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UNIVERDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA

Curso: Arquitetura e Urbanismo

Disciplina: Projeto Arquitetônico II

Docente: Hélio Canto

Discente: Aya Yokoyama - 04104210

Fichamento – Habitar de Juhani Pallasma

PALLASMA, Juhani. Habitar. 1. ed. [S. l.]: GG, 2016. 128 p. ISBN 8425229235.

“É fundamentalmente um intercâmbio e uma extensão; por um lado, o habitante se acomoda no


espaço e o espaço se acomoda na consciência do habitante, por outro, esse lugar se converte em
uma exteriorização e uma extensão de seu ser, tanto do ponto de vista físico quanto mental.”
(PÁG. 6).

“Como afirma Ludwig Wittgenstein: “A arquitetura glorifica e eterniza alguma coisa. Quando
não há nada a glorificar, não há arquitetura”.” (PÁG. 6).

“No mundo obscenamente materialista de hoje, a essência poética da arquitetura está sendo
ameaçada simultaneamente por dois processos: a funcionalização e a estetização.” (PÁG. 7).

“A modernidade se comprometeu prioritariamente com o espaço e a forma, enquanto o tempo,


uma qualidade essencial de nossa existência, foi negligenciado.” (PÁG. 7).

“Essa residência possui sua própria psique e alma, além de suas qualidades formais e
quantificáveis.” (PÁG. 10).
“O lar é uma expressão da personalidade do morador e de seus padrões de vida únicos. Por
conseguinte, a essência de um lar é mais próxima da vida propriamente dita do que o artefato
da casa.” (PÁG. 11).

“O lar não é um simples objeto ou um edifício, mas uma condição complexa e difusa, que
integra memórias e imagens, desejos e medos, o passado e o presente. Um la também é um
conjunto de rituais, ritmos pessoais e rotinas do dia a dia. Não pode se constituir em um instante,
pois possui uma dimensão temporal e uma continuidade, sendo um produto gradual da
adaptação da família e do indivíduo ao mundo.” (PÁG. 12).

“A essência do lar – sua função de espelho e suporte da psique do habitante – é representada de


modo mais revelador nessas formas de arte do que na arquitetura.” (PÁG. 12).

“Além de ser um símbolo de proteção e ordem, o lar também pode se converter na


materialização da miséria humana: solidão, rejeição, exploração e violência.” (PÁG. 13).

“O lar é uma experiência multidimensional, difícil de ser descrita objetivamente. Um estudo


introspectivo e fenomenológico de imagens, emoções, experiências e recordações vinculadas
ao lar parece ser um modo profícuo de analisar tal conceito.” (PÁG. 13).

“A palavra “lar” imediatamente nos relembra todo o aconchego, a proteção e o amor da nossa
infância. Talvez nossos lares da idade adulta sejam apenas uma busca inconsciente daquele lar
perdido. Mas as memórias do lar também despertam todos os medos e angústias que porventura
tenhamos experimentado naquele período.” (PÁG. 13).

“Um lar é uma coleção e uma concretização de imagens pessoais de proteção e intimidade, que
permite a alguém reconhecer e recordar sua própria identidade.” (PÁG. 13).
“Meu lar estava mais na minha mente e memória do que em um espaço físico em particular, ou
talvez, mais precisamente, minha mente tenha transformado cada um desses espaços físicos em
uma imagem única de lar.” (PÁG. 14).

“Um impacto arquitetônico emocional está relacionado a um ato e não a um objeto ou a um


elemento visual ou figurativo. Consequentemente, a fenomenologia da arquitetura se
fundamenta em verbos e não em substantivos. O ato de se aproximar de uma casa, e não sua
mera fachada; o ato de entrar, não a porta; o ato de olhar pela janela, não a janela em si; ou o
ato de se reunir junto à mesa ou à lareira, mais do que tais objetos puramente – todas essas
expressões verbais parecem despertar nossas emoções.” (PÁG. 14).

“De modo geral, contudo, a intimidade do lar é um recinto quase sagrado em nossa cultura.
Sentimos culpa e vergonha se, por algum motivo, somos obrigados a entrar na casa de alguém
sem termos sido convidados quando o morador não está presente. Ver uma casa vazia é como
ver seu morador nu ou em sua máxima intimidade.” (PÁG. 16).

“Uma concepção completa de lar consiste em três tipos de elementos mentais ou simbólicos:

1. Elementos fundamentados em um nível biocultural profundo inconsciente (entrada,


cobertura, lareira).

2. Elementos relacionados com a vida pessoal e a identidade do habitante (objetos de valor


sentimental, pertences, objetos herdados da família).

3. Símbolos sociais com objetivo de passar certa imagem ou mensagem às pessoas de fora
(símbolos de riqueza, educação, identidade social etc.).” (PÁG. 17).

“Roupeiros, armários e gavetas representam as funções de esconder e retirar, guardar e lembrar.


O interior de um armário é um espaço secreto íntimo, e não deve ser aberto por qualquer pessoa.
Pequenas caixas e baús são esconderijos para segredos íntimos e, como tais, são significativos
para nossa imaginação. Ela preenche os compartimentos das salas e edifícios com memórias e
os transforma em territórios pessoais. Temos necessidade tanto de guardar segredos como de
os revelar e compreender.” (PÁG. 18).
Em minha opinião, a arquitetura pode tanto tolerar e estimular a personalização quanto reprimi-
la. Podemos distinguir entre uma arquitetura que acomoda e uma arquitetura que rejeita. A
primeira favorece a reconciliação, a segunda tenta impor uma ordem arrogante, divisível e
intocável. A primeira se baseia em imagens que estão profundamente arraigadas em nossa
memória coletiva, ou seja, na base autenticamente fenomenológica da arquitetura. A segunda
manipula imagens que podem até chamar a atenção e estar na moda, mas que não incorporam
a identidade, as memórias e os sonhos pessoais do habitante. Provavelmente essa segunda
atitude possibilita a criação de casas mais imponentes do ponto de vista arquitetônico, mas a
primeira oferece a condição essencial de “boas-vindas”. (PÁG. 20).

Contudo, a arquitetura de hoje parece ter abandonado a vida completamente e se transformado


em pura fabricação arquitetônica. A arquitetura autêntica representa e reflete um modo de vida,
uma imagem da vida.

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