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2 - DESENVOLVIMENTO
Nesse sentido, Eliade (2010, p. 19) aponta que o homem primitivo geralmente
fundamentava sua religiosidade devido à crença na imortalidade da alma e que inúmeros
achados arqueológicos comprovam isso.
Neste sentido, bem esclarece Coulanges (2004) dizendo que “A família antiga é
mais uma associação religiosa do que uma associação natural”.
Assim como os mortos eram pensados como divinizados, o solo no qual eram
sepultados também era entendido como sagrado. Com este pensamento eram
estabelecidas as primeiras características da relação do homem com a propriedade, e
também com outros institutos basilares para o Direito como o casamento, a adoção e a
sucessão que tiveram na religiosidade e seus primeiros regramentos. Todos estes
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institutos eram disciplinados de modo a não permitir que os cultos se misturassem ou se
perdessem. (ANANIAS, 2016).
Não se pode negar que a relação sociopolítica interna das famílias primitivas. A
sacralidade ditava regras sociais, morais e políticas que faziam parte da cultura das
famílias. Assim, havia o convívio social e a crença no parente morto divinizado ou a
responsabilidade dos que ficaram criava autoridade do pater ou a função de cada
membro da família em manter a forma social em que viviam.
Sendo assim, influenciados pelas suas crenças aos deuses, quem governava
estava direcionado segundo a vontade deles, surgem inúmeros deuses, caracterizando a
religião mesopotâmica como politeísta. Portanto, o monarca se legitima como um
escolhido segundo a vontade dos deuses, normalmente eram sacerdotes que entendiam
como funcionava essa relação, essa forma de religiosidade toma aspectos mais rígidos,
pois a partir de agora essa dinâmica se dará de forma representativa e de escolha de
alguém pra reger a vida da cidade. (SETERS,2008, p.75)
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Se havia a divinização do próprio monarca na mesopotâmia, não se olvidar que
este fato se coaduna com a influência da religião no vida social e política, pois, a
sociedade entendia que estava seguindo não as regras de um homem comum, mas sim
as regras de um Deus e, caso não obedecessem aos anseios deste “Deus” poderiam cair
em desgraça.
Também não se olvida que ao monarca ditava as regras de convívio social, posto
que, em regra, cabe a ele manter o pacífico convívio social, ou ao menos criar normas
sociais que interessem ao desiderato de seu governo. Assim, suas decisões influenciam
na vida de seus súditos, o que corrobora com a influência da religiosidade na vida social
e política desse povo.
O povoamento dessa região foi se dando por vários grupos étnicos, que deu
origem a uma miscigenação muito significativa naquela região. Viviam em nomos, que
eram pequenas aldeias independentes tinha seus chefes tribais e que também tinhas seus
deuses praticavam a agricultura, a domesticação de animais e a construção de barragens
e sistemas de irrigação que ajudavam em grandes áreas de plantio, e que proporcionou
muita riqueza. (CARDOSO, 2002, p.4)
Essa riqueza gerou interesses e, por volta do ano de 3.000 a.c, esses nomos
foram unificados surgindo a figura do faraó. O faraó se torna importante para a
manutenção dos sistemas de irrigação assim como para manutenção do reino. Porém, é
necessário a centralização do poder, não se diferencia muito da mesopotâmia, contudo,
a pessoa do Faraó se personifica na divindade digno de louvor e adoração, ou seja,
governa como um deus.
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dos deuses. Por isso, cada Dinastia tinha seu próprio deus. Na IV e VI dinastia o deus
Rá era poderosíssimo, que antes disso o deus Hórus era o mais adorado (FUNARI,
2010). Os egípcios tinham o sol como uma divindade, representada pelo deus Amon ou
Amon Rá.
O morto havia de passe por um julgamento, e assim, seu coração era pesado com
uma pena, pelo deus Osíris, seguindo a sentença que poderia ser a morte. Esse tipo de
sepultamento era um privilégio dos faraós e das famílias ricas, os pobres eram
enterrados por um culto simples (FUNARI, 2010, p. 18).
Os deuses gregos não eram pessoas, mas Potências. O culto os honrava em razão
da extrema superioridade do seu estatuto. Embora pertencessem ao mesmo mundo que
os humanos e, de certa forma, tivessem a mesma origem, eles constituíam uma raça que,
ignorando todas as deficiências que marcam as criaturas mortais com o selo da
negatividade – fraqueza, fadiga, sofrimento, doença, morte -, encarnavam não o
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absoluto ou o infinito, mas a plenitude dos valores que importavam na existência nessa
terra: beleza, força, juventude constante, imortalidade (VERNANT, 2006). A crença
religiosa dos gregos clássicos era politeísmo e não repousava sobre uma revelação. Não
há nada que fundamente, a partir do divino, sua inescapável verdade. A adesão baseia-se
no uso e nos costumes humanos ancestrais. Tanto quanto a língua, o modo de vida, as
maneiras à mesa, a vestimenta, o privado e o público, o culto não precisa de outra
justificativa além de sua própria existência.
A religião grega, tão abrangente, não possuía nenhum caráter dogmático. Sem
casta sacerdotal, sem clero especializado, sem Igreja, a religião grega não conheceu
livro sagrado no qual a verdade estivesse definitivamente depositada num texto. Ela não
implicava nenhum credo que impusesse aos fiéis um conjunto coerente de crenças
relativas ao além (VERNANT, 2006, VERGETI, 1994).
Por outro lado, para os gregos, o “sagrado” era tudo que provinha dos poderes
sobrenaturais e, especificamente, dos desejos divinos. Por isso, o “sagrado” era também
a ordem da natureza, a alternância das estações, das colheitas, do dia e da noite; e
também o era a ordem imutável da vida social, a sucessão regular das gerações
asseguradas pelos casamentos, pelos nascimentos, pelos ritos de sepultura e de
veneração dos mortos, a permanência das comunidades políticas e dos sistemas de
poder. (SANTOS, 2010). A experiência do sagrado era, portanto, e acima de tudo, a de
um poder, ou de um sistema de poderes, que intervém nos processos da natureza e da
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vida – e cuja intervenção poderia ser tanto benéfica como perturbadora (VERGETI,
1994)
Nesse sentido, não cumprir com as obrigações para com os deuses significava
distanciar-se de sua própria cultura, excluir-se da comunidade dos gregos, tornar-se
bárbaro. Se a conduta do cidadão individual não estivesse de acordo com este padrão,
ele não somente se colocava em risco, mas ameaçava o bem-estar da própria cidade
(SISSA E DETIENNE, 1989). Os gregos acreditavam que o relacionamento com os
deuses garantia a existência da polis e o desrespeito para com os deuses era
considerado, além de impiedade, um ato de deslealdade para com a politeia
(SOURVINOU-INWOOD, 1992). Assim, podemos afirmar que o indivíduo estabelecia
a sua relação com o divino pela sua participação em comunidade (VERNANT, 2002).
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Scheid (1998) demonstra que o princípio que regia a religião romana era a
racionalidade da cidade, garantindo a liberdade e a dignidade dos cidadãos e dos deuses.
A religião garantia ordem estabelecida e excluía todo o poder fundamentado no medo,
pois o relacionamento com os deuses era feito de forma racional. Todos eram capazes
de honrar os deuses e de praticar os cultos que quisessem, sob a condição de respeitar o
culto público e sua preeminência, da mesma forma que a respeitavam a ordem pública e
a liberdade dos cidadãos.
Evidentemente, a boa vontade dos deuses era necessária para que qualquer
público fosse bem-sucedido. Daí ser importante que a comunidade obtivesse o favor e o
apoio dos deuses. Isto era garantido pelos rituais básicos às divindades protetoras da
comunidade e do Império e pelas promessas de construção, conservação e manutenção
dos santuários públicos e da realização regular de sacrifícios e outros rituais específicos.
Era uma espécie de acordo contratual perante o qual cada parte deveria cumprir o seu
papel. Os insucessos, tais como pragas, enchentes, derrotas militares, eram interpretados
como ira dos deuses. Tentava-se determinar qual seria o motivo para que a comunidade
pudesse ser purificada. Tal procedimento levava ao estabelecimento de novos cultos
para novas divindades. (MENDES e OTERO, 2005).
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2.6 – A religião na idade média, o renascimento, humanismo e a influência na
sociedade moderna e contemporânea.
Pensar a Idade Média é termos a certeza de uma convivência de populações
impregnadas de tradições mentais diferentes: pagã céltica, romana, germânica,
bizantina, muçulmana, judaica, entre outras. O período abrange cerca de mil anos, com
a Igreja Católica Apostólica Romana desempenhando o elemento que possibilitou a
articulação entre as várias sociedades
Ponte entre o homem e Deus a Igreja teria a última ou a única palavra sobre o
que deveria ser a vida de seu rebanho e sobre o que era o bem e o mal, o certo e o
errado, o justo e o injusto. A Igreja não era poderosa apenas do ponto de vista espiritual,
mas também político, ninguém melhor do que ela para dizer como Deus queria que a
sociedade, que era baseada nas relações de suserania e vassalagem estabelecida entre oi
senhor feudal e seus servos, fosse organizada. (VAINFAS et al, 2016, p. 93)
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Católica na Europa, coexistiam livremente com suas religiões. (DOUGLAS, 2016, p.
71).
Nas terras que tinham sido parte do império de Alexandre, o Grande, o legado
grego ainda inspirava respeito, sendo que, estudiosos árabes e persas preservavam e
traduziam as obras filosóficas dos gregos clássicos, incorporando suas ideias na cultura
religiosa islâmica do século VI em diante.
Também merece destaque que não foi apenas a religião cristão, católica e
protestante, que causou influência na sociedade e na política do “Novo Mundo”. Vários
forma os povos que migraram para o “Novo Mundo” em busca de riquezas e trouxeram
sua cultura para alguns países.
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Alguns povos, como os da África, em sua grande maioria, foram forçados a vir
para o “Novo Mundo” como escravos. Segundo MATTOS (2012, p. 59) no século XVI,
o número total de escravos comercializados nas rotas do Oceano Atlântico ficou em
torno de 800 mil a 1,3 milhões. Nos séculos XVII e XVIII o volume das exportações de
escravos negros da África cresceu vertiginosamente, chegando a mais de 7 milhões, o
que representaria 70% do total das exportações de escravos da África. Só para a
América foram enviados, durante o século XVIII, cerca de 60 mil africanos por ano.
Esses povos também trouxeram suas heranças culturais e religiosas.
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3 - CONCLUSÃO
O presente trabalho buscou demonstrar a influência da religião na vida social e
política ao longo da História. Iniciamos apontando que a influência da religião remonta
aos primeiros povos que tinha como religião a crença em seus entes falecidos. Vê-se
que, apesar de não haver uma religião certa e determinada, a crença e a cultura desses
primeiros povos se constituem em certos rituais que se amoldam ao contexto religioso e
influencia efetivamente no convívio social entre eles.
Berço da democracia a Grécia antiga também tinha suas crenças, apesar de não
estar centralizada em uma religião específica. No entanto, constatamos que a prática
religiosa, mesmo que de forma mais abrangente, era a principal ideologia da polis que
se estruturava e dava sentido a todos os elementos que fundamentavam sua identidade e
relações entre os seus membros, pois a atividade ritualística e religiosa fortalecia o
senso de solidariedade do grupo e reforçava os laços sociais e, consequentemente,
causava influência social e política.
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Mas a idade média não teve influência socia e política apenas em relação na
Europa Ocidental, vimos o crescimento do pensamento filosófico nas regiões da Ásia.
Tradicionais filosofias, proibidas pela Igreja Católica na Europa, coexistiam livremente
com suas religiões nessa região o que também passou a causar impacto na própria
Europa Ocidental fazendo com que a Igreja passasse a rever a sua forma de encara o
pensamento filosófico. Com o surgimento do renascimento humanista em que Deus não
era mais o centro de tudo. A sociedade passaria a olhar o mundo não mais a partir de
Deus, mas a partir de si mesmo.
A influência dessas religiões está visível na sociedade atual, como por exemplo,
nos Estados Unidos e Brasil, em que grande parte da população desses países segue
religiões cristãs, que influenciam fortemente em discussões de ordem política como
aborto, divórcio, casamento entre pessoas do mesmo sexo e assuntos que contrariam os
dogmas de sua crença.
O que se constata, com este trabalho, é que, além da força metafísica através da
fé de rituais com conotação místicas e além da compreensão do homem, a religião
também deve ser observada como um forte instrumento de construção da sociedade. E
essa construção se dá através da influência da crença de cada cidadão ou até mesmo
como imposição de alguns governos.
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4 - REFERÊNCIAS
ANANIAS, Vanessa Drumond Patrus. A religiosidade dos povos antigos e a Religião
sem Deus: apontamentos sobre Coulanges, Dworkin e outras reflexões. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, XIX, n. 154, nov 2016. Disponível em:
<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artig
o_id=18145&revista_caderno=15>. Acesso em 02 março de 2019, às 09h30min.
COULANGES, Fustel de. A Cidade Antiga. 2004. Rio de Janeiro: Ediouro. P.44
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MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein. 2. ed. rev. ampl. – Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
SISSA, Giulia, DETIENNE, Marcel. Os deuses gregos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1990, 317 p
VAINFAS, R. et al. História 1: ensino médio / Ronaldo Vainfas et. al. 3 ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.
VERNANT, Jean-. Pierre. Mito e pensamento entre os gregos. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2002, 504 p.
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