ANAIS
XVI ENCONTRO DE
CIÊNCIAS SOCIAIS – UFPE
XVI ENCONTRO DE
CIÊNCIAS SOCIAIS – UFPE
Interligando
Perspectiva
Contemporâneas
XIV Encontro de Ciências Sociais
Universidade Federal de Pernambuco
PET Ciências Sociais
Revista Idealogando
Promoção:
Universidade Federal de Pernambuco
Coordenação de Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento de Antropologia e Museologia
Coordenação geral:
Elaine Müller (DAM/UFPE), Luciana Ferreira de Moura (DS/UFPE),
Eliane Maria Monteiro da Fonte (PPGS/UFPE).
Comissão organizadora:
David Ferreira de Araújo, Denilson Aluizio da Silva, Fagner José de Andrade,
Itamá Winicius do Nascimento Silva, Luana Bezerra Côrtes, Lucas Cavalcanti
Barbosa, Marcele de Morais Silva, Mônica Alves Rodrigues Alencar, Rayanna
Lucylle Simões Vilela Tavares, Rodrigo Ludermir de Oliveira, Tairine Ferreira
Pimentel, Thaís de Aguiar Leal Domingues, Wenderson Luan dos Santos Lima,
Yasmim Chagas Costa.
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SOBRE
Com o objetivo de dar continuidade a uma tradição que tinha sido interrompida
desde 1999 e retomada em 2003, quando se realizou a sexta edição, o grupo
PET Ciências Sociais, junto à Revista de Ciências Sociais, Idealogando, e à
Comissão organizadora do XIV ECS, está organizando, como parte de suas
atividades regulares de ensino e extensão, o XIV Encontro de Ciências Sociais.
Tendo sido iniciado em 1993 como um evento meramente local (reunindo quase
exclusivamente alunos e professores da UFPE), os encontros se firmaram ao
longo dos anos como um dos principais eventos na área de ciências sociais e
humanas no Estado de Pernambuco, reunindo alunos, professores,
pesquisadores, técnicos de ONGs e de órgãos do governo, que neles vinham
apresentar e debater resultados de suas pesquisas, além de participar de suas
mesas-redondas e de outras modalidades oferecidas. O sucesso dos Encontros
ficou evidente após sua retomada em 2004, tendo sido marcado por uma
expressiva presença de participantes locais e ao mesmo tempo alcançando
uma expressão nacional com a presença de conferencistas, debatedores e
interessados em geral vindos de diversas regiões do Brasil, além de ter tido o
apoio de instituições e órgãos de fomento como a FUNDAJ, o CNPq, a CAPES e
a FACEPE.
Para mais informações sobre o XII ECS pode ser consultado o site do evento: XII
ECS.
No VI ECS, primeiro executado pelo grupo, havia em torno de 160 inscritos e
pouco mais de 30 trabalhos apresentados. No VII Encontro, realizado em julho
de 2004, esses números subiram para 250 inscritos e 115 trabalhos
apresentados, demonstrando um elevado aumento do interesse da comunidade
acadêmica e extra-universitária em participar e se informar sobre as mais
diversas temáticas abordadas.
Objetivos:
1. Oferecer um espaço para que alunos, professores e pesquisadores de ciências
sociais possam apresentar trabalhos resultantes de suas pesquisas, sendo
este ao mesmo tempo um estímulo à produção de novos trabalhos e uma
oportunidade para sua divulgação a um público mais amplo.
2. Estimular o intercâmbio do Departamento de Ciências Sociais da UFPE, dos
seus docentes e discentes, com outros centros de ensino e pesquisa locais,
regionais e nacionais, através da interação acadêmica com professores e
pesquisadores vindos de fora para o evento.
GT 01
Ciências Sociais e História: diálogos sobre
política, crime e movimentos sociais.
Coordenadores: Thiago Nunes Soares (CE - UFPE/UFRPE) e Jamerson
Kemps Gusmão Moura (CE-UFPE).
Nas ciências sociais, o tema corrupção costuma ser abordado pela Ciência Política e pela
sociologia. A Antropologia começou apenas recentemente entrar nos debates sobre
corrupção. Assim, é preciso investigar as origens e os fatores culturais das condutas em
contextos demarcados pelas relações de poder. Portanto, a pesquisa volta-se para os
conceitos de amizade e parentesco como mecanismos sociais articulados para a ocupação
de cargos comissionados da secretaria de saúde do município de Bezerros. A literatura
antropológica sobre o tema é caracterizada, sobretudo, pelos trabalhos de Roberto DaMatta
(1987), Lívia Barbosa (1999) e Marcos Otávio Bezerra (1995). DaMatta busca compreender
o Brasil e suas redes de relações sociais, retratando os termos “casa” e “rua” não como
espaços geográficos, mas são categorias sociológicas. Lívia Barbosa (1999) enfatiza a
prática do jeitinho, categoria popular que não é classificada como um sinônimo de corrupção,
mas faz referência aos artifícios que driblam as normas socialmente construídas. Os textos
de Marcos Otávio Bezerra (1995) nos oferecem verdadeiras etnografias de práticas
corruptas por estudar as interrelações entre poder público e interesses privados. A
metodologia do projeto é de cunho qualitativo exploratória, tendo em vista que os estudos
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Giovanni Alves de Sá
Este artigo está inserido nas discussões teóricas acerca do militantismo e do engajamento
(Bourdieu, 1996, 1998; Lahire, 2004; Dubar, 1998; Elias, 2001; Gaxie, 1977). O presente
trabalho investiga as trajetórias dos militantes dirigentes dos movimentos sociais voltados
para a causa da educação no município de Paulo Afonso-BA. Buscou-se compreender neste
estudo, através da análise das trajetórias, como os diferentes recursos podem ser acionados
e reconvertidos para diferentes formas de engajamento, bem como ocupação de espaços
estratégicos dentro dessas organizações não governamentais. Procurou-se apreender, quais
os recursos sociais acionados e reconvertidos para diferentes formas de engajamento nos
espaços investigados. Também, foram analisadas as redes de relação estabelecidas ao
longo das experiências sociais, e sua utilização em favor do ingresso no meio militante e
profissional. Tal investigação permitiu, ainda, relacionar este tipo de militantismo, às
gratificações simbólicas específicas provenientes desses espaços ocupados.
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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.
( )
Geane Bezerra Cavalcanti
A escolha revista Manchete como objeto de estudo justifica-se por entender a imprensa
fundamentalmente como instrumento de manipulação de interesses e de intervenção na vida
social, não a considerando como um simples veículo de informações, transmissor parcial e
neutro dos acontecimentos, isolado, portanto, da realidade político-social na qual se insere.
Além de trabalhar intensamente na produção de consensos a imprensa busca fabricar
socialmente a amnésia, mediante a imposição da velocidade informativa. Pode, em algumas
circunstâncias, ocultar certos aspectos da realidade, inverter a relevância das informações
ou promover a descontextualização dos acontecimentos. A revista Manchete esteve
presente por quase cinquenta anos no dia a dia de milhões de brasileiros. Nesse sentido, ao
tomar o jornalismo impresso como fonte/objeto percebemos que os conteúdos trazidos por
esses veículos não podem ser dissociados do lugar ocupado pela publicidade em tais
empresas. É preciso atentar para fatores como a objetividade, a imparcialidade, a análise do
discurso e quais as motivações para a publicação de certas notícias.
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Este trabalho tem por objetivo analisar o Instituto Casa de Ana Frank, na Argentina, como
detentor da memória da jovem judia naquele país. Reconhecida pela Anne Frank Haus, na
Holanda, a casa Argentina segue o formato de difusão da memória padrão da casa Holandesa,
que consiste na harmonia entre a linha do tempo da história da Segunda Guerra Mundial e o
testemunho de Anne Frank descrito em forma de diário enquanto esteve no esconderijo. Além
disso, acrescenta ao espaço físico a visão didática, a partir da pedagogia da memória, a qual
consiste na imersão da experiência diante da dor do outro, estando a entrelaçar os relatos
de Anne com questões de um passado político obscuro no país, relacionando a ditadura e
seus desdobramentos sociais nos nossos dias. Nesse sentido, o fio condutor desta pesquisa
é a análise e problematização efetiva do lugar de memória dos relatos da jovem alemã no
instituto argentino, como parte central de discussões acerca dos direitos humanos e
temáticas voltadas ao tempo presente, a exemplificar: racismos, preconceitos e a não
aceitação do outro.
O presente trabalho compõe um elo reflexivo sobre o histórico do movimento negro brasileiro,
abordando suas principais características, lutas e conquistas. A partir dessa reflexão,
relaciona as principais ações desse movimento no tocante a garantia do acesso a uma
educação plural e democrática, que tem como consequência a promulgação da lei n. 10.639
no ano de 2003, que trata da obrigatoriedade do ensino da história da África e Afro-Brasileira
nas instituições públicas e particulares de ensino. Propõe uma reflexão articulada sobre o
movimento negro e a educação como eixos essenciais no combate ao racismo e a
discriminação racial, com ação transformadora no tocante a superação do mito de
democracia racial. Problematiza a discussão a partir de vários estudos referentes ao papel
do negro, da educação e do poder público na sociedade brasileira. Pensa a importância da lei
10.639/2003 na reflexão dos currículos educacionais brasileiros e suas possíveis
modificações no imaginário pedagógico. Utiliza pesquisa bibliográfica e documental no
tocante ao cumprimento dos seus objetivos. Para não concluir, reflete sobre o papel do
movimento negro contemporâneo, na garantia da implementação pedagógica da referida lei e
os caminhos para sua vivência nas instituições escolares brasileiras.
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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.
( )
Marcos Maurício Costa Freitas
Analisando a política educativa de Portugal entre os anos de 1928 e 1945, vemos que a
formação da juventude – a Mocidade Portuguesa Masculina e Feminina – era uma das
preocupações do Regime para a formação da sua base ideológica, assemelhando-se às
políticas educativas de outros países nacionalistas do período, inclusive com a nazista,
propagandeada pela revista A Esfera. Para isto, nos é caro estudos aprofundados tanto da
estruturação da educação nacional quanto da intelectualidade católica – que buscava
resgatar o espaço perdido durante a I República – e nacionalista, responsáveis por criar,
através da educação, o “homem novo” português aos moldes político e socialmente
aceitáveis. O uso da educação como aparelho ideológico não é uma peculiaridade do
salazarismo, mas recebeu nova roupagem no período. Na parcialidade dos resultados, nesta
sociedade proposta pelo Estado Novo português, cada grupo de atores sociais tinha a sua
função e por isso é mister entender as singularidades da Mocidade Feminina em relação a
Mocidade Masculina; a grosso modo, a Masculina formava os rapazes para exercer cargos na
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
administração pública e a Feminina cuidava da formação culinária das moças e futuras donas
de casa.
O objetivo desse trabalho é analisar como o processo de globalização desigual contribui para
o aumento dos fluxos migratórios dos senegaleses para cidade do Recife, levando em conta
a discussão acerca do espaço geográfico, investigando as causas e/ou motivações desses
fluxos migratórios, e a construção da identidade desses indivíduos enquanto migrantes.
Diante disso, será abordado o contexto histórico, sociológico e político da globalização, a
categoria de lugar e de espaço geográfico, em termos de desterritorialização e
reterritorialização, o processo histórico das migrações de Senegal no contexto global e local,
as migrações e suas questões político-econômica e social-cultural, os problemas sociais,
políticos, econômicos e jurídicos que os imigrantes encontram ao chegar no Recife, o
processo de integração social e as questões identitárias. O desenvolvimento da pesquisa foi
baseado em material bibliográfico e em entrevistas semiestruturadas.
.
Mestre em História das Ideias Penais pela FADIC, professor de Direito Penal da UNINASSAU; E-mail:
facas.adv@gmail.com;
Discente do mestrado de História da Universidade Federal de Pernambuco; E-mail:
mateusrafael@hotmail.com.
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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.
(
Francisco Marcelo Gomes Ferreira
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
( )
Midian Tavares Correia
Drª Giselda Brito Silva
Erradicar o que simbolizava o velho, assim orientava o Estado Novo através de suas
propagandas e de seus discursos, pois o progresso era a meta para a construção de uma
nova sociedade. Dessa forma, os anos de 1937 a 1945, período Estadonovista, no qual o
governo propagava investimentos em projetos populares de melhoria para os pobres, desde o
trabalho até a moradia. Mas este projeto não atinge a todos, pois o pobre continuava sendo
visto como caso de polícia. O plano de remodelação da cidade mostrava o trabalho do
interventor no intuito de retirar do cenário o que significava o arcaico e por isso estava longe
do projeto de modernização almejado. A meta dessa pesquisa é mapear a relação entre a
política social de inserção da população pobre nos projetos sociais e o controle destas
comunidades, com base no cotidiano desses sujeitos. Dessa maneira, A população pobre,
especialmente os de empregos informais viviam de atividades diversas: sapateiros,
vendedores, lavadeiras, engraxates etc., estavam sempre tendo atritos com as autoridades,
pois o Estado Novo via nesses sujeitos o exemplo da feiura e da desordem do Recife. De
modo geral a população recifense pobre era vista como desordeira e responsável pela
dificuldade do processo modernizador que o Recife passava através de um novo ritmo
econômico e social do Estado Novo.
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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.
Uma vez que poucas são as obras canônicas que se referem ao mundo do trabalho,
promovendo um apagamento social do trabalhador em nossa sociedade, o presente trabalho
tem como objetivo analisar a condição dos trabalhadores na França na década de 1860
através da obra Germinal de Émile Zola, tendo como apoio o que os textos da Primeira
Internacional dos Trabalhadores e o que a historiografia nos apresenta a respeito da
organização do mundo do trabalho da década de 1860 e a partir disso investigar o cenário de
exploração dos trabalhadores e suas reivindicações básicas, como moradia, jornadas de
trabalho, salário, educação, reunião sindical, etc. Além disso, como o mundo do trabalho não
está deslocado do mundo dos burgueses, entender a relação entre burgueses e
trabalhadores é essencial para compreender as reivindicações e as lutas dos trabalhadores.
O uso da literatura se justifica na noção de que ela é baseada em uma realidade histórica e
expressa, em seu desenvolvimento, os conflitos sociais, políticos e até econômicos que se
mostravam latentes no determinado momento histórico social de produção.
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Doutoranda em Direito na Università degli Studi di Roma Tor Vergata (Itália); E-mail:
rose.dayanne@posgrad.ufsc.br
( )
Stênio Ricardo Carvalho dos Santos
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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.
O presente estudo busca refletir sobre uma temática atual nas Ciências Sociais, a Sociologia
do Futebol. No Brasil e no mundo esse esporte de massas está ligado à violência. Tendo em
vista a presença do futebol em páginas policiais e baseando-se em formulações atuais de
autores como Maurício Murad e Luiz Henrique de Toledo a produção procura aprofundar o
debate sobre a violência no futebol que deve ir além da simples criminalização das torcidas
organizadas. Identificado a ineficiência do Estado, questiona-se o paliativo que é
simplesmente proibir as “TO’s” dos estádios. Ação midiática que desconsidera a
heterogeneidade das torcidas e dificuldade de seus dirigentes em controlar os torcedores. A
festa nos estádios é afetada sem reduzir os casos de violência, inclusive, sendo motivo de
aumento do preço dos ingressos mostrando o teor classista na criminalização das “TO’s”. O
fim do Programa Todos com a Nota em Pernambuco é um exemplo. Conclui-se então que o
cenário só poderá mudar no país se o Poder Público formular ações em comum acordo com
as “TO’s” que são silenciadas mesmo sendo as principais afetadas.
( )
Aurélio de Moura Britto
A pretensão deste trabalho é discutir como a implantação das oficinas de trabalho coletivo
na Casa de Detenção do Recife, na década de 1860, suscitou o advento de um conjunto
diversificado de interações e sociabilidades entre habitantes da cidade e a instituição
prisional concorrendo para esmaecer o sentido normatizador e moralizador conferido ao
trabalho pelas elites prisionais no Oitocentos. O pecúlio que auferiam alguns detentos a
partir dos produtos fabricados coletivamente nas oficinas atuou no sentido de fomentar
múltiplas relações mercantis entre os detentos e o mundo circundante, colocando em
contiguidade a prisão e a cidade. Nesse sentido, tencionamos perscrutar o trabalho prisional
para além da retórica dos administradores admitindo que – neste caso especifico – mais do
que agente disciplinador, o trabalho foi, efetivamente, suporte para autonomia e barganha
dos detentos e de atrativo pecuniário para diversos segmentos depauperados da cidade.
Portanto, o trabalho dimensiona as diversas interações e contiguidades que se
estabeleceram entre o mundo prisional e os segmentos populares na cidade do Recife.
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GT 02
Raça, gênero e identidade: a produção de
conhecimento sob o olhar da
interseccionalidade.
Coordenadoras: Alyne Isabelle Ferreira Nunes (PPGS - UFPE), Juliana Torres
Y Plá Trevas (PPGS - UFPE) e Indira Corban Brito Guerra (PPGS - UFPE).
A questão racial e o abismo existente entre negros e brancos no Brasil é algo pouco
veiculado e de ínfima visibilidade nos grandes espaços de comunicação. A fim de manter as
hierarquias sociais, o Estado busca invisibilizar as fronteiras existentes entre o universo do
negro e do branco no Brasil, tornando questões estruturais em meras questões individuais,
baseadas na meritocracia. Nesse contexto, a busca incessante pelo padrão eurocentrado
acarreta no não reconhecimento de nossa existência enquanto sujeitos negros/as e
sustenta a hegemonia e hierarquização de um único padrão - o branco. Assim, levanta-se
como objetivos a análise e a reflexão de como a ideologia do branqueamento adentra na
sociedade brasileira e é, ainda hoje, tão naturalizada. Para tanto, busco analisar as formas de
invisibilização da população afrodescendente, isso a partir da negação de seus traços, tendo
como principal deles, o cabelo da mulher negra. Entendendo que as opressões estão
intricadas em uma sociabilidade patriarcal, classista e eurocentrada, busco alçar uma
revisão bibliográfica a partir de leituras que adentrem no escopo da referida temática, assim
como também a partir de observações do cotidiano.
A negação da beleza negra remonta desde a escravidão e o cabelo foi e continua sendo, junto
com a cor da pele, um dos principais sinais diacríticos da negritude. A introjeção dessa
negação estética marca profundamente a subjetividade daqueles que o racismo subjuga sob
o estigma da inferioridade. Movimentos políticos importantes surgiram, então, a fim de
revalorizar a beleza negra. O slogan “negro é lindo”, construído no contexto de luta contra o
apartheid na África do Sul, teve repercussão internacional. Nos EUA, durante as décadas de
1960 e 1970, os movimentos “black is beautiful” e “black power” marcaram fortemente a
luta antirracista e a ressignificação da estética negra. Os reflexos também foram sentidos
no Brasil. A partir daí, houve um movimento crescente no sentido de ressignificar essa
beleza, destacando-a e valorizando-a. Nesse contexto, a redefinição do lugar estético do
cabelo crespo ocupa um lugar fundamental. O cabelo pode, então, ser ressignificado, assumir
uma conotação política e resgatar o seu valor de beleza. Importante frisar que, apesar de
estrategicamente e historicamente importantes, essas táticas de reversão permanecem
contraditórias e ambivalentes. Esse trabalho debruça-se especificamente sobre a
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GT 02 Raça, gênero e identidade:
a produção de conhecimento sob o olhar da interseccionalidade.
importância do cabelo para as mulheres negras, porque, para elas, assumir o cabelo “natural”
não é só uma valorização da negritude ou da descendência africana, mas uma rejeição direta
de uma concepção de beleza feminina que inclusive muitos homens negros reiteram. A
negação da beleza negra nega o próprio pertencimento à categoria mulher. Não por acaso,
uma das proposições mais emblemáticas do feminismo negro é a frase de Sojourner Truth: “E
eu não sou uma mulher? ”. O cabelo, então, importa de maneira diferente para homens e
mulheres negras. Através da lente teórica do feminismo negro, será possível entender melhor
a interseccionalidade da raça e do gênero, ou seja, como os dois operam juntos (CRENSHAW,
2002). O feminismo negro veio demarcar a diferença existente no próprio âmbito do
feminismo. É por isso que, segundo Dona Haraway (1990), a política das diferenças ou de
identidades, produzidas nos anos de 1980 por esses novos sujeitos, foi importante para
desconstruir a noção totalitária da identidade única do feminismo. Além disso, para uma
breve análise sociológica da ressignificação do cabelo crespo (mais especificamente do
processo de transição capilar), farei uso da teoria do reconhecimento de Axel Honneth.
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre as estratégias articuladas por mulheres
bolivianas para a execução do trabalho doméstico em suas casas e famílias. Nesta pesquisa,
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
são consideradas mulheres bolivianas que moram na cidade de São Paulo. As reflexões aqui
apresentadas ainda estão em desenvolvimento dado que este artigo é parte da pesquisa de
mestrado ainda em andamento. Considerando a perspectiva interseccional, este artigo
reflete sobre as categorias “trabalho”, “migrações”, “gênero” e “classe”. Ser imigrante pode
dar contornos específicos a forma como o trabalho doméstico é organizado; uma mulher
imigrante pode ter dificuldades para estabelecer redes de apoio, assim como pode integrar
cadeias globais de cuidado. Além disso, o trabalho doméstico pode envolver negociações
com empregadores, companheiros/as, familiares e instituições. Assim, a análise das
articulações para a execução do trabalho doméstico nas casas e famílias destas mulheres
podem elucidar complexidades deste trabalho e diferentes dimensões das vidas das
bolivianas.
O presente trabalho de pesquisa trata de uma etnografia que vem se desenvolvendo sobre
Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, buscando analisar a temática da Intolerância
Religiosa que vem se tornando comum contra os fieis das religiões de matriz africana.
Tomamos por análise teórica as categorias de Redistribuição e Reconhecimento de Nancy
Fraser trabalhadas em seu texto “ Da Distribuição ao Reconhecimento? Dilemas da Justiça
na Era Pós-socialista”. A Caminhada de Terreiro de Pernambuco é um evento que vem se
realizado há uma década em Recife. Ela se enquadra como um acontecimento que ocorre
dentro do Movimento das Comunidades Tradicionais de Terreiro de Pernambuco. A nossa
pesquisa de iniciou através de leituras já realizadas sobre o tema, de pesquisas em blog,
facebook e website sobre o assunto, e principalmente, em algumas entrevistas coletadas
dos dirigentes deste evento, sem esquecer também nas nossas observações participantes
em caminhadas anteriores. Dentro da nossa metodologia, estamos utilizando conteúdo de
entrevistas coletadas, material de cunho documental recolhidos em nossas visitas, sem se
esquecer de mencionar do método etnográfico, que é o cerne da pesquisa. O nosso trabalho
se objetiva em identificar a ausência ou a presença das categorias de distribuição e de
reconhecimento, conforme analisa Fraiser, dentro do evento e suas consequências e matizes
neste processo de luta contra a intolerância religiosa e o racismo em Pernambuco.
23
GT 02 Raça, gênero e identidade:
a produção de conhecimento sob o olhar da interseccionalidade.
A desigualdade da participação das mulheres nos espaços das culturas populares não é algo
recente, remonta de longos anos. O patriarcado, o machismo, as relações de gênero e outros
fatores perpetuados ao longo dos séculos no contexto histórico social possibilitaram com
que a presença feminina no campo das artes fosse permeada pela invisibilidade e exclusão
nos espaços culturais, e consequentemente na existência de poucos estudos que abordem a
presença das mulheres na cultura. Este artigo teve por objetivo analisar a presença das
mulheres e as relações de gênero no maracatu de baque solto Cambinda Brasileira e
compreender os significados e valores atribuídos ao feminino e ao masculino e como a
categoria de gênero concorre para desigualdades no folguedo. Além de analisar se a
participação delas concorre para o seu protagonismo e destacar as conquistas e desafios
que se apresentam às mulheres no maracatu de modo a contribuir para a consolidação das
políticas que façam a interface entre gênero e cultura.
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Ao longo dos anos devido a minha maior inserção na cena feminista recifense pude conhecer
a diversidade dos coletivos, grupos e movimentos que compõem essa cena. E assim, refletir
sobre a premissa de que o feminismo é majoritariamente branco e de classe média. Será
mesmo? Decidi, então, na minha pesquisa de mestrado realizar um estudo sobre e junto com
as mulheres que integram o grupo “Espaço Mulher”, localizado em Passarinho – bairro
periférico da cidade de Recife. Dessa forma, o presente artigo, fruto da disciplina Gênero,
Sexualidade, Cidadania e Direitos Humanos, discuti as possibilidades de operacionalização
do conceito de interseccionalidade na perspectiva de Crenshaw (2002) e de Degele e Winker
trazida por Mattos (2011). Ambas fazem a articulação da dimensão estrutural e subjetiva,
possibilitando assim um avanço na investigação social. Ao final da interlocução entre as
duas autoras compreendo que para realizar uma análise adequada da discriminação
interseccional faz-se necessário escolher métodos de coleta e de análise que permitam que
as sujeitas da pesquisa possam expressar sua voz e descrever como se dão suas próprias
experiências.
Este trabalho faz parte da minha dissertação de mestrado que está em andamento e propõe
a ressignificação do termo travesti e da luta que há em frear os discursos marginalizados
sobre as travestis dentro dos marcadores gênero e raça, igualmente reflito sobre os
processos indenitários das travestis (seguindo a Stuart Hall), de forma relacional, ou seja,
desde a auto denominação, mas também da heterodenominação. Nesses processos ocorrem
tanto os estigmas como a forma em que são assumidos pelos sujeitos (tal como afirma
Goffman). Neste contexto, atento a análise das formas em que as travestis formulam suas
política identitária, como um espaço simbólico (carregada de sentido) que acaba permitindo-
lhe resistir e combater o sistema cultural de gêneros. As travestis têm resistido às
definições médicas e psiquiátricas que afirmam que elas são homens que se vestem com
roupas determinadas para o gênero feminino por fetiche sexual, tal definição não toma em
conta a amplitude de sua forma de vida, pensamento ou identidade. Não tenho intensão de
invalidar outras formas de experiências subjetivas, nem outras formas de viver e
compreender a vivência travesti. Aqui o gênero é compreendido como uma construção
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GT 02 Raça, gênero e identidade:
a produção de conhecimento sob o olhar da interseccionalidade.
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
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GT 03
Saúde, Corpo e Emoções
Coordenadores:Álvaro Botelho de Melo Nascimento (PPGS - UFPE), Eliane
Maria Monteiro da Fonte (PPGS - UFPE).
Hospitais são, por natureza, lugares frios e apáticos. É se contrapondo a esta forma de
exercer a medicina que surgiram projetos com objetivo de levar humor e ludicidade a esses
ambientes. A palhaçoterapia compartilha desse objetivo. Assim, entendo a palhaçoterapia
como uma prática de cuidado e humanização na saúde. O cuidado nas práticas de saúde deve
ser entendido como um elemento mediador tanto entre a tecnociência médica e o cuidado,
como na relação profissional de saúde e paciente, assim seria possível uma participação
solidária e a responsabilização de todos os envolvidos na produção de saúde (pacientes,
profissionais e gestores). A palhaçoterapia, entendida aqui como uma ferramenta de
humanização, coloca o individuo como um ser completo, que deve ser cuidado em sua
totalidade. É comum encontrar nas universidades e faculdades de saúde projetos de
extensão para a prática da palhaçoterapia. A pesquisa, em fase inicial, consiste em estudar o
projeto de extensão PERTO (Projeto de Encontro e Risos Terapêuticos) vinculado ao
Programa MAIS da Universidade Federal de Pernambuco. Na busca por entender de que
maneira a palhaçoterapia pode influenciar nas práticas de cuidado e humanização.
Com o aumento da longevidade no Brasil nas últimas décadas e a nova realidade demográfica
que se constitui a partir disso, este trabalho tem como objetivo socializar os resultados
parciais do estudo de caso realizado no Lar Torres de Melo, uma instituição de longa
permanência para idosos, localizada na cidade de Fortaleza/CE. Fundada em 1905 como uma
iniciativa adotada para atender a população em situação de rua e que sofria com os efeitos
da seca, a instituição foi gradativamente direcionando suas atividades para atender à
população idosa, possuindo atualmente cerca de 230 residentes. Identificamos que boa
parte deles teve a perda dos vínculos familiares de maneira gradativa e posterior ao
processo de institucionalização. Sabendo que o Estatuto do Idoso estabelece diretrizes para
as políticas de atendimento ao idoso, por meio de ações em entidades que desenvolvam
programas de institucionalização de longa permanência, de modo a preservar os vínculos
familiares, buscamos compreender as características e contradições da prática de
institucionalização da velhice considerando as perdas em decorrência deste processo e suas
implicações para a saúde mental e bem estar dos idosos.
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GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
garantia, pois a maternidade não deve ser um fardo na vida de uma mulher. A pesquisa foca
em Pernambuco, sendo este o Estado com mais casos de microcefalia no Brasil.
O presente trabalho, que faz parte da pesquisa “Etnografando cuidados e pensando políticas
de saúde e gestão de serviços para mulheres e seus filhos com distúrbios neurológicos
relacionados com Zika em Pernambuco – Brasil” desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa
Família Gênero Saúde e Sexualidade-FAGES/PPGA, tem como objetivo investigar, em
diferentes contextos, as relações de cuidados dos membros masculinos de famílias com
crianças nascidas com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, não se limitando ao papel
paterno, e sim ampliando a rede de apoio a todos os homens envolvidos nos cuidados com a
criança. A metodologia pensada para atingir os objetivos se concentra em entrevistas e na
análise etnográfica das relações de cuidados envolvendo homens a partir do nascimento da
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GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.
criança e como essa relação masculina (de pais, tios, irmãos, primos, avôs) se relaciona com
a rede de cuidados em um contexto geral.
A maneira como a felicidade é exposta foi se alterando ao longo do tempo. Nas so-ciedades
tradicionais, a felicidade era amplamente regulada e não compartilhada, e segundo
Lipovetsky neste período a inveja era mais acentuada e socialmente estruturada, ou seja, ela
nunca era compartilhada nem exposta. Já nas sociedades contemporâneas, que são
definidas pela compressão do espaço e do tempo, acontece exatamente o oposto; as
pessoas passam a expor mais sua intimidade porque as fronteiras até então existentes
entre o público e o pri-vado deixaram de existir; ou seja, essa mentalidade de que os outros
querem roubar a felici-dade deixou de existir na contemporaneidade. As pessoas passaram
32
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
então a compartilhar cada vez mais sua intimidade em espaços que viabilizam esses
compartilhamentos, como as redes sociais e ao mesmo tempo as pessoas passam a
consumir a imagem do outro através dessa maior visibilidade que é dada pelas redes sociais.
Nesses espaços as pessoas possuem uma maior facilidade para controlar as suas
representações, querendo assim se mostrar aos outros através da melhor luz possível, ou
seja, sempre enfatizando suas qualidades. Sendo assim, é importante refletir como estudo
das emoções possibilita uma compreensão do pen-samento social de uma determinada
sociedade em um determinado período e a hiper e a hipovalorização de certas emoções
também acabam refletindo na sociabilidade, na saúde mental, na criação de ferramentas
como as redes sociais estudadas, entre outros aspectos da sociedade. Através disso, viso
compreender esse assunto ligado à atualidade, uma vez que a felicidade se tornou na
contemporaneidade uma motivação e até mesmo um imperativo so-cial para que as pessoas
sejam aceitas na sociedade e que é impossível pensarmos nossa sociedade sem esses
espaços de sociabilidade como as redes sociais, que são lugares que reforçam essa
superexposição da felicidade.
O trabalho visa evidenciar quais as perspectivas e conceitos envolvidos por traz de uma
campanha publicitária. Abordando não a venda do produto, mas sim uma relação que envolve
sentimentos e significados. E como isto está implícito no ato do consumo, formulando assim
um elo entre, felicidade, prazer e consumo. Discutindo a partir dos conceitos de Bauman e
Rocha, que trazem em seus textos uma gama de contribuições acerca do tema.
Contribuições essas, que iniciam a partir das reflexões de Bauman, sobre a relação
inversamente proporcional, entre o crescimento econômico e o aumento da felicidade. E
Rocha, apresenta o que seria a publicidade e sua função, trazendo também o conceito do
“sonhar acordado”. No estudo foi possível concluir que o fator econômico não determina o
índice de felicidade de uma sociedade, havendo assim um reforço do hedonismo presente na
sociedade moderna e nos meios pelos quais se dão a felicidade neste grupo de pessoas com
interesses comuns. Objetivo: Analisar a partir das perspectivas de autores das ciências
humanas as relações existentes entre o conceito de felicidade e como ele está vinculado a
propaganda publicitária da Coca-cola “Abra a felicidade”
33
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.
Este trabalho pretende fomentar a discussão sobre a percepção dos jovens em relação a
felicidade através da valorização de suas identidades no ambiente escolar. Por meio da
aplicação de um questionário identificamos qual a importância da escola na construção de
suas identidades bem como a concepção que os jovens tem sobre felicidade a fim de
compreender a relação entre prazer e sofrimento que podem ser vivenciados na escola. A
pesquisa abordou os jovens do Ensino Médio da rede Estadual de Pernambuco. A análise dos
dados demonstra que entre o jovem e a escola encontramos muitas expectativas em uma
relação que vai além do caráter escolarizador, pois a escola também é um espaço de
socialização. A concepção de felicidade está atribuída ao fato de serem reconhecidos como
sujeitos que agem no e sobre o mundo, e nesta ação se produz, ao mesmo tempo em que se
é produzido nos conjuntos das relações sociais estabelecidas nos ambientes onde está
inserido, neste caso, a escola. Portanto, é necessário que este espaço seja favorável a que
cada um experimente e amplie as suas potencialidades. Por isso fazemos uma crítica à
educação esvaziada de sentido e conteúdista para possibilitar uma nova dimensão no ato de
educar, alternando o encaminhamento da educação contemporânea tornando-se
integralmente significativa. Palavras- chave: Juventude, educação, felicidade, escola.
Existe roupa para velho? Na sociedade contemporânea em que o corpo é tratado como
capital físico, simbólico, social e econômico, o envelhecimento é tido como um momento
triste e de grandes perdas. O corpo envelhecido da mulher é um objeto a ser explorado de
forma a negar o envelhecimento e a idade avançada. Desta forma, alguns modelos de corpo e
comportamento são considerados como uma das riquezas mais desejadas pelos indivíduos.
Partindo, assim, do princípio que a roupa e a moda em geral nos permitem enxergar uma
relação entre indivíduo e sociedade, sendo o corpo um elemento de entrelaçamento destes,
pretendo mostrar como o ato de vestir-se equivale a uma transformação do corpo (em
múltiplos significados: biológico, estético, psicológico, entre outros), uma transformação
34
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
daquilo que é “natural”. Enfim, meu propósito é mostrar como corpos velhos são
transformados com relação a um padrão legitimado socialmente. Com isso não quero apontar
uma transformação em direção ao oposto da velhice, a juventude, mas em direção a uma
noção de estilo e elegância que se constrói na interseção entre moda e geração. Para tanto,
farei uma análise de contas da rede social instagram de ícones fashions da terceira idade,
ressaltando como mulheres da terceira idade agenciam a moda e suas vestimentas como um
elemento importante na construção do self, analisando, ainda, de que forma a moda interfere
em sua relação com o próprio corpo.
O nosso trabalho consiste num ensaio etnográfico que está sendo desenvolvido com um
grupo de pacientes portadores de HIV/AIDS do Hospital Correia Picanço, que é referência
estadual para o tratamento de doenças infectocontagiosas, especificamente AIDS. O
trabalho consiste num estudo de grupo de paciente que estão em tratamento de HIV/AIDS.
Neste momento o nosso trabalho está na fase de pesquisas e coleta de dados na Secretaria
de Saúde e no próprio hospital- onde trabalho. Além disso estamos realizando entrevistas
com a equipe dirigente e administrativa do hospital e em especial funcionários que
trabalham neste setor para que consigamos identificar pessoas que nos permitam pesquisá-
los. Estamos desenvolvendo leitura dos teóricos Erving Goffman o Estigma e alguns
conceitos e aspectos metodológicos do livro O Trabalho do Antropólogo de Roberto da Matta
O nosso objetivo maior é desenvolver uma Oficina de Direitos Humanos, a fim de esclarecer e
empoderar da garantia dos direitos à assistência à saúde adequada e fazê-los conscientes
sua cidadania e dignidade perante a sociedade e também minimizar os efeitos
discriminativos que ocorrem na sociedade e possibilitar um intercambio social saudável da
pessoa em seu cotidiano, buscando acabar com baixa estima deste grupo, uma vez que pode
levar ao desenvolvimento de um quadro resultado no auto isolamento, na depressão e nas
reclusões sociais.
35
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.
O resumo que presentemente submeto se refere a um excerto de uma pesquisa teve início
em abril de 2016. Durante cerca de um ano e meio busquei entender a experiência de
estudantes de graduação que afirmam conviver com ansiedade de uma forma que limita suas
experiências cotidianas, particularmente, as acadêmicas. No trecho submetido parto da
análise comparativa entre ansiedade a partir de dois referenciais centrais para esta
pesquisa. O primeiro trata-se de entender o que significa ansiedade como categoria
psiquiátrica. O segundo trata da experiência dos interlocutores. Os períodos em que os
estudantes se reconhecem em crise são situações privilegiadas de compreensão.
Adentrando nesse momento crítico, estudo dos gatilhos para as crises. Optei por analisa-los
dentro de três categorias: a universidade, os colegas e os professores. Pude tomar como
conclusões principais a presença de um ambiente competitivo, meritocrático e produtivista e
uma expectativa desmedida para com o saber acadêmico. Tal contexto se traduz na forma da
disputa por bolsas, na forma como muitos traduzem seu valor pessoal através de notas ou
comentários de colegas e professores, no medo de ser mediano ou insuficiente. Entretanto,
mais do que isso, esta competitividade e agressividade está também incorporada por esses
alunos, e isto é essencial para que os gatilhos se potencializam.
36
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
pela saúde mental e de que modo o diagnóstico de problemas de ordem cognitiva acarretam
na perpetuação desses processos de exclusão na sociedade.
Trabalho de Conclusão de Curso em andamento que tem por objetivo analisar a oferta de
serviços de reabilitação para crianças com síndrome congênita do Zika Vírus na rede SUS de
Pernambuco. Essa é uma pesquisa exploratória descritiva que está sendo desenvolvida a
partir de consulta de documentos, com identificação das Instituições vinculadas ao SUS que
ofertam serviços de reabilitação para crianças com síndrome congênita do Zika Vírus e sua
distribuição por região no estado, realizando visita à instituição selecionada, para a análise,
observação e entrevistas semiestruturadas que enfatizam as percepções dos profissionais
de saúde sobre o atendimento e a qualidade do serviço oferecido pelo SUS. Com o foco dos
pesquisadores voltados para a região metropolitana, há o interesse em interiorizar as
pesquisas e tendo em vista essa necessidade, o estudo selecionou a Instituição APAMI
Vitória que é um serviço conveniado ao SUS municipal e se tornou Referencia Estadual,
localizado a uma distancia de 60km do Recife, para ser a unidade da pesquisa.
37
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.
ser humano, a natureza e a relação de sustentabilidade entre ambos (ANDRADE et al., 2013).
Na busca de querer compreender as perspectivas dos usuários de saúde mental que
frequentam um serviço voltado para o trabalho e geração de renda, procura compreender
como estes sujeitos percebem as ações desenvolvidas pelo Projeto com a proposta da
reabilitação psicossocial através do trabalho e geração de renda. Os resultados desta
investigação propiciam a construção de referenciais teóricos-metodológicos sobre a
concepção do trabalho na reabilitação psicossocial para os usuários que participam do
Projeto Geração de Renda
38
GT 04
Antropologia da Saúde e as Práticas
Tradicionais de Cura.
Coordenadores: Renato Athias (PPGA - UFPE) e Virgílio de Almeida BonJm
Neto (PPGA - UFPE).
Renato Athias
Esta apresentação tem a finalidade problematizar a noção de saúde utilizada no âmbito dos
serviços de saúde implementado entre os povos indígenas através d modelo de atenção
utlizado nos Distritos Sanitários Especiais Indeigens (DSEI). O debate lançado nesta
apresentação tem como base os trabalhos realizados o acompanhamento dos sao do Alto
Rio Negro. As principais linhas argumentativas surgem a partir de investigações
principalmente no campo das práticas xamânicas em voga na atualidade entre os índios nas
diversas áreas indígenas que se teve o acesso e em conversas com detentores de saberes
tradicionais indígenas e praticantes da cura indígena.
Desse modo à escolha para elaboração desse trabalho parte dessa vivência tão presente
com uma grande benzedeira, ao longo de minha formação enquanto individuo. Como seus
conhecimentos influenciara,/influenciam até hoje, principalmente na academia. De parar –
me com discursos cientificistas, no qual desligitam o saber tradicional enquanto ciência,
conhecimento esse que a milhares de anos vem auxiliando na melhoria de vida do ser
humano, mas que é colocada em cheque quanto se tem um patente de indústria farceutica.
Os seus conhecimentos não foram passados para ninguém da família, pois segundo ela não
havia nenhum apto a aprender ou até mesmo conhecer tais conhecimentos, que
necessitavam de tempo, desprendimento para os ensinamentos, dedicou sua vida a prática
de benzer, e hoje já muito de idade, somente benze a família, mas nunca deixando de
recomendar um chá para gripe, óleo de minhoca para dor na coluna ou rosa branca para o
coração.
40
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Dessa maneira o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a construção da narrativa
no processo saúde/doença mental, assim como, discutir a concepção da doença mental
como processo de ruptura, utilizando-se da Antropologia dos rituais e da performance.
A discussão levantada sugere que a culturalização de processos internos, por meio da
narrativa, permite analisar diferentes dimensões do sujeito. Elaborar a narrativa de uma
experiência constitui material analítico, tanto do ponto de vista das considerações
(inter)subjetivas, quanto dos itinerários de investigação antropológica, e que podem se
estender às ciências da saúde, com intuito à problematização e melhoria do cuidado integral
em saúde. O estigma da doença mental revela diferentes formas de agenciamento e
explicação daquilo que o imaginário popular constrói de conhecimento sobre o que é tido
como desordem/ruptura, no campo do adoecimento mental.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um projeto de pesquisa sobre itinerários
terapêuticos entre os índios Xukuru de Ororubá, considerando suas percepções e suas
práticas de cura, buscando entender e descrever o referido fenômeno. O tema está situado
no campo da antropologia da saúde. A pesquisa será realizada na Terra Indígena do povo
Xukuru de Ororubá. A metodologia a ser usada buscará aplicar as técnicas qualitativas. Os
resultados desta pesquisa poderão favorecer o aprimoramento do serviço de assistência à
saúde indígena e dar visibilidade às demandas da saúde do Xukuru, nos seus aspectos mais
fundamental que é o respeito a cultura dos povos indígenas, conforme dispõe a Política
Nacional de Atenção a Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI).
41
GT 04
Antropologia da Saúde e as Práticas Tradicionais de Cura.
Este trabalho consiste no debate sobre o papel social dos especialistas em cura de
comunidades indígenas do Estado de Pernambuco. Nota-se que diversidade de especialistas
em cura dentro de sistemas médicos é comum à quaisquer sistemas, assim como se
outorga a eles múltiplas posições/funções sociais. Tais funções se relacionam tanto com o
seu papel enquanto agente de cura, como também de mediador entre diferentes esferas da
vida da comunidade, sendo elas politico ou religiosas. A partir disso propõe-se analisar como
os especialistas em cura nos sistemas médicos indígenas desenvolvem seu papel social,
enquanto agentes, e como este papel se reconfigura dentro das dinâmicas do sistema
médico e se relaciona às politicas de assistência à saúde do Estado Brasileiro. Para isto,
serão analisados 3 (três) grupos indígenas: Kapinawá, Pankararu e Fulni-ô, a partir de seus
respectivos sistemas médicos. A análise terá como base observações realizada no encontro
de pajés de Pernambuco em 2016, em visitas realizadas no biênio 2015-2017 e pelas
bibliografias existentes destinadas ao tema.
42
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Este trabalho visa apresentar elementos para um debate no âmbito intercultural, no campo
disciplinar da saúde indígena, tendo em vista os processos de transformações sociais em
que os povos indígenas passam atualmente no Brasil, em especial no tocante aos seus
sabers e práticas tradicionais de cura. Os dados analisados são provenientes de um trabalho
de campo realizado entre o povo Pankararu, localizado em Pernambuco. Desde 2001, estes
estão inseridos em modelos de organização de serviços de saúde que deveriam seguir o
princípio da interculturalidade e as especificidades étnicas e culturais de cada povo, onde as
práticas tradicionais de cura deveriam fazer parte do entendimento e da compreensão dos
profissionais de saúde. Elementos etnográficos visam construir um entendimento sobre tais
saberes e práticas, ressaltando assim sua importância e como suas representações atuam
na reafirmação identitária e na coesão social.
43
GT 05
Patrimônio, Memória e Políticas Públicas:
História e Perspectivas Contemporâneas.
Tibério Tabosa
Giorge Bessoni
A preservação das manifestações culturais é um dos requisitos para tessitura das redes de
produção de recursos materiais e simbólicos como base para a construção das identidades e
o reforço da cidadania. Dentro da atual política de preservação do Iphan para o patrimônio
imaterial é determinante a visão da sustentabilidade em seus aspectos político, social,
ambiental, econômico e cultural. Como ferramenta o Iphan sugere a construção de
recomendações e planos de salvaguarda, cujo processo deve ser participativo e, para ser
sustentável, fruto de uma negociação entre os envolvidos diretamente com as
manifestações culturais. O objetivo é investigar como os fazedores de cultura percebem,
através de seus discursos, os impactos das ações decorrentes da preservação. Para tanto,
elegemos os documentos de salvaguarda do Jongo, do Tambor de Crioula, do Maracatu de
Baque Solto e do Maracatu Nação como elementos para nossa investigação. As conclusões
apontam que, embora existam indícios de que os detentores têm consciência de que as suas
manifestações são potenciais geradoras de recursos econômicos, os retornos reais para os
brincantes e seus grupos culturais são ainda esporádicos e insipientes.
45
GT 05 Patrimônio, Memória e Políticas Públicas:
História e Perspectivas Contemporâneas.
Júlia Morim
Elaine Müller
O nosso trabalho consiste numa reflexão acerca de um estudo que venho desenvolvendo a
respeito da Patrimonialização dos Fortes São Pedro do Boldró e Santo Antônio que compõem
um grande sistema de fortificações construído no Arquipélago de Fernando de Noronha
durante o século XVIII. O IPHAN mais alguns parceiros institucionais vêm realizando um
estudo para compor o Projeto de Conservação e Revitalização destes dois fortes. Num
estudo prévio que venho desenvolvendo acerca do processo de patrimonialização desses
espaços, tomei por base documentos institucionais, leituras historiográficas e relatos dos
ilhéus que coletei em debates e oficinas ministradas pela equipe de trabalho ao qual faço
parte. Venho investigando a temática da apropriação do bem. O ponto digno de remarque é
que a comunidade que vive em seu entorno e o Ilhéus participa de forma muito discreta, e em
algumas situações não há consulta ou escuta desses moradores acerca dos referidos
processos. Tais processos vêm ocorrendo apenas com a participação dos agentes políticos
através de suas ações direcionadas, muitas vezes, no âmbito do mercado turístico,
olvidando o desejo e os anseios daqueles que têm esses bens compondo sua existência.
Eles não participam dos atos decisórios que tocam diretamente seus espaços vivenciais
46
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Quercia Oliveira
47
GT 06
Agricultura, mercados de alimentos e
territórios: Novos arranjos e velhas questões.
Coordenadores: Juliana Gomes de Moraes (PPGS - UFPE), Camilla de
Almeida Silva (PPGS - UFPE) e Manuella Carolina Costa de Oliveira (PPGS -
UFPE).
brunosilvestre@yahoo.com.br (PGCDS/UFRPE)
romilsonmarquescabral10@gmail.com (DADM/UFRPE)
Para entender de que maneira a alimentação saudável tornou-se um conceito real em nossa
sociedade, é preciso discutir o padrão técnico moderno de produção de alimentos que tomou
forma a partir da revolução industrial. A partir do século XVIII, a Revolução Industrial alterou
o modo de produzir e consumir alimentos. Percebe-se que a mudança em fatores materiais
(produção) ocasionaram mudanças culturais e sociais dos povos. Ocorreram duas revoluções
conjugadas: industrial e agrícola que formaram a chamada revolução verde. O resultado
dessa mudança não se limitou ao campo e alcançou as cidades, mesmo não tendo ligação
direta, surgiu o fenômeno da McDonaldização da sociedade, raiz da atual preocupação com a
alimentação saudável. Que veio depois do movimento Slow Food. McDonaldização é um
termo usado pelo sociólogo George Ritzer (2005) para explicar a situação que se manifesta
quando uma sociedade organiza-se a partir dos princípios básicos característicos de um
restaurante fast food.·.
49
GT 06 Agricultura, mercados de alimentos e territórios:
Novos arranjos e velhas questões.
Este trabalho analisa a organização das feiras agroecológicas, situando a importância das
associações de produtores rurais para a estruturação dessa atividade. Com esse propósito,
volta-se também para identificar as rotinas criadas pelos produtores-associados para
organização e funcionamento das feiras e para analisar como se estabelecem as relações de
confiança entre os produtores e consumidores. Tal perspectiva se insere numa discussão
sobre circuitos curtos de comercialização, na qual a ideia de laços sociais e de proximidade
ganha particular destaque. Nesse sentido, as feiras agroecológicas, enquanto circuitos
curtos de comercialização estimulam novas relações entre consumidores e produtores para
além da simples venda de produtos. Como os agricultores se organizam para participar das
feiras agroecológicas? Como se deu a conquista do território? Quais as exigências para a
inserção dos agricultores nas feiras? Qual o suporte oferecido pela associação para o
fortalecimento dos agricultores nas feiras? Com base nessas questões, este trabalho elegeu
como referência empírica as feiras agroecológicas situadas na cidade do Recife, vinculadas a
50
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
51
GT 07
Sociologia Política limites e tensões
Coordenadores:Filipe Barreiros Barbosa Alves Pinto (PPGS - UFPE), Aloizio
Lima Barbosa (PPGS - UFPE) e Bruno Ferreira Freire Andrade Lira (PPGS-
UFPB).
O objetivo principal desse trabalho é explorar as tensões entre a política e o Estado. Para
tanto iremos nos valer da contribuição de três autores: Partha Chatterjee, Javier Auyero e
James C. Scott. Apesar do caráter eminentemente teórico, o fato dos autores se valerem de
práticas políticas específicas nos permitirá uma ancoragem empírica. Discutiremos três
configurações possíveis da relação entre a política e o Estado, que vão de um diálogo mais
explícito – apesar de conflitivo – até um diálogo não admitido. Com Chatterjee,
trabalharemos o conceito de “política dos governados” que busca dar conta das negociações
entre Estado e as ocupações urbanas na Índia. Com Auyero, debateremos o conceito de
“zona cinza da política” acerca das relações escusas entre agentes estatais e saqueadores
na Argentina. Por fim, com Scott poderemos discutir o conceito de “resistência” sobre as
ações não públicas que exerceram pressão política na zona rural da Malásia. Com graus
diferentes de interlocução com o Estado, esses contextos analisados nos permitirão
problematizar o caráter relativo e contextual das autonomias, percebendo que muitas vezes
a relação se dá menos como duas totalidades separadas por um abismo e mais como dois
polos de um continuum.
O que sabemos sobre os partidos políticos brasileiros? Para que servem? E porque os
brasileiros não confiam nessa instituição? É possível extingui-las do cenário político atual?
É notório que a imagem dos partidos políticos brasileiros não é uma das melhores há muito
tempo, isso devido à diversidade ideológica das coalizões ou até mesmo pela baixa
identificação partidária dos eleitores, e outros problemas que emergem durantes as eleições,
período em que essa instituição ganha um determinado grau de visibilidade: gerando fortes
problemas na representação política. O presente trabalho pretende analisar as principais
características dos partidos políticos em suas 3 arenas de atuação: a Eleitoral, a
Governo/Parlamento e a Organizacional. Argumentando que os partidos brasileiros não
enfrentam uma crise tão forte como parece.
53
GT 07
Sociologia Política limites e tensões.
O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar os valores e conceitos que historicamente
nortearam as ações relacionadas a Mobilidade Urbana na região Metropolitana do Recife.
Para tanto, foram considerados, a partir da análise do discurso social-hermenêutica, toda
legislação local relativa ao tema, assim como dados quantitativos oficiais, registros de
reuniões, eventos observados presencialmente, e informação cedida por órgãos
governamentais através de pedido de acesso à informação. O mapeamento realizado
demonstra como, inicialmente, a mobilidade urbana do Recife esteve inserido no processo de
planejamento metropolitano, entre as décadas de 1970 e 1980, e acreditava que a expansão
espacial das cidades seria capaz de unificar o território; passando pela concepção com forte
viés econômico da década de 1990, no qual o desenvolvimento social seria alcançado
através do fluxo de investimentos e recursos movimentados localmente; para, por último,
incorporar elementos de sustentabilidade em um processo político interrompido dos anos
2000/2010. Conclui-se que os discursos estruturadores no interior da Política de Mobilidade
Urbana foram se desenvolvendo ao longo dos anos, com influência de diversos atores, que
atuam em um processo de forte disputa, em vários níveis institucionais, operando no nível
discursivo, mas estabelecendo os contornos valorativos e conceituais dessa política pública
específica.
Este trabalho se apoia na literatura Bourdieusiana sobre a teoria dos campos, considerando
também textos posteriores onde o autor faz uma introdução à análise do campo jornalístico.
Visto que o campo jornalístico é tido como um campo de baixa autonomia em relação aos
campos político e econômico, o presente trabalho dedica-se a abordar o exemplo do campo
jornalístico pernambucano para observar tais características na prática. Para atingir este
objetivo, foram utilizados dados públicos sobre os gastos do governo do estado com
publicidade, disponibilizados no Portal da Transparência ou coletados da secretaria
Executiva de Comunicação do Estado. O propósito do texto é afastar a noção de que as
empresas de mídia são isentas de interesses privados, demonstrando assim a sua
54
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
dependência monetária em relação às demais esferas -em especial à esfera pública- e, desta
forma, contribuir para um maior entendimento do contexto pernambucano no que tange os
principais jornais impressos do estado.
Sophia Branco
Sabemos que a palavra política deriva de pólis, que significa tudo o que se refere à cidade,
isto é, tudo o que é urbano, civil, público. Neste trabalho refleto sobre como a divisão entre o
público e o privado influencia a forma como compreendemos a política e, como
desdobramento, a forma como nos articulamos politicamente. Estando a divisão público-
privado inserida numa lógica patriarcal de organização da sociedade, o público é
historicamente ligado ao masculino e o privado ao feminino. Esta divisão está relacionada à
divisão sexual do trabalho e opera também diferentes sistemas de valor para cada esfera. O
público é a esfera da razão e da disputa e o privado é a esfera dos sentimentos, do cuidado e
afeto. Como a política é relativa à esfera pública, com ela lidam os homens a partir do
sistema de valores atribuído a estes. O objetivo central do trabalho é pensar sobre as
consequências que a exclusão de determinados valores historicamente atribuídos ao
feminino da esfera pública, como o cuidado, tem para a forma como nos organizamos
politicamente e de que forma a incorporação do cuidado nesta seara pode nos ajudar a
redimensionar o que compreendemos por política e por democracia.
O presente estudo busca refletir sobre as contribuições de Celso Furtado como meio de
explicar a dependência política, focando na oposição “centro/periferia” que ainda persiste no
capitalismo contemporâneo. A Teoria do Subdesenvolvimento ajuda a pensar essa
dependência política a partir de uma profunda análise macroeconômica. Estudando a relação
centro/periferia é que desnudamos o estado de subdesenvolvimento, então conceituado
como produto direto do desenvolvimento. Os países centrais dependem de uma cultura da
dependência, justificada seja pelo sistema político ou por uma Industria Cultural que age
estrategicamente nos países de economia subdesenvolvida. Essa cultura da dependência
abarca: as formas de produção, apropriação e utilização do excedente; estruturas de poder;
as relações sociais e a sociabilidade num sentido amplo. Após um resgate bibliográfico,
conclui-se que as idéias cepalinas podem explicar a complexa relação entre o mundo
55
GT 07
Sociologia Política limites e tensões.
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GT 08
Nações, Nacionalismos e Pós-colonialidade.
Coordenadores: João Matias de Oliveira Neto (PPGS - UFPE) e Aristeu
Portela Júnior (PPGS - UFPE / UFRPE).
Professora UFAL; Doutora em Antropologia, UFP (Portugal); Graduada em Turismo (UFPE) E-mail:
fabiana.lima@penedo.ufal.br.
O encontro entre diferentes culturas é recorrente na atividade turística, bem por isso, sua
prática tem atenção da antropologia desde finais da década de 1960 (SMITH, 1977;
GRABURN, 1976, 2009; NASH, 1996), principalmente por sua inevitável intervenção nos
modos de organização sociocultural, em destaque, nas comunidades receptoras cujo poder
aquisitivo esteja aquém dos seus visitantes. Com o intuito de ampliarmos a discussão sobre
os impactos socioculturais, buscamos o prisma dos estudos pós-coloniais e colonialidades,
a fim de melhor explorarmos as relações sociais estabelecidas que se reproduzem na prática
do turismo ou são ressignificadas. Para tanto, foram identificados os impactos gerados pelo
turismo na Foz do Rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, foi realizado um
diagnóstico turístico, a partir de entrevistas com a população local. A delimitação para o
trabalho de campo foi a Foz do Rio São Francisco, do Município de Piaçabuçu, inserida na
Zona de Turismo Ecológico da APA de Piaçabuçu. A partir dos resultados obtidos, optou-se
por aprofundar as reflexões desses impactos a partir de teorias que permitam discutir sobre
como a história dos moradores locais com o poder dialoga nas suas atuais relações. Trata-se
de uma localidade que muito espera do poder executivo – elemento de destaque na
concepção dos direitos e deveres brasileiros (AMARAL, 2015), que pouco dialoga a fim de
intervir no que concerne à qualidade de vida. Por tudo isso, é preciso que reflitamos sobre
caminhos para o “rompimento com a lógica da colonialidade” (BALESTRINI apud AMARAL,
2015, p. 20) num processo de decolonização.
Nas últimas décadas do Século XX, observou-se uma confluência no campo do Estudo da
Cultura entre os Estudos Culturais e os Estudos Literários. Trata-se de um processo
complexo, uma tentativa de resposta a desafios decorrentes das lutas de libertação nos
continentes africano e asiático, no plano político e ideológico. Tais transformações exigiram
a produção de novos olhares sobre os fenômenos culturais. No que concerne aos Estudos
Culturais destaca-se o surgimento de um campo teórico denominado Estudos/Teorias Pós-
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
O presente artigo busca tomar como aspecto central de discussão o fenômeno global
intitulado fast fashion, denominação de uma vertente de consumo e produção da indústria da
moda. Esse fenômeno impulsionado por grandes redes globais de lojas de comercialização de
roupas e acessório por preços populares. Por essa premissa, seu custo de produção é
barateado por meio da contratação de fábricas situadas nos países fora do eixo europeu e
norte americano; a corrida pelo melhor custo-benefício, desencadeia salários baixos e
péssimas condições de trabalho. O principal argumento da comunicação é como o fast
fashion, enquanto um movimento contemporâneo da indústria da moda, expressa um
conjunto de discursos e poderes centrado em uma lógica de pensamento colonizador. Como
ponto de análise sobre a temática discorre-se a respeito de características epistemológicas
da modernidade e como ela configura um cenário que possibilita uma dominação colonialista
moderna através das relações de trabalho; ilustrando por meio da moda rápida como suas
consequências econômicas e sociais são atravessadas por redes de dominação de saber-
poder, instituindo uma moderna geografia social do capital.
Neste artigo, estuda-se o caso da Diplomacia Pública dos Estados Unidos e meios de
comunicação impressos. Examina-se também a questão da cultura sob a ótica de Bhabha e
de autores como Fitzpatrick e Arndt e da influência da mídia na tentativa de promover a
59
GT 08
Nações, Nacionalismos e Pós-colonialidade.
imagem de um país por meio de ações de soft power. A teoria é crítica em relação às
tomadas de decisão de política internacional do governo Donald Trump. O foco dos
acadêmicos tem se voltado mais a questões com o mundo árabe que recebem mais
cobertura de mídia. Por outro lado, os jornalistas entendem que os conflitos mundiais e
temas econômicos e políticos são mais presentes no noticiário internacional. Este estudo
revela que em alguns países da América Latina o antiamericanismo também é crescente e
que o jornalismo internacional e as agências internacionais de notícia desempenham papel
importante nas ações de Diplomacia Pública. No entanto, as principais conclusões
apresentam que a cultura enquanto pauta de notícias não é entendida por parte dos
jornalistas como tema que possa gerar um reposicionamento de imagem do país em outras
nações.
60
GT 09
Assujeitamento e Processos de Subjetivação.
Coordenadores: Raul Vinícius Araújo Lima (PPGS - UFPE), Gabriela Carvalho
da Nóbrega (PPGS - UFPE) e Raphael de Souza Silveiras (UNICAMP).
Este artigo tem como objetivo resgatar e discutir de forma breve o que foi a morte do autor.
O título do conhecido artigo de Roland Barthes (1915-1980), “A morte do autor”, causa aos
desavisados um certo desconforto. À primeira vista, em um mundo regido pela propriedade
intelectual e pelos direitos autorais, a simples sugestão da evanescência de uma figura tão
concreta e contemporânea - pois como afirma Barthes nascida na modernidade e da
modernidade2 - conjura uma série de inquietações e pertubações de ordem epistemológica,
tendo como plano de fundo a crise da ideia de subjetividade. “Essa noção do autor constitui o
momento crucial da individualização na história das idéias, dos conhecimentos, das
literaturas, e também na história da filosofia e das ciências” (FOUCAULT, 2001). Este
momento de individualização que fala Foucault é a ascenção não só do autor, mas antes do
próprio sujeito em si. A negação do autor parece violar o princípio da causalidade,
fundamental ao pensamento humano, tendo sido utilizado pela filosofia clássica até mesmo
para justificar a existência de Deus, o chamado argumento da causa primeira.
Este trabalho é fruto da demanda da rede INCT Observatório das Metrópoles, ao estabelecer
como uma das metas do seu novo projeto nacional - As Metrópoles e o Direito à Cidade - a
formação de atores para a democracia urbana e a cidadania metropolitana. A realidade se
apresenta de maneira complexa e fragmentada. Especialmente em se tratando das
dinâmicas cidade e seus fluxos, do processo de urbanização, por assim dizer. Esse
fenômeno, vendido como natural pelo mercado imobiliário e pelo Estado, atendendo a uma
concepção desenvolvimentista, frequentemente invisibiliza aqueles que estão em condição
de hipossuficiência em relação ao Estado e ao Capital, agentes preponderantes na produção
do espaço urbano desde à modernidade. Para esse processo de assubjetivação é preciso
resgatar os elementos histórico-geográficos e sociológicos que culminaram na
subalternização desses sujeitos: como se consolidou a hegemonia da classe dominante;
como a dominação se perpetua a partir dos meios de mass media e da colonização do
habitus; e como a economia passa a tomar grande proporção na vida cotidiana em
detrimento da política. A partir desses conhecimentos, podemos construir caminhos para
uma educação libertadora e novas possibilidades de organização socioespacial, pensando
numa ética do cuidar.
62
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Hallana Carvalho
Este trabalho pretende tecer uma análise acerca dos impactos do racismo sobre as
identidades de imigrantes transnacionais advindos de países africanos. SAYAD (1998)
concebe a categoria “imigrante” enquanto uma condição que passa a ser analisada pelos
desdobramentos que terá a nível social, fazendo-se assim objeto e fenômeno inteligível para
as ciências sociais. Nesse sentido, a princípio, a partir do levantamento de dados em
conteúdos jornalísticos, as narrativas serão analisadas através do método de análise de
discurso, com a finalidade de investigar e compreender quais os mecanismos à nível
estrutural que contribuem para confluência de questões do âmbito das relações raciais
brasileiras e as problemáticas concernentes aos fluxos migratórios da atualidade. Diante
desse cenário, este debate torna-se relevante no tocante ao combate ao racismo nas suas
formas estrutural e institucional e principalmente no tocante a formulação de políticas
públicas de imigração e de acolhimento, que visem minimizar os crimes de xenofobia sem
excluir os casos de racismo existentes, atrelados a essa condição.
63
GT 09
Assujeitamento e Processos de Subjetivação.
A situação que vivemos atualmente no Brasil demonstra claramente uma disputa pelo poder
dentro de um ambiente que é um dos artefatos no processo de formação de sujeitos.
Historicamente observamos grupos sociais e indivíduos negociando sua existência e a
afirmação da mesma com estruturas de poder. Diante disto, o trabalho de dois autores que
quebraram barreiras e paradigmas de sua época nos estudos de gênero (Addams) e raça (Du
Bois) revelam sua importância, pois se sintonizam com debates atuais. Ambos os autores
enfatizam que a experiência de empatia e o reconhecimento da diversidade são elementos
fundamentais para o fortalecimento do espírito democrático. O desenvolvimento da
consciência social, a ideia de unidade através da diversidade e a preparação para a vida
cívica são as principais propostas educacionais destes. Comparando estes aspectos de
seus trabalhos com as atuais formulações, neoliberais, de políticas públicas para a
Educação no Brasil, poderemos notar as disfunções destas com a educação necessária para
a democracia que eles propõem. Assim, este trabalho visa analisar as contribuições de
Addams e Du Bois à educação, enfatizando os pontos convergentes e divergentes entre suas
teorias, e comparar suas prerrogativas ao modelo de educação aplicado atualmente no Brasil
e às propostas que vem surgindo nesse cenário, ressaltando nesse viés a formação dos
sujeitos contemporâneos.
.
Como uma das esferas proeminentes do Sistema de Justiça Criminal (SJC), aparece a
atuação do Poder Judiciário que contribui para a realização da construção social do crime
(BECKER, 2008), notadamente na passagem da criminação à incriminação, além, por vezes,
da produção de sujeição criminal (MISSE, 2008), na medida em que a magistrada pode
imputar a um sujeito a responsabilidade por uma transgressão e, consequentemente, uma
pena, que, a partir do século XIX, “tem em vista menos a defesa geral da sociedade que o
controle e a reforma psicológica e moral das atitudes e do comportamento dos indivíduos”
(FOUCAULT, 2002: p.85). Portanto, interessa-me compreender a constituição discursiva de
certos acusados de um crime enquanto bandido – ou seja, “o sujeito ao qual se reserva a
reação moral mais forte e, por conseguinte, a punição mais dura: seja o desejo de sua
definitiva incapacitação pela morte física, seja o ideal de sua reconversão à moral e à
64
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
sociedade que o acusa.” (MISSE, 2010: p.17). Desse modo, é pelo estudo qualitativo de
processos criminais julgados em Recife-PE, com o uso da análise de discurso crítica
(FAIRCLOUGH, 2001; 2003), que pretendo evidenciar a ocorrência de modos de subjetivação
distintos para as rés, em que é possível perceber a atuação seletiva do SJC, apontada pelas
teorias do labeling approach.
65
GT 10
Relações sociais com animais não humanos.
Coordenadores: Maria Helena Costa Carvalho de Araújo Lima (PPGS -
UFPE) e Nicole Louise Macedo Teles de Pontes (PPGS - UFPB).
Desde meados dos anos 1970, com a emergência dos movimentos de defesa
animal e o estabelecimento de debates filosóficos sobre o caráter moral de
nossas relações com outras espécies animais, a dicotomia que separava o
humano de todos os outros seres tem sido fragilizada. Na ciência e na
filosofia, as fronteiras ontológicas entre humanidade e animalidade têm sido
expostas como uma construção precária; na política institucional e na
vigilância exercida pelos cidadãos, multiplicam-se as iniciativas para reduzir
ou eliminar o sofrimento de animais não-humanos, alargando nosso círculo
de preocupações morais; no convívio cotidiano, membros de outras espécies
passam a receber atenção e cuidados antes restritos a humanos. Em todos
esses casos, surgem conflitos que evidenciam o desconforto causado pela
percepção de que os animais podem ocupar espaços distintos dos que
convencionalmente ocupam. Em meio a esse conjunto de transformações,
surge para as ciências sociais uma diversidade de situações ricas para
análise, reunidas no campo de estudos das relações com animais não
humanos, que se convencionou chamar Animal Studies. Como forma de
estimular o diálogo entre estudantes e pesquisadores interessados nessa
área de estudos, ainda recente no Brasil, este grupo de trabalho tem como
proposta reunir tanto estudos empíricos quanto teóricos voltados para a
compreensão das relações sociais com animais não humanos. Destacando o
caráter interdisciplinar dos Animal Studies, pretende-se reunir trabalhos nas
seguintes linhas: 1 – relações práticas com outras espécies (animais de
estimação, uso de animais na ciência, no entretenimento e na indústria de
alimentos e vestuário); 2 – representações acerca de animais não humanos;
3– análise dos marcos legais e institucionais em que se desenrolam as
relações interespécie; 4 – proposições teóricas e metodológicas para o
desenvolvimento deste campo de estudos no Brasil.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
O estado de Pernambuco foi o epicentro de uma epidemia de zika vírus. Com o vírus, veio a
microcefalia ou síndrome congênita de zika vírus. Cientistas, pediatras e, principalmente,
gestantes, corriam atrás de uma resposta para tentar compreender os fatores que estavam
por trás da enfermidade. Neste contexto, esta pesquisa objetiva compreender
sociologicamente como ocorre o processo de pesquisas de laboratório sobre o zika vírus em
Recife, na Fiocruz (Ageu Magalhães). Este objetivo se circunscreve no contexto dos estudos
de laboratórios que vem sendo realizados ao menos desde o fim da década de 1970, a partir
de Bruno Latour e da Teoria Ator-Rede. Metodologicamente adotou-se como técnicas de
coleta de dados, a observação participante e a análise documental. A observação interna do
interior de laboratórios ainda não teve início, por isso, os dados coletados até o momento,
são fruto da observação da possível extensão da rede ou associação em que a Fiocruz está
envolvida, como oi possível descobrir ao participar de um seminário em que pesquisadoras
ligadas à Fiocruz apresentaram resultados parciais de pesquisas em andamento sobre zika e
microcefalia.
67
GT 10
Relações sociais com animais não humanos.
Este artigo tem como objetivo principal apresentar os resultados inicias de um exame
etnográfico orientado de uma rinha de briga de galos, da cidade de Cedro de São João. E a
partir disso, fazer uma breve discussão baseada em artigos de Philippe Descola, sobre a
relação animal-humano entre o criador e o seu galo nessa cidade e assim, comparar com os
4 modos de identificação proposto pelo antropólogo: Animismo, Naturalismo, Analogismo e
Totemismo. Com esse objetivo em mente, atacamos essa problemática com alguns
procedimentos metodológicos, como a observação de algumas brigas na rinha, assim como
todo o processo de preparação pré-enfretamento, realização de entrevista com dois galista
que contatamos por intermédio de um interlocutor, e a leitura de alguns textos que dialogam
com o tema proposto. Por fim, concluo enfatizando que todo o artigo foi pensado e produzido
a partir de dados de uma pesquisa PIBIC feita tanto por mim como pelo meu orientador Prof.
Dr. Ugo Maia.
68
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
necessário reconhecer o status moral desses seres, para que sejam utilizadas estratégias
preventivas e métodos éticos de controle populacional em prol da qualidade de vida humana
e bem-estar animal.
69
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e
Emoções.
Coordenadores: Roberta Bivar C. Campos (PPGA - UFPE) e Thiago Santos
(PPGA - UFPE).
Este trabalho utilizará como campo e objeto de pesquisa a Igreja Universal do Reino de Deus
(IURD) e suas fiéis mulheres. Será observado especificamente um grupo dentro da IURD
voltado para mulheres, o Godllywood, e os ensinamentos e práticas efetuados pelas fiéis e
pela fundadora do grupo, Cristiane Cardoso. Mas o que é mais importante na discussão que
será empreendida aqui é constatar que os ensinamentos do Godllywood exigem a execução
de práticas, leituras e participação em reuniões através das quais uma moral é impressa no
corpo, ao mesmo tempo em que é também criada através dele, em um processo de
constituição do self. Assim, por meio desse corpo, a moral e os ensinamentos produzidos
são levadas ao espaço público – ao seu trabalho, à universidade, ao buscar os filhos na
escola. A complexidade da integração entre normas, práticas, negociações e escolhas no
processo de constituição moral e como tudo isso se insere e passa pelo corpo é o que
queremos observar no Godllywood e nas mulheres que seguem seus ensinamentos.
71
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e Emoções.
Partindo dos pressupostos teóricos de Axel Honneth, o artigo aqui apresentado visa trazer
aspectos correlatos à compaixão no intuito de ampliar seu entendimento numa perspectiva
mais aproximada das Ciências Sociais. Realizaremos a analise da compaixão tendo como
elemento norteador o projeto de extensão: Práticas educacionais para a compaixão no
cotidiano: exercitando a capacidade de se colocar no lugar do outro (projeto vinculado ao
Departamento de Sociologia/UFPE coordenado pela Prof. Dra. Conceição Lafayette, aprovado
pela PROEXT/UFPE), desenvolvido em uma escola pública no bairro Alto Santa Terezinha, no
Recife, com crianças de 05 a 12 anos. O projeto foi desenvolvido entre os anos de 2012 e
2016. O período discutido neste trabalho compreende os anos de 2013 a 2015.
Acreditamos que sentimentos podem ou não gerar ações, porém, ao se tornarem ações,
passam a ser percebidos como um aspecto da moralidade, constituindo um aspecto
fundamental da convivência humana e social. Esperamos trazer fundamentos teóricos que
subsidiem a interseção entre as práticas desenvolvidas no projeto e o saber científico,
contribuindo para a formação de um corpo de conhecimento voltado para a Sociologia das
Moralidades e das Emoções.
( ) ( )
Bruno Silvestre Silva de Souza
Romilson Marques Cabral
brunosilvestre@yahoo.com.br (UNINASSAU/PGCDS/UFRPE)
romilsonmarquescabral10@gmail.com (DADM/UFRPE)
Castells (1999) amplia a ideia que a sociedade está organizada em rede. Vive-se
hibridamente em presença física e presença virtual. A sociabilidade assenta-se nas
potencialidades de comunicação que a Internet oferece para a partilha de sentimentos,
ideias, conhecimentos, informações e conceitos. Nessa sociedade em rede, os grupos de
redes sociais são como uma inteligência coletiva sem a ligação física entre as partes. A
informação pode ser democratizada por seu fluxo contínuo e o conhecimento não é mais uma
propriedade intelectual, mas sim interação e mudança. Para Bauman (2007), a vida líquida
dos laços sociais facilmente desfeitos no ciberespaço. Se a sociedade atual é líquido-
moderna, pois seus membros agem em condições que mudam num intervalo de tempo mais
curto do que o necessário para a consolidação das formas de agir em hábitos e rotinas. Não
é a tecnologia que gera esse movimento, e sim a percepção das pessoas envolvidas.
72
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
O debate sobre a moral permeia o cristianismo e, com maior ou menor rigor, a regulação das
condutas sexuais aparece como tônica na produção do ethos religioso. Estas questões
tomam corpo nas igrejas evangélicas pentecostais que não encontram dificuldade em
assimilar os chamados desvios de conduta às possessões demoníacas. Nas igrejas
inclusivas, o lugar de pessoas LGBTs no cristianismo é tematizado através de formulações
próprias sobre pecado. Através da análise histórico-crítica, as passagens bíblicas que
condenariam a diversidade sexual são reorganizadas numa cosmologia própria e ajustadas
num modelo que não se pretende heteronormativo, possibilitando aos indivíduos outras
classificações do que é o certo e o errado, do bom e do mau, como também uma série de
outras formas de classificações morais dos sujeitos. Aqui, busco refletir sobre as práticas
de fieis inclusivos ao atentar para o “modelo de conduta” apregoado nas igrejas em que
73
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e Emoções.
estão citados. Faço uso das observações participantes que realizo numa comunidade
inclusiva, de atividades correlatas e atividades externas – como no evangelismo realizado na
16º Parada da Diversidade de Pernambuco (2017). Nesta comunicação trago dados
coletados no campo para que possamos problematizar e construir um caminho teórico sobre
essa comunidade que tem por insígnia o fato de “[...] não fazer acepção de pessoas!”.
Este trabalho tem como objetivo compreender a forma como jovens crentes pentecostais
constituem a si mesmos como sujeitos éticos diante de um (novo) código moral,
compartilhado por sua comunidade de fé, que exige destes fieis uma conduta diligente e
inequívoca na esfera pública civil a respeito de temas como o aborto e o casamento entre
pessoas do mesmo sexo. Na esteira de eventos que tem colocado em rota de colisão as
igrejas pentecostais e os movimentos sociais, pastores como Silas Malafaia, líder da igreja
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, tem exortado seus fieis a se posicionarem nos seus
locais de trabalho, estudo, em sua vizinhança, etc, contra temas que se contraponham à
moral cristã: “crente também é cidadão”, repete Malafaia, e por isso deve se posicionar.
Como os crentes ordinários têm assumido, então, esse dever moral de se posicionarem
politicamente? Meu principal interesse é compreender como eles e elas têm atrelado essa
moral do posicionamento diligente a uma ética do testemunho, ou seja, a uma postura
proselitista que tenta convencer quem está ao seu alcance a tornar-se também evangélico.
Para dar conta destas perguntas utilizarei os dados de meu trabalho de campo entre os
jovens da igreja do pastor Silas Malafaia a fim de iluminar a constituição do crente-cidadão
em um contexto de constantes embates a respeito de temas controversos.
O presente resumo, previamente, tem por objetivo abordar a prática do cuidado e suas
dimensões emocionais do profissional de saúde e segurança do trabalho, no âmbito
colaborativo do seu exercício. Visando relatar a vivência de um profissional da área,
utilizando da teoria de Molinier em (Ética do trabalho do Care) e Angelo Soares em (As
emoções do Care). Desta maneira, ressaltado as possibilidades e implicações dessa prática
do cuidado no âmbito profissional. Pontuando tanto as questões práticas deste profissional
quanto às questões de dimensões emocionais abrigadas pelo mesmo, relacionada com a
teoria descrita acima. De maneira enxuta e objetiva, venho por meio desta proposta de
trabalho, ressaltar o profissional técnico de saúde e segurança do trabalho como mediador
74
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
da prática do cuidado dentro do seu ambiente profissional. Visando estabelecer essa prática,
para além de suas competências hierarquias profissionais, norteado pela ação de quem é
cuidado e quem é cuidador dentro do ambiente de trabalho.
Fernanda Meira
Em Death Without Weeping, Nancy Scheper-Hughes causa polêmica ao afirmar tese sobre
suposta negligência seletiva em que mães têm que escolher qual filho vão amar e cuidar, e
qual deixarão morrer. Apesar de contestada, Scheper-Hughes não perdeu sua importância e é
leitura obrigatória para quem pretende estudar emoções, cuidado, maternidade e
moralidades. Em diálogo com esta discussão, o trabalho propõe iniciar breve exercício de
articulação entre teoria e campo, a partir da observação de famílias afetadas pela epidemia
do Zika Vírus, cujos bebês nasceram com microcefalia. Estas crianças dependem de
cuidados que são feitos, em grande parte, por mães, que aprendem a lidar com sequelas
neurológicas dos filhos, e com prognósticos pessimistas. Elas parecem não esmorecer
diante das dificuldades, parecem encontrar motivações para cuidar dos filhos, para contrariar
o que dizem médicos, e para (re)construírem suas vidas. A ideia aqui é começar as primeiras
reflexões desse contraponto entre a tese da negligência seletiva da Scheper-Hughes, e a
aparente afirmação contrária que o campo traz, onde as dimensões das emoções e das
moralidades associadas ao papel de ''ser mãe'' serão tensionadas.
Essa pesquisa busca, por meio de narrativa etnográfica, conhecer as práticas de cuidados
que cercam as relações com crianças nas famílias do litoral norte de Maceió, precisamente
nos bairros de Garça Torta e Riacho Doce. Cabe aqui contextualizar que esses bairros
passam por um intenso processo de especulação imobiliária. O campo da pesquisa
demonstrou uma tensão entre modos de cuidado em duas localidades: uma delas propaga a
filosofia de que as crianças devem ser livres para brincar e a outra, culpabiliza as famílias por
deixarem as crianças soltas.Pretende-se identificar e questionar as diferentes concepções
75
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e Emoções.
do que é infância, procurando estabelecer uma relação entre os antigos e novos moradores
do bairro, considerando os valores, moralidades e emoções que envolvem essas convicções.
Esse dado etnográfico será analisado a partir de uma contextualização que leva em conta
relações de poder, classe e diversos entendimentos das dinâmicas em torno da família,
saúde e bem-estar das crianças.
A proposta deste trabalho é fornecer uma breve análise, da pesquisa qualitativa acerca dos
medos, inseguranças e preocupações de jovens refugiados/as oriundos/as do Afeganistão e
da Síria, que foram entrevistados/as em Hamburgo (Alemanha) em 2016. A pesquisa foi
elaborada e implementada por uma equipe de 6 mestrandas/os da Universidade de
Hamburgo, da qual sou integrante. As primeiras conclusões sugerem que modulações
76
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
afetivas conservadoras geram imagens dos/as refugiados/as com as quais eles não se
identificam, pelo contrário, esses discursos potencializam uma dinâmica afetiva que os
discrimina.A maioria dos sujeitos de pesquisa mencionaram o vínculo da
discriminação/receptividade da sociedade majoritária à propagação midiática de imagens de
medo, nas quais eles são apresentados como “terroristas”, “criminais”, “desviantes”. Este
texto propõe que busquemos, a partir de uma definição de afeto deleuziana, possibilidades
rizomáticas de se pensar medo e insegurança, especialmente em que medida processos de
desterritorialização e reterritorialização do afeto possibilitam que refugiados/as em
Hamburgo conquistem imagens e subjetividades que destruam esteriótipos, que os levam ao
sofrimento e, por fim, tornem-se protagonistas que criam autonomamente seus planos e
possibilidades.
Este trabalho realiza uma análise compreensiva da cidade de João Pessoa a partir da
produção acadêmica do GREM – Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das
Emoções, com ênfase no projeto Medos Corriqueiros: A construção social da semelhança e
da dessemelhança entre os habitantes urbanos das cidade brasileiras na
contemporaneidade. Analisa as formas de sociabilidade na capital paraibana debruçando-se
sobre a problemática dos medos na modernidade e compreende como os medos corriqueiros
se propagam no cotidiano dos moradores da cidade. A produção acadêmica foi submetida a
um balanço crítico que permite descortinar o olhar teórico-metodológico do grupo de
pesquisa, de modo a desvendar os mapas simbólicos construídos sobre João Pessoa
mediante a análise do cotidiano, dos medos corriqueiros e da cultura emotiva que emergem
do recorte urbano da cidade. A análise foi realizada através da organização, leitura e
fichamento do material produzido sobre a cidade de João Pessoa no âmbito do projeto Medos
Corriqueiros. Este trabalho apresenta um mosaico científico da cidade e do seu
desenvolvimento urbano contemporâneo sob a ótica dos medos corriqueiros. A cidade é
apreendida em seu aspecto interacional, sendo estudada através do seu sistema simbólico,
como um lugar e espaço social de interações individuais e grupais que tecem formas de
sociabilidades, pertença, memórias e história.
77
GT 12
Ciências Sociais e História: diálogos sobre
política, crime e movimentos sociais.
Coordenadores: Marcílio Dantas Brandão (PPGS - UFPE), Rosilene Oliveira
Rocha (PPGS - UFPE) e Artur Fragoso de Albuquerque Perrusi (PPGS -
UFPE)
Este trabalho propõe uma reflexão a respeito do uso de drogas ilícitas e a busca dos
consumidores pelos efeitos, sensações e emoções resultantes. A concepção individual de
consumo também pode ser pensada a partir da dimensão social do uso de drogas, buscando
identificar contextos e relações sociais que se configuram em torno do consumo. Esta
investigação está apoiada na premissa da droga enquanto objeto sócio-tecnico,
compreendida não somente a partir de seus efeitos farmacológicos no corpo mas
principalmente de forma relacional, considerando elementos contextuais e sociais.
Motivações individuais podem ser um importante elo para compreender padrões de consumo.
Através de incursões teóricas e dados empíricos, propõe-se refletir sobre uma possível
associação entre consumo de drogas e emoções, em virtude de seus efeitos farmacológicos,
contextuais e relacionais. Marcadores sociais como gênero, classe, faixa etária, junto a
demais dados empíricos, quantitativos ou qualitativos, são ferramentas para compreender
sociologicamente o fenômeno, permitindo a modelização de padrões de consumo alicerçados
em níveis objetivos e subjetivos de compreensão.
Um dos grandes problemas que caracterizam as pesquisas voltadas para a compreensão dos
mercados de drogas ilícitas diz respeito ao foco atribuído ao aspecto descritivo dentro de um
enquadramento a-histórico do fenômeno. Esta limitação torna a análise comparativa
praticamente impossível (Curtis e Wendel, 2000). Além disso, como observam Curtis e
Wendel, op.cit, os pesquisadores tendem cair em dois campos. De um lado os autores
tendem a apresentar os atores de alguma forma únicos, muitas vezes usando categorias
originárias de mercados legais para descrever distribuidores e consumidores (Buerger,1991;
Mieczkowski, 1990). No outro extremo estão aqueles pesquisadores que veem todos
distribuidores e / ou consumidores como semelhantes, como se não houvesse diferenças
entre eles (Johnson et al., 1992; Stephens, 1991;Preble; Casey, 1969). Tendo em vista esse
quadro, o presente trabalho possui como objetivo fulcral agrupar categorias que permitam
79
GT 12 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.
orientar pesquisas empíricas acerca das dinâmicas dos mercados de drogas. Visando com
isso, contribuir para sistematização das investigações no campo e fomentar análises
comparativas.
80
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
O presente trabalho tem por objetivo analisar a trajetória da relação da Cannabis ao longo do
processo da primeira metade do século XX quando ela passou do status de medicina e de
sacralidade para o de “veneno proibido”. As implicações culturais, econômicas e sociais
81
GT 12 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.
82
GT 13
Antropologia e Etnografia: Experiências do
fazer etnográfico.
Coordenadores(as): Polyanny Lílian do Amaral Braz (PPGA - UFPE) e Arlindo
José de Souza Neto (PPGA - UFPE)
Com base nos estudos de Van Gennep acerca do processo ritual, este trabalho tem como
objetivo analisar a experiência etnográfica realizada no dia 2 de julho de 2017, durante um
Chá-de-revelação. Este ritual contemporâneo supostamente tem origem recente nos
Estados Unidos, e está sendo bastante bem recebido pelos brasileiros. Semelhante ao já
tradicional chá-de-fraldas, este ritual consiste numa festa familiar em que o único objetivo
consiste em fazer diversas brincadeiras até que se revele o gênero do bebê, ainda
desconhecido pelos convidados. Neste sentido, utilizando os conceitos de mito, rito e ritual,
e nos servindo de alguns conceitos das teorias de gênero, intenta-se neste trabalho avaliar
como este novo modelo de ritual reafirma os estereótipos de gênero e reproduz diversas
idiossincrasias da sociedade brasileira, analisando desde os aspectos simbólicos presentes
na dimensão material da ornamentação do espaço e das roupas dos convidados, até a fala e
o comportamento, e ainda, levantar as dificuldades do fazer etnográfico.
A proposta desse trabalho é destacar alguns elementos da prática de cura adotada por uma
benzedeira ao longo de seus 85 anos de vida. O método etnográfico foi o caminho percorrido
para conhecer de perto tal ritual, que a mesma aprendeu com sua mãe indígena, e que
desenvolve desde então, nascida em Canhotinho no Estado de Pernambuco, veio depois de
viúva com sete filhos pequenos residir no Estado de Mato Grosso do Sul. Aonde foi possível
presenciar diversas vezes, essa mulher em ação, um fato que chamou a atenção dos
pesquisadores foi que sempre se utilizava de um galho de jabuticaba para os benzimentos. O
uso das plantas com uma oração compõe o ritual de benzimento, cada pessoa que chega a
sua residência relata de qual mal sofre, e desse modo à senhora procede de maneira
adequada, sua casa é cercada por plantas, um jardim, sua ligação com natureza é
extremamente cosmológica, pois a existência de um conhecimento tradicional passado a si,
preparada a se conectar com o mundo terreno e espiritual, desse modo desempenha tal
prática há tanto tempo.
85
GT 13 Antropologia e Etnografia:
Experiências do fazer etnográfico.
86
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
O presente trabalho tem por objetivo uma breve analise do método etnográfico, na qual passa
pelas análises dos autores ditos clássicos: Franz Boas, Bronislaw Malinowski e Clifford
Geertz, desenvolvendo o debate por meio do conceito de cultura. Nesta perspectiva entende-
se o método etnográfico como aquele que diferencia as formas de construção do
conhecimento cientifico antropológico em relação as outras áreas das ciências sociais.
Realiza-se também uma breve analise do método etnográfico partindo das sociedades
87
GT 13 Antropologia e Etnografia:
Experiências do fazer etnográfico.
globais e suas diversidades. Recorre-se ao conceito de cultura para balizar o debate por ser
um debate comum nos estudos antropológicos e por existir um consenso entre os
antropólogos que as diferenças genéticas entre os povos não são determinas das diferenças
culturais. Por fim, busca-se entender como a etnografia se apresenta na atual sociedade
globalizada, em que cada vez mais estamos próximos daqueles que pensávamos ser
distantes, em que os “estranhos” estão cada vez mais em nossas portas, um contexto que o
antropólogo se depara como problemas metodológicos das mais diversas ordens, como as
noções de totalidade. O trabalho é baseado na revisão de literatura, para chegar a
importância e peculiaridades deste método na consolidação da disciplina enquanto ciência.
Bacharel em Ciências Contábeis - Faculdade Santa Helena, Estudante de Ciências Sociais da UFRPE,
E-mail: lucas.luiz@outlook.com
Bacharel em Direito – UFPE, Bacharel em Museologia – UFPE. Especialista em Patrimônio, Direitos
Culturais e Cidadania – UFG, Estudante de Ciências Sociais da UFRPE, E-mail: cunhafc@ig.com.br,
.
Nosso trabalho consiste num ensaio etnográfico, realizado na cidade do Recife, durante três
encontros dominicais durante o mês de julho no Movimento Caminho da Graça Estação Casa
Forte. Este ensaio teve não só como objetivo os primeiros contatos em experienciar um
trabalho de campo, como também observar a ambiência do espaço, dialogar com
interlocutores, descrever, e compreender o grupo através de suas perspectivas. A partir de
nossa observação e diálogos com os “nativos”, identificamos que o Movimento Caminho da
Graça se enquadra no fenômeno em que alguns teóricos chamam de Novos Movimentos
Religiosos, ou seja, um novo horizonte de expressar a religiosidade para além das
perspectivas tradicionais. Em nosso ensaio foi possível compreender a complexidade do
trabalho no campo, desde o momento em que se insere como pesquisador no campo, bem
como em compreender os problemas no decorrer da pesquisa. Mas, é a partir desse trabalho
árduo que podemos exercer a alteridade e perceber a existência de estranhamentos, pois não
é preciso ir longe, atravessar oceanos, embrenhar-se em florestas tropicais, para se deparar
com um outro que está tão próximo de nós, e como é importante relativizar as outras
vivências para além das nossas.
88
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Minha visita à Pesqueira, onde vive o povo Xukuru, juntamente à Universidade Federal de
Caruaru e com mais quatro alunos do curso de medicina, pude experienciar os limites e
possibilidades do trabalhod e campo. Esta era apenas minha segunda visita ao território
Xukuru, e depois de ter passado toda manhã conhecendo o local e conversando os os índios e
índias, fui aplicar o questionário sobre qualidade da saúde no território. Apesar do fato de a
tentativa maior naquele momento fosse de uma busca pelas necessidades relacionadas à
saúde dentro do território Xukuru, acabei por entrevistar uma mulher Xukuru de 19 anos que
estava grávida. O problema do parto surgiu como uma necessidade urgente, pois T* estava
gravida de 7 meses e amedontrada com o fato de ter sua filha em um hospital. A colocação
acabou por reverberar uma movimentação por parte da poiá, juventude política do povo
Xukuru, bem por parte dos estudantes de medicina. Alguns meses depois a conversa semi-
formal era pauta na assembléia Xukuru, e T* conseguiu ter sua filha com uma parteira
Xukuru, depois de uma busca com as pessoas mais velhas sobre quem eram as mulheres
parteiras de anos atrás.
Pedro Germano
Partindo do pressuposto que toda e qualquer pesquisa requer do pesquisador uma conversão
epistemológica (Bourdieu, 2005) acedemos que a pesquisa em antropologia requer mais que
uma conversão epistêmica, requer uma afetação no sujeito. No caso da antropologia da
religião, o sujeito é afetado pela experiência – do contato efetivo e afetivo – com as coisas
religiosas. Essas dupla condição de ser afetado pelas epistemologias da antropologia e pela
experiência religiosa é o fato de ponderação dessa comunicação. Para pensar essa
duplicidade, me valerei dos dados de campo do Xangô de Mãe Amara coletados entre os anos
de 2012 e 2016. A partir do trabalho de campo entendi que é no momento de afetação que a
religião institui sujeitos religiosos fabricando pessoas, deuses, lugares, objetos, etc. mas
também é nesse momento que a conversão epistemológica é abalada. Desse
descentramento o sujeito passa a ponderar os limites e alcances que cada grade cognitiva
tem no empreendimento da pesquisa. É dessa dupla condição que o antropólogo deve
“incorporar complexos instrumentos de pesquisa, observação e estranhamento” com a
89
GT 13 Antropologia e Etnografia:
Experiências do fazer etnográfico.
90
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
processos sociais que estão em torno dessas redes, ou melhor, os processos transculturais
envolvendo os sujeitos. A metodologia utilizada foi analisar artigos e livros sobre a temática
e uma entrevista autobiográfica com uma estudante estrangeira. Os resultados são: o
intercâmbio torna o estudante estrangeiro ou brasileiro em um processo de integração,
possibilitando um livre acesso transcultural; adaptação que está em torno de vários fatores
que é viabilizado dentro e fora da universidade e por fim os estudantes atribuem sentidos
para o fluxo migratório.
Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, PET -
Ciências Sociais, Email: davidfaraujo1997@gmail.com
Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, PET
Conexões – Encontros Sociais, Email: t-decarvalho@hotmail.com
91
GT 14
Sociologia da Arte e da Cultura
Coordenadores: Paulo Marcondes Ferreira Soares (PPGS - UFPE) e Paula
Manuella Silva de Santana (UFRPE-UAST).
Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, PET -
Ciências Sociais, Email: davidfaraujo1997@gmail.com
Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco –UFPE, PET
Conexões– Encontros Sociais, Email: t-decarvalho@hotmail.com
93
GT 14
Sociologia da Arte e da Cultura
medida em que sabemos o que está envolvido no processo do fazer artístico. Essa ideia, em
Becker, dá-se através da organização social: concepção de trabalho, confecção de artefatos
físicos, linguagem convencional de expressão, plateias artísticas, treinamento pessoal e
convenções sociais (regras e normas), como também nas ideias de mundos artísticos e
tipos sociais (os tipos de artistas), ou melhor dizendo, o fazer artístico envolve uma rede de
cooperações – divisão social do trabalho, definida por um consenso (acordo convencional),
passível, assim, de uma análise sociológica.
Tendo como base o livro A guerra não tem rosto de mulher, da jornalista Svetlana
Aleksiévitch, o objetivo principal desse trabalho é traçar um paralelo entre literatura de
testemunho, história e sociedade, de forma que seja possível entender a relevância do
estudo da literatura enquanto obra de arte e sua relação com a sociedade. Por meio de
relatos de mulheres que lutaram no front do exército soviético durante a Segunda Guerra
Mundial, o livro mostra não apenas como a história do mundo é uma história masculina, mas
também como a literatura de testemunho é importante no cenário contemporâneo para que
possamos ter um conhecimento melhor acerca daquilo que chamamos de realidade. Trazendo
uma problemática sobre a relação literatura e sociedade e questionando os modelos
tradicionais de narrar a história mundial, procuro por meio dos monólogos que o livro traz
tentar entender aspectos do social que denunciassem a condição das mulheres durante a
guerra, e pensar a literatura de testemunho como um meio que nos ajude a entender não a
história, mas as histórias do mundo.
O trabalho pretende analisar à luz da teoria marxista as HQs do Capitão América no intuito de
refletir acerca do seu papel enquanto veículo propulsor da ideologia norte-americana.
Definimos as Histórias em Quadrinhos, de acordo com a síntese de Sônia Bibe-Luyten “Elas
são formadas por dois códigos de signos gráficos: a imagem e a linguagem escrita” (LUYTEN,
1985, p. 11). De acordo com Nildo Viana, o surgimento de heróis e super-heróis corresponde
94
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
( )
( )
Este estudo tem como objetivo analisar, a partir da literatura comparada, as relações de
(auto)representação das personagens homoafetivas inseridas nos contos Meus amigos
coloridos e Ir embora, presentes nas obras “Contos negreiros” (2015) e “Amar é crime”
(2015), respectivamente, de autoria de Marcelino Freire. Examina-se, também, o discurso de
quem fala, o que fala e de onde fala, tendo como suporte teórico-crítico os fundamentos de
Spivak (2010), ponderando que “as camadas mais baixas da sociedade constituídas pelos
modos específicos de exclusão dos mercados, da representação política e legal, e da
possibilidade de se tornarem membros plenos no estrato social dominante” são
marginalizadas, consideradas à margem da sociedade, espécie de “substrato social”. Além
de Spivak (2010), este estudo tem como elemento basilar, as considerações de Foucault
(2006), discorrendo que “o discurso desempenha um papel no interior de um sistema
estratégico em que o poder está implicado, e para o qual o poder funciona”. Assim, as
narrativas freireanas encontram similaridades e disparidades em relação ao emudecimento
das personagens a partir de uma sociedade baseada, muitas vezes, em princípios e valores
conservadores, renegando vivências e experiências não-heterossexuais, tidas como “desvios
da norma”, sendo realocadas à margem da sociedade interna e externamente ao texto
literário.
95
GT 14
Sociologia da Arte e da Cultura
Este estudo iniciou-se com a busca por informações sobre a vivência do Rock na cidade do
Recife, durante os anos 1950. Contudo, a importância do cinema como forma de expressão e
troca entre a sociedade e a arte foi tornando-se cada vez mais evidente e intensa nos jornais
pesquisados na época. Ressaltamos a importância de estabelecer um diálogo entre arte e
sociedade, principalmente por se tratar da relação com produções estrangeiras que
destacavam a então iniciante cultura dos jovens e do rock’n roll, consideradas neste estudo
como fortes representantes das transformações socioculturais do referido período na
cidade. Desse modo, os resultados apresentados originam-se de um levantamento
documental realizado em três jornais, entre os anos 1955-59: Diário de Pernambuco, Diário
da Noite e Jornal do Commercio, com enfoque nas colunas especializadas em cinema,
destacando as produções norte-americanas relacionadas ao rock’roll. Soma-se aos
resultados desses documentos uma entrevista realizada com Jormard Muniz de Brito sobre a
crítica e produção cinematográficas do cinema consumido na cidade. Logo, o objetivo
principal desse estudo é apresentar através dos modos de recepção do cinema, que
divulgava e propagava o rock’n roll, as transformações sociais que emergiam na cidade.
96
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
As juventudes das comunidades, que possuem capital escolar e cultural restritos, encontram
no contato com a arte sentido e significado, uma vez que podem se expressar sobre
questões políticas, econômicas e de sua realidade social. É neste sentido que, utilizando
uma metodologia qualitativa e tendo como referência a obra Em defesa da sociedade
(Foucault, 1987) – dando ênfase às teorias de regimes de (in) visibilidades -, e da
perspectiva pós-colonial de margem, periferia e alteridade, este trabalho se propõe a
entender as pixações e o grafite como instrumentos de luta das juventudes em uma busca
constante por estratégias de resistência dentro de espaços segregados e periféricos, além
do impacto destas expressões para a construção das suas identidades, possibilitando que
se reconheçam enquanto seres que possuem voz ativa e potencial influência dentro desses
espaços e dos regimes de subalternidades.
97
GT 15
Etnicidade, povos indígenas e comunidades
"tradicionais": questões atuais.
O presente estudo objetiva introduzir algumas reflexões acerca do uso das Tecnologias de
Informação e comunicação na aldeia Xukuru do Ororubá. Imersos na contemporaneidade os
povos indígenas se deparam com tecnologias diversas, as quais buscam inclui-las em seu
cotidiano e em suas relações de sociabilidade. Sob a perspectiva de que as TICs têm
contribuído para dar maior visibilidade à história e memória das comunidades indígenas,
apresentamos o relato do Grupo Ororubá Filmes. Coletivo constituído em 2008 por jovens
indígenas e não indígenas tendo como um dos objetivos principais a disseminação da
verdadeira realidade vivenciada pelo povo Xukuru em contraste as representações sociais
negativas que são difundidas pelas redes midiáticas presentes na sociedade, face a
folclorização e disseminação de estereótipos. A pesquisa é um estudo de caso, enquadrando-
se numa abordagem qualitativa. Como resultados iniciais do estudo, destacam-se a
articulação social dos jovens indígenas para manter vivas as características próprias de seu
povo com base na utilização de meios de comunicação diversos e fortalecimento identitário
do povo frente aos benefícios promovidos pelas TICs.
99
GT 15
Etnicidade, povos indígenas e comunidades "tradicionais": questões atuais.
resoluções de problemas comunitários das aldeias, fortalecimento identitário com base nos
rituais vivenciados, revisão do processo de educação escolar indígena e articulação social
dos jovens Xukurus.
Essa pesquisa tem como objeto de estudo a relação entre as lutas por reconhecimento e
inserção sócio-política. Tal análise se volta para a comunidade Serra das Viúvas, situada no
sertão alagoano. É interesse desse estudo, compreender como as orientações que permeiam
as ações de luta por reconhecimento dessa comunidade reconhecida como quilombola,
direciona suas inserções em diferentes espaços sociais, políticos e profissionais, junto a
outros grupos e instituições. O que se pretende, é analisar em que medida a luta por
reconhecimento político e cultural, desenvolvida na comunidade Serra das Viúvas, interfere
nas transformações acerca da situação de desigualdade étnico-racial e cultural, vivenciada
por esse coletivo. O que parece ocorrer, são novas formas de se relacionar com diferentes
realidades sociais que se apresentam para a comunidade, a partir de suas estratégias de
mobilização por identidade política e cultural. Reconhecimento político e cultural esse, que
parece ter permitido, a partir de estratégias e contextos específicos, dinamizar suas
relações políticas, econômicas e até profissionais com outras comunidades e instituições.
O presente texto procura refletir sobre a noção de pessoa Guarani-Kaiowá, se inserindo nas
discussões já apresentada por Viveiros de Castro (1979), de como nas sociedades indígenas
brasileiras, a noção de pessoa assume destaque. Para esta discussão nos apoiaremos nos
trabalhos de Chamorro (1995) e Viveiro de Castro (1979), este afirma que as contribuições
da etnologia brasileira para a compreensão deste tema, indica que a maioria dos povos deste
continente, privilegiam a reflexão sobre a corporalidade na elaboração de suas cosmologias.
Fazer o corpo, está dentro da preocupação dos grupos em construir o corpo pela sociedade.
Ou seja, “a produção física de indivíduos se insere em contexto voltado para a produção
social de pessoas, isto é, membros de uma sociedade específica (Viveiros de Castro, 1979,
p. 13)”. Portanto, as maneiras de construção da pessoa ou como a sociedade incidi sobre o
indivíduo, possui variantes, isto porque “há sociedades que constroem sistematicamente
uma noção de indivíduos onde a vertente interna é exaltada (caso do ocidente) e outras onde
100
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
a ênfase recai na noção social, quando ele é tomado pelo seu lado coletivo (Viveiros de
Castro, 1979, p.14)”.
Este trabalho propõe uma revisão na literatura sobre os povos indígenas no nordeste,
especificamente em produções disponíveis sobre o povo Fulni-ô. Observando a compreensão
de novos paradigmas antropológicos face as teorias de etnicidade, na perspectiva dos
estudos indigenistas. O desenvolvimento das teorias do significado, em especial, o
entendimento dos sistemas culturais e a redimensão da cultura em termos semióticos; abre
uma nova perspectiva para a análise da relação Identidade/Cultura, que desencadeiam nos
estudos de etnicidade e na expansão das antropologias indígenas na américa latina. Frente
as fronteiras internas presentes no país, os estudos das relações interétnicas trouxe a
identidade étnica como instância da vida social observável no encontro entre etnias
distintas, onde as relações entre “indios” e “não-indios” sejam entendidas em termos de
conflito e dissenso em suas representações, ao contrário dos estudos “aculturativos” de
outrora. A posteriori, as etnogêneses, “emergências” ou “viagens de volta” descrevem a
constituição de novos grupos étnicos, se constituindo ao reinvidicar para si o
reconhecimento de suas diferenças, assim é possível observar um novo regime de memória,
onde os Fulni-ô repensam e fabricam suas prórpias identidades, na perspectiva de
“remanescentes” do processo de colonização ainda em decurso no país.
101
GT 16
Juventudes e diferentes espaços
mobilizatórios.
Coordenadores: Sidney Oliveira Santos Silva Filho (PPGCS - UFRN) e
Tarcísio Augusto Alves Silva (DCS - UFRPE).
No final dos anos 70 e início dos anos 80, o Brasil viveu um período marcado pelo
ressurgimento da sociedade civil, sobretudo das camadas populares, no cenário político
nacional. A Igreja Católica teve um papel relevante nos debates em torno da
redemocratização do país. O trabalho de bases feito pelos católicos, de modo especial, com
os menos favorecidos nas zonas periféricas e rurais, aglutinou uma parte significativa da
população, organizando-os em grupos, pastorais sociais, conselhos de moradores e
sindicatos. A partir disso, a atmosfera que inspirou o nascimento da Pastoral da Juventude
do Meio Popular – PJMP foi, por um lado, a realidade concreta dos jovens do meio popular e o
ressurgimento das lutas sociais e políticas que aconteciam no Brasil, e, por outro, o
contexto eclesial da Igreja Latino-Americana pós Vaticano II, que pautava um modelo de
organização pastoral voltado, em especial para os que estavam a margem da sociedade. As
contribuições da PJMP nesse trabalho de base são de extrema relevância. O processo de
formação, a organização pastoral, o engajamento e o despertar da consciência para a
104
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
realidade, esses são alguns dos mecanismos usados pela PJMP no trabalho com essas
juventudes periféricas e rurais.
105
GT 16
Juventudes e diferentes espaços mobilizatórios.
O brega é, em sua essência, fruto da subalternidade. Surgido nas periferias, atua como um
canal de trocas num misto de resistência e de reivindicação. No Recife, entre variações –
brega pop, brega funk – o gênero se insere no imaginário popular ultrapassando os limites da
periferia, mas esbarra na distinção cultural criada por habitus e capital cultural ao qual
aponta Bourdieu. A estética brega – aqui, “eixos estéticos que conjugam temáticas, arranjos
e dimensões performáticas” (Soares, 2017) – parece perpassar os limites periféricos de
forma seletiva sob viés classista e racial posto que o seu habitus cultural está ligado à
subalternidade dos centros urbanos. Este trabalho busca analisar como a estética bregueira
e seu forte apelo à juventude se traduz em conveniência à medida que se transforma em
recurso de consumo (Yúdice, 2006) inserido em espaços ‘pertencentes’ à classe
hegemônica; Ademais, buscou-se compreender (i) a estética e o consumo do brega a partir
de seus diferentes níveis de performance e aceitação e (ii) o “bregueiro” enquanto produtor
de uma reivindicação espacial a qual é segregado.
106
GT 17
Religião Política e Gênero
Coordenadores: Fagner Andrade (UFPE) e Tairine Ferreira (UFPE)
Este artigo discorre sobre a condição da cidadania das mulheres no estado do Amapá,
identificando no primeiro momento qual a situação social da mulher no estado, e no segundo
momento quais as especificidades das mulheres amapaenses apresentando as diferenças e
semelhanças que estas possuem. O artigo consiste na análise crítica dos direitos que o
Estado garante para que estas mulheres construam uma cidadania efetiva, confrontando os
direitos institucionalizados na forma de lei e medindo a distância desses direitos com a
realidade concreta. A metodologia utilizada consiste na análise das leis ordinárias que dizem
respeito à cidadania feminina promulgadas pela ALAP, desde 1992 até 2016. Foram
identificadas um total de 65 leis que versam sobre direitos das mulheres no estado. Após
análise da matéria de cada uma destas leis, concluímos pela classificação destas leis em
quatro tipos diferentes, segundo seu conteúdo. São estes: 1) leis que são promulgadas com
o intuito de homenagear as mulheres: somando um total de 11, que versam sobre celebração
de datas comemorativas, e têm, intencionalmente ou incidentalmente, caráter educativo; 2)
leis de reconhecimento público a entidades, organizações civis e associações que trabalham
em prol da mulher: um total de 09; 3) leis que tem como função garantir a efetivação dos
direitos: totalizando 39, em sua maioria sobre a saúde da mulher e proteção à vida
combatendo a violência contra elas e; 4) leis de ação afirmativa: um total de 06, garantindo
qualificação e prioridade em receber benefícios sociais. As leis versam sobre questões como
o bem estar social, a saúde, a educação, a vida, a redução da desigualdade no trabalho e a
moradia. Ainda que a ALAP discorra sobre um número significativo de direitos, há um conjunto
de direitos não institucionalizados como, por exemplo, direitos reprodutivos, sobre o qual a
ALAP tem produzido uma legislação que não garante plenos direitos. Esta omissão interfere
na garantia e na efetivação plena da cidadania feminina, em virtude da retirada de autonomia
da mulher sobre o seu corpo.
108
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Este trabalho tem como objetivo entender como a massificação das Drag Queens na cidade
do Recife e sua ocupação em espaços públicos e privados propiciou uma emancipação como
seres políticos, quebrando tabus sobre uma ordem compulsória que exige dos indivíduos uma
coerência total entre sexo, gênero e desejo sob um viés heteronormativo. Ao assumirem uma
identidade Drag, os transformistas permeiam entre os gêneros, problematizando as normas
sociais que de forma impositiva os sujeitam. Contornando a dinâmica de abjeção, em que o
indivíduo é tido como “anomalia”, por não seguir certos padrões de comportamento, as drag
queens transpõem as barreiras sociais e demandam esforços para a desconstrução da
masculinidade compulsória tida como referencial cultural. Nesse contexto, pretendo analisar
como as drag queens se tornaram elemento importante, nos estudos de teoria queer,
principalmente no processo de ressignificação das convenções culturais.
A presença dos evangélicos na política vem ganhando cada vez mais destaque nas
discussões sobre o lugar da religião no espaço público. Os evangélicos passaram a se
constituir não mais como grupo contrários aos assuntos de ordem política, mas sim como
um segmento em conformidade com o discurso rigorosamente político, passando a compor
desde 2003 a Frente Parlamentar Evangélica. Paralelo a este movimento, observa-se uma
série de alinhamentos enquadrados dentro de uma “agenda conservadora” que se filiam a
matrizes que passam desde a supressão de direitos sexuais e políticos de grupos
109
GT 17
Religião Política e Gênero
O presente trabalho tem como intuito mostrar como a questão de gênero e política está
entrelaçada atualmente. Analisando edições ao longo de 2016, do período de março até
agosto, irei deter o aprofundamento em três edições: a do grampo de Dilma e Lula (16/03), a
posse de Temer (12/05) e a saída definitiva de Dilma (31/08). Para uma possível
compreensão mais ampla do contexto social vigente, é necessário voltar-se ao ano anterior
para analisar como a cobertura midiática pode ter influenciado na construção da narrativa do
impeachment indeferindo nas relações do poder e prestígio político, e ver onde questão de
gênero pode ter sido utilizada como elemento para a construção da narrativa.
110
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
Compreender o partido político como organização constitui o ponto de partida para entender
seu funcionamento e atividades. Ao longo do século XX, diversas tipologias foram criadas
para retratar a diversidade partidária existente. Dentre os principais modelos teóricos,
destacam-se: partido de quadros, partido de massa, partido catch-all, partido profissional-
eleitoral e cartel party. O artigo discute as características centrais do modelo cartel party.
Tal modelo teórico representa uma síntese das reflexões feitas pela comunidade acadêmica
sobre mudança e organização partidária nas últimas décadas do século XX. A discussão em
torno de tal modelo dominou a pauta da literatura organizacional durante a transição para o
século XXI, constituindo um dos conceitos mais influentes desenvolvido nas últimas
décadas. O objetivo do artigo é discutir as características centrais deste modelo,
destacando a movimentação dos partidos políticos em relação às esferas da sociedade e do
Estado. A literatura acerca desta agenda é revista a fim de ampliar o debate junto aos
cientistas sociais interessados em estudar os partidos políticos.
111
GT 17
Religião Política e Gênero
vivemos, no qual a liberdade de expressão está ameaça, inclusive juridicamente. Para esta
pesquisa utilizaremos autores das áreas da Sociologia e das Ciências da Religião.
.
O interesse pela presença de homossexuais não é uma novidade nos estudos de religião de
matriz africana. Todavia, ainda há carências de investigações que considerem as relações
entre o desenvolvimento do Xangô na cidade de Maceió/AL, a ascensão de lideranças
homossexuais em casas de santo e cursos sociais de legitimação de posições que levem em
conta um espectro político-religioso e erótico-sexual Pensando na observação de certa
dicotomia entre lideranças homossexuais respeitáveis e aquelas não toleradas, acusadas
frequentemente de mentirosas e ego-centradas, analiso as transformações tanto de funções
simbólicas de determinados elementos rituais quanto de “regras” de jogos por poder no
interior de terreiros. Propomos uma visão sobre aspectos da relação entre lideranças e
seguidores de Xangô em relação ao trato com a entidade pomba-gira, levando-se em conta
certas tradições rituais. A partir de trechos de conversas com religiosos, de observações em
festas para esta classe de entidade em terreiros de Maceió, além de outros registros de
campo, analiso as estratégias utilizadas por determinadas lideranças, assim como as
lógicas de depreciação de pessoas e práticas nos “bastidores”.
Rodrigo Eiras
Historicamente temos certos problemas no que se diz respeito à questão da homofobia, algo
comumente presente na nossa vida cotidiana. No cenário do futebol brasileiro é muito
marcante como podemos ver este tipo de manifestação discriminatória ocorrer e como isto
afeta o espetáculo esportivo, além de atormentar a sociedade em um âmbito mais amplo. É
perceptível a forma ao qual a heterossexualidade é construída e disseminada, exigindo-se a
coerência entre um sexo, um gênero e um desejo que são obrigatoriamente heterossexuais.
Os insultos e atitudes que visam a negação de uma masculinidade subordinada (KIMMEL,
1998), disseminada e caracterizada pela homossexualidade, pode nos oferecer uma visão
para problematizarmos a forma com que estas pessoas discursam e lidam com as diferenças
112
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964
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PÔSTERES
PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964
Esta pesquisa tem como objetivo identificar e analisar os discursos a respeito das
percepções que pessoas dos estratos sociais baixos que frequentam e/ou que habitam as
regiões entorno da Universidade Federal de Pernambuco tem sobre o continente Africano.
Para tanto, realizamos entrevistas com pessoas de diferentes faixas etárias e nível de
escolaridade. As reflexões contidas nesse trabalho etnográfico provêm da análise das
percepções do senso comum que pessoas das camadas mais populares de um contexto
bastante específico têm referente à África, captadas a partir de entrevistas semi
estruturadas, percepções essas que muitas vezes são responsáveis pela construção de
pensamentos equivocados de bases preconceituosas e estereotipados que resultam da falta
de conhecimento, do que é realmente é esse continente.
Amor como algo intrínseco ou construção social? O campo de estudo das emoções
apresenta duas vertentes: por um lado os que acreditam que ela se dá biologicamente, ou
seja, é inerente ao homem, universal a todos, chamados de universalistas. Por outro, existem
os que acreditam que as mesmas são construções sociais, tendo a cultura o papel
modelador dessas, chamados de construtivistas. Nesse contexto, esse trabalho tem intuito
de demonstrar como o amor esteve presente em diferentes épocas da história, sendo
multifacetado, ou seja, apresentado de diferentes formas, cada qual com sua particularidade,
reafirmando a ideia de que o mesmo não existiu desde sempre, nem esteve presente em
todos os contextos, mostrando ser uma construção social.
115
PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964
*
Carlos Henrique Lima Alves dos Santos
116
discursão do tema, através da observação participante, trazendo elementos que
potencializem a diferenciação de indivíduos englobados dentro do mesmo contexto.
estatística, para se proceder às avaliações sociológicas. Aos elementos: raça, estado civil e
escolaridade foi observadas subnotificações de dados. A pesquisa mostrou-se adequada para
determinar que o suicídio, não deve ser afastado da análise sociológica de todo cientista
social, especial dos estudos que propõem investigar as relações sociais a partir das
emoções. As ciências sociais não podem desprender-se do debate, quando associada às
suas tristezas, medos, vergonhas, e outros o ensejem a morte e comprometa a organização
social.
A obra de Malinowski não perdeu sua importância mesmo com a emergência de uma analise
mítica, e da publicação dos seus diários. A partir dela, e numa visão contemporânea
contemplamos como a etnografia numa perspectiva histórica se desenvolveu e trabalhou a
alteridade seguindo sempre uma noção de imersão. Tem-se a principio a obra de Malinowski
como um marco delimitador totalizante a respeito da alteridade, porém agora já não a vemos
dessa maneira. A etnografia e o método continuam relacionados, e que a teoria tende a
influenciar no campo e o campo na teoria. Abordar a importância de Malinowski nesse
contexto é o objetivo desse trabalho.
PÔSTERES
117
PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964
Graduando do Bacharelado em Ciências Sociais UFPE, Membro do PET- Ciências Sociais; E-mail:
yertcad@gmail.com
.
Este trabalho foi desenvolvido a partir dos desdobramentos e experiências obtidas no campo
durante a etnografia, realizada para o trabalho de graduação, que tem como foco o consumo
nas romarias de Juazeiro do Norte-CE, tendo em vista todos os objetos que carregam a
marca do símbolo religioso que é o Padre Cícero Romão Batista (1844-1934). Neste caso,
desde objetos “sagrados” como também os “profanos”(DURKHEIM, 2008). Nas romarias de
Juazeiro, encontramos uma diversidade de público e de perspectivas do sagrado que podem
ser percebidas mediante o trabalho de campo e entrevistas. Entretanto, além disso nas
conversas informais que possibilitaram a captação de dados valiosíssimos para a
experiência etnográfica e consequentemente para a produção do saber antropológico. Neste
trabalho pretende-se apresentar tais perspectivas encontradas e posteriormente fazer uma
junção com a teoria já existente que embasam a análise destas abordagens registradas no
desenvolver da pesquisa. As informações obtidas, possibilitam reflexões para além do que foi
delimitado no trabalho de graduação e isso será discutido nesta proposta.
O maracatu é um ritmo difundido no Estado de Pernambuco, uma vez que lhe é atribuído um
caráter profundamente estético, simbólico e religioso. A princípio, parte de nosso estudo
antropológico explica as relações que vivenciamos nas observações sobre como o maracatu
Estrela Brilhante de Igarassu orienta-se de acordo com a relação com a calunga (boneca
reverenciada em rituais do candomblé). O artigo propõe enquanto objeto à agremiação
Maracatu Estrela Brilhante com sede situada no Alto do Rosário, Sítio Histórico de Igarassu,
apresentar a identidade negra e a conectividade com os demais campos de atuação na
comunidade. A metodologia utilizada foi através da análise de pesquisa bibliográfica, sendo
permitido gravar e fotografar. Foram identificados como resultados, que o Maracatu é peça
fundamental da cultura negra pernambucana e é símbolo de luta e resistência do povo negro.
Portanto, através da pesquisa etnográfica e das entrevistas realizadas chegou-se à
conclusão que hoje fazem a inclusão de várias pessoas em meio às atividades culturais
promovidas, seja na parte da música, na construção dos instrumentos, no vestuário
confeccionado artesanalmente ou na parte do comércio local.
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Gutemberg Xavier dos Santos Gomes
Lindemberg da Silva Santos
O presente trabalho propõe como objetivo abordar sobre a trajetória histórica do álcool,
assim como a instituição de Política Nacional de Álcool e demais legislações. Para isso,
utilizou-se como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica acerca da temática. O
álcool é considerada a droga mais antiga, sendo conhecido nas civilizações gregos e
romanas, com um alto consumo até os dias atuais, que causa danos sociais e à vida. A
Política Nacional sobre o Álcool aponta princípios fundamentais que visam o enfrentamento
coletivo dos problemas relacionados ao consumo de álcool, que engloba a intersetorialidade
e a integralidade de ações para a redução dos danos sociais. Faz-se necessário refletir
acerca da importância dessa política, com vistas à redução de danos causados pelo seu
consumo.
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raciais, que reserva vagas para os negros e indígenas em instituições de educação, a fim de
diminuir as desigualdades entre as raças. Embora a política de cotas no Brasil não
represente a saída para romper com o racismo, é inconteste o avanço para a inserção dos
negros no ensino superior e para promover a igualdade racial.
O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência vivenciada na Feira agroecológica
de cajueiro seco na periferia do município de Jaboatão dos Guararapes como discentes da
disciplina Sociologia Rural ministrada pela professora Maria Luiza do Mestrado Extensão
rural e Desenvolvimento local. A produção agroecológica e a organização de feiras livres
tornam possível comercializar a produção diretamente aos consumidores, além de ser uma
alternativa para melhoria da qualidade de vida de suas famílias, e em contrapartida das
famílias que consomem a seus produtos. Os preços dos produtos das feiras convencionais,
comparada aos da ecológica, não apresentam grandes disparidades. Porém, os produtos
cultivados neste sistema de produção oriundos da agricultura familiar enfrentam problemas
no processo de comercialização. Diante do exposto, pode-se dizer que a implantação das
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feiras agroecológicas é uma importante ferramenta para assegurar a disponibilidade de
produtos de qualidade e garantir o resgate ao pequeno produtor da dignidade perdida
enquanto trabalhador rural. Conclui-se que, apesar dos desafios a serem superados, a
comercialização de base agroecológica apresenta possibilidades de expansão no município.
Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amapá, UNIFAP, Brasil. E-mail:
nevesalmeida3@gmail.com
Licenciatura em Sociologia pela Universidade Federal do Amapá, UNIFAP. E-mail:
apaaulaps@gmail.com
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Este trabalho oferece uma compreensão e reflexão do papel social da escola, utilizando o
PIBID de sociologia, especificamente no Colégio de Aplicação da UFPE, o olhar etnográfico do
espaço escolar faz observar uma dinâmica que nos possibilita perceber que o ensino de
sociologia transfere uma reflexão do papel do professor e dos demais. Objetivo geral é
compreender a dinâmica do PIBID na escola e os impactos dele, os específicos: identificar os
meios que favorece para essa reflexão e analisar a relação dos pibidianos na sua prática
docente. Utilizo como procedimento metodológico análise de artigos, e textos que discutem
essa temática. Os resultados são: o ensino e as discursões sociológicas tornam uma relação
entre teoria e prática plausível, e por fim há uma apropriação do que seja o papel social e
ação docente.
The Beatles foi uma das grandes influências musicais do século XX. Nos idos de 1960, eles
foram responsáveis por uma onda de consumo desesperado de tudo que se relacionasse com
a banda: a Beatlemania. A Indústria Cultural é essencial para compreender como os ideais da
juventude foram reconfigurados para o consumo da banda, tornando-os atrativos para os
jovens da época; teve papel fundamental na fetichização da imagem do grupo, solidificando a
adolescência como mercado consumidor extremamente lucrativo. Fica claro que essa
construção da imagem artística é um fato social perene, que permanece como nos anos de
1960, mas especializada, pois conta com os meios de comunicação de massa.
Partindo da abordagem dramatúrgica que Erving Goffman utililiza para explicar as interações
sociais no nível dos agentes, este trabalho visa analisar elementos presentes nas relações
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professor-aluno no contexto da pedagogia Waldorf – que fora formulada na Alemanha no
início do século XIX e trazida para o Brasil no século XX. Por meio da revisão bibliográfica e da
utilização do método etnográfico, foi possível constatar que a pedagogia Waldorf não
considera os alunos como "tábulas rasas", como seres apenas moldados pelo meio social
que os envolvem, mas que atuam ora como co-participantes, ora como atores, dividindo o
palco com os professores e definindo a situação no ambiente da sala de aula.
Raphael Silveiras
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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964
Tairine F. Pimentel
Email: Tairine_ferreira@hotmail.com
O Fórum Ecumênico ACT Brasil é uma articulação com atuação no Brasil desde o século XX, é
composto pelas Igrejas históricas do Brasil e também conta com a presença do Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI-Região
Brasil) e Entidades Ecumênicas. Esta comunição tem como proposta apresentar as
incidências no espaço público do último biênio (2015 e 2016) do Fórum Ecumênico Act
Brasil no que diz respeito ao combate as intolerâncias religiosas no Brasil e o fortalecimento
da defesa pelo Estado Laico como garante a Constituição de 1988. Durante o biênio o Fórum
Ecumênico trabalhou em parceria com o Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Cultural
na realização da campanha “Filhos do Brasil” que foi realizada para combater todas as
formas de intolerâncias, males sociais que se chocam com o que descreve e prescreve
nossa Constituição Federal
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estava ameaçada nos espaços públicos é reforçada nas redes alternativas, o individual e o
político passam a circular no mesmo espaço definindo uma configuração muito específica
àquele momento histórico.
Rodrigo Oliveira
Considerando a relação entre indivíduo e sociedade com base na categoria habitus de Pierre
Bourdieu, analisou-se neste trabalho a construção do que Luc Baltanki e Eve Chiapello vão
intitular de novo espírito do capitalismo no atual contexto socioeconômico brasileiro, aqui
percebido através do empreendedorismo. Tendo em vista esta nova matriz cultural, percebe-
se que as universidades têm sido protagonistas na estruturação de um habitus que dispõe a
prática empreendedora. O objetivo do trabalho consistiu, portanto, em observar como ocorre
o processo de incorporação de valores que remetem a esse modelo de ação nos programas
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964
Esta pesquisa tem o objetivo de discutir como tem sido a atuação da subjetividade das
emoções e sentimentos dentro da música e na sua percepção musical, com os seus
desdobramentos no contexto sócio-histórico das pessoas. Para isso, além da pesquisa
bibliográfica, um questionário foi aplicado com a intenção de identificar as preferências
musicais e sua relação com os diferentes tipos de emoções que despertam entre diferentes
pessoas, além de informações sobre a relação delas com as diversas emoções com as quais
têm contato ao escutar alguma música. Os resultados são: há um poder transformador da
música por meio do significado; ocorre uma indução e distinção no contexto social das
pessoas, e por fim ocorre uma afetividade dos agentes dança e canto que comunica
PÔSTERES
sentimentos.
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