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Sociologia da

Religião

Aluna: Júlia Gonçalves Nolasco


Série: 2 A
O que é religião?
A palavra “religião” tem origem da expressão latina “religio”. Existem
debates a respeito do real significado desse termo. A interpretação
mais aceita afirma que a palavra significa “religar”. Essa ideia faz
menção ao fato de que, por meio da religião, o homem religa-se aos
deuses e ao sagrado. Existem estudiosos, porém, que sugerem que
o termo significa “reeleger”. Trazendo o conceito de religião para
uma visão mais moderna, a palavra faz referência ao conjunto de
crenças e visões do mundo que forma as noções de espiritualidade
e de sagrado do ser humano. Sendo assim, corresponde ao
conjunto de crenças que faz o ser humano acreditar na existência
de uma entidade ou ser superior.

Origem:
Os gregos e os romanos foram os primeiros a sistematizar reflexões
religiosas. Nos primeiros séculos do cristianismo, novas reflexões
teológicas surgiram e se desenvolveram a fim de conciliar a filosofia
grega ao cristianismo. Durante a Idade Média, predominava
a Filosofia Escolástica quando o Teocentrismo será valorizado.
Será durante o Renascimento que este modelo começará a ser
questionado.Vale destacar também o advento da expansão
europeia pelos continentes levou a religião ocidental pelo mundo.
Contudo, também travou contato com culturas e religiões muito
distintas daquelas conhecidas até então.
Atualmente, nos países da Europa, há certo declínio da religião,
sobretudo cristã. Por outro lado, o Cristianismo cresce nos Estados
Unidos, na América Latina e na África. O Islamismo se expande
pelo sudeste asiático e Europa; e o Hinduísmo, Budismo e
Xintoísmo ainda são a maioria no Extremo Oriente. Importante
destacar também o Protestantismo, em sua vertente pentecostal,
que vem crescendo na América Latina. Por fim, enquanto
componente fundamental da cultura humana, a Religião foi motivo
de inúmeras guerras. Além disso, estruturou sociedades e definiu o
conhecimento científico, filosófico e artístico durante muitos séculos.

Função:
A religião tem uma função social e outra privada. Sob o aspecto
social, a religião cimenta a união entre grupos humanos; sejam
tribos, povos ou países. Representando um corpo de crenças
comuns ao grupo, com as quais este se identifica, a religião atua
como elemento de coesão social, mantendo as relações sociais. Ao
mesmo tempo – baseado em um conjunto de crenças – a religião
legitima estruturas sociais, leis, costumes e práticas políticas. Se,
por um lado, as religiões têm atuado como elemento de pacificação
social, por outro, em determinadas situações sociais, a religião tem
servido para motivar ou canalizar comportamentos de modificação
das estruturas sociais. A religião não tem, portanto, unicamente o
efeito de fomentar a apatia das massas, como em muitos aspectos
criticava o marxismo. Ocorre que a crença também pode ser motor
de revoluções sociais, como ocorreu durante as revoltas
camponesas do século XVI, na Alemanha. Em relação ao Brasil,
podemos apontar duas situações diametralmente opostas: 1) A
escravidão no Brasil, tolerada e apoiada pela Igreja Católica, que
atuou na legitimação desta estrutura social; e 2) A oposição das
Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica ao governo
militar, durante o período da ditadura.

No âmbito do indivíduo, a religião fornece uma explicação da vida e


de seu sentido. Esta explicação das “expectativas privadas” acaba
correspondendo ao nível intelectual e à personalidade do fiel. O que
ocorre é que tanto o pensamento individual do crente influencia a
religião que pratica (com suas visões particulares sobre certos
aspectos da doutrina ou da prática), quanta esta influencia a visão
que o crente tem da vida e do universo. Sobre este aspecto da
crença David Hume em Diálogos sobre a Religião
Natural observou: “Que privilégio peculiar tem esta pequena
agitação no cérebro, que nós chamamos de pensamento, que
precisamos fazê-la o modelo de todo o universo?” (Hume,
Dialogues, parte II).  Por outro lado, afirmar que a religião é apenas
um conjunto de crenças de determinado grupo é, sob diversos
aspectos, uma simplificação.

A complexidade das diferentes teologias religiosas, as elaboradas


cosmologias e os variados rituais de culto têm uma riqueza muito
maior e representam muito mais do que um simples conjunto de
crenças. Não podemos deixar de considerar o quanto as religiões
influenciam as sociedades nas quais são praticadas, em seus
diversos aspectos: artes, moral, costumes, tecnologias, práticas
econômicas, entre outros. As religiões têm seus aspectos mais
populares, envolvendo crenças, rituais, costumes e até o folclore,
ao lado de uma faceta mais intelectual, que se fundamenta em uma
produção cultural (teologia, filosofia, arte) geralmente elaborada
pelas elites.  Assim, concluímos que a religião é um sistema de
idéias de uma determinada sociedade, através do qual este grupo
social procura explicar sua situação no universo e sua relação com
a divindade. Baseado neste sistema de crenças justifica-se as leis,
os costumes e as instituições.

O fenômeno religioso nas ciências sociais:


O estudo da religião na Sociologia possui dois aspectos
importantes. O primeiro é a representação que os seres humanos
fazem de seu mundo e do mundo do outro, ou seja, a forma das
construções da realidade na mente. Essa representação não é um
mero reflexo, mas uma real interpretação das experiências vividas e
percebidas, adquiridas dos atores sociais nas experiências múltiplas
sentidas no processo da história de cada um. O segundo aspecto é
que as religiões fazem parte das produções vividas pelos seres
humanos, pois toda a realidade cultural é um produto social. A
sociologia sempre estudou o corpo do ponto de vista dos aspectos
sociais, apesar de não ter utilizado esse termo. Porém, se
considerarmos a posição que o ser humano tem e teve na História,
perceberemos que o corpo sempre foi estudado nas principais
análises e abordagens, até como aspecto de libertação e de
superação, no universo das formas elaboradas, criadas e recriadas
por meio do corpo que reprime, coloca culpas, faz sentir medos,
mata por guerras santas, mas também tenta transcender a natureza
e externar suas perplexidades por meio dos rituais ou do exercício
pleno do acreditar no positivo apesar de um contexto social caótico.
Por causa disso, é comum encontrarmos grandes contradições: uns
creem em Deus como a fonte da vida, enquanto para outros, Ele é
apenas um "passatempo"; uns creem no amor ao próximo, outros
na utilização do processo de exclusão do membro que não se
ajusta aos dogmas eclesiásticos; uns buscam a sapiência da bruxa,
outros a levam ao fogo para queimá-la viva; uns argumentam sobre
a existência da alma, outros sobre a sua ausência, etc. Há também
as divergências quanto à guarda de dias sagrados e outras práticas
como raspar o cabelo ou nunca ter que cortá-lo. Falar sobre o ser
religioso é também falar da arte, dos símbolos, da poesia e,
principalmente, falar das imagens que permeiam as essências do
ser humano. Assim, a sociologia analisa as múltiplas possibilidades
dos seres religiosos em suas crenças. Há afirmações que datam o
início da abordagem científica sobre o fenômeno religioso próximo à
segunda metade do século XIX. Porém, precisamos reconhecer que
foi no século XVIll que se caracterizaram duras críticas à religião
institucionalizada, durante o lluminismo francês, simultaneamente
com as pretensões de hegemonia institucional e sociocultural.

Émile Durkheim (1858-1917) é considerado pioneiro da Sociologia


da religião. Sua principal contribuição foi tratar das formas
elementares da vida religiosa. Para Durkheim, a religião deveria ser
estudada como autentico fato social. Por isso, ele buscou analisar
as manifestações mais simples, como as religiões primitivas. Ele
acreditava que as formas elementares seriam mais simples de se
atingir e explicar, pois a religião surge da separação entre o
sagrado e o profano. A religião se liga à existência entre
consciência individual e coletiva, sendo esta última guiada pelas
apresentações coletivas, sistematizadas como a linguagem e a
religião. Para ele não existe religião falsa. Todas elas respondem,
de formas diferenciadas, à existência humana e não são nada
inferiores à experiência científica, apesar das diferenças. A religião
se liga às necessidades sociais para reforçar o controle social e
evitar a anomia. Esse é o motivo pelo qual essas normas são
colocadas acima de todas as outras, pois se situam em um sistema
de manutenção da ordem que culmina gerando as solidariedades
mecânicas e orgânicas. Logo, a religião exerce seu papel social de
criar, manter e reforçar a ordem social. A religião, com seus ritos e
mitos, é uma das maneiras de reafirmar o próprio grupo. Esse grupo
social especifica seus desejos por meio de um deus, não apenas
coletivamente, mas também no aspecto individual, pois a religião
eleva o ser humano a ponto de fazê-lo viver uma vida diferente
daquela a que está "condicionado". Enfim, para Durkheim a religião
é um sistema de práticas relativas a coisas sagradas, o que é
facilmente observado em uma reforma primitiva da religião.

É inegável, atualmente, a ligação entre a religião e a cultura. Essa


relação remonta aos primórdios das pesquisas das ciências sociais.
Desde então, o fenômeno religioso tem se demonstrado complexo e
diversificado. Tal fenômeno é estudado pela Sociologia como um
conjunto de conhecimentos analisados de forma científica e
sistemática, tanto nas observações da sociedade quanto no que se
refere ao comportamento dos indivíduos. A Sociologia estuda a
reciprocidade entre religião e sociedade, além de analisar as
instituições, os valores e os comportamentos científicos. A religião é
a vivência com o sagrado e, portanto, o objeto de estudo da
sociologia da religião não é a experiência religiosa em si, em suas
especificidades dogmáticas, mas a relação entre a experiência
religiosa e a sociedade, caracterizando a ciência setorial, que não
se refere à essência da religião, mas à compreensão que
pressupõe o conhecimento dos fatos, a contribuição dos
sentimentos, a renúncia da vontade e a complexidade do objeto de
estudo.

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