Você está na página 1de 51

que a gente toca lá em casa

Desenvolvimento Mediúnico
A UMBANDA E SEUS MISTÉRIOS
3ª edição
I. CAPÍTULO

A UMBANDA, A MACUMBA E A FÉ
O contexto cultural influencia a definição de religião. Nas sociedades
ocidentais, onde se associa a religião à relação com algo transcendente1, ela
é sistema mediador entre o homem e entidades superiores. O Ocidente,
altamente marcado pela cultura judaico-cristã, releva o Deus único, subli-
me e celestial. Nas sociedades orientais, budistas e hinduístas, a transcen-
dência não está presente, mas antes o panteísmo2, um deus em tudo.
Assim, a religião não é ligação a algo superior e transcendente, mas à pró-
pria natureza, a todos os seres vivos. (COUTINHO, 2012)
A religião geralmente é consensual, por comportar padrões de relações
sociais formados em instituições sociais e coletivas interdependentes, pro-
duzidos e reproduzidos com base em estruturas (regras e recursos) próprias
(Scott, 1997: 204). Deste sistema participam crenças, práticas, símbolos,
visões do mundo, valores, coletividades e experiências. A visão do mundo e
os valores, mutuamente intensificados, encontram-se no coração da reli-
gião. As coletividades são componentes inerentes ao sistema e as experiên-
cias são, por vezes, a única forma de o tornar evidente. Embora cada ele-
mento seja descrito separadamente, as visões do mundo podem juntar-se
às crenças, pela sua essência análoga, os símbolos e as experiências podem
fazê-lo em relação às práticas pela mesma razão. (COUTINHO, 2012)
Baseando-se no estudo de caso realizado por GIL, 2016, p. 38, nota-se que as reli-
giões brasileiras têm a diversidade e o pluralismo como uma das principais carac-
terísticas de sua composição étnico cultural. Todavia, isto não modifica o caráter
minoritário que algumas dessas práticas apresentam perante os grandes grupos
religiosos tradicionais.
Através do Censo (IBGE, 2000) foram contabilizadas mais de 140 religiões reco-
nhecidas em território nacional, ainda assim, os brasileiros são basicamente: cató-
licos, evangélicos e sem religiões (exatamente nesta ordem).

NOTAS:
1. Transcendente é um adjetivo que demonstra algo que não é comum, que está além dos limites convencionais ou que é
considerado superior. No estudo da metafísica, transcendente se refere ao divino ou a princípios que estão além da realidade
mais óbvia e questionável. É muito comum que se use o termo transcendente para fazer referência à crenças ou o que é
considerado divino ou ligado a Deus. Nesse caso transcendente está fora do mundo material. Se relaciona com a crença na
existência de um Deus transcendente, como acredita a Gnose.
O transcendente é o que está além do conhecimento concreto e que não se baseia somente em dados e conclusões metódicas.
(SIGNIFICADOS, 2021)

2. Panteísmo é o sistema de crença daqueles que sustentam/defendem que a totalidade do universo é o único Deus. Esta
cosmovisão (visão do mundo) e, simultaneamente, doutrina filosófica afirma que o universo inteiro, a natureza e Deus são o
mesmo.
Cada criatura existente, segundo o panteísmo, é uma manifestação de Deus, que ganha forma humana, animal, vegetal, etc.
Para muitos especialistas, o panteísmo é o nexo que une as religiões não criacionistas, além de aparecer na essência dos politeís-
mos. (CONTEITO.DE, 2021)

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 01


que a gente toca lá em casa

TABELA POPULAÇÃO RELIGIÃO - COMPARATIVO


CENSO 1991 (%) RELIGIÃO CENSO 2000 (%)

83,8 CATÓLICOS 73,8

9,5 EVANGÉLICOS 15,4

4,8 SEM RELIGIÃO 7,3

1,9 OUTRAS 3,5

Fonte: TEXEIRA (2011), p. 37

A UMBANDA É UMA RELIGIÃO?


A grande variedade de informações disponíveis sobre Umbanda, enquanto que
auxiliam no reconhecimento desta prática como uma religião brasileira e com-
plexa, acabam deturpando ainda mais a visão da população sobre seus ritos. Isso
ocorre hora por interpretações equivocadas, hora por uma prática desvirtuada
dos princípios éticos e morais presentes na filosofia umbandista.
A Umbanda é fruto de mudanças sociais que convergem num movimento de
desagregação das tradições afro-brasileiras, formando assim uma nova modali-
dade religiosa.
Analisando a Umbanda através de seus fundadores é possível estabelecer uma
linha de pensamento que converge nas diversas ritualísticas e crenças encontra-
das hoje no culto.
O mito da fundação da Umbanda data de 1908 e tem como seu progenitor Zélio
de Moraes. Não há dúvidas de que as reuniões organizadas por ele proporciona-
ram o reconhecimento hoje desfrutado pela Umbanda, porém para que isso
ocorresse, o culto por ele praticado apoiou-se e se estabeleceu como um proces-
so de embranquecimento da cultura afro-brasileira e dos rituais já praticados e
até então denominados como macumbas.
Indiferente da missão espiritual apresentada pelo Caboclo das Sete Encruzilha-
das, socialmente é assim que nasce a Umbanda: quase revivendo o processo de
colonização, pois suas ritualísticas brotam através de uma apropriação e do em-
branquecimento da cultura africana, misturando suas raízes e crenças ao karde-

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 02


que a gente toca lá em casa

cismo e explorando o conhecimento ancestral dos índios que nela se manifesta-


vam. Parte da aceitação pública desse culto, provém do fato de que tudo isso se
escondia através de um altar repleto de imagens católicas e regado pelo sincre-
tismo. É sob esta bandeira que a Umbanda se estabelece na sociedade carioca.
Em paralelo a este marco da história da Umbanda, personagens como o médium
Benjamin Figueiredo também empretecem o kardecismo e abandonam a mesa
para então dar voz aos seus caboclos e aos preto-velhos (1924 - Rio de Janeiro).
Otacílio Charão (1926 - Rio Grande do Sul) e Laudelino de Souza Gomes (1932 -
Porto Alegre). Também estão entre os primeiros umbandistas e seus cultos e prá-
ticas estão mais relacionados ao avanço da Umbanda na região Sul do Brasil.
Segundo Ortiz (2011), hoje, ao traçar um perfil cultural e social para os líderes um-
bandistas, define-se que a grande maioria dos dirigentes de terreiros de Umban-
da são mulatos ou brancos e originam-se na classe média. Partindo dessa conclu-
são, é visível o reflexo da elite formadora desta religião em sua estrutura sacerdo-
tal, portanto, se torna aceitável que a cultura predominante nos terreiros de Um-
banda provém de uma mentalidade eurocentrista3, baseada em textos esotéri-
cos, espíritas e até mesmo antropólogos.
Compreendendo o surgimento da Umbanda, é possível afirmar que esta é uma
religião genuinamente brasileira, já que atende aos pontos definidos por Giddens
(2005) como comuns a toda religião, sendo eles:
Possuem um conjunto de símbolos ligados a rituais ou cerimônias, que são
alvos de reverência e/ou respeito.
Os rituais podem ser diversos e variados, cada um possuindo um significa-
do específico. Esses rituais fazem parte da identidade religiosa.
Para o autor Beto Angeli (Umbanda em casa: prática umbandista familiar), uma
religião é composta por:
Doutrina própria: nenhuma religião surge sem tomar por base uma anterior.
Sacramentos: casamentos, extrema-unção, atos fúnebres, batismos, etc.
Local sagrado: pontos da natureza, templos e outros afins.
Hierarquia sacerdotal: membros que se dividem em funções de acordo com
sua experiência religiosa.

NOTAS:
3. Eurocentrismo diz respeito à percepção de que a Europa, sua história e suas questões, são centrais em relação ao resto do
mundo. É a maneira de explicar o mundo a partir da Europa, seja através da história, da cultura ou da economia. Desde o
período da colonização iniciada por Portugal e Espanha, a história do mundo é contada pelos principais marcos europeus.

Como se percebe, a Europa ocupa lugar central justamente pelo poder militar, econômico e político que exerceu e exerce sobre
os países e culturas mais fragilizados. Condição a que muitos foram submetidos graças ao projeto de progresso e modernidade
da Europa. Não é sem motivo o fato de os países subdesenvolvidos estarem localizados ao Hemisfério Sul, o que é explicado em
grande parte pelos anos de exploração e controle por parte dos países europeus. (INFOESCOLA, 2021)

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 03


que a gente toca lá em casa

Outro ponto importante é a definição da Umbanda e para isso recorro as defini-


ções de autores/sacerdotes conceituados:

W.W. Matta e Silva


Umbanda é a Lei Mater que regula os fenômenos das manifestações e
comunicações entre os Espíritos do Mundo Astral ao Mundo da Forma. É a
religião original, o próprio elo vivente revelado pelo verbo criador que os
sacerdotes e iniciados das antigas escolas, em parte ocultaram e parte ensi-
naram, perdendo-se depois no emaranhado das ambições e perseguições,
confundindo-se, em ramificações, aos poucos verdades que se conservam
ainda, através de vários setores, ditos espiritualistas, filosóficos e religiosos
(SILVA, 1974, p. 31)

Rodrigo Queiroz
A Umbanda considera que o seu livro sagrado está na natureza, nas matas,
nas cachoeiras, nas montanhas, enfim, mas a realidade é outra. Afirmar que
a Umbanda não tem um livro sagrado implica responder no que ela se
baseia, e hoje, mais de um século depois de seu surgimento, uma das gran-
des problemáticas da religião é que nós, umbandistas, não conseguimos
dialogar. (QUEIROZ, 2019, p.27)

Rubens Saraceni
Umbanda significa: o sacerdócio em si mesmo, na m’banda, no médium
que sabe lidar tanto com os espíritos quanto com a natureza humana. Um-
banda é o portador das qualidades, atributos e atribuições que lhe são con-
feridas pelos Senhores da natureza; os Orixás! (CUMINO, 2017, p. 7)

Alexandre Cumino
A Umbanda está em constante construção, transformação e adaptação. Esse
entendimento é extremamente necessário para uma melhor compreensão da
mesma. Não podemos, no entanto, fugir da unidade-essência já há muito defi-
nida por seu fundador. Desta maneira, em todas as diversas formas de explicá-la
deve ser possível identificar sua essência-uma. Falar de Umbanda é falar da vida
e do ser humano que é em si uno e diverso. (CUMINO, 2017, p. 15 e 16)

Norberto Peixoto
Umbanda se legitima por ser Umbanda. Simples assim. (PEIXOTO, 2017, p. 7)

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 04


que a gente toca lá em casa

APRENDENDO COM AS PALAVRAS


DO PATRONO DA CASA MARTIM PESCADOR

Não existe Umbanda se não existir amor e caridade, não existe Umbanda se existir medo. O medo
é a primeira coisa que nos faz esquecer do amor. Por medo que vocês se fecharam atrás dessas
portas, sem conseguir olhar as necessidades dos outros. Isso não é errado, mas baiano não pode
dizer que é certo. Assim como tudo na vida é uma balança. [...]

[...] Vocês vão se portar como a família de Santo que são. Família em que todos poderão se ajudar,
porque é isso que transforma essa casa no que ela é. Não é à toa que cada pedaço dessas paredes
está coberto com o axé de um filho (as paredes do local aonde se realizam as giras), sem o axé de
todos não existe terreiro minha filha. [...]

[...] Enquanto existir os elos da corrente ligados, nada, nem mesmo uma doença pode derrubar
esse terreiro. Ou vocês acreditam nisso, ou precisam olhar para dentro e econtrar o que é a fé de
verdade.

Porque a fé não está nas ações fáceis, ela está justamente nas decisões difíceis. Se todo dia você
vier para cá rezar dois pai-nosso e três avê-maria e tudo na sua vida estiver bem, qual o ato de fé
que você tem? Se todo dia de atendimento essa menina estiver lá sentada, sem fazer nada, com o
dinheiro no bolso, descer aqui para falar meia dúzia de palavras bonitas para os outros, desde
quando isso é fé? Isso é responsabilidade, não é fé.

Fé acreditar, é crer no que aos olhos dos outros parece impossível.

[...] É esse o tempo, junte todos que podem ajudar e vá atrás das soluções. [...] A Umbanda não foi
feita de quem não está pronto para enfrentar seus medos, porque ela é uma religião que não é
fácil de se seguir. E nem foi feita de corações pequenos.

Sendo assim, dentro do sistema de crença da Casa de Mãe Iemanjá, podemos


definir que a Umbanda é uma religião de crescimento individual, porém sempre
ligado a desenvolvimento coletivo. Esse conceito está em todos os rituais que
compõe a religião, assim como no seu surgimento e sua regra mor: prática do
amor e da caridade.
Como podemos entender isso na prática? A corrente mediúnica precisa estar
alinhada para que ocorra equilíbrio durante os atendimentos, nesse contexto vale
a máxima que: somos tão fortes quanto nosso elo mais fraco, ou seja, não evoluí-
mos sozinhos. No processo de atendimento também precisamos do coletivo para
atingir um desenvolvimento humano: médium, espírito e consulente aprendem
uns com os outros através do compartilhar e da empatia entre os envolvidos. A
ideia de falanges e linhas de trabalho seguem o mesmo modelo, os espíritos
abandonam a sua individualidade passam a responder pelo coletivo ao adotarem
o nome de suas falanges e não mais seu nome de batismo, assim como o método
de trabalho e outras particularidades que o tornam parte de uma persona social
e não mais de um único ser.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 05


que a gente toca lá em casa

De forma geral, podemos afirmar que na Umbanda o autoconhecimento e a


espiritualidade são ferramentas utilizadas em conjunto para a construção de
uma sociedade melhor, material e espiritual.
Essa é uma das grandes diferenças entre a visão da Umbanda que a gente toca lá
em casa e as demais religiões, pois as atividades propostas para o evolutivo indi-
vidual também estão pautadas no coletivo, não se acredita que há salvação par-
ticular, a resposta está sempre na coletividade.
Sendo assim, concluímos que os Orixás dividem a sua regência de acordo com a
necessidade de seu filho, os espíritos dividem sua atuação compondo um eledá
equilibrado, o convívio no terreiro nos impõe um olhar coletivo constantemente,
os rituais estão pautados no equilíbrio energético coletivo. Portanto, cabe aqui a
reflexão: olhar para mim e para o outro nos proporciona um equilíbrio já há
muito aprendido na espiritualidade e que certamente promoverá um avanço
pessoal e social no entorno do terreiro.
Por fim, a Umbanda é uma religião de ação e não apenas de contemplação,
oramos por dias melhores e construímos tais dias amparados pela espiritualida-
de. Essa é a resposta a nossa prece, não aguardamos uma ação divina direta, pois
o divino já habita em nós, sendo assim, nossa resposta é sabedoria e força para
atingir o evolutivo pessoal e social. Entendemos que somos a força do Orixá que
nos rege, somos a sabedoria dos espíritos que nos guia, somos a matéria que pro-
moverá as mudanças com o apoio e condução da espiritualidade.

Legenda: baiano Martim Pescador chegando na gira

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 06


que a gente toca lá em casa

TIPOS DE RELIGIÕES PELO MUNDO


As religiões podem ser divididas nas seguintes categorias:

MONOTEÍSTA
Conforme a definição encontrada em Educa Mais Brasil (2021), o termo Mo-
noteísmo etimologicamente tem origem nas palavras gregas mónos =
único, théos = deus. Os monoteístas seguem apenas uma religião e creem
em uma única divindade.
Há quem defenda que o Monoteísmo se origina na narrativa bíblica dos
hebreus e que Abraão tenha sido o seu fundador. No entanto, alguns estu-
diosos apontam que a primeira religião a adotar o Monoteísmo foi zoroas-
trismo, fundada pelo profeta Zoroastro, na antiga Pérsia.
Algumas religiões dessa perspectiva: cristianismo, judaísmo e islamismo.

POLITEÍSTA
A crença em diversos deuses é uma das principais características do polite-
ísmo. As divindades possuem os mesmos sentimentos humanos, sendo
que muitos deles estão ligados à natureza.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 07


que a gente toca lá em casa

Os adeptos das vertentes politeístas não seguem orientações de livros


sagrados, nem acreditam na existência da verdade absoluta. Divindades do
gênero feminino e masculino são comuns e encarregados de manter o
equilíbrio do universo.
Algumas religiões dessa perspectiva: hinduísmo, xintoísmo e wicca.

PANTEÍSMO
Conforme a definição encontrada em Infoescola (2021), a expressão ‘Pante-
ísmo’ deriva do grego ‘pan’, que tem o sentido de ‘tudo’; e de ‘theos’, que
significa ‘Deus’. Desta forma este termo se traduz aproximadamente por
‘tudo é Deus’. Segundo esta doutrina, Deus está presente em todo o Univer-
so, em cada elemento; ela defende igualmente a existência de várias divin-
dades ligadas aos mais variados componentes da Natureza.
Há vários tipos de Panteísmo, sendo os principais o Cósmico, no qual se
parte da visão da existência perecível, transitória, permeada pela presença
de Deus; o Acósmico, contrário a este, que principia sua compreensão per-
cebendo a dimensão divina, concluindo que ela constitui todo o real; o Hilo-
zoísta, para o qual a divindade é a principal característica do mundo, mo-
vendo sua existência; Imanentista, que prega a integração imanente de
Deus ao Cosmos; o Monista Absolutista, segundo o qual a divindade é ao
mesmo tempo superior ao mundo e semelhante a ele; Monista Relativista,
de acordo com o qual o Universo é concreto e se modifica, enquanto a
divindade se mantém inalterável.
O Panteísmo é uma das diretrizes religiosas vigentes no Ocidente que mais
se identificam ao pensamento filosófico oriental, como o Budista, o Janista,
o Taoísta e o Confucionista. O Panteísmo não explica os eventos aparente-
mente naturais, como a Criação do Universo, o princípio da existência, como
provindos de um Ser Supremo.

PANENTEÍSMO
Conforme a definição encontrada em Conceitos.com (2021) o panenteísmo
é uma abordagem filosófica segundo a qual o universo e tudo o que existe
nele equivale a Deus. O panenteísmo, uma doutrina filosófica proposta pelo
filósofo alemão Christian Friedrich Kraus no século XIX.
A abordagem filosófica do panenteísmo é uma tentativa de conciliar dois
tipos de posturas: o teísmo e o panteísmo.
De acordo com o teísmo há um Deus que cria o mundo e do ponto de vista
do panteísmo não se pode falar de um Deus que cria o mundo.
Estas duas visões são claramente opostas e a princípio inconciliáveis. No
entanto, o panenteísmo apresenta um argumento que permite harmonizar

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 08


que a gente toca lá em casa

as duas visões: a natureza de Deus tem duas dimensões em um mesmo ser.


Sendo assim, ele é criador e criatura no mesmo tempo e espaço.

PRINCIPAIS RELIGIÕES QUE SEGUEM


A CORRENTE MONOTEÍSTA

Judaico: prega a unicidade de deus e não admite que existe outro deus único;
Islâmico: acredita em deus (Alah, em árabe) como o único, inigualável;
Trinitário: presente em parte do cristianismo, esse entendimento defende a existência de
um deus onipotente, onipresente e onisciente, que subsiste no pai, no filho e no espírito
santo;
Deísmo: crê em uma divindade responsável por criar a natureza, um deus impessoal;
Monismo: acredita num deus pessoal;
Panteísmo: entende deus como o universo;
Panenteísmo: vê o universo como pertencente a um deus onipotente e onipresente, que
transcende;
Substancial: sustenta que há uma única forma subjacente de deus e os deuses são formas
dessa única substância.

O território africano é demasiadamente grande e sua cultura era tribal, sendo


assim, é de se esperar que existam grandes divergências entre a formação religio-
sa dessa população.

África

A religião e a cultura local tem uma profunda ligação, não é ao acaso que no Brasil
exista uma variedade tão grande de religiões (ainda que grande parte da população se
limite a reconhecer apenas duas opções). No que tange a Umbanda, existe uma linha
cronológica que nos ajuda a compreender melhor seu advento.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 09


que a gente toca lá em casa

LINHA CRONOLÓGICA DAS RELIGIÕES NO BRASIL


AMERÍNDIOS
A mais antiga brasileira morreu por volta de 9485 a.C., na
região de Lagoa Santa em Minas Gerais.
Considerando suas características e os fatores históricos,
concluí-se para essa pesquisa que a religião ameríndia a mais
9485 a.C. antiga praticada no Brasil.

CATÓLICOS
O catolicismo se iniciu o Brasil assim que a primeira caravela
aportou em terras tupiniquins.
Apesar disso, foi em 1549 que a presença da Igreja Católica
começou a se intensificar através das ações coordenadas
1500 d.C. pelos jesuítas através de suas missões de catequese e do
nascimento de cidades como São Paulo.

CANDOMBLECISTAS
O Candomblé é culto de origem africana que estabeleceu-se
no Brasil por volta de 1700 d.C.. Estudiosos o compreendem
como um resumo de várias religiões e culturas trazidas pelos
negros, que ao serem separados de suas tribos, misturaram
suas tradições e rituais religiosos.
1700 d.C.

KARDECISTAS
Em 1860 o educador Casimir Lieutaud, que traduziu para a
língua portuguesa: Os Tempos São Chegados, a primeira
obra espírita impressa no Brasil.
E o jornalista brasileiro Teles de Menezes, que fundou, em
1860 d.C. Salvador, o primeiro centro espírita do Brasil, o Grupo
Familiar do Espiritismo, em 1865.

UMBANDISTAS
Fundada por Zélio Fernandino de Moraes a Umbanda é uma
religião típicamente brasileira e o resultado da união de
diversas características culturais do Brasil.
Sua doutrina é baseada na ressignificação de rituais
1908 d.C. católicos, ameríndios e kardecistas.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 10


que a gente toca lá em casa

AS SETE LINHAS DE UMBANDA


Quando duas teogonias se sincretizam, muitas coisas se nos mostram ou nos
são ensinadas de forma confusa, incompreensível e difícil de ser apreendida,
assimilada e retransmitida.
Isso também aconteceu com as nossas sete linhas de Umbanda, inexistentes
na teologia ou em qualquer outro culto afro puro. (SARACENI, 2019, p. 107)
Antes de prosseguirmos com este tema, aqui cabe uma observação muito interes-
sante e importante: não existe verdade absoluta quando o tema é a espiritualidade,
pois jamais estaremos preparados para toda a verdade contida no sobrenatural.
Sendo assim, nenhuma das informações e visões de sete linhas trazidas pelos auto-
res citados devem ser desconsideradas por completo, mas sim analisadas como
peças de um quebra-cabeça que unido formará uma visão mais ampla daquilo
que ainda não estamos prontos a compreender dentro do nosso evolutivo.
Dentro da Casa de Mãe Iemanjá e daquilo que seguimos como base de crença dos
rituais hoje nela praticados, perguntei ao patrono da casa, sr. Martim Pescador
sobre as grandes mudanças que vivenciamos nos fundamentos por ele trazido e a
sua resposta foi:

Minha filha, o sobrenatural é um mistério que precisa do seu evolutivo para que seja revelado, foi
preciso que primeiro se despissem do preconceito, para que depois pudesse ouvir a minha voz.

Aprenda minha menina, a verdade se torna oculta aos olhos que miram para a fé com medo e por
ainda ter medo, você não foi capaz de entender ou ver tudo o que tentei lhe mostrar, mas tudo bem!
Pois nunca lhe deixei só e continuo aqui, pronto a ensinar o que lhe falta e a relembrar o que esquecer.

Hoje você cresceu, assim como a casa que Iemanjá lhe entregou para cuidar, aprendeu que não
sabe muita coisa e que ainda tem um caminho longo na espiritualidade antes de poder dizer o que
está certo, ou o que está errado e talvez, nunca será capaz de fazer isso.

Você parou de procurar a razão, a aceitação e se encontrou na fé!

Nós, mensageiros da Umbanda, damos a vocês o suficiente para que possam crer, a luz para que
possam caminhar, a base para que não caiam no abismo da mentira. Entretanto, dependemos do
crescimento de cada uma de vocês para a mostrar aquilo que irá desafiar as falsas verdades que
vocês acreditam tão ternamente.

Por isso, quanto mais profundo forem os fundamentos, quando mais ensinarem sobre uma nova
visão de fé e de mundo, mais do sobrenatural você estará aprendendo.

A ideia de Sete Linhas da Umbanda é uma das bases da doutrina religiosa dos
umbandistas. Por isso ela é quase tão antiga quanto a própria Umbanda e, com o

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 11


que a gente toca lá em casa

decorrer dos anos acabou sofrendo algumas alterações, de acordo com os novos
conhecimentos que a ciência trouxe para a nossa sociedade.
Essa inconstância de ideias transcritas de forma psicografadas por diversos auto-
res, se refletem como um dos principais pontos de divergência entre os mesmos
e os adeptos da religião, gerando uma compreensão equivocada sobre verdades
absolutas ou até mesmo sobre a veracidade dos rituais umbandistas.
Assim como outros fatores relevantes, a visão de sete linhas de cada terreiro indica sua
linha doutrinária e quais os símbolos e valores adotados na casa, pois como em toda
religião, ao fazer parte de um terreiro você está disposto não apenas a seguir aquela fé,
mas também as ideologias e verdades do líder que professa sobre tal crença.
No caso da Umbanda de Almas e Angola (mais comum a região sul do Brasil), segun-
do o autor Martins (2011) era mantida uma hierarquia durante o ritual obedecendo às
sete linhas da Umbanda. Essas linhas determinavam na época os tipos de sessões
realizadas no terreiro. Cada linha eram associadas aos Orixás e Entidades espirituais.
Dentro da UMBANDA QUE A GENTE TOCA, mais se encaixa, de forma geral, a
visão da Umbanda Sagrada4 sobre as sete linhas, porém apenas o conceito geral
e não a distribuição dos Orixás.
As Sete Linhas de Umbanda, do nosso ponto de vista, são sete irradiações de
Deus, sete formas pelas quais ele se manifesta na Umbanda. Essas sete formas,
como vimos, são equiparadas aos sete sentidos da vida. (AGELO, 2019, p. 55)
Além das Sete Linhas de Umbanda, também existem as linhas de trabalho que
surgem a partir dessas vibrações. Mas uma coisa não interfere na outra. São agru-
pamentos de espíritos que atuam sobre a vibração de uma determinada energia
ou até a união de determinadas energias.
Na Umbanda, as linhas ou forças que atuam à direita são compostas de
entidades, espíritos de luz, que atuam em nossa vida valendo-se da raciona-
lidade. Por isso, sua atuação tende sempre a explicações e ensinamentos
que nos remetem ao pensamento lógico. Já as linhas ou forças de esquerda
são compostas de entidades, espíritos de luz que atuam em nossa vida
usando a emoção, motivo pelo qual nos provocam sentimentos diversos,
como alegria e medo, por exemplo. Todavia, as forças de direita e as de
esquerda não se repelem; ao contrário, se complementam, atuando no todo.
(ANGELI, 2019, p. 64)
NOTAS:
4. Umbanda Sagrada: Umbanda Sagrada ou Umbanda Natural, é uma das várias vertentes existentes na Umbanda. Foi funda-
mentada pelos guias espirituais Pai Benedito de Aruanda e pelo Ogum Sete Espadas da Lei e da Vida, Mestre Seiman Hamser
Yê, e difundida a partir de 1996 pelo médium e escritor Rubens Saraceni (1951 – 2015) em São Paulo / SP com a criação do curso
de teologia de Umbanda.

Essa linha umbandista procura ser independente das doutrinas africanistas, espíritas, católicas e esotéricas, pois considera que
a Umbanda possui fundamentos próprios e independentes dessas tradições, embora reconheça as influências de tais doutrinas
na religião. (PAPO CULTURA, 2021)

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 12


que a gente toca lá em casa

Durante os anos que se passaram do surgimento da Umbanda até hoje e pelas mu-
danças ocasionadas durante o trajeto, muitas foram as visões das sete linhas da Um-
banda, porém, como pesquisadora, entendo que para existir uma conclusão é preci-
so conhecimento, por isso, para que o leitor possa tecer sua própria linha de pensa-
mento sobre o tema, vamos abordar os principais conceitos de Sete Linhas:

W.W. MATTA E SILVA


Segundo W.W. Mata e Silva, em sua Umbanda Iniciática ou Esotérica, as sete
linhas de Umbanda poderiam ser compreendidas como:

Orixá Chakras Dias e Som Incorporação Fala Metal e Elemento

Obaluaê Launa Segunda - Si Raro - Vibra entre os olhos Correta e pouco Prata - Água

Oxalá Coronário Domingo - Mi Vibra costela e nunca Correta e pouco Ouro - Prana

Yemanjá Frontal Segunda - Si Frio - Choro - Sem gravidade Pausada e pouco Prata - Água

Oxóssi Esplênico Sexta - Sol Vibra pernas de baixo para cima Pausada e bastante Cobre - Ar

Ogum Umbilical Terça - Fá Vibra brusco de baixo para cima Arranque e pouco Ferro - Fogo

Xangô Cardíaco Quinta - Ré Vibra brusco - punhos no peito Quase não fala Estanho - Terra

Yori Laríngeos Quarta - Dó Vibra na garganta Fina e pouco Mercúrio - Éter

Yorimá Sacro Sábado - Lá Vibra na base da coluna Pausada e bastante Chumbo - Manas

A primeira grande diferença entre as linhas de trabalhos do W.W. Matta e Silva e


dos demais autores é a presença das linhas Yori (crianças) e Yorimá (preto-velhos).
Apesar da presença dos Orixás dentro das linhas, não é exatamente estas divinda-
des que justificam a divisão e sim o tipo de energia.
Por sua base magística (W.W. Matta e Silva era membro da Rosa Cruz) itens como:
dias, sons, chakras e elementos tiveram uma base muito mais profunda na divi-
são das Sete Linhas de Umbanda para este autor.

De acordo com as sete linhas pelo autor estabelecida, segue-se então as linhas de
trabalho e as relações dos guias com essas linhas.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 13


que a gente toca lá em casa

Um dos grandes mistérios da Umbanda é a diferença entre os falangeiros que


atuam dentro da Linha dos Africanos. Como já foi abordado na apostila: O que preci-
so saber sobre a Umbanda:
Essa é uma das linhas mais complexas da Umbanda, pois cada terreiro, con-
forme a sua tradição acaba apresentando características próprias sobre os
espíritos que se manifestam como Africanos, em determinas culturas eles
bebem e falam, em outras não, apenas dançam, em alguns terreiros usam
capas e em outras utilizam vestes próximas as usadas no Candomblé.
O fato é que a proximidade com o conceito de Orixá gera diversas confusões.
Os terreiros mais antingos, pré Umbanda Sagrada, que de forma geral atual com a
Linha dos Africanos, em grande maioria, trabalham com os falangeiros dos Orixás:
Xangô, Oxóssi, Ogum, Iemanjá, Nanã, Oxum e Iansã.
Durante as visitas que fiz e em relação aos terreiro que fiz parte, posso definir que:

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 14


que a gente toca lá em casa

Falangeiros de Ogum: em grande maioria bebem, fumam, dançam, falam pouco e de


forma bem direta. Seu comportamento se assemelha a um caboclo.
Falangeiros de Xangô: em grande maioria bebem, fumam, dançam, falam pouco e de
forma bem direta. Seu comportamento se assemelha a um caboclo.
Falangeiros de Oxóssi: não conheci lugares que separem a presença dos falangeiros de
Oxóssi com a manifestação de caboclos, existindo apenas uma divisão entre caboclos de
penas (índios) e caboclos de couro (boiadeiros).
Falangeiras de Iemanjá, Iansã, Oxum e Nanã: em grande maioria dançam, não falam e
podem ou não usar coroa (adê).

Analisando tais afirmações, gostaria de deixar as seguintes hispóteses:

Por ser Iemanjá a única Yabá considerada Orixá pelo autor, a manifesta-
ção das demais iabás como falangeiras já seria comum dentro da visão
da Umbanda Esotérica, sendo a origem dessa prática? Ainda assim, isto
não justifica o fato de serem as manifestações com o comportamento
mais diferente entre os falangeiros. Afinal, em grande maioria dos ter-
reiros Iabás não falam.
Seriam considerados como falangeiros de Oxóssi apenas os chefes de
falange dessa linha de trabalho? Isso justificaria não termos uma mani-
festação diferenciada entre os caboclos e os africanos deste Orixá?
Falangeiros de outras linhas, como Oxóssi e Ossanhe, se manifestariam
de forma silênciosa nos terreiros dentro de toques afins, como: falan-
geiros de Ossanhe se manifestando numa roda de Oxóssi?
Futuramente teremos conhecimento e fé o bastante para manifestar
novas linhas de falangeiros?

Qual será o conhecimento que nos aguarda ao avaliarmos estas questões?

RUBENS SARACENI
O autor Rubens Saraceni a partir de 1984 começou a ganhar certa visibilidade
dentro da religião e por isso, quando lançou seus livros abordando a Umbanda
Sagrada e suas doutrinas acabou gerando mais uma escola de Umbanda e hoje
esta é uma das mais controvérsias e difundidas escolas no estamos de São Paulo.
Baseando nas escolas mais antigas, como a Umbanda Iniciática e a Umbanda

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 15


que a gente toca lá em casa

Branca, Saraceni dividiu os Orixás e as vibrações em funções e as chamou de


tronos de Deus.
Dentro desses sete tronos, esforçou-se para colocar quantos orixás fossem
necessários, valendo-se até do expediente de criar ou de repetir os Orixás,
inclusive de resignificá-los, mas mantendo-os como estruturas africanas em
muitas lendas e justificativas, conforme convinha a necessidade do momen-
to. (PERDIDO EM PENSAMENTOS, 2021)
Sendo assim, podemos resumir a visão do autor/ sacerdote Rubens Saraceni con-
forme o gráfico abaixo:

Orixá Mistério Qualidade Linha Minério Cor

Oxalá Fé Congregadora Cristalina Ouro Branco, Cristalino

Logunan Religiosidade Condutora Cristalina Estanho Azul escuro, Branco

Oxum Amor Conceptiva Mineral Cobre Rosa, Azul, Amarelo

Oxumaré Amor Renovadora Mineral Antimônio Azul turquesa, Branco

Oxóssi Conhecimento Expansora Vegetal Manganês Verde, Branco

Obá Conhecimento Concentradora Vegetal Hematita Magenta, Dourado, Vermelho

Xangô Justiça Equilibradora Ignea Pirita Marrom, Vermelho, Branco

Egunitá Justiça Purificadora Ignea Magnetita Laranja, Dourado, Vermelho

Ogum Lei Ordenação Eólica Ferro Vermelho, Prateado

Iansã Lei Direcionadora Eólica Níquel Amarelo, Coral, Dourado

Obaluaiê Evolução Evolucionista Telúrica Cassiterita Violeta

Nanã Evolução Racionalizadora Terúlica Prata Lilás

Iemanjá Vida Geradora Aquática Platina Azul claro, Prateado

Omulu Vida Estabilizadora Aguática Molibdenita Roxo

Quando se fala de religião e religiosidade tudo tem um significado mais amplo.


Nem cores, elementos, nomes ou números são aleatórios, por isso a divisão feita
por Rubens Saraceni para os Orixás, seus Tronos e as Sete Linhas de Umbanda
ainda é bastante questionada pelos mais antigos.

A escolha do número sete não é ao acaso, ela obedece a uma tradição esotéri-
ca muito presente nas terras brasileiras e advinda – ao contrário do que se acre-
dita – da magia européia. O número 7 representa o completo, a perfeição, um
ciclo total, seria a representação de tudo que pode haver. Logo o 7 também

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 16


que a gente toca lá em casa

poderia ser representado como o Ourobouros, a serpente que persegue a pró-


pria cauda e que sempre se renova.
Dentro da Umbanda, das muitas culturas que a influenciaram, encontramos a
presença da influência africana da cultura bantu, de uma forma mais impac-
tante. Muito da Umbanda, tem influência da cultura dos povos de Congo e de
Angola, porém hoje desconhecemos muito disto. Mas aqui, devemos abrir
uma ressalva, pois para o povo bantu o número sagrado não era 7 como costu-
má-se achar, mas sim o número 9. (PERDIDO EM PENSAMENTOS, 2021)

A Umbanda é a religião do desenvolvimento e as Sete Linhas de Umbanda é a


prova mais concreta dessa afirmação. Com o tempo, aprendemos aquilo que
caminhará conosco por toda a nossa existência e as coisas que precisam ser dei-
xadas para que sejamos capazes de enxergar um novo horizonte.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 17


que a gente toca lá em casa

Outras linhas de Umbanda também são compreendidas assim:

UMBANDA BRANCA
Para a Umbanda Branca, de Zélio Fernandino de Morais e do Caboclo das 7
Encruzilhadas, encontramos a definição das sete linhas como disposta a seguir:
Oxalá, Ogum, Euxosse, Xangô, Nhã-Shan, Almanjar e Almas.

UMBANDA POPULAR
A estrutura considerada por Lourenço Braga e diversos outros autores contempo-
râneos a ele, como o próprio Antônio Alves Teixeira Neto (Antônio de Alva), é de
que as sete linhas seriam: Linha de Oxalá, Linha de Iemanjá, Linha do Oriente,
Linha de Xangô, Linha de Oxóssi, Linha de Ogum e Linha Africana.
O que reparamos nessa estrutura – além da reordenação do aparecimento das
linhas – é que a Linha de Iansã foi retirada para dar lugar a uma linha chamada Linha
do Oriente, sendo essa regida por São João Batista (Xango Caô) e a Linha de Santos e
Almas dando lugar a Linha Africana, onde congregariam todos os Pretos-Velhos
(com exceção dos Quenguelês, que se encontram dentro da Linha de Xangô), com a
regência de São Cipriano, sendo esta chamada também de Linha da Magia.

UMBANDA ESOTÉRICA
Podemos encontrar em 1952, o Caboclo Mirim dando a sua forma de entendi-
mento das sete linhas de Umbanda, traduzindo-as, como: Linha de Oxalá ou Ori-
xálá, Linha de Ogum, Linha de Oxóssi, Linha de Xangô, Linha de Iofá, Linha de
Ibejis e Linha de Iemanjá.
Com o lançamento do livro “Umbanda e Quimbanda – Volume 2”, as Sete Linhas
sofrem uma mudança: Linha de Oxalá ou Linha das Almas, com a regência de Jesus
e a força planetária de Júpiter; Linha de Yemanjá ou Linha das Águas, com a regên-
cia do Arcanjo Gabriel e a força planetária de Vênus; Linha do Oriente ou Linha da

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 18


que a gente toca lá em casa

Sabedoria, com a regência do Arcanjo Rafael e a força planetária de Urano; Linha de


Oxóssi ou das Matas (Vegetais), com a regência do Anjo Zadiel e a força planetária
Mercúrio; Linha de Xangô ou dos Minerais, com a regência do Anjo Oriel e a força
planetária de Saturno; Linha de Ogum ou das Demandas, com a regência do Anjo
Samael e a força planetária de Marte e por fim, a Linha dos Mistérios ou Encanta-
mentos, com a regência do Anjo Anael e a força planetária de Saturno.

Legenda: manifestação de Iansã Funan no terreiro.

ESCOLAS DE UMBANDA
Por se tratar de uma religião em evolução e que se firmou através da prática e da
verdade de diferentes pessoas e regiões brasileiras, hoje a Umbanda conta de
diversas escolas, ou seja, são subdivisões que comungam de uma mesma fé.
Durante o Estado Novo, no final dos anos 30, sob a ditadura de Getúlio Vargas,
os Terreiros de Umbanda, em São Paulo, viveram sua fase mais difícil. Para
que pudessem trabalhar eram obrigados a se registrar nas delegacias e ao
pagamento, do que chamavam, à época, de “Taxa de Proteção”, que eram
verdadeiras extorsões. [...] Nessa época não se ouvia falar de Umbanda ou Can-
domblé; o que se lia em jornais eram termos como feitiçaria, macumba e baixo
espiritismo. (Centro Espírita Ubiratam, 2020)
Segundo Silva (2005), a repressão ao movimento umbandista ocorreu até o final do
Estado Novo (1937-45). Esse período foi marcado pelo uso da força policial no com-
bate e repressão do desenvolvimento dos cultos afro-brasileiros. Porém, foi na

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 19


que a gente toca lá em casa

década de 1960 que a Umbanda ampliou sua organização e legitimação perante a


sociedade.
Sobre essa transformação social, que leva a Umbanda de vilã à cultura e patrimônio
brasileiro, Brown (1985) afirma que a umbanda passou bem nas mãos da ditadura
militar, pois o novo governo não negou aos umbandistas seus direitos políticos e
nem a prática religiosa. Ao contrário, foi nesse período que o registro de centros de
umbanda passou da jurisdição policial para a civil, que ocorreu o reconhecimento
da prática umbandista como uma religião e os feriados nacionais voltados a Um-
banda foram incorporados ao calendário.
Ao falar da Umbanda e de seu processo evolutivo quanto crença é certo que algu-
mas práticas já não condizem com a moral ou a urbanização na qual ocorrem as
ritualísticas de Umbanda, mas também acredito que, por tratar-se de entidades
mentoras, a própria espiritualidade consiga avaliar quais as práticas possam ou não
serem realizadas sem causar prejuízo ao médium e ao seu processo evolutivo.
A superioridade cultivada pelo elitismo torna as escolas de Umbanda mais do que
divisões ideológicas e doutrinárias, a tornam facções que competem entre si por
uma verdade absoluta inexistente. Afinal por ser fruto de uma tradição oral alicer-
çada a uma experiência pessoal pertencente a cada sacerdote e adepto, sempre
haverá uma heterogeneidade dentro das práticas realizadas na religião.
Ligiério (2013) comenta sobre as publicações umbandistas, nas quais, segundo o
autor essa experiência pessoal reflete na escrita, preenchendo os espaços com sen-
timento de afeição, devoção ou débito. No lugar de bibliografias ou fatos, encon-
tram-se os tons emocionais para a defesa de suas práticas.
Dentre tantas verdades, um bom caminho para desenvolver uma compreensão
sobre as escolas de umbanda e sua importância social, está em compreender o
fluxo e nível de influência de cada doutrina prévia sob essa Umbanda.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 20


que a gente toca lá em casa

SMO
PAJ

NI
EL
AN IA
ÇA CRIST

AFRIC
A UMBANDA SMO
CI
NI

E
KARD
SMO
SMO

SMO

SMO

SMO
PAJ

PAJ

PAJ

PAJ
NI

NI

NI

NI
EL

EL

EL

EL
AN IA AN IA AN IA AN IA
ÇA CRIST ÇA CRIST ÇA CRIST ÇA CRIST

AFRIC AFRIC AFRIC AFRIC


A UMBANDA SMO A UMBANDA SMO A UMBANDA SMO A UMBANDA SMO
CI CI CI CI
POPULAR MIRIM BRANCA OMOLOKO
NI

NI

NI

NI
E

E
KARD

KARD

KARD

KARD
SMO

SMO

SMO

SMO

R R
OTE ISMO OTE ISMO
ES ES
SMO
SMO
PAJ

PAJ
NI

NI
EL

EL

AN IA AN IA
ÇA CRIST ÇA CRIST

AFRIC AFRIC
A UMBANDA SMO A UMBANDA SMO
CI CI
ESOTÉRICA SAGRADA
NI

NI
E

E
KARD

KARD
SMO

SMO

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 21


que a gente toca lá em casa

Para compreender melhor as divergências e manter-se o mais respeitoso possível,


porém ainda crente na Umbanda praticada por seu terreiro, segue abaixo as princi-
pais escolas de Umbanda segundo o Blog Registros de Umbanda (2021):

Escola Origem Médium Orixás Linhas de Trabalho

Branca Ano: 1908 Zélio de Moraes Acredita que existam 126 orixás, Caboclos(as), Pretos(as) Velhos(as) e
Niterói-RJ distribuídos em 06 linhas espirituais Crianças e não há giras para Boiadeiros,
Demanda de trabalho. Os altos chefes de cada Baianos, Ciganos, Malandros,
uma dessas seis linhas recebem o Exus e Pombagiras.
nome de um orixá nagô, embora
não sejam entendidos como nas
tradições africanas, existindo uma
forte vinculação deles aos santos
católicos.

Kardecista Não há registro Centros kardecistas que Nesta vertente não existe o culto Nesta vertente não é utilizada essa
passaram a receber aos Orixás nem aos santos católicos. forma de agrupar as entidades.
Mesa Branca
Branca guias de Umbanda.
Cáritas

Mirim Ano: 1924 Benjamin Gonçalves Nesta vertente não existe o culto Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as) e
Rio de Janeiro Figueiredo aos santos católicos e os Orixás Crianças e não há giras para Exus
foram reinterpretados de maneira e Pombagiras, uma vez que estes últimos
distinta das tradições africanas, não são considerados trabalhadores da
não havendo nenhuma vinculação Umbanda e sim da Quimbanda.
dos mesmos com elas. Considera a
existência de nove Orixás: Oxalá,
Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê,
Iemanjá, Oxum, Iansã e Nanã

Popular Não há registro Fruto da umbandização Nesta vertente encontra-se um forte Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
de antigas casas de sincretismo dos santos católicos Crianças, Boiadeiros, Baianos(as),
Cruzada com os Orixás, associados a um Marinheiros, Sereias, Ciganos(as), Exus,
Mística Macumbas. conjunto de práticas místicas e Pombagiras, Exus-Mirins e Malandros(as).
Cruzada religiosas de diversas origens
adotadas pela população em geral.
Considera a existência de dez
Orixás: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô,
Obaluaiê, Iemanjá, Oxum, Iansã,
Nanã e Ibejis. Em alguns lugares
também são cultuados mais dois
Orixás: Ossaim e Oxumaré.

Omolocô Ano: 1950 Tancredo da Silva Pinto Nesta vertente encontra-se um Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
Rio de Janeiro forte sincretismo dos Orixás com os Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
Traçada santos católicos, sendo que aqueles Baianos(as), Marinheiros, Sereias,
estão vinculados às tradições Ciganos(as), Exus, Pombagiras
africanas, principalmente as e Malandros(as).
do Omolocô. Considera a existência
de nove Orixás: Oxalá, Ogum, Oxóssi,
Xangô, Obaluaiê, Iemanjá, Oxum,
Iansã e Nanã.

Almas e Não existe um É fruto da Nesta vertente encontra-se um forte Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
foco único. umbandização de sincretismo dos Orixás com os Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
Angola santos católicos, sendo que aqueles Baianos(as), Marinheiros, Exus
Traçada antigas casas de Almas estão vinculados às tradições e Pombagiras.
e Angola africanas, principalmente as do
Almas e Angola. Considera a
existência de nove Orixás: Oxalá,
Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê,
Iemanjá, Oxum, Iansã e Nanã.

Umbandomblé Não existe um É fruto da Nesta vertente existe um culto Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
foco único. umbandização de mínimo aos santos católicos e os Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
Traçada Orixás são fortemente vinculados Baianos(as), Marinheiros, Sereias,
antigas casas de às tradições africanas, Ciganos(as), Exus, Pombagiras
Candomblé principalmente as da nação Ketu, e Malandros(as).
podendo inclusive ocorrer a
presença de outras entidades no
panteão que não são encontrados
nas demais vertentes da Umbanda
(Oxalufã, Oxaguiã, Ossain, Obá, Ewá,
Logun-Edé, Oxumaré).

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 22


que a gente toca lá em casa

Escola Origem Médium Orixás Linhas de Trabalho

Eclética Ano: 1946 Oceano de Sá Nesta vertente existe uma forte Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as)
Rio de Janeiro vinculação dos Orixás aos santos e Crianças.
Maior católicos, sendo que aqueles foram
reinterpretados de maneira distinta
das tradições africanas.
Considera a existência de pelo
menos nove Orixás: Oxalá, Ogum,
Ogum de Lei, Oxóssi, Xangô,
Xangô-Kaô, Yemanjá, Ibejês e Yanci.

Aumbhandã Ano: 1956 Woodrow Wilson Nesta vertente não existe o culto Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
Rio de Janeiro da Matta e Silva aos santos católicos e os Orixás Crianças e Exus, sendo que estes
Esotérica foram reinterpretados de maneira últimos não são considerados
Pai Guiné distinta das tradições africanas. trabalhadores da Umbanda e
Considera a existência de sete sim da Quimbanda.
Orixás: Orixalá, Ogum, Oxóssi,
Xangô, Yemanjá, Yori, Yorimá.

Guaracyana Ano: 1973 Sebastião Gomes Nesta vertente não existe o culto Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
São Paulo de Souza aos santos católicos e os Orixás Crianças, Boiadeiros, Baianos(as),
foram reinterpretados em relação Marinheiros, Ciganos(as), Exus
às tradições africanas, havendo, e Pombagiras.
entretanto, uma ligação dos
mesmos com elas. Considera a
existência de dezesseis Orixás,
divididos em quatro grupos,
relacionados aos quatro elementos
e aos quatro pontos cardeais:
Fogo/Sul (Elegbara, Ogum,
Oxumarê, Xangô), Terra/Oeste
(Obaluaiê, Oxóssi, Ossãe, Obá),
Norte/Água (Nanã, Oxum, Iemanjá,
Ewá) e Leste/Ar (Iansã, Tempo,
Ifá e Oxalá).

Sete Raios Ano: 1978 Ney Nery do Reis Nesta vertente não existe o culto Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
Rio de Janeiro Israel Cysneiros aos santos católicos e os Orixás Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
foram reinterpretados em relação Baianos(as), Marinheiros, Sereias,
às tradições africanas. Considera a Ciganos(as), Exus, Pombagiras
existência de doze Orixás, divididos e Malandros(as).
em sete raios: 1º raio, Iemanjá e
Nanã; 2º raio, Oxalá; 3º raio, Omulu;
4º raio, Oxóssi e Ossãe; 5º raio, Xangô
e Iansã; 6º raio, Oxum e Oxumaré;
e 7º raio, Ogum e Ibejs.

Aumpram Ano: 1986 Roger Feraudy Considera que esta religião surgiu a Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
Rio de Janeiro 700.000 anos em dois continentes Crianças e Exus, sendo que estes últimos
Esotérica míticos perdidos, Lemúria e não são considerados trabalhadores da
Aumbandhã Atlântida, que teriam afundado Umbanda e sim da Quimbanda.
no oceano em um cataclismo
planetário.
Nesta vertente não existe o culto
aos santos católicos e os Orixás
foram reinterpretados de maneira
distinta das tradições africanas.
Considera a existência dos 7 Orixás
da Umbanda Esotérica (Oxalá,
Yemanjá, Ogum, Oxóssi, Xangô,
Yori e Yorimá) e mais Obaluaiê, o
qual consideram o Orixá oculto
da Umbanda.

Ombhandhum Ano: 1989 Francisco Rivas Neto Nela existe uma grande influência Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
São Paulo Faculdade de Teologia oriental, principalmente em termos Crianças e Exus, sendo que estes últimos
Iniciática de mantras indianos e utilização do não são considerados trabalhadores
Síntese Umbandista - 2003 sânscrito, e há a crença de que a da Umbanda e sim da Quimbanda.
Proto-síntese Umbanda é originária de dois
Cósmica continentes míticos perdidos,
Lemúria e Atlântida, que teriam
afundado no oceano em um
cataclismo planetário.
Considera a existência dos 7 Orixás
da Umbanda Esotérica, associados,
cada um deles, a mais um Orixá,
de sexo oposto, formando um casal:
Orixalá-Odudua, Ogum-Obá,
Oxóssi-Ossaim, Xangô-Oyá,
Yemanjá-Oxumaré, Yori-Oxum,
Yorimá-Nanã.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 23


que a gente toca lá em casa

Escola Origem Médium Orixás Linhas de Trabalho

Sagrada Ano: 1996 Rubens Saraceni Nesta vertente os adeptos podem Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
São Paulo Instituto Cultural Colégio realizar o culto aos santos católicos Crianças, Boiadeiros, Baianos(as),
da maneira que melhor lhes convier Marinheiros, Sereias, Povo(s) do Oriente,
Tradição de Magia Divina e os Orixás são entendidos como Ciganos(as), Exus, Pombagiras,
1991 manifestações de Deus que Exus-Mirins e Malandros(as).
ocorreram sobre diferentes nomes
em diferentes épocas, sendo
reinterpretados de maneira
totalmente distinta das tradições
africanas, não havendo nenhuma
vinculação dos mesmos com elas.
Considera a existência de catorze
Orixás agrupados como casais em
sete tronos divinos: Oxalá e Logunan
(Trono da Fé); Oxum e Oxumaré
(Trono do Amor); Oxóssi e Obá
Trono do Conhecimento); Xangô e
Iansã Trono da Justiça); Ogum e
Egunitá (Trono da Lei); Obaluaiê e
Nanã (Trono da Evolução); e Iemanjá
e Omulu (Trono da Geração).
Os sete primeiros de cada par são
chamados Orixás Universais,
responsáveis pela sustentação das
ações retas e harmônicas,
e os outros sete, Orixás Cósmicos,
responsáveis pela atuação corretiva
sobre as ações desarmônicas e
invertidas, sendo que alguns deles
seriam considerados manifestações
do mesmo Orixá nas tradições
africanas (Obaluaiê/Omulu
e Iansã/Egunitá).

O conhecimento é um aliado perigoso. Ao ver tantas escolas em tão pouco tempo


de Umbanda é possível chegar a três conclusões:

Aceitação: os guias, orixás e mentores que fazem dessa religião uma


comunidade tão plural aceitam de bom grado aquilo que lhes é ofer-
tado, moldando-se conforme a necessidade do médium e evoluindo
em parceria com este. Em outras palavras, existem tantas Umbandas
quanto são as visões de fé de seus membros.
Evolução: uma religião que prega a evolução está em constante movi-
mento. Para os que se denominam espiritualistas a matéria não é o
todo e assim, sem polêmica de quem é a autoria da frase, Albert Eins-
tein ou Oliver Wendell Holmes (1841-1935), mas pela genialidade nela
existente: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao
seu tamanho original”. Evolução é crescer e crescer exige mudança e
adaptação.
Doutrinação: Não há caminhos para a doutrinação da Umbanda. A
ausência de um livro direcionador ou até mesmo a forma livre de
trabalho de toda a egrégora espiritual que compõe esse grupo já
mostra por si que são muitos os caminhos que levam a fé ao desen-
volvimento humano. No momento em que o homem tenta racionali-
zar o que não é passível de entendimento, a vaidade assume a fé e a
razão se torna o guia, distanciando-se assim do domínio espiritual.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 24


que a gente toca lá em casa

Esse posicionamento, que divide os umbandistas entre a fé e a razão, gera uma teia
de verdades pertencentes a diferentes fontes. Como duas grandes potências inte-
lectuais essas realidades se mesclam e, dentro do contexto religioso, se torna quase
impossível sua separação.
Segundo Assunção (2012) as entidades umbandistas são a fonte primordial de todo o
conhecimento mágico-religioso para a realização das ritualísticas que compõe o culto.
Essa afirmação indica que a razão aplicada na Umbanda é de origem espiritual e, por-
tanto, não pode ser considerada científica. Sua validação ocorre durante o processo de
incorporação e, sendo assim, diversas vezes é fruto de questionamento e até mesmo
anulação por parte de outros estudiosos. Portanto, como no caso da literatura umban-
dista, novamente a razão está diretamente ligada a fé, afinal esse conhecimento só
terá validade se o interlocutor assim o crer.
Talvez, à primeira vista, esse paradoxo entre a fé e a razão confunda-se com uma
ideologia de uma fé cega, mas é justamente o oposto. Segundo Ligério (2013) a
Umbanda é uma religião verdadeiramente ecumênica e ao mesmo tempo uni-
versalista, ela se distingue de tantas outras porque, consegue acompanhar as
transformações da sociedade enquanto traça um caminho evolutivo.

A CASA DE MÃE IEMANJÁ


Segundo Daniel Atalla em seu vídeo Os Orixás e seus poderes: hoje na África mal se
fala de orixás, pois os orixás estão relacionados ao nome das famílias e/ou a uma
região geográfica de convívio, por exemplo: tribos que se firmaram ao redor do rio
Oxum e que por consequência cultuavam justamente esta orixá.
Por ser algo regional (tribal) e familiar o Orixá nesse contexto, era um protetor individu-
al de cada pequeno grupo e não uma divindade universal, por isso, é fácil compreen-
der que inicialmente eram centenas de orixás e que nem todos migraram cultural-
mente para o Brasil.
Exemplificando, uma família que morasse em Oyó, numa determinada pedreira cha-
mada Xangô certamente seria conhecida como “Fulana de Xangô”.
Neste contexto, se você pensar que o fato de começarmos a compreender que histori-
camente todos abandonamos as verdadeiras bases africanas e adotamos apenas
uma matriz, mas não uma cópia do culto africano, discussões profundas entre Um-
banda e Candomblé perdem a razão de sua existência.
A ideia de carregar como parte do nome próprio um referência geográfica revela a
importância da geografia local. Hábito esse presente também na cultura ocidental,
que batizava os negros recém chegados com nomes católicos acompanhados de seu
local de origem, por exemplo, Maria Cambinda.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 25


que a gente toca lá em casa

No que tange a Umbanda, o nome próprio acompanhado de um referência geográfi-


ca também é presente na linha dos preto-velhos, espíritos que simbolizam justamente
a persona dos negros, trazidos escravos, protadores de toda a cultura que deu origem
aos rituais e crenças de matriz africana, são bons exemplos dessa tradição de nomes
como: Pai Benedito de Angola, Pai Joaquim de Aruanda, Rei do Congo da Guiné. Vovó
Cambinda e outros tanto mais.

No Brasil os Orixás já chegaram sendo ressignificados, perderam o seu papel de “pa-


droeiro familiar ou local” e ascenderam ao nível de divindades, capazes de atuar sobre
a vida de qualquer encarnado.
No que tange a Umbanda essa ascensão se tornou maior ainda, pois enquanto o Can-
domblé de forma geral acredita que os Orixás ao menos encarnaram para depois
encantar, a Umbanda acredita que se trataram de emanações divinas do próprio
Deus, ou Energia Criadora.
Indiferente se na visão da Umbanda ou do Candomblé, os Orixás passaram a ser vistos
como “signos”, ou seja, se estabeleceu uma forte ligação com a personalidade do indi-
víduo e a presença do Orixá que está regendo a sua vida.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 26


que a gente toca lá em casa

É a partir desta mudança que eu começo a compor a ritualística de diversos Orixás


num único ambiente, de diversos eleguns (cavalo de Orixá) dentro de uma única famí-
lia e/ou corrente mediúnica, de qualidades de Orixás.
Por se tratar de um ser divino, também é importante salientar que ninguém é capaz
de receber a própria ventania, ou toda a força do mar, por exemplo. O que acessamos
é a nossa própria essência, por isso não incorporamos nosso Orixá, entramos num
transe e durante esse processo nossa essência se expande de tal forma que toma as
capacidades cognitivas do nosso corpo, nos fazendo reproduzir determinados com-
portante que energeticamente se alinham as posturas e danças do Orixá que rege a
nossa cabeça.
Esse processo é individual e não pode ser desperto de forma proposital, é preciso que
o médium esteja preparado, profundamente conhecedor de suas verdades e em equi-
líbrio com a sua essência, caso contrário, poderá ser bastante desgastante e traumáti-
co esse processo de transe.
Dentro da Casa de Mãe Iemanjá cultua-se os orixás que compõe o panteão africano,
sua mitologia e origens.

Exu
Dia da semana: segunda-feira
Saudação: Êxù mo djúbà

Ogum
Dia da semana: terça-feira
Saudação: Ôgún iê

Oxóssi
Dia da semana: quinta-feira
Saudação: Ódé ôkê àró!

Xangô
Dia da semana: quarta-feira
Saudação: Ká uô kábíiêssí lé

Iansã
Dia da semana: quarta-feira
Saudação: Êkpa réii! Òia

Oxum
Dia da semana: sábado
Saudação: Óra iêié ô

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 27


que a gente toca lá em casa

Obá
Dia da semana: quarta-feira
Saudação: Obà Siré!

Logum edé
Dia da semana: quinta-feira
Saudação: Lóci, lóci, Logum! Logun ô akofá!!!

Nanã
Dia da semana: terça-feira
Saudação: Salubá!

Obaluaê / Omolu
Dia da semana: segunda-feira
Saudação: Atóto o! o!

Ossaim
Dia da semana: terça-feira (ou quinta-feira)
Saudação: euê ó!

Oxumaré
Dia da semana: terça-feira
Saudação: àróbô bó ii

Iemanjá
Dia da semana: sábado
Saudação: Omi odô aiaba

Oxalufan
Dia da semana: sexta-feira
Saudação: êkpa bàbá

Oxaguian
Dia da semana: sexta-feira
Saudação: êkpa bàbá

Ibeji
Dia da semana: domingo
Saudação: Beje eró! Oni bejada.

Ewa
Dia da semana: sábado
Saudação: Ri Ro Ewá!

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 28


que a gente toca lá em casa

Iroko
Dia da semana: terça-feira
Saudação: Iroko Issó! Eró!Iroko Kissilé.

Olorun/ Zambi
Segundo Barros (2018) Divindade suprema do povo
iorubá que tem em si o simbolismo do início dos
tempos. É reconhecido na religião como o criador do
Universo e como aquele que deu origem a si próprio.
Seu nome é traduzido como “senhor do espaço celeste
sagrado”. Entendido como o princípio supremo que
promove e garante a existência, a ordem e os valores
morais do ser humano, é o ser infinito e perfeito que
idealizou tudo que está no Universo, seja físico ou abs-
trato.
Olorun é quem dá o bom ou o mau destino às pes-
soas. Mas ele deu a Orumilá o saber e o poder de
ajudar o homem a ratificar, concertar ou remediar
seu destino, sempre de acordo com as determina-
ções de Olorun.

Ifá/ Orumilá
Segundo Barros (2018) Ifá é o guardião e patrono do
oráculo, o porta-voz de Orumilá, quem adivinha e refere
os sistemas adivinhatórios da cultura iorubana. Não é
Orixá, mas sim um intermediário entre os homens e as
divindades, tendo, porém uma posição muito impor-
tante na corte suprema do Orum.
Responsável por qualquer consulta oracular, responde
através de vários elementos, como os búzios, os iquins,
obis, orobês, cebola, quiabo, etc.
Orumilá é uma divindade oriunda da cidade de Ilê
Ifé, também chamado de Orúla, está diretamente
ligado ao destino dos homens. Seu nome pode ser
traduzido como “aquele que chega ao Orum”.
Orumilá tem ligação direta e imediata com
Olorum, o supremo. Somente ele e Exu tem liber-

dade para transitar livremente na presença deste.


Com o passar do tempo percebemos que estes Orixás são apenas parte de todo o
panteão que compõe a Mitologia Yorubana e que através dos Itans tomamos conhe-
cimento de um ou outro que não está nessa lista ou é cultuado na maior parte das
casas de axé.
Justamente pela questão regional característica do culto aos Orixás e sua transmis-
são via oral, existem diversas diferenças entre a forma de cultuar, as histórias e até de
sexo de alguns Orixás, por isso, são eles reconhecidos, porém não cultuados.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 29


que a gente toca lá em casa

Ainda sobre a Casa de Mãe Iemanjá é possível afirmar que suas bases religiosas e sua
prática da Umbanda são:
NÃO SINCRÉTICA
Respeitamos todos os orixás, bem como os santos católicos, mas não o
compreendemos como uma única energia.

ECUMÊNICA
Respeitamos o sagrado e a verdade de qualquer religião, sem imposição de
uma linha de pensamento ou a compreensão da superioridade de uma única
fé.
ESPIRITUALISTA
Cremos numa energia criadora e mantedora (que pode ser definida como
Deus), imortalidade da alma e nas verdades imateriais e divinas.
O espiritualismo é uma expressão normalmente utilizada em oposição ao ma-
terialismo, que engloba os que acreditam tão somente na matéria. É uma cor-
rente filosófica que crê em Deus e na alma, na imortalidade do ser, nos prin-
cípios morais e espirituais. Não se deve, porém, confundir Espiritualismo com
Espiritismo, erro muito comum. Todas as religiões que admitem a existência
de Deus e da alma podem ser chamadas de espiritualistas, assim tanto católi-
cos, quanto protestantes, umbandistas, adeptos do candomblé, judeus, mu-
çulmanos, entre outros, são incluídos nesta categoria. Aliás, mesmo pessoas
que não têm uma religião definida, se acreditam nestes mesmos preceitos
básicos, também são consideradas espiritualistas.
O Espiritualismo, além da rica tradição oriental, tem como pilares também o
legado ocidental, sob inspirações que remontam à Filosofia Grega – os Dai-
mons socráticos, seres divinos que eram como vozes interiores guiando o
homem em sua jornada, e a Metafísica Platônica -, à mensagem do Evangelho
de Jesus, ao desenvolvimento do Cristianismo, ao Neoplatonismo, à herança
dos celtas, que acreditavam na imortalidade da alma, à influência da Mitologia,
às correntes heréticas, principalmente os Cátaros e os Templários, ao Lutera-
nismo, às descobertas de Giordano Bruno, a filósofos como Descartes, Espino-
sa, Kierkegaard, ao Romantismo Alemão, ao Existencialismo, ao nascimento
do Espiritismo e da Física Moderna, à Psicologia Analítica de Jung, à Parapsico-
logia e aos modernos paradigmas que orientam a Humanidade. (INFO
ESCOLA, 2021)
PANENTEÍSTA
Cremos que somos parte de Deus, que ele está em nós e em todos os luga-
res. Sendo assim tantos os benefícios quanto os malefícios que provoca-
mos em nosso corpo ou nas coisas ao nosso redor, irá, invariavelmente se
refletir em nosso espírito.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 30


que a gente toca lá em casa

TRAÇADA
Segundo definições apresentadas a Casa de Mãe Iemanjá pode ser consi-
derada uma Umbanda Traçada, ainda que tenha seus próprios métodos e
doutrinas para a prática que nela se realiza.
Apesar de tais definições a casa não se enquadra especificamente em
nenhuma das escolas citadas anteriormente, pois agrega em si um pouco
de cada uma das verdades contidas em todas elas.
O orientador dos trabalhos executados na Casa de Mãe Iemanjá é o
baiano e patrono da casa Martim Pescador, essa entidade trabalha segun-
do os conhecimentos de sua última vida na carne e ele se descreve como:

Um negro que nasceu no Quilombo no estado da


Bahia. Neto de um português com uma escrava de
etnia banto e de quem herdou o seu sobrenome
“Martins” de seu avô.

Em uma das giras de trabalho o baiano Martim


Pescador conta que para viver o amor impossível
seus avós refugiaram-se no quilombo e que seu avô
sentiu como era ser branco em meio aos negros e
por isso ensinou respeito e moral para seu pai, que
passou isso ao seu filho e assim por diante.

Quando moço, Martim casou-se com uma negra


e se mudou para a área litorânea da Bahia, onde
teve uma filha e trabalhava como pescador. Sua
religião na época era o culto a Mãe d’ Água e os
conhecimentos herdados de sua avó.

Segundo relata Martim Pescados, toda a família


era praticante do culto a Mãe d’água e parte da
prática realizada alguns fundamentos ainda
hoje contemplados no terreiro. Nesse culto,
que tinha como principal divindade a sereia do
mar, ou a tão conhecida Iemanjá, existe o reco-
nhecimento das forças da natureza como
fonte de poder divino.

Anos depois houve um acidente no qual a filha


de Martins morreu afogada e posterior a isso,
não suportando a dor o baiano se mudou sozi-
nho para o estado do Maranhão. Lá conheceu o
culto de Mina-Jejê, os segredos da encantaria e
uma casa que ele descreve como um recanto

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 31


que a gente toca lá em casa

azul com cara de Iemanjá.

Atuou como membro desta doutrina, tornou-se babalorixá e líder de sua comunidade ribeirinha e
então desencarnou aos 83 anos de idade.

Nesse momento optou por trabalhar na linha de Umbanda inicialmente como marinheiro e poste-
riormente como baiano.

Hoje essa entidade ainda brinca, que é muito sortudo, pois é velho e preto como a linha dos pretos-
-velhos, baiano de nascença e pescador; sendo assim pode trabalhar na linha que bem desejar.
Compreendido as principais características da Casa de Mãe Iemanjá, cabe neste
ponto reconhecer aquilo que já pode ser definido como base para a sua atuação
dentro da Umbanda.

UMBANDA QUE A GENTE


TOCA LÁ EM CASA
NOME DA DOUTRINA
Não há outros nomes e nem se busca uma definição, considerando que é
um processo em constante evolução e aprimoramento e que não visa repar-
tir ainda mais a prática da Umbanda, mas sim, multiplicar conhecimentos
através da união das diversas crenças e sabedorias agregadas pela espiritua-
lidade presente no terreiro e religiosidade como um todo.

ORIGEM
Grande parte dos ensinamentos pregados hoje pela Casa de Mãe Iemanjá
surgiram durante o desenvolvimento mediúnico da Ya Tati d’ Iemanjá (diri-
gente e fundadora da Casa de Mãe Iemanjá), através das palavras do Baiano
Zé Dos Cocos.
A partir de 2018, com a fundação da Casa de Mãe Iemanjá, tais conhecimen-
tos passam a adquirir uma nova perspectiva e através do direcionamento do
Baiano Martim Pescador e assumem um papel orientador dentro das ativi-
dades realizadas neste terreiro.

ORIXÁS
Entende-se por Orixás as manifestações energéticas provenientes da ener-
gia geradora e mantedora (Deus, Olorum, Zambi) que atuam presentemen-
te na Terra através das forças da natureza.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 32


que a gente toca lá em casa

Não há um sincretismo atuante, porém acredita-se que toda religião busca


uma divindade para a atuação da sua fé e que essa crença torna divino
aquilo e sagrado toda e qualquer manifestação.
É possível reconhecer a mesma energia dividida com nomes diferentes,
porém um não se sobrepõe ao outro no quesito de existência, mas coexis-
tem no sentido da crença e da etnia envolvida nesse processo.

ORIXÁS DOMÍNIO CATOLICISMO MITOLOGIA GREGA MITOLOGIA EGÍPCIA

Nanã vida - morte - saúde Santa Ana Gaia Nut

Omolú vida - morte - doença São Roque Hades Osíris

Oxumarê riqueza - ciclos - movimento São Bartolomeu Hélios Hélios

Oxalá vida - morte - criação - fé Jesus Cristo Hércules Hércules

Exú sexo - magia - transformação Santo Antônio Hermes Toth

Ogun guerra - progresso - metalurgia São Jorge Ares Hórus

Oxóssi caça - agricultura - fartura São Sebastião Ártemis Neith

Yemanjá inteligência - mental - maternidade Nossa Sra. dos Navegantes Hera/ Poseidon Tueris / Ísis

Iansã morte - tempestade - raio Santa Bárbara Héstia Sekhmet

Oxum fecundidade - amor - riqueza Nossa. Sra. Aparecida Deméter / Afrodite Hathor / Bastet

Obá amor - sucesso profisisonal Joana D’ arc Atena Amonet / Neith

Ewá vidência - criatividade - beleza Santa Luzia Circe Shait

Xangô justiça - fogo São Gerônimo Hefesto Ptah

Logun Edé riqueza - fartura - beleza São Miguel Arcanjo Apolo Atón

Ossain medicina São Benedito Esculápio Imotepe

Ibeji nascimento - infância Cosme e Damião Eros Kuespisiquis

Irôko acestralidade São Francisco de Assis Horas Osíris

São cultuados na casa: Exu, Ogum, Logunedé, Xangô, Obaluaiyê/Omolu,


Oxumaré, Ossaim, Oyá/Iansã, Oxum, Iemanjá, Nanã, Yewá, Obá, Ibeji, Irôco,
Oxalá (Oxaguian/ Oxalufan).
Acredita-se na qualidade de santo como um dos fatores que determinam a
personalidade e as características de coroas e comportamentos dos filhos.
Sendo assim, a Mitologia Yorubana é bastante presente nas atuações da
Casa de Mãe Iemanjá.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 33


que a gente toca lá em casa

LINHAS DE TRABALHO
As linhas de trabalho na Umbanda não podem ser determinadas em núme-
ros e regras, pois trata-se de espíritos que trazem consigo personalidade e
diversidade. Ainda assim, são divididas em grupos como: caboclos, boiadei-
ros, baianos, esquerda, malandros, erês, etc.
Cada um dos espíritos que compõe essas linhas trabalham sob a vibração
de um, dois ou mais Orixás, que determinam as características do trabalho
executado por esse espírito.
São linhas de trabalho que atuam na Casa de Mãe Iemanjá:

Baiano
Orixá regente: Oxum
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, mandingas e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos baianos: Zé dos Cocos,
Chico Baiano, Maria do Balaio, Maria Rosa, Maria Bonita, Lampião, Severino,
Zé Baiano, etc.

Marinheiro
Orixá regente: Iemanjá e Oxum
Atuação: limpezas e passes.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos marinheiros: Thiago,
Pedro, Capitão dos Sete Mares, Capitão dos Sete Nós, João do Mar, Martim
Pescador, Crispim, etc.

Boiadeiro
Orixá regente: Iansã e Oxóssi
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, abertura de cami-
nhos e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos
boiadeiros: João do Laço, Zé do Laço, João Boiadeiro, Zé
Mineiro, Boiadeiro da Jurema, etc.

Caboclo
Orixá regente: Oxóssi, Xangô, Ossanhe e Logun
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, cura e quebra de
demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos
caboclos: Pena Branca, Sultão da Mata, Jurema, Mata
Virgem, Cobra Coral, Jacira, etc.

Ibejis
Orixá regente: Ibejis
Atuação: limpezas, passes, cura e equilíbrio.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos
erês: Mariazinha, Joãozinho, Pedrinho, Conchinha, etc.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 34


que a gente toca lá em casa

Preto Velho
Orixá regente: Omolu, Iroko, Oxalá e Nanã
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, mandingas, curas e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos preto-velho: Pai Bene-
dito, Maria das Almas, Maria Conga, Catarina, Cambinda, Pai Miguel, Pai
Thomás, Pai João de Angola, Rei do Congo, etc.

Falangeiros de Ogum
Orixá regente: Ogum
Atuação: limpezas, passes, abertura de caminhos, curas e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos falangeiros de Ogum:
Ogum Iara, Ogum Beira Mar, Ogum de Lei, Ogum Megê, Ogum Rompe
Mato, Ogum Sete Ondas, Ogum Marinho, etc.

Cura
Orixá regente: Oxóssi, Iemanjá, Omolu e Nanã
Atuação: limpezas, cura, equilíbrio e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração de cura: não existe uma
vibração específica para a manifestação nessa linha, sendo assim, os espíritos
que nela atual se modifica de acordo com a necessidade de consulente.

Cigano
Orixá regente: Oxum e Exu
Atuação: limpezas, prosperidade e equilíbrio .
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos ciganos: Rosa dos
Ventos, Sarita, Esmeralda, Pablo, Miguel, Cigano da Estrada, Cigano dos
Caminhos, Rosa do Oriente, Isís, Carmem, Carmencita, etc.

Malandro
Orixá regente: Ogum e Iemanjá
Atuação: limpezas, passes, amor, cura e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos malandros: Zé do
Morro, Zé da Madrugada, Zé Pilintra, Maria Navalha, Rosa da Madrugada,
Rosa da Noite, Morena da Praia, Zé Pretinho, etc.

Magos
Orixá regente: Indeterminado
Atuação: limpezas, equilíbrio e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos magos: Évora, Pandora,
Mago Guardião, Frederiche, etc.

Exu e Pombogira
Orixá regente: Exu
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, amor, prosperidade, abertura de cami-
nhos e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos baianos: Marabô, Sete

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 35


que a gente toca lá em casa

Catacumbas, Sete Encruzilhadas, Exu do Lodo, Exu Caveira, Maria Mulambo,


Maria Padilha, Maria Quitéria, etc.

Exu Mirim e Pombogira Mirim


Orixá regente: Exu
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, amor, prosperidade, abertura de cami-
nhos e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos baianos: Marabô, Sete
Catacumbas, Sete Encruzilhadas, Exu do Lodo, Exu Caveira, Maria Mulambo,
Maria Padilha, Maria Quitéria, etc.

ENTIDADES
Compreende-se que cada entidade trabalha formando ao menos um círculo
protetor e emanador de vibrações para o desenvolvimento do seu trabalho.
Esse círculo é formado por duas ou mais emanações de Orixás e seus princí-
pios divinos. Portanto, podemos dividir essa regência desta forma: a energia
que rege tal linha dentro da casa e duas energias principais da atuação
daquele espírito.
É importante compreender que essa ação direcionada de energia sobre cada
espírito durante o seu trabalho na Umbanda não impede que outras energias
se manifestem através dele quando necessário, por exemplo, linhas traçadas
ou até entidades que atuam com trabalhos muitos diversificados.

OXÓSSI

IEMANJÁ OMOLU

OSSANHE OXALÁ

CABOCLO MATA VIRGEM

CONSULTENTE

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 36


que a gente toca lá em casa

São espíritos que viveram e hoje, após certa evolução (que é única para cada
espírito) atuam na Umbanda através da lei de pemba5, oferecendo aos
adeptos um caminho evolutivo que envolve doação e absorção energética,
cultural e filosófica.
Esses espíritos podem se manifestar através de falangeiros de Orixás ou
também como atuantes de uma das linhas de trabalho na Umbanda (cabo-
clos, boiadeiros, baianos, etc.)
Para isso essas entidades abandonaram seus nomes, características físicas,
sotaques e assim (durante o trabalho) passam a representar um grupo socio-
cultural sob a vibração de uma energia divina.
RITUALÍSTICA
As roupas usadas na Casa de Mãe Iemanjá são específicas para os dias de gira,
alterando de acordo com o evento e o guia ou orixá homenageado. Além
disso, é recomendado o uso de guias feitas de cascalho de cristais (de acordo
com a vibração de cada Orixá representado na guia), imagens, fumo, defuma-
dores, velas, bebidas e pontos riscados nos trabalhos, atabaques, maracás,
agogôs, adjás, pandeiros, etc.
LIVROS DOUTRINÁRIOS
O conhecimento é transmitido principalmente de forma oral, mas todo livro é
bem-vindo e serve como base para a compreensão das diferenças e da evolu-
ção plural da Umbanda. Hoje contamos também com o livro A Umbanda que
a gente toca lá em casa, como uma base teórica para as práticas da Casa de
Mãe Iemanjá.
PONTOS CANTADOS
A Casa de Mãe Iemanjá dispõe de uma vasta lista de pontos autorais que
devem sempre ter preferência durante a gira, já que estes foram trazidos pela
espiritualidade da casa e, portanto, carregam a vibração das entidades que
aqui atuam.
Os pontos cantados devem ter fundamento, sendo cada tipo de ponto canta-
do no momento certo e para a finalidade correta.
Pontos em Yorubá também são bem-vindos durante o Ypadê e para a mani-
festação dos Orixás, desde que acompanhado das traduções e que possa ser
NOTAS:
4. Lei de Pemba: é a grafia Sagrada dos Orixás. Esta grafia são clichês (Yantras), os quais são utilizados pelas entidades e médiuns
magistas (com a presença ou não de espíritos) para acionarem/projetarem no Plano Astral a movimentação de forças sutiís com
um determinado fim. Se for aplicado de forma incorreta, poderá produzir resultados diferentes daqueles esperados.

A pemba, de origem africana, é um instrumento ritualístico de alto significado. É normalmente utilizada para riscar pontos pelas
entidades e pelo médium, visando estabelecer contatos vibratórios com as esferas espirituais. A pemba praticamente é usada
em quase todos os rituais de umbanda. Por carregar o axé, a pemba é saudada como um divino instrumento, dedicando-se até
pontos cantados e reverências específicas.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 37


que a gente toca lá em casa

ensinado a todos. Caso contrário, esse tipo de manifestação perde seu funda-
mento, pois não atingirá a fé dos irmãos ali presentes.
Perante tantos esclarecimentos será preciso uma boa dose de bom-senso para ana-
lisar as informações aqui apresentadas, além do bom e velho caderno e caneta para
anotar todas as dúvidas que certamente surgirão e creia, elas são importantes, pois
são nos questionamentos que os Guias podem mostrar o caminho e assim direcio-
nar as ações dos membros da Casa de Mãe Iemanjá de forma harmônica com a
linha de atuação da casa.
Portanto, para finalizar esse capítulo, abaixo apresentaremos as Sete Linhas de Um-
banda segundo os ensinamentos do Baiano Zé dos Cocos.

SETE LINHAS DA UMBANDA


NA CASA DE MÃE IEMANJÁ
Dentro da Umbanda existem diversos conceitos que abordam em sua descrição a
palavra linha e talvez seja por isso que é tão confusa a sua definição e composição
quanto grupo. De qualquer forma, nenhum tema é tão complexo quanto as sete
linhas da Umbanda.
Um fato sobre as sete linhas é que indiferente da Escola de Umbanda abordada ou
do tempo em que ela é descrita, seu número não muda, ele sempre permanece
sete, sendo apenas alterada a percepção dessas forças no mundo, ou, a forma como
é disposta a divisão das divindades que fazem parte dela.
A primeira grande definição sobre este tema é que quando falamos de Sete Linhas
de Umbanda nos referimos as sete faixas de poder, ou linhas vibratórias, emanados
por Olorum, “filtradas por Oxalá” (o verbo, o princípio da ação) e então distribuídas
pelo plano terreno, para que se tornem ação na matéria através da energia (poder/vi-
bração) do Orixá Exu.
Por se tratar de uma emanação de Olorum, as forças que chamamos de sete linhas
não atuam apenas sob os homens, mas sim sob tudo o que foi criado e existe nesse
planeta, ou seja, se existe a força de Oxum nas cachoeiras, ela parte dessa estrutura
vibracional que ressoa em equilíbrio sobre tudo e todos.
Desta forma, podemos concluir que a chama divina que nos torna seres espirituais é
fruto da emanação de Olorum, que passa pelas Sete Linhas de Umbanda e ressoa
em nosso ser, nos tornando divinos perante o universo, e fazendo com que essa
energia criadora (Deus) possa ser definido como criador e criatura, em constante
evolução e expansão.
Ainda sobre as irradiações divinas e sua formação energética, é preciso compreen-
der que cada uma das Sete Linhas de Umbanda é composta por infinitas energias

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 36


que a gente toca lá em casa

de polaridade e força parecidas,


que unidas resultam numa O - GESTA
ÇÃ
potência criacional ou estrutural

ÇÃ
A
CRI

O
da vida como a conhecemos, a LACIONA
RE
essa potência, dentro do que pra- O - MUD

M
ÇÃ

-
AMOR

EN
ticamos na Casa de Mãe Iemanjá U

AN
L

TO
EVO
denominados como: criação,

ÇA
amor, saúde, ordem, prosperida-
de, harmonia e evolução. Entre-
tanto, cada um, dentro da sua VITALID
E-
D
compreensão de fé, pode dar o

AD
SAÚ
- EQU
NIA IL

E
nome que fará mais sentido para O
HARM

ÍB
a sua crença, desde que, compre-

RIO
enda e respeite a força que reina
dentro dessa faixa vibratória.
E - CRE - DIRE
Sendo assim, abandonemos as AD S EM T
D D

RI
PRO PERI

CI

OR
discussões, passou do tempo de

Z
MENTO
definições absolutas, a plurarida-
S

de faz parte da humanidade e a


espiritualidade é para todos e não
apenas para a nossa verdade.
Isso pode até parecer complicado, mas acontece de forma tão rápida e automática
que simplesmente vivenciamos isso sem perceber, assim como o fato de respirar-
mos a todos os momentos.
Olorum (Deus / Zambi), ou como prefiro chamar, a energia criadora, é detentor de
tudo e todos dentro de sua essência, essa força habita em si e em toda a sua criação
e por isso está acima de qualquer energia que possa ser definida.
Partindo desse Ser Supremo existem quatro Divindades Maiores que harmonizam
e equilibram a vida no planeta, sendo elas:

Iroko: Divindade que trabalha sob a irradiação da comunicação,


tendo por domínio a ancestralidade. Segundo o site O Candomblé
(2021) Iroko é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore
plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra.
Iroko é a própria representação da dimensão Tempo.

Ifá/ Orumilá: Energia que compõe e trabalha sob a irradiação do


destino. Segundo o site O Candomblé (2021) embora a Divinação
Sagrada de Ifá não fosse o único sistema divinatório praticado em
África, ela era de longe a mais completa e confiável, tendo sido
fonte e modelo para vários outros “jogos de adivinhação” .

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 37


que a gente toca lá em casa

Oxalá: Divindade que se divide em duas formas: sua versão mais


nova: Oxaguian (o princípio da ação) e a sua versão mais velha:
Oxalufan (a palavra). Essas duas divindades atuam na irradiação da
fé em suas duas concepções (espera e impulso). Segundo o site O
Candomblé (2021) Oxalá é o detentor do poder procriador masculi-
no. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento
fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a pro-
toforma e a formação de todo o tipo de criaturas no Aiye e no Orun.

Exú: Divindade que reúne em si tudo e todos, Exú é a palavra e ação


em pleno equilíbrio e atua num único tempo. Por isso Exu atua sob
a irradiação do equilíbrio. Segundo o site O Candomblé (2021) Exu é
a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos
orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do
universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se
transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o
ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia a dia.

A atuação das sete linhas de Umbanda busca a harmonização e o equilíbrio entre


a essência de todos os seres encarnados e desencarnados, bem como o equilíbrio
entre a existência humana e a vida e ecossistemas que compõe este planeta.
Portanto, através de diversos estudos e da orientação espiritual podemos definir
que todas as divindades são compostas de dois pontos fundamentais para a sua
atuação, sendo eles:

Verbo: é uma palavra com origem no termo em Latim "verbum",


que significa "palavra". Na Gramática da Língua Portuguesa, desig-
na a classe de palavras que indicam ação, uma situação ou mudan-
ça de estado. (SIGNIFICADOS, 2021).
O verbo é a atuação passiva das divindades sobre qualquer circunstância ou indi-
víduo. Essa ação pode ser compreendida como o princípio, a ordem inicial compos-
ta da energia direcionada para que a atividade ocorra.

Ação: Resultado do fato de agir; tudo aquilo que se faz; manifesta-


ção de uma força agente (SIGNIFICADOS, 2021).
A ação é o resultado do verbo, gerando simultaneamente um novo verbo e uma
nova ação e assim movimentando os círculos da vida.
Nenhum conhecimento pode ser perdido e nenhuma ação se encerra. Esse con-
ceito é o multiplicador constante que mantém o equilíbrio e harmonia também
conhecida como causa e consequência.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 38


que a gente toca lá em casa

Causa e consequência: é um relacionamento entre eventos ou


coisas, onde um é o resultado do outro ou de outros. Esta é uma
combinação de ação e reação.

Um relacionamento causa-efeito é um relacionamento no qual um


evento (a causa) faz com que outro evento aconteça (o efeito). Uma
causa pode ter vários efeitos. (BRAINLY,

Seguindo com a nossa explicação, abaixo do Ser Supremo (Olorum/ Zambi/ Deus)
temos uma força que movimenta tudo o que conhecemos no mundo, essa força é
a fé e o Orixá que contém essa energia em si é Oxalá.
Oxalá por sua vez divide-se em duas extremidades da mesma energia:

Oxaguian: a fé em movimento, a força da juventude e a estratégia


do bom guerreiro. Essa fé mais dinâmica pode ser traduzida como
determinação, a certeza de que a vitória é possível.

Oxalufan: a fé através da sabedoria, o silêncio, o conhecimento. Tra-


ta-se de uma fé mais tranquila, cultivada pelas águas da experiên-
cia e da observação.

O branco e o cristal são associados a essa vibração, pois se a fé não for cristalina,
facilmente será corrompida. E por ser a origem de todas as ações dentro da religio-
sidade, não há vibração ou fator divino que não passe pela fé.
Nesse momento essa energia se torna o prisma e dela partem sete energias
primordiais que juntas, serão associadas aos Orixás cultuados nas práticas religio-
sas da Casa de Mãe Iemanjá.
A partir de então, chegamos num ponto no qual é mais fé do que razão. Temos
uma noção de quais seriam as vibrações que compõe cada uma das linhas de
acordo com os Orixás e suas vibrações, suas características e atuações nos traba-
lhos realizados na casa, mas não há certeza, apenas fé (confiança).

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 39


que a gente toca lá em casa

E quando perguntado ao Baiano Zé dos Cocos, ele respondeu que sabemos o sufi-
ciente para não errar e o necessário para não impor às divindades nossas vonta-
des e verdades e que assim deveria ser.
Os Orixás atuariam em duplas dentro dessas vibrações ou fatores divinos, sendo
cada um deles o verbo e a ação (causa e consequência) para cada atuação. Bem
diferente do bem e do mal, essas atuações se completariam como a noite e o dia, o
som e o silêncio. Ou seja, não haveria ação, se não houvesse tal equilíbrio.
Então a fé é o primeiro movimento, que vibrará o verbo de uma irradiação divina,
passando assim pela atuação de um Orixá e então passar por um segundo Orixá
tornando este verbo em uma ação concreta. Ao findar esse círculo, verbo e ação
se projetam no plano material gerando um movimento real.
Essa teoria seria a base para qualquer ação no universo. A esse movimento diversas
vezes chamamos de destino, pois podemos concluir que é através da crença mani-
festada que surge uma comunicação entre os planos astrais e materiais, promo-
vendo uma façanha equilibrada entre verbo e ação e que será entendida, e por
mutias vezes de fato é, como inevitável e por isso definida como destino.
Nessa definição de Sete Linhas da Umbanda, Iroko é a ação, a árvore sagrada, a
própria vida que proporciona a comunicação entre os dois mundos (Ayê (terra)
Orum (reino dos Orixás)) e, portanto, sustenta todos os elos dessa corrente que se
reflete em Ifá, o verbo, nosso destino. Ou seja, Ifá projeta, segundo nossa conduta
moral o bom ou mal destino e Iroko age, completando o ciclo e “direcionando” a
aplicação das Sete LInhas de Umbanda de acordo com o equilíbrio promovido à
partir do prisma da ação e consequência.

Por sermos seres individualiza-


dos e termos necessidades dife-
rentes, a atuação dessas vibra-
ções divinas e a posição dos
Orixás dentro delas é única e
relativa a nossa vivência, sendo
assim podemos concluir duas
formações para as Sete Linhas
de Umbanda, sendo a primeira
genérica e baseada no campo
de maior identificação do Orixá,
ou seja, sua atuação mais geral.
E a segunda, formada de acordo
com a necessidade de equilíbrio
para cada ação x consequência.
ENTENDENDO

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 40


que a gente toca lá em casa

MELHOR

IFÁ IROKO

ENERGIA CRIADORA
OLORUM / ZAMBI

A FÉ EM SUA CONCEPÇÃO MAIS PURA


OXAGUIAN (ESTRATÉGIA) E OXALUFÃ (SABEDORIA)- ENERGIA CRISTALINA E PRISMADORA.

VERBO
ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS
AMIZADE - DESEJO - RELACIONAMENTO - DEVOÇÃO
GERAÇÃO - INVENÇÃO - TRABALHO - FEITURA

MUDANÇA - APERFEIÇOAMENTO - AUMENTO


IEMANJÁ OXUM OMOLU XANGÔ OXÓSSI OBÁ EWA

EQUILÍBRIO - CONCILIAÇÃO - ACORDO


SUCESSO - CRESCIMENTO - MELHORA
ENERGIA - VITALIDADE - BEM-ESTAR

JUSTIÇA - DIRETRIZ - LEI - LÓGICA

COMUNICAÇÃO
PROSPERIDADE

HARMONIA

EVOLUÇÃO
DESTINO

CRIAÇÃO

ORDEM
SAÚDE
AMOR

NANÃ IANSÃ OSSAIM OGUM OXUMARÉ IBEJIS LOGUN

ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS

AÇÃO

A TOTALIDADE E A AÇÃO EM SUA CONCEPÇÃO MAIS PURA


EXÚ - ENERGIA PRETA E EXPANSORA

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 41


que a gente toca lá em casa

Olorum, a energia criadora, ocupa um lugar superior dentro das Sete Linhas da
Umbanda, sendo este o único ser capaz de criar e habitar em tudo o que ele criou,
portanto Olorum dentro da Umbanda é compreendido como um Orixá diferente
de todos os outros, sendo este sim cultuado como um Deus e, por sua posição de
criador, é dele que parte todo o axé.
Segundo a Umbanda que a gente toca lá em casa, para a sua atuação sob o plane-
ta Terra, Olurum criou uma série de divindades que vibrariam tipos de axés espe-
cíficos, carregados de um determinado elemento indispensável para vida, dentro
da Umbanda, são estes seres os Orixás.
Quanto estudiosos e umbandistas é compreensível a necessidade de racionalizar
aquilo que não pode ser determinado, pois sua verdadeira natureza ainda se
encontra desconhecida aos olhos humanos, sendo assim, buscando uma melhor
compreensão sobre a atuação dos Orixás na Umbanda que a gente toca lá em
casa, suas diferenças e modo de atuação dentro das nossas vidas, racionalmente
(porém alicerçados aos conhecimentos fornecidos pela espiritualidade) para a
formação das Sete Linhas de Umbanda da Casa de Mãe Iemanjá, dividimos as
divindades por Olorum criadas em dois grupos principais de Orixás: as divindades
maiores (Iroko, Ifá/Orumilá, Oxalá (Oxaguian e Oxalufan) e Exu) e as divindades me-
nores (Iemanjá, Nanã Buruke, Oxum, Iansã, Ossain, Omolu, Xangô, Ogum, Oxóssi,
Oxumaré, Obá, Ibejis, Logun e Ewa).
As quatro divindades maiores são vibrações originais que através de seu equilíbrio
proporcionam toda a vida no planeta Terra. Sem elas não haveria: axé, destino, fé ou
movimento. Tente imaginar a sua vida sem qualquer uma dessas coisas? Impossí-
vel! Sendo assim, esses Orixás são a causa e consequência em perfeito equilíbrio
para que as divindades menores possam atuar.
Sendo assim é correto afirmar que:

Ifá/Orumilá é o verbo: por ser o destino é nele que habita todas as


indicações de ações para que a vida se cumpra. Sem destino o
homem não tem caminhos, não tem propósito. De acordo com o
educador, escritor e filósofo, Mário Sérgio Cortella: “viver com pro-
pósito possui a perfeita compreensão das razões pelas quais faço e
não faço algo.”

Iroko é a ação: como ser religioso compreendemos que todas as


nossas ações são observadas e por vezes influenciadas pelo sobre-
natural, sendo assim, a nossa ação só estará equilibrada se a comu-
nicação com o divino for possível. Portanto, nosso verbo original,
nosso propósito tem por ação primordial ativar (movimentar) o
nosso ser divino, a nossa fé.

Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico 41


que a gente toca lá em casa

Oxalá é o verbo: divido entre a sabedoria e a ação a vibração de


Oxalá é a própria fé, ou seja, é o verbo (a ordem) que se ativa
quando Iroko realiza a sua ação e nos faz tocar o sobrenatural.
Segundo o site Freesider (2021) a Fé e a Esperança fazem você ser
invadido por onda de confiança em si mesmo, no mínimo, ou em
alguma força não explicada. Isso impulsiona você a buscar prospe-
ridade e sucesso, além de alimentar sua inteligência emocional e
sua força de vontade. Essa confiança é justamente o que torna a
ação finalmente possível, ou seja, sem fé não há movimento (Exu).

Exu é a ação: toda ação é uma transformação, ela nasce do movi-


mento daquilo que está estagnado para algo que ainda não existe
na realidade, mas que já foi projetado através do verbo (fé). Exu é a
ação original, ou seja, ele movimenta não apenas o que ocorre, mas
como irá ocorrer. Isso está ligado aos impulsos, a personalidade a
interpretação de cada situação.

Apesar da explicação longa, a aplicação desse conceito da vida é algo mecânico,


rápido e quase imperceptível. Ocorre de forma tão fluída que não requer grande
compreensão, apenas a existência.
Após passar pelas Divindades Superiores a ação ocorre e simultaneamente esse
feito já surge com a influência da vibração (axé) de todas as divindades inferiores
sobre a atuação (causa e consequência) de tal conduta.

42
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa

SETE LINHAS DE UMBANDA NA PRÁTICA


Supondo que uma mulher desejasse muito um filho e que não tivesse facilidade
em engravidar. Então ela pede a Oxum que lhe conceda essa graça e a criança que
ela carrega no ventre vem sob a irradiação de Ogum, como será a atuação das Sete
Linhas da Umbanda sob essa circunstância?

ERBO E
-V
Á

M
L


OXA

ÃO
UM IEM
OG AN

O - GESTA LACIONA
ÇÃ RE

M
-
ÇÃ
A

AMOR

EN
CRI

TO

UM IBE
OX JI

OBA
O - MUD VITALID
ÇÃ E-
D
OSSAIN

LUAÊ
AD
AN

SAÚ
L
EVO

E
ÇA

É
OXUMAR

NAN

IROKO
Ã

IFÁ
VERBO AÇÃO
I
SS

OB

- EQU - DIRE
Á

NIA IL EM T
O
O D
RI
HARM

ÍB

OR

LOGUN
Z
RIO

E - CRE
AD S
X

D
A
A

PRO PERI

CI

NG
EW

MENTO

Ô
S

IANSÃ
ÃO

EX

VE
RBO EM

43
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa

Para melhor compreensão sobre como as Sete Linhas de Umbanda atuam e como
cada Orixá pode ocupar uma vibração, ainda que não seja a sua maior emanação,
conforme necessidade do momento ou indivíduo, segue a leitura da distribuição
usada no exemplo anterior.

Orixá Vibração Posição Modo de atuação

Ogum Criação - Gestação Verbo (passivo) Irradiação sobre o nascimento

Oxum Criação - Gestação Ação (ativo) Geração da vida

Iemanjá Amor - Relacionamento Verbo (passivo) Amor materno

Ibeji Amor-Relacionamento Ação (ativo) Amor em expansão

Obaluaê Saúde - Vitalidade Verbo (passivo) Nascimento - Cuidados do parto

Nanã Saúde - Vitalidade Ação (ativo) Transformação - Início da vida

Xangô Ordem - Diretriz Verbo (passivo) Merecimento da graça

Obá Ordem - Diretriz Ação (ativo) Formação do masculino e feminino (personalidade)

Iansã Prosperidade - Crescimento Verbo (passivo) Força e movimento

Logun Prosperidade - Crescimento Ação (ativo) Brincadeiras apoiadas na jovialidade e descoberta

Ewa Harmonia - Equilíbrio Verbo (passivo) Reconhecimento de oportunidades

Oxóssi Harmonia - Equilíbrio Ação (ativo) Aquirir conhecimento com a vivência

Ossaim Evolução - Mudança Verbo (passivo) Intuição gerada pelo conhecimento

Oxumaré Evolução - Mudança Ação (ativo) Inquietação que gera transformação

44
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa

A partir do exemplo citado, conseguimos concluir que as Setes Linhas de Umban-


da estão íintimamente ligadas aos Orixás, mas também o correto afirmar que:

A força que compõe uma determinada Linha de Umbanda não se resume à


um único Orixá, nem mesmo a uma única manifestação divina.
As irradiações divinas podem ser parte dos dogmas e símbolos sagrados de
diversas religiões, sofrendo, segundo a fé de cada uma delas, uma releitura
da força que compõe essa faixa vibracional.
Por se tratar de uma emanação divina não é possível a incorporação de um
Orixá, sempre que utilizarmos o conceito de incorporação, estamos falando
de espíritos que viveram em terra, ou seja, falangeiros.
Por ser Olorum criador e criatura, ser onipresente, capaz de dividir-se em
forças sagradas que habitam em tudo o que existe na Terra (homens, ani-
mais, objetivos, plantas, etc) e ainda assim estar pleno sob sua criação. Tor-
na-se possível ativar e acessar o sagrado que habita em cada criação (obje-
to) ou criatura (ser vivo), por isso, Ogum habita no ferro, estradas, cães e
homens e assim se repetirá ao analisarmos cada orixá com seu campo de
força.
Quando falamos de manifestação de Orixá, falamos de transe, pois trata-se
de uma energia adormecia que ainda em estado latente gera grande influ-
ência sobre nossa vida e forma personalidade. Porém, quando desperta,
toma parte de nossa consciência e se manifesta através da consciência
ancestral, provocando assim um transe mediúnico.
A existência de Sete Linhas da Umbanda não limita o número de Orixás que
irão atuar nela, mas sim as forçar primárias que estas irradiações emanam
sobre o planeta Terra.

45
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa

Bibliografia

ASSUNÇÃO, L. (org.). Da minha folha: múltiplos olhares sobre as Religiões Afro-brasileiras: 1ª ed. São Paulo.
Editora Arché, 2012.
ANGELI, B.. Umbanda em Casa: prática umbandista familiar. 1ªEd. Rio de Janeiro: Fundamentos de Axé, 2019.
BARROS, M.. O Candomblé em explicado: nações bantu, iorubá e fon. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Pallas, 2018.
BROWN, D.. Uma História da Umbanda no Rio: Umbanda e Política: 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero,
1985.
CUMINO, A.. A Umbanda e o umbandaista: quem é e o que é? 3ªEd. São Paulo: Madras, 2017.
CUMINO, A.. Umbanda e o sentido da vida: mediunidade de incorporação como produtor de sentido para a
vida na Umbanda. 1ª Ed. São Paulo: Madras, 2018.
FARELLI, M.H.. Plantas que curam e cortam feitiços. 7ª Ed. Rio e Janeiro: Pallas, 2015
LIGÉRIO, Z. Iniciação a Umbanda, 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Pallas, 2013.
NEGRÃO, L. Entre a Cruz e a Encruzilhada: 1ª ed. São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 1996
MARTINS, G.. Umbanda de Almas e Angola: ritos, magia e africanidade. 1ª Ed. São Paulo: Icone, 2011
PEIXOTO, N.. Iniciando na Umbanda: a psicologia dos orixás e dos cristais. 2ª Ed. Porto Alegre: Legião Publica-
ções, 2017.
PENTEADO, F.. Povo de Aruanda: manual de orixás e guias espirituais. 1ª Ed. São Paulo: Nova Senda, 2016.
PINHEIRO, R.. Medicina da Alma. 2ª Ed. Minas Gerais: Casa dos Espíritos, 2007.
QUEIROZ, R.. O poder da Umbanda: transformação do terreiro para a vida. 1ª Ed. São Paulo: Madras, 2019.
DA SILVA, V. G. Candomblé e Umbanda: caminhos da devoção brasileira: 1ª Ed. São Paulo: Editora Ática, 1994.
SARACENI, R.. Umbanda Sagrada: religião, ciência. magia e mistérios. 8ª Ed. São Paulo. Madras, 2019.
TEIXEIRA, F. e MENEZES, R. As religiões no Brasil: continuidades e rupturas. 2ª ed. São Paulo: Vozes, 2011.
WEBSITES
Conceitos.com. Panenteísmo. Disponível em: https://conceitos.com/panenteismo/. Acesso em: 18 jan 2021.
Conceitos.com. Panteísmo. Disponível em: https://conceito.de/panteismo. Acesso 10 set 2021
Brainly. Qual a diferneça entre causa e consequêcnia? Disponível em: https://brainly.com.br/tare-
fa/4820359#:~:text=Verifica-
do%20por%20especialistas,-4.6%2F5&text=Causa%20e%20consequ%C3%AAncia%20%C3%A9% 20um,even-
to%20aconte%C3%A7a%20(o%20efeito). Acesso 27 jan 2021.
Freesider. Fé e Esperança: dois excelentes instrumentos de aucesso. Disponivel e:https://freesider.com.br/-
qualidade-de-vida/fe-e-esperanca-instrumentos-de-sucesso/. Acesso 28 fev 2022.
InfoEscola. Espiritualismo. Disponível em: https://www.infoescola.com/religiao/espiritualismo/. Acesso em: 21
jna 2021
InfoEscola. Panteísmo. Disponível em: https://www.infoescola.com/religiao/panteismo/. Acesso em: 18 jan
2021.
Info Escola. Eurocentrismo. Disponível em: https://www.infoescola.com/sociologia/eurocentrismo/. Acesso em:
09 set 2021.
Nube. Qual a importância do propósito na carreira? Disponível em:https://www.nube.com.br/tv-nu-
be/2021/02/04/tv-nube-qual-a-
-importancia-do-proposito-na-carreira#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20educador,encontrar%20um%
20plano%20de%20vida. Acesso em: 28 fev 2022
O Candomblé. Orixás. Disponível em: https://ocandomble.com/. Acesso em: 21 jan 2021
O Candomblé. Iroko. Disponível em: https://ocandomble.com/os-orixas/iroko/. Acesso em: 27 jan 2021
O Candomblé. Ifá. Disponível em: https://ocandomble.com/2011/12/24/o-que-e-ifa/. Acesso em: 27 jan 2021

46
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa

O Candomblé. Oxalá. Disponível em: https://ocandomble.com/os-orixas/oxala/. Acesso em: 27 jan 2021


O Candomblé. Exú. Disponível em: https://ocandomble.com/os-orixas/exu/. Acesso em: 27 jan 2021
Perdido em Pesamentos. As Sete Linhas da Umbanda: Histórico e Evolução. Disponível em: https://perdido.-
co/2018/06/as-7-linhas-de-umbanda-historico-e-evolucao/. Acesso em: 18 jan 2021.
Mundo Educação. O que é Religião?. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/o-que-re-
ligiao.htm. Acesso em: 18 jan 2021.
Papo Cultura. Umbanda Sagrada. https://papocultura.com.br/a-umbanda-sagrada-na-umbanda/ Disponível
em: Acesso: 10 set 2021.
Registros de Umbanda. As Umbandas dentro da Umbanda. Disponível em: https://registrosdeumbanda.wor-
dpress.com/as-umbandas-dentro-da-umbanda/. Acesso em: 21 jna 2021
Significados. Ação. Dispoível em: https://www.significados.com.br/?s=a%C3%A7%C3%A3o. Acesso: 27 jan 2021.
Significados. Transcendencia. Disponível em: https://www.significados.com.br/transcendente/. Acesso 06 de
setembro de 2021.
Toda Matéria. Candomblé. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/candomble/. Acesso 06 set 2021

47
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico

Você também pode gostar