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TÍTULO
O que nos dizem as casas
AUTOR
Carlos Janeiro
DESIGN
Carlos Janeiro
EDIÇÃO
Câmara Municipal / Museu Municipal de Coruche
Novembro 2006
REVISÃO
Ana Paiva
IMPRESSÃO
Guide, Artes Gráfica
DEPÓSITO LEGAL
2487/06
ISBN
972-99637-4-6
978-972-99637-4-2
CONTEÚDOS
Prólogo
PA R T E 1 – NÓS E AS CASAS
A c a s a - Templo do Homem
A domesticidade
Re e ncontrar a História
O s e difícios classificados
Pa i s agem em construção
PA R T E 3 – DO ARQUITECTO À CASA
E m jeito de conclusão
“ Fa l e m o s d e c a s a s , d o s a g a z e x e r c í c i o d e u m p o d e r
tão firme e silencioso como só houve
no tempo mais antigo”
Herberto Helder
Prólogo
6
Esta analogia formal
é recorrente na obra
de alguns arquitectos
como é o caso de Siza
Vieira, nomeadamente
n a Fa c u l d a d e d e
A r q u i t e c t u r a d o Po r t o
onde recria o tema do
facies, uma forma de
regresso à infância e à Femme Maison, 1945-47,
ingenuidade perdida. de Louise Bourgois
A domesticidade
18
Nesta data institui-
se oficialmente o
concelho como
Casa no Monte da B a r c a , a c t u a l m e n t e c o n v e r t i d a e m l a r d e i d o s o s e território cristão mas
propriedade da Sant a C a s a d a M i s e r i c ó r i a , s e n d o v i s í v e i s a l t e r a ç õ e s e na prática a região
adições c o r r e s p o n d e n d o a d i f e r e n t e s m o m e n t o s . ainda se encontrava
sob pressão militar do
reino do Al-Andaluz.
Sinais de degradação
no Centro Histórico de
Coruche
Rua da Misericórdia, no
coração da Zona Histórica,
ainda animada por algum
comércio tradicional.
Reencontrar a História
Os poucos incentivos, a crise de valores agravada
pela baixa auto - estima nacional, a inexistência de uma
política cultural realista e a dependência económica das
autarquias em relação ao licenciamento de obras novas,
explicam o fraco investimento na área da reconstrução e
reabilitação que no país se ficam pelos cerce de 9% do
total investido na construção. Estamos ba stante abaixo da
média europeia, que neste momento se c ifra em 40% e a
uma distância infinita do Reino Unido onde esse valor se
situa nos 75%.
Os raros exemplos de defesa do património bem sucedidos
não favorecem a confiança face a novas intervenções
deste tipo. Muito do que se fez até hoje constitui uma
“alegoria do património” 3 que dá alento a uma nova
indústria depredadora e especuladora – o turismo cultural.
Visto desta forma a identidade arquitectónica não está
salvaguardada, antes se diluirá na penumbra do tempo.
Existem vários modos de entender a intervenção no
património construído, tendo por objectivo a reutilização
das estruturas arquitectónicas com representatividade no 3
Conforme
contexto histórico - cultural. Os princípios que presidem a designado por
Fr a n ç o i s e C h o a y,
este tipo de intervenção têm mudado bastante desde que
e m L’ A l l é g o r i e d u
Viollet-le -Duc e os seus seguidores estabeleceram uma Pa t r i m o i n e .
filosofia de restauro baseada na reposição hipotética e
historicista do original, nem sempre com bons resultados.
Contra esta metodologia já Marcel Proust 4 apontava em
finais do século XIX para o grotesco do restauro com
a finalidade de congelar o Tempo em vez de o recriar,
convertendo -a em presente. Vários são os documentos que
têm contribuído para uma teoria da preservação, entre
eles a Carta de Atenas nos anos 40, a Carta de Veneza
nos anos 60 e a Carta de Cracóvia em 2000 que actua
no sentido da anterior. Estes documentos vieram contribuir
para um debate alargado sobre os diferentes níveis de
intervenção, introduzindo recomendações sobre a gestão
do processo de alteração da funcionalidade. Deles emana
uma actuação que evi te a museificação dos lugares e da
arquitectura que cond uz fatalmente à aniquilação do seu
significado, originando não -lugares ou não arquitecturas .
É hoje perfeitamente aceite que a salvaguarda do
património passa pela sua conversão, promovendo novas
utilidades e funcionalidades para os núcleos históricos
envelhecidos. A estratégia de reutilização deve assentar
num levantamento das necessidades próprias das
populações residentes, de que Coruche ainda carece,
cujo rigor científico sirva de suporte formal e cultural às
futuras intervenções arquitectónicas, salvaguardando - se o
rigor técnico, a autenticidade e a elegância como factor
de identidade.
A reabilitação não passa apenas pela consolidação ou
reconstrução dos edifícios antigos, mas também por
construção nova que garanta a necessária continuidade
cultural e que sirva de cerzidura entre as diferentes
malhas, acompanhada pela reconversão urbanística e das
infra- estruturas. É possível adaptar as estruturas antigas
às exigências sociais contemporâneas, assegurando a
oferta de um ambien te estimulante que leve à fixação
de actividades económicas diversificadas e à criação de
novas funcionalidades. Um bom ambiente doméstico será
igualmente necessário através da melhoria das condições
de habitabilidade de modo a fixar novas camadas de
população, reduzindo ou anulando o fluxo pendular entre
4
Sobre o tema do
tempo tem uma os serviços, o comércio e os espaços habitacionais.
obra de referência
“ À Pr o c u r a d o Não será possível promover a reabilitação como
Te m p o Pe r d i d o ” . uma alternativa à construção se não se mudarem as
mentalidades quer culturais quer políticas, da população,
dos promotores e dos gestores públicos, fazendo
acompanhar esta mudança de uma política credível
apoiada por legislação realista, actual e esclarecida.
Preservar não é só “reparar ”. É perpetuar a substância
histórica garanti ndo a sua existência futura. Os valores
em causa a proteger e salvaguardar, determinam a
estratégia de intervenção que melhor sirva o equilíbrio
entre valores emocionais e exigências materiais, podendo
passar pela manutenção, reparação ou consolidação,
restauro, renovação, reconstrução (cópia, reconstituição
ou anastilase 5 ), reabilitação, translocação, ampliação e
reinterpretação (obra nova) ou completa substituição.
As solicitações da cultura hodierna obrigam-nos a escolhas
tecnológicas difíceis de conciliar com a ideia romântica
de tradição. Vale a pena fazer um pequeno exercício que
para alguns pode parecer sofista, mas que aponta para
o paradoxo que constitui um modelo de habitação que
apresente soluções contemporâneas e tecnologicamente
evoluídas por dentro e “antiga” por fora. Sob um ponto de
vista conservador, o restauro pode mesmo ser entendido
como o oposto do princípio da criação, acto primordial
para a espécie humana, tal como evidenciado na primeira
parte deste livro. Criar é inventar, construir e inovar, logo,
quando se constrói está- se a criar ou inventar. Nesta linha
de raciocínio, construir com a intenção de conservar é
um paradoxo, tornando ainda mais anacrónica a intenção
de construir como se de algo antigo se tratasse. Como
entender então a ideia de tradição na arquitectura? Se
no plano histórico - cultural, a ideia da preservação de
métodos construtivos e modelos tradicionais se justifica
como repositório de conhecimentos, passando a constituir
uma matriz história de recurso, num plano metafísico
traduz a ideia de imutabilidade ou verdade primordial dos
valores espirituais a recuperar para a nova arquitectura,
distinto da materialidade dada pelo uso ou costume. É
pois no plano metafísico que a tradição se enquadra 5
Reconstrução tipo
no princípio da criação, em que construir constitui um “puzzle”, parcial
contributo para a História e não um acto antropofágico ou total, usando
elementos originais
da mesma. Na v erdade, ultrapassar constantemente algo que ainda se
que consequentemente “passa à História” é talvez a maior encontrem no local.
das tradições. É de mudança que a História é feita, e o É comum em locais
arqueológicos.
novo é precisamente aquilo que um dia será antigo. Não
fora a visão futurista do Marquês de Pombal que apostou
num plano moderno e inovador para a baixa lisboeta e
a “tradição” da arquitectura pombalina ter- se -ia perdido
para nós e para o mundo. Não foi sequer a nostalgia por
uma qualquer fórmula passada que orientaram Manuel
da Maia, Eugénio dos Santos ou Carlos Mardel - que era
húngaro - para fazer face à destruição provocada pelo
terramoto de há 250 anos. Inovar é construir a tradição.
É por isso cada vez mais urgente abandonar a ideia de
preservação do edificado segundo princípios conservadores
e “politicamente correctos”, a imitar o antigo, impedindo
que se possa fazer verdadeira arquitectura contemporânea
onde se desenvolvam novos valores de domesticidade,
simplicidade e conforto emocional. Nenhuma estrutura
urbana sobrevive sem que as pessoas se sintam motivadas
para delas fazerem uso, principalmente se tiver de concorrer
com outras zonas mais ou menos próximas, mais motivantes
ou com uma oferta mais diversificada. A desertificação
das zonas históricas deve - se fundamentalmente à perda
da funcionalidade urbana e à degradação das infra-
estruturas cuja reconversão não é facilmente compatível
com uma visão economicista do problema.
Um centro histórico útil à vila será um lugar vivo onde
seja agradável residir e onde as pessoas se encontrem
beneficiando de uma correcta escala urbana. Mais
importante que “manter alçados” de forma mais ou menos
aleatória será identificar os valores arquitectónicos e
patrimoniais mais significativos, deixando espaço à
renovação natural de todo o organismo. Não se pode
entender uma reabilitação centrada unicamente no
edifício. Reabilitar uma estrutura como a que estamos
a analisar passa obrigatoriamente pela articulação com
a dinâmica urbana onde se insere e a adaptação face
a novas utilizações, onde se incluem a renovação de
infra- estruturas sanitárias e, de importância crucial e
tantas vezes negligen ciado, a adaptação da circulação
viária e pedonal. Esta renovação passa obviamente pela
reestruturação urbanística, assunto cujo desenvolvimento
nos afastaria do tema central deste ensaio.
O planeamento urbanístico que envolve as zonas mais
antigas deve envolver um processo dinâmico regulado por
normativos próprios, onde seja possível articular os valores
a preservar e a sua relação com as necessidades e funções
gerais, em ordem à reutilização patrimonial e à relação
destas zonas com as zonas de crescimento. É possível
respeitar a idiossincrasia do núcleo histórico sem abdicar
da modernidade. Mais que um problema de identidade ou
estilo, a revitaliz ação do núcleo central de Coruche é um
problema de mentalidade e passa por incorporar novas
plásticas que convivam com o património construído e o
valorizem, desde que o valor urbano e a rquitectónico do
conj unto seja inquestionável.
Os edifícios classificados
Ainda que os edifícios que vamos abordar não sejam todos
de utilização doméstica, uma reflexão sobre a identidade
arquitectónica de Coruche passa obviamente por edifícios
que o povo se habituou a considerar históricos e que
acabaram por ser alvo de classificação, mesmo quando o
processo de classificação em Portugal levanta objecções e
nem sempre atinge os propósitos que lhe estão implícitos.
Lo c a l i z a ç ã o d o s e d i f í c i o s c l a s s i f i c a d o s p o r a p l i c a ç ã o d o D e c - Le i n º 2 8 /
79 de 10 de Abril
Desde 1979 e por aplicação do Dec-Lei nº 28/79 de 10
de Abril que Coruche dispõe de uma rede de edifícios
classificados, todos eles situados no Centro Histórico
da vila. À excepção dos edifícios religiosos, as igrejas
de S. Pedro, de Stº António e da Misericórdia, dos
quais se referem apenas a azulejaria, não consta no
edital camarário, datado de 29 de Maio de 1997, nem
na memória descritiva elaborada para a candidatura
à classificação, nenhuma indicação significativa sobre
que parâmetros arquitectónicos se equacionaram para a
escolha destes edifícios que não sejam a antiguidade e a
tipologia (?). Não pomos aqui em causa o valor patrimonial
dos edifícios abrangidos. Será no entanto de considerar
pouco satisfatória uma escolha que recai apenas em
edifícios que a memória local tem por “antigos”, sem se
contemplarem outros casos que inegavelmente encerram
algum valor patrimonial. Igualmente se pode contestar
uma classificação circunscrita ao centro histórico, quando
no concelho existem outros exemplos com idêntico valor
cultural. O interesse pelo passado deve também passar pela
reflexão crítica sobre o passado recente e salvaguarda de
valores patrimoniais que ainda não entraram na lista das
curiosidades históricas e que por isso ainda não apelam à
saudade. A História ta mbém é Hoje.
6
Curiosa forma
de dizermos que
se procedeu a
melhoramentos.
De facto as
intervenções nestes
edifícios mais
não fazem do que
p r o l o n g a r- l h e s
o sofrimento e a
Traves - R. da Misericórdia, 46 agonia.
Ru a D i r e i t a , 1 0 2 a 1 1 0 Pr a ç a d a L i b e r d a d e , 1 5 e 1 6
Pr a ç a d a L i b e r d a d e , 1 a 3 Pr a ç a d a L i b e r d a d e , 6 a 9
Largo de S. Pedro, 6 e 7 Te r r e i r o d o B r i t o , 8
Edifício classificad o c o m o d i s s o n a n t e , c o m d e c o r a ç ã o r e g i o n a l i s t a .
Ru a d e S. Pe d r o , 1 a 1 5 .
(extrato do proje c t o o r i g i n a l e x i s t e n t e n o s a r q u i v o s c a m a r á r i o s ) .
N a Pr a ç a d a L i b e r d a d e , o u t r o
dos edifícios classificados depre-
ciativamente como dissonantes.
Não se compreende bem a operacionalidade que advém
deste tipo de classificação. O que fazer de um edifício
de acompanhamento? E os dissonantes? Serão alvo
de demolição? Uma observação rápida das fichas de
classificação permitem-nos constatar a superficialidade
dos parâmetros em análise encontrando - se mesmo alguns
paradoxos como considerar importante preservar o alçado
de um edifício que se classifica como dissonante. E o que
se entende por dissonante? Algo com pouco interesse?
Algo que não acompanha o contexto em que se insere e
que por isso é considerado de menor qualidade plástica?
Diríamos antes que dissonante devemos considerar a
irrelevância histórica ou cultural, a falta de qualidade
plástica ou arquitectó nica e nunca a dissemelhança. Em
alguns destes edifícios é evidente a falta de qualidade
plástica ou construtiva, mas também se julgam como
dissonantes, por exemplo, uma casa de 1935 com
interesse plástico ao nível da decoração regionalista de
inspiração Art Deco, ou de acompanhamento um dos mais
interessantes edifícios revestidos a azulejo de Coruche, do
primeiro quartel do século XX .
E d i f í c i o c l a s s i f i c a d o c o m o d e a c o m p a n h a m e n t o . La r g o d e Va l a d a r e s , 6
Se por dissonante considerássemos algo que não
acompanha mimeticamente as linguagens do contexto
em que se insere sendo por isso considerado uma obra
de menor importância, lembramo -nos imediatamente de
faróis, praças fortificadas como encontramos em Évora,
do elevador de Sta. Justa em Lisboa ou da “diferença
de escala” do Aqueduto das Águas Livr es. Deverão ser
abatidos na próxima oportunidade?
Alguns dos exemplos de volutas que podemos encontrar em Coruche, neste caso
dentro da vila.
Pr o c i s s ã o d e p e n i t ê n c i a a o t r e m o r d e t e r r a d e 1 9 0 8 .
(Arquivo municipal)
16
Os óculos são
um elemento que A c t u a l m e n t e , a i n d a s u b s i s t em e x e m p l o s d e c a s a s d e i n s p i r a ç ã o v e r n a c u -
inicialmente tinha um lar que serviram propriedades agrícolas e que agora mostram sinais de
enorme peso simbólico adaptação aos tempos modernos.
pois representavam
o “olhar divino”.
Pr o g r e s s i v a m e n t e Na casa de raiz popular de Coruche encontramos a
migraram para a
arquitectura civil e morfologia e plasticidade da casa da Estremadura,
doméstica perdendo o principalmente da zona saloia, do Alentejo e mesmo do
simbolismo.
Algarve no que diz respeito à ornamentação, quando ela
17
Em Muge, zona existe. Os traços que a caracterizam conferem-lhe uma
geograficamente coerência tipológica que não pode ser vista como uma
relacionada com
Coruche, foram morfologia exclusivamente regional, ao contrário do que
encontrados vestígios acontece com a pai sagem natural. Estas construções
de construções
datadas do mesolítico, tiveram uma evolução formal lenta e em alguns casos
destinadas ao não diferem muito das casas que berberes e moçárabes
armazenamento de
víveres, cujo material instalaram na península ou mesmo noutras regiões do
era uma espécie de mediterrâneo 1 7 .
taipa com pedra,
apresentando planta
rectangular muito
Adaptam- se ao gosto ingénuo e tradicionalmente simples
semelhante às casas de quem nelas habitou, alheias a migrações estranhas e
básicas de tradição
árabe.
não estando sujeitas a ideias pré- concebidas de decoração.
Esta casa é mais que um abrigo, é um instrumento de
trabalho que obedece às exigências materiais da região e
apresenta um elevado nível de pragmatismo formal, não
pretendendo ser original mas sim coerente com o que as
rodeia. De volumetria sóbria e pouco audaz revelando a
timidez que leva ao isolamento, marcam a paisagem na
sua simplicidade silenciosa suportando a adversidade e
a indiferença, relacionando - se ao nível primário com a
problemática do habitar e com o mito do abrigo original
do qual descendem. Trata- se por conseguinte de uma
tipologia com uma forte presença no imaginário colectivo,
que conhecerá pequenas alterações até finais do século
XIX , como por exemplo a introdução da chaminé. A ideia
que deve ficar quanto a esta tipologia é que a casa
popular de arquitectura vernácula é uma elaboração
de classes sujeitas ao trabalho primário de subsistência
e desenvolvendo - se numa sociedade pré-industrial,
perdendo o seu carácter inocente e ingénuo com a tomada
de consciência do proletariado industrial. Pode mesmo
dizer- se que fora dos meios mais recônd itos, estas casas
já não existem desde a Revolução Industrial na fórmula
original. As que ainda resistem produzem uma nostalgia
indelével e profunda emoção estética, pela coerência e
sobr iedade formais com que enfrentam a modernidade,
contribuindo para a imagem de identidad e nacional.
TIPOLOGIA 3 – Ecletismo romântico
Por volta dos anos 70 do século XIX as principais cidades
portuguesas conhecem um crescimento inusitado, fruto de
uma insipiente industrialização que finalmente bafejava
o país. Sentindo a pressão que o progresso representava
e a necessidade de acompanhar as últimas tendências,
cidades e vilas procedem a alterações urbanísticas que as
transportaram para a modernidade e que providenciaram
espaço suficiente para os novos habitantes. Em Lisboa,
é demolido o Passeio Público para dar lugar à Avenida
da Liberdade. Ressano Garcia traça entre outros, os
planos das Avenidas Novas segundo o modelo parisiense
de Haussman, dando lugar a uma nova arquitectura
historicista e eclética, símbolo de progresso e novo -
riquismo. Palacetes surgem um pouco por todo o lado
evocando a estética neo -genovesa, o neo -renascimento, os
ambientes de veraneio ou ainda a rusticidade exuberante
do estilo campestre inglês. Ainda que a ideia central do
romantismo bucólico seja a recriação da harmonia com
a natureza, o revivalismo de inspiração romântica tem
maior expressão no ambiente citadino, com a migração
das famílias aristocratas ou recentemente enriquecidas
para os locais da moda no litoral.
Norte Júnior ou Ventura Terra marcam a arquitectura
da capital protagoniz ando a construção de um cenário
arquitectónico importado de outras sencibilidades mas
que dá resposta à avidez pelo sabor co quet t e de outras
metrópoles, principalmente Paris. Ventura Terra encontra-
se vinculado à formação que teve em Paris não obstante
ter frequentado inicia lmente a Academia de Belas -Artes
do Porto. Provinciano de nascimento e admirador do
cosmopolitismo da cidade -luz, transportou este factor
para a profissão vindo a ser extremamente popular entre
os potenciais clientes citadinos da época, sedentos de
se conotarem com a atmosfera luminosa e chique de
Paris. É a grande referência em Lisboa e a ele se deve a
preferência pelo ecletismo parisiense que influenciou o
último período revivalista português. Ainda hoje os seus
edifícios impressionam pela riqueza ornamental dos frisos
de cantaria num intenso contraste com a arquitectura
pombalina que então era considerada pobre.
Neste período, e fruto do mesmo desejo de cosmopolitismo,
surgem as primeiras manifestações nacionais de inspiração
naturalista – o Art Nouveaux - estética que viria a constituir
a pr incipal referência nas artes decorati vas, entre finais
do século XIX e os primeiros anos do XX .
Apesar da plástica sedutora, a Arte Nova tem em Portugal
um carácter episódico e surge principalmente como
expressão de um academismo de início de século, ainda
sob influência do “Beaux Arts”. A arquitectura tentava
pelo desenho globalizante uma recusa coerente ainda
que tímida, face às referências historicistas e coloniais.
Esta estética ele gante vem constituir pois uma forma de
transição para t endências modernistas ainda que refém
da inspiração romântica. Tendo como ponto forte a
azulejaria e os forjados, os poucos exemplos Arte Nova
ainda encontrados no concelho de Coruche surgem
tardiamente atra vés do revestimento de paramentos e em
gradeamentos, varandas e portadas. A tradição oitocentista
do revestimento de fachadas e átrios tem maior incidência
na aplicação de painéis em cimalhas e platibandas de
prédios urbanos mas a casa burguesa isolada também foi
contaminada por esta tendência, principalmente quando
propriedade de gente mais abastada.
18
Pr i n c i p a i s
responsáveis
pelo movimento
Arts & Crafts em
Exemplo típico de “casa
Inglaterra, base
do brasileiro”, a contras -
conceptual para o tar claramente com outras
revivalismo rural casas de emigrantes , bem
inglês. mais recentes.
“ cinderélico ” de Luís II da Baviera ou ainda da tradição
rural inglesa, numa verdadeira explosão romanesca de final
de século. Inicialmente exportado para as várias colónias,
nom eadamente o Brasil, e posteriormente reintroduzido
como expressão de sucesso económico, estas casas têm a
sua principal expressão na conhecida “ casa do brasileiro ”,
a primeira forma assumidamente identificada como casa
de emigrante . Estas casas tiveram grande influência na
arquitectura bur guesa e dada a enorme variedade de
influências, serviram o gosto eclético de final de século,
desde o último terço do século XIX . Nesta época deu- se um
grande fluxo migratório para as américas. Um quinto da
população portuguesa deixa o país - cerca de um milhão de
pessoas - e destes, dois terços escolhem o Brasil. Quando
regressam, as casas apalaçadas com frontões clássicos e
muitas vezes revestidas a azulejos espalham- se um pouco
por todo o lado, em especial a norte com epicentro em
Fafe. O azulejo tem assim um novo fôlego, servindo na
perfeição os princípios decorativos da Arte Nova.
19
Ve j a - s e o
exemplo de dois
dos principais
ícones do
revivalismo
romântico, o
Pa l á c i o d a Pe n a
e a Quinta da
Regaleira, ambos
Tipologia 4 – Da Casa Portuguesa ao Português
Suave
Acreditar na existência de um paradigma de arquitectura
nacional e com ele justificar tudo o que se constrói em
nome da preservação dos valores tradicionais, simplifica
enormemente a relação com o conceito teórico em
arquitectura. Combinando alguns símbolos, teríamos
uma fórmula que permitia afirmar com propriedade que,
como diz a canção popular, “é uma casa portuguesa, com
certeza”, conseguida apenas com “quatro paredes caiadas
e um cheirinho a alecrim”- não esquecendo o “S. José de
azulejo”. Dito assim pode até parecer pura ironia, mas
o facto é que esta é a ideia que muitos ainda têm dos
principais valores a preservar na arquitectura da casa
para que não se perca uma determinada cultura - a da
“Casa Portuguesa”.
Com o final do século XIX assistimos em Portugal ao
apogeu do revivalismo romântico. Arquitectos como Adães
Bermudes ou An tónio José Dias da Silva serão talvez os
primeiros arquit ectos a protagonizar o maior número
de medievalismos românticos interpretados sob uma
plástica neovernacular, uma das fontes d o paradigmático
fenómeno da Casa Portuguesa . Este modelo, que tem em
Raúl Lino o seu principal representante, foi o que maior
expressão colectiva protagonizou, pela proximidade
com a domesticidade vernacular, embora com poucas
repercussões na arquitectura pública da época 20 .
Concorrendo com o início do forte movimento modernista,
a Casa Portuguesa contribuiu sem dúvida para demonstrar
ser possível desenvolver uma expressão erudita adequada
ao gosto comum, embora algumas vezes pecando, ou talvez
não, pelos efeitos pitorescos dos element os compositivos.
Adães Bermudes viria a ser uma referência fundamental e
determinante na arquitectura doméstica popular, recriando
ou c opiando motivos de inspiração popular nas tipologias
desenvolvidas para as novas escolas primárias de todo o
país, assim como viria a acontecer posteriormente com
as escolas dos centenários que a partir dos anos 40,
com projecto do arquitecto Rogério de Azevedo, seriam
as escolas de todos nós e outra das marcas indeléveis na
paisagem portuguesa.
20
O que não quer
dizer que não
existam exemplos
de regionalismos
na arquitectura
institucional ou
pública até quase à
contemporanidade,
tais como, entre
outros, a Estação
Central do Rossio, de
José Luís Monteiro,
projecto aprovado
e m 1 8 8 8 , a Pr a ç a
d e To u r o s d o C a m p o
Pe q u e n o , p o r D i a s
da Silva, projectada
em 1889, a Igreja
Pa r o q u i a l d e E s p i n h o ,
de Adães Bermudes,
projectada em
1902, ou a Igreja de
Oliveira de Azeméis
de António Correia da
Silva, construída em
1924.
O último revivalismo historicista de inspiração de
inspiração nacional, o neomanuelino, tinha entrado em
declínio no final do século XIX , sendo programaticamente
uma arquitectura do grande edifício, como atestam os
últimos a utilizarem-no - a Estação do Rossio, de José Luís
Monteiro, ou o Hotel do Buçaco, de Manini, que mereceu
de Guerra Junqueiro o desejo “que aparecesse um doido
com um martelo” que o deitasse abaixo.(?) Na arquitectura
doméstica aparecem algumas citações em molduras
de janelas e portas, não esquecendo a célebre “Quinta
da Regaleira” em Sintra, cuja elaboração ultrapassa o
simples estilo.
Em 1893, três anos após o ultimato inglês, em plena
crise de valores e com o orgulho nacional abalado, Paula
Oliveira, Gabriel Pereira e Henrique das Neves levantam
a hipótese da existência de um “typo português de casa ”.
O exacerbar do espírito nacionalista veio trazer para a
arquitectura portuguesa a necessidade de diferenciação,
baseada em tradições e hábitos locais e na exaltação
simbólica da portugalidade . O estudo empreendido por
estes investigadores teve como resultado o levantamento
de algumas tipologias ao nível da arquitectura vernacular,
estudo que só viria a ser retomado com o “Inquérito à
Arquitectura Popular Portuguesa” mais de meio século
depois. Surgido em finais do séc. XIX e atravessando todo
o séc. XX , o fenómeno da Casa Portuguesa surge como
reacção ao estilo académico e burguês de inspiração
Beaux Arts e ao revivalismo historicista. Este movimento,
contemporâneo de outros congéneres europeus como
o britânico Domestical Revival , reuniu sensibilidades
importantes da nossa vida cultural, sendo a primeira
vez que em Portugal se assumia um programa para a
arquitectura doméstica e que assumiria em Raúl Lino
a sua principal expressão, podendo mesmo afirmar- se
revestida de erudição. Era a expressão erudita de um
estilo popular .
A transição para o século XX viria a conhecer uma alteração
profunda nas mentalidades do povo português. A tomada
de consciência política de uma classe até aí esclavisada,
trabalhando em condições sub humanas, manifestada por
sucessivas greves, 2 1 marcaram o início da ascensão nem
sempre fácil de um proletariado desenraizado, produto
da nossa tímida revolução industrial. Estas populações
concentraram- se em três ou quatro núcleos urbanos
agudizando o problema do alojamento da mão - de -
obra indiferenciada e excessiva para as capacidades do
momento, recentemente chegada ao meio urbano. Os
bairros operários que então se construíram para resolver a
situação ou a fix ação em vilas , pátios e ilhas 22 , recriaram
os ambientes provincianos que supostamente promoviam a
integração das populações desenraizadas, onde em alguns
casos nem a hort a faltava o que constituía uma importante
fonte de sobrevivência. Esta estruturas mantinham a
expressão ruralista mas encontravam- se organizados de
modo a esconder dos olhos dos mais abastados as condições
de vida destas cl asses consideradas inferiores. 23
A progressiva evolução económica do operariado e da
pequena burguesia veio trazer a necessidade da criação
de habitação condigna ou de casas onde passar os tempos
livres que estas classes progressivamente conquistaram,
construídas nos lugares de origem ou n aqueles que lhe
conferiam estatu to social. Como símbolo dessa ascensão
a fachada assume enorme importância a partir de finais
do séc. XIX , acentuando o carácter cenográfico da
arquitectura. Pairava no ar uma necessidade de mudança 21
Pr i n c i p a l m e n t e
que se traduzia na ostentação da forma mais que no entre 1909 e
1923 marcando o
conteúdo. Raúl Lino soube interpretar essa necessidade período anarco-
produzindo um tipo de arquitectura que ainda hoje é sindicalista.
identificado como “tradicionalmente português”.
22
Estas estruturas
Raúl Lino tem uma formação influenciada pela sua estadia urbanas, em
em Inglaterra desde os onze anos, e em Hannôver onde especial pátios
e vilas, têm
estudou numa escola industrial. Aí viria a trabalhar com uma origem
Albrecht Haupth que marcaria fortemente os seus estudos na sombria. Alguns
investigadores vêm
área da arquitectura regional. A Grande Exposição de 1900 nesta forma de
em Paris proporcionou-nos uma inflexão na arquitectura, aglomerado uma
tradição árabe que
ao serem propostos dois projectos diametralmente opostos
teria servido quer a
estilisticamente para o pavilhão português, um de Ventura intimidade quer a
Terra e outro de Raúl Lino, que viriam a ser de suprema segregação.
importância para a evolução da arquitectura doméstica. A 23
Po s t e r i o r m e n t e
diferença entre os projectos revelam a formação de cada considerados
um. O de Ventura Terra é de tendência formal francesa segregantes e
discriminatórios,
enquanto o de Raúl Lino é romântico e inspirado nos
foi proibida a
valores vernáculos e de tradição árabe. Uma corrente construção destas
vinculada ao ruralismo e outra à urbanidade, correntes que estruturas a partir
de 1930.
vão permanecer por décadas na arquitectura portuguesa
dando origem a tipologias complementarmente opostas.
Raul Lino é entre nós o responsável pela divulgação de um
movimento com grandes afinidades com o Arts & Crafts , 24
embora tenha sabido adaptá-lo ao caso português
desenvolvendo diferentes modelos da Casa Portuguesa .
Estes modelos adoptam alguns dos materiais e tradições
ornamentais regionais, opondo - se ao gosto inglês e
bávaro do chalé romântico e à tendência revivalista geral.
No dizer de Manuel Rio de Carvalho, Raul Lino “ vai criar
uma obra-prima da arquitectura portuguesa. Repare - se
que escrevo «arquitectura portuguesa» e não «arquitectura
em Portugal». ” 2 5 . Apel a à plástica meridional de volumes
compactos e telhados baixos, influenciada por uma leve
elegância arte nova .
27
Deste facto é
exemplo as cerca
de 2500 salas de
instrução primária
mandadas construir
p o r S a l a z a r.
28
Enquanto
que para outros
equipamentos Antiga Estação dos Correios, no Centro Histórico de Coruche.
contribuiram
diversos
arquitectos,
as estações de
O português suave estendeu- se até cerca dos anos 70
correios devem-se a tendo sido suburbanizado mais tardiamente em terras
um único arquitecto de interior. A um período caracterizado pela ruralidade
- Adelino Nunes
- que desenvolveu sucede o apelo à urbanidade com tempero tradicionalista
este programa ao e ao mesmo tempo modernista, fruto de alterações no
longo dos anos 30
e 40.
contexto internacional que trouxeram inflexões à política
da habitação, após o final da Segunda Grande Guerra.
Os surtos migratórios que se seguiram à reactivação da
economia originaram a concentração de trabalhadores sem
especialização atraídos aos principais centros urbanos.
Enquanto na cidade a habitação unifamiliar dá lugar ao
bloco de habitação colectiva como forma de responder à
pressão populacional, nas terras de interior como Coruche
as casas unifamiliares continuam a ser a principal
tendência dado o crescimento incipiente e a abundância de
terreno. Não é pois de estranhar que a estética ruralizante
nunca tenha abandonado a vila constituindo ainda a sua
principal referência. Este fenómeno vem acentuar ainda
mais as diferenças entre a metrópole e a província, com
esta a ter alguma dificuldade em fazer a ponte ideológica
entre tradição rural e a urbanidade.
34
Esclarecedor, é o
estudo que levou à
publicação do livro
“Casas de Sonho”
de Roselyne de
Villanova, Carolina Avenida dos Lusíadas. Con -
Leite e Isabel strução pragmática, caracterís -
Raposo. tica de uma não -arquitectura.
A partir dos anos 30/40 Coruche vê alterar- se o panorâma
da economia local com o desenvolvimento de algumas
indústrias. Os bairros operários cresceram um pouco
por todo o país e a vila também tem os seus exemplares
embora se tratem de micro estruturas ou tenham assumido
o aspecto de bairros periféricos por terem surgido já
num tempo em que a consciência social tinha mudado
bastante. Estão neste grupo o Bairro Novo e o Bairro da
Areia. São casas simples e anónimas na sua maioria, um
tipo de construção que, embora de grande pragmatismo
construtivo e baixo valor formal, indicia uma “inocência”
próxima do vernáculo.
35
Este fenómeno
tem contornos
de su cessor
espiritual da “casa
do emigrante”.
Como aquela
assume motivações Santo Antonino, Coruche
emoc ionais
relacionadas com
aspirações de
ordem social e
Acompanhando o último período de expansão na
desta ca- se por uma construção civil, sem precedentes ao nível da habitação
utilização bastante unifamiliar, este modelo neopopular merece -nos maior
eclética de materiais
standardizados.
atenção por ser aquele que se arroga a pretensão de
herdeiro da arquitectura tradicional portuguesa, ao fazer
uso do formulário plástico tradicional. 35 Este “estilo”
disseminou- se por todo o país mas adaptou- se melhor à
região sul, Estremadura, Alentejo e Algarve, exercendo
grande sedução sobre as camadas intermédias da
população. Muitas destas casas são de utilização sazonal
e a dimensão média que apresentam fazem destas uma
nova forma de ostentação social e económica, sendo
muitas, segundas habitações. A qualidade da construção
é na generalidade bastante superior aos outros modelos
neopopulares ainda que as opções estéticas rocem
frequentemente o kitsch. Diferentes estratos da população
aderiram a esta plástica entre o elementar e o elaborado
que no entanto é adoptada preferencialmente pela classe
média urbana como símbolo de casa tradicional , num
terceiro fôlego da “Casa Portuguesa”, sem a elegância
de Raúl Lino nem a expressão plástica e a vitalidade do
“Português Suave”.
Privilegiadamente próximo de Lisboa, o concelho de
Coruche mantém um certo sabor rural que funciona como
um barómetro de sta tendência, ao situar- se no circuito dos
lugares ideais para a construção de moradias de ocupação
sazonal. O campo está na moda. Fazendo face a um
mercado cada vez mais concorrencial, são já bastantes os
projectos para casas desta tipologia que são elaborados
por arquitectos, embora tal não seja muito comum, pelo
que na quase totalidade dos casos, reconhecíveis aliás,
resultam do exercício de profissionais com formação
alheia à arquitectura e de construtores espontâneos que
exploram o gosto medíocre de uma classe média cada vez
mais alargada.
São casas de dimensão generosa cuja organização dos
volumes é feita de forma intuitiva, sujeita às leis da
pragmática funcional, determinando uma hierarquização
entre os volumes principais do corpo habitacional e os
volumes secundários dos espaços de lazer, de arrumos
gerais ou de garagens. A relação compositiva segue a
mimesis , interpretação estandardizada do imaginário
tradicional. Sem regra compositiva definida, os modelo
mais básicos limitam- se a uma simetria cêntrica e planta
rectangular, embora possam assumir maior complexidade
volumétrica à medida que a casa se vai metamorfoseando
ao longo do tempo, respondendo a desejos de ostentação
por parte dos proprietários ou a necessidades não previstas
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