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Logo, o problema religioso consiste em buscar de onde vêm essas forças e do que elas
são feitas. De qualquer forma, elas não podem emanar de nada mais do que de uma fonte de energia
superior a elas, superior àquelas de que dispõe o indivíduo enquanto tal.
A religião sempre esteve ligada ao ser humano, podemos dizer que está praticamente
inerente ao mesmo. É criação humana, surge como primeira tentativa de explicar o mundo. O homem,
ao se deparar com o mundo, se indaga sobre a sua existência, a partir do despertar e construção da
sua consciência e, desta forma ao se confrontar com o mistério do mundo, encontra neste, uma
sacralidade. Seu relacionamento com a natureza é direto, é sua fonte imediata de sobrevivência e de
perigo. A própria vida e morte são grande mistério, então, o homem primitivo passa a ressignificar o
processo da vida através das perspectivas religiosas, e é isto que lhe dá sentido e direção.
Em nosso tempo as pessoas têm vivido para o mundo e seguindo os padrões do mundo.
Essa maneira de viver, essa visão de mundo, recebe o nome de secularismo. A seguir há uma
definição um pouco mais abrangente de secularismo.
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Essa inclinação para o profano, em vez do sagrado, tem contaminado a igreja de um
modo cada vez mais abrangente, enfraquecendo aquela que deve transmitir a mensagem da verdade.
A própria verdade, de acordo com a cosmovisão secular, é relativa. O baluarte da verdade (1Tm 3.15)
tem sido mortalmente afetado pela corrosão de um modo de vida e cosmovisão distantes de Deus.
Vivemos “tempos difíceis” (2TM 3.1). Nesta lição veremos alguns aspectos da secularização que têm
atingido a igreja de modo mais agudo e a resposta bíblica contra essa maneira de viver e pensar.
A religião serve, sobretudo para dar sentido à vida, para 36,3% dos inquiridos.
Perguntados sobre como a crença religiosa faz cada um sentir-se diferente a respeito de várias
características, 28,9% dizem ainda que ela dá capacidade de perdoar.
O problema das fronteiras entre a religião e a ordem secular tornou-se um dos temas
mais candentes no debate político do século XXI. O sentimento difuso de ressurgimento da religião
incitou, entre acadêmicos, uma virada crítico-reflexiva sobre as teorias da secularização herdadas do
século XIX, incluindo o conceito de religião nelas embutido. Chamarei esse conjunto heterogêneo de
trabalhos de “estudos críticos da religião e do secularismo”, nome que, apesar de longo, me permite
evitar os meandros do debate em torno do conceito de pós-secular (Gorski et al., 2012). Os estudos
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críticos da religião e do secularismo assumiram uma série de versões disciplinares e transdisciplinares.
Sua expansão se deu através do resgate de autores antes marginalizados (como Carl Schmitt), de
revisões por parte de autores clássicos (Habermas, 2007; Berger, 1999), e do estabelecimento de
novos autores-chave, como José Casanova, Charles Taylor e Talal Asad.
Tomar o secular e o religioso como categorias germanas não significa reduzir o secular
a uma máscara ou reconfiguração do religioso, como o fazem Hayes (1960), Schmitt (1996) ou Lowith
(1990). Essa perspectiva simplesmente inverte a lógica do argumento secularista clássica da oposição
para a identificação, logo perde de vista a relação regulatória concreta entre grupos definidos e/ou
autodefinidos como religiosos e o estado secular. De acordo com Asad, o secularismo “não é apenas
uma resposta intelectual à questão relativa à paz social e tolerância duradoura. Ele é uma atualização
concreta [enactement] pela qual um meio político (a representação dos cidadãos) redefine e
transcende práticas diferenciadoras do self articuladas através de classe, gênero e religião” (Asad,
2003: 5). O fato do secular ser uma epistemologia e uma ontologia altamente difusas e do secularismo
ser um modo de governo discernível, assentado no princípio de soberania, nos ajuda a entender a
pluralidade de formas concretas engendradas pela secularização. Esse pressuposto encoraja o estudo
comparativo dos secularismos realmente existentes.
Em seu livro sobre o secularismo nas relações internacionais, Hurd (2007) promove uma
tipologia dupla entre laicismo e secularismo judaico-cristão. O laicismo remete à tradição jacobina
anticlerical, que representa a modernização como sendo a superação política e moral de tradições
metafísicas do passado. Ele isola a religião da autoridade política, privatiza suas lealdades e promove
o declínio de sua relevância social através de um “processo coercitivo em que os poderes legais do
Estado, os poderes disciplinares da família e da escola, e os poderes persuasivos do governo e da
mídia são usados para produzir um cidadão secular que consente em manter a religião no domínio
privado” (Chatterjee, 2006: 60). Seu componente prescritivo é abstraído pelo campo acadêmico através
das teorias da modernização e sua vinculação unilinear entre modernidade, desenvolvimento e declínio
da religião. O paradigma laicista foi implementado na França de maneira modelar, mas também na
China moderna, no Kemalismo turco, na União Soviética, entre outros. Seu caráter agonístico tende a
gerar religiões civis militantes, incluindo ateísmos de Estado (Luehrmann, 2011).
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O secularismo judaico-cristão, por sua vez, legitima-se através de uma constante
reorientação para as continuidades com essa matriz religiosa-cultural. Seu objetivo não é rejeitar a
religião em nome de uma ética humanista independente, mas “evitar que o Estado apoie uma confissão
(cristã) em detrimento de outra ao apelar para o que todas elas compartilham” (Hurd, 2007: Esse tipo
de secularismo também se abstrai em teoria, e pode ser encontrado na “leitura protestante celebratória
da modernidade que vai dos Escritos Teológicos de Hegel, passando pelo eixo Weber-Troeltsch e
chegando até a interpretação de Talcot Parsons sobre as sociedades modernas como a
institucionalização de princípios cristãos” (Casanova, 2008: 21). Hirschkind (2008) destaca a
coincidência temporal entre o crescimento demográfico de minorias mulçumanas na Europa e o reforço
de narrativas excepcionalistas sobre a “civilização judaico-cristã” tanto entre acadêmicos liberais (como
Gauchet, Zizek e Nancy) quanto entre setores conservadores.
Nota-se que os secularismos egípcio e brasileiro podem ser pensados como variações
formalmente similares ao paradigma do “secularismo judaico-cristão”. Assim como este, eles são
ideologias religioso-seculares, apesar de suas secularidades serem predicadas em matrizes
alternativas, como o islã e o catolicismo. O mesmo pode se dizer da Índia, outro caso largamente
estudado, cuja secularidade teria sido moldada através da reconfiguração do hinduísmo por intelectuais
nacionalistas dos séculos XIX e XX em uma matriz cultural englobante (“filosofia”), apta a acomodar-se a
uma variedade de religiões majoritárias e minoritárias. Alheio aos problemas do laicismo, como a
privatização da religião, o secularismo indiano estaria preocupado, desde sua origem pós-colonial, com
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o “pluralismo religioso como um valor positivo combinado com a afirmação da unidade nacional dentro
de um enquadramento democrático” (Madan, 2010: 184). Bhargava (2010) destaca as continuidades
entre o secularismo indiano e seu passado pré-colonial, sugerindo que “enquanto os europeus
aprenderam a ideia de tolerância com relação a outras seitas cristãs a partir da sua própria experiência,
o espaço conceitual para a ideia da imparcialidade de todas as fés” (ibidem: 174) apareceu primeiro na
Índia.
Hasan (2010), por sua vez, destaca as estratégias verticais de regulação e reforma
secular do religioso pelo Estado indiano, como as leis que aboliram a intocabilidade e o casamento
infantil e que reconheceram o direito de família islâmico entre essa comunidade minoritária. Mais do
que uma emanação do passado, o pluralismo secular indiano seria marcado por uma interminável série
de “atos de contrabalanceamento” (ibidem: 208) predicados em uma gramática cívica que refratos
princípios e valores locais através de lentes liberais e republicanas herdadas do colonialismo, incluindo
suas tensões e paradoxos. 5 Por fim, a tensão longeva entre o secularismo indiano e o nacionalismo
hindu, que hoje chega a um novo ponto de ebulição (Ahmad e Kanungo, 2019), demonstra que o
trabalho acadêmico de tipificar secularismos não pode evitar o fato de estarmos lidando com um campo
de forças dinâmico, que agrega dimensões religiosas, intelectuais, jurídicas e políticas.
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secularismo político é um regime regulatório. O secularismo inclui uma dimensão pragmática indelével,
dado seu uso político como categoria discursiva apta a produzir cortes entre “nós” e “eles”, civil e incivil,
seja no governo doméstico de minorias (Fernando, 2014), seja na promoção de intervenções
geopolíticas (Mahmood, 2006; Reinhardt, 2011). Como destaca Asad (2003), tensões classificatórias
não devem ser julgadas a partir de um protótipo ideal de secularidade neutra, mas examinadas como
resultado da interdependência normativa entre o religioso e o secular. Esse fato torna os secularismos
realmente existentes também inerentemente contingentes.
No entanto, muitos se perguntam sobre seu futuro. Isso porque a morte do professor
Samuel Paty — decapitado após ter mostrado a seus alunos caricaturas do profeta Maomé —
reacendeu as preocupações sobre o lugar da religião e da liberdade de expressão no país.
De acordo com uma pesquisa publicada logo após o ataque, elaborada pelo Instituto
Francês de Opinião Pública (Ifop), 87% dos franceses consideram que o secularismo está "em perigo"
e 78% consideram "justificado" que professores mostrem caricaturas zombando da religião para ilustrar
a liberdade de expressão do país.
A religião permite conhecer o local onde as pessoas vivem seus valores em uma cultura.
Ela é influenciada pela cultura, mas ela também influencia a cultura daqueles que vivem em seu
entorno. A religião permite um conhecimento maior dos valores que envolvem uma dada sociedade,
principalmente seus valores éticos.
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Secularização. Conceito de Secularização
Que dura há muitos séculos, que é muito antigo. 5. Que ou quem não está sujeito a nenhuma ordem
religiosa (ex.: clero regular).
O que ensina o secularismo?
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Quais as consequências da secularização?
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como um projeto sociopolítico inacabado; o secularismo, por outro lado, é a doutrina política que
sustenta o mundo secular e que se opõe à.
Educação secular, como o nome indica, é aquela perspectiva educacional cuja atenção
é horizontalmente dirigida ao século atual.
Segundo Weber, os homens de seu tempo simplesmente não conseguiam fazer idéia de
como o Ocidente já foi religioso. Bate muitas vezes nesta tecla a sociologia de Max Weber, a tecla da
secularização como algo que já ocorreu e que, portanto, não comporta mais, da parte do sociólogo,
juízos de valor ou de desejabilidade.
Levando em consideração os conceitos das ações sociais, é possível dizer que Max
Weber defendia que a partir do uso das ações sociais, os indivíduos poderiam modificar a sociedade, a
política, as relações sociais e as organizações institucionais e governamentais.
Neste sentido, para Max Weber, a ética protestante (religião) possui afinidade eletiva
com o espírito do capitalismo (economia), não como relação de causa determinante do
desenvolvimento econômico, mas sim com um movimento de convergência, “um relacionamento de
atração mútua e de mútuo reforço” (Löwy, 2000, p. 35).
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Sobre o processo de secularização, Weber concluiu que grande parte da vida social foi
reduzida à lógica racional. A modernidade construiu-se em meio aos conflitos ideológicos da razão
objetiva instrumental, utilizada como ferramenta de abordagem de problemas e questões do
pensamento humano e de sua realidade, e abandonou progressivamente o pensamento tradicional.
Weber também faz alusão a esse fenômeno ao chamá-lo de “o processo de desencantamento do
mundo”, em que o sujeito moderno despe-se de costumes e crenças baseadas em tradições herdadas
ou aprendidas que se apoiam nos pilares fixos das religiões ou da “magia”. Explicações e
questionamentos baseados na utilização da razão instrumental quebram noções preconcebidas e
ancoradas no núcleo religioso tradicional.
Por que e em que as pessoas acreditam? Num mundo em que mesmo os não crentes
vivem cercados pela fé religiosa dos mais diferentes credos, buscar explicações para conceitos como
pecado, Paraíso, Céu ou Inferno ajuda a revelar um pouco mais sobre nós e sobre o mundo em que
vivemos. Este livro é um passeio movido pela curiosidade do autor em questionar o que as pessoas
acreditam. Embora tenha examinado crenças da China, da Índia e do Oriente Médio – bem como as
religiões dos maias, astecas e incas –, a obra dedica uma especial atenção ao cristianismo, ao
judaísmo e ao islamismo, sem se limitar, no entanto, a examinar exclusivamente a crença religiosa. O
gfautor repassa também alguns credos que, acredita-se, são puramente políticos, como o marxismo,
refletindo como, de certa forma, essas ideologias se assemelham a religiões.
Se temos a mente de Cristo, devemos seguir o que o apóstolo Paulo disse aos
colossenses: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da
terra” (Cl 3.1-2).
Nós morremos em Cristo para viver para ele. O Senhor nos concede vida, e vida em
abundância (Jo 10.10). Precisamos abandonar os atrativos seculares para desfrutar das maravilhosas
riquezas que temos em Cristo Jesus.
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Para o secularismo, o que importa é que funcione
Quem nunca ouviu a expressão: “O fim justifica os meios”? Esse conceito tem sido muito
usado em diversas igrejas evangélicas. Não importa se a mensagem pregada é a do evangelho
verdadeiro, o que importa é que venham novos membros, de preferência com dinheiro no bolso.
Essa ideia de fazer qualquer coisa para se atingir determinados objetivos é conhecida
como pragmatismo. Isso é algo bem secular e muito evidente em nosso tempo. O pragmatismo ensina
que pensamentos, ideias e ações só têm valor em termos de consequências práticas. Assim, não há
qualquer conjunto fixo teórico de valores.
De fato, é o “mercado” quem dita as regras. Cada vez mais a pregação da Palavra de
Deus cede lugar para novos métodos como teatro, dança, comédia, shows de rock, e outras formas de
entretenimento. Pelo fato de que esses métodos realmente atraem multidões, eles são considerados
como corretos em si mesmos, independentemente de serem bíblicos ou não. A cada momento, os
grandes ícones da “mídia evangélica” aparecem com um novo slogan que se torna, automaticamente,
a verdade do momento. É “tempo de colheita”, “tempo de se apaixonar”, “tempo de restituição”, “tempo
de cura”, etc. Isso dura até que apareça outro mais interessante e que dê mais resultados.
O rei Davi viu com assombro os resultados de fazer algo para Deus de modo
pragmático, em vez de seguir o que ele havia determinado. Deus havia dado as instruções de como a
arca da aliança deveria ser transportada (Êx 25.12-14). Em vez de seguir as determinações do Senhor,
Davi quis ser “prático” no transporte da arca de volta para Jerusalém. Ele imitou o modo mundano dos
filisteus para o transporte (1Sm 6.7-8). O resultado disso foi a morte de Uzá (2Sm 6.6-7). E, “temeu
Davi ao Senhor, naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca do Senhor?” (2Sm 6.9). Seguir ao
mundo em vez de a Palavra de Deus nunca dá bom resultado.
Infelizmente esse desejo tem feito parte da vida de muitos cristãos. Eles têm sido
contaminados pelo desejo de possuir, de ter, de comprar. O Senhor Deus fica em segundo plano na
vida de muitos, que têm seus olhos voltados constantemente para Mamon. Jesus fez uma severa
advertência quanto a isso: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um
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e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”
(Mt 6.24). No texto grego, “riquezas” é uma tradução do nome “Mamon” que era considerado o deus
das riquezas. Mamon é, sem sombra de dúvida, o maior, e talvez até, o único deus rival do Deus
verdadeiro.
A igreja de hoje tem despendido muita energia na busca de adquirir dinheiro. Para
muitos líderes evangélicos de hoje, as pessoas a serem evangelizadas deixaram de ser consideradas
possíveis novos servos do Senhor para representar mais entradas no caixa da igreja. Ao mesmo
tempo, muitos crentes se tornam membros de igreja, mas não se envolvem financeiramente com ela
por meio dos dízimos ou de ofertas. O dinheiro fica em primeiro lugar. Mas ninguém pode servir a dois
senhores.
A religião não deixou de existir, como previam os sociólogos dos últimos séculos, mas
perdeu consideravelmente sua influência social. Mesmo assim, temos que admitir que as crenças
religiosas continuam sendo forças poderosas e motivacionais na vida de muitas pessoas, mesmo que
essas não queiram prestar um culto formal dentro das estruturas da igreja tradicional. É de se notar
que nas últimas décadas cresce o número de pessoas que mantêm uma crença em Deus ou numa
força superior, mas praticam e desenvolvem sua fé fora das formas institucionalizadas de religião.
Outro ponto a ser considerado é que, se diminui o número de fieis na Igreja Católica,
isso não ocorre com outros grupos religiosos como muçulmanos, hindus, judeus, evangélicos e cristãos
ortodoxos, em que há uma participação ativa e dinâmica.
Parece claro que, como conceito, a secularização é mais proveitosa para explicar as
mudanças ocorridas nas igrejas tradicionais atualmente – tanto em termos de declínio de poder e
influência quanto em relação aos processos internos de secularização que afetam, por exemplo, o
papel das 128 mulheres e dos homossexuais. As forças modernizadoras da sociedade como um todo
estão sendo sentidas em muitas instituições religiosas tradicionais.
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As crenças de Angola?
O país tem uma forte tradição Cristã e a Igreja Católica, em conjunto com três grupos
Evangélicos, tem fortes vínculos históricos com movimentos políticos e grupos étnicos regionais. A
Igreja continua a ser um foro para a organização política e social.
Estado laico significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso.
Também conhecido como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a imparcialidade em
assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião.
Religião Cristã;
Religião tradicional;
Religião a Muçulmana;
Porém existem alguns que vai se afastando das religiões por causa das práticas. Outro
aspecto muito importante no qual a igreja tem se secularizado é quanto ao lidar com dinheiro, com
finanças. O profeta Isaías descreveu uma triste situação em Israel e deu uma solene advertência: “Ai
dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como
únicos moradores no meio da terra!” (Is 5.8). Israel já precisava de uma reforma agrária. O que é esse
desejo de ter mais e de estar acima dos outros? O que é essa sensação que domina o ser humano e o
faz ter tanta vontade de possuir coisas? Esses homens, a respeito de quem o profeta pronunciou um
“ai”, iam comprando todas as casas e todos os campos até que se tornassem os únicos donos de tudo.
Então, eles podiam olhar para suas propriedades e dizer para si mesmos: “Tudo isto é meu”. Parece
que o desejo humano não se satisfaz enquanto existir algo que “não é dele”.
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os afligem, ajudando-os explicar e ordenar o mundo e oferecendo significações indispensáveis para o
enfrentamento das situações que se deparam no dia a dia em suas vidas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de percorrermos todo esse caminho de reflexão, fica claro que o processo de
secularização é algo complexo e ainda em desenvolvimento.
No que diz respeito à relação entre Religião e Estado, acreditamos que todo esse
enfrentamento entre partidários de posturas religiosas (cristãos contrários ao aborto) e leis
governamentais que vão na contramão do que propõem as religiões (descriminação do aborto),
favorecem o aprofundamento de temas ligados à vida humana. Se o Estado, por ser laico, tem o direito
de reger a conduta dos cidadãos e criar leis civis sem a influência e interferência de regras e normas
religiosas como no passado, a religião também tem o direito e, quem sabe, até o dever profético de
colocar sua opinião e expressar seu posicionamento frente a tudo aquilo que diz respeito ao ser
humano. Devemos lembrar que, se no passado as posturas religiosas radicais foram prejudiciais a
muitas pessoas, alguns regimes políticos ditatoriais foram repressivos e violentos tanto quanto os
teocráticos.
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Referências bibliograficas
Acesse Ensaios & Diálogos, Rio Claro, v. 12, n. 1, p 113-130, jan./dez. 2019.
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