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INTRODUÇÃO

O que é um problema religioso?

Logo, o problema religioso consiste em buscar de onde vêm essas forças e do que elas
são feitas. De qualquer forma, elas não podem emanar de nada mais do que de uma fonte de energia
superior a elas, superior àquelas de que dispõe o indivíduo enquanto tal.

A religião sempre esteve ligada ao ser humano, podemos dizer que está praticamente
inerente ao mesmo. É criação humana, surge como primeira tentativa de explicar o mundo. O homem,
ao se deparar com o mundo, se indaga sobre a sua existência, a partir do despertar e construção da
sua consciência e, desta forma ao se confrontar com o mistério do mundo, encontra neste, uma
sacralidade. Seu relacionamento com a natureza é direto, é sua fonte imediata de sobrevivência e de
perigo. A própria vida e morte são grande mistério, então, o homem primitivo passa a ressignificar o
processo da vida através das perspectivas religiosas, e é isto que lhe dá sentido e direção.

Basicamente, todas as grandes civilizações se estruturaram ao redor de sofisticados


elementos religiosos. A civilização egípcia, por exemplo, tinha toda a vida social, econômica, cultural e
arquitetônica moldada pela religião. Podemos dizer que a engenharia e arquitetura do antigo Egito
foram desenvolvidas em decorrência da religião, que se torna um elemento agregador e solidificador da
sociedade. Bernardi e Castilho, no texto, A Religiosidade como Elemento do Desenvolvimento
Humano, afirmam que, “o desenvolvimento local é um processo que envolve as mais diferentes
dimensões do ser humano e da sociedade onde ele está inserido. Essas dimensões podem ser:
sociais, econômicas, culturais, artísticas, religiosas, etc.”

Em nosso tempo as pessoas têm vivido para o mundo e seguindo os padrões do mundo.
Essa maneira de viver, essa visão de mundo, recebe o nome de secularismo. A seguir há uma
definição um pouco mais abrangente de secularismo.

[Secularismo é um…] modo de vida e de pensamento que é seguido sem referência a


Deus ou à religião. A raiz latina saeculum referia-se a uma geração ou a uma era. “Secular” veio a
significar “pertencente a esta era, mundana”. Em termos gerais, o secularismo envolver uma afirmação
das realidades imanentes deste mundo, lado a lado com uma negação ou exclusão das realidades
transcendentes do outro mundo. É uma cosmovisão e um estilo de vida que se inclina para o profano
mais do que para o sagrado, o natural mais do que o sobrenatural. O secularismo é uma abordagem
não religiosa da vida individual e social.

Temos visto o colapso de estruturas tradicionais, principalmente a família e a igreja. A


ciência tem influenciado cada vez mais o pensamento contemporâneo, causando também uma busca
desenfreada por aquilo que a tecnologia oferece ao homem. Valores morais têm sido substituídos por
desejos imorais, que cada vez mais são vistos pela sociedade em geral como coisas “naturais”.

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Essa inclinação para o profano, em vez do sagrado, tem contaminado a igreja de um
modo cada vez mais abrangente, enfraquecendo aquela que deve transmitir a mensagem da verdade.
A própria verdade, de acordo com a cosmovisão secular, é relativa. O baluarte da verdade (1Tm 3.15)
tem sido mortalmente afetado pela corrosão de um modo de vida e cosmovisão distantes de Deus.
Vivemos “tempos difíceis” (2TM 3.1). Nesta lição veremos alguns aspectos da secularização que têm
atingido a igreja de modo mais agudo e a resposta bíblica contra essa maneira de viver e pensar.

Temos visto o colapso de estruturas tradicionais, principalmente a família e a igreja. A


ciência tem influenciado cada vez mais o pensamento contemporâneo, causando também uma busca
desenfreada por aquilo que a tecnologia oferece ao homem. Valores morais têm sido substituídos por
desejos imorais, que cada vez mais são vistos pela sociedade em geral como coisas “naturais”.

Quais os pontos negativos da religião?

Estudos epidemiológicos indicam a influência de fatores religiosos sobre um conjunto


diversificado de resultados, incluindo drogas, depressão e etilismo, comportamento delinqüente,
suicídio, e certos diagnósticos psiquiátricos.

Quais são as principais causas da intolerância religiosa?

Preconceito e discriminação: a intolerância religiosa muitas vezes está ligada ao


preconceito e à discriminação. De acordo com a UNESCO, a intolerância religiosa muitas vezes surge
como resultado de estereótipos negativos e visões preconcebidas sobre determinadas religiões.

Qual é o objetivo de uma religião?

A religião serve, sobretudo para dar sentido à vida, para 36,3% dos inquiridos.
Perguntados sobre como a crença religiosa faz cada um sentir-se diferente a respeito de várias
características, 28,9% dizem ainda que ela dá capacidade de perdoar.

Os violentos conflitos no Iraque têm suas raízes na dissidência entre muçulmanos


sunitas e xiitas, no século 70, e lutas no Sudão, Etiópia e Nigéria remontam em certas áreas ao século
100. A violência, contudo, não vem apenas do lado da religião.

O problema das fronteiras entre a religião e a ordem secular tornou-se um dos temas
mais candentes no debate político do século XXI. O sentimento difuso de ressurgimento da religião
incitou, entre acadêmicos, uma virada crítico-reflexiva sobre as teorias da secularização herdadas do
século XIX, incluindo o conceito de religião nelas embutido. Chamarei esse conjunto heterogêneo de
trabalhos de “estudos críticos da religião e do secularismo”, nome que, apesar de longo, me permite
evitar os meandros do debate em torno do conceito de pós-secular (Gorski et al., 2012). Os estudos

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críticos da religião e do secularismo assumiram uma série de versões disciplinares e transdisciplinares.
Sua expansão se deu através do resgate de autores antes marginalizados (como Carl Schmitt), de
revisões por parte de autores clássicos (Habermas, 2007; Berger, 1999), e do estabelecimento de
novos autores-chave, como José Casanova, Charles Taylor e Talal Asad.

Como a igreja encarra o secularismo

Essa inclinação para o profano, em vez do sagrado, tem contaminado a igreja de um


modo cada vez mais abrangente, enfraquecendo aquela que deve transmitir a mensagem da verdade.
A própria verdade, de acordo com a cosmovisão secular, é relativa. O baluarte da verdade (1Tm 3.15)
tem sido mortalmente afetado pela corrosão de um modo de vida e cosmovisão distantes de Deus.
Vivemos “tempos difíceis” (2Tm 3.1). Nesta lição veremos alguns aspectos da secularização que têm
atingido a igreja de modo mais agudo e a resposta bíblica contra essa maneira de viver e pensar.

A variedade dos secularismos realmente existentes

Tomar o secular e o religioso como categorias germanas não significa reduzir o secular
a uma máscara ou reconfiguração do religioso, como o fazem Hayes (1960), Schmitt (1996) ou Lowith
(1990). Essa perspectiva simplesmente inverte a lógica do argumento secularista clássica da oposição
para a identificação, logo perde de vista a relação regulatória concreta entre grupos definidos e/ou
autodefinidos como religiosos e o estado secular. De acordo com Asad, o secularismo “não é apenas
uma resposta intelectual à questão relativa à paz social e tolerância duradoura. Ele é uma atualização
concreta [enactement] pela qual um meio político (a representação dos cidadãos) redefine e
transcende práticas diferenciadoras do self articuladas através de classe, gênero e religião” (Asad,
2003: 5). O fato do secular ser uma epistemologia e uma ontologia altamente difusas e do secularismo
ser um modo de governo discernível, assentado no princípio de soberania, nos ajuda a entender a
pluralidade de formas concretas engendradas pela secularização. Esse pressuposto encoraja o estudo
comparativo dos secularismos realmente existentes.

Em seu livro sobre o secularismo nas relações internacionais, Hurd (2007) promove uma
tipologia dupla entre laicismo e secularismo judaico-cristão. O laicismo remete à tradição jacobina
anticlerical, que representa a modernização como sendo a superação política e moral de tradições
metafísicas do passado. Ele isola a religião da autoridade política, privatiza suas lealdades e promove
o declínio de sua relevância social através de um “processo coercitivo em que os poderes legais do
Estado, os poderes disciplinares da família e da escola, e os poderes persuasivos do governo e da
mídia são usados para produzir um cidadão secular que consente em manter a religião no domínio
privado” (Chatterjee, 2006: 60). Seu componente prescritivo é abstraído pelo campo acadêmico através
das teorias da modernização e sua vinculação unilinear entre modernidade, desenvolvimento e declínio
da religião. O paradigma laicista foi implementado na França de maneira modelar, mas também na
China moderna, no Kemalismo turco, na União Soviética, entre outros. Seu caráter agonístico tende a
gerar religiões civis militantes, incluindo ateísmos de Estado (Luehrmann, 2011).

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O secularismo judaico-cristão, por sua vez, legitima-se através de uma constante
reorientação para as continuidades com essa matriz religiosa-cultural. Seu objetivo não é rejeitar a
religião em nome de uma ética humanista independente, mas “evitar que o Estado apoie uma confissão
(cristã) em detrimento de outra ao apelar para o que todas elas compartilham” (Hurd, 2007: Esse tipo
de secularismo também se abstrai em teoria, e pode ser encontrado na “leitura protestante celebratória
da modernidade que vai dos Escritos Teológicos de Hegel, passando pelo eixo Weber-Troeltsch e
chegando até a interpretação de Talcot Parsons sobre as sociedades modernas como a
institucionalização de princípios cristãos” (Casanova, 2008: 21). Hirschkind (2008) destaca a
coincidência temporal entre o crescimento demográfico de minorias mulçumanas na Europa e o reforço
de narrativas excepcionalistas sobre a “civilização judaico-cristã” tanto entre acadêmicos liberais (como
Gauchet, Zizek e Nancy) quanto entre setores conservadores.

Apesar de produtivo, o modelo binário defendido por Hurd ainda é extremamente


familiar, remetendo à tradicional oposição França/Estados Unidos da América. Esse universo
comparativo tem-se ampliado com a inclusão de casos que transcendem o Atlântico Norte. Estados
pós-coloniais como o Egito apresentam formas híbridas: o islã é sua religião oficial, mas a sharia é
efetiva somente no direito familiar dos cidadãos que professam essa fé, o que submete a sua jurisdição
à divisão liberal ente público e privado. A liberdade de crença de minorias religiosas é assegurada por
uma justaposição entre o princípio islâmico de tolerância com as outras “religiões do Livro” (judaísmo e
cristianismo) e a noção liberal de liberdade de consciência, o que gera tensões estruturais (Mahmood,
2016).

Giumbelli (2008) demonstra como, no Brasil, a destituição do catolicismo do posto de


religião oficial em 1890 foi seguida por sua ascensão a modelo normativo genérico. Tal processo
obrigou outras tradições a se adaptarem mimeticamente, por exemplo, através do foco legitimador na
“caridade” ou no modelo associativo de igreja. Religiões de matriz africana, por sua vez, foram
perseguidas através de leis relativas à magia e curandeirismo, práticas que se contrapunham à ordem
pública, logo cuja repressão não contradizia o princípio constitucional da liberdade religiosa. Esse
processo é complexificado pela adição de uma vertente “diferencial” de legitimação, que reacomoda
esses grupos à sociedade civil através das políticas da cultura. A emergência tardia do cristianismo
evangélico, por sua vez, representaria não apenas a insurgência de um novo grupo religioso, mas uma
reformulação estrutural da relação entre religião, sociedade civil e Estado nacional (Montero, 2006).

Nota-se que os secularismos egípcio e brasileiro podem ser pensados como variações
formalmente similares ao paradigma do “secularismo judaico-cristão”. Assim como este, eles são
ideologias religioso-seculares, apesar de suas secularidades serem predicadas em matrizes
alternativas, como o islã e o catolicismo. O mesmo pode se dizer da Índia, outro caso largamente
estudado, cuja secularidade teria sido moldada através da reconfiguração do hinduísmo por intelectuais
nacionalistas dos séculos XIX e XX em uma matriz cultural englobante (“filosofia”), apta a acomodar-se a
uma variedade de religiões majoritárias e minoritárias. Alheio aos problemas do laicismo, como a
privatização da religião, o secularismo indiano estaria preocupado, desde sua origem pós-colonial, com

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o “pluralismo religioso como um valor positivo combinado com a afirmação da unidade nacional dentro
de um enquadramento democrático” (Madan, 2010: 184). Bhargava (2010) destaca as continuidades
entre o secularismo indiano e seu passado pré-colonial, sugerindo que “enquanto os europeus
aprenderam a ideia de tolerância com relação a outras seitas cristãs a partir da sua própria experiência,
o espaço conceitual para a ideia da imparcialidade de todas as fés” (ibidem: 174) apareceu primeiro na
Índia.

Hasan (2010), por sua vez, destaca as estratégias verticais de regulação e reforma
secular do religioso pelo Estado indiano, como as leis que aboliram a intocabilidade e o casamento
infantil e que reconheceram o direito de família islâmico entre essa comunidade minoritária. Mais do
que uma emanação do passado, o pluralismo secular indiano seria marcado por uma interminável série
de “atos de contrabalanceamento” (ibidem: 208) predicados em uma gramática cívica que refratos
princípios e valores locais através de lentes liberais e republicanas herdadas do colonialismo, incluindo
suas tensões e paradoxos. 5 Por fim, a tensão longeva entre o secularismo indiano e o nacionalismo
hindu, que hoje chega a um novo ponto de ebulição (Ahmad e Kanungo, 2019), demonstra que o
trabalho acadêmico de tipificar secularismos não pode evitar o fato de estarmos lidando com um campo
de forças dinâmico, que agrega dimensões religiosas, intelectuais, jurídicas e políticas.

O fim da hegemonia da teoria da secularização tem encorajado um olhar mais cuidadoso


sobre secularismos não-ocidentais, projeto ainda em curso (Barragán e Blancarte, 2016; Engelke,
2015). Outra consequência tem sido um olhar mais situado sobre a própria Europa, cuja secularidade
permanece inconteste, apesar da existência de Estados com igrejas oficiais – como a Inglaterra, a
Escócia, a Grécia e países escandinavos. Quase todos os Estados europeus com separação formal da
Igreja mantêm uma série de vínculos contratuais mais duradouros com determinadas corporações
religiosas, principalmente nos campos da educação, saúde e patrimônio cultural, incluindo a França –
modelo do paradigma laicista. A legitimidade desses vínculos depende da divisão maioria/minoria, logo
varia de acordo com a responsividade a transformações étnicas e religiosas recentes. É importante
notar que valores liberais-democráticos como pluralismo religioso raramente coincidem com modelos
específicos de secularismo e podem ser mais enfatizados em contextos com igrejas estabelecidas,
como na Inglaterra, do que em contextos mais adequados ao conceito formalista de separação entre
Estado e Igreja, como a França. Indiferente do contexto (europeu ou pós-colonial), a definição de
secularismo enquanto “neutralidade do Estado com relação à religião” torna-se difícil de defender.
Casanova (2008: 111) admite que “[s] e olharmos para a realidade das democracias europeias
‘realmente existentes’ e não para o discurso secularista oficial, torna-se óbvio que a ampla maioria dos
Estados europeus não são estritamente seculares, e estão longe do mito da neutralidade secular”.

De acordo com Mahmood (2016: 3), o secularismo é “o poder soberano do Estado


moderno de reorganizar traços substantivos da vida religiosa, estipulando o que a religião é ou deve
ser, designando seu conteúdo próprio e disseminando subjetividades, enquadramentos éticos e
práticas quotidianas concomitantes”. Com base nessa definição, podemos assumir que a separação
formal ou não entre Estado e Igreja nunca implicará neutralidade com relação à religião, já que o

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secularismo político é um regime regulatório. O secularismo inclui uma dimensão pragmática indelével,
dado seu uso político como categoria discursiva apta a produzir cortes entre “nós” e “eles”, civil e incivil,
seja no governo doméstico de minorias (Fernando, 2014), seja na promoção de intervenções
geopolíticas (Mahmood, 2006; Reinhardt, 2011). Como destaca Asad (2003), tensões classificatórias
não devem ser julgadas a partir de um protótipo ideal de secularidade neutra, mas examinadas como
resultado da interdependência normativa entre o religioso e o secular. Esse fato torna os secularismos
realmente existentes também inerentemente contingentes.

E o especialista afirma que é um princípio muito valorizado na ideologia republicana


coletiva do país.

No entanto, muitos se perguntam sobre seu futuro. Isso porque a morte do professor
Samuel Paty — decapitado após ter mostrado a seus alunos caricaturas do profeta Maomé —
reacendeu as preocupações sobre o lugar da religião e da liberdade de expressão no país.

De acordo com uma pesquisa publicada logo após o ataque, elaborada pelo Instituto
Francês de Opinião Pública (Ifop), 87% dos franceses consideram que o secularismo está "em perigo"
e 78% consideram "justificado" que professores mostrem caricaturas zombando da religião para ilustrar
a liberdade de expressão do país.

Em parte devido ao temor de que um aspecto republicano muito valorizado se perca,


analisam os especialistas, nos últimos anos cresceu uma tendência mais extrema na França: o
laicismo radical.

Como a religião interfere na vida das pessoas?

A religião permite conhecer o local onde as pessoas vivem seus valores em uma cultura.
Ela é influenciada pela cultura, mas ela também influencia a cultura daqueles que vivem em seu
entorno. A religião permite um conhecimento maior dos valores que envolvem uma dada sociedade,
principalmente seus valores éticos.

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Secularização. Conceito de Secularização

O termo “secularização” faz referência ao processo gradual de abandono dos preceitos


culturais que se apoiam na religiosidade. Em outras palavras, está relacionado com o surgimento de
um modo de vida que não mais está estruturado em torno de uma visão firmada em hábitos ligados à
religiosidade. Trata-se da separação dos âmbitos culturais que estão ligados à crença das demais
estruturas da vida social, como a política, os aspectos monetários e os processos legais no âmbito do
Direito.

O que é o significado da palavra secular?

Que dura há muitos séculos, que é muito antigo. 5. Que ou quem não está sujeito a nenhuma ordem
religiosa (ex.: clero regular).
O que ensina o secularismo?

O conceito defende a liberdade de acreditar ou não em uma religião, garantindo o livre


exercício de todos os cultos, o que também implica que ninguém pode ser obrigado a respeitar dogmas
ou normas religiosas.

Quem criou o secularismo?

É nesse contexto que se dá o primeiro uso do termo “secularismo”, por George


Holyoake, em 1846, um projeto missionário de erradicação da superstição na Inglaterra através das
Sociedades Seculares.

Qual é o principal desafio da Teologia?

Os desafios à teologia são vários na pós-modernidade, o primeiro é se orientar em um


período totalmente relativo. Por um lado, há uma ideia de se viver um mundo pós-moderno, por outro
lado, a pós-modernidade é apenas uma face da modernidade (GONÇALVES, 2005).

Quais os desafios e perspectivas se apresentam para a Igreja no


século 21?
São muitos os desafios que cercam e acompanham uma Igreja com o rosto
misericordioso de Deus. É preciso mudar as estruturas, onde o povo vinha ao encontro da Igreja, e ir
ao encontro dos afastados, dos marginalizados e ser uma presença viva no seu meio.

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Quais as consequências da secularização?

Esta perda de influência repercute-se tanto no número de membros e suas práticas,


como na perda de prestígio das igrejas e organizações religiosas, repercutindo-se esta perda na
influência na sociedade, na cultura, na diminuição da sua riqueza, e, por fim, na desvalorização das
crenças e nos valores a elas associados.

Na história ocidental moderna, a secularização manifesta-se na reti- rada das igrejas


cristãs de áreas que antes estavam sob seu controle ou influência; separação da Igreja e do Estado,
expropriação das terras da Igreja, ou emancipação da educação do poder eclesiástico, por exemplo.

O que a secularização favoreceu?

O processo de secularização está relacionado, portanto, com a construção do mundo


moderno. A queda das teocracias (governos regimentados em torno de uma crença religiosa e seus
preceitos) da Europa feudal culminou no surgimento dos moldes das instituições modernas que ainda
hoje regimentam nosso mundo social.
A secularização envolve o surgimento de um novo modo de vida que não mais está
estruturado em torno de uma visão firmada em hábitos ligados à religião.

É fruto do processo de secularização moderna?

De acordo com Mahmood (2016: 3), o secularismo é “o poder soberano do


Estado moderno de reorganizar traços substantivos da vida religiosa, estipulando o que a religião é ou
deve ser, designando seu conteúdo próprio e disseminando subjetividades, enquadramentos éticos e
práticas quotidianas concomitantes

O pluralismo e os novos movimentos religiosos são frutos do processo de secularização


na modernidade, denotando as modificações ocorridas no campo religioso ocidental.

O que é uma sociedade secular?

O termo secular deu origem a secularização, expressão que designa o processo de


mudança pelo qual a sociedade deixa de ter instituições legitimadas pelo sagrado, baseadas no
ritualismo e na tradição, tornando-se cada vez mais profana (ou secular), baseada na individualidade,
na racionalidade e na especificidade.

Qual é a diferença entre secularização e secularismo?

Com isso, a temática da "secularização" foi remodelada e expandida em três frentes:


a secularização propriamente dita passou a ser descrita não apenas como um processo, mas também

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como um projeto sociopolítico inacabado; o secularismo, por outro lado, é a doutrina política que
sustenta o mundo secular e que se opõe à.

O que é uma educação secular?

Educação secular, como o nome indica, é aquela perspectiva educacional cuja atenção
é horizontalmente dirigida ao século atual.

Qual a tese da secularização?

A secularização está ligada ao processo de perda de relevância da religiosidade nos


vários aspectos da vida do sujeito moderno. Secularização é o nome dado ao processo descrito por
alguns teóricos da Sociologia que engloba o abandono gradual da religião e de organizações sociais
construídas sobre bases tradicionais.

Segundo Weber, os homens de seu tempo simplesmente não conseguiam fazer idéia de
como o Ocidente já foi religioso. Bate muitas vezes nesta tecla a sociologia de Max Weber, a tecla da
secularização como algo que já ocorreu e que, portanto, não comporta mais, da parte do sociólogo,
juízos de valor ou de desejabilidade.
Levando em consideração os conceitos das ações sociais, é possível dizer que Max
Weber defendia que a partir do uso das ações sociais, os indivíduos poderiam modificar a sociedade, a
política, as relações sociais e as organizações institucionais e governamentais.

Weber refere-se a esse fenômeno como “o processo de desencantamento do mundo”,


processo pelo qual o sujeito moderno gradualmente abandona costumes e crenças baseadas em
tradições aprendidas e que se apoiavam nos pilares fixos das religiões ou da “magia ”.

Secularização “implica aban- dono, redução, subtração do status religioso; [...] é


defecção, uma perda para a religião e emancipação em relação a ela”

Como a religião e a sociedade capitalista estão relacionados


segundo Max Weber?

Neste sentido, para Max Weber, a ética protestante (religião) possui afinidade eletiva
com o espírito do capitalismo (economia), não como relação de causa determinante do
desenvolvimento econômico, mas sim com um movimento de convergência, “um relacionamento de
atração mútua e de mútuo reforço” (Löwy, 2000, p. 35).

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Sobre o processo de secularização, Weber concluiu que grande parte da vida social foi
reduzida à lógica racional. A modernidade construiu-se em meio aos conflitos ideológicos da razão
objetiva instrumental, utilizada como ferramenta de abordagem de problemas e questões do
pensamento humano e de sua realidade, e abandonou progressivamente o pensamento tradicional.
Weber também faz alusão a esse fenômeno ao chamá-lo de “o processo de desencantamento do
mundo”, em que o sujeito moderno despe-se de costumes e crenças baseadas em tradições herdadas
ou aprendidas que se apoiam nos pilares fixos das religiões ou da “magia”. Explicações e
questionamentos baseados na utilização da razão instrumental quebram noções preconcebidas e
ancoradas no núcleo religioso tradicional.

Como as crenças influenciam a sociedade?

Crenças e costumes religiosos influenciam marcadamente a formação de sistemas de


valores morais, sociais e, inclusive, políticos e econômicos.

Por que e em que as pessoas acreditam? Num mundo em que mesmo os não crentes
vivem cercados pela fé religiosa dos mais diferentes credos, buscar explicações para conceitos como
pecado, Paraíso, Céu ou Inferno ajuda a revelar um pouco mais sobre nós e sobre o mundo em que
vivemos. Este livro é um passeio movido pela curiosidade do autor em questionar o que as pessoas
acreditam. Embora tenha examinado crenças da China, da Índia e do Oriente Médio – bem como as
religiões dos maias, astecas e incas –, a obra dedica uma especial atenção ao cristianismo, ao
judaísmo e ao islamismo, sem se limitar, no entanto, a examinar exclusivamente a crença religiosa. O
gfautor repassa também alguns credos que, acredita-se, são puramente políticos, como o marxismo,
refletindo como, de certa forma, essas ideologias se assemelham a religiões.

É muito triste constatar a realidade de que um grande número de cristãos, têm se


secularizado, têm dado enorme valor às coisas do mundo, em detrimento das coisas de Deus. Jesus,
em sua oração sacerdotal, pediu ao Pai que não fôssemos retirados do mundo, mas que fôssemos
libertos do mal (Jo 17.15). Isso porque temos a missão de ser sal e luz para este mundo (Mt 5.13-16).

Se temos a mente de Cristo, devemos seguir o que o apóstolo Paulo disse aos
colossenses: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da
terra” (Cl 3.1-2).

Nós morremos em Cristo para viver para ele. O Senhor nos concede vida, e vida em
abundância (Jo 10.10). Precisamos abandonar os atrativos seculares para desfrutar das maravilhosas
riquezas que temos em Cristo Jesus.

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Para o secularismo, o que importa é que funcione

Quem nunca ouviu a expressão: “O fim justifica os meios”? Esse conceito tem sido muito
usado em diversas igrejas evangélicas. Não importa se a mensagem pregada é a do evangelho
verdadeiro, o que importa é que venham novos membros, de preferência com dinheiro no bolso.

Essa ideia de fazer qualquer coisa para se atingir determinados objetivos é conhecida
como pragmatismo. Isso é algo bem secular e muito evidente em nosso tempo. O pragmatismo ensina
que pensamentos, ideias e ações só têm valor em termos de consequências práticas. Assim, não há
qualquer conjunto fixo teórico de valores.

A igreja cristã tem sido grandemente influenciada pelos conceitos pragmáticos do


secularismo. Se algo “funciona”, então é verdadeiro também para a igreja. Se a igreja enche, não
importa que meios estejam sendo usados para isso, pois se está dando certo, então, é a vontade de
Deus.
A vontade divina já não é algo explícito e objetivo, mas perfeitamente adaptável às
situações. O que realmente importa não é o princípio de sua presença santa, quem dita as regras, ou o
que está escrito na Bíblia, mas é aquilo que, do ponto de vista humano, funciona. Como disse
MacArthur, “o pragmatismo está em voga; o compromisso com a verdade bíblica é desprezado como
sendo uma fraca estratégia de mercado”.

De fato, é o “mercado” quem dita as regras. Cada vez mais a pregação da Palavra de
Deus cede lugar para novos métodos como teatro, dança, comédia, shows de rock, e outras formas de
entretenimento. Pelo fato de que esses métodos realmente atraem multidões, eles são considerados
como corretos em si mesmos, independentemente de serem bíblicos ou não. A cada momento, os
grandes ícones da “mídia evangélica” aparecem com um novo slogan que se torna, automaticamente,
a verdade do momento. É “tempo de colheita”, “tempo de se apaixonar”, “tempo de restituição”, “tempo
de cura”, etc. Isso dura até que apareça outro mais interessante e que dê mais resultados.
O rei Davi viu com assombro os resultados de fazer algo para Deus de modo
pragmático, em vez de seguir o que ele havia determinado. Deus havia dado as instruções de como a
arca da aliança deveria ser transportada (Êx 25.12-14). Em vez de seguir as determinações do Senhor,
Davi quis ser “prático” no transporte da arca de volta para Jerusalém. Ele imitou o modo mundano dos
filisteus para o transporte (1Sm 6.7-8). O resultado disso foi a morte de Uzá (2Sm 6.6-7). E, “temeu
Davi ao Senhor, naquele dia, e disse: Como virá a mim a arca do Senhor?” (2Sm 6.9). Seguir ao
mundo em vez de a Palavra de Deus nunca dá bom resultado.

Infelizmente esse desejo tem feito parte da vida de muitos cristãos. Eles têm sido
contaminados pelo desejo de possuir, de ter, de comprar. O Senhor Deus fica em segundo plano na
vida de muitos, que têm seus olhos voltados constantemente para Mamon. Jesus fez uma severa
advertência quanto a isso: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um

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e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”
(Mt 6.24). No texto grego, “riquezas” é uma tradução do nome “Mamon” que era considerado o deus
das riquezas. Mamon é, sem sombra de dúvida, o maior, e talvez até, o único deus rival do Deus
verdadeiro.

A igreja de hoje tem despendido muita energia na busca de adquirir dinheiro. Para
muitos líderes evangélicos de hoje, as pessoas a serem evangelizadas deixaram de ser consideradas
possíveis novos servos do Senhor para representar mais entradas no caixa da igreja. Ao mesmo
tempo, muitos crentes se tornam membros de igreja, mas não se envolvem financeiramente com ela
por meio dos dízimos ou de ofertas. O dinheiro fica em primeiro lugar. Mas ninguém pode servir a dois
senhores.

Mundo secularizado e posturas religiosas Cabem agora uma palavra sobre a


secularização na sociedade atual. Sabemos que os paradigmas mudaram, a forma de conceber a
realidade mudou, a vida em sociedade seguiu novos rumos. Palavras como subjetivismo, hedonismo,
niilismo, autonomia do sujeito, liberação sexual, respeito às diferenças são marcas do nosso tempo. E
a religião? Continua mantendo seus fundamentos e padrões clássicos ou também passou por um
processo de mutação? É sobre isso que queremos falar nesse tópico.

A religião não deixou de existir, como previam os sociólogos dos últimos séculos, mas
perdeu consideravelmente sua influência social. Mesmo assim, temos que admitir que as crenças
religiosas continuam sendo forças poderosas e motivacionais na vida de muitas pessoas, mesmo que
essas não queiram prestar um culto formal dentro das estruturas da igreja tradicional. É de se notar
que nas últimas décadas cresce o número de pessoas que mantêm uma crença em Deus ou numa
força superior, mas praticam e desenvolvem sua fé fora das formas institucionalizadas de religião.

Outro ponto a ser considerado é que, se diminui o número de fieis na Igreja Católica,
isso não ocorre com outros grupos religiosos como muçulmanos, hindus, judeus, evangélicos e cristãos
ortodoxos, em que há uma participação ativa e dinâmica.

Chama atenção também o fato de que há poucas evidências do processo de


secularização em sociedades não ocidentais como no Oriente Médio, Ásia, África e Índia. Aliás, o
fundamentalismo islâmico se coloca como elemento que se contrapõe e desafia a ocidentalização e a
secularização.

O sociólogo Anthony Giddens (2012) é enfático ao afirmar que o processo de


secularização não está ligado às religiões como um todo, mas às igrejas tradicionais.

Parece claro que, como conceito, a secularização é mais proveitosa para explicar as
mudanças ocorridas nas igrejas tradicionais atualmente – tanto em termos de declínio de poder e
influência quanto em relação aos processos internos de secularização que afetam, por exemplo, o
papel das 128 mulheres e dos homossexuais. As forças modernizadoras da sociedade como um todo
estão sendo sentidas em muitas instituições religiosas tradicionais.

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As crenças de Angola?

O país tem uma forte tradição Cristã e a Igreja Católica, em conjunto com três grupos
Evangélicos, tem fortes vínculos históricos com movimentos políticos e grupos étnicos regionais. A
Igreja continua a ser um foro para a organização política e social.

Estado laico significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso.
Também conhecido como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a imparcialidade em
assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião.

O secularismo em Angola pouco é verificado, pois a prática da religião neste país é


maior, a sociedade angolana esta dividida em diferentes religiões:

Religião Cristã;

Religião tradicional;

Religião a Muçulmana;

Porém existem alguns que vai se afastando das religiões por causa das práticas. Outro
aspecto muito importante no qual a igreja tem se secularizado é quanto ao lidar com dinheiro, com
finanças. O profeta Isaías descreveu uma triste situação em Israel e deu uma solene advertência: “Ai
dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como
únicos moradores no meio da terra!” (Is 5.8). Israel já precisava de uma reforma agrária. O que é esse
desejo de ter mais e de estar acima dos outros? O que é essa sensação que domina o ser humano e o
faz ter tanta vontade de possuir coisas? Esses homens, a respeito de quem o profeta pronunciou um
“ai”, iam comprando todas as casas e todos os campos até que se tornassem os únicos donos de tudo.
Então, eles podiam olhar para suas propriedades e dizer para si mesmos: “Tudo isto é meu”. Parece
que o desejo humano não se satisfaz enquanto existir algo que “não é dele”.

O papel da “religião” e da “espiritualidade” na organização da experiência subjetiva dos


indivíduos e como forma de alcançar qualidade de vida e fator de proteção contra adoecimento e danos
à saúde tem sido reconhecido e enfatizado por pesquisadores de diversas áreas de conhecimento
desde a década de 1970. Considerando isso, a proposta do Dossiê é acolher artigos que investiguem a
relação entre religião e espiritualidade na promoção da qualidade de vida, tendo como objetivo: a)
demonstrar como há, hoje, uma busca intensa do sentido da vida humana no âmbito da religião e
espiritualidade; b) indicar como a espiritualidade pode influenciar na saúde e nos aspectos emocionais
de diferentes atores sociais com crenças e religiões diversas; c) refletir sobre a espiritualidade como
caminho de transformação pessoal e social, como fator de integração humana na sociedade atual,
carente de sentido e de esperança existenciais; d) investigar como a espiritualidade e saúde têm sido
incorporadas no cotidiano da vida das pessoas. O Dossiê propõe compreender de forma mais
aprofundada como a religião e a espiritualidade têm ajudado as pessoas a lidar com os problemas que

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os afligem, ajudando-os explicar e ordenar o mundo e oferecendo significações indispensáveis para o
enfrentamento das situações que se deparam no dia a dia em suas vidas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de percorrermos todo esse caminho de reflexão, fica claro que o processo de
secularização é algo complexo e ainda em desenvolvimento.

Algumas perspectivas sociológicas do passado que apontavam para o fim da religião e a


crítica dos mestres da suspeita, já foram superadas. Percebemos que, além da permanência e atuação
das religiões tradicionais na sociedade atual, uma nova onda de busca do sagrado ocorre através dos
novos movimentos religiosos que surgiram nas últimas décadas.

No que diz respeito à relação entre Religião e Estado, acreditamos que todo esse
enfrentamento entre partidários de posturas religiosas (cristãos contrários ao aborto) e leis
governamentais que vão na contramão do que propõem as religiões (descriminação do aborto),
favorecem o aprofundamento de temas ligados à vida humana. Se o Estado, por ser laico, tem o direito
de reger a conduta dos cidadãos e criar leis civis sem a influência e interferência de regras e normas
religiosas como no passado, a religião também tem o direito e, quem sabe, até o dever profético de
colocar sua opinião e expressar seu posicionamento frente a tudo aquilo que diz respeito ao ser
humano. Devemos lembrar que, se no passado as posturas religiosas radicais foram prejudiciais a
muitas pessoas, alguns regimes políticos ditatoriais foram repressivos e violentos tanto quanto os
teocráticos.

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Referências bibliograficas

Acesse 30/052023 revistas.usp.br/leviathan/article/download/144756/150772/333508


Acesse 30/052023(pierucci, 1998, p.(basáñes & moreno, 1994)).
Acesse 30/052023 roberto rohregger é teólogo e mestre em bioética. Professor da área
de humanidades do curso de teologia da uninter.
Acesse 30/052023 (luehrmann, 2011).

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Acesse 31/05/2023 (löwy, 2000, p. 35).

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