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A UMBANDA E SEUS MISTÉRIOS
3ª edição
I. CAPÍTULO
A UMBANDA, A MACUMBA E A FÉ
O contexto cultural influencia a definição de religião. Nas sociedades
ocidentais, onde se associa a religião à relação com algo transcendente1, ela
é sistema mediador entre o homem e entidades superiores. O Ocidente,
altamente marcado pela cultura judaico-cristã, releva o Deus único, subli-
me e celestial. Nas sociedades orientais, budistas e hinduístas, a transcen-
dência não está presente, mas antes o panteísmo2, um deus em tudo.
Assim, a religião não é ligação a algo superior e transcendente, mas à pró-
pria natureza, a todos os seres vivos. (COUTINHO, 2012)
A religião geralmente é consensual, por comportar padrões de relações
sociais formados em instituições sociais e coletivas interdependentes, pro-
duzidos e reproduzidos com base em estruturas (regras e recursos) próprias
(Scott, 1997: 204). Deste sistema participam crenças, práticas, símbolos,
visões do mundo, valores, coletividades e experiências. A visão do mundo e
os valores, mutuamente intensificados, encontram-se no coração da reli-
gião. As coletividades são componentes inerentes ao sistema e as experiên-
cias são, por vezes, a única forma de o tornar evidente. Embora cada ele-
mento seja descrito separadamente, as visões do mundo podem juntar-se
às crenças, pela sua essência análoga, os símbolos e as experiências podem
fazê-lo em relação às práticas pela mesma razão. (COUTINHO, 2012)
Baseando-se no estudo de caso realizado por GIL, 2016, p. 38, nota-se que as reli-
giões brasileiras têm a diversidade e o pluralismo como uma das principais carac-
terísticas de sua composição étnico cultural. Todavia, isto não modifica o caráter
minoritário que algumas dessas práticas apresentam perante os grandes grupos
religiosos tradicionais.
Através do Censo (IBGE, 2000) foram contabilizadas mais de 140 religiões reco-
nhecidas em território nacional, ainda assim, os brasileiros são basicamente: cató-
licos, evangélicos e sem religiões (exatamente nesta ordem).
NOTAS:
1. Transcendente é um adjetivo que demonstra algo que não é comum, que está além dos limites convencionais ou que é
considerado superior. No estudo da metafísica, transcendente se refere ao divino ou a princípios que estão além da realidade
mais óbvia e questionável. É muito comum que se use o termo transcendente para fazer referência à crenças ou o que é
considerado divino ou ligado a Deus. Nesse caso transcendente está fora do mundo material. Se relaciona com a crença na
existência de um Deus transcendente, como acredita a Gnose.
O transcendente é o que está além do conhecimento concreto e que não se baseia somente em dados e conclusões metódicas.
(SIGNIFICADOS, 2021)
2. Panteísmo é o sistema de crença daqueles que sustentam/defendem que a totalidade do universo é o único Deus. Esta
cosmovisão (visão do mundo) e, simultaneamente, doutrina filosófica afirma que o universo inteiro, a natureza e Deus são o
mesmo.
Cada criatura existente, segundo o panteísmo, é uma manifestação de Deus, que ganha forma humana, animal, vegetal, etc.
Para muitos especialistas, o panteísmo é o nexo que une as religiões não criacionistas, além de aparecer na essência dos politeís-
mos. (CONTEITO.DE, 2021)
NOTAS:
3. Eurocentrismo diz respeito à percepção de que a Europa, sua história e suas questões, são centrais em relação ao resto do
mundo. É a maneira de explicar o mundo a partir da Europa, seja através da história, da cultura ou da economia. Desde o
período da colonização iniciada por Portugal e Espanha, a história do mundo é contada pelos principais marcos europeus.
Como se percebe, a Europa ocupa lugar central justamente pelo poder militar, econômico e político que exerceu e exerce sobre
os países e culturas mais fragilizados. Condição a que muitos foram submetidos graças ao projeto de progresso e modernidade
da Europa. Não é sem motivo o fato de os países subdesenvolvidos estarem localizados ao Hemisfério Sul, o que é explicado em
grande parte pelos anos de exploração e controle por parte dos países europeus. (INFOESCOLA, 2021)
Rodrigo Queiroz
A Umbanda considera que o seu livro sagrado está na natureza, nas matas,
nas cachoeiras, nas montanhas, enfim, mas a realidade é outra. Afirmar que
a Umbanda não tem um livro sagrado implica responder no que ela se
baseia, e hoje, mais de um século depois de seu surgimento, uma das gran-
des problemáticas da religião é que nós, umbandistas, não conseguimos
dialogar. (QUEIROZ, 2019, p.27)
Rubens Saraceni
Umbanda significa: o sacerdócio em si mesmo, na m’banda, no médium
que sabe lidar tanto com os espíritos quanto com a natureza humana. Um-
banda é o portador das qualidades, atributos e atribuições que lhe são con-
feridas pelos Senhores da natureza; os Orixás! (CUMINO, 2017, p. 7)
Alexandre Cumino
A Umbanda está em constante construção, transformação e adaptação. Esse
entendimento é extremamente necessário para uma melhor compreensão da
mesma. Não podemos, no entanto, fugir da unidade-essência já há muito defi-
nida por seu fundador. Desta maneira, em todas as diversas formas de explicá-la
deve ser possível identificar sua essência-uma. Falar de Umbanda é falar da vida
e do ser humano que é em si uno e diverso. (CUMINO, 2017, p. 15 e 16)
Norberto Peixoto
Umbanda se legitima por ser Umbanda. Simples assim. (PEIXOTO, 2017, p. 7)
Não existe Umbanda se não existir amor e caridade, não existe Umbanda se existir medo. O medo
é a primeira coisa que nos faz esquecer do amor. Por medo que vocês se fecharam atrás dessas
portas, sem conseguir olhar as necessidades dos outros. Isso não é errado, mas baiano não pode
dizer que é certo. Assim como tudo na vida é uma balança. [...]
[...] Vocês vão se portar como a família de Santo que são. Família em que todos poderão se ajudar,
porque é isso que transforma essa casa no que ela é. Não é à toa que cada pedaço dessas paredes
está coberto com o axé de um filho (as paredes do local aonde se realizam as giras), sem o axé de
todos não existe terreiro minha filha. [...]
[...] Enquanto existir os elos da corrente ligados, nada, nem mesmo uma doença pode derrubar
esse terreiro. Ou vocês acreditam nisso, ou precisam olhar para dentro e econtrar o que é a fé de
verdade.
Porque a fé não está nas ações fáceis, ela está justamente nas decisões difíceis. Se todo dia você
vier para cá rezar dois pai-nosso e três avê-maria e tudo na sua vida estiver bem, qual o ato de fé
que você tem? Se todo dia de atendimento essa menina estiver lá sentada, sem fazer nada, com o
dinheiro no bolso, descer aqui para falar meia dúzia de palavras bonitas para os outros, desde
quando isso é fé? Isso é responsabilidade, não é fé.
[...] É esse o tempo, junte todos que podem ajudar e vá atrás das soluções. [...] A Umbanda não foi
feita de quem não está pronto para enfrentar seus medos, porque ela é uma religião que não é
fácil de se seguir. E nem foi feita de corações pequenos.
MONOTEÍSTA
Conforme a definição encontrada em Educa Mais Brasil (2021), o termo Mo-
noteísmo etimologicamente tem origem nas palavras gregas mónos =
único, théos = deus. Os monoteístas seguem apenas uma religião e creem
em uma única divindade.
Há quem defenda que o Monoteísmo se origina na narrativa bíblica dos
hebreus e que Abraão tenha sido o seu fundador. No entanto, alguns estu-
diosos apontam que a primeira religião a adotar o Monoteísmo foi zoroas-
trismo, fundada pelo profeta Zoroastro, na antiga Pérsia.
Algumas religiões dessa perspectiva: cristianismo, judaísmo e islamismo.
POLITEÍSTA
A crença em diversos deuses é uma das principais características do polite-
ísmo. As divindades possuem os mesmos sentimentos humanos, sendo
que muitos deles estão ligados à natureza.
PANTEÍSMO
Conforme a definição encontrada em Infoescola (2021), a expressão ‘Pante-
ísmo’ deriva do grego ‘pan’, que tem o sentido de ‘tudo’; e de ‘theos’, que
significa ‘Deus’. Desta forma este termo se traduz aproximadamente por
‘tudo é Deus’. Segundo esta doutrina, Deus está presente em todo o Univer-
so, em cada elemento; ela defende igualmente a existência de várias divin-
dades ligadas aos mais variados componentes da Natureza.
Há vários tipos de Panteísmo, sendo os principais o Cósmico, no qual se
parte da visão da existência perecível, transitória, permeada pela presença
de Deus; o Acósmico, contrário a este, que principia sua compreensão per-
cebendo a dimensão divina, concluindo que ela constitui todo o real; o Hilo-
zoísta, para o qual a divindade é a principal característica do mundo, mo-
vendo sua existência; Imanentista, que prega a integração imanente de
Deus ao Cosmos; o Monista Absolutista, segundo o qual a divindade é ao
mesmo tempo superior ao mundo e semelhante a ele; Monista Relativista,
de acordo com o qual o Universo é concreto e se modifica, enquanto a
divindade se mantém inalterável.
O Panteísmo é uma das diretrizes religiosas vigentes no Ocidente que mais
se identificam ao pensamento filosófico oriental, como o Budista, o Janista,
o Taoísta e o Confucionista. O Panteísmo não explica os eventos aparente-
mente naturais, como a Criação do Universo, o princípio da existência, como
provindos de um Ser Supremo.
PANENTEÍSMO
Conforme a definição encontrada em Conceitos.com (2021) o panenteísmo
é uma abordagem filosófica segundo a qual o universo e tudo o que existe
nele equivale a Deus. O panenteísmo, uma doutrina filosófica proposta pelo
filósofo alemão Christian Friedrich Kraus no século XIX.
A abordagem filosófica do panenteísmo é uma tentativa de conciliar dois
tipos de posturas: o teísmo e o panteísmo.
De acordo com o teísmo há um Deus que cria o mundo e do ponto de vista
do panteísmo não se pode falar de um Deus que cria o mundo.
Estas duas visões são claramente opostas e a princípio inconciliáveis. No
entanto, o panenteísmo apresenta um argumento que permite harmonizar
Judaico: prega a unicidade de deus e não admite que existe outro deus único;
Islâmico: acredita em deus (Alah, em árabe) como o único, inigualável;
Trinitário: presente em parte do cristianismo, esse entendimento defende a existência de
um deus onipotente, onipresente e onisciente, que subsiste no pai, no filho e no espírito
santo;
Deísmo: crê em uma divindade responsável por criar a natureza, um deus impessoal;
Monismo: acredita num deus pessoal;
Panteísmo: entende deus como o universo;
Panenteísmo: vê o universo como pertencente a um deus onipotente e onipresente, que
transcende;
Substancial: sustenta que há uma única forma subjacente de deus e os deuses são formas
dessa única substância.
África
A religião e a cultura local tem uma profunda ligação, não é ao acaso que no Brasil
exista uma variedade tão grande de religiões (ainda que grande parte da população se
limite a reconhecer apenas duas opções). No que tange a Umbanda, existe uma linha
cronológica que nos ajuda a compreender melhor seu advento.
CATÓLICOS
O catolicismo se iniciu o Brasil assim que a primeira caravela
aportou em terras tupiniquins.
Apesar disso, foi em 1549 que a presença da Igreja Católica
começou a se intensificar através das ações coordenadas
1500 d.C. pelos jesuítas através de suas missões de catequese e do
nascimento de cidades como São Paulo.
CANDOMBLECISTAS
O Candomblé é culto de origem africana que estabeleceu-se
no Brasil por volta de 1700 d.C.. Estudiosos o compreendem
como um resumo de várias religiões e culturas trazidas pelos
negros, que ao serem separados de suas tribos, misturaram
suas tradições e rituais religiosos.
1700 d.C.
KARDECISTAS
Em 1860 o educador Casimir Lieutaud, que traduziu para a
língua portuguesa: Os Tempos São Chegados, a primeira
obra espírita impressa no Brasil.
E o jornalista brasileiro Teles de Menezes, que fundou, em
1860 d.C. Salvador, o primeiro centro espírita do Brasil, o Grupo
Familiar do Espiritismo, em 1865.
UMBANDISTAS
Fundada por Zélio Fernandino de Moraes a Umbanda é uma
religião típicamente brasileira e o resultado da união de
diversas características culturais do Brasil.
Sua doutrina é baseada na ressignificação de rituais
1908 d.C. católicos, ameríndios e kardecistas.
Minha filha, o sobrenatural é um mistério que precisa do seu evolutivo para que seja revelado, foi
preciso que primeiro se despissem do preconceito, para que depois pudesse ouvir a minha voz.
Aprenda minha menina, a verdade se torna oculta aos olhos que miram para a fé com medo e por
ainda ter medo, você não foi capaz de entender ou ver tudo o que tentei lhe mostrar, mas tudo bem!
Pois nunca lhe deixei só e continuo aqui, pronto a ensinar o que lhe falta e a relembrar o que esquecer.
Hoje você cresceu, assim como a casa que Iemanjá lhe entregou para cuidar, aprendeu que não
sabe muita coisa e que ainda tem um caminho longo na espiritualidade antes de poder dizer o que
está certo, ou o que está errado e talvez, nunca será capaz de fazer isso.
Nós, mensageiros da Umbanda, damos a vocês o suficiente para que possam crer, a luz para que
possam caminhar, a base para que não caiam no abismo da mentira. Entretanto, dependemos do
crescimento de cada uma de vocês para a mostrar aquilo que irá desafiar as falsas verdades que
vocês acreditam tão ternamente.
Por isso, quanto mais profundo forem os fundamentos, quando mais ensinarem sobre uma nova
visão de fé e de mundo, mais do sobrenatural você estará aprendendo.
A ideia de Sete Linhas da Umbanda é uma das bases da doutrina religiosa dos
umbandistas. Por isso ela é quase tão antiga quanto a própria Umbanda e, com o
decorrer dos anos acabou sofrendo algumas alterações, de acordo com os novos
conhecimentos que a ciência trouxe para a nossa sociedade.
Essa inconstância de ideias transcritas de forma psicografadas por diversos auto-
res, se refletem como um dos principais pontos de divergência entre os mesmos
e os adeptos da religião, gerando uma compreensão equivocada sobre verdades
absolutas ou até mesmo sobre a veracidade dos rituais umbandistas.
Assim como outros fatores relevantes, a visão de sete linhas de cada terreiro indica sua
linha doutrinária e quais os símbolos e valores adotados na casa, pois como em toda
religião, ao fazer parte de um terreiro você está disposto não apenas a seguir aquela fé,
mas também as ideologias e verdades do líder que professa sobre tal crença.
No caso da Umbanda de Almas e Angola (mais comum a região sul do Brasil), segun-
do o autor Martins (2011) era mantida uma hierarquia durante o ritual obedecendo às
sete linhas da Umbanda. Essas linhas determinavam na época os tipos de sessões
realizadas no terreiro. Cada linha eram associadas aos Orixás e Entidades espirituais.
Dentro da UMBANDA QUE A GENTE TOCA, mais se encaixa, de forma geral, a
visão da Umbanda Sagrada4 sobre as sete linhas, porém apenas o conceito geral
e não a distribuição dos Orixás.
As Sete Linhas de Umbanda, do nosso ponto de vista, são sete irradiações de
Deus, sete formas pelas quais ele se manifesta na Umbanda. Essas sete formas,
como vimos, são equiparadas aos sete sentidos da vida. (AGELO, 2019, p. 55)
Além das Sete Linhas de Umbanda, também existem as linhas de trabalho que
surgem a partir dessas vibrações. Mas uma coisa não interfere na outra. São agru-
pamentos de espíritos que atuam sobre a vibração de uma determinada energia
ou até a união de determinadas energias.
Na Umbanda, as linhas ou forças que atuam à direita são compostas de
entidades, espíritos de luz, que atuam em nossa vida valendo-se da raciona-
lidade. Por isso, sua atuação tende sempre a explicações e ensinamentos
que nos remetem ao pensamento lógico. Já as linhas ou forças de esquerda
são compostas de entidades, espíritos de luz que atuam em nossa vida
usando a emoção, motivo pelo qual nos provocam sentimentos diversos,
como alegria e medo, por exemplo. Todavia, as forças de direita e as de
esquerda não se repelem; ao contrário, se complementam, atuando no todo.
(ANGELI, 2019, p. 64)
NOTAS:
4. Umbanda Sagrada: Umbanda Sagrada ou Umbanda Natural, é uma das várias vertentes existentes na Umbanda. Foi funda-
mentada pelos guias espirituais Pai Benedito de Aruanda e pelo Ogum Sete Espadas da Lei e da Vida, Mestre Seiman Hamser
Yê, e difundida a partir de 1996 pelo médium e escritor Rubens Saraceni (1951 – 2015) em São Paulo / SP com a criação do curso
de teologia de Umbanda.
Essa linha umbandista procura ser independente das doutrinas africanistas, espíritas, católicas e esotéricas, pois considera que
a Umbanda possui fundamentos próprios e independentes dessas tradições, embora reconheça as influências de tais doutrinas
na religião. (PAPO CULTURA, 2021)
Durante os anos que se passaram do surgimento da Umbanda até hoje e pelas mu-
danças ocasionadas durante o trajeto, muitas foram as visões das sete linhas da Um-
banda, porém, como pesquisadora, entendo que para existir uma conclusão é preci-
so conhecimento, por isso, para que o leitor possa tecer sua própria linha de pensa-
mento sobre o tema, vamos abordar os principais conceitos de Sete Linhas:
Obaluaê Launa Segunda - Si Raro - Vibra entre os olhos Correta e pouco Prata - Água
Oxalá Coronário Domingo - Mi Vibra costela e nunca Correta e pouco Ouro - Prana
Yemanjá Frontal Segunda - Si Frio - Choro - Sem gravidade Pausada e pouco Prata - Água
Oxóssi Esplênico Sexta - Sol Vibra pernas de baixo para cima Pausada e bastante Cobre - Ar
Ogum Umbilical Terça - Fá Vibra brusco de baixo para cima Arranque e pouco Ferro - Fogo
Xangô Cardíaco Quinta - Ré Vibra brusco - punhos no peito Quase não fala Estanho - Terra
Yorimá Sacro Sábado - Lá Vibra na base da coluna Pausada e bastante Chumbo - Manas
De acordo com as sete linhas pelo autor estabelecida, segue-se então as linhas de
trabalho e as relações dos guias com essas linhas.
Por ser Iemanjá a única Yabá considerada Orixá pelo autor, a manifesta-
ção das demais iabás como falangeiras já seria comum dentro da visão
da Umbanda Esotérica, sendo a origem dessa prática? Ainda assim, isto
não justifica o fato de serem as manifestações com o comportamento
mais diferente entre os falangeiros. Afinal, em grande maioria dos ter-
reiros Iabás não falam.
Seriam considerados como falangeiros de Oxóssi apenas os chefes de
falange dessa linha de trabalho? Isso justificaria não termos uma mani-
festação diferenciada entre os caboclos e os africanos deste Orixá?
Falangeiros de outras linhas, como Oxóssi e Ossanhe, se manifestariam
de forma silênciosa nos terreiros dentro de toques afins, como: falan-
geiros de Ossanhe se manifestando numa roda de Oxóssi?
Futuramente teremos conhecimento e fé o bastante para manifestar
novas linhas de falangeiros?
RUBENS SARACENI
O autor Rubens Saraceni a partir de 1984 começou a ganhar certa visibilidade
dentro da religião e por isso, quando lançou seus livros abordando a Umbanda
Sagrada e suas doutrinas acabou gerando mais uma escola de Umbanda e hoje
esta é uma das mais controvérsias e difundidas escolas no estamos de São Paulo.
Baseando nas escolas mais antigas, como a Umbanda Iniciática e a Umbanda
A escolha do número sete não é ao acaso, ela obedece a uma tradição esotéri-
ca muito presente nas terras brasileiras e advinda – ao contrário do que se acre-
dita – da magia européia. O número 7 representa o completo, a perfeição, um
ciclo total, seria a representação de tudo que pode haver. Logo o 7 também
UMBANDA BRANCA
Para a Umbanda Branca, de Zélio Fernandino de Morais e do Caboclo das 7
Encruzilhadas, encontramos a definição das sete linhas como disposta a seguir:
Oxalá, Ogum, Euxosse, Xangô, Nhã-Shan, Almanjar e Almas.
UMBANDA POPULAR
A estrutura considerada por Lourenço Braga e diversos outros autores contempo-
râneos a ele, como o próprio Antônio Alves Teixeira Neto (Antônio de Alva), é de
que as sete linhas seriam: Linha de Oxalá, Linha de Iemanjá, Linha do Oriente,
Linha de Xangô, Linha de Oxóssi, Linha de Ogum e Linha Africana.
O que reparamos nessa estrutura – além da reordenação do aparecimento das
linhas – é que a Linha de Iansã foi retirada para dar lugar a uma linha chamada Linha
do Oriente, sendo essa regida por São João Batista (Xango Caô) e a Linha de Santos e
Almas dando lugar a Linha Africana, onde congregariam todos os Pretos-Velhos
(com exceção dos Quenguelês, que se encontram dentro da Linha de Xangô), com a
regência de São Cipriano, sendo esta chamada também de Linha da Magia.
UMBANDA ESOTÉRICA
Podemos encontrar em 1952, o Caboclo Mirim dando a sua forma de entendi-
mento das sete linhas de Umbanda, traduzindo-as, como: Linha de Oxalá ou Ori-
xálá, Linha de Ogum, Linha de Oxóssi, Linha de Xangô, Linha de Iofá, Linha de
Ibejis e Linha de Iemanjá.
Com o lançamento do livro “Umbanda e Quimbanda – Volume 2”, as Sete Linhas
sofrem uma mudança: Linha de Oxalá ou Linha das Almas, com a regência de Jesus
e a força planetária de Júpiter; Linha de Yemanjá ou Linha das Águas, com a regên-
cia do Arcanjo Gabriel e a força planetária de Vênus; Linha do Oriente ou Linha da
ESCOLAS DE UMBANDA
Por se tratar de uma religião em evolução e que se firmou através da prática e da
verdade de diferentes pessoas e regiões brasileiras, hoje a Umbanda conta de
diversas escolas, ou seja, são subdivisões que comungam de uma mesma fé.
Durante o Estado Novo, no final dos anos 30, sob a ditadura de Getúlio Vargas,
os Terreiros de Umbanda, em São Paulo, viveram sua fase mais difícil. Para
que pudessem trabalhar eram obrigados a se registrar nas delegacias e ao
pagamento, do que chamavam, à época, de “Taxa de Proteção”, que eram
verdadeiras extorsões. [...] Nessa época não se ouvia falar de Umbanda ou Can-
domblé; o que se lia em jornais eram termos como feitiçaria, macumba e baixo
espiritismo. (Centro Espírita Ubiratam, 2020)
Segundo Silva (2005), a repressão ao movimento umbandista ocorreu até o final do
Estado Novo (1937-45). Esse período foi marcado pelo uso da força policial no com-
bate e repressão do desenvolvimento dos cultos afro-brasileiros. Porém, foi na
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A UMBANDA SMO A UMBANDA SMO
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ESOTÉRICA SAGRADA
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Branca Ano: 1908 Zélio de Moraes Acredita que existam 126 orixás, Caboclos(as), Pretos(as) Velhos(as) e
Niterói-RJ distribuídos em 06 linhas espirituais Crianças e não há giras para Boiadeiros,
Demanda de trabalho. Os altos chefes de cada Baianos, Ciganos, Malandros,
uma dessas seis linhas recebem o Exus e Pombagiras.
nome de um orixá nagô, embora
não sejam entendidos como nas
tradições africanas, existindo uma
forte vinculação deles aos santos
católicos.
Kardecista Não há registro Centros kardecistas que Nesta vertente não existe o culto Nesta vertente não é utilizada essa
passaram a receber aos Orixás nem aos santos católicos. forma de agrupar as entidades.
Mesa Branca
Branca guias de Umbanda.
Cáritas
Mirim Ano: 1924 Benjamin Gonçalves Nesta vertente não existe o culto Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as) e
Rio de Janeiro Figueiredo aos santos católicos e os Orixás Crianças e não há giras para Exus
foram reinterpretados de maneira e Pombagiras, uma vez que estes últimos
distinta das tradições africanas, não são considerados trabalhadores da
não havendo nenhuma vinculação Umbanda e sim da Quimbanda.
dos mesmos com elas. Considera a
existência de nove Orixás: Oxalá,
Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê,
Iemanjá, Oxum, Iansã e Nanã
Popular Não há registro Fruto da umbandização Nesta vertente encontra-se um forte Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
de antigas casas de sincretismo dos santos católicos Crianças, Boiadeiros, Baianos(as),
Cruzada com os Orixás, associados a um Marinheiros, Sereias, Ciganos(as), Exus,
Mística Macumbas. conjunto de práticas místicas e Pombagiras, Exus-Mirins e Malandros(as).
Cruzada religiosas de diversas origens
adotadas pela população em geral.
Considera a existência de dez
Orixás: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô,
Obaluaiê, Iemanjá, Oxum, Iansã,
Nanã e Ibejis. Em alguns lugares
também são cultuados mais dois
Orixás: Ossaim e Oxumaré.
Omolocô Ano: 1950 Tancredo da Silva Pinto Nesta vertente encontra-se um Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
Rio de Janeiro forte sincretismo dos Orixás com os Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
Traçada santos católicos, sendo que aqueles Baianos(as), Marinheiros, Sereias,
estão vinculados às tradições Ciganos(as), Exus, Pombagiras
africanas, principalmente as e Malandros(as).
do Omolocô. Considera a existência
de nove Orixás: Oxalá, Ogum, Oxóssi,
Xangô, Obaluaiê, Iemanjá, Oxum,
Iansã e Nanã.
Almas e Não existe um É fruto da Nesta vertente encontra-se um forte Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
foco único. umbandização de sincretismo dos Orixás com os Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
Angola santos católicos, sendo que aqueles Baianos(as), Marinheiros, Exus
Traçada antigas casas de Almas estão vinculados às tradições e Pombagiras.
e Angola africanas, principalmente as do
Almas e Angola. Considera a
existência de nove Orixás: Oxalá,
Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê,
Iemanjá, Oxum, Iansã e Nanã.
Umbandomblé Não existe um É fruto da Nesta vertente existe um culto Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
foco único. umbandização de mínimo aos santos católicos e os Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
Traçada Orixás são fortemente vinculados Baianos(as), Marinheiros, Sereias,
antigas casas de às tradições africanas, Ciganos(as), Exus, Pombagiras
Candomblé principalmente as da nação Ketu, e Malandros(as).
podendo inclusive ocorrer a
presença de outras entidades no
panteão que não são encontrados
nas demais vertentes da Umbanda
(Oxalufã, Oxaguiã, Ossain, Obá, Ewá,
Logun-Edé, Oxumaré).
Eclética Ano: 1946 Oceano de Sá Nesta vertente existe uma forte Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as)
Rio de Janeiro vinculação dos Orixás aos santos e Crianças.
Maior católicos, sendo que aqueles foram
reinterpretados de maneira distinta
das tradições africanas.
Considera a existência de pelo
menos nove Orixás: Oxalá, Ogum,
Ogum de Lei, Oxóssi, Xangô,
Xangô-Kaô, Yemanjá, Ibejês e Yanci.
Aumbhandã Ano: 1956 Woodrow Wilson Nesta vertente não existe o culto Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
Rio de Janeiro da Matta e Silva aos santos católicos e os Orixás Crianças e Exus, sendo que estes
Esotérica foram reinterpretados de maneira últimos não são considerados
Pai Guiné distinta das tradições africanas. trabalhadores da Umbanda e
Considera a existência de sete sim da Quimbanda.
Orixás: Orixalá, Ogum, Oxóssi,
Xangô, Yemanjá, Yori, Yorimá.
Guaracyana Ano: 1973 Sebastião Gomes Nesta vertente não existe o culto Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
São Paulo de Souza aos santos católicos e os Orixás Crianças, Boiadeiros, Baianos(as),
foram reinterpretados em relação Marinheiros, Ciganos(as), Exus
às tradições africanas, havendo, e Pombagiras.
entretanto, uma ligação dos
mesmos com elas. Considera a
existência de dezesseis Orixás,
divididos em quatro grupos,
relacionados aos quatro elementos
e aos quatro pontos cardeais:
Fogo/Sul (Elegbara, Ogum,
Oxumarê, Xangô), Terra/Oeste
(Obaluaiê, Oxóssi, Ossãe, Obá),
Norte/Água (Nanã, Oxum, Iemanjá,
Ewá) e Leste/Ar (Iansã, Tempo,
Ifá e Oxalá).
Sete Raios Ano: 1978 Ney Nery do Reis Nesta vertente não existe o culto Falangeiros de Orixá, Caboclos(as),
Rio de Janeiro Israel Cysneiros aos santos católicos e os Orixás Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros,
foram reinterpretados em relação Baianos(as), Marinheiros, Sereias,
às tradições africanas. Considera a Ciganos(as), Exus, Pombagiras
existência de doze Orixás, divididos e Malandros(as).
em sete raios: 1º raio, Iemanjá e
Nanã; 2º raio, Oxalá; 3º raio, Omulu;
4º raio, Oxóssi e Ossãe; 5º raio, Xangô
e Iansã; 6º raio, Oxum e Oxumaré;
e 7º raio, Ogum e Ibejs.
Aumpram Ano: 1986 Roger Feraudy Considera que esta religião surgiu a Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
Rio de Janeiro 700.000 anos em dois continentes Crianças e Exus, sendo que estes últimos
Esotérica míticos perdidos, Lemúria e não são considerados trabalhadores da
Aumbandhã Atlântida, que teriam afundado Umbanda e sim da Quimbanda.
no oceano em um cataclismo
planetário.
Nesta vertente não existe o culto
aos santos católicos e os Orixás
foram reinterpretados de maneira
distinta das tradições africanas.
Considera a existência dos 7 Orixás
da Umbanda Esotérica (Oxalá,
Yemanjá, Ogum, Oxóssi, Xangô,
Yori e Yorimá) e mais Obaluaiê, o
qual consideram o Orixá oculto
da Umbanda.
Ombhandhum Ano: 1989 Francisco Rivas Neto Nela existe uma grande influência Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
São Paulo Faculdade de Teologia oriental, principalmente em termos Crianças e Exus, sendo que estes últimos
Iniciática de mantras indianos e utilização do não são considerados trabalhadores
Síntese Umbandista - 2003 sânscrito, e há a crença de que a da Umbanda e sim da Quimbanda.
Proto-síntese Umbanda é originária de dois
Cósmica continentes míticos perdidos,
Lemúria e Atlântida, que teriam
afundado no oceano em um
cataclismo planetário.
Considera a existência dos 7 Orixás
da Umbanda Esotérica, associados,
cada um deles, a mais um Orixá,
de sexo oposto, formando um casal:
Orixalá-Odudua, Ogum-Obá,
Oxóssi-Ossaim, Xangô-Oyá,
Yemanjá-Oxumaré, Yori-Oxum,
Yorimá-Nanã.
Sagrada Ano: 1996 Rubens Saraceni Nesta vertente os adeptos podem Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as),
São Paulo Instituto Cultural Colégio realizar o culto aos santos católicos Crianças, Boiadeiros, Baianos(as),
da maneira que melhor lhes convier Marinheiros, Sereias, Povo(s) do Oriente,
Tradição de Magia Divina e os Orixás são entendidos como Ciganos(as), Exus, Pombagiras,
1991 manifestações de Deus que Exus-Mirins e Malandros(as).
ocorreram sobre diferentes nomes
em diferentes épocas, sendo
reinterpretados de maneira
totalmente distinta das tradições
africanas, não havendo nenhuma
vinculação dos mesmos com elas.
Considera a existência de catorze
Orixás agrupados como casais em
sete tronos divinos: Oxalá e Logunan
(Trono da Fé); Oxum e Oxumaré
(Trono do Amor); Oxóssi e Obá
Trono do Conhecimento); Xangô e
Iansã Trono da Justiça); Ogum e
Egunitá (Trono da Lei); Obaluaiê e
Nanã (Trono da Evolução); e Iemanjá
e Omulu (Trono da Geração).
Os sete primeiros de cada par são
chamados Orixás Universais,
responsáveis pela sustentação das
ações retas e harmônicas,
e os outros sete, Orixás Cósmicos,
responsáveis pela atuação corretiva
sobre as ações desarmônicas e
invertidas, sendo que alguns deles
seriam considerados manifestações
do mesmo Orixá nas tradições
africanas (Obaluaiê/Omulu
e Iansã/Egunitá).
Esse posicionamento, que divide os umbandistas entre a fé e a razão, gera uma teia
de verdades pertencentes a diferentes fontes. Como duas grandes potências inte-
lectuais essas realidades se mesclam e, dentro do contexto religioso, se torna quase
impossível sua separação.
Segundo Assunção (2012) as entidades umbandistas são a fonte primordial de todo o
conhecimento mágico-religioso para a realização das ritualísticas que compõe o culto.
Essa afirmação indica que a razão aplicada na Umbanda é de origem espiritual e, por-
tanto, não pode ser considerada científica. Sua validação ocorre durante o processo de
incorporação e, sendo assim, diversas vezes é fruto de questionamento e até mesmo
anulação por parte de outros estudiosos. Portanto, como no caso da literatura umban-
dista, novamente a razão está diretamente ligada a fé, afinal esse conhecimento só
terá validade se o interlocutor assim o crer.
Talvez, à primeira vista, esse paradoxo entre a fé e a razão confunda-se com uma
ideologia de uma fé cega, mas é justamente o oposto. Segundo Ligério (2013) a
Umbanda é uma religião verdadeiramente ecumênica e ao mesmo tempo uni-
versalista, ela se distingue de tantas outras porque, consegue acompanhar as
transformações da sociedade enquanto traça um caminho evolutivo.
Exu
Dia da semana: segunda-feira
Saudação: Êxù mo djúbà
Ogum
Dia da semana: terça-feira
Saudação: Ôgún iê
Oxóssi
Dia da semana: quinta-feira
Saudação: Ódé ôkê àró!
Xangô
Dia da semana: quarta-feira
Saudação: Ká uô kábíiêssí lé
Iansã
Dia da semana: quarta-feira
Saudação: Êkpa réii! Òia
Oxum
Dia da semana: sábado
Saudação: Óra iêié ô
Obá
Dia da semana: quarta-feira
Saudação: Obà Siré!
Logum edé
Dia da semana: quinta-feira
Saudação: Lóci, lóci, Logum! Logun ô akofá!!!
Nanã
Dia da semana: terça-feira
Saudação: Salubá!
Obaluaê / Omolu
Dia da semana: segunda-feira
Saudação: Atóto o! o!
Ossaim
Dia da semana: terça-feira (ou quinta-feira)
Saudação: euê ó!
Oxumaré
Dia da semana: terça-feira
Saudação: àróbô bó ii
Iemanjá
Dia da semana: sábado
Saudação: Omi odô aiaba
Oxalufan
Dia da semana: sexta-feira
Saudação: êkpa bàbá
Oxaguian
Dia da semana: sexta-feira
Saudação: êkpa bàbá
Ibeji
Dia da semana: domingo
Saudação: Beje eró! Oni bejada.
Ewa
Dia da semana: sábado
Saudação: Ri Ro Ewá!
Iroko
Dia da semana: terça-feira
Saudação: Iroko Issó! Eró!Iroko Kissilé.
Olorun/ Zambi
Segundo Barros (2018) Divindade suprema do povo
iorubá que tem em si o simbolismo do início dos
tempos. É reconhecido na religião como o criador do
Universo e como aquele que deu origem a si próprio.
Seu nome é traduzido como “senhor do espaço celeste
sagrado”. Entendido como o princípio supremo que
promove e garante a existência, a ordem e os valores
morais do ser humano, é o ser infinito e perfeito que
idealizou tudo que está no Universo, seja físico ou abs-
trato.
Olorun é quem dá o bom ou o mau destino às pes-
soas. Mas ele deu a Orumilá o saber e o poder de
ajudar o homem a ratificar, concertar ou remediar
seu destino, sempre de acordo com as determina-
ções de Olorun.
Ifá/ Orumilá
Segundo Barros (2018) Ifá é o guardião e patrono do
oráculo, o porta-voz de Orumilá, quem adivinha e refere
os sistemas adivinhatórios da cultura iorubana. Não é
Orixá, mas sim um intermediário entre os homens e as
divindades, tendo, porém uma posição muito impor-
tante na corte suprema do Orum.
Responsável por qualquer consulta oracular, responde
através de vários elementos, como os búzios, os iquins,
obis, orobês, cebola, quiabo, etc.
Orumilá é uma divindade oriunda da cidade de Ilê
Ifé, também chamado de Orúla, está diretamente
ligado ao destino dos homens. Seu nome pode ser
traduzido como “aquele que chega ao Orum”.
Orumilá tem ligação direta e imediata com
Olorum, o supremo. Somente ele e Exu tem liber-
Ainda sobre a Casa de Mãe Iemanjá é possível afirmar que suas bases religiosas e sua
prática da Umbanda são:
NÃO SINCRÉTICA
Respeitamos todos os orixás, bem como os santos católicos, mas não o
compreendemos como uma única energia.
ECUMÊNICA
Respeitamos o sagrado e a verdade de qualquer religião, sem imposição de
uma linha de pensamento ou a compreensão da superioridade de uma única
fé.
ESPIRITUALISTA
Cremos numa energia criadora e mantedora (que pode ser definida como
Deus), imortalidade da alma e nas verdades imateriais e divinas.
O espiritualismo é uma expressão normalmente utilizada em oposição ao ma-
terialismo, que engloba os que acreditam tão somente na matéria. É uma cor-
rente filosófica que crê em Deus e na alma, na imortalidade do ser, nos prin-
cípios morais e espirituais. Não se deve, porém, confundir Espiritualismo com
Espiritismo, erro muito comum. Todas as religiões que admitem a existência
de Deus e da alma podem ser chamadas de espiritualistas, assim tanto católi-
cos, quanto protestantes, umbandistas, adeptos do candomblé, judeus, mu-
çulmanos, entre outros, são incluídos nesta categoria. Aliás, mesmo pessoas
que não têm uma religião definida, se acreditam nestes mesmos preceitos
básicos, também são consideradas espiritualistas.
O Espiritualismo, além da rica tradição oriental, tem como pilares também o
legado ocidental, sob inspirações que remontam à Filosofia Grega – os Dai-
mons socráticos, seres divinos que eram como vozes interiores guiando o
homem em sua jornada, e a Metafísica Platônica -, à mensagem do Evangelho
de Jesus, ao desenvolvimento do Cristianismo, ao Neoplatonismo, à herança
dos celtas, que acreditavam na imortalidade da alma, à influência da Mitologia,
às correntes heréticas, principalmente os Cátaros e os Templários, ao Lutera-
nismo, às descobertas de Giordano Bruno, a filósofos como Descartes, Espino-
sa, Kierkegaard, ao Romantismo Alemão, ao Existencialismo, ao nascimento
do Espiritismo e da Física Moderna, à Psicologia Analítica de Jung, à Parapsico-
logia e aos modernos paradigmas que orientam a Humanidade. (INFO
ESCOLA, 2021)
PANENTEÍSTA
Cremos que somos parte de Deus, que ele está em nós e em todos os luga-
res. Sendo assim tantos os benefícios quanto os malefícios que provoca-
mos em nosso corpo ou nas coisas ao nosso redor, irá, invariavelmente se
refletir em nosso espírito.
TRAÇADA
Segundo definições apresentadas a Casa de Mãe Iemanjá pode ser consi-
derada uma Umbanda Traçada, ainda que tenha seus próprios métodos e
doutrinas para a prática que nela se realiza.
Apesar de tais definições a casa não se enquadra especificamente em
nenhuma das escolas citadas anteriormente, pois agrega em si um pouco
de cada uma das verdades contidas em todas elas.
O orientador dos trabalhos executados na Casa de Mãe Iemanjá é o
baiano e patrono da casa Martim Pescador, essa entidade trabalha segun-
do os conhecimentos de sua última vida na carne e ele se descreve como:
Atuou como membro desta doutrina, tornou-se babalorixá e líder de sua comunidade ribeirinha e
então desencarnou aos 83 anos de idade.
Nesse momento optou por trabalhar na linha de Umbanda inicialmente como marinheiro e poste-
riormente como baiano.
Hoje essa entidade ainda brinca, que é muito sortudo, pois é velho e preto como a linha dos pretos-
-velhos, baiano de nascença e pescador; sendo assim pode trabalhar na linha que bem desejar.
Compreendido as principais características da Casa de Mãe Iemanjá, cabe neste
ponto reconhecer aquilo que já pode ser definido como base para a sua atuação
dentro da Umbanda.
ORIGEM
Grande parte dos ensinamentos pregados hoje pela Casa de Mãe Iemanjá
surgiram durante o desenvolvimento mediúnico da Ya Tati d’ Iemanjá (diri-
gente e fundadora da Casa de Mãe Iemanjá), através das palavras do Baiano
Zé Dos Cocos.
A partir de 2018, com a fundação da Casa de Mãe Iemanjá, tais conhecimen-
tos passam a adquirir uma nova perspectiva e através do direcionamento do
Baiano Martim Pescador e assumem um papel orientador dentro das ativi-
dades realizadas neste terreiro.
ORIXÁS
Entende-se por Orixás as manifestações energéticas provenientes da ener-
gia geradora e mantedora (Deus, Olorum, Zambi) que atuam presentemen-
te na Terra através das forças da natureza.
Yemanjá inteligência - mental - maternidade Nossa Sra. dos Navegantes Hera/ Poseidon Tueris / Ísis
Oxum fecundidade - amor - riqueza Nossa. Sra. Aparecida Deméter / Afrodite Hathor / Bastet
Logun Edé riqueza - fartura - beleza São Miguel Arcanjo Apolo Atón
LINHAS DE TRABALHO
As linhas de trabalho na Umbanda não podem ser determinadas em núme-
ros e regras, pois trata-se de espíritos que trazem consigo personalidade e
diversidade. Ainda assim, são divididas em grupos como: caboclos, boiadei-
ros, baianos, esquerda, malandros, erês, etc.
Cada um dos espíritos que compõe essas linhas trabalham sob a vibração
de um, dois ou mais Orixás, que determinam as características do trabalho
executado por esse espírito.
São linhas de trabalho que atuam na Casa de Mãe Iemanjá:
Baiano
Orixá regente: Oxum
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, mandingas e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos baianos: Zé dos Cocos,
Chico Baiano, Maria do Balaio, Maria Rosa, Maria Bonita, Lampião, Severino,
Zé Baiano, etc.
Marinheiro
Orixá regente: Iemanjá e Oxum
Atuação: limpezas e passes.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos marinheiros: Thiago,
Pedro, Capitão dos Sete Mares, Capitão dos Sete Nós, João do Mar, Martim
Pescador, Crispim, etc.
Boiadeiro
Orixá regente: Iansã e Oxóssi
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, abertura de cami-
nhos e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos
boiadeiros: João do Laço, Zé do Laço, João Boiadeiro, Zé
Mineiro, Boiadeiro da Jurema, etc.
Caboclo
Orixá regente: Oxóssi, Xangô, Ossanhe e Logun
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, cura e quebra de
demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos
caboclos: Pena Branca, Sultão da Mata, Jurema, Mata
Virgem, Cobra Coral, Jacira, etc.
Ibejis
Orixá regente: Ibejis
Atuação: limpezas, passes, cura e equilíbrio.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos
erês: Mariazinha, Joãozinho, Pedrinho, Conchinha, etc.
Preto Velho
Orixá regente: Omolu, Iroko, Oxalá e Nanã
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, mandingas, curas e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos preto-velho: Pai Bene-
dito, Maria das Almas, Maria Conga, Catarina, Cambinda, Pai Miguel, Pai
Thomás, Pai João de Angola, Rei do Congo, etc.
Falangeiros de Ogum
Orixá regente: Ogum
Atuação: limpezas, passes, abertura de caminhos, curas e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos falangeiros de Ogum:
Ogum Iara, Ogum Beira Mar, Ogum de Lei, Ogum Megê, Ogum Rompe
Mato, Ogum Sete Ondas, Ogum Marinho, etc.
Cura
Orixá regente: Oxóssi, Iemanjá, Omolu e Nanã
Atuação: limpezas, cura, equilíbrio e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração de cura: não existe uma
vibração específica para a manifestação nessa linha, sendo assim, os espíritos
que nela atual se modifica de acordo com a necessidade de consulente.
Cigano
Orixá regente: Oxum e Exu
Atuação: limpezas, prosperidade e equilíbrio .
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos ciganos: Rosa dos
Ventos, Sarita, Esmeralda, Pablo, Miguel, Cigano da Estrada, Cigano dos
Caminhos, Rosa do Oriente, Isís, Carmem, Carmencita, etc.
Malandro
Orixá regente: Ogum e Iemanjá
Atuação: limpezas, passes, amor, cura e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos malandros: Zé do
Morro, Zé da Madrugada, Zé Pilintra, Maria Navalha, Rosa da Madrugada,
Rosa da Noite, Morena da Praia, Zé Pretinho, etc.
Magos
Orixá regente: Indeterminado
Atuação: limpezas, equilíbrio e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos magos: Évora, Pandora,
Mago Guardião, Frederiche, etc.
Exu e Pombogira
Orixá regente: Exu
Atuação: limpezas, passes, equilíbrio, amor, prosperidade, abertura de cami-
nhos e quebra de demanda.
Alguns nomes das linhas de trabalho na vibração dos baianos: Marabô, Sete
ENTIDADES
Compreende-se que cada entidade trabalha formando ao menos um círculo
protetor e emanador de vibrações para o desenvolvimento do seu trabalho.
Esse círculo é formado por duas ou mais emanações de Orixás e seus princí-
pios divinos. Portanto, podemos dividir essa regência desta forma: a energia
que rege tal linha dentro da casa e duas energias principais da atuação
daquele espírito.
É importante compreender que essa ação direcionada de energia sobre cada
espírito durante o seu trabalho na Umbanda não impede que outras energias
se manifestem através dele quando necessário, por exemplo, linhas traçadas
ou até entidades que atuam com trabalhos muitos diversificados.
OXÓSSI
IEMANJÁ OMOLU
OSSANHE OXALÁ
CONSULTENTE
São espíritos que viveram e hoje, após certa evolução (que é única para cada
espírito) atuam na Umbanda através da lei de pemba5, oferecendo aos
adeptos um caminho evolutivo que envolve doação e absorção energética,
cultural e filosófica.
Esses espíritos podem se manifestar através de falangeiros de Orixás ou
também como atuantes de uma das linhas de trabalho na Umbanda (cabo-
clos, boiadeiros, baianos, etc.)
Para isso essas entidades abandonaram seus nomes, características físicas,
sotaques e assim (durante o trabalho) passam a representar um grupo socio-
cultural sob a vibração de uma energia divina.
RITUALÍSTICA
As roupas usadas na Casa de Mãe Iemanjá são específicas para os dias de gira,
alterando de acordo com o evento e o guia ou orixá homenageado. Além
disso, é recomendado o uso de guias feitas de cascalho de cristais (de acordo
com a vibração de cada Orixá representado na guia), imagens, fumo, defuma-
dores, velas, bebidas e pontos riscados nos trabalhos, atabaques, maracás,
agogôs, adjás, pandeiros, etc.
LIVROS DOUTRINÁRIOS
O conhecimento é transmitido principalmente de forma oral, mas todo livro é
bem-vindo e serve como base para a compreensão das diferenças e da evolu-
ção plural da Umbanda. Hoje contamos também com o livro A Umbanda que
a gente toca lá em casa, como uma base teórica para as práticas da Casa de
Mãe Iemanjá.
PONTOS CANTADOS
A Casa de Mãe Iemanjá dispõe de uma vasta lista de pontos autorais que
devem sempre ter preferência durante a gira, já que estes foram trazidos pela
espiritualidade da casa e, portanto, carregam a vibração das entidades que
aqui atuam.
Os pontos cantados devem ter fundamento, sendo cada tipo de ponto canta-
do no momento certo e para a finalidade correta.
Pontos em Yorubá também são bem-vindos durante o Ypadê e para a mani-
festação dos Orixás, desde que acompanhado das traduções e que possa ser
NOTAS:
4. Lei de Pemba: é a grafia Sagrada dos Orixás. Esta grafia são clichês (Yantras), os quais são utilizados pelas entidades e médiuns
magistas (com a presença ou não de espíritos) para acionarem/projetarem no Plano Astral a movimentação de forças sutiís com
um determinado fim. Se for aplicado de forma incorreta, poderá produzir resultados diferentes daqueles esperados.
A pemba, de origem africana, é um instrumento ritualístico de alto significado. É normalmente utilizada para riscar pontos pelas
entidades e pelo médium, visando estabelecer contatos vibratórios com as esferas espirituais. A pemba praticamente é usada
em quase todos os rituais de umbanda. Por carregar o axé, a pemba é saudada como um divino instrumento, dedicando-se até
pontos cantados e reverências específicas.
ensinado a todos. Caso contrário, esse tipo de manifestação perde seu funda-
mento, pois não atingirá a fé dos irmãos ali presentes.
Perante tantos esclarecimentos será preciso uma boa dose de bom-senso para ana-
lisar as informações aqui apresentadas, além do bom e velho caderno e caneta para
anotar todas as dúvidas que certamente surgirão e creia, elas são importantes, pois
são nos questionamentos que os Guias podem mostrar o caminho e assim direcio-
nar as ações dos membros da Casa de Mãe Iemanjá de forma harmônica com a
linha de atuação da casa.
Portanto, para finalizar esse capítulo, abaixo apresentaremos as Sete Linhas de Um-
banda segundo os ensinamentos do Baiano Zé dos Cocos.
ÇÃ
A
CRI
O
da vida como a conhecemos, a LACIONA
RE
essa potência, dentro do que pra- O - MUD
M
ÇÃ
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AMOR
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ticamos na Casa de Mãe Iemanjá U
AN
L
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denominados como: criação,
ÇA
amor, saúde, ordem, prosperida-
de, harmonia e evolução. Entre-
tanto, cada um, dentro da sua VITALID
E-
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compreensão de fé, pode dar o
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SAÚ
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NIA IL
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nome que fará mais sentido para O
HARM
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a sua crença, desde que, compre-
RIO
enda e respeite a força que reina
dentro dessa faixa vibratória.
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Sendo assim, abandonemos as AD S EM T
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RI
PRO PERI
CI
OR
discussões, passou do tempo de
Z
MENTO
definições absolutas, a plurarida-
S
Seguindo com a nossa explicação, abaixo do Ser Supremo (Olorum/ Zambi/ Deus)
temos uma força que movimenta tudo o que conhecemos no mundo, essa força é
a fé e o Orixá que contém essa energia em si é Oxalá.
Oxalá por sua vez divide-se em duas extremidades da mesma energia:
O branco e o cristal são associados a essa vibração, pois se a fé não for cristalina,
facilmente será corrompida. E por ser a origem de todas as ações dentro da religio-
sidade, não há vibração ou fator divino que não passe pela fé.
Nesse momento essa energia se torna o prisma e dela partem sete energias
primordiais que juntas, serão associadas aos Orixás cultuados nas práticas religio-
sas da Casa de Mãe Iemanjá.
A partir de então, chegamos num ponto no qual é mais fé do que razão. Temos
uma noção de quais seriam as vibrações que compõe cada uma das linhas de
acordo com os Orixás e suas vibrações, suas características e atuações nos traba-
lhos realizados na casa, mas não há certeza, apenas fé (confiança).
E quando perguntado ao Baiano Zé dos Cocos, ele respondeu que sabemos o sufi-
ciente para não errar e o necessário para não impor às divindades nossas vonta-
des e verdades e que assim deveria ser.
Os Orixás atuariam em duplas dentro dessas vibrações ou fatores divinos, sendo
cada um deles o verbo e a ação (causa e consequência) para cada atuação. Bem
diferente do bem e do mal, essas atuações se completariam como a noite e o dia, o
som e o silêncio. Ou seja, não haveria ação, se não houvesse tal equilíbrio.
Então a fé é o primeiro movimento, que vibrará o verbo de uma irradiação divina,
passando assim pela atuação de um Orixá e então passar por um segundo Orixá
tornando este verbo em uma ação concreta. Ao findar esse círculo, verbo e ação
se projetam no plano material gerando um movimento real.
Essa teoria seria a base para qualquer ação no universo. A esse movimento diversas
vezes chamamos de destino, pois podemos concluir que é através da crença mani-
festada que surge uma comunicação entre os planos astrais e materiais, promo-
vendo uma façanha equilibrada entre verbo e ação e que será entendida, e por
mutias vezes de fato é, como inevitável e por isso definida como destino.
Nessa definição de Sete Linhas da Umbanda, Iroko é a ação, a árvore sagrada, a
própria vida que proporciona a comunicação entre os dois mundos (Ayê (terra)
Orum (reino dos Orixás)) e, portanto, sustenta todos os elos dessa corrente que se
reflete em Ifá, o verbo, nosso destino. Ou seja, Ifá projeta, segundo nossa conduta
moral o bom ou mal destino e Iroko age, completando o ciclo e “direcionando” a
aplicação das Sete LInhas de Umbanda de acordo com o equilíbrio promovido à
partir do prisma da ação e consequência.
MELHOR
IFÁ IROKO
ENERGIA CRIADORA
OLORUM / ZAMBI
VERBO
ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS ORIXÁS
AMIZADE - DESEJO - RELACIONAMENTO - DEVOÇÃO
GERAÇÃO - INVENÇÃO - TRABALHO - FEITURA
COMUNICAÇÃO
PROSPERIDADE
HARMONIA
EVOLUÇÃO
DESTINO
CRIAÇÃO
ORDEM
SAÚDE
AMOR
AÇÃO
Olorum, a energia criadora, ocupa um lugar superior dentro das Sete Linhas da
Umbanda, sendo este o único ser capaz de criar e habitar em tudo o que ele criou,
portanto Olorum dentro da Umbanda é compreendido como um Orixá diferente
de todos os outros, sendo este sim cultuado como um Deus e, por sua posição de
criador, é dele que parte todo o axé.
Segundo a Umbanda que a gente toca lá em casa, para a sua atuação sob o plane-
ta Terra, Olurum criou uma série de divindades que vibrariam tipos de axés espe-
cíficos, carregados de um determinado elemento indispensável para vida, dentro
da Umbanda, são estes seres os Orixás.
Quanto estudiosos e umbandistas é compreensível a necessidade de racionalizar
aquilo que não pode ser determinado, pois sua verdadeira natureza ainda se
encontra desconhecida aos olhos humanos, sendo assim, buscando uma melhor
compreensão sobre a atuação dos Orixás na Umbanda que a gente toca lá em
casa, suas diferenças e modo de atuação dentro das nossas vidas, racionalmente
(porém alicerçados aos conhecimentos fornecidos pela espiritualidade) para a
formação das Sete Linhas de Umbanda da Casa de Mãe Iemanjá, dividimos as
divindades por Olorum criadas em dois grupos principais de Orixás: as divindades
maiores (Iroko, Ifá/Orumilá, Oxalá (Oxaguian e Oxalufan) e Exu) e as divindades me-
nores (Iemanjá, Nanã Buruke, Oxum, Iansã, Ossain, Omolu, Xangô, Ogum, Oxóssi,
Oxumaré, Obá, Ibejis, Logun e Ewa).
As quatro divindades maiores são vibrações originais que através de seu equilíbrio
proporcionam toda a vida no planeta Terra. Sem elas não haveria: axé, destino, fé ou
movimento. Tente imaginar a sua vida sem qualquer uma dessas coisas? Impossí-
vel! Sendo assim, esses Orixás são a causa e consequência em perfeito equilíbrio
para que as divindades menores possam atuar.
Sendo assim é correto afirmar que:
42
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa
ERBO E
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Á
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L
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OXA
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ÃO
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RBO EM
43
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa
Para melhor compreensão sobre como as Sete Linhas de Umbanda atuam e como
cada Orixá pode ocupar uma vibração, ainda que não seja a sua maior emanação,
conforme necessidade do momento ou indivíduo, segue a leitura da distribuição
usada no exemplo anterior.
44
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa
45
Desenvolvimento Mediúnico - módulo básico
que a gente toca lá em casa
Bibliografia
ASSUNÇÃO, L. (org.). Da minha folha: múltiplos olhares sobre as Religiões Afro-brasileiras: 1ª ed. São Paulo.
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