade. Para agradecer dons e benefícios, para suplicar dons e benefícios,
para lembrar a bondade dos deuses ou para exorcizar sua cólera, caso os humanos tenham
O elemento ético se relaciona aos mandamentos, dados a conhecer aos adoradores no intuito
de que a vontade de Deus (ou dos deuses) seja conhecida e obedecida. Esses mandamentos,
diferente das ordenações ritualísticas, relacionam-se à forma como os adeptos devem viver, incluindo
nisso o que se pode e o que não se pode nem se deve fazer, pensar, sentir e falar.
Segundo Chauí (1997, p. 301), a religião, “ao estabelecer o laço entre o humano e o divino,
procura um caminho pelo qual a vontade dos deuses seja benéfica e propícia aos seus adoradores”.
Daí surge a necessidade das leis, decretos, mandamentos, ordenanças e comandos. Segundo ela “a
ordem do mundo decorre dos decretos divinos, isto é, da lei ordenadora à qual nenhum ser escapa,
também o mundo humano está submetido a mandamentos divinos”. No intuito de fazer conhecida
as leis divinas, surge a figura dos mediadores, dos profetas (ou videntes) e dos sacerdotes.
NA PRÁTICA
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Toda disciplina, por mais simples que seja, contribui, se bem elaborada e devidamente
Ampliação de horizontes
Montesquieu observou que “Muitas coisas conduzem os homens: o clima, a religião, as leis, os
princípios de governo, as tradições, os costumes, os usos; a partir daí se forma o espírito geral, que é
Abertura ao diálogo
também ouvir atentamente e dar ao interlocutor a liberdade de discordar sem se ofender ou ser
ofendido.
Ao tomar conhecimento, ainda que não profundamente, das razões que movem as ações,
distinguir aquilo que tem fundamento ou não. Mesmo quando não se concorde com o enunciado ou
Ao observar determinados ritos e procedimentos religiosos, podemos estanhá-los por não serem
comuns a nós. Porém, tomando conhecimento das razões primárias e últimas das religiões, nosso
Tolerância religiosa
a tolerância foi entendida como coexistência pacífica entre várias confissões religiosas, sendo hoje
entendida, em sentido ainda mais geral, como coexistência pacífica de todas as possíveis atitudes
religiosas. O critério para verificar se essa exigência está sendo realizada nas situações históricas ou
políticas é um só: a sua realização significa que o cidadão não sofre violência, inquirição jurídica ou
policial, diminuição ou perda de direitos ou qualquer tipo de discriminação em virtude de suas
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FINALIZANDO
Embora distintas em suas abordagens, métodos e objetos, filosofia e religião integram o mundo
da experiência humana, ora como parte dela, ora como elemento de compreensão dela.
investigar a religião sem ter como objetivo destruir seus fundamentos primários e finais.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Tradução de Alfredo Bosi, São Paulo: Martins Fontes,
2008.
AGNOLIN, A. História das religiões – Perspectiva histórico-comparativa. São Paulo: Paulinas, 2019
CHAMPLIN, R. N.; BENTES, J. M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia,
1995. v. 2.
SANTOS, P. V. Religião e sociedade no Egito Antigo: uma leitura do mito de Ísis e Osíris na obra
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