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A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO NO MEIO SOCIAL

Hiago Ruhmke da Costa

1. INTRODUÇÃO

No decorrer da humanidade, a religião é um fenômeno presente na existência de


homens e mulheres, com profundos impactos em diversas áreas da vida social. A
relação estabelecida entre os indivíduos é permeada através de um ideal moral, isso
demonstra que o conjunto de crenças e valores é o que sustenta uma sociedade.
A religião e a sociedade foram de profundo interesse para o sociólogo Émile
Durkheim, que levanta a questão que não há como desvincular a sociedade das práticas
religiosas, pois, para ele, a sociedade é “antes de tudo um conjunto de ideias, de crenças,
de sentimentos de todos os tipos que se realizam por meio de indivíduos, e na primeira
fila dessas ideias encontra-se o ideal moral, que é sua principal razão de ser”
(DURKHEIM apud HERVIEU-LÉGER; WILLAIME, 2009, p. 171).
Portanto, a religião se constitui como um fundamento social, porque no seio dela
é que são reafirmados os valores morais e éticos de uma sociedade. Pensando nisso, a
seguir será analisado no decorrer da história o papel que as religiões desempenham na
sociedade, visando compreender as suas influências em todas áreas, seja na cultura,
arquitetura, política, econômica ou artística.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Observar a religião e suas influências na sociedade, é compreender o


comportamento social dos grupos através de suas perspectivas religiosas.
[...] o estudo sistemático do comportamento social, dos grupos e das interações
humanas. Preocupa-se, particularmente, em explicar como as atitudes e os
comportamentos das pessoas são influenciados pela sociedade mais geral e pelos
diferentes grupos humanos em particular (DIAS, 2010, p. 6).

A religião possui um caráter social, pois consiste na afirmação de um conjunto


de pessoas em torno de determinadas crenças. É uma dimensão pelo qual as pessoas se
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associam e possuem um padrão de consenso em torno de diversos aspectos sociais que


lhes permitem estabelecer relações que se baseiam numa ética que toma como base os
valores do grupo.
Para Emile Durkheim (1996) as definições não são tão importantes, pois
compreender a religião é identificar suas funcionalidades sociais, tendo em vista, que a
religião é um fato social. Portanto, não se trata de definir, mas identificar seus
elementos constituintes. São os aspectos da cultura, de visão de mundo, da fala, do que
se come, do que se veste, de como deve ser o trato com as pessoas e entre tantas outras
formas de expressões e valores morais.
Por isso, que nas demais ciências sociais se defende que a religião é um aspecto
universal que permeia o ambiente social, no qual estamos inseridos. Basicamente, todas
as grandes civilizações se estruturaram ao redor de elementos religiosos, e tiveram
grande influência em seus aspectos culturais, arquitetônicos, políticos, econômicos ou
artísticos.
A influência da religião no convívio social e político na Mesopotâmia, por
exemplo, aconteceu pelas suas crenças aos deuses, que acreditavam que quem
governava estava direcionado segundo a vontade dos deuses. O povo entendia que
estavam seguindo não as regras de um homem comum, mas sim as regras de um Deus e,
caso não obedecessem aos anseios deste “Deus” poderiam cair em desgraça.
A civilização egípcia, por exemplo, tinha toda a vida social, econômica, cultural
e arquitetônica moldada pela religião. Podemos dizer que a engenharia e arquitetura do
antigo Egito foram desenvolvidas em decorrência da religião. As pirâmides do deserto
de Gizé são as obras arquitetônicas mais famosas e foram construídas por importantes
reis do Antigo Império. Junto a essas pirâmides está a esfinge mais conhecida do Egito,
e eram colocadas na alameda de entrada do templo para afastar os maus espíritos.
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Para os gregos, a religião estava presente e regulamentava todos os aspectos da


vida.  Não havia nenhum ato de convivência entre cidadãos, desde a festa à assembleia,
que não fosse consagrado à divindade de quem se esperava proteção e benevolência
(VERGETTI, 1994). O religioso estava incluído no social e, reciprocamente, o social,
em todos os seus níveis, era penetrado pelo religioso (VERNANT, 2002 e 2006).
 Para os romanos, a religião garantia ordem estabelecida e excluía todo o poder
fundamentado no medo, pois o relacionamento com os deuses era feito de forma
racional. Todos eram capazes de honrar os deuses e de praticar os cultos, um romano
não possuía uma identidade religiosa que pudesse distingui-lo da sua identidade como
cidadão.
Do mesmo modo, na história da arte brasileira, encontramos traços marcantes da
representação da religiosidade do povo. Como exemplo, podemos trazer à memória a
forte relação da arte do Barroco, estilo artístico que nasceu na Itália no século XVI e se
difundiu pelos outros países da Europa e pela América Latina. Tornou-se uma arte
eclesiástica e colaborava com as construções de igrejas, capelas e catedrais. A estética,
além da arquitetura, também estava presente na literatura, música e pintura do século
XVI, e permaneceu até o século XVIII.
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Quadro São Tomé de Caravaggio.

Em assim, podemos observar que em diversos momentos históricos as religiões


estiveram presentes, trazendo de alguma forma uma influência sobre a construção social
da época.
Claro que não podemos esquecer das críticas de Max, Freud e Nietzsche, onde
não se pode negar que durante o decorrer da história os sistemas religiosos capturados
pelas estruturas de poder usaram dela como instrumento de controle, para justificar
guerras, perseguições, explorações e se aproveitar dos seus adeptos.
Por isto, devemos compreender que precisamos nos atentar para o uso que o
poder faz da religião. É inegável a grande contribuição para o desenvolvimento humano,
a partir disto, compreendemos que as religiões possuem significativa ação sobre o meio
social e a forma como se comportam, trazendo influência na sociedade.

3. METODOLOGIA

Foi utilizado o método de pesquisa descritiva de caráter essencialmente


qualitativo, com a finalidade de analisar a influência religiosa nos aspectos sociais,
através de um estudo sobre sociedade e religião.
Para tal, os objetos estudados foram extraídos de fontes secundárias como
artigos, livros e afins. Entretanto, o principal livro onde se aprofundou a pesquisa, foi
o seguinte: As Formas Elementares da Vida Religiosa de Émile Durkheim.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente trabalho buscou demonstrar a influência da religião na vida social e


como ela esteve presente em todos os momentos históricos da sociedade.
Demonstrando, como a religiosidade possui extremamente um caráter social e
é uma dimensão da cultura, que permeia a forma como o indivíduo vê o mundo e
determina a sua ação perante a sociedade.
Percebemos, como a religião esteve presente na cultura, economia, arquitetura
e até em obras artísticas e literárias. Por isso, não podemos descartar que as religiões
fazem parte do estudo sobre ciências humanas e sociais, pois se trata de um aspecto
universal que permeia toda a existência humana, desde os tempos remotos até ao
contexto atual no qual estamos inseridos.

5 – REFERÊNCIAS
BOTTOMORE, T. B. Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
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ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes,


1999.

DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins


Fontes, 1996.

COSTA, Joaquim. Sociologia da Religião: Uma breve introdução. Aparecida, SP:


Editora Santuário, 2009

CIPRIANI, Roberto. Manual de sociologia da religião. São Paulo: Paulus, 2007

BOURDIEU, Pierre. A dissolução do religioso. In: Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense,
2004.

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