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ANAIS
XVI ENCONTRO DE
CIÊNCIAS SOCIAIS – UFPE
XVI ENCONTRO DE
CIÊNCIAS SOCIAIS – UFPE

Interligando
Perspectiva
Contemporâneas
XIV Encontro de Ciências Sociais
Universidade Federal de Pernambuco
PET Ciências Sociais
Revista Idealogando

Promoção:
Universidade Federal de Pernambuco
Coordenação de Ciências Sociais
Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento de Antropologia e Museologia

Coordenação geral:
Elaine Müller (DAM/UFPE), Luciana Ferreira de Moura (DS/UFPE),
Eliane Maria Monteiro da Fonte (PPGS/UFPE).

Comissão Científica do Evento:


Elaine Müller (DAM/UFPE), Eliane Maria Monteiro da Fonte (PPGS/UFPE), Lady
Selma Ferreira Albernaz (PPGA/UFPE) Laure Marie-Louise Clémence Garrabé
(DAM/UFPE), Sidartha Soria e Silva (DS/UFPE)

Comissão organizadora:
David Ferreira de Araújo, Denilson Aluizio da Silva, Fagner José de Andrade,
Itamá Winicius do Nascimento Silva, Luana Bezerra Côrtes, Lucas Cavalcanti
Barbosa, Marcele de Morais Silva, Mônica Alves Rodrigues Alencar, Rayanna
Lucylle Simões Vilela Tavares, Rodrigo Ludermir de Oliveira, Tairine Ferreira
Pimentel, Thaís de Aguiar Leal Domingues, Wenderson Luan dos Santos Lima,
Yasmim Chagas Costa.

Produção gráfica: Denilson Aluizio da Silva

Diagramação: Wenderson Luan dos Santos Lima


Sumário

Ciências Sociais e História diálogos sobre política, 7


crime e movimentos sociais.
Raça, gênero e identidade a produção de 19
conhecimento
sob o olhar da interseccionalidade.
Saúde, Corpo e Emoções. 28
Antropologia da Saúde e as Práticas Tradicionais de 39
Cura.
Patrimônio, Memória e Políticas Públicas História e 44
Perspectivas Contemporâneas.
Agricultura, mercados de alimentos e territórios Novos 48
arranjos e velhas questões.
Sociologia Política limites e tensões. 52
Nações, nacionalismos e pós-colonialidade. 57
Assujeitamento e Processos de Subjetivação. 61
Relações sociais com animais não humanos. 66
Antropologia e Sociologia das Moralidades e Emoções. 70
Drogas, atores e sociedades. 78
Antropologia e Etnografia experiências do fazer 83
Antropológico.
Sociologia da Arte e da Cultura. 92
Etnicidade, povos indígenas e comunidades 98
tradicionais questões atuais.
Juventudes e diferentes espaços mobilizatórios. 102
Religião Política e Gênero. 107

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SOBRE
Com o objetivo de dar continuidade a uma tradição que tinha sido interrompida
desde 1999 e retomada em 2003, quando se realizou a sexta edição, o grupo
PET Ciências Sociais, junto à Revista de Ciências Sociais, Idealogando, e à
Comissão organizadora do XIV ECS, está organizando, como parte de suas
atividades regulares de ensino e extensão, o XIV Encontro de Ciências Sociais.

Tendo sido iniciado em 1993 como um evento meramente local (reunindo quase
exclusivamente alunos e professores da UFPE), os encontros se firmaram ao
longo dos anos como um dos principais eventos na área de ciências sociais e
humanas no Estado de Pernambuco, reunindo alunos, professores,
pesquisadores, técnicos de ONGs e de órgãos do governo, que neles vinham
apresentar e debater resultados de suas pesquisas, além de participar de suas
mesas-redondas e de outras modalidades oferecidas. O sucesso dos Encontros
ficou evidente após sua retomada em 2004, tendo sido marcado por uma
expressiva presença de participantes locais e ao mesmo tempo alcançando
uma expressão nacional com a presença de conferencistas, debatedores e
interessados em geral vindos de diversas regiões do Brasil, além de ter tido o
apoio de instituições e órgãos de fomento como a FUNDAJ, o CNPq, a CAPES e
a FACEPE.

Na décima segunda edição do Encontro, realizada em 2010, o evento contou


com a participação de aproximadamente 400 inscritos, além de um número
elevado de ouvintes. Sua programação foi composta por:
 Duas conferências de caráter magistral, proferidas por pesquisadores
nacionalmente reconhecidos;
 Onze mesas-redondas que envolveram, respectivamente, três a quatro
expositores;
 Mostra de vídeos;
 Mostra de fotografias;
 Nove oficinas;
 Dez grupos de trabalho onde foram apresentadas comunicações de
professores, alunos e pesquisadores de um modo geral.

Para mais informações sobre o XII ECS pode ser consultado o site do evento: XII
ECS.
No VI ECS, primeiro executado pelo grupo, havia em torno de 160 inscritos e
pouco mais de 30 trabalhos apresentados. No VII Encontro, realizado em julho
de 2004, esses números subiram para 250 inscritos e 115 trabalhos
apresentados, demonstrando um elevado aumento do interesse da comunidade
acadêmica e extra-universitária em participar e se informar sobre as mais
diversas temáticas abordadas.

Objetivos:
1. Oferecer um espaço para que alunos, professores e pesquisadores de ciências
sociais possam apresentar trabalhos resultantes de suas pesquisas, sendo
este ao mesmo tempo um estímulo à produção de novos trabalhos e uma
oportunidade para sua divulgação a um público mais amplo.
2. Estimular o intercâmbio do Departamento de Ciências Sociais da UFPE, dos
seus docentes e discentes, com outros centros de ensino e pesquisa locais,
regionais e nacionais, através da interação acadêmica com professores e
pesquisadores vindos de fora para o evento.
GT 01
Ciências Sociais e História: diálogos sobre
política, crime e movimentos sociais.
Coordenadores: Thiago Nunes Soares (CE - UFPE/UFRPE) e Jamerson
Kemps Gusmão Moura (CE-UFPE).

Este Grupo de Trabalho tem como objetivo principal possibilitar uma


discussão entre pesquisas no campo da História, das Ciências Sociais e
áreas afns, interligando perspectivas contemporâneas. Os trabalhos
devem versar sobre: A política e as relações de forças em meio a disputas
pelo poder; O Estado, o setor privado e os movimentos sociais;
Instituições punitivas; Teoria social, punição e controle social; Da
integração social ao controle social; Punição e estrutura social; Do
Estado Social ao Estado Penal; Globalização, mobilidade e imobilidade; A
cultura do controle, entre outros temas correlatos. Dessa forma, através
de um diálogo multidisciplinar, serão tecidos debates que terão como fio
condutor a temática do GT relacionada aos campos histórico,
econômico, cultural e político.
GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

Adalberto Antonio da Mota Correia

Bacharelando em Geografia - UFPE, Bacharelando em Direito - UNINABUCO, Bolsista de Iniciação


Científica CNPq, Pesquisador no INCT Observatório das Metrópoles, Membro do Grupo de Extensão
Além das Grades - CCJ/UFPE; E-mail: toni.m12@hotmail.com

As ciências, ao longo do movimento da história, buscam fornecer elementos a fim de


proporcionar a compreensão da realidade. Diante do problemático contexto sociopolítico
brasileiro atual, não poderia ser diferente. Ao passo que as relações sociais se materializam
no espaço - formando o território - entender a luta de classes e sua materialização no
espaço é entender o modus operandi social sob a ideologia capitalista através das eras.
Essa estrutura, enraizada no habitus da sociedade, ou seja, no seu modo de pensar, faz
percebidos os grupos hegemônicos a partir dos seus espaços sociais e dos distintos
capitais distribuídos de modo desigual entre as classes. Nisso, fundam-se a coerção social
dos comportamentos desviantes a esse padrão chegando à instrumentalização do Estado
para a imposição da ideologia dominante através do potestas puniendi, do poder de punir.
Assim, impondo-se o medo e a violência, especialmente sobre aqueles que se desviam,
desafiando a ordem vigente, a partir dos movimentos sociais, seus atos e protestos.

Aline Neves Aguiar

Universidade federal de Pernambuco; E-mail: alineneves_aguiar@hotmail.com

Nas ciências sociais, o tema corrupção costuma ser abordado pela Ciência Política e pela
sociologia. A Antropologia começou apenas recentemente entrar nos debates sobre
corrupção. Assim, é preciso investigar as origens e os fatores culturais das condutas em
contextos demarcados pelas relações de poder. Portanto, a pesquisa volta-se para os
conceitos de amizade e parentesco como mecanismos sociais articulados para a ocupação
de cargos comissionados da secretaria de saúde do município de Bezerros. A literatura
antropológica sobre o tema é caracterizada, sobretudo, pelos trabalhos de Roberto DaMatta
(1987), Lívia Barbosa (1999) e Marcos Otávio Bezerra (1995). DaMatta busca compreender
o Brasil e suas redes de relações sociais, retratando os termos “casa” e “rua” não como
espaços geográficos, mas são categorias sociológicas. Lívia Barbosa (1999) enfatiza a
prática do jeitinho, categoria popular que não é classificada como um sinônimo de corrupção,
mas faz referência aos artifícios que driblam as normas socialmente construídas. Os textos
de Marcos Otávio Bezerra (1995) nos oferecem verdadeiras etnografias de práticas
corruptas por estudar as interrelações entre poder público e interesses privados. A
metodologia do projeto é de cunho qualitativo exploratória, tendo em vista que os estudos

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

antropológicos sobre a temática da corrupção, especificamente no Brasil, ainda são


incipientes.

Giovanni Alves de Sá

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPB; Email:


giovannialvesduarte@gmail.com

Dentre os clássicos da sociologia, as contribuições de Max Weber apontam importantes


janelas conceituais que podem ajudar na compreensão de muitas questões contemporâneas,
dentre elas, as relações de dominação. Propomos uma reflexão sobre este tema na tentativa
de encontrar aproximações com base no conceito de dominação presente em Weber para
entender problemas que a sociedade brasileira enfrenta atualmente do ponto de vista do
discurso político. O método utilizado para a construção deste ensaio é bibliográfico a partir
de uma reflexão crítica com base no próprio autor. Para tanto, utilizamos como substrato a
obra Economia e Sociedade, do pensador alemão. Nosso esforço heurístico identificou
estratégias de legitimação de um ethos carismático, no sentido weberiano, sobre o pré-
candidato a presidência Jair Bolsonaro. Neste processo metodológico, iremos nos valer de
recortes sobre o deputado registrados na imprensa com base na estratégia de atribuir à
figura do pretenso candidato o status de mito.

Divânia Cássia C. Silva

Universidade Federal de Sergipe -UFS- Núcleo de Pós-graduação em Sociologia-PPGS-


divaniacassia@hotmail.com

Este artigo está inserido nas discussões teóricas acerca do militantismo e do engajamento
(Bourdieu, 1996, 1998; Lahire, 2004; Dubar, 1998; Elias, 2001; Gaxie, 1977). O presente
trabalho investiga as trajetórias dos militantes dirigentes dos movimentos sociais voltados
para a causa da educação no município de Paulo Afonso-BA. Buscou-se compreender neste
estudo, através da análise das trajetórias, como os diferentes recursos podem ser acionados
e reconvertidos para diferentes formas de engajamento, bem como ocupação de espaços
estratégicos dentro dessas organizações não governamentais. Procurou-se apreender, quais
os recursos sociais acionados e reconvertidos para diferentes formas de engajamento nos
espaços investigados. Também, foram analisadas as redes de relação estabelecidas ao
longo das experiências sociais, e sua utilização em favor do ingresso no meio militante e
profissional. Tal investigação permitiu, ainda, relacionar este tipo de militantismo, às
gratificações simbólicas específicas provenientes desses espaços ocupados.

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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

( )
Geane Bezerra Cavalcanti

Mestra em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE; E-mail:


geane17@yahoo.com.br.

Esta pesquisa é parte da dissertação “Lutas e Resistência dos Moradores da Periferia da


Cidade do Recife (1955-1988)” defendida em fevereiro de 2017, com financiamento da
CAPES, vinculada ao programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura Regional -
UFRPE. Com o início da redemocratização política, década de 1980, os movimentos sociais
passaram a se reorganizar e fortalecer sua atuação no campo político. Entre eles estavam
os movimentos populares de bairro, como as associações de moradores. Esta pesquisa teve
por objetivo compreender como se deu a articulação política das associações de bairro da
cidade do Recife com os governos municipais de Gustavo Krause e Jarbas Vasconcelos.
Buscamos analisar as relações de poder entre as associações e a prefeitura do Recife, seus
embates, negociações, interesses e reivindicações das associações. Observamos que as
relações de poder entre os movimentos sociais populares de bairro e o governo municipal
realizava-se através da pressão popular exercida pelas associações sobre a prefeitura; ora
os interesses de ambas caminhavam juntos, ora se estabelecia um campo de oposição.

Greyce Falcão do Nascimento

Doutoranda em História. Universidade Federal de Pernambuco. greycefalcao@hotmail.com

A escolha revista Manchete como objeto de estudo justifica-se por entender a imprensa
fundamentalmente como instrumento de manipulação de interesses e de intervenção na vida
social, não a considerando como um simples veículo de informações, transmissor parcial e
neutro dos acontecimentos, isolado, portanto, da realidade político-social na qual se insere.
Além de trabalhar intensamente na produção de consensos a imprensa busca fabricar
socialmente a amnésia, mediante a imposição da velocidade informativa. Pode, em algumas
circunstâncias, ocultar certos aspectos da realidade, inverter a relevância das informações
ou promover a descontextualização dos acontecimentos. A revista Manchete esteve
presente por quase cinquenta anos no dia a dia de milhões de brasileiros. Nesse sentido, ao
tomar o jornalismo impresso como fonte/objeto percebemos que os conteúdos trazidos por
esses veículos não podem ser dissociados do lugar ocupado pela publicidade em tais
empresas. É preciso atentar para fatores como a objetividade, a imparcialidade, a análise do
discurso e quais as motivações para a publicação de certas notícias.

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Jairo Fernandes da Silva Júnior

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural de Pernambuco


(PGH/UFRPE), Pesquisador do Laboratório História do Tempo Presente (HTP/UPE) e Colaborador do
Laboratório de Estudos da História das Religiões (LEHR/UPE). E-mail:
jairo.fernandes1994@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo analisar o Instituto Casa de Ana Frank, na Argentina, como
detentor da memória da jovem judia naquele país. Reconhecida pela Anne Frank Haus, na
Holanda, a casa Argentina segue o formato de difusão da memória padrão da casa Holandesa,
que consiste na harmonia entre a linha do tempo da história da Segunda Guerra Mundial e o
testemunho de Anne Frank descrito em forma de diário enquanto esteve no esconderijo. Além
disso, acrescenta ao espaço físico a visão didática, a partir da pedagogia da memória, a qual
consiste na imersão da experiência diante da dor do outro, estando a entrelaçar os relatos
de Anne com questões de um passado político obscuro no país, relacionando a ditadura e
seus desdobramentos sociais nos nossos dias. Nesse sentido, o fio condutor desta pesquisa
é a análise e problematização efetiva do lugar de memória dos relatos da jovem alemã no
instituto argentino, como parte central de discussões acerca dos direitos humanos e
temáticas voltadas ao tempo presente, a exemplificar: racismos, preconceitos e a não
aceitação do outro.

José Correia de Amorim Júnior

Graduando em História – UFRPE – EAD – Polo Carpina; E-mail: juniep_15@hotmail.com

O presente trabalho compõe um elo reflexivo sobre o histórico do movimento negro brasileiro,
abordando suas principais características, lutas e conquistas. A partir dessa reflexão,
relaciona as principais ações desse movimento no tocante a garantia do acesso a uma
educação plural e democrática, que tem como consequência a promulgação da lei n. 10.639
no ano de 2003, que trata da obrigatoriedade do ensino da história da África e Afro-Brasileira
nas instituições públicas e particulares de ensino. Propõe uma reflexão articulada sobre o
movimento negro e a educação como eixos essenciais no combate ao racismo e a
discriminação racial, com ação transformadora no tocante a superação do mito de
democracia racial. Problematiza a discussão a partir de vários estudos referentes ao papel
do negro, da educação e do poder público na sociedade brasileira. Pensa a importância da lei
10.639/2003 na reflexão dos currículos educacionais brasileiros e suas possíveis
modificações no imaginário pedagógico. Utiliza pesquisa bibliográfica e documental no
tocante ao cumprimento dos seus objetivos. Para não concluir, reflete sobre o papel do
movimento negro contemporâneo, na garantia da implementação pedagógica da referida lei e
os caminhos para sua vivência nas instituições escolares brasileiras.

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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

Luís Fernando Araújo Farias


Déborah Beatriz Oliveira Guerra
Prof. Msc. Thiago Nunes Soares

Estudante do Curso de História- CFCH- UFPE; E-mail:luisfernando_farias@hotmail.com


Estudante do Curso de História- CFCH- UFPE; E-mail:licencianda.historia@gmail.com

O processo de redemocratização – período marcado por mudanças políticas no país – em


1980 foi de fundamental importância para analisar e levantar questões a respeito das
relações sociais no Brasil. As questões trabalhistas passaram a entrar em cena de forma
mais efetiva nas pesquisas acadêmicas ao serem mais amplamente discutidas, o que se faz
necessário em tempos de instabilidade política. Em suma, analisar a história social do Brasil
também significa falar sobre as relações trabalhistas e os aspectos do trabalho no país.
Podemos concluir, portanto, que desde meados do século XX o resgate à memória se trata
de uma questão muito mais ampla do que apenas preservar o passado nacional, dando à
memória uma finalidade política. Nesse sentido a preservação, sobretudo de fontes
documentais, se faz necessária. Graças aos processos trabalhistas, fotografias, carteiras de
trabalho e entre outras evidências preservadas pelo Memorial da Justiça do Trabalho da 6ª
Região ligado ao Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco (TRT-PE) em uma ação em
parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é possível dar visibilidade aos
trabalhadores brasileiros.

( )
Marcos Maurício Costa Freitas

Mestrando em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco; E-mail:


marcosmcfreitas@gmail.com

Analisando a política educativa de Portugal entre os anos de 1928 e 1945, vemos que a
formação da juventude – a Mocidade Portuguesa Masculina e Feminina – era uma das
preocupações do Regime para a formação da sua base ideológica, assemelhando-se às
políticas educativas de outros países nacionalistas do período, inclusive com a nazista,
propagandeada pela revista A Esfera. Para isto, nos é caro estudos aprofundados tanto da
estruturação da educação nacional quanto da intelectualidade católica – que buscava
resgatar o espaço perdido durante a I República – e nacionalista, responsáveis por criar,
através da educação, o “homem novo” português aos moldes político e socialmente
aceitáveis. O uso da educação como aparelho ideológico não é uma peculiaridade do
salazarismo, mas recebeu nova roupagem no período. Na parcialidade dos resultados, nesta
sociedade proposta pelo Estado Novo português, cada grupo de atores sociais tinha a sua
função e por isso é mister entender as singularidades da Mocidade Feminina em relação a
Mocidade Masculina; a grosso modo, a Masculina formava os rapazes para exercer cargos na

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

administração pública e a Feminina cuidava da formação culinária das moças e futuras donas
de casa.

Lucas Cavalcanti Barbosa


Mônica Alves Rodrigues Alencar

Graduando em Ciências Sociais pela UFPE; E-mail: lucas.ca@hotmail.com.


Graduanda em Ciências Sociais pela UFPE; E-mail: moalencar_@hotmail.com

O objetivo desse trabalho é analisar como o processo de globalização desigual contribui para
o aumento dos fluxos migratórios dos senegaleses para cidade do Recife, levando em conta
a discussão acerca do espaço geográfico, investigando as causas e/ou motivações desses
fluxos migratórios, e a construção da identidade desses indivíduos enquanto migrantes.
Diante disso, será abordado o contexto histórico, sociológico e político da globalização, a
categoria de lugar e de espaço geográfico, em termos de desterritorialização e
reterritorialização, o processo histórico das migrações de Senegal no contexto global e local,
as migrações e suas questões político-econômica e social-cultural, os problemas sociais,
políticos, econômicos e jurídicos que os imigrantes encontram ao chegar no Recife, o
processo de integração social e as questões identitárias. O desenvolvimento da pesquisa foi
baseado em material bibliográfico e em entrevistas semiestruturadas.
.

Fernando Antônio Carvalho Alves de Souza


Mateus Rafael de Sousa Nunes

Mestre em História das Ideias Penais pela FADIC, professor de Direito Penal da UNINASSAU; E-mail:
facas.adv@gmail.com;
Discente do mestrado de História da Universidade Federal de Pernambuco; E-mail:
mateusrafael@hotmail.com.

O presente trabalho versa sobre a política institucionalizada no estado de Pernambuco


através do programa “Pacto pela Vida” no que concerne à sua inclusão do sistema carcerário
na política do Estado. O principal escopo é a análise da precarização do trabalho do policial
militar no Estado de Pernambuco e a forma como as metas de produtividade, mais
especificamente de apreensão de drogas para locupletação salarial, geram prisões indevidas,
insegurança no estado, encarceramento em massa, com altos índices de prisões em
flagrante, muitas delas convertidas automaticamente em prisões preventivas, gerando
altíssimo ônus ao erário e negligenciando os direitos dos presos. A abordagem baseou-se em
uma revisão bibliográfica acerca do tema e na análise de fontes documentais primárias como
a Lei Nº 15.458, de 12 de fevereiro de 2015, a lei 11.343/06, atual lei de drogas, Conselho
Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), doutrina, matérias jornalísticas e
artigos.

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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

(
Francisco Marcelo Gomes Ferreira

Universidade Federal de Pernambuco; Email: marcelomauss@gmail.com

O intuito do presente trabalho é tornar inteligível o contexto atual da questão indígena no


Brasil, a partir da análise da Comissão Parlamentar de Inquérito(CPI) da FUNAI iniciada no
ano de 2015, a mesma apresenta como consequência mais perniciosa a criminalização de
antropólogas(os) questionando assim a legitimidade do saber/ fazer antropológico, bem
como a autonomia e defesa dos povos indígenas enquanto sujeitos de direito. A
compreensão do contexto político em que se deu inicio tal comissão, assim como quem são
os atores interessados em sua efetivação ,representam a chave para se entender o que
alguns intelectuais já denominam de “teatro institucionalizado”. Jogos discursivos e de
poder entre parlamentares antropólogos e instituições, colocam também em cheque os
tratados assinados pelo Brasil no que tange aos Direitos Humanos, verbalizado na
Constituição Federal de 1988, ao referenciar os direitos do povos indígenas e a afirmação do
país enquanto pluriétnico.

Ramona Raissa do Nascimento Guerra Melo Ribeiro

Frente ao contexto social, político e econômico no qual se encontra Pernambuco, a Fundação


de Atendimento Socioeducativo – FUNASE visa a ressocialização do adolescente em conflito
com a lei, também chamado de jovem infrator. Apresentando medidas socioeducativas que
podem variar de advertência até internação, de acordo com o grau da infração praticada.
Deste modo, a pesquisa tem como objetivo central, analisar se o sistema no qual esses
jovens estão inseridos alcança de forma efetiva seu objetivo ou serve apenas como
instrumento de contenção nas mãos do Estado. Visando identificar o modo como esse
âmbito de trabalho interfere no comportamento dos funcionários, como eles lidam com os
problemas existentes na instituição e com os métodos de contenção utilizados. Buscando
então o entendimento dos elementos que viriam a determinar uma pessoa a ser considerada
como desviante, outsider. Analisando também, as perspectivas a partir do ponto de vista dos
funcionários, além da tentativa de compreensão no que se refere à organização desta
instituição. Fazendo então uma discussão acerca de autores como Bourdieu, que explana
sobre a violência simbólica, Goffman, que traz as características estigmatizado, pensando
também na perspectiva proposta por Focault, que vai dissertar acerca das relações de poder,
atentando-se para o “jeitinho” brasileiro, proposto por DaMatta, que aparece na constante
dificuldade de lidar com os problemas diários na instituição.

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

( )
Midian Tavares Correia
Drª Giselda Brito Silva

Erradicar o que simbolizava o velho, assim orientava o Estado Novo através de suas
propagandas e de seus discursos, pois o progresso era a meta para a construção de uma
nova sociedade. Dessa forma, os anos de 1937 a 1945, período Estadonovista, no qual o
governo propagava investimentos em projetos populares de melhoria para os pobres, desde o
trabalho até a moradia. Mas este projeto não atinge a todos, pois o pobre continuava sendo
visto como caso de polícia. O plano de remodelação da cidade mostrava o trabalho do
interventor no intuito de retirar do cenário o que significava o arcaico e por isso estava longe
do projeto de modernização almejado. A meta dessa pesquisa é mapear a relação entre a
política social de inserção da população pobre nos projetos sociais e o controle destas
comunidades, com base no cotidiano desses sujeitos. Dessa maneira, A população pobre,
especialmente os de empregos informais viviam de atividades diversas: sapateiros,
vendedores, lavadeiras, engraxates etc., estavam sempre tendo atritos com as autoridades,
pois o Estado Novo via nesses sujeitos o exemplo da feiura e da desordem do Recife. De
modo geral a população recifense pobre era vista como desordeira e responsável pela
dificuldade do processo modernizador que o Recife passava através de um novo ritmo
econômico e social do Estado Novo.

Claudenice Maria Silva de Santana (UFPE)

O Programa Governo Presente de Ações Integradas para Cidadania é o programa do Governo


de Pernambuco, implantado em 2008, com objetivo de reduzir a violência e a criminalidade no
Estado. Em 14 de julho de 2011, ele foi institucionalizado, através da Lei nº 14.357,
deixando de ser uma política governamental para ser estatal. Diante disso, o nosso o
trabalho visa analisar as mudanças ocorridas em sua trajetória, mais especificamente na
comunidade da RPA 6, em Recife. A escolha deve-se ao fato de ela ter apresentado os
maiores índices de violência e criminalidade, o que culminou na implementação da primeira
Estação desse Programa. Para o desenvolvimento da nossa investigação, utilizamos como
principais referenciais teóricos a pesquisadora Adailza Sposati (1998; 2004) e o sociólogo
José de Souza Martins (2009). Na construção do desenho metodológico, optamos pela
pesquisa qualitativa, através da realização de entrevistas semiestruturadas, e pela pesquisa
bibliográfica acerca da temática investigada. Os resultados obtidos demonstram uma
reestruturação oficial do Programa, porém sem impacto efetivo nos territórios de atuação.
Conclui-se que para o seu funcionamento enquanto política pública de inclusão social é
necessária a real implementação de mecanismos que aumentem a efetividade, a eficácia e a
eficiência das ações desenvolvidas.

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GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

Filipe Matheus Marinho de Melo

Uma vez que poucas são as obras canônicas que se referem ao mundo do trabalho,
promovendo um apagamento social do trabalhador em nossa sociedade, o presente trabalho
tem como objetivo analisar a condição dos trabalhadores na França na década de 1860
através da obra Germinal de Émile Zola, tendo como apoio o que os textos da Primeira
Internacional dos Trabalhadores e o que a historiografia nos apresenta a respeito da
organização do mundo do trabalho da década de 1860 e a partir disso investigar o cenário de
exploração dos trabalhadores e suas reivindicações básicas, como moradia, jornadas de
trabalho, salário, educação, reunião sindical, etc. Além disso, como o mundo do trabalho não
está deslocado do mundo dos burgueses, entender a relação entre burgueses e
trabalhadores é essencial para compreender as reivindicações e as lutas dos trabalhadores.
O uso da literatura se justifica na noção de que ela é baseada em uma realidade histórica e
expressa, em seu desenvolvimento, os conflitos sociais, políticos e até econômicos que se
mostravam latentes no determinado momento histórico social de produção.

Jamerson Kemps Gusmão Moura

Universidade Federal de Pernambuco (Centro de Educação); E-mail: kempsjamerson@gmail.com

Neste trabalho, analisamos como se deu a apropriação e viabilização da política de Gestão


Democrática da Educação em escolas que compartilham culturas organizacionais advindas
de práticas socioprofissionais ainda ligadas ao autoritarismo associadas a práticas
socioprofissionais e novas demandas oriundas de processos de redemocratização.
Questionamos: haveria ainda algum ranço comportamental não democrático nas culturas
organizacionais escolares que influenciaria a apropriação e viabilização das políticas de
gestão democrática? Consideramos o processo histórico de mudanças que caracterizam o
campo educacional brasileiro e pernambucano, refletindo sobre as especificidades que
envolvem a política educacional em questão. Dentre outras constatações, verificamos que a
viabilidade dessa política foi ameaçada pelos processos subsequentes que envolvem a sua
implementação. Diante das realidades já sedimentadas na cultura organizacional das
escolas do campo educacional, a política de gestão democrática da educação foi sendo
gradativamente influenciada por processos que deram margem à implementação da política
de Lista Tríplice no sistema educacional de Pernambuco.

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Rose Dayanne Santos de Brito

Doutoranda em Direito na Università degli Studi di Roma Tor Vergata (Itália); E-mail:
rose.dayanne@posgrad.ufsc.br

O artigo discute a repressão e a violência policial em manifestações e atos em defesa da


liberdade durante a Primeira República (1889-1930). De modo específico, será realizado um
estudo de caso, ocorrido em 1901, em São Paulo. A metodologia utilizada é inspirada na
micro-história, caracterizada sobretudo por reduzir a escala de observação para revelar
novos dados. O objetivo principal é demonstrar o controle social e as punições exercidas
sobre os indivíduos que se manifestavam de maneira pacífica e defendiam a liberdade
individual e a liberdade religiosa, garantidas na Constituição Republicana de 1891. A
hipótese do artigo é que a análise histórica circunscrita ao “Caso Electra” pode revelar
instituições punitivistas e violações constantes a direitos individuais mais básicos, como
liberdade de pensamento e de crença. O caso merece destaque, pois a apresentação da peça
Electra em São Paulo desencadeou uma série de manifestações sociais e, em consequência,
a repressão e perseguição da polícia. Esses acontecimentos ganharam as páginas dos
jornais da época, em especial do jornal A Lanterna, já que o seu redator-chefe, o advogado
Benjamim Mota, estava envolvido no ocorrido.

( )
Stênio Ricardo Carvalho dos Santos

Mestrando em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco; E-mail:


steniocarvalhos@yahoo.com.br

Acerca das políticas de drogas no Brasil, as décadas de 60 e 70 do século XX marcam um


período de intenso debate nacional, havendo a promulgação de legislações e ratificações de
tratados internacionais a respeito do tema e sendo constituído um cenário jurídico de
políticas limitadas à punição e repressão. Este trabalho é fruto da pesquisa que vem sendo
desenvolvida no âmbito do mestrado em História. Se voltando para o Estado de Pernambuco,
o projeto tem por objetivo analisar os discursos que circulavam tanto nos periódicos quanto
nos documentos oficiais e que buscavam legitimar as práticas de repressão ao consumo e
tráfico de entorpecentes. Em resultados parciais pudemos perceber a veiculação de
discursos que buscavam relacionar o uso e o tráfico ilícito de drogas à degradação dos
valores morais e ao comunismo, sendo seu uso muitas vezes considerado um fator
criminológico. Haviam também denúncias nos jornais acerca da falta de eficácia do sistema
penal/prisional na erradicação do problema e a busca por ressaltar-se o papel de cada
pessoa, física ou jurídica, no combate ao "flagelo das drogas".

17
GT 01 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

Itamá Winicius do Nascimento Silva

Graduando da Licenciatura em Ciências Sociais em Universidade Federal de Pernambuco e membro do


PET Ciências Sociais; E-mail: itama_winicius@hotmail.com

O presente estudo busca refletir sobre uma temática atual nas Ciências Sociais, a Sociologia
do Futebol. No Brasil e no mundo esse esporte de massas está ligado à violência. Tendo em
vista a presença do futebol em páginas policiais e baseando-se em formulações atuais de
autores como Maurício Murad e Luiz Henrique de Toledo a produção procura aprofundar o
debate sobre a violência no futebol que deve ir além da simples criminalização das torcidas
organizadas. Identificado a ineficiência do Estado, questiona-se o paliativo que é
simplesmente proibir as “TO’s” dos estádios. Ação midiática que desconsidera a
heterogeneidade das torcidas e dificuldade de seus dirigentes em controlar os torcedores. A
festa nos estádios é afetada sem reduzir os casos de violência, inclusive, sendo motivo de
aumento do preço dos ingressos mostrando o teor classista na criminalização das “TO’s”. O
fim do Programa Todos com a Nota em Pernambuco é um exemplo. Conclui-se então que o
cenário só poderá mudar no país se o Poder Público formular ações em comum acordo com
as “TO’s” que são silenciadas mesmo sendo as principais afetadas.

( )
Aurélio de Moura Britto

A pretensão deste trabalho é discutir como a implantação das oficinas de trabalho coletivo
na Casa de Detenção do Recife, na década de 1860, suscitou o advento de um conjunto
diversificado de interações e sociabilidades entre habitantes da cidade e a instituição
prisional concorrendo para esmaecer o sentido normatizador e moralizador conferido ao
trabalho pelas elites prisionais no Oitocentos. O pecúlio que auferiam alguns detentos a
partir dos produtos fabricados coletivamente nas oficinas atuou no sentido de fomentar
múltiplas relações mercantis entre os detentos e o mundo circundante, colocando em
contiguidade a prisão e a cidade. Nesse sentido, tencionamos perscrutar o trabalho prisional
para além da retórica dos administradores admitindo que – neste caso especifico – mais do
que agente disciplinador, o trabalho foi, efetivamente, suporte para autonomia e barganha
dos detentos e de atrativo pecuniário para diversos segmentos depauperados da cidade.
Portanto, o trabalho dimensiona as diversas interações e contiguidades que se
estabeleceram entre o mundo prisional e os segmentos populares na cidade do Recife.

18
GT 02
Raça, gênero e identidade: a produção de
conhecimento sob o olhar da
interseccionalidade.
Coordenadoras: Alyne Isabelle Ferreira Nunes (PPGS - UFPE), Juliana Torres
Y Plá Trevas (PPGS - UFPE) e Indira Corban Brito Guerra (PPGS - UFPE).

Esse simpósio se propõe a discutir como as questões raciais, de gênero,


de identidade, e outros marcadores, podem contribuir para que o
conhecimento produzido a partir deste viés interseccional revele sujeitos
e/os aspectos antes negligenciados ou suprimidos. A interseccionalidade
é uma categoria proposta pela feminista negra norte-americana
Kimberle Crenshaw (1982), que identificou a impossibilidade de
compreender qualquer questão social a partir de categorias analíticas
isoladas. Segundo Rodrigues (2013), a interseccionalidade constitui uma
ferramenta fundamental e emergente tanto para as/os ativistas, como
para as/os teóricas/os feministas comprometidas/os com as análises das
múltiplas opressões em distintos contextos. É a partir da perspectiva
interseccional que as questões de raça, sexualidades, corpos,
religiosidades, geração, entre outras, adquirem centralidade nas
reflexões junto às análises clássicas de gênero e de classe. Ao pensarmos
as práticas discursivas e a (re)produção das violências e das
desigualdades sociais reforçadas pelas estruturas dominantes de poder,
encontramos uma população que é constantemente desprivilegiada e
subalternizada (Spivak, 2010) desde os aspectos subjetivos alcançando
até a dimensão física. É, justamente, a serviço desses grupos
politicamente minoritários que a interseccionalidade vem tencionar o
debate acerca da produção do conhecimento. No Brasil, por mais que as
discussões sobre as relações de raça, de gênero, de identidade, e outros
marcadores estejam avançando, as práticas que naturalizam as
violências históricas estão passando por um processo de (re)
atualização. É buscando compreender essas novas configurações de
violência e da própria produção do conhecimento que o simpósio visa a
reunir trabalhos e investigações, em andamento e/ou concluídos, que
possam trazer contribuições para o debate de como as questões de
raça, de gênero, de identidade e outros marcadores se interseccionam
na leitura desses processos. Para tal, partimos da ideia de que a
existência e uso dos múltiplos marcadores são necessários para
compreender as construções sociais e discursivas que inscrevem os
corpos em diferentes espaços na sociedade.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Agnes Carine da Silva

Graduanda em Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail:


agnes.carine@hotmail.com

A questão racial e o abismo existente entre negros e brancos no Brasil é algo pouco
veiculado e de ínfima visibilidade nos grandes espaços de comunicação. A fim de manter as
hierarquias sociais, o Estado busca invisibilizar as fronteiras existentes entre o universo do
negro e do branco no Brasil, tornando questões estruturais em meras questões individuais,
baseadas na meritocracia. Nesse contexto, a busca incessante pelo padrão eurocentrado
acarreta no não reconhecimento de nossa existência enquanto sujeitos negros/as e
sustenta a hegemonia e hierarquização de um único padrão - o branco. Assim, levanta-se
como objetivos a análise e a reflexão de como a ideologia do branqueamento adentra na
sociedade brasileira e é, ainda hoje, tão naturalizada. Para tanto, busco analisar as formas de
invisibilização da população afrodescendente, isso a partir da negação de seus traços, tendo
como principal deles, o cabelo da mulher negra. Entendendo que as opressões estão
intricadas em uma sociabilidade patriarcal, classista e eurocentrada, busco alçar uma
revisão bibliográfica a partir de leituras que adentrem no escopo da referida temática, assim
como também a partir de observações do cotidiano.

Anita Maria Pequeno Soares

Mestranda no Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFPE

A negação da beleza negra remonta desde a escravidão e o cabelo foi e continua sendo, junto
com a cor da pele, um dos principais sinais diacríticos da negritude. A introjeção dessa
negação estética marca profundamente a subjetividade daqueles que o racismo subjuga sob
o estigma da inferioridade. Movimentos políticos importantes surgiram, então, a fim de
revalorizar a beleza negra. O slogan “negro é lindo”, construído no contexto de luta contra o
apartheid na África do Sul, teve repercussão internacional. Nos EUA, durante as décadas de
1960 e 1970, os movimentos “black is beautiful” e “black power” marcaram fortemente a
luta antirracista e a ressignificação da estética negra. Os reflexos também foram sentidos
no Brasil. A partir daí, houve um movimento crescente no sentido de ressignificar essa
beleza, destacando-a e valorizando-a. Nesse contexto, a redefinição do lugar estético do
cabelo crespo ocupa um lugar fundamental. O cabelo pode, então, ser ressignificado, assumir
uma conotação política e resgatar o seu valor de beleza. Importante frisar que, apesar de
estrategicamente e historicamente importantes, essas táticas de reversão permanecem
contraditórias e ambivalentes. Esse trabalho debruça-se especificamente sobre a

21
GT 02 Raça, gênero e identidade:
a produção de conhecimento sob o olhar da interseccionalidade.

importância do cabelo para as mulheres negras, porque, para elas, assumir o cabelo “natural”
não é só uma valorização da negritude ou da descendência africana, mas uma rejeição direta
de uma concepção de beleza feminina que inclusive muitos homens negros reiteram. A
negação da beleza negra nega o próprio pertencimento à categoria mulher. Não por acaso,
uma das proposições mais emblemáticas do feminismo negro é a frase de Sojourner Truth: “E
eu não sou uma mulher? ”. O cabelo, então, importa de maneira diferente para homens e
mulheres negras. Através da lente teórica do feminismo negro, será possível entender melhor
a interseccionalidade da raça e do gênero, ou seja, como os dois operam juntos (CRENSHAW,
2002). O feminismo negro veio demarcar a diferença existente no próprio âmbito do
feminismo. É por isso que, segundo Dona Haraway (1990), a política das diferenças ou de
identidades, produzidas nos anos de 1980 por esses novos sujeitos, foi importante para
desconstruir a noção totalitária da identidade única do feminismo. Além disso, para uma
breve análise sociológica da ressignificação do cabelo crespo (mais especificamente do
processo de transição capilar), farei uso da teoria do reconhecimento de Axel Honneth.

Caroline Guedes Lins


Tereza Bruno de Faria Espadeiro
Graduanda em Serviço Social pela UFPE; carolineglins@gmail.com
Mestranda em Sociologia pela UFPE; terezaespadeiro@gmail.com

O presente trabalho tem como objetivo investigar como se dá a expressão do etnocentrismo


e preconceito através da ferramenta virtual de busca hegemônica na atualidade, o Google.
Num primeiro momento fizemos uma contextualização do surgimento da Antropologia –
desde as teorias deterministas, o Evolucionismo Cultural e, por fim, a formulação dos
conceitos de etnocentrismo e preconceito – para tentar entender essa repulsa ao diferente
que caracteriza a humanidade. Em segundo lugar, conceituamos a noção de cultura no
espaço-tempo e as implicações que a globalização e os novos meios de comunicação
trouxeram a essa ideia. Por fim, mapeamos algumas polêmicas e evidências envolvendo o
Google acerca de como os resultados de suas buscas refletem ideias estereotipadas,
etnocentristas e preconceituosas presentes na sociedade.

Eloah Maria Martins Vieira

Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Antropologia (UFPE); E-mail:


eloah.martinsvieira@gmail.com

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre as estratégias articuladas por mulheres
bolivianas para a execução do trabalho doméstico em suas casas e famílias. Nesta pesquisa,

22
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

são consideradas mulheres bolivianas que moram na cidade de São Paulo. As reflexões aqui
apresentadas ainda estão em desenvolvimento dado que este artigo é parte da pesquisa de
mestrado ainda em andamento. Considerando a perspectiva interseccional, este artigo
reflete sobre as categorias “trabalho”, “migrações”, “gênero” e “classe”. Ser imigrante pode
dar contornos específicos a forma como o trabalho doméstico é organizado; uma mulher
imigrante pode ter dificuldades para estabelecer redes de apoio, assim como pode integrar
cadeias globais de cuidado. Além disso, o trabalho doméstico pode envolver negociações
com empregadores, companheiros/as, familiares e instituições. Assim, a análise das
articulações para a execução do trabalho doméstico nas casas e famílias destas mulheres
podem elucidar complexidades deste trabalho e diferentes dimensões das vidas das
bolivianas.

Fábio Cruz da Cunha


Lucas Luiz Rocha Ferreira da Silva
Bacharel em Direito – UFPE; Bacharel em Museologia – UFPE; Especialista em Patrimônio, Direitos
Culturais e Cidadania – UFG; Estudante de Ciências Sociais da UFRPE; E-mail: cunhafc@ig.com.br,
Bacharel em Ciências Contábeis - Faculdade Santa Helena Estudante de Ciências Sociais da UFRPE;
E-mail: lucas.luiz@outlook.com

O presente trabalho de pesquisa trata de uma etnografia que vem se desenvolvendo sobre
Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, buscando analisar a temática da Intolerância
Religiosa que vem se tornando comum contra os fieis das religiões de matriz africana.
Tomamos por análise teórica as categorias de Redistribuição e Reconhecimento de Nancy
Fraser trabalhadas em seu texto “ Da Distribuição ao Reconhecimento? Dilemas da Justiça
na Era Pós-socialista”. A Caminhada de Terreiro de Pernambuco é um evento que vem se
realizado há uma década em Recife. Ela se enquadra como um acontecimento que ocorre
dentro do Movimento das Comunidades Tradicionais de Terreiro de Pernambuco. A nossa
pesquisa de iniciou através de leituras já realizadas sobre o tema, de pesquisas em blog,
facebook e website sobre o assunto, e principalmente, em algumas entrevistas coletadas
dos dirigentes deste evento, sem esquecer também nas nossas observações participantes
em caminhadas anteriores. Dentro da nossa metodologia, estamos utilizando conteúdo de
entrevistas coletadas, material de cunho documental recolhidos em nossas visitas, sem se
esquecer de mencionar do método etnográfico, que é o cerne da pesquisa. O nosso trabalho
se objetiva em identificar a ausência ou a presença das categorias de distribuição e de
reconhecimento, conforme analisa Fraiser, dentro do evento e suas consequências e matizes
neste processo de luta contra a intolerância religiosa e o racismo em Pernambuco.

23
GT 02 Raça, gênero e identidade:
a produção de conhecimento sob o olhar da interseccionalidade.

Ana Carla da Silva Lemos


Marion Teodósio de Quadros

Mestranda em Antropologia pelo Programa de Pós Graduação de Antropologia - PPGA da Universidade


Federal de Pernambuco, bolsista FACEPE – Fundação de Amparo à Ciência e tecnologia do Estado de
Pernambuco. Integra o FAGES - Núcleo de Família, Gênero e Sexualidade da UFPE.
anacarlalemospe@gmail.com
Professora Adjunta I da Universidade Federal de Pernambuco. marionteodosio@yahoo.com

O movimento de lésbicas em Pernambuco vem se fortalecendo cada vez mais em conjunto e


parcerias pensando a interseccionalidade das questões de gênero, raça e sexualidades,
como forma de resistência política com ações que potencializam a visibilidade da categoria
política lésbica para a garantia de direitos. Há poucos trabalhos acadêmicos que reflitam
sobre o tema. No levantamento de dados realizado, identificamos que no Nordeste, em todas
as universidades públicas federais, apenas 10 (dez) trabalhos correspondem ao sujeito
político lésbico, nos últimos cinco anos em Pernambuco. Antes disso, não há registro de
nenhum trabalho. Pernambuco é o estado que contribui com maior quantidade, sendo 04
(quatro) os trabalhos encontrados, um na área de Antropologia, um na de Enfermagem e dois
na Psicologia. Este trabalho objetiva fazer um paralelo entre as ações do movimento de
lésbicas em Pernambuco e as produções encontradas no estado, tendo como base as
críticas à heteronormativoidade compulsória (RICH, 1980) e a colonização de gênero
(LUGONES, 2014), dialogando sobre essas práticas como ação feminista (teorias e práticas
feministas) de descolonização dos corpos.

Maria José de Paula Filha

Universidade Federal de Pernambuco; e-mail: mpaulafilha@yahoo.com.br

A desigualdade da participação das mulheres nos espaços das culturas populares não é algo
recente, remonta de longos anos. O patriarcado, o machismo, as relações de gênero e outros
fatores perpetuados ao longo dos séculos no contexto histórico social possibilitaram com
que a presença feminina no campo das artes fosse permeada pela invisibilidade e exclusão
nos espaços culturais, e consequentemente na existência de poucos estudos que abordem a
presença das mulheres na cultura. Este artigo teve por objetivo analisar a presença das
mulheres e as relações de gênero no maracatu de baque solto Cambinda Brasileira e
compreender os significados e valores atribuídos ao feminino e ao masculino e como a
categoria de gênero concorre para desigualdades no folguedo. Além de analisar se a
participação delas concorre para o seu protagonismo e destacar as conquistas e desafios
que se apresentam às mulheres no maracatu de modo a contribuir para a consolidação das
políticas que façam a interface entre gênero e cultura.

24
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Marília Gomes do Nascimento

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: mariliagnascimento@gmail.com

Ao longo dos anos devido a minha maior inserção na cena feminista recifense pude conhecer
a diversidade dos coletivos, grupos e movimentos que compõem essa cena. E assim, refletir
sobre a premissa de que o feminismo é majoritariamente branco e de classe média. Será
mesmo? Decidi, então, na minha pesquisa de mestrado realizar um estudo sobre e junto com
as mulheres que integram o grupo “Espaço Mulher”, localizado em Passarinho – bairro
periférico da cidade de Recife. Dessa forma, o presente artigo, fruto da disciplina Gênero,
Sexualidade, Cidadania e Direitos Humanos, discuti as possibilidades de operacionalização
do conceito de interseccionalidade na perspectiva de Crenshaw (2002) e de Degele e Winker
trazida por Mattos (2011). Ambas fazem a articulação da dimensão estrutural e subjetiva,
possibilitando assim um avanço na investigação social. Ao final da interlocução entre as
duas autoras compreendo que para realizar uma análise adequada da discriminação
interseccional faz-se necessário escolher métodos de coleta e de análise que permitam que
as sujeitas da pesquisa possam expressar sua voz e descrever como se dão suas próprias
experiências.

Sara Gomes de Lucena


Júlia Naomi Costa Rodigues

Mestranda em Estudios Socioculturales. Universidad Autónoma de Baja California (UABC-México);


sara.gomes@uabc.edu.mx
Graduanda em Hortelaria. Universidade Federal do Maranhão (UFMA); rabiscosdejulia@gmail.com

Este trabalho faz parte da minha dissertação de mestrado que está em andamento e propõe
a ressignificação do termo travesti e da luta que há em frear os discursos marginalizados
sobre as travestis dentro dos marcadores gênero e raça, igualmente reflito sobre os
processos indenitários das travestis (seguindo a Stuart Hall), de forma relacional, ou seja,
desde a auto denominação, mas também da heterodenominação. Nesses processos ocorrem
tanto os estigmas como a forma em que são assumidos pelos sujeitos (tal como afirma
Goffman). Neste contexto, atento a análise das formas em que as travestis formulam suas
política identitária, como um espaço simbólico (carregada de sentido) que acaba permitindo-
lhe resistir e combater o sistema cultural de gêneros. As travestis têm resistido às
definições médicas e psiquiátricas que afirmam que elas são homens que se vestem com
roupas determinadas para o gênero feminino por fetiche sexual, tal definição não toma em
conta a amplitude de sua forma de vida, pensamento ou identidade. Não tenho intensão de
invalidar outras formas de experiências subjetivas, nem outras formas de viver e
compreender a vivência travesti. Aqui o gênero é compreendido como uma construção

25
GT 02 Raça, gênero e identidade:
a produção de conhecimento sob o olhar da interseccionalidade.

sociocultural (Judit Butler) e que a identidade de uma pessoa é um processo indenitário,


como aponta Stuart Hall. As travestis constrói sua identidade questionando a cultural de
gênero, as leituras heteronormativas e perspectivas sociais da heternormatização que são
propostas pela sociedade ocidental, tal como as posições sociais, roles de gênero e
sexualidade.

Sérgio Antônio Silva Rêgo


Allene Carvalho Lage

Doutorando em Sociologia (Universidade do Minho); Mestre em Educação Contemporânea (PPGEduC,


UFPE-CAA). E-mail: santoniorego@ig.com.br
Doutora em Sociologia (Universidade de Coimbra), Professora Associada II da Universidade Federal de
Pernambuco – Centro Acadêmico do Agreste (UFPE-CAA); Professora Permanente do PPGEduC e
PPGDH. E-mail: allenelage@yahoo.com.br

Nosso trabalho mapeou publicações acadêmicas feministas de cinco países latino-


americanos, são eles: Argentina, Brasil, Colômbia, México e Venezuela. Observando a ideia de
militância contida no ato da veiculação do conhecimento. Baseando-nos numa metodologia
qualitativa e fazendo uso do método do caso alargado, procuramos verificar se há uma
relação entre temas relacionados a educação e “conhecimento científico” associados ao
feminismo (compreendido enquanto fenômeno de emancipação social) na produção de
saberes por parte das mulheres docentes nas academias latino-americanas, e de como isso
se verifica em termos de militância das mesmas. Os dados obtidos após essa pesquisa nos
levaram a apontar para o fato de que há uma carência no que se refere em associar ciência,
docência feminina, militância e academia, sobretudo em pesquisas acadêmicas. Com isso
abre-se um vasto campo de pesquisa que pode vir a fomentar outras tantas discussões.
Essas revistas não são estanques, não são únicas e servem de referência para a criação de
novos campos de saberes. A divulgação do conhecimento de caráter feminista é, pois, uma
maneira, muito profícua, de estimular novas abordagens e ampliar seus estudos e sentidos,
favorecendo assim uma construção de conhecimento realmente equitativo, no qual todos/as
possam ser incluídos/as.

Marina Maria Teixeira da Silva


Gustavo Gomes da Costa Santos

Mestranda em Direitos Humanos – PPGDH/UFPE; E-mail: marinamts@gmail.com,


Professor Adjunto de Sociologia – Pesquisador dos programas de Pós-graduação em Direitos Humanos
(PPGDH) e Sociologia (PPGS) – UFPE; E-mail: gustavo.gomescosta@ufpe.br.

26
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

O presente trabalho em andamento tem o propósito de lançar um olhar feminista e


interseccional sobre a construção da identidade e vivência da maternidade de mulheres
lésbicas negras na Região Metropolitana do Recife/PE. Partindo de pressupostos da
pesquisa qualitativa, foram realizadas entrevistas no formato de narrativas de vida com
mulheres que se identificam como mães, lésbicas e negras. Os dados foram trabalhados por
meio da Análise de Conteúdo e por uma perspectiva da interseccionalidade, abordando os
processos de construção da identidade, das desigualdades e violações de direitos
experienciadas e da homomaternidade. Entendemos a insterseccionalidade como uma
perspectiva teórica que permite desvelar como as participantes atribuem significado às suas
experiências e a si mesmas, ao mesmo tempo em que nos auxilia a avaliar os efeitos do
lugar interseccional em suas vivências. Sobre os achados preliminares, o que parece ser
constante é a ideia de que, ao assumir suas identidades, houve uma mudança mais ampla
nas formas como essas mulheres passaram a perceber o mundo e a ser percebida no mundo,
de forma que ressignificam suas dores por meio da assunção e do orgulho.

27
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções
Coordenadores:Álvaro Botelho de Melo Nascimento (PPGS - UFPE), Eliane
Maria Monteiro da Fonte (PPGS - UFPE).

O principal objetivo deste GT é dar espaço para apresentação de


trabalhos e fomentar o debate e reflexão crítica sobre as contribuições
das Ciências Sociais na discussão de resultados de estudos empíricos ou
de pesquisas em andamento e de questões teóricas e/ou metodológicas
em temáticas transversais sobre a tríade apresentada no título do GT.
Pretende-se aqui incluir também trabalhos sobre temas que lidam com
as problemáticas da saúde mental, do sofrimento psíquico, das emoções,
da felicidade, bem-estar. Serão bem vindas abordagens sobre culturas,
cosmovisões, percepções, subjetividades em torno da doença, saúde e
cuidados, itinerários terapêuticos, medicina oficial e alternativa, estigma
e exclusão, assim como, os enfoques sobre como estas temáticas tem
sido tratadas nas sociedades contemporâneas e seus reflexos nas
instituições, políticas públicas e nas novas práticas sociais e culturais.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Ana Katarina de Brito

Graduanda em Ciências Sociais na UFPE; E-mail: ana.brito00@gmail.com

Hospitais são, por natureza, lugares frios e apáticos. É se contrapondo a esta forma de
exercer a medicina que surgiram projetos com objetivo de levar humor e ludicidade a esses
ambientes. A palhaçoterapia compartilha desse objetivo. Assim, entendo a palhaçoterapia
como uma prática de cuidado e humanização na saúde. O cuidado nas práticas de saúde deve
ser entendido como um elemento mediador tanto entre a tecnociência médica e o cuidado,
como na relação profissional de saúde e paciente, assim seria possível uma participação
solidária e a responsabilização de todos os envolvidos na produção de saúde (pacientes,
profissionais e gestores). A palhaçoterapia, entendida aqui como uma ferramenta de
humanização, coloca o individuo como um ser completo, que deve ser cuidado em sua
totalidade. É comum encontrar nas universidades e faculdades de saúde projetos de
extensão para a prática da palhaçoterapia. A pesquisa, em fase inicial, consiste em estudar o
projeto de extensão PERTO (Projeto de Encontro e Risos Terapêuticos) vinculado ao
Programa MAIS da Universidade Federal de Pernambuco. Na busca por entender de que
maneira a palhaçoterapia pode influenciar nas práticas de cuidado e humanização.

Angela Elizabeth Ferreira de Assis

Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará. E-mail:


ferreiraangela77@hotmail.com

Com o aumento da longevidade no Brasil nas últimas décadas e a nova realidade demográfica
que se constitui a partir disso, este trabalho tem como objetivo socializar os resultados
parciais do estudo de caso realizado no Lar Torres de Melo, uma instituição de longa
permanência para idosos, localizada na cidade de Fortaleza/CE. Fundada em 1905 como uma
iniciativa adotada para atender a população em situação de rua e que sofria com os efeitos
da seca, a instituição foi gradativamente direcionando suas atividades para atender à
população idosa, possuindo atualmente cerca de 230 residentes. Identificamos que boa
parte deles teve a perda dos vínculos familiares de maneira gradativa e posterior ao
processo de institucionalização. Sabendo que o Estatuto do Idoso estabelece diretrizes para
as políticas de atendimento ao idoso, por meio de ações em entidades que desenvolvam
programas de institucionalização de longa permanência, de modo a preservar os vínculos
familiares, buscamos compreender as características e contradições da prática de
institucionalização da velhice considerando as perdas em decorrência deste processo e suas
implicações para a saúde mental e bem estar dos idosos.

29
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.

Camila de Melo Santana

Programa de Pós-Graduação em Educação, Culturas e Identidades (FUNDAJ e UFRPE) e FAGES; E-


mail: camidoness@gmail.com

Esta investigação é parte da pesquisa “Etnografando Cuidados e Pensando Políticas de


Saúde e Gestão de Serviços para Mulheres e seus Filhos com Distúrbios Neurológicos
Relacionados com Zika”, desenvolvida pelo núcleo FAGES (Família, Gênero e Sexualidade).
Em minha pesquisa individual proponho uma discussão sobre como uma ONG feminista de
Recife trabalha a questão da experiência em seus trabalhos pedagógicos voltados para a
promoção dos direitos sexuais e reprodutivos, no contexto do Zika virus. O conceito de
experiência é aqui pensado a partir das teorizações de Joan Scott, os direitos sexuais e
reprodutivos, a partir das contribuições de Maria Betânia Ávila, e o contexto da zika, através
dos aportes de Débora Diniz e das pesquisas que vem sendo desenvolvidas pelo próprio
FAGES, bem como por outras instituições. Neste sentido, procuro analisar como são
trabalhadas as experiências, em relação a sexualidade e reprodução no contexto da zika, de
educandas/os que participam das formações realizadas por tal organização feminista.

Dandara Luisa da Silva Alves

Granduanda do bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);


email: dandaramalves@gmail.com.

Este trabalho apresenta um estudo sobre as condições socioeconômicas e a assistência


dos meios públicos de saúde, assistência social e psicológica às mães\progenitoras com
quadros de filhos\filhas com microcefalia (condição neurológica onde a caixa encefálica
(cabeça) de uma criança é menor do que as demais de sua idade e gênero). Torna-se
perceptível e urgente fazer um recorte de classe e gênero, uma vez que os casos de
microcefalia são hegemonicamente encontrados em pessoas pobres, sobretudo mulheres, e
periféricas. Trabalhar com o investimento na qualidade de vida de mães de crianças
microencefálicas deveria ser uma prioridade da política de assistência social e de saúde das
instâncias de saúde, do serviço social e cuidado, dado que para oferecer cuidados exclusivos
aos seus filhos as mães precisam receber uma boa assistência. Oferecer serviços de
assistência de saúde física e psicológica a um grupo de mulheres marginalizadas e que
podem perder sua esperança de vida através de uma nova situação e formação de identidade,
a atenção com seus filhos e zelar pela saúde destes, é pautar o cuidado que deveria ser de

30
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

garantia, pois a maternidade não deve ser um fardo na vida de uma mulher. A pesquisa foca
em Pernambuco, sendo este o Estado com mais casos de microcefalia no Brasil.

Débora Araújo de Vasconcellos

Mestranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE; E-mail:


debora.vasconcellos15@gmail.com,

Processo transexualizador é a nomenclatura utilizada pela medicina para designar o


processo médico que engloba a participação de diversos profissionais da saúde (clínicos,
psiquiatras, endocrinologistas, urologistas, psicólogos, cirurgiões plásticos e assistentes
sociais) para a redesignação de sexo biológico por parte de indivíduos que se identificam e
são identificados como transexuais. Os sujeitos transexuais têm na sua identidade um
enquadramento institucionalizado pela medicina. Seus comportamentos precisam atingir
expectativas e corroborar com os perfis instituídos pelo diagnóstico médico. Sendo assim,
tem-se como principal objetivo neste trabalho analisar a construção da transexualidade a
partir dos sujeitos transexuais que vivenciam suas experiências no processo
transexualizador. Para a realização da pesquisa foi utilizado como campo o Espaço de
Cuidado e Acolhimento Trans do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Pernambuco, com realização de observação participante no Espaço e posteriormente
entrevistas semiestruturadas com algumas/alguns usuárias/os. A pesquisa está em
andamento e se encontra atualmente no processo de análise dos dados.

Ícaro Estevão de Oliveira Costa Junior

Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco e Bolsista de Iniciação


Científica do FAGES/PPGA.

O presente trabalho, que faz parte da pesquisa “Etnografando cuidados e pensando políticas
de saúde e gestão de serviços para mulheres e seus filhos com distúrbios neurológicos
relacionados com Zika em Pernambuco – Brasil” desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa
Família Gênero Saúde e Sexualidade-FAGES/PPGA, tem como objetivo investigar, em
diferentes contextos, as relações de cuidados dos membros masculinos de famílias com
crianças nascidas com a Síndrome Congênita do Zika Vírus, não se limitando ao papel
paterno, e sim ampliando a rede de apoio a todos os homens envolvidos nos cuidados com a
criança. A metodologia pensada para atingir os objetivos se concentra em entrevistas e na
análise etnográfica das relações de cuidados envolvendo homens a partir do nascimento da

31
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.

criança e como essa relação masculina (de pais, tios, irmãos, primos, avôs) se relaciona com
a rede de cuidados em um contexto geral.

Thiago Lira dos Santos

UFPE; E-mail: tlira1001@gmail.com

O debate proposto nesse trabalho é uma abordagem sobre a “imprensa conselheira” e o


“jornalismo de autoajuda”, enquanto significantes repertórios de narrativas de “técnicas de
viver”. Acreditamos, assim, que o discurso prescritivo pautado no “cuidado de si” desenvolve
por meio da comunicação de massa um importante itinerário “autoterapeutico”;
oportunizando aos indivíduos a gerência sobre suas trajetórias de vida, a partir de dois
planos: o subjetivo, e o objetivo. Para além disso, apontamos esse modelo “autoterapeutico”
como mais um mecanismo de transcendência para a normalização do social; entre os vários
mecanismos de auxílio que os indivíduos têm procurado para superar descontentamentos
originados de diversas esferas da vida contemporânea. Assim, as narrativas de “técnicas de
viver” vinculadas a tal modelo, se presta a direcionar os indivíduos, por via do binômio: mal-
estar solúvel /felicidade obrigatória. Se coloca, então, como um procedimento “normatizador”
de uma busca metódica da satisfação para o descontentamento removível. O grande ponto
de desdobramento e crítica a esse modelo de normalização do social em curso é seu caráter
homogeneizante, que por via pode ser apontado como um instrumento de normatização de
subjetividades, não entendidas em sua pluralidade, por diretrizes sistêmicas. Isso, pode ser
analisado por vários vieses, desde uma ética-estética (noção do belo lipoaspirado, por
exemplo); até uma diretriz sócio-relacional de gerência das afetividades.

Isadora Santos Ribeiro Lages


Programa de Pós-Graduação em Sociologia UFPE; E-mail: Isadoralages@hotmail.com

A maneira como a felicidade é exposta foi se alterando ao longo do tempo. Nas so-ciedades
tradicionais, a felicidade era amplamente regulada e não compartilhada, e segundo
Lipovetsky neste período a inveja era mais acentuada e socialmente estruturada, ou seja, ela
nunca era compartilhada nem exposta. Já nas sociedades contemporâneas, que são
definidas pela compressão do espaço e do tempo, acontece exatamente o oposto; as
pessoas passam a expor mais sua intimidade porque as fronteiras até então existentes
entre o público e o pri-vado deixaram de existir; ou seja, essa mentalidade de que os outros
querem roubar a felici-dade deixou de existir na contemporaneidade. As pessoas passaram

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

então a compartilhar cada vez mais sua intimidade em espaços que viabilizam esses
compartilhamentos, como as redes sociais e ao mesmo tempo as pessoas passam a
consumir a imagem do outro através dessa maior visibilidade que é dada pelas redes sociais.
Nesses espaços as pessoas possuem uma maior facilidade para controlar as suas
representações, querendo assim se mostrar aos outros através da melhor luz possível, ou
seja, sempre enfatizando suas qualidades. Sendo assim, é importante refletir como estudo
das emoções possibilita uma compreensão do pen-samento social de uma determinada
sociedade em um determinado período e a hiper e a hipovalorização de certas emoções
também acabam refletindo na sociabilidade, na saúde mental, na criação de ferramentas
como as redes sociais estudadas, entre outros aspectos da sociedade. Através disso, viso
compreender esse assunto ligado à atualidade, uma vez que a felicidade se tornou na
contemporaneidade uma motivação e até mesmo um imperativo so-cial para que as pessoas
sejam aceitas na sociedade e que é impossível pensarmos nossa sociedade sem esses
espaços de sociabilidade como as redes sociais, que são lugares que reforçam essa
superexposição da felicidade.

Laylla Carolina Galvão Fernando

Universidade Federal de Pernambuco; Layllagalvao@hotmail.com

O trabalho visa evidenciar quais as perspectivas e conceitos envolvidos por traz de uma
campanha publicitária. Abordando não a venda do produto, mas sim uma relação que envolve
sentimentos e significados. E como isto está implícito no ato do consumo, formulando assim
um elo entre, felicidade, prazer e consumo. Discutindo a partir dos conceitos de Bauman e
Rocha, que trazem em seus textos uma gama de contribuições acerca do tema.
Contribuições essas, que iniciam a partir das reflexões de Bauman, sobre a relação
inversamente proporcional, entre o crescimento econômico e o aumento da felicidade. E
Rocha, apresenta o que seria a publicidade e sua função, trazendo também o conceito do
“sonhar acordado”. No estudo foi possível concluir que o fator econômico não determina o
índice de felicidade de uma sociedade, havendo assim um reforço do hedonismo presente na
sociedade moderna e nos meios pelos quais se dão a felicidade neste grupo de pessoas com
interesses comuns. Objetivo: Analisar a partir das perspectivas de autores das ciências
humanas as relações existentes entre o conceito de felicidade e como ele está vinculado a
propaganda publicitária da Coca-cola “Abra a felicidade”

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GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.

Leilane Bezerra da Silva


Priscilla Nascimento Silva

Universidade Federal de Pernambuco; leilane.le@gmail.com,


Universidade Federal de Pernambuco; priscillanascimento22@hotmail.com.

Este trabalho pretende fomentar a discussão sobre a percepção dos jovens em relação a
felicidade através da valorização de suas identidades no ambiente escolar. Por meio da
aplicação de um questionário identificamos qual a importância da escola na construção de
suas identidades bem como a concepção que os jovens tem sobre felicidade a fim de
compreender a relação entre prazer e sofrimento que podem ser vivenciados na escola. A
pesquisa abordou os jovens do Ensino Médio da rede Estadual de Pernambuco. A análise dos
dados demonstra que entre o jovem e a escola encontramos muitas expectativas em uma
relação que vai além do caráter escolarizador, pois a escola também é um espaço de
socialização. A concepção de felicidade está atribuída ao fato de serem reconhecidos como
sujeitos que agem no e sobre o mundo, e nesta ação se produz, ao mesmo tempo em que se
é produzido nos conjuntos das relações sociais estabelecidas nos ambientes onde está
inserido, neste caso, a escola. Portanto, é necessário que este espaço seja favorável a que
cada um experimente e amplie as suas potencialidades. Por isso fazemos uma crítica à
educação esvaziada de sentido e conteúdista para possibilitar uma nova dimensão no ato de
educar, alternando o encaminhamento da educação contemporânea tornando-se
integralmente significativa. Palavras- chave: Juventude, educação, felicidade, escola.

Maria Luiza Arruda Rezende

Graduanda em Ciências Sociais (bacharelado), Universidade Federal de Pernambuco; E-mail:


maluarrudar@gmail.com

Existe roupa para velho? Na sociedade contemporânea em que o corpo é tratado como
capital físico, simbólico, social e econômico, o envelhecimento é tido como um momento
triste e de grandes perdas. O corpo envelhecido da mulher é um objeto a ser explorado de
forma a negar o envelhecimento e a idade avançada. Desta forma, alguns modelos de corpo e
comportamento são considerados como uma das riquezas mais desejadas pelos indivíduos.
Partindo, assim, do princípio que a roupa e a moda em geral nos permitem enxergar uma
relação entre indivíduo e sociedade, sendo o corpo um elemento de entrelaçamento destes,
pretendo mostrar como o ato de vestir-se equivale a uma transformação do corpo (em
múltiplos significados: biológico, estético, psicológico, entre outros), uma transformação

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

daquilo que é “natural”. Enfim, meu propósito é mostrar como corpos velhos são
transformados com relação a um padrão legitimado socialmente. Com isso não quero apontar
uma transformação em direção ao oposto da velhice, a juventude, mas em direção a uma
noção de estilo e elegância que se constrói na interseção entre moda e geração. Para tanto,
farei uma análise de contas da rede social instagram de ícones fashions da terceira idade,
ressaltando como mulheres da terceira idade agenciam a moda e suas vestimentas como um
elemento importante na construção do self, analisando, ainda, de que forma a moda interfere
em sua relação com o próprio corpo.

Mário Jorge da Silva Pereira

Bacharel em Enfermagem pela Uninassau Estudante da Pós-graduação em Ensino e Direitos Humanos


da UFBA, Estudante da Pós-graduação em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva do Grupo
CEFAPP, E-mail: mrjg_enfermeiro@hotmail.com

O nosso trabalho consiste num ensaio etnográfico que está sendo desenvolvido com um
grupo de pacientes portadores de HIV/AIDS do Hospital Correia Picanço, que é referência
estadual para o tratamento de doenças infectocontagiosas, especificamente AIDS. O
trabalho consiste num estudo de grupo de paciente que estão em tratamento de HIV/AIDS.
Neste momento o nosso trabalho está na fase de pesquisas e coleta de dados na Secretaria
de Saúde e no próprio hospital- onde trabalho. Além disso estamos realizando entrevistas
com a equipe dirigente e administrativa do hospital e em especial funcionários que
trabalham neste setor para que consigamos identificar pessoas que nos permitam pesquisá-
los. Estamos desenvolvendo leitura dos teóricos Erving Goffman o Estigma e alguns
conceitos e aspectos metodológicos do livro O Trabalho do Antropólogo de Roberto da Matta
O nosso objetivo maior é desenvolver uma Oficina de Direitos Humanos, a fim de esclarecer e
empoderar da garantia dos direitos à assistência à saúde adequada e fazê-los conscientes
sua cidadania e dignidade perante a sociedade e também minimizar os efeitos
discriminativos que ocorrem na sociedade e possibilitar um intercambio social saudável da
pessoa em seu cotidiano, buscando acabar com baixa estima deste grupo, uma vez que pode
levar ao desenvolvimento de um quadro resultado no auto isolamento, na depressão e nas
reclusões sociais.

35
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.

Rafael de Mesquita Ferreira Freitas

Universidade Federal do Ceará / Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.


Email: rafaelmffreitas@gmail.com

O resumo que presentemente submeto se refere a um excerto de uma pesquisa teve início
em abril de 2016. Durante cerca de um ano e meio busquei entender a experiência de
estudantes de graduação que afirmam conviver com ansiedade de uma forma que limita suas
experiências cotidianas, particularmente, as acadêmicas. No trecho submetido parto da
análise comparativa entre ansiedade a partir de dois referenciais centrais para esta
pesquisa. O primeiro trata-se de entender o que significa ansiedade como categoria
psiquiátrica. O segundo trata da experiência dos interlocutores. Os períodos em que os
estudantes se reconhecem em crise são situações privilegiadas de compreensão.
Adentrando nesse momento crítico, estudo dos gatilhos para as crises. Optei por analisa-los
dentro de três categorias: a universidade, os colegas e os professores. Pude tomar como
conclusões principais a presença de um ambiente competitivo, meritocrático e produtivista e
uma expectativa desmedida para com o saber acadêmico. Tal contexto se traduz na forma da
disputa por bolsas, na forma como muitos traduzem seu valor pessoal através de notas ou
comentários de colegas e professores, no medo de ser mediano ou insuficiente. Entretanto,
mais do que isso, esta competitividade e agressividade está também incorporada por esses
alunos, e isto é essencial para que os gatilhos se potencializam.

Thaís de Aguiar Leal Domingues


Elias Manoel da Silva

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: thaisagguiar@gmail.com,


Universidade Federal de Pernambuco; eliasmsilva1366@gmail.com.

A “loucura" historicamente esteve associada a minorias sociais: desde os tempos remotos,


aqueles diagnosticados como loucos eram usurpados de seus direitos e ignorados pelo
Estado, provedor do bem estar social. Na atualidade, esse tratamento obteve uma
considerável mudança: a psiquiatria se modernizou e tratamentos considerados antiquados
foram abolidos. Contudo, surge nesse processo uma outra vertente: a medicalização
excessiva ou o que podemos chamar de “indústria farmacêutica”. Assim, apesar do
“considerável avanço” aquela minoria que antes era a mais afetada pelo processo de
higienização, ou controle, da sociedade — como mulheres, negros e pobres — ainda
permanecem campeões no diagnóstico de distúrbios mentais. Nessa perspectiva, este
estudo tem como princípio analisar a relação causal entre exclusão social e saúde mental na
atualidade, ou seja, aqui busca-se entender de que maneira as minorias sociais são afetadas

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

pela saúde mental e de que modo o diagnóstico de problemas de ordem cognitiva acarretam
na perpetuação desses processos de exclusão na sociedade.

Shirley Emanuely Pontes De Souza

Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória; E-mail:


shirleyemanuely@hotmail.com

Trabalho de Conclusão de Curso em andamento que tem por objetivo analisar a oferta de
serviços de reabilitação para crianças com síndrome congênita do Zika Vírus na rede SUS de
Pernambuco. Essa é uma pesquisa exploratória descritiva que está sendo desenvolvida a
partir de consulta de documentos, com identificação das Instituições vinculadas ao SUS que
ofertam serviços de reabilitação para crianças com síndrome congênita do Zika Vírus e sua
distribuição por região no estado, realizando visita à instituição selecionada, para a análise,
observação e entrevistas semiestruturadas que enfatizam as percepções dos profissionais
de saúde sobre o atendimento e a qualidade do serviço oferecido pelo SUS. Com o foco dos
pesquisadores voltados para a região metropolitana, há o interesse em interiorizar as
pesquisas e tendo em vista essa necessidade, o estudo selecionou a Instituição APAMI
Vitória que é um serviço conveniado ao SUS municipal e se tornou Referencia Estadual,
localizado a uma distancia de 60km do Recife, para ser a unidade da pesquisa.

Shirley Alves dos Santos


Eliane Maria Monteiro da Fonte

Mestranda do Programa de Sociologia - PPGS – UFPE; E-mail: shirleybea2@gmail.com,


Docente/pesquisadora do Departamento de Sociologia – CFCH – UFPE; E-mail:
elianefonte@yahoo.com.br.

Os movimentos das reformas psiquiátricas, em especial a italiana e a brasileira, concebem a


pessoa em sofrimento psíquico como sujeito desejante, que participa politicamente e
constrói projetos, sujeito capaz de se inserir na sociedade e no mundo do trabalho.
Entretanto, o trabalho como possibilidade de inserção do louco no mundo do intercâmbio, ou
seja, das trocas simbólicas que produzem e reproduzem sua vida é recente, tanto nos
documentos relacionados à reforma psiquiátrica como no cotidiano da maioria dos serviços
de saúde mental no Brasil (ANDRADE et al., 2013). É nesse contexto, que o movimento de
ruptura com o modo de produção capitalista, denominado economia solidária, pautado por
valores de autogestão e de solidariedade nas relações de trabalho tem como centralidade o

37
GT 03
Saúde, Corpo e Emoções.

ser humano, a natureza e a relação de sustentabilidade entre ambos (ANDRADE et al., 2013).
Na busca de querer compreender as perspectivas dos usuários de saúde mental que
frequentam um serviço voltado para o trabalho e geração de renda, procura compreender
como estes sujeitos percebem as ações desenvolvidas pelo Projeto com a proposta da
reabilitação psicossocial através do trabalho e geração de renda. Os resultados desta
investigação propiciam a construção de referenciais teóricos-metodológicos sobre a
concepção do trabalho na reabilitação psicossocial para os usuários que participam do
Projeto Geração de Renda

38
GT 04
Antropologia da Saúde e as Práticas
Tradicionais de Cura.
Coordenadores: Renato Athias (PPGA - UFPE) e Virgílio de Almeida BonJm
Neto (PPGA - UFPE).

Este GT tem o objetivo de discutir as principais pesquisas que estão


sendo desenvolvidas em Pernambuco com a temática das práticas
tradicionais de curas entre as populações tradicionais. O GT está aberto
para receber trabalhos e/ ou pesquisas em andamento que se situam no
campo da Antropologia da Saúde que discute as medicinas tradicionais
indígenas e afro-indígena. O GT vai colocar em evidências etnografias
dessas práticas entre os grupos sociais estudados. O resultado da
discussão desse GT pode subsidiar debates no âmbito da antropologia
visando uma melhor compreensão dos programas e práticas em saúde
coletiva.
GT 04
Antropologia da Saúde e as Práticas Tradicionais de Cura.

Renato Athias

Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Etnicidade - NEPE/UFPE

Esta apresentação tem a finalidade problematizar a noção de saúde utilizada no âmbito dos
serviços de saúde implementado entre os povos indígenas através d modelo de atenção
utlizado nos Distritos Sanitários Especiais Indeigens (DSEI). O debate lançado nesta
apresentação tem como base os trabalhos realizados o acompanhamento dos sao do Alto
Rio Negro. As principais linhas argumentativas surgem a partir de investigações
principalmente no campo das práticas xamânicas em voga na atualidade entre os índios nas
diversas áreas indígenas que se teve o acesso e em conversas com detentores de saberes
tradicionais indígenas e praticantes da cura indígena.

Rosalvo Ivarra Ortiz

Desse modo à escolha para elaboração desse trabalho parte dessa vivência tão presente
com uma grande benzedeira, ao longo de minha formação enquanto individuo. Como seus
conhecimentos influenciara,/influenciam até hoje, principalmente na academia. De parar –
me com discursos cientificistas, no qual desligitam o saber tradicional enquanto ciência,
conhecimento esse que a milhares de anos vem auxiliando na melhoria de vida do ser
humano, mas que é colocada em cheque quanto se tem um patente de indústria farceutica.
Os seus conhecimentos não foram passados para ninguém da família, pois segundo ela não
havia nenhum apto a aprender ou até mesmo conhecer tais conhecimentos, que
necessitavam de tempo, desprendimento para os ensinamentos, dedicou sua vida a prática
de benzer, e hoje já muito de idade, somente benze a família, mas nunca deixando de
recomendar um chá para gripe, óleo de minhoca para dor na coluna ou rosa branca para o
coração.

Antonia Gabriela de Araújo Alves

Mestrado em Antropologia UFC/UNILAB; E-mail: antgabrielapsi@gmail.com

Narrar é tecer a compreensão do tempo e da experiência vivida. A negociação simbólica de


sentidos e significados na elaboração do que se vive, vê e ouve, é uma apreensão
interpretativa, mutável e singular, mas, ao mesmo tempo, compartilhada culturalmente.

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Dessa maneira o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a construção da narrativa
no processo saúde/doença mental, assim como, discutir a concepção da doença mental
como processo de ruptura, utilizando-se da Antropologia dos rituais e da performance.
A discussão levantada sugere que a culturalização de processos internos, por meio da
narrativa, permite analisar diferentes dimensões do sujeito. Elaborar a narrativa de uma
experiência constitui material analítico, tanto do ponto de vista das considerações
(inter)subjetivas, quanto dos itinerários de investigação antropológica, e que podem se
estender às ciências da saúde, com intuito à problematização e melhoria do cuidado integral
em saúde. O estigma da doença mental revela diferentes formas de agenciamento e
explicação daquilo que o imaginário popular constrói de conhecimento sobre o que é tido
como desordem/ruptura, no campo do adoecimento mental.

Flávia Maria Martins Vieira

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Antropologia (UFPE); Email:


flavia.martinsvieira@gmail.com

À luz de referências nas áreas da Antropologia da Saúde e da Antropologia Indígena, o


presente trabalho possui como objeto de pesquisa: as compreensões de profissionais de
saúde a respeito das relações entre os saberes e práticas de saúde indígenas e os saberes e
práticas de saúde biomédica. Os principais sujeitos de nossa pesquisa serão profissionais de
saúde que prestam atendimento aos povos indígenas de Pernambuco. Trata-se de uma
pesquisa no início de seu desenvolvimento como projeto de dissertação de mestrado. Visto
isso, não iremos apresentar resultados de uma pesquisa já concluída, mas sim, os
delineamentos teóricos e metodológicos que tem nos levado a campo.

Elias Manoel da Silva

Bacharelando em ciências sociais – UFPE; eliasmsilva1366@gmail.com

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um projeto de pesquisa sobre itinerários
terapêuticos entre os índios Xukuru de Ororubá, considerando suas percepções e suas
práticas de cura, buscando entender e descrever o referido fenômeno. O tema está situado
no campo da antropologia da saúde. A pesquisa será realizada na Terra Indígena do povo
Xukuru de Ororubá. A metodologia a ser usada buscará aplicar as técnicas qualitativas. Os
resultados desta pesquisa poderão favorecer o aprimoramento do serviço de assistência à
saúde indígena e dar visibilidade às demandas da saúde do Xukuru, nos seus aspectos mais
fundamental que é o respeito a cultura dos povos indígenas, conforme dispõe a Política
Nacional de Atenção a Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI).

41
GT 04
Antropologia da Saúde e as Práticas Tradicionais de Cura.

Maurício de Souza Júnior

Graduando no curso de Licenciatura em Ciências Sociais da UFPE; Email: mausoz@icloud.com

A importância dos conceitos antropológicos acerca de xamã, xamanismo e magia para os


estudiosos da saúde, principalmente em um contexto intercultural, então é disponibilizado
ferramentas para os pesquisadores da saúde no âmbito da antropologia é ressaltado neste
trabalho. A revisão temática revisitada de Marcel Mauss, Jean Langdon e Claude Lévy-
Strauss nos traz um panorama que evidencia as relações entre cultura e saúde, significado e
doença, curador e crença que permite uma aproximação entre as duas áreas servindo,
inclusive, para uma reflexão das próprias noções ocidentais sobre saúde/doença. Os
principais resultados são as distinções entre magia, religião, e crença que existem num
determinado contexto social, como a noção de Eficácia Simbólica de Levy-Strauss que
suscita ferramentas para pensarmos o médico, o paciente do hospital e a biomedicina como
uma relação de poder que exerce dominação, assim como a magia, na crença marginalizada
que é instrumentalizada para benefícios específicos e particulares, em detrimento da fé e
religião, que é algo público que tem uma função ética e moral nos demais aspectos de uma
sociedade..

Paulidayane Cavalcanti de Lima

PPGA/UFPE; E-mail: p.limacavalcanti@gmail.com

Este trabalho consiste no debate sobre o papel social dos especialistas em cura de
comunidades indígenas do Estado de Pernambuco. Nota-se que diversidade de especialistas
em cura dentro de sistemas médicos é comum à quaisquer sistemas, assim como se
outorga a eles múltiplas posições/funções sociais. Tais funções se relacionam tanto com o
seu papel enquanto agente de cura, como também de mediador entre diferentes esferas da
vida da comunidade, sendo elas politico ou religiosas. A partir disso propõe-se analisar como
os especialistas em cura nos sistemas médicos indígenas desenvolvem seu papel social,
enquanto agentes, e como este papel se reconfigura dentro das dinâmicas do sistema
médico e se relaciona às politicas de assistência à saúde do Estado Brasileiro. Para isto,
serão analisados 3 (três) grupos indígenas: Kapinawá, Pankararu e Fulni-ô, a partir de seus
respectivos sistemas médicos. A análise terá como base observações realizada no encontro
de pajés de Pernambuco em 2016, em visitas realizadas no biênio 2015-2017 e pelas
bibliografias existentes destinadas ao tema.

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Thiago Lira dos Santos

UFPE; E-mail: tlira1001@gmail.com

O debate proposto nesse trabalho é a compreensão de significados atribuídos à relação


saúde/doença, por parte dos praticantes e sacerdotes do candomblé. Procuramos, desdobrar
a significação da doença enquanto sendo gerada pela desordem e desequilíbrio nos planos:
físico, emocional, social e espiritual. Entendemos assim, que determinados procedimentos
ritualísticos realizados pelos sacerdotes dos terreiros de candomblé apontam para uma
modalidade de itinerário terapêutico popular, que coexiste na realidade social dos
consulentes com os itinerários biomédicos. A relação saúde/doença compõe um binário que
expande seus significados casuísticos em plano transcendente ao físico; correlacionando as
manifestações físicas da doença ao desequilíbrio entre os demais planos citados, com
destaque ao plano espiritual. Assim, a necessidade de se adquirir, manter e recuperar axé
são procedimentos de saúde, práticas profiláticas e terapêuticas. A prática de atendimento
dos sacerdotes do candomblé, apresentam elementos, desenvolvem roteiros, que visam
reorganizar a experiência subjetiva do eu com o mundo.

Ericka Cariri Costa

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: erickacs.costa@gmail.com,

Este trabalho visa apresentar elementos para um debate no âmbito intercultural, no campo
disciplinar da saúde indígena, tendo em vista os processos de transformações sociais em
que os povos indígenas passam atualmente no Brasil, em especial no tocante aos seus
sabers e práticas tradicionais de cura. Os dados analisados são provenientes de um trabalho
de campo realizado entre o povo Pankararu, localizado em Pernambuco. Desde 2001, estes
estão inseridos em modelos de organização de serviços de saúde que deveriam seguir o
princípio da interculturalidade e as especificidades étnicas e culturais de cada povo, onde as
práticas tradicionais de cura deveriam fazer parte do entendimento e da compreensão dos
profissionais de saúde. Elementos etnográficos visam construir um entendimento sobre tais
saberes e práticas, ressaltando assim sua importância e como suas representações atuam
na reafirmação identitária e na coesão social.

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GT 05
Patrimônio, Memória e Políticas Públicas:
História e Perspectivas Contemporâneas.

Coordenadores: Isabel Cristina Martins Guillen (PPGH - UFPE) e Augusto


Neves da Silva (Faculdade Joaquim Nabuco).

O GT pretende agrupar pesquisadores de diversos níveis que buscam


refletir sobre o campo do patrimônio cultural no Brasil, seja ele o
histórico arquitetônico, seja o intangível ou imaterial, e suas relações
com as políticas públicas de cultura e com a memória. Objetiva-se
propiciar o debate sobre o campo do patrimônio cultural a partir de
algumas questões norteadoras que giram em torno das apropriações
das políticas públicas de cultura por diversos agentes sociais diante do
fenômeno da crescente patrimonialização, observável nas duas últimas
décadas em nível mundial. Como pensar a patrimonialização mundial
enquanto fenômeno histórico, em sua relação com a temporalidade e a
historicidade na contemporaneidade? Como podemos pensar os usos do
patrimônio que sustentam as memórias sociais de grupos sociais, e
mesmo de identidades nacionais ou regionais? Que questões podemos
formular, a partir dos usos e apropriações que estão sendo feitas por
diversos agentes sociais das políticas públicas de cultura voltadas para
o patrimônio cultural sobre o próprio campo patrimonial? Que novas ou
ressignificadas questões estão sendo suscitadas por pesquisas pontuais
ou específicas que nos possibilitem ampliar as questões sobre o
patrimônio cultural? São questões estas que pretendemos abordar no
GT a partir de trabalhos específi cos e que contribuirão para tornar mais
densas as questões propostas.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Tibério Tabosa
Giorge Bessoni

Laboratório de Pesquisa e Design O Imaginário/UFPE; E-mail: ttabosa@hotmail.com,


Superintendência do IPHAN em Pernambuco; E-mail: giorge@iphan.gov.br.

A preservação das manifestações culturais é um dos requisitos para tessitura das redes de
produção de recursos materiais e simbólicos como base para a construção das identidades e
o reforço da cidadania. Dentro da atual política de preservação do Iphan para o patrimônio
imaterial é determinante a visão da sustentabilidade em seus aspectos político, social,
ambiental, econômico e cultural. Como ferramenta o Iphan sugere a construção de
recomendações e planos de salvaguarda, cujo processo deve ser participativo e, para ser
sustentável, fruto de uma negociação entre os envolvidos diretamente com as
manifestações culturais. O objetivo é investigar como os fazedores de cultura percebem,
através de seus discursos, os impactos das ações decorrentes da preservação. Para tanto,
elegemos os documentos de salvaguarda do Jongo, do Tambor de Crioula, do Maracatu de
Baque Solto e do Maracatu Nação como elementos para nossa investigação. As conclusões
apontam que, embora existam indícios de que os detentores têm consciência de que as suas
manifestações são potenciais geradoras de recursos econômicos, os retornos reais para os
brincantes e seus grupos culturais são ainda esporádicos e insipientes.

João Paulo Nascimento de Lucena

Esta comunicação investiga as representações que os discursos veiculados nos periódicos


Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio, Diário da Noite e Diario da Manhã produziram
acerca do caso da demolição da Igreja dos Martírios para a conclusão da Avenida Dantas
Barreto, na cidade do Recife, estado do Pernambuco. Num contexto em que o propalado
crescimento econômico, o chamado “Milagre brasileiro”, coincidiu com os “anos de chumbo”
do regime civil-militar instalado no ano de 1964, Igreja e Avenida consubstanciaram o
embate entre o que dizia ser novo e velho, moderno e tradicional, progresso e atraso, entre o
que era ou não patrimônio. Nesse sentindo, este trabalho parte de três questionamentos:
primeiro, quais imagens de futuro e de passado são concebidas nessas discussões?
Segundo, qual ideário preservacionista é movido para justificar a permanência do templo? E,
por último, quais justificativas arrefecem os valores identificados?

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GT 05 Patrimônio, Memória e Políticas Públicas:
História e Perspectivas Contemporâneas.

Júlia Morim
Elaine Müller

Instituto Nômades; E-mail: julia@institutonomades.org.br


Departamento de Antropologia e Museologia, UFPE; E-mail: elainemuller@gmail.com

Em um cenário obstétrico marcado por profundas desigualdades, que situam mulheres de


diferentes classes sociais, raças/etnias e níveis de escolaridade entre uma epidemia de
cesarianas e a realidade da violência obstétrica, as parteiras tradicionais resistem em busca
de reconhecimento. O processo de patrimonialização e de musealização do ofício de parteira
tradicional do Brasil em andamento aponta para importantes reflexões sobre o lugar
ocupado pelas parteiras tradicionais brasileiras nas políticas públicas nacionais: a interface
entre cultura e saúde e a hierarquia entre os saberes relacionados à parturição. Assim, indica
também o fato de que, no Brasil, atualmente, as políticas culturais tornaram-se alternativa
para o reconhecimento, valorização e manutenção dos ofício de parteiras tradicionais, bem
como para a construção da memória do grupo. O acionamento dessas políticas culturais
como forma de reconhecimento vem colocar outras facetas de sua (esperada) posição
“subalterna”.

Roselia Adriana Barbosa da Rocha

Bacharel em Museologia – UFPE, Museóloga em atividade na Empresa CAMARA Museologia e Ação


Cultural E-mail: tatyseminima@hotmail.com

O nosso trabalho consiste numa reflexão acerca de um estudo que venho desenvolvendo a
respeito da Patrimonialização dos Fortes São Pedro do Boldró e Santo Antônio que compõem
um grande sistema de fortificações construído no Arquipélago de Fernando de Noronha
durante o século XVIII. O IPHAN mais alguns parceiros institucionais vêm realizando um
estudo para compor o Projeto de Conservação e Revitalização destes dois fortes. Num
estudo prévio que venho desenvolvendo acerca do processo de patrimonialização desses
espaços, tomei por base documentos institucionais, leituras historiográficas e relatos dos
ilhéus que coletei em debates e oficinas ministradas pela equipe de trabalho ao qual faço
parte. Venho investigando a temática da apropriação do bem. O ponto digno de remarque é
que a comunidade que vive em seu entorno e o Ilhéus participa de forma muito discreta, e em
algumas situações não há consulta ou escuta desses moradores acerca dos referidos
processos. Tais processos vêm ocorrendo apenas com a participação dos agentes políticos
através de suas ações direcionadas, muitas vezes, no âmbito do mercado turístico,
olvidando o desejo e os anseios daqueles que têm esses bens compondo sua existência.
Eles não participam dos atos decisórios que tocam diretamente seus espaços vivenciais

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

constantes. A nossa pesquisa/estudo vem se desenvolvendo com vistas a tentar durante


esse processo a escuta dessas pessoas que são os conviventes diários com tais bens.

Quercia Oliveira

Discente PPHG/UFPE; E-mail: querciaoliveira@gmail.com.

O curso da história recente e suas experiências traumáticas abalaram de maneira brutal a


nossa relação com o tempo. Nesta fenda, localizamo-nos entre um passado, que ainda não
está totalmente abolido, mas que não nos serve mais de orientação no presente, e um
futuro, sobre o qual não fazemos a menor ideia. Temos, assim, a sensação de pertencermos
a duas eras, em uma experiência de ruptura e continuidade. Perante tal crise, nosso modo
particular de articular os tempos históricos (passado, presente e futuro) teria como
especificidade um presente massivo, onipresente, hipertrofiado, que, sem horizontes,
fabricaria diariamente os passado e futuro de que necessita. Neste âmbito, as noções de
memória e patrimônio são tomadas, e investigadas, como sintomas de nossa atual relação
com o tempo. Desta forma, debruçando-nos sobre a operacionalização da memória,
questionamos a nossa atual obsessão pelo passado e pela memória, o que nos conduz,
fronteiriçamente, à atuação dos organismos multilaterais nas políticas de memória e
patrimônio – formulação, operacionalização e disseminação –, suas relações com as
políticas públicas nacionais e a adesão destas na sociedade.

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GT 06
Agricultura, mercados de alimentos e
territórios: Novos arranjos e velhas questões.
Coordenadores: Juliana Gomes de Moraes (PPGS - UFPE), Camilla de
Almeida Silva (PPGS - UFPE) e Manuella Carolina Costa de Oliveira (PPGS -
UFPE).

Este GT tem como objetivo contribuir para os estudos relacionados às


questões agrárias vinculadas à distribuição e consumo de alimentos,
levando em consideração os processos culturais, as formas de
organização social e participação política para o desenvolvimento dos
territórios e dos mercados. Também serão abarcadas por esta proposta
questões que envolvam a comercialização e o consumo de produtos
advindos da agricultura de base familiar e camponesa provenientes de
uma pluralidade de arranjos sociais, tais como cooperativas e
associações de produção, comercialização e consumo, bem como
mercados artesanais, agroindustriais e ecológicos. Diante disso, a
agenda do GT contemplará trabalhos que promovam discussão e
reflexão sobre os estudos sociológicos e antropológicos, clássicos e
contemporâneos, cujas abordagens versem sobre as seguintes questões:
1) Globalização e novas tecnologias de produção e consumo; 2) Políticas
públicas de desenvolvimento rural e segurança alimentar; 3) Territórios,
movimentos sociais rurais e reforma agrária; 4) Agroecologia e
sustentabilidade; 5) Mercados e sistemas agroalimentares 6) Relações de
trabalho e gênero em contextos rurais. Assim, espera-se neste GT, a
participação de pesquisadores e estudantes que estejam interessados
em debater, a partir de reflexões teórico-metodológicas, sobre as
questões que envolvem o mundo rural e do consumo de alimentos. Para
tanto, esperamos contribuições que possibilitem, especificamente, a
construção de um debate crítico no quadro analítico da sociologia rural
e da agricultura. Busca-se, por fim, elencar questões que ampliem e
aprofundem, ao mesmo tempo, os sentidos e significados das relações
entre sujeitos do campo e da cidade.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Bruno Silvestre Silva de Souza


Romilson Marques Cabral

brunosilvestre@yahoo.com.br (PGCDS/UFRPE)
romilsonmarquescabral10@gmail.com (DADM/UFRPE)

Para entender de que maneira a alimentação saudável tornou-se um conceito real em nossa
sociedade, é preciso discutir o padrão técnico moderno de produção de alimentos que tomou
forma a partir da revolução industrial. A partir do século XVIII, a Revolução Industrial alterou
o modo de produzir e consumir alimentos. Percebe-se que a mudança em fatores materiais
(produção) ocasionaram mudanças culturais e sociais dos povos. Ocorreram duas revoluções
conjugadas: industrial e agrícola que formaram a chamada revolução verde. O resultado
dessa mudança não se limitou ao campo e alcançou as cidades, mesmo não tendo ligação
direta, surgiu o fenômeno da McDonaldização da sociedade, raiz da atual preocupação com a
alimentação saudável. Que veio depois do movimento Slow Food. McDonaldização é um
termo usado pelo sociólogo George Ritzer (2005) para explicar a situação que se manifesta
quando uma sociedade organiza-se a partir dos princípios básicos característicos de um
restaurante fast food.·.

Gustavo de Farias Costa


Paulo de Jesus

Mestrando do Programa de pós-graduação em Extensão Rural e Desenvolvimento Local – POSMEX,


Doutor em Comunicação pela USP, Professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail:
paulodej@terra.com.br

No presente estudo busca-se analisar como a concessão do crédito integrou-se à produção


agropecuária brasileira, em especial a agricultura familiar, funcionando, às vezes, como
catalizador de práticas mercantis e industriais, criando novos arranjos produtivos,
transformando as relações sociais do homem do campo em uma alternativa viável de
promoção do desenvolvimento necessários para gerar plantas sadias. Percebe-se que a
mudança em fatores local sustentável do pequeno agricultor, sujeito historicamente sempre
a reboque do seu tempo. Considerou-se que o desenvolvimento econômico se alicerça na
inovação e na utilização da tecnologia para o aumento da produção (SCHUMPETER, 2011).
Estudaram-se a relação crescimento e desenvolvimento e os efeitos na produção
agropecuária (KAGEYAMA, 2004). Em outro instante, mapearam-se os principais conceitos
que orbitam o ideário do Desenvolvimento Rural e do Desenvolvimento Local Sustentável
(JESUS, 2003), a construção fundiária do país e como se construiu o Estado produtor e o
crédito. Discutir-se-á como foram pensadas as políticas públicas de crédito no país, sem,
contudo, disfarçar as falhas desse modelo que em seu lado mais perverso leva à exclusão, à

49
GT 06 Agricultura, mercados de alimentos e territórios:
Novos arranjos e velhas questões.

precarização do trabalho e à imposição de barreiras para o crescimento “além da porteira”.


Nessa inquirição, perfazem-se os caminhos do capital, os atos normativos e as deliberações
sobre incentivos fiscais para determinados grupo de produtores.

Maria José de Melo


Maria Alane dos Santos

Universidade Federal de Alagoas. E-mail: mariademelo08@hotmail.com.br


Universidade Federal de Alagoas. E-mail: m.alane@hotmail.com

Este trabalho versa análise sobre a implantação da construção da Usina Hidrelétrica de


Riacho Seco no município de Santa Maria da Boa Vista – PE, tendo como objetivo analisar a
luta de classe no uso do território ribeirinho do Vale do rio São Francisco, especificamente a
região do Submédio, onde temos de um lado, os ribeirinhos, os povos habitantes do local, e
de outro, a grande burguesia fração das (empreiteiras) aliada ao Estado brasileiro. Conclui-se
que este modelo de grandes obras utiliza o manejo da água como fator de desenvolvimento
para a região, com grandes espelhos de água, para abastecer o latifúndio/agronegócio e
grandes empresas agrícolas de exportação (agricultura capitalista irrigada), e para geração
de energia, beneficiando as (empresas do setor de eletricidade), e para abastecer a
expansão da indústria e dos mercados em expansão, sob – base da exploração e miséria do
sertanejo.

Rafaela Claricia da Silva


Maria Luiza Lins e Silva Pires

Graduada em Ciências Sociais pela UFRPE; E-mail: rafaela_claricia@hotmail.com


Professora do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural e Desenvolvimento Local da UFRPE; E-
mail: marialuizapires@gmail.com

Este trabalho analisa a organização das feiras agroecológicas, situando a importância das
associações de produtores rurais para a estruturação dessa atividade. Com esse propósito,
volta-se também para identificar as rotinas criadas pelos produtores-associados para
organização e funcionamento das feiras e para analisar como se estabelecem as relações de
confiança entre os produtores e consumidores. Tal perspectiva se insere numa discussão
sobre circuitos curtos de comercialização, na qual a ideia de laços sociais e de proximidade
ganha particular destaque. Nesse sentido, as feiras agroecológicas, enquanto circuitos
curtos de comercialização estimulam novas relações entre consumidores e produtores para
além da simples venda de produtos. Como os agricultores se organizam para participar das
feiras agroecológicas? Como se deu a conquista do território? Quais as exigências para a
inserção dos agricultores nas feiras? Qual o suporte oferecido pela associação para o
fortalecimento dos agricultores nas feiras? Com base nessas questões, este trabalho elegeu
como referência empírica as feiras agroecológicas situadas na cidade do Recife, vinculadas a

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

duas associações de agricultores, quais sejam: a Associação dos Produtores Rurais


Orgânicos do Projeto de Assentamento Ronda (PA Ronda) – Chico Mendes e a Associação
dos Produtores Agroecológicos e Moradores da Comunidade do Imbé, Marrecos e Sítios
Vizinhos (ASSIM). Foi possível constatar que a organização das feiras exige uma rotina
prolongada e exaustiva e que os agricultores, como forma de assegurar a qualidade de seus
produtos, precisam se submeter a uma fiscalização sistemática, tanto a nível da produção
nos seus sítios, quanto a nível da comercialização nas feiras.

51
GT 07
Sociologia Política limites e tensões
Coordenadores:Filipe Barreiros Barbosa Alves Pinto (PPGS - UFPE), Aloizio
Lima Barbosa (PPGS - UFPE) e Bruno Ferreira Freire Andrade Lira (PPGS-
UFPB).

O presente GT se propõe a uma discussão ampliada sobre as várias


formas de abordar a política, tendo em vista as disputas que permeiam
esse campo, inclusive na sua própria definição. A partir disso o objetivo
das discussões é tensionar os tradicionais debates da sociologia política
que envolve as noções de poder, democracia e Estado. Nesse sentido, ao
questionar os limites da ideia de política, possibilita-se explorar outras
temáticas que orbitam aquelas clássicas, tais como: gênero e
sexualidade, relações étnico raciais, classe e desigualdade
socioeconômica etc. A relevância da proposta, então, apresenta-se a
partir do momento em que buscamos refletir a política como categoria
norteadora de um conjunto de temas, escapando, assim, de um sentido
fixo e de uma abordagem simplesmente institucional, reconhecendo,
entretanto, a sua importância. Sendo assim, amplia-se o leque teórico-
metodológico da análise dos processos políticos, do que é o domínio do
político, ao mesmo tempo em que lança novas questões sobre a velha
tensão entre uma sociologia da política e uma sociologia política. Dessa
forma, trabalhos com preocupações mais clássicas da política e
trabalhos que tensionem a noção de política terão o mesmo espaço.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Guilherme Figueredo Benzaquen

Doutorando no PPGS/UFPE; E-mail: benzaquenguilherme@gmail.com

O objetivo principal desse trabalho é explorar as tensões entre a política e o Estado. Para
tanto iremos nos valer da contribuição de três autores: Partha Chatterjee, Javier Auyero e
James C. Scott. Apesar do caráter eminentemente teórico, o fato dos autores se valerem de
práticas políticas específicas nos permitirá uma ancoragem empírica. Discutiremos três
configurações possíveis da relação entre a política e o Estado, que vão de um diálogo mais
explícito – apesar de conflitivo – até um diálogo não admitido. Com Chatterjee,
trabalharemos o conceito de “política dos governados” que busca dar conta das negociações
entre Estado e as ocupações urbanas na Índia. Com Auyero, debateremos o conceito de
“zona cinza da política” acerca das relações escusas entre agentes estatais e saqueadores
na Argentina. Por fim, com Scott poderemos discutir o conceito de “resistência” sobre as
ações não públicas que exerceram pressão política na zona rural da Malásia. Com graus
diferentes de interlocução com o Estado, esses contextos analisados nos permitirão
problematizar o caráter relativo e contextual das autonomias, percebendo que muitas vezes
a relação se dá menos como duas totalidades separadas por um abismo e mais como dois
polos de um continuum.

Bhreno Henrique Ribeiro Vieira

Graduando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-mail:


bhrvieira@outlook.com

O que sabemos sobre os partidos políticos brasileiros? Para que servem? E porque os
brasileiros não confiam nessa instituição? É possível extingui-las do cenário político atual?
É notório que a imagem dos partidos políticos brasileiros não é uma das melhores há muito
tempo, isso devido à diversidade ideológica das coalizões ou até mesmo pela baixa
identificação partidária dos eleitores, e outros problemas que emergem durantes as eleições,
período em que essa instituição ganha um determinado grau de visibilidade: gerando fortes
problemas na representação política. O presente trabalho pretende analisar as principais
características dos partidos políticos em suas 3 arenas de atuação: a Eleitoral, a
Governo/Parlamento e a Organizacional. Argumentando que os partidos brasileiros não
enfrentam uma crise tão forte como parece.

53
GT 07
Sociologia Política limites e tensões.

Rafael dos Santos Fernandes Sales


Jackeline Amantino de Andrade

Doutorando em Sociologia na Universidade Federal da Paraíba. Email: rafaeldossantosfs@gmail.com


Professora Adjunta da Universidade Federal de Pernambuco. Email: jackeline.amantino@gmail.com

O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar os valores e conceitos que historicamente
nortearam as ações relacionadas a Mobilidade Urbana na região Metropolitana do Recife.
Para tanto, foram considerados, a partir da análise do discurso social-hermenêutica, toda
legislação local relativa ao tema, assim como dados quantitativos oficiais, registros de
reuniões, eventos observados presencialmente, e informação cedida por órgãos
governamentais através de pedido de acesso à informação. O mapeamento realizado
demonstra como, inicialmente, a mobilidade urbana do Recife esteve inserido no processo de
planejamento metropolitano, entre as décadas de 1970 e 1980, e acreditava que a expansão
espacial das cidades seria capaz de unificar o território; passando pela concepção com forte
viés econômico da década de 1990, no qual o desenvolvimento social seria alcançado
através do fluxo de investimentos e recursos movimentados localmente; para, por último,
incorporar elementos de sustentabilidade em um processo político interrompido dos anos
2000/2010. Conclui-se que os discursos estruturadores no interior da Política de Mobilidade
Urbana foram se desenvolvendo ao longo dos anos, com influência de diversos atores, que
atuam em um processo de forte disputa, em vários níveis institucionais, operando no nível
discursivo, mas estabelecendo os contornos valorativos e conceituais dessa política pública
específica.

Rebecca Botelho Portela de Melo

Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFPE; E-mail:


rebeccaportelamelo@gmail.com

Este trabalho se apoia na literatura Bourdieusiana sobre a teoria dos campos, considerando
também textos posteriores onde o autor faz uma introdução à análise do campo jornalístico.
Visto que o campo jornalístico é tido como um campo de baixa autonomia em relação aos
campos político e econômico, o presente trabalho dedica-se a abordar o exemplo do campo
jornalístico pernambucano para observar tais características na prática. Para atingir este
objetivo, foram utilizados dados públicos sobre os gastos do governo do estado com
publicidade, disponibilizados no Portal da Transparência ou coletados da secretaria
Executiva de Comunicação do Estado. O propósito do texto é afastar a noção de que as
empresas de mídia são isentas de interesses privados, demonstrando assim a sua

54
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

dependência monetária em relação às demais esferas -em especial à esfera pública- e, desta
forma, contribuir para um maior entendimento do contexto pernambucano no que tange os
principais jornais impressos do estado.

Sophia Branco

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE; e-mail: sophiabranco@gmail.com

Sabemos que a palavra política deriva de pólis, que significa tudo o que se refere à cidade,
isto é, tudo o que é urbano, civil, público. Neste trabalho refleto sobre como a divisão entre o
público e o privado influencia a forma como compreendemos a política e, como
desdobramento, a forma como nos articulamos politicamente. Estando a divisão público-
privado inserida numa lógica patriarcal de organização da sociedade, o público é
historicamente ligado ao masculino e o privado ao feminino. Esta divisão está relacionada à
divisão sexual do trabalho e opera também diferentes sistemas de valor para cada esfera. O
público é a esfera da razão e da disputa e o privado é a esfera dos sentimentos, do cuidado e
afeto. Como a política é relativa à esfera pública, com ela lidam os homens a partir do
sistema de valores atribuído a estes. O objetivo central do trabalho é pensar sobre as
consequências que a exclusão de determinados valores historicamente atribuídos ao
feminino da esfera pública, como o cuidado, tem para a forma como nos organizamos
politicamente e de que forma a incorporação do cuidado nesta seara pode nos ajudar a
redimensionar o que compreendemos por política e por democracia.

Itamá Winicius do Nascimento Silva


Marco Aurélio Silva Neves

Graduando da Licenciatura em Ciências Sociais em Universidade Federal de Pernambuco e membro do


PET Ciências Sociais; E-mail: itama_winicius@hotmail.com
Graduando da Licenciatura em Ciências Sociais em Universidade Federal de Pernambuco e membro do
PIBID; E-mail: marcoaurelio1915@gmail.com

O presente estudo busca refletir sobre as contribuições de Celso Furtado como meio de
explicar a dependência política, focando na oposição “centro/periferia” que ainda persiste no
capitalismo contemporâneo. A Teoria do Subdesenvolvimento ajuda a pensar essa
dependência política a partir de uma profunda análise macroeconômica. Estudando a relação
centro/periferia é que desnudamos o estado de subdesenvolvimento, então conceituado
como produto direto do desenvolvimento. Os países centrais dependem de uma cultura da
dependência, justificada seja pelo sistema político ou por uma Industria Cultural que age
estrategicamente nos países de economia subdesenvolvida. Essa cultura da dependência
abarca: as formas de produção, apropriação e utilização do excedente; estruturas de poder;
as relações sociais e a sociabilidade num sentido amplo. Após um resgate bibliográfico,
conclui-se que as idéias cepalinas podem explicar a complexa relação entre o mundo

55
GT 07
Sociologia Política limites e tensões.

desenvolvido e o subdesenvolvido no capitalismo das empresas transnacionais. Além de ser


atual na análise de conjuntura política dos países que compõe o Terceiro Mundo.

56
GT 08
Nações, Nacionalismos e Pós-colonialidade.
Coordenadores: João Matias de Oliveira Neto (PPGS - UFPE) e Aristeu
Portela Júnior (PPGS - UFPE / UFRPE).

A proposta deste Grupo de Trabalho é de reunir pesquisadores/as e


interessados/as nos debates acerca da nação, nacionalismos e pós-
colonialidade, dentro de um recorte abrangente e diversificado. Ao
aproximar pesquisas neste eixo, buscamos acolher estudos sobre o
papel das nações no passado e no presente, as reconfigurações das
políticas e práticas nacionalistas e das identidades nacionais, e a pós-
colonialidade, entendida como perspectiva a partir da qual se
descortinam problemáticas cruciais para a questão nacional: seu vínculo
com a discussão do racismo e das relações étnico-raciais, as políticas de
ação afirmativa, o papel da literatura, do cinema e da cultura em geral
na construção e problematização da nação. Subjacente a essas
problemáticas está a compreensão de que os estudos sobre nações e
nacionalismos não se esgotam nas abordagens clássicas, como as de
Eric Hobsbawn e Benedict Anderson, mas reverberam na teoria e crítica
pós-colonial, como em Hommi Bhabha, Stuart Hall, Franz Fanon, Walter
Mignolo, Boaventura de Sousa Santos, Inocência Mata, entre outros –
abordagens estas que tendem a pensar a formação das nações desde o
ponto de vista da colonialidade do poder e do saber, da produção de um
conhecimento sobre nações “subalternizadas” e da questão do
desenvolvimento como um diálogo prenhe de múltiplos significados e
novas epistemologias.
GT 08
Nações, Nacionalismos e Pós-colonialidade.

Fabiana de Oliveira Lima

Professora UFAL; Doutora em Antropologia, UFP (Portugal); Graduada em Turismo (UFPE) E-mail:
fabiana.lima@penedo.ufal.br.

O encontro entre diferentes culturas é recorrente na atividade turística, bem por isso, sua
prática tem atenção da antropologia desde finais da década de 1960 (SMITH, 1977;
GRABURN, 1976, 2009; NASH, 1996), principalmente por sua inevitável intervenção nos
modos de organização sociocultural, em destaque, nas comunidades receptoras cujo poder
aquisitivo esteja aquém dos seus visitantes. Com o intuito de ampliarmos a discussão sobre
os impactos socioculturais, buscamos o prisma dos estudos pós-coloniais e colonialidades,
a fim de melhor explorarmos as relações sociais estabelecidas que se reproduzem na prática
do turismo ou são ressignificadas. Para tanto, foram identificados os impactos gerados pelo
turismo na Foz do Rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, foi realizado um
diagnóstico turístico, a partir de entrevistas com a população local. A delimitação para o
trabalho de campo foi a Foz do Rio São Francisco, do Município de Piaçabuçu, inserida na
Zona de Turismo Ecológico da APA de Piaçabuçu. A partir dos resultados obtidos, optou-se
por aprofundar as reflexões desses impactos a partir de teorias que permitam discutir sobre
como a história dos moradores locais com o poder dialoga nas suas atuais relações. Trata-se
de uma localidade que muito espera do poder executivo – elemento de destaque na
concepção dos direitos e deveres brasileiros (AMARAL, 2015), que pouco dialoga a fim de
intervir no que concerne à qualidade de vida. Por tudo isso, é preciso que reflitamos sobre
caminhos para o “rompimento com a lógica da colonialidade” (BALESTRINI apud AMARAL,
2015, p. 20) num processo de decolonização.

Marco Aurelio de Oliveira Leal


Rayanna Lucylle Simões Vilela Tavares

Graduando do Curso de Ciências Sociais – Licenciatura - CFCH – UFPE; E-mail:


marco.leal.cs@gmail.com
Graduanda do Curso de Ciências Sociais – Bacharelado - CFCH – UFPE; E-mail:
rlsimoesvt@gmail.com

Nas últimas décadas do Século XX, observou-se uma confluência no campo do Estudo da
Cultura entre os Estudos Culturais e os Estudos Literários. Trata-se de um processo
complexo, uma tentativa de resposta a desafios decorrentes das lutas de libertação nos
continentes africano e asiático, no plano político e ideológico. Tais transformações exigiram
a produção de novos olhares sobre os fenômenos culturais. No que concerne aos Estudos
Culturais destaca-se o surgimento de um campo teórico denominado Estudos/Teorias Pós-

58
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Coloniais. O referente projeto assenta-se no questionamento dos limites e possibilidades de


tais referências teóricas ao se colocar o foco da análise nas literaturas produzidas em língua
portuguesa, pensando o Brasil e os países africanos lusófonos. Em que medida,
pressupostos das teorias pós-coloniais e seus aportes teóricos reproduziriam lógicas
fundadas nas identidades nacionais, típicas da “era dos colonialismos”? De natureza
polissêmica, o pós-colonial vem sendo debatido em diversos campos do conhecimento, ora
como um conjunto de pressupostos teóricos, ora como perspectivas teóricas distintas, em
meu processo de análise busco conhecer suas possibilidades e limites.

Daiana da Silva Fernandes


Klarisse Viana de Souza

Universidade Regional do Cariri; E-mail: daiana.fernandes.354@gmail.com


Universidade Regional do Cariri; E-mail: klarisseviana@gmail.com

O presente artigo busca tomar como aspecto central de discussão o fenômeno global
intitulado fast fashion, denominação de uma vertente de consumo e produção da indústria da
moda. Esse fenômeno impulsionado por grandes redes globais de lojas de comercialização de
roupas e acessório por preços populares. Por essa premissa, seu custo de produção é
barateado por meio da contratação de fábricas situadas nos países fora do eixo europeu e
norte americano; a corrida pelo melhor custo-benefício, desencadeia salários baixos e
péssimas condições de trabalho. O principal argumento da comunicação é como o fast
fashion, enquanto um movimento contemporâneo da indústria da moda, expressa um
conjunto de discursos e poderes centrado em uma lógica de pensamento colonizador. Como
ponto de análise sobre a temática discorre-se a respeito de características epistemológicas
da modernidade e como ela configura um cenário que possibilita uma dominação colonialista
moderna através das relações de trabalho; ilustrando por meio da moda rápida como suas
consequências econômicas e sociais são atravessadas por redes de dominação de saber-
poder, instituindo uma moderna geografia social do capital.

Thiago Diniz do Nascimento

Faculdades Integradas Barros Melo, Olinda, PE.

Neste artigo, estuda-se o caso da Diplomacia Pública dos Estados Unidos e meios de
comunicação impressos. Examina-se também a questão da cultura sob a ótica de Bhabha e
de autores como Fitzpatrick e Arndt e da influência da mídia na tentativa de promover a

59
GT 08
Nações, Nacionalismos e Pós-colonialidade.

imagem de um país por meio de ações de soft power. A teoria é crítica em relação às
tomadas de decisão de política internacional do governo Donald Trump. O foco dos
acadêmicos tem se voltado mais a questões com o mundo árabe que recebem mais
cobertura de mídia. Por outro lado, os jornalistas entendem que os conflitos mundiais e
temas econômicos e políticos são mais presentes no noticiário internacional. Este estudo
revela que em alguns países da América Latina o antiamericanismo também é crescente e
que o jornalismo internacional e as agências internacionais de notícia desempenham papel
importante nas ações de Diplomacia Pública. No entanto, as principais conclusões
apresentam que a cultura enquanto pauta de notícias não é entendida por parte dos
jornalistas como tema que possa gerar um reposicionamento de imagem do país em outras
nações.

60
GT 09
Assujeitamento e Processos de Subjetivação.
Coordenadores: Raul Vinícius Araújo Lima (PPGS - UFPE), Gabriela Carvalho
da Nóbrega (PPGS - UFPE) e Raphael de Souza Silveiras (UNICAMP).

Este Grupo de Trabalho tem como tema a investigação e discussão da


formação dos sujeitos contemporâneos, seja em virtude dos processos
de assujeitamento ou processos de subjetivação inerentes às relações de
poder, com foco nas formas de governo em exercício nos dias atuais.
Entende-se aqui que essa perspectiva traça uma crítica contundente
sobre as formas de pensamento modernas ao problematizar as práticas
discursivas e não-discursivas empregadas na constituição dos sujeitos.
Neste sentido, a globalização e a intensificação da individualização,
estimuladas pelo capitalismo contemporâneo são forças motrizes para a
constituição do ambiente social e dos sujeitos concomitantemente. O
intenso fluxo de informações tende a direcionar nossa atenção para a
superficialidade dos acontecimentos, nos desviando de uma análise
esquadrinhada dos processos inerentes a essa nossa relação com o
espaço social que, ao mesmo tempo, compomos e nos compõe. Diante
desse contexto, é fundamental refletir tais práticas, especialmente as
tensões e conflitos existentes entre elas, com foco na identificação das
práticas de resistência dentro das relações de poder. Para tanto, o GT
tem em vista explorar criticamente as mais diversas ideias e práticas
contemporâneas a partir de temáticas como educação, saúde, raça,
tecnologia, governamentalidade, literatura, gênero e sexualidade, e
cinema, no tocante aos processos de sujeição e constituição da
subjetividade. Assim, o objetivo deste Grupo é discutir os mecanismos de
sujeição contemporâneos (como sujeitos são condicionados por práticas
estruturantes), como debater pesquisas voltadas para as possibilidades
de resistência em detrimento ao poder hegemônico em exercício (a
formação de sujeitos através de práticas éticas de liberdade),
privilegiando abordagens que interliguem perspectivas contemporâneas
das Ciências Sociais.
GT 09
Assujeitamento e Processos de Subjetivação.

Hudson Felipe Peres da Silva

Universidade Federal de Pernambuco; hudsonfelipe.s@live.com

Este artigo tem como objetivo resgatar e discutir de forma breve o que foi a morte do autor.
O título do conhecido artigo de Roland Barthes (1915-1980), “A morte do autor”, causa aos
desavisados um certo desconforto. À primeira vista, em um mundo regido pela propriedade
intelectual e pelos direitos autorais, a simples sugestão da evanescência de uma figura tão
concreta e contemporânea - pois como afirma Barthes nascida na modernidade e da
modernidade2 - conjura uma série de inquietações e pertubações de ordem epistemológica,
tendo como plano de fundo a crise da ideia de subjetividade. “Essa noção do autor constitui o
momento crucial da individualização na história das idéias, dos conhecimentos, das
literaturas, e também na história da filosofia e das ciências” (FOUCAULT, 2001). Este
momento de individualização que fala Foucault é a ascenção não só do autor, mas antes do
próprio sujeito em si. A negação do autor parece violar o princípio da causalidade,
fundamental ao pensamento humano, tendo sido utilizado pela filosofia clássica até mesmo
para justificar a existência de Deus, o chamado argumento da causa primeira.

Adalberto Antonio da Mota Correia

Bacharelando em Geografia - UFPE, Bacharelando em Direito - UNINABUCO, Bolsista de Iniciação


Científica CNPq, Pesquisador no INCT Observatório das Metrópoles, Membro do Grupo de Extensão
Além das Grades - CCJ/UFPE E-mail: toni.m12@hotmail.com

Este trabalho é fruto da demanda da rede INCT Observatório das Metrópoles, ao estabelecer
como uma das metas do seu novo projeto nacional - As Metrópoles e o Direito à Cidade - a
formação de atores para a democracia urbana e a cidadania metropolitana. A realidade se
apresenta de maneira complexa e fragmentada. Especialmente em se tratando das
dinâmicas cidade e seus fluxos, do processo de urbanização, por assim dizer. Esse
fenômeno, vendido como natural pelo mercado imobiliário e pelo Estado, atendendo a uma
concepção desenvolvimentista, frequentemente invisibiliza aqueles que estão em condição
de hipossuficiência em relação ao Estado e ao Capital, agentes preponderantes na produção
do espaço urbano desde à modernidade. Para esse processo de assubjetivação é preciso
resgatar os elementos histórico-geográficos e sociológicos que culminaram na
subalternização desses sujeitos: como se consolidou a hegemonia da classe dominante;
como a dominação se perpetua a partir dos meios de mass media e da colonização do
habitus; e como a economia passa a tomar grande proporção na vida cotidiana em
detrimento da política. A partir desses conhecimentos, podemos construir caminhos para
uma educação libertadora e novas possibilidades de organização socioespacial, pensando
numa ética do cuidar.

62
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Auta Jeane da Silva Azevedo


Ridivaldo Procopio da Silva

Programa de Pós-Graduação em Antropologia – UFPE; E-mail: autissima@gmail.com


Programa de Pós-Graduação em Educação – UFPE; E-mail: procopiomabi@gmail.com

O presente texto faz parte de um estudo em andamento no âmbito do Programa de Pós-


Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco. Utilizando como
interlocutores no campo da filosofia, Giorgio Agamben e Peter Pál Pelbart, fazemos uma
ponderação sobre a guerra movida contra certos tipos de sujeitos indesejados, numa
tentativa de pensar quais as formas de resistência possíveis. Para isso, trazemos uma
reflexão sobre como o feminismo pode contribuir para a formação de sujeitos – sobretudo
mulheres - capazes de resistir aos processos de invisibilização e extermínio das populações
excluídas, tendo em vista a necessidade de ainda ultrapassar suas próprias contradições
internas. Nesse malabarismo contra as contradições, fazemos um uso atrevido de Sherry
Ortner, e Henrietta Moore. Como uma espécie de autor errante, Michel Foucault nos direciona
para uma problematização do próprio movimento feminista em sua multiplicidade e
atualidade. Entendemos, com a ajuda de Saffioti, Hooks, Rago, que o movimento feminista
propõe um projeto de sociedade, atuando numa constante construção de análises da
realidade em busca da transformação de vidas e culturas. Para isso, faremos um estudo com
organizações e coletivos de mulheres negras que engendram uma resistência a essa guerra
travada contra os pobres, contra os direitos, contra as mulheres.

Hallana Carvalho

Este trabalho pretende tecer uma análise acerca dos impactos do racismo sobre as
identidades de imigrantes transnacionais advindos de países africanos. SAYAD (1998)
concebe a categoria “imigrante” enquanto uma condição que passa a ser analisada pelos
desdobramentos que terá a nível social, fazendo-se assim objeto e fenômeno inteligível para
as ciências sociais. Nesse sentido, a princípio, a partir do levantamento de dados em
conteúdos jornalísticos, as narrativas serão analisadas através do método de análise de
discurso, com a finalidade de investigar e compreender quais os mecanismos à nível
estrutural que contribuem para confluência de questões do âmbito das relações raciais
brasileiras e as problemáticas concernentes aos fluxos migratórios da atualidade. Diante
desse cenário, este debate torna-se relevante no tocante ao combate ao racismo nas suas
formas estrutural e institucional e principalmente no tocante a formulação de políticas
públicas de imigração e de acolhimento, que visem minimizar os crimes de xenofobia sem
excluir os casos de racismo existentes, atrelados a essa condição.

63
GT 09
Assujeitamento e Processos de Subjetivação.

Maria Eduarda Cavalcanti de Albuquerque Mello


Rafael Soares Ribeiro

Advogada. Mestranda em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (PPGS). E-mail:


m.e.mello@hotmail.com
Possui graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (PPGS). E-mail:
rafael.soares504@gmail.com

A situação que vivemos atualmente no Brasil demonstra claramente uma disputa pelo poder
dentro de um ambiente que é um dos artefatos no processo de formação de sujeitos.
Historicamente observamos grupos sociais e indivíduos negociando sua existência e a
afirmação da mesma com estruturas de poder. Diante disto, o trabalho de dois autores que
quebraram barreiras e paradigmas de sua época nos estudos de gênero (Addams) e raça (Du
Bois) revelam sua importância, pois se sintonizam com debates atuais. Ambos os autores
enfatizam que a experiência de empatia e o reconhecimento da diversidade são elementos
fundamentais para o fortalecimento do espírito democrático. O desenvolvimento da
consciência social, a ideia de unidade através da diversidade e a preparação para a vida
cívica são as principais propostas educacionais destes. Comparando estes aspectos de
seus trabalhos com as atuais formulações, neoliberais, de políticas públicas para a
Educação no Brasil, poderemos notar as disfunções destas com a educação necessária para
a democracia que eles propõem. Assim, este trabalho visa analisar as contribuições de
Addams e Du Bois à educação, enfatizando os pontos convergentes e divergentes entre suas
teorias, e comparar suas prerrogativas ao modelo de educação aplicado atualmente no Brasil
e às propostas que vem surgindo nesse cenário, ressaltando nesse viés a formação dos
sujeitos contemporâneos.
.

Natália Regina Borba de Sá

Mestra em Sociologia pela UFPE/PPGS; E-mail: nataliaregina.sa@gmail.com.

Como uma das esferas proeminentes do Sistema de Justiça Criminal (SJC), aparece a
atuação do Poder Judiciário que contribui para a realização da construção social do crime
(BECKER, 2008), notadamente na passagem da criminação à incriminação, além, por vezes,
da produção de sujeição criminal (MISSE, 2008), na medida em que a magistrada pode
imputar a um sujeito a responsabilidade por uma transgressão e, consequentemente, uma
pena, que, a partir do século XIX, “tem em vista menos a defesa geral da sociedade que o
controle e a reforma psicológica e moral das atitudes e do comportamento dos indivíduos”
(FOUCAULT, 2002: p.85). Portanto, interessa-me compreender a constituição discursiva de
certos acusados de um crime enquanto bandido – ou seja, “o sujeito ao qual se reserva a
reação moral mais forte e, por conseguinte, a punição mais dura: seja o desejo de sua
definitiva incapacitação pela morte física, seja o ideal de sua reconversão à moral e à

64
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

sociedade que o acusa.” (MISSE, 2010: p.17). Desse modo, é pelo estudo qualitativo de
processos criminais julgados em Recife-PE, com o uso da análise de discurso crítica
(FAIRCLOUGH, 2001; 2003), que pretendo evidenciar a ocorrência de modos de subjetivação
distintos para as rés, em que é possível perceber a atuação seletiva do SJC, apontada pelas
teorias do labeling approach.

Ridivaldo Procopio da Silva


Auta Jeane da Silva Azevedo

Programa de Pós-Graduação em Educação/UFPE; procopiomabi@gmail.com


Programa de Pós-Graduação em Antropologia/UFPE; autissima@gmail.com

A problemática da pobreza nas periferias coloca para a cultura e o pensamento dificuldades


além das politizadas por questões econômicas. Coloca para a ética problemas de
reconhecimento, assim como para a moral sobre quem pode ser considerado cidadão, e
outros relegados a subcidadania. Dessa maneira, pensar uma forma de vida nas perifeiras
que passe ao largo do canone econômico deixa uma tarefa para o pensamento
contemporêneo. A noção de verdadeira vida problematizada ao lado de periferia situou-se, em
nossa pesquisa, como um escândalo paradoxal por estar além/aquém e do lado da vida nua.
Ela foi retomada a partir da dramaturgia da pobreza dos cínicos antigos para pensar a vida na
periferia como verdadeira vida. Assim, a noção de forma de vida, nos possibilitou trabalhar
aquém do ponto de vista ecônomico, podendo destrinchar a noção de verdadeira vida como
um tipo de vida usada nas periferias. Nosso quadro teórico foi montado por um tipo de
Foucault cínico, em constante relação com a noção de uso, tomada de Giorgio Agambem, na
qual foi capaz de problematizar o modo de vida como uma práxis.

65
GT 10
Relações sociais com animais não humanos.
Coordenadores: Maria Helena Costa Carvalho de Araújo Lima (PPGS -
UFPE) e Nicole Louise Macedo Teles de Pontes (PPGS - UFPB).

Desde meados dos anos 1970, com a emergência dos movimentos de defesa
animal e o estabelecimento de debates filosóficos sobre o caráter moral de
nossas relações com outras espécies animais, a dicotomia que separava o
humano de todos os outros seres tem sido fragilizada. Na ciência e na
filosofia, as fronteiras ontológicas entre humanidade e animalidade têm sido
expostas como uma construção precária; na política institucional e na
vigilância exercida pelos cidadãos, multiplicam-se as iniciativas para reduzir
ou eliminar o sofrimento de animais não-humanos, alargando nosso círculo
de preocupações morais; no convívio cotidiano, membros de outras espécies
passam a receber atenção e cuidados antes restritos a humanos. Em todos
esses casos, surgem conflitos que evidenciam o desconforto causado pela
percepção de que os animais podem ocupar espaços distintos dos que
convencionalmente ocupam. Em meio a esse conjunto de transformações,
surge para as ciências sociais uma diversidade de situações ricas para
análise, reunidas no campo de estudos das relações com animais não
humanos, que se convencionou chamar Animal Studies. Como forma de
estimular o diálogo entre estudantes e pesquisadores interessados nessa
área de estudos, ainda recente no Brasil, este grupo de trabalho tem como
proposta reunir tanto estudos empíricos quanto teóricos voltados para a
compreensão das relações sociais com animais não humanos. Destacando o
caráter interdisciplinar dos Animal Studies, pretende-se reunir trabalhos nas
seguintes linhas: 1 – relações práticas com outras espécies (animais de
estimação, uso de animais na ciência, no entretenimento e na indústria de
alimentos e vestuário); 2 – representações acerca de animais não humanos;
3– análise dos marcos legais e institucionais em que se desenrolam as
relações interespécie; 4 – proposições teóricas e metodológicas para o
desenvolvimento deste campo de estudos no Brasil.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Gabriel Ferreira de Brito

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco. E-


mail: gabrielmop@hotmail.com.

O estado de Pernambuco foi o epicentro de uma epidemia de zika vírus. Com o vírus, veio a
microcefalia ou síndrome congênita de zika vírus. Cientistas, pediatras e, principalmente,
gestantes, corriam atrás de uma resposta para tentar compreender os fatores que estavam
por trás da enfermidade. Neste contexto, esta pesquisa objetiva compreender
sociologicamente como ocorre o processo de pesquisas de laboratório sobre o zika vírus em
Recife, na Fiocruz (Ageu Magalhães). Este objetivo se circunscreve no contexto dos estudos
de laboratórios que vem sendo realizados ao menos desde o fim da década de 1970, a partir
de Bruno Latour e da Teoria Ator-Rede. Metodologicamente adotou-se como técnicas de
coleta de dados, a observação participante e a análise documental. A observação interna do
interior de laboratórios ainda não teve início, por isso, os dados coletados até o momento,
são fruto da observação da possível extensão da rede ou associação em que a Fiocruz está
envolvida, como oi possível descobrir ao participar de um seminário em que pesquisadoras
ligadas à Fiocruz apresentaram resultados parciais de pesquisas em andamento sobre zika e
microcefalia.

Patrícia Novais Calheiros Cardoso


Joseilda Maria da Silva

Universidade Federal Rural de Pernambuco; E-mail: pncpatricia@hotmail.com,


Universidade Federal Rural de Pernambuco; E-mail: joseildaeconomiadomestica@hotmail.com.

A interação homem-animal e o bem-estar proporcionado por essa convivência, no mundo


contemporâneo, traz benefícios físicos, psicológicos e sociais. A convivência com os animais
de forma geral, com os domésticos ajudam a diminuir o estresse, combatem a depressão e o
isolamento, despertando nas pessoas características como lealdade, amor e jovialidade. A
relação de idosos, adultos, crianças e enfermos com os animais é de tamanho efeito, que
medicamentos tradicionais não têm a mesma eficácia. Os objetivos deste trabalho visam
apontar os benefícios para a saúde ao conviver com animais; destacar os principais
benefícios de ter um animal como companhia; indicar quais os principais animais de
companhia e estimular o contato com os animais e o adestramento. O convívio com os
animais traz mais felicidade, porém fatores externos que envolvam os animais também traz
a sensação de bem-estar nas pessoas, causando a liberação de mecanismos positivos para
o corpo e a mente. Dentre os principais benefícios de ter um animal de estimação, destaca-
se a companhia para suprir os problemas da solidão. O cachorro é o animal mais simbionte e
que mais se destaca nos lares, porém, os gatos também são preferidos de muitas famílias. O
condicionamento dos animais realizado por meio do adestramento torna-os como melhores
companheiros e os treina para ajudar como cão terapeuta.

67
GT 10
Relações sociais com animais não humanos.

Lucas Vieira Santos Silva

Aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe (UFS). E-


mail:Ephesus44@gmail.com

Este artigo tem como objetivo principal apresentar os resultados inicias de um exame
etnográfico orientado de uma rinha de briga de galos, da cidade de Cedro de São João. E a
partir disso, fazer uma breve discussão baseada em artigos de Philippe Descola, sobre a
relação animal-humano entre o criador e o seu galo nessa cidade e assim, comparar com os
4 modos de identificação proposto pelo antropólogo: Animismo, Naturalismo, Analogismo e
Totemismo. Com esse objetivo em mente, atacamos essa problemática com alguns
procedimentos metodológicos, como a observação de algumas brigas na rinha, assim como
todo o processo de preparação pré-enfretamento, realização de entrevista com dois galista
que contatamos por intermédio de um interlocutor, e a leitura de alguns textos que dialogam
com o tema proposto. Por fim, concluo enfatizando que todo o artigo foi pensado e produzido
a partir de dados de uma pesquisa PIBIC feita tanto por mim como pelo meu orientador Prof.
Dr. Ugo Maia.

Myrella Maria de Lima Souza


Ariene Cristina Dias Guimarães-Bassoli

Graduanda em Ciências Biológicas/Bacharelado e extensionista do Programa Adote um Vira-lata


(UFPE);
Profa. Depto. de Histologia e Embriologia/UFPE e Coordenadora do Programa Adote um Vira-lata. E-
mail: myrellamaria.mm@gmail.com

A superpopulação de cães e gatos é uma problemática frequente em diversos países


(ANDRADE, 2011). O método mais antigo para o controle de natalidade desses animais é a
eutanásia, uma técnica sistemática de captura e morte (SOUZA, 2011). Foi realizada uma
revisão bibliográfica com o objetivo de problematizar as políticas públicas de manejo
populacional de cães e gatos a partir da perspectiva da ética animal. Peter Singer e Tom
Regan idealizaram princípios éticos considerando que os animais não humanos são
sencientes e sujeitos-de-uma-vida, o que possibilitou proteger interesses desses animais
(REGAN, 2006; SINGER, 2004). O questionamento da utilização da eutanásia ganhou força
pela constatação da ineficácia da prática e do crescimento dos movimentos de proteção e
ética animal. A eutanásia pode gerar conflitos na sociedade e não consegue ser justificada
do ponto de vista ético de acordo com filósofos defensores dos direitos dos animais. É

68
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

necessário reconhecer o status moral desses seres, para que sejam utilizadas estratégias
preventivas e métodos éticos de controle populacional em prol da qualidade de vida humana
e bem-estar animal.

Ana Claudia Rodrigues da Silva


Thaiza Raiane Vasconcelos

Professora Permanente na Universidade Federal de Pernambuco; Email: acrodriguess@gmail.com


Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco; Email: thaiza.r@hotmail.com

O presente trabalho foi realizado através do levantamento de matérias jornalísticas geradas


em função dos ataques de tubarões ocorridos no Estado de Pernambuco, sendo estes
quantificados em dados oficiais a partir de 1992. Como objetivo, propõe-se a melhor
compreender as relações e os significados atribuídos às interações entre humanos e
tubarões no contexto dos incidentes, recorrentes nas praias mais frequentadas da Região
Metropolitana do Recife, ao longo das últimas duas décadas. Faz-se necessário expandir o
olhar sobre estes acontecimentos para além do campo das Ciências Biológicas por entender-
se que é preciso superar o discurso centrado na visão de que “a natureza” representa uma
entidade distante de nós, vazia de sentidos e superada pela razão humana. A discussão em
torno da temática sob a luz da Antropologia traz à tona mais uma tensão no que tange ao
debate no campo das relações entre humanos e não-humanos a medida em que promove o
debate em função dos estudos com pessoas e animais selvagens/perigosos. Estudos esses
ainda escassos no Brasil se comparados às pesquisas etnográficas relacionadas ao convívio
humano com espécies domesticadas como os cães e gatos e suas interações social
(INGOLD, 2000: 1995; DESCOLA, 2011; VIVEIROS DE CASTRO, 2002).

69
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e
Emoções.
Coordenadores: Roberta Bivar C. Campos (PPGA - UFPE) e Thiago Santos
(PPGA - UFPE).

Desde o final dos anos oitenta do século passado, a antropologia e


sociologia das moralidades e emoções, em face das transformações da
sociedade em termos de lutas por direitos e liberdades individuais e
coletivas, e do intenso processo de urbanização e individualização da
nossa sociedade, têm favorecido debates profícuos e possibilitado
releituras dos lastros teóricos de ambas as disciplinas. Neste processo,
alguns campos de pesquisa se sobressaem como guias dentro dos quais
as pesquisas são desenvolvidas. Para referenciar algumas destas
pesquisas, tem-se aquelas que buscam compreender o processo de
formação de subjetividades e sua materialização, em discursos, corpos,
vestimentas etc.; e outras que referem-se à dimensões estruturais, como
os estudos sobre política, cidadania e diversas formas de exclusão,
identificando nelas quais linguagens morais e emocionais são
mobilizadas e informam os termos das disputas. Observa-se nesses
casos partilha de uma dimensão moral, que é comunicada e constituída
através de uma linguagem emocional que informam ações e práticas
sociais. Esse Grupo de Trabalho tem interesse em receber propostas de
comunicações que dialoguem com o tema das moralidades e emoções
em antropologia e sociologia nos termos mencionados, de maneira
direta ou mesmo que toquem transversalmente os temas centrais do GT.
São bem-vindas proposta de pesquisas, de inclinação teórica e ou
empírica, em estágio inicial, em andamento ou finalizadas.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Gabriela Cavalcanti de Albuquerque

Universidade Federal de Pernambuco; Email: Gabrielaa_cavalcanti@hotmail.com

De acordo com o os significados culturais e o período histórico da sociedade, a mulher pode


ser definida tanto como símbolo do sagrado quanto do profano. O seu sangue pode ser
caracterizado como sujo em algumas situações, mas também pode indicar fertilidade e ser
aclamado por perpetuar a espécie. A fêmea deve copular, mas não deleitar-se do prazer,
paradoxalmente, não pode ser frígida. Aquelas que ultrapassam a linha imaginária do que é
aceitável, ou não cumprem todas as regras de conduta com vigor, culminam por destoar do
que é chamado de “normal”, e necessitam de algum tipo de corretivo para permanecerem
convivendo em comunidade. É também da natureza das fêmeas gerar filhos, cuidá-los com
amor, ocuparem o ambiente do lar, ou serem sensíveis e amorosas. O trabalho em questão
tem o propósito de estabelecer uma relação entre as expectativas sobre a moralidade
feminina, fato que sempre esteve presente na biografia das mulheres do Ocidente, e a
patologização da sexualidade e dos seus afetos, garantindo uma intensa repressão e
normatização das emoções e sofrimentos femininos. Durante o trabalho se faz necessário
ratificar a importância da voz feminina ativa de modo a possibilitar um dialogo cada vez mais
ético e coerente com a realidade, demonstrando que por trás de uma cultura estrutural de
dominação masculina.

Alana Sá Leitão Souza

Este trabalho utilizará como campo e objeto de pesquisa a Igreja Universal do Reino de Deus
(IURD) e suas fiéis mulheres. Será observado especificamente um grupo dentro da IURD
voltado para mulheres, o Godllywood, e os ensinamentos e práticas efetuados pelas fiéis e
pela fundadora do grupo, Cristiane Cardoso. Mas o que é mais importante na discussão que
será empreendida aqui é constatar que os ensinamentos do Godllywood exigem a execução
de práticas, leituras e participação em reuniões através das quais uma moral é impressa no
corpo, ao mesmo tempo em que é também criada através dele, em um processo de
constituição do self. Assim, por meio desse corpo, a moral e os ensinamentos produzidos
são levadas ao espaço público – ao seu trabalho, à universidade, ao buscar os filhos na
escola. A complexidade da integração entre normas, práticas, negociações e escolhas no
processo de constituição moral e como tudo isso se insere e passa pelo corpo é o que
queremos observar no Godllywood e nas mulheres que seguem seus ensinamentos.

71
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e Emoções.

Ana Katarina de Brito

Graduanda em Ciências Sociais na UFPE; E-mail: ana.brito00@gmail.com

Partindo dos pressupostos teóricos de Axel Honneth, o artigo aqui apresentado visa trazer
aspectos correlatos à compaixão no intuito de ampliar seu entendimento numa perspectiva
mais aproximada das Ciências Sociais. Realizaremos a analise da compaixão tendo como
elemento norteador o projeto de extensão: Práticas educacionais para a compaixão no
cotidiano: exercitando a capacidade de se colocar no lugar do outro (projeto vinculado ao
Departamento de Sociologia/UFPE coordenado pela Prof. Dra. Conceição Lafayette, aprovado
pela PROEXT/UFPE), desenvolvido em uma escola pública no bairro Alto Santa Terezinha, no
Recife, com crianças de 05 a 12 anos. O projeto foi desenvolvido entre os anos de 2012 e
2016. O período discutido neste trabalho compreende os anos de 2013 a 2015.
Acreditamos que sentimentos podem ou não gerar ações, porém, ao se tornarem ações,
passam a ser percebidos como um aspecto da moralidade, constituindo um aspecto
fundamental da convivência humana e social. Esperamos trazer fundamentos teóricos que
subsidiem a interseção entre as práticas desenvolvidas no projeto e o saber científico,
contribuindo para a formação de um corpo de conhecimento voltado para a Sociologia das
Moralidades e das Emoções.

( ) ( )
Bruno Silvestre Silva de Souza
Romilson Marques Cabral

brunosilvestre@yahoo.com.br (UNINASSAU/PGCDS/UFRPE)
romilsonmarquescabral10@gmail.com (DADM/UFRPE)

Castells (1999) amplia a ideia que a sociedade está organizada em rede. Vive-se
hibridamente em presença física e presença virtual. A sociabilidade assenta-se nas
potencialidades de comunicação que a Internet oferece para a partilha de sentimentos,
ideias, conhecimentos, informações e conceitos. Nessa sociedade em rede, os grupos de
redes sociais são como uma inteligência coletiva sem a ligação física entre as partes. A
informação pode ser democratizada por seu fluxo contínuo e o conhecimento não é mais uma
propriedade intelectual, mas sim interação e mudança. Para Bauman (2007), a vida líquida
dos laços sociais facilmente desfeitos no ciberespaço. Se a sociedade atual é líquido-
moderna, pois seus membros agem em condições que mudam num intervalo de tempo mais
curto do que o necessário para a consolidação das formas de agir em hábitos e rotinas. Não
é a tecnologia que gera esse movimento, e sim a percepção das pessoas envolvidas.

72
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Raoni Borges Barbosa

PPGA-UFPE/GREM-UFPB; E-Mail: raoniborgesb@gmail,

O artigo apresenta uma discussão goffmaniana do contexto interacional e societal


etnografado, - o bairro do Varjão/Rangel, em João Pessoa - Paraíba, - da perspectiva da
microanálise das emoções e da moralidade. Partindo deste recorte teórico-metodológico, em
que o controle social e o controle do self são conceitualmente articulados na fórmula ritual
goffmaniana de auto(self)-regulação recíproca do sistema linha-fachada de atores e agentes
sociais em situação de copresença e de comunicação verbal, o artigo problematiza os
conceitos de situação limite e de vulnerabilidade social enquanto indicadores das fronteiras
morais e emocionais, oficiais e oficiosas, da normalidade normativa de uma cultura emotiva
específica. Cultura emotiva esta informada pelos modelos de ação e de realidade dos atores
e agentes sociais que a inventam e reinventam, em estratégias simétricas e
complementares de administração de conflitos e tensões cotidianas, conforme suas
demandas moral-emocionais e cognitivo-comportamentais de identidade, reconhecimento,
reputação e respeito e de escandalização de disputas morais expressas em sentimentos de
medo, ressentimento, raiva e vergonha. Nesse sentido, conclui haver uma complexa relação
sistêmica entre uma comunidade moral, entendida como figuração social, e a economia dos
afetos que lhe caracteriza.

Cássio Raniere Ribeiro da Silva

Universidade Federal de Pernambuco/UFPE; E-mail: cassiorani@hotmail.com

O debate sobre a moral permeia o cristianismo e, com maior ou menor rigor, a regulação das
condutas sexuais aparece como tônica na produção do ethos religioso. Estas questões
tomam corpo nas igrejas evangélicas pentecostais que não encontram dificuldade em
assimilar os chamados desvios de conduta às possessões demoníacas. Nas igrejas
inclusivas, o lugar de pessoas LGBTs no cristianismo é tematizado através de formulações
próprias sobre pecado. Através da análise histórico-crítica, as passagens bíblicas que
condenariam a diversidade sexual são reorganizadas numa cosmologia própria e ajustadas
num modelo que não se pretende heteronormativo, possibilitando aos indivíduos outras
classificações do que é o certo e o errado, do bom e do mau, como também uma série de
outras formas de classificações morais dos sujeitos. Aqui, busco refletir sobre as práticas
de fieis inclusivos ao atentar para o “modelo de conduta” apregoado nas igrejas em que

73
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e Emoções.

estão citados. Faço uso das observações participantes que realizo numa comunidade
inclusiva, de atividades correlatas e atividades externas – como no evangelismo realizado na
16º Parada da Diversidade de Pernambuco (2017). Nesta comunicação trago dados
coletados no campo para que possamos problematizar e construir um caminho teórico sobre
essa comunidade que tem por insígnia o fato de “[...] não fazer acepção de pessoas!”.

Cleonardo Mauricio Junior

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPE

Este trabalho tem como objetivo compreender a forma como jovens crentes pentecostais
constituem a si mesmos como sujeitos éticos diante de um (novo) código moral,
compartilhado por sua comunidade de fé, que exige destes fieis uma conduta diligente e
inequívoca na esfera pública civil a respeito de temas como o aborto e o casamento entre
pessoas do mesmo sexo. Na esteira de eventos que tem colocado em rota de colisão as
igrejas pentecostais e os movimentos sociais, pastores como Silas Malafaia, líder da igreja
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, tem exortado seus fieis a se posicionarem nos seus
locais de trabalho, estudo, em sua vizinhança, etc, contra temas que se contraponham à
moral cristã: “crente também é cidadão”, repete Malafaia, e por isso deve se posicionar.
Como os crentes ordinários têm assumido, então, esse dever moral de se posicionarem
politicamente? Meu principal interesse é compreender como eles e elas têm atrelado essa
moral do posicionamento diligente a uma ética do testemunho, ou seja, a uma postura
proselitista que tenta convencer quem está ao seu alcance a tornar-se também evangélico.
Para dar conta destas perguntas utilizarei os dados de meu trabalho de campo entre os
jovens da igreja do pastor Silas Malafaia a fim de iluminar a constituição do crente-cidadão
em um contexto de constantes embates a respeito de temas controversos.

Daniella Carneiro da Silva

O presente resumo, previamente, tem por objetivo abordar a prática do cuidado e suas
dimensões emocionais do profissional de saúde e segurança do trabalho, no âmbito
colaborativo do seu exercício. Visando relatar a vivência de um profissional da área,
utilizando da teoria de Molinier em (Ética do trabalho do Care) e Angelo Soares em (As
emoções do Care). Desta maneira, ressaltado as possibilidades e implicações dessa prática
do cuidado no âmbito profissional. Pontuando tanto as questões práticas deste profissional
quanto às questões de dimensões emocionais abrigadas pelo mesmo, relacionada com a
teoria descrita acima. De maneira enxuta e objetiva, venho por meio desta proposta de
trabalho, ressaltar o profissional técnico de saúde e segurança do trabalho como mediador

74
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

da prática do cuidado dentro do seu ambiente profissional. Visando estabelecer essa prática,
para além de suas competências hierarquias profissionais, norteado pela ação de quem é
cuidado e quem é cuidador dentro do ambiente de trabalho.

Fernanda Meira

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco;


Email: fernanda.meira@gmail.com

Em Death Without Weeping, Nancy Scheper-Hughes causa polêmica ao afirmar tese sobre
suposta negligência seletiva em que mães têm que escolher qual filho vão amar e cuidar, e
qual deixarão morrer. Apesar de contestada, Scheper-Hughes não perdeu sua importância e é
leitura obrigatória para quem pretende estudar emoções, cuidado, maternidade e
moralidades. Em diálogo com esta discussão, o trabalho propõe iniciar breve exercício de
articulação entre teoria e campo, a partir da observação de famílias afetadas pela epidemia
do Zika Vírus, cujos bebês nasceram com microcefalia. Estas crianças dependem de
cuidados que são feitos, em grande parte, por mães, que aprendem a lidar com sequelas
neurológicas dos filhos, e com prognósticos pessimistas. Elas parecem não esmorecer
diante das dificuldades, parecem encontrar motivações para cuidar dos filhos, para contrariar
o que dizem médicos, e para (re)construírem suas vidas. A ideia aqui é começar as primeiras
reflexões desse contraponto entre a tese da negligência seletiva da Scheper-Hughes, e a
aparente afirmação contrária que o campo traz, onde as dimensões das emoções e das
moralidades associadas ao papel de ''ser mãe'' serão tensionadas.

Hellen Monique dos Santos Caetano

Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Federal de Alagoas; hellen.ics.focus@gmail.com

Essa pesquisa busca, por meio de narrativa etnográfica, conhecer as práticas de cuidados
que cercam as relações com crianças nas famílias do litoral norte de Maceió, precisamente
nos bairros de Garça Torta e Riacho Doce. Cabe aqui contextualizar que esses bairros
passam por um intenso processo de especulação imobiliária. O campo da pesquisa
demonstrou uma tensão entre modos de cuidado em duas localidades: uma delas propaga a
filosofia de que as crianças devem ser livres para brincar e a outra, culpabiliza as famílias por
deixarem as crianças soltas.Pretende-se identificar e questionar as diferentes concepções

75
GT 11
Antropologia e Sociologia das Moralidades e Emoções.

do que é infância, procurando estabelecer uma relação entre os antigos e novos moradores
do bairro, considerando os valores, moralidades e emoções que envolvem essas convicções.
Esse dado etnográfico será analisado a partir de uma contextualização que leva em conta
relações de poder, classe e diversos entendimentos das dinâmicas em torno da família,
saúde e bem-estar das crianças.

Marcelo Henrique Alcântara


Roberta Bivar Carneiro Campos

O presente artigo refere-se à minha monografia em processo de finalização. Nele proponho a


análise da percepção dos indivíduos do grupo “Eu Escolhi Esperar” (EEE) sobre os
relacionamentos em que estão inseridos: como eles enxergam um relacionamento ideal e em
que sentido o controle da sexualidade é importante para esses indivíduos. A modernidade é
reconhecidamente um momento de transição, no que se refere à emergência da
individualidade em relação à coletividade. Entender as mudanças observadas nas emoções
humanas, principalmente no conceito de amor é bastante relevante para entender as
interações sociais e interpessoais. As percepções sobre os relacionamentos e as próprias
interações interpessoais na contemporaneidade, assim como têm sido analisadas por
Zygmunt Bauman e Anthony Giddens, vêm se modificando rapidamente. Surgem assim
conceitos como “relacionamentos líquidos” (Bauman, 2004) – que seriam laços pautados em
relações semelhantes a lógica do mercado de consumo – e “alta modernidade” (Giddens,
1993) – que aponta para um rompimento (ainda que parcial) dos indivíduos com os valores
tradicionais pré-stabelecidos. Contudo, os membros do EEE propõem um modelo de
relacionamento que, apesar de estar inserido no contexto de valorização das demandas
individuais, ainda busca reafirmar categorias bastante conectadas com noções e valores
conservadores no que diz respeito às relações amorosas. Para alcançar os objetivos
traçados neste trabalho, a coleta de dados foi feita por meio de entrevistas
semiestruturadas com pessoas que se identificaram como membros seguidores, ou que já
acompanharam de alguma forma os ensinamentos do grupo EEE. A Ao todo foram 14
(quatorze) entrevistados: entre evangélicos, protestantes e católicos.

Marina Ferreira de Carvalho Ribas

Mestranda na Universität Hamburg; Email: marina.rcf@gmail.com.

A proposta deste trabalho é fornecer uma breve análise, da pesquisa qualitativa acerca dos
medos, inseguranças e preocupações de jovens refugiados/as oriundos/as do Afeganistão e
da Síria, que foram entrevistados/as em Hamburgo (Alemanha) em 2016. A pesquisa foi
elaborada e implementada por uma equipe de 6 mestrandas/os da Universidade de
Hamburgo, da qual sou integrante. As primeiras conclusões sugerem que modulações

76
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

afetivas conservadoras geram imagens dos/as refugiados/as com as quais eles não se
identificam, pelo contrário, esses discursos potencializam uma dinâmica afetiva que os
discrimina.A maioria dos sujeitos de pesquisa mencionaram o vínculo da
discriminação/receptividade da sociedade majoritária à propagação midiática de imagens de
medo, nas quais eles são apresentados como “terroristas”, “criminais”, “desviantes”. Este
texto propõe que busquemos, a partir de uma definição de afeto deleuziana, possibilidades
rizomáticas de se pensar medo e insegurança, especialmente em que medida processos de
desterritorialização e reterritorialização do afeto possibilitam que refugiados/as em
Hamburgo conquistem imagens e subjetividades que destruam esteriótipos, que os levam ao
sofrimento e, por fim, tornem-se protagonistas que criam autonomamente seus planos e
possibilidades.

Williane Juvêncio Pontes

Graduada em Ciências Sociais pela UFPB, Membro discente do GREM. E-mail:


williane_pontes@hotmail.com

Este trabalho realiza uma análise compreensiva da cidade de João Pessoa a partir da
produção acadêmica do GREM – Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das
Emoções, com ênfase no projeto Medos Corriqueiros: A construção social da semelhança e
da dessemelhança entre os habitantes urbanos das cidade brasileiras na
contemporaneidade. Analisa as formas de sociabilidade na capital paraibana debruçando-se
sobre a problemática dos medos na modernidade e compreende como os medos corriqueiros
se propagam no cotidiano dos moradores da cidade. A produção acadêmica foi submetida a
um balanço crítico que permite descortinar o olhar teórico-metodológico do grupo de
pesquisa, de modo a desvendar os mapas simbólicos construídos sobre João Pessoa
mediante a análise do cotidiano, dos medos corriqueiros e da cultura emotiva que emergem
do recorte urbano da cidade. A análise foi realizada através da organização, leitura e
fichamento do material produzido sobre a cidade de João Pessoa no âmbito do projeto Medos
Corriqueiros. Este trabalho apresenta um mosaico científico da cidade e do seu
desenvolvimento urbano contemporâneo sob a ótica dos medos corriqueiros. A cidade é
apreendida em seu aspecto interacional, sendo estudada através do seu sistema simbólico,
como um lugar e espaço social de interações individuais e grupais que tecem formas de
sociabilidades, pertença, memórias e história.

77
GT 12
Ciências Sociais e História: diálogos sobre
política, crime e movimentos sociais.
Coordenadores: Marcílio Dantas Brandão (PPGS - UFPE), Rosilene Oliveira
Rocha (PPGS - UFPE) e Artur Fragoso de Albuquerque Perrusi (PPGS -
UFPE)

Ecoando o debate estabelecido no âmbito do Simpósio de Pós-


Graduandos (SPG) da Associação Nacional de Pós-Graduação em
Ciências Sociais (ANPOCS), este Grupo de Trabalho visa a replicar a
reflexão acerca de investigações em ciências sociais que analisem
empiricamente a complexa questão das drogas no Brasil
contemporâneo. Esperamos reunir pesquisadores que abordem desde as
interações que são estabelecidas entre atores (usuários, produtores,
comerciantes e agentes estatais) até aqueles investigadores que se
dedicam a evidenciar implicações da atual política de drogas no Brasil e
seus efeitos sobre o ordenamento social. Assim, o tema das drogas é
nosso ponto de partida, mas esperamos que ele seja também nossa
ponte para a compreensão de distintos modos de interação e regulação
da vida em sociedade. Nesses termos, serão bem recebidas propostas de
comunicação que apresentem estudos relacionados a diversas
perspectivas de análise das relações entre drogas, atores e sociedades –
o que perpassa investigações acerca de modos de interação entre
substâncias, pessoas humanas e seus agrupamentos; impactos no
comportamento, nas leis e nas políticas públicas; modos de produção e
beneficiamento; dinâmicas e conflitos de mercado; mobilização social;
tratamento e outros aspectos decorrentes da longa história de relações
entre drogas, atores e sociedades.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Bárbara Sofia Félix Duarte


Ricardo Caldas Cavalcanti Filho

Universidade Federal de Pernambuco; Email: barbarasfduarte@gmail.com


Universidade Federal de Pernambuco; Email: ricardocaldas13@gmail.com

Este trabalho propõe uma reflexão a respeito do uso de drogas ilícitas e a busca dos
consumidores pelos efeitos, sensações e emoções resultantes. A concepção individual de
consumo também pode ser pensada a partir da dimensão social do uso de drogas, buscando
identificar contextos e relações sociais que se configuram em torno do consumo. Esta
investigação está apoiada na premissa da droga enquanto objeto sócio-tecnico,
compreendida não somente a partir de seus efeitos farmacológicos no corpo mas
principalmente de forma relacional, considerando elementos contextuais e sociais.
Motivações individuais podem ser um importante elo para compreender padrões de consumo.
Através de incursões teóricas e dados empíricos, propõe-se refletir sobre uma possível
associação entre consumo de drogas e emoções, em virtude de seus efeitos farmacológicos,
contextuais e relacionais. Marcadores sociais como gênero, classe, faixa etária, junto a
demais dados empíricos, quantitativos ou qualitativos, são ferramentas para compreender
sociologicamente o fenômeno, permitindo a modelização de padrões de consumo alicerçados
em níveis objetivos e subjetivos de compreensão.

Bárbara Sofia Félix Duarte


Ricardo Caldas Cavalcanti Filho

Universidade Federal de Pernambuco; Email: barbarasfduarte@gmail.com


Universidade Federal de Pernambuco; Email: ricardocaldas13@gmail.com

Um dos grandes problemas que caracterizam as pesquisas voltadas para a compreensão dos
mercados de drogas ilícitas diz respeito ao foco atribuído ao aspecto descritivo dentro de um
enquadramento a-histórico do fenômeno. Esta limitação torna a análise comparativa
praticamente impossível (Curtis e Wendel, 2000). Além disso, como observam Curtis e
Wendel, op.cit, os pesquisadores tendem cair em dois campos. De um lado os autores
tendem a apresentar os atores de alguma forma únicos, muitas vezes usando categorias
originárias de mercados legais para descrever distribuidores e consumidores (Buerger,1991;
Mieczkowski, 1990). No outro extremo estão aqueles pesquisadores que veem todos
distribuidores e / ou consumidores como semelhantes, como se não houvesse diferenças
entre eles (Johnson et al., 1992; Stephens, 1991;Preble; Casey, 1969). Tendo em vista esse
quadro, o presente trabalho possui como objetivo fulcral agrupar categorias que permitam

79
GT 12 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

orientar pesquisas empíricas acerca das dinâmicas dos mercados de drogas. Visando com
isso, contribuir para sistematização das investigações no campo e fomentar análises
comparativas.

Bruna Lumack do Monte

Graduanda em Ciênciais Sociais na Universidade Federal de Pernambuco; E-mail:


lumackbruna@gmail.com

Os mercados ilegais de droga admitem sujeitos, relações e conflitos de poder como os


inúmeros outros fenômenos que podemos observar na sociedade. Com frequência os estudos
sobre esta temática abordam a experiência feminina contrastando-a com a experiência dos
homens para construir a perspectiva da mulher criminosa. Contudo, uma abordagem que
parta da experiência masculina não caracteriza a feminina de forma fiel, já que elencar seus
papéis enquanto secundários significa isentar qualquer participação da mulher enquanto
dotada de agência, contribuindo para a invisibilização da mulher criminosa enquanto sujeito
ativo no crime.
É sabido que o tráfico de drogas em si é uma atividade exercida majoritariamente por
homens, mas o papel feminino ainda é constantemente caracterizado como de subserviência
ao parceiro, onde a mulher ocupa uma posição secundária nesse sistema, composto por
hierarquias internas análogas às presentes na sociedade. Contudo, inúmeros fatores
contribuem para a construção da mulher enquanto agente criminosa, que vão desde sua
inserção até seus contextos de atuação e que são responsáveis pela internalização do
desvio e o aumento da criminalidade feminina.
Mercados de drogas variam significativamente em sua estrutura e particularidades ao
ocuparem contextos sociais e geográficos distintos, assim como de acordo com a droga
comercializada. Sendo assim, o estudo das relações que permeiam os mercados de drogas
torna-se essencial para identificarmos de que maneira os mesmos se comportam e
estabelecermos um parâmetro comparativo entre as mudanças associadas a cada mercado
distinto. É partindo dessa perspectiva que podemos compreender a necessidade de
utilizarmos “gênero” enquanto categoria analítica, de forma a enxergarmos tais dinâmicas de
funcionamento. Dessa forma, o objetivo principal deste trabalho consistiu em investigar, na
esfera de produção bibliográfica sobre o tema, as particularidades estruturais que compõem
os mercados ilegais de drogas, de forma a elucidar qual a posição social da mulher nos
mesmos.

80
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Luan Aristides Barbosa Cavalcanti

O consumo de metilfenidato vem aumentando bastante no Brasil. Diante de tal cenário,


vários pesquisadores têm questionado a utilização do estimulante. Contudo, poucos se
detêm sobre o uso cosmético do psicofármaco. Visto que os universitários formam um dos
grupos que mais consome a droga, analisarei o que leva os alunos da UFPE a utilizarem o
remédio. Investigarei também como tal uso é feito, bem como os efeitos que a droga possui
sobre a saúde e a performance dos estudantes. Para tanto, entrevistas com um caráter semi
estrutural e não representativo vêm sendo feitas com universitários escolhidos através do
método da bola de neve. Já é possível apontar que, mais do que um instrumento a serviço da
competição, o psicofármaco é mobilizado pelos estudantes como um meio de acessar a
força do seu verdadeiro “eu”; boa parte dos alunos obtém a droga com pessoas que
receberam o diagnóstico de TDAH e possuem a prescrição para comprá-la; o desempenho
acadêmico dos universitários, em termos de nota, sociabilidade etc., melhora com a
utilização de metilfenidato; mesmo marcado por um cálculo severo, o uso do psicofármaco
tem causado dependência, problemas na pele e insônia nos estudantes.

Maria Luiza Rebêlo de Azevêdo

Universidade Federal de Pernambuco - PPGS E-mail: marialuiza.23@hotmail.com

Este resumo trata da medicalização da maldade mediante os critérios de classificações do


Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). A verificação disso se da
nas mudanças em diferentes contextos na classificação do Transtorno de Personalidade
Antissocial. Além das problemáticas da utilização destes manuais na relação médico
paciente, também tentamos entender estes manuais como objetos culturais e que
promovem novas dinâmicas culturais e subjetivas. No caso da medicalização da maldade

Mateus Rafael de Sousa Nunes

Discente do mestrado de História da Universidade Federal de Pernambuco; E-mail:


mateusrafael@hotmail.com.

O presente trabalho tem por objetivo analisar a trajetória da relação da Cannabis ao longo do
processo da primeira metade do século XX quando ela passou do status de medicina e de
sacralidade para o de “veneno proibido”. As implicações culturais, econômicas e sociais

81
GT 12 Ciências Sociais e História:
diálogos sobre política, crime e movimentos sociais.

do processo de criminalização dessa planta serão abordadas mediante a análise documental


de periódicos e uma pesquisa bibliográfica que retratam a criminalização de drogas no
estado de Pernambuco na década de 1930. Nesse contexto, a ideologia vigente no período
era a de que o consumo de bebidas alcoólicas e maconha, levava inerentemente à doença
mental. A relevância da presente pesquisa se dá, na medida em que, a proibição completa do
consumo e da venda de Cannabis serve como subterfúgio de um projeto de controle social de
cunho higienista e eugenista, bem como, de domínio mediante a aplicação do poder-saber
médico e jurídico. Tal retórica está inserida numa época de formalização da ciência
psiquiátrica no Brasil e de grandes inovações nas práticas terapêuticas cujas implicações se
estendem até os dias atuais.

Tereza Bruno de Faria Espadeiro

Mestranda pelo PPGS -UFPE; terezab.faria@hotmail.com

Na sociedade pós-moderna, a noção de felicidade assume novas formas, as quais estão


atreladas a diversos fatores, dentre os quais a realização acadêmica se faz presente
segundo a opinião de sujeitos brasileiros, universitários ou não. De acordo com estudos
recentes, o desempenho acadêmico se mostra como uma das maiores preocupações dos
estudantes. Os principais fatores geradores de estresse para esses são: anseio de falhar em
tarefas específicas e decisões relativas à carreira. Nota-se ainda que, além do meio
universitário, outras situações indutoras de estresse são: familiares e financeiras. Por outro
lado, observa-se que o uso de drogas tem grande nicho na universidade, contudo, seu uso
pode estar associado tanto para fins recreativos, como também terapêuticos (alívio do
sofrimento e do estresse). O conjunto dos problemas da pesquisa gira em torno de três eixos
principais: “felicidade ou bem-estar subjetivo”, “relações de desempenho e competição”,
“estresse, sofrimento e o uso de substâncias psicoativas”. O objetivo geral foi compreender
a relação entre felicidade e sucesso acadêmico, e, igualmente, como o uso de psicotrópicos
pode ser relacionado com a busca do alívio do estresse e do sofrimento pelos estudantes de
graduação. O local selecionado para a realização do estudo foi o campus Recife da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tendo como foco os alunos de graduação de
cursos presenciais.

82
GT 13
Antropologia e Etnografia: Experiências do
fazer etnográfico.
Coordenadores(as): Polyanny Lílian do Amaral Braz (PPGA - UFPE) e Arlindo
José de Souza Neto (PPGA - UFPE)

A antropologia como disciplina moderna considera a etnografia como seu principal


método/modelo de trabalho. A complexidade da investigação antropológica está diretamente
ligada à relação pesquisador e pesquisados. E o campo da religião e seus rituais, por sua vez,
exige certas estratégias etnográficas e um esforço metodológico maior do pesquisador.
Desde sua origem como disciplina, a antropologia definiu o trabalho de campo como uma das
principais ferramentas do fazer antropológico, vide Malinowski e sua definição de observação
participante. Muitas vezes, como já nos alertou este autor, o campo nos coloca situações
imprevisíveis, vividas durante o trabalho etnográfico e em momentos inesperados: são os
imponderáveis da vida real (cotidiana). Ao assumir o papel de pesquisador, o antropólogo faz
um mergulho, durante seu trabalho de campo, em busca da compreensão de seu objeto.
Entre tanto, este objeto pesquisado é muito mais um sujeito do que um objeto, no sentido
restrito da palavra. Esse pesquisado sente, pensa, fala e interage com o antropólogo. Desta
forma, embora o pesquisador possa prever algumas ações, ele se depara com sujeitos que
são capazes de influenciar e serem influenciados. O pesquisador lida com pessoas, e estas
são imprevisíveis. A necessidade de pensar a relação do pesquisador com seu objeto de
estudo tem sido preocupação relativamente recente na antropologia, apesar de referências
clássicas à esta questão nos trabalhos de Malinowski, Lévi-Strauss, Evans-Pritchard e
outros. Mas questões metodológicas referentes à relação pesquisador/pesquisado é
intrínseca ao fazer antropológico, e mostra-se como uma etapa importante para a
construção do conhecimento. Assim é urgente pensar a relação entre o antropólogo
(situações/relações de poder, sua experiência, sensações e emoções) com seus
“informantes” e com o próprio campo de modo geral. Essas questões são importantíssimas
para a construção de etnografias, conceitos e teorias na antropologia, ou seja, do
conhecimento antropológico. Com base nestas preocupações, este Grupo de Trabalho propõe
o debate sobre a complexidade do método etnográfico e a sua relação intrínseca com a
produção do conhecimento antropológico. Buscamos assim, experiências que tenham por
base a análise de rituais religiosos ou rituais de modo geral, com o propósito de refletirmos
sobre a participação do pesquisador num campo que, muitas vezes, impõe limites e
“imponderáveis” que constituem parte do fazer antropológico.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Marcele de Morais Silva


Yasmim Chagas Costa

Com base nos estudos de Van Gennep acerca do processo ritual, este trabalho tem como
objetivo analisar a experiência etnográfica realizada no dia 2 de julho de 2017, durante um
Chá-de-revelação. Este ritual contemporâneo supostamente tem origem recente nos
Estados Unidos, e está sendo bastante bem recebido pelos brasileiros. Semelhante ao já
tradicional chá-de-fraldas, este ritual consiste numa festa familiar em que o único objetivo
consiste em fazer diversas brincadeiras até que se revele o gênero do bebê, ainda
desconhecido pelos convidados. Neste sentido, utilizando os conceitos de mito, rito e ritual,
e nos servindo de alguns conceitos das teorias de gênero, intenta-se neste trabalho avaliar
como este novo modelo de ritual reafirma os estereótipos de gênero e reproduz diversas
idiossincrasias da sociedade brasileira, analisando desde os aspectos simbólicos presentes
na dimensão material da ornamentação do espaço e das roupas dos convidados, até a fala e
o comportamento, e ainda, levantar as dificuldades do fazer etnográfico.

Ane Caroline dos Santos


Rosalvo Ivarra Ortiz

A proposta desse trabalho é destacar alguns elementos da prática de cura adotada por uma
benzedeira ao longo de seus 85 anos de vida. O método etnográfico foi o caminho percorrido
para conhecer de perto tal ritual, que a mesma aprendeu com sua mãe indígena, e que
desenvolve desde então, nascida em Canhotinho no Estado de Pernambuco, veio depois de
viúva com sete filhos pequenos residir no Estado de Mato Grosso do Sul. Aonde foi possível
presenciar diversas vezes, essa mulher em ação, um fato que chamou a atenção dos
pesquisadores foi que sempre se utilizava de um galho de jabuticaba para os benzimentos. O
uso das plantas com uma oração compõe o ritual de benzimento, cada pessoa que chega a
sua residência relata de qual mal sofre, e desse modo à senhora procede de maneira
adequada, sua casa é cercada por plantas, um jardim, sua ligação com natureza é
extremamente cosmológica, pois a existência de um conhecimento tradicional passado a si,
preparada a se conectar com o mundo terreno e espiritual, desse modo desempenha tal
prática há tanto tempo.

85
GT 13 Antropologia e Etnografia:
Experiências do fazer etnográfico.

Denilson Aluizio da Silva

Graduando de Licenciatura em Ciências Sociais; E-mail: Denilson.aluizio@hotmail.com.


Perceber como a etnografia, teve seu desenvolvimento incorporado com a antropologia que
reverberou historicamente e dialeticamente sobre o conceito do fazer etnográfico a partir do
legado de Malinowski é o que esse trabalho se propõe. O autor nos traz uma inovadora
perspectiva metodológica e consigo também novos desafios a serem repensados. Todavia
partindo de uma análise contemporânea vemos mais claramente esse jogo estilístico de
Malinowski para legitimar seu trabalho, e tendo acesso ao seu diário de campo é possível
questionar a cerca dessa proposta sobre uma “magia do etnógrafo”, que seria uma aplicação
de várias regras do senso comum e de conhecimentos científicos. Malinowski nos evoca a
uma concepção de trabalho de campo relevante, porém o que é posto em debate é: até que
ponto ele mesmo desenvolveu seu método? E como essa intencionalidade da magia do
etnógrafo resultaria uma etnografia realmente válida? Seria, então, essa magia não o espaço
entre as prescrições acerca do método e a produção etnográfica, mas sim a disposição do
etnógrafo de imergir no campo de estudo, na alteridade.

Beatriz Yolanda Pontes de Gusmão Sá

Mestra em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social – UFRPE; beatriz.gusmao@gmail.com

O artigo proposto levanta questões relacionadas aos espaços de sociabilidade


homossexuais, tendo em vista que ainda há estabelecimentos públicos que não aceitam tão
bem os indivíduos que se identificam como tal, levando-os a constrangimentos. Devido a
isto, muitos frequentam apenas lugares nos quais não precisam esconder sua identidade
sexual. Atitudes homofóbicas ajudam ao surgimento e a ida frequente a tais espaços, mas
este não é o único fator para tal. Logo, o trabalho visa ainda apresentar outros significados
sobre o consumo dos espaços de sociabilidade para os homossexuais, visto que os
interesses por diversão e sociabilidade são percebidos pelo mercado e viram tanto consumo
quanto códigos sociais de pertencimento, paquera e liberdade do grupo. A análise foi feita a
partir de pesquisa bibliográfica, contando ainda com informações de sites de movimento
social, notícias e de um pequeno documentário; assim como de uma pesquisa etnográfica
realizada através de observação participante num local de lazer em Recife e algumas
entrevistas semiestruturadas.

86
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Thayane Lúcia Fernandes da Silva


Rodrigo Ludermir de Oliveira

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco;


E-mail: Thayanne.fernandes@outlook.com
Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco. E-mail:
Ludermir1996@gmail.com

O movimento pentecostal é inaugurado no país por meio da fundação da igreja Congregação


Cristã no Brasil, no início do século 20. Desde os anos 80 os estudos relacionados ao Censo
Demográfico do IBGE (PIERUCCI, 2004) (MARIANO, 2010) (TEIXEIRA, 2013) apontam que o
movimento pentecostal como um todo tem sido a corrente do Cristianismo com maior
aderência de novos membros. As igrejas fundadas a partir dos anos 70, subsequentes a
Igreja Universal Do Reino de Deus, foram denominadas “neopentecostais” e são o objeto
deste trabalho. Os neopentecostais têm sua base teológica assentada sobre a tríade
“exorcismo, prosperidade e cura”, entretanto, o objetivo deste trabalho é indicar e refletir
sobre a possibilidade de agregar mais um elemento para compor esta base. O fenômeno da
incorporação, apropriação e ressignificação das simbologias judaicas (TOPEL, 2011) ocorre
em diversas igrejas e, até onde pesquisamos, tem suas origens alicerçadas na teologia do
Antigo Testamento e no aspecto dinâmico do neopentecostalismo, que sempre necessita de
um ‘ingrediente’ novo para se manter em movimento. Desse modo, como forma de um
trabalho exploratório e preliminar acerca do tema, nos propomos a produzir algumas
considerações acerca da contribuição do método antropológico para o estudo destas
simbologias no campo da religião.

Tailon Aparecido Gomes Garcia

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia;


e-mail: tailon.1@hotmail.com

O presente trabalho tem por objetivo uma breve analise do método etnográfico, na qual passa
pelas análises dos autores ditos clássicos: Franz Boas, Bronislaw Malinowski e Clifford
Geertz, desenvolvendo o debate por meio do conceito de cultura. Nesta perspectiva entende-
se o método etnográfico como aquele que diferencia as formas de construção do
conhecimento cientifico antropológico em relação as outras áreas das ciências sociais.
Realiza-se também uma breve analise do método etnográfico partindo das sociedades

87
GT 13 Antropologia e Etnografia:
Experiências do fazer etnográfico.

globais e suas diversidades. Recorre-se ao conceito de cultura para balizar o debate por ser
um debate comum nos estudos antropológicos e por existir um consenso entre os
antropólogos que as diferenças genéticas entre os povos não são determinas das diferenças
culturais. Por fim, busca-se entender como a etnografia se apresenta na atual sociedade
globalizada, em que cada vez mais estamos próximos daqueles que pensávamos ser
distantes, em que os “estranhos” estão cada vez mais em nossas portas, um contexto que o
antropólogo se depara como problemas metodológicos das mais diversas ordens, como as
noções de totalidade. O trabalho é baseado na revisão de literatura, para chegar a
importância e peculiaridades deste método na consolidação da disciplina enquanto ciência.

Lucas Luiz Rocha Ferreira da Silva


Fábio Cruz da Cunha

Bacharel em Ciências Contábeis - Faculdade Santa Helena, Estudante de Ciências Sociais da UFRPE,
E-mail: lucas.luiz@outlook.com
Bacharel em Direito – UFPE, Bacharel em Museologia – UFPE. Especialista em Patrimônio, Direitos
Culturais e Cidadania – UFG, Estudante de Ciências Sociais da UFRPE, E-mail: cunhafc@ig.com.br,
.
Nosso trabalho consiste num ensaio etnográfico, realizado na cidade do Recife, durante três
encontros dominicais durante o mês de julho no Movimento Caminho da Graça Estação Casa
Forte. Este ensaio teve não só como objetivo os primeiros contatos em experienciar um
trabalho de campo, como também observar a ambiência do espaço, dialogar com
interlocutores, descrever, e compreender o grupo através de suas perspectivas. A partir de
nossa observação e diálogos com os “nativos”, identificamos que o Movimento Caminho da
Graça se enquadra no fenômeno em que alguns teóricos chamam de Novos Movimentos
Religiosos, ou seja, um novo horizonte de expressar a religiosidade para além das
perspectivas tradicionais. Em nosso ensaio foi possível compreender a complexidade do
trabalho no campo, desde o momento em que se insere como pesquisador no campo, bem
como em compreender os problemas no decorrer da pesquisa. Mas, é a partir desse trabalho
árduo que podemos exercer a alteridade e perceber a existência de estranhamentos, pois não
é preciso ir longe, atravessar oceanos, embrenhar-se em florestas tropicais, para se deparar
com um outro que está tão próximo de nós, e como é importante relativizar as outras
vivências para além das nossas.

88
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Maria Luiza Rebêlo de Azevêdo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - PPGS; E-mail: marialuiza.23@hotmail.com,

Minha visita à Pesqueira, onde vive o povo Xukuru, juntamente à Universidade Federal de
Caruaru e com mais quatro alunos do curso de medicina, pude experienciar os limites e
possibilidades do trabalhod e campo. Esta era apenas minha segunda visita ao território
Xukuru, e depois de ter passado toda manhã conhecendo o local e conversando os os índios e
índias, fui aplicar o questionário sobre qualidade da saúde no território. Apesar do fato de a
tentativa maior naquele momento fosse de uma busca pelas necessidades relacionadas à
saúde dentro do território Xukuru, acabei por entrevistar uma mulher Xukuru de 19 anos que
estava grávida. O problema do parto surgiu como uma necessidade urgente, pois T* estava
gravida de 7 meses e amedontrada com o fato de ter sua filha em um hospital. A colocação
acabou por reverberar uma movimentação por parte da poiá, juventude política do povo
Xukuru, bem por parte dos estudantes de medicina. Alguns meses depois a conversa semi-
formal era pauta na assembléia Xukuru, e T* conseguiu ter sua filha com uma parteira
Xukuru, depois de uma busca com as pessoas mais velhas sobre quem eram as mulheres
parteiras de anos atrás.

Pedro Germano

Universidade Federal de Pernambuco/Programa de Pós-Graduação em Antropologia Email:


sfqrick@gmail.com

Partindo do pressuposto que toda e qualquer pesquisa requer do pesquisador uma conversão
epistemológica (Bourdieu, 2005) acedemos que a pesquisa em antropologia requer mais que
uma conversão epistêmica, requer uma afetação no sujeito. No caso da antropologia da
religião, o sujeito é afetado pela experiência – do contato efetivo e afetivo – com as coisas
religiosas. Essas dupla condição de ser afetado pelas epistemologias da antropologia e pela
experiência religiosa é o fato de ponderação dessa comunicação. Para pensar essa
duplicidade, me valerei dos dados de campo do Xangô de Mãe Amara coletados entre os anos
de 2012 e 2016. A partir do trabalho de campo entendi que é no momento de afetação que a
religião institui sujeitos religiosos fabricando pessoas, deuses, lugares, objetos, etc. mas
também é nesse momento que a conversão epistemológica é abalada. Desse
descentramento o sujeito passa a ponderar os limites e alcances que cada grade cognitiva
tem no empreendimento da pesquisa. É dessa dupla condição que o antropólogo deve
“incorporar complexos instrumentos de pesquisa, observação e estranhamento” com a

89
GT 13 Antropologia e Etnografia:
Experiências do fazer etnográfico.

finalidade de refletir a “familiaridade familiar” (DUARTE, 2008:32) das duas condições e


sujeito epistêmico e religioso.

Rafael de Mesquita Ferreira Freitas

Universidade Federal do Ceará / Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.


Email: rafaelmffreitas@gmail.com

Submeto um debate acerca das particularidades de construção de um campo de pesquisa


dedicado a entender a experiência de estudantes de graduação que afirmam conviver com
ansiedade de uma forma que limita suas experiências acadêmicas. Ter como objeto de
estudo algo que, à primeira vista, não é comumente tema de um trabalho da antropologia, a
ansiedade, reflete também na presença no campo. Lido com sujeitos que se encontram
constantemente em situações liminares devido a sua situação. Os momentos de crises de
ansiedade são situações privilegiadas para revelar uma estrutura universitária na qual estes
estudantes estão inseridos e em quais pontos esta falha em acolhe-los.
A escuta antropológica neste campo diz sentido a constituir uma relação com interlocutores
e busca a criação de um espaço semântico partilhado por ambos. Um campo no qual estes
podem falar de suas experiências e dificuldades sem sentirem-se sob constante julgamento.
A semelhança entre antropólogo e terapeuta é ressaltada pelos interlocutores no espaço
para escuta, no qual estes estudantes narram e refletem sobre suas próprias experiências.
Pretendo debater sobre as implicações dessa proximidade e das limitações do papel do
antropólogo e do terapeuta. Tomo como campo empírico de análise a experiência de pesquisa
com estudantes universitários que se reconhecem descritos sob determinada categoria
psiquiátrica, a ansiedade.

Wenderson Luan Dos Santos Lima


Mísia Lins Reesink

UFPE; E-mail: wendersonluan@hotmail.com,


UFPE; E-mail: emreesink@gmail.com.

Esta pesquisa tem intuito de pesquisar o papel da mobilidade estudantil. Diante do


crescimento desse fenômeno internacional e nacional, os estudantes estrangeiros têm
atribuídos novas configurações de relacionamentos através de redes e de sociabilidades,
tornando cada vez mais um acesso de ir e querer voltar estudar/morar no Brasil, que
podemos colocar novas questões para realidades etnográficas ainda não exploradas. Dentro
desse quadro de configurações, o objetivo geral é de identificar e analisar os processos de
imigração transnacional de jovens oriundos de países estrangeiros. Possibilitando discutir os

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

processos sociais que estão em torno dessas redes, ou melhor, os processos transculturais
envolvendo os sujeitos. A metodologia utilizada foi analisar artigos e livros sobre a temática
e uma entrevista autobiográfica com uma estudante estrangeira. Os resultados são: o
intercâmbio torna o estudante estrangeiro ou brasileiro em um processo de integração,
possibilitando um livre acesso transcultural; adaptação que está em torno de vários fatores
que é viabilizado dentro e fora da universidade e por fim os estudantes atribuem sentidos
para o fluxo migratório.

David Ferreira de Araújo


Thiago Henrique de Almeida Carvalho

Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, PET -
Ciências Sociais, Email: davidfaraujo1997@gmail.com
Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, PET
Conexões – Encontros Sociais, Email: t-decarvalho@hotmail.com

Com o objetivo de entender melhor a sociologia da arte, cabe ressaltar, inicialmente, o


principal conflito entre os humanistas e cientistas sociais em relação a essa área,
mostrando suas características e concepções, a fim de, a partir disso, compreender e
explicar a concepção de Howard Becker ao suposto mistério da arte. Antes de tudo, quando
se discuti sobre arte, o que vem na nossa mente é: o que é arte? Para humanistas como
Denis Donoghue (1983), a arte é envolvida por uma aura misteriosa: revelações miraculosas
que não são passíveis de análises naturalistas-positivistas, pois, caso sejam, podem perder
o que Walter Benjamim (1994) chamou de o poder de irradiar a “aura”, e, para teóricos como
Howard Becker (1977), a arte é como uma ação coletiva: não possui ou encerra pouco
mistério, e, se caso ainda possua algum, esse deve ser desnudado/mostrado: é revelado na
medida em que sabemos o que está envolvido no processo do fazer artístico. Essa ideia, em
Becker, dá-se através da organização social: concepção de trabalho, confecção de artefatos
físicos, linguagem convencional de expressão, plateias artísticas, treinamento pessoal e
convenções sociais (regras e normas), como também nas ideias de mundos artísticos e
tipos sociais (os tipos de artistas), ou melhor dizendo, o fazer artístico envolve uma rede de
cooperações – divisão social do trabalho, definida por um consenso (acordo convencional),
passível, assim, de uma análise sociológica.

91
GT 14
Sociologia da Arte e da Cultura
Coordenadores: Paulo Marcondes Ferreira Soares (PPGS - UFPE) e Paula
Manuella Silva de Santana (UFRPE-UAST).

O GT de Sociologia da Arte e da Cultura espera reunir pesquisas


finalizadas ou em curso que tenham como objeto de estudo as obras de
arte, processos culturais e suas relações com a sociedade, privilegiando
uma perspectiva sociológica. A proposta é produzir conhecimento amplo
sobre as relações entre arte, cultura e sociedade, no contexto dos
processos sociais contemporâneos, caracterizados, entre outras coisas,
pelas tensões relacionadas com a crise dos modelos neoliberais,
assimetrias entre centro e periferia, questionamentos dos modelos
hegemônicos e canônicos, assim como a emergência de novas
alternativas sociais e políticas. Desta maneira, o GT pretende valorizar a
diversidade teórico-metodológica dos enfoques utilizados, bem como a
pluralidade de objetos e problemáticas de pesquisa.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Alexandre de Loiola França


Stephanie Araújo Ribeiro de Souza

Graduando em Psicologia pela Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE); E-mail:


alexandrelloiola@gmail.com,
Granduanda em Psicologia pela Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE); E-mail:
ninaraujors@gmail.com.

A presença do corpo e da sexualidade nas representações artísticas foram em diversas


ocasiões alvos de críticas e escândalos por serem consideradas divergentes dos modelos
sociais hegemônicos em um determinado período histórico. As noções de constrangimento e
intimidade surgem com as regras de etiqueta da corte, em meados do século XVI. O nu
artístico e a sexualidade como temática presente na arte, esteve constantemente mais
interligada as figuras femininas, enquanto a nudez masculina era vislumbrada como símbolo
de força. Pode-se perceber, entretanto, uma excessiva erotização feminina, em
contraposição à masculina, cuja visibilidade é consideravelmente menor. A exibição corporal
masculina causa desconforto e polêmicas, principalmente com relação a exposição do seu
órgão sexual, sendo costumeiramente relacionada a obscenidade. Portanto, o objetivo deste
trabalho teórico em desenvolvimento, é compreender a relação psicossociológica das
questões de gênero com a sexualidade e o corpo nos âmbitos artísticos, além de analisar
como os padrões sociais de gênero influenciam na aceitação e no refutamento das diversas
formas de arte na sociedade contemporânea.

David Ferreira de Araújo


Thiago Henrique de Almeida Carvalho

Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, PET -
Ciências Sociais, Email: davidfaraujo1997@gmail.com
Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco –UFPE, PET
Conexões– Encontros Sociais, Email: t-decarvalho@hotmail.com

Com o objetivo de entender melhor a sociologia da arte, cabe ressaltar, inicialmente, o


principal conflito entre os humanistas e cientistas sociais em relação a essa área,
mostrando suas características e concepções, a fim de, a partir disso, compreender e
explicar a concepção de Howard Becker ao suposto mistério da arte. Antes de tudo, quando
se discuti sobre arte, o que vem na nossa mente é: o que é arte? Para humanistas como
Denis Donoghue (1983), a arte é envolvida por uma aura misteriosa: revelações miraculosas
que não são passíveis de análises naturalistas-positivistas, pois, caso sejam, podem perder
o que Walter Benjamim (1994) chamou de o poder de irradiar a “aura”, e, para teóricos como
Howard Becker (1977), a arte é como uma ação coletiva: não possui ou encerra pouco
mistério, e, se caso ainda possua algum, esse deve ser desnudado/mostrado: é revelado na

93
GT 14
Sociologia da Arte e da Cultura

medida em que sabemos o que está envolvido no processo do fazer artístico. Essa ideia, em
Becker, dá-se através da organização social: concepção de trabalho, confecção de artefatos
físicos, linguagem convencional de expressão, plateias artísticas, treinamento pessoal e
convenções sociais (regras e normas), como também nas ideias de mundos artísticos e
tipos sociais (os tipos de artistas), ou melhor dizendo, o fazer artístico envolve uma rede de
cooperações – divisão social do trabalho, definida por um consenso (acordo convencional),
passível, assim, de uma análise sociológica.

Rayanna Lucylle Simões Vilela Tavares

Bolsista do PET Ciências Sociais da Universidade federal de Pernambuco; E-mail:


rlsimoesvt@gmail.com

Tendo como base o livro A guerra não tem rosto de mulher, da jornalista Svetlana
Aleksiévitch, o objetivo principal desse trabalho é traçar um paralelo entre literatura de
testemunho, história e sociedade, de forma que seja possível entender a relevância do
estudo da literatura enquanto obra de arte e sua relação com a sociedade. Por meio de
relatos de mulheres que lutaram no front do exército soviético durante a Segunda Guerra
Mundial, o livro mostra não apenas como a história do mundo é uma história masculina, mas
também como a literatura de testemunho é importante no cenário contemporâneo para que
possamos ter um conhecimento melhor acerca daquilo que chamamos de realidade. Trazendo
uma problemática sobre a relação literatura e sociedade e questionando os modelos
tradicionais de narrar a história mundial, procuro por meio dos monólogos que o livro traz
tentar entender aspectos do social que denunciassem a condição das mulheres durante a
guerra, e pensar a literatura de testemunho como um meio que nos ajude a entender não a
história, mas as histórias do mundo.

Jéssica Costa Silva


Marcos Cesar Martins Pereira

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: jessica.costa.s@outlook.com,


Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: marcos_9632@hotmail.com.

O trabalho pretende analisar à luz da teoria marxista as HQs do Capitão América no intuito de
refletir acerca do seu papel enquanto veículo propulsor da ideologia norte-americana.
Definimos as Histórias em Quadrinhos, de acordo com a síntese de Sônia Bibe-Luyten “Elas
são formadas por dois códigos de signos gráficos: a imagem e a linguagem escrita” (LUYTEN,
1985, p. 11). De acordo com Nildo Viana, o surgimento de heróis e super-heróis corresponde

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ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

historicamente aos contextos marcados socialmente pela crise de 1929, os turbulentos


anos 1930 e a emergência da Segunda Grande Guerra. Desse modo, há a demanda de um
sujeito forte, vigoroso, um metahomem, assim como se propõe a ser o Estado norte-
americano. O Capitão América se confunde com o imaginário da nação estadunidense, é em
um só tempo, o diffusor da ideologia Americana, e sua personificação. Ademais, as HQs estão
sujeitos ao capital editorial (VIANA, 2013), que em sua maioria estão a serviço de uma
ideologia dominante e se destina a propaga-la através de elementos característicos do
super-herói. Propomos, assim, realizer uma investigação no sentido de compreender as
nuances da ideologia presente nos discursos difundidos por este poderoso produto cultural,
visando também observer e analisar as possíveis relações sociais presents na História em
Quadrinhos do Capitão América.

( )
( )

Marcelo Rógenes de Menezes

Escola Municipal Domingos Soriano de Souza; E-mail: menezesmarcelo@live.com.

Este estudo tem como objetivo analisar, a partir da literatura comparada, as relações de
(auto)representação das personagens homoafetivas inseridas nos contos Meus amigos
coloridos e Ir embora, presentes nas obras “Contos negreiros” (2015) e “Amar é crime”
(2015), respectivamente, de autoria de Marcelino Freire. Examina-se, também, o discurso de
quem fala, o que fala e de onde fala, tendo como suporte teórico-crítico os fundamentos de
Spivak (2010), ponderando que “as camadas mais baixas da sociedade constituídas pelos
modos específicos de exclusão dos mercados, da representação política e legal, e da
possibilidade de se tornarem membros plenos no estrato social dominante” são
marginalizadas, consideradas à margem da sociedade, espécie de “substrato social”. Além
de Spivak (2010), este estudo tem como elemento basilar, as considerações de Foucault
(2006), discorrendo que “o discurso desempenha um papel no interior de um sistema
estratégico em que o poder está implicado, e para o qual o poder funciona”. Assim, as
narrativas freireanas encontram similaridades e disparidades em relação ao emudecimento
das personagens a partir de uma sociedade baseada, muitas vezes, em princípios e valores
conservadores, renegando vivências e experiências não-heterossexuais, tidas como “desvios
da norma”, sendo realocadas à margem da sociedade interna e externamente ao texto
literário.

95
GT 14
Sociologia da Arte e da Cultura

Ebis Dias Santos Filho


Fabiana de Oliveira Lima

Mestrando em Música (Cultura e Sociedade), UFPE; E-mail: ebisrecife@gmail.com,


Professora UFAL; Doutora em Antropologia, UFP (Portugal); E-mail: fabiana.lima@penedo.ufal.br.

Este estudo iniciou-se com a busca por informações sobre a vivência do Rock na cidade do
Recife, durante os anos 1950. Contudo, a importância do cinema como forma de expressão e
troca entre a sociedade e a arte foi tornando-se cada vez mais evidente e intensa nos jornais
pesquisados na época. Ressaltamos a importância de estabelecer um diálogo entre arte e
sociedade, principalmente por se tratar da relação com produções estrangeiras que
destacavam a então iniciante cultura dos jovens e do rock’n roll, consideradas neste estudo
como fortes representantes das transformações socioculturais do referido período na
cidade. Desse modo, os resultados apresentados originam-se de um levantamento
documental realizado em três jornais, entre os anos 1955-59: Diário de Pernambuco, Diário
da Noite e Jornal do Commercio, com enfoque nas colunas especializadas em cinema,
destacando as produções norte-americanas relacionadas ao rock’roll. Soma-se aos
resultados desses documentos uma entrevista realizada com Jormard Muniz de Brito sobre a
crítica e produção cinematográficas do cinema consumido na cidade. Logo, o objetivo
principal desse estudo é apresentar através dos modos de recepção do cinema, que
divulgava e propagava o rock’n roll, as transformações sociais que emergiam na cidade.

Amanda Martha Campos Scott


Luciana de Oliveira Chianca

Doutoranda PPGA/UFPE E-mail: amandamcscott@gmail.com


Professora Adjunta PPGA/UFPB E-mail: lucianachiancaufpb@yahoo.com.br

Considerando a arte e a vida social como intrinsecamente relacionadas, ponderamos sobre


como a música presente no forró eletrônico, mais especificamente na banda Wesley Safadão
e Garota Safada, estabelece uma troca é uma intercomunicação com seu público, retratando
atitudes e reinterpretando os relacionamentos em seus enredos de sexo e romance na
contemporaneidade. Há de se compreender diferentes facetas do forró, que além da música,
envolve dança, espaços de socialização, o contexto de produção e performativo peculiares
para a interação no show/festa (CHIANCA, 2006). Tanto a experiência de ir a um show,
analisada através de observação participante, quanto uma atenta análise do conteúdo de
dois DVDs de sucesso da banda (Uma Nova História, 2012 e Garota VIP, 2013), levam-nos a
identificar nuances dos enredos amorosos na atualidade em momentos de “curtir”-“pegar”-
“largar”, num ciclo ritual (TURNER, 2008) permeado pela efemeridade da modernidade líquida

96
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

(BAUMAN, 2001). Neste contexto, há elementos repetidos como temática, os “temperos”


(curtição, amor, álcool, vingança, dança) que indicam ideias valorizadas e compartilhadas
pelo jovem público em sua sociabilidade.

Vanessa Rodrigues Santana


Nayane Raíssa Ramos de Lima

Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco. vanessantana3@gmail.com


Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco, bolsista do PIBID
Capes/UFPE de Ciências Sociais. vanessantana3@gmail.com

As juventudes das comunidades, que possuem capital escolar e cultural restritos, encontram
no contato com a arte sentido e significado, uma vez que podem se expressar sobre
questões políticas, econômicas e de sua realidade social. É neste sentido que, utilizando
uma metodologia qualitativa e tendo como referência a obra Em defesa da sociedade
(Foucault, 1987) – dando ênfase às teorias de regimes de (in) visibilidades -, e da
perspectiva pós-colonial de margem, periferia e alteridade, este trabalho se propõe a
entender as pixações e o grafite como instrumentos de luta das juventudes em uma busca
constante por estratégias de resistência dentro de espaços segregados e periféricos, além
do impacto destas expressões para a construção das suas identidades, possibilitando que
se reconheçam enquanto seres que possuem voz ativa e potencial influência dentro desses
espaços e dos regimes de subalternidades.

97
GT 15
Etnicidade, povos indígenas e comunidades
"tradicionais": questões atuais.

Coordenadores:Virgilio de Almeida Bomfim Neto (PPGA - UFPE), Edwin


Boudewijn Reesink (PPGA - UFPE) e Miguel Colaço Bittencourt (PPGA -
UFPE).

O GT busca reunir pesquisadores que desenvolvem pesquisas


etnográficas e teóricas em torno da história e das questões atuais que
envolvem povos indígenas, povos ciganos, comunidades quilombolas e
“comunidades tradicionais” em geral, no Nordeste. Tendo como eixo
central compreender as dinâmicas relacionadas ao modo como estas
populações criam suas especificidades identitárias no contexto
sociopolítico que as engloba, sugerimos que uma série de temas que
podem ser objeto de comunicações: territorialidade, meio-ambiente,
formas de organização formal, políticas públicas, transmissão de
saberes, e sua noção de “cultura”.
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Felipe Barbosa dos Santos


Cristiano de França Lima

Universidade Federal Rural de Pernambuco; felipe_jem@hotmail.com


Núcleo de Pesquisa Outras Economias/UFF; cristiano.fralima@gmail.com

O presente estudo objetiva introduzir algumas reflexões acerca do uso das Tecnologias de
Informação e comunicação na aldeia Xukuru do Ororubá. Imersos na contemporaneidade os
povos indígenas se deparam com tecnologias diversas, as quais buscam inclui-las em seu
cotidiano e em suas relações de sociabilidade. Sob a perspectiva de que as TICs têm
contribuído para dar maior visibilidade à história e memória das comunidades indígenas,
apresentamos o relato do Grupo Ororubá Filmes. Coletivo constituído em 2008 por jovens
indígenas e não indígenas tendo como um dos objetivos principais a disseminação da
verdadeira realidade vivenciada pelo povo Xukuru em contraste as representações sociais
negativas que são difundidas pelas redes midiáticas presentes na sociedade, face a
folclorização e disseminação de estereótipos. A pesquisa é um estudo de caso, enquadrando-
se numa abordagem qualitativa. Como resultados iniciais do estudo, destacam-se a
articulação social dos jovens indígenas para manter vivas as características próprias de seu
povo com base na utilização de meios de comunicação diversos e fortalecimento identitário
do povo frente aos benefícios promovidos pelas TICs.

Felipe Barbosa dos Santos


Cristiano de França Lima

Universidade Federal Rural de Pernambuco; felipe_jem@hotmail.com


Núcleo de Pesquisa Outras Economias/UFF; Cristiano.fralima@gmail.com

O presente trabalho propõe perscrutar as decisões sociopolíticas do povo Xukuru, tomadas


com base nas assembleias anuais. Este povo iniciou no ano de 2001 a realizações de
assembleias de caráter popular, constituídas por um tema gerador que delineia aspectos
sociais da população indígena. Além de contar com os nativos da região, recebe a presença
de outras etnias indígenas, militantes de movimentos sociais, instituições de ensino
superior e pesquisadores diversos. Pretende-se compreender como as assembleias
contribuem para a identidade política e social do povo Xukuru do Ororubá. O estudo é de
caráter descritivo e de análise documental, apoiando-se numa abordagem qualitativa. Como
resultados preliminares, ressaltamos as consolidações de alianças entre indígenas e não
indígenas, formação política coletiva entre etnias indígenas existentes em Pernambuco,

99
GT 15
Etnicidade, povos indígenas e comunidades "tradicionais": questões atuais.

resoluções de problemas comunitários das aldeias, fortalecimento identitário com base nos
rituais vivenciados, revisão do processo de educação escolar indígena e articulação social
dos jovens Xukurus.

Divânia Cássia C. Silva

Universidade Federal de Sergipe -UFS- Núcleo de Pós-graduação em Sociologia-PPGS


divaniacassia@hotmail.com

Essa pesquisa tem como objeto de estudo a relação entre as lutas por reconhecimento e
inserção sócio-política. Tal análise se volta para a comunidade Serra das Viúvas, situada no
sertão alagoano. É interesse desse estudo, compreender como as orientações que permeiam
as ações de luta por reconhecimento dessa comunidade reconhecida como quilombola,
direciona suas inserções em diferentes espaços sociais, políticos e profissionais, junto a
outros grupos e instituições. O que se pretende, é analisar em que medida a luta por
reconhecimento político e cultural, desenvolvida na comunidade Serra das Viúvas, interfere
nas transformações acerca da situação de desigualdade étnico-racial e cultural, vivenciada
por esse coletivo. O que parece ocorrer, são novas formas de se relacionar com diferentes
realidades sociais que se apresentam para a comunidade, a partir de suas estratégias de
mobilização por identidade política e cultural. Reconhecimento político e cultural esse, que
parece ter permitido, a partir de estratégias e contextos específicos, dinamizar suas
relações políticas, econômicas e até profissionais com outras comunidades e instituições.

Sergio Romualdo dos Santos

O presente texto procura refletir sobre a noção de pessoa Guarani-Kaiowá, se inserindo nas
discussões já apresentada por Viveiros de Castro (1979), de como nas sociedades indígenas
brasileiras, a noção de pessoa assume destaque. Para esta discussão nos apoiaremos nos
trabalhos de Chamorro (1995) e Viveiro de Castro (1979), este afirma que as contribuições
da etnologia brasileira para a compreensão deste tema, indica que a maioria dos povos deste
continente, privilegiam a reflexão sobre a corporalidade na elaboração de suas cosmologias.
Fazer o corpo, está dentro da preocupação dos grupos em construir o corpo pela sociedade.
Ou seja, “a produção física de indivíduos se insere em contexto voltado para a produção
social de pessoas, isto é, membros de uma sociedade específica (Viveiros de Castro, 1979,
p. 13)”. Portanto, as maneiras de construção da pessoa ou como a sociedade incidi sobre o
indivíduo, possui variantes, isto porque “há sociedades que constroem sistematicamente
uma noção de indivíduos onde a vertente interna é exaltada (caso do ocidente) e outras onde

100
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

a ênfase recai na noção social, quando ele é tomado pelo seu lado coletivo (Viveiros de
Castro, 1979, p.14)”.

Frances Marina Alves da Cunha

Mestranda em Antropologia PPGA/UFPE; E-mail: frances.marina.alves.cunha@gmail.com.

Este trabalho propõe uma revisão na literatura sobre os povos indígenas no nordeste,
especificamente em produções disponíveis sobre o povo Fulni-ô. Observando a compreensão
de novos paradigmas antropológicos face as teorias de etnicidade, na perspectiva dos
estudos indigenistas. O desenvolvimento das teorias do significado, em especial, o
entendimento dos sistemas culturais e a redimensão da cultura em termos semióticos; abre
uma nova perspectiva para a análise da relação Identidade/Cultura, que desencadeiam nos
estudos de etnicidade e na expansão das antropologias indígenas na américa latina. Frente
as fronteiras internas presentes no país, os estudos das relações interétnicas trouxe a
identidade étnica como instância da vida social observável no encontro entre etnias
distintas, onde as relações entre “indios” e “não-indios” sejam entendidas em termos de
conflito e dissenso em suas representações, ao contrário dos estudos “aculturativos” de
outrora. A posteriori, as etnogêneses, “emergências” ou “viagens de volta” descrevem a
constituição de novos grupos étnicos, se constituindo ao reinvidicar para si o
reconhecimento de suas diferenças, assim é possível observar um novo regime de memória,
onde os Fulni-ô repensam e fabricam suas prórpias identidades, na perspectiva de
“remanescentes” do processo de colonização ainda em decurso no país.

101
GT 16
Juventudes e diferentes espaços
mobilizatórios.
Coordenadores: Sidney Oliveira Santos Silva Filho (PPGCS - UFRN) e
Tarcísio Augusto Alves Silva (DCS - UFRPE).

Contemporaneamente, os jovens têm encontrado e construído diferentes


espaços mobilizatórios onde suas formas de politização do social vem se
revelando de maneira muito significativa. Isso quer dizer que o lugar da
política recebe novos contornos e materialidades nos espaços de
sociabilidade relativos a cultura, ao meio ambiente, ao lazer, a religião
etc. O objetivo do grupo de trabalho aqui proposto é acolher estudos
que abordem questões referentes a construção de sentidos e
significados de vida das Juventudes brasileiras, tendo-se em vista as
recentes discussões de natureza teórica e metodológica no campo das
ciências sociais que discorrem sobre as relações dos diferentes
segmentos juvenis com temáticas como gênero, trabalho, educação,
ocupação, cultura, participação, mobilização, política, meio ambiente,
dentre outros. Mais especificamente, busca-se a construção de um
espaço de investigação teórico-empírica, produção e divulgação do
conhecimento científico dos estudos sobre juventudes no campo das
ciências sociais, sobre os hodiernos espaços e formas de articulação,
organização e mobilização das juventudes na sociedade. O grupo de
trabalho e a relevância dessa problemática circunscreve-se na
possibilidade de discussão sobre as práticas juvenis na
contemporaneidade, sobretudo, em um momento de intensa
participação social e política juvenil, iniciada em 2013 com as
manifestações de rua que potencializaram em muitos jovens a primeira
experiência de participação política em formas e espaços não
convencionais (partidos políticos, sindicatos, entidades de classe,
movimento estudantil). Verifica-se que a literatura das ciências sociais
problematiza o movimento de construção de redes, espaços juvenis,
grupos informais, coletivos de jovens, que tem se colocado como
importantes espaços de sociabilização, organização, prática social e
política das juventudes nas sociedades. Serão aceitos tantos trabalhos já
finalizados, quanto propostas de estudos sobre a temática juventudes,
construindo-se assim, um espaço de discussão e troca de experiências
sobre questões do universo juvenil.
GT 16
Juventudes e diferentes espaços mobilizatórios.

Rayanna Lucylle Simões Vilela Tavares

Bolsista do PET Ciências Sociais da Universidade federal de Pernambuco; E-mail:


rlsimoesvt@gmail.com

O presente trabalho é fruto de experiências físicas junto da discussão da disciplina


Sociologia do Som e da Música, onde a problemática da música como objeto de estudo
sociológico foi amplamente realizada. Utilizando como referência Howard Becker e a ideia de
arte como ação coletiva, Micael Hershmann e a mudança nas formas de ouvir música, e
Margarete Arroio para melhor compreender as culturas juvenis; propus-me a tentar analisar o
fato de que a juventude que compõe o cenário musical independente recifense utiliza a
música como uma ferramenta que auxilia no processo de construção de suas próprias
identidades. As principais conclusões dessa análise foram: a percepção de que a música
enquanto prática juvenil contemporânea pode funcionar como uma espécie de paisagem,
permitindo que indivíduos vivenciem trocas e criem memórias e identidades coletivas
permeadas pelo som; e que esse cenário musical é um meio social e emocional de
sobrevivência das culturas juvenis, visto que ele permite a abertura de campos de interação
possibilitando que indivíduos tanto compartilhem como construam coletivamente o mesmo
gosto.

João Filipe Santos da Silva Xavier

Universidade Católica de Pernambuco; jfilipe_33@hotmail.com

No final dos anos 70 e início dos anos 80, o Brasil viveu um período marcado pelo
ressurgimento da sociedade civil, sobretudo das camadas populares, no cenário político
nacional. A Igreja Católica teve um papel relevante nos debates em torno da
redemocratização do país. O trabalho de bases feito pelos católicos, de modo especial, com
os menos favorecidos nas zonas periféricas e rurais, aglutinou uma parte significativa da
população, organizando-os em grupos, pastorais sociais, conselhos de moradores e
sindicatos. A partir disso, a atmosfera que inspirou o nascimento da Pastoral da Juventude
do Meio Popular – PJMP foi, por um lado, a realidade concreta dos jovens do meio popular e o
ressurgimento das lutas sociais e políticas que aconteciam no Brasil, e, por outro, o
contexto eclesial da Igreja Latino-Americana pós Vaticano II, que pautava um modelo de
organização pastoral voltado, em especial para os que estavam a margem da sociedade. As
contribuições da PJMP nesse trabalho de base são de extrema relevância. O processo de
formação, a organização pastoral, o engajamento e o despertar da consciência para a

104
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

realidade, esses são alguns dos mecanismos usados pela PJMP no trabalho com essas
juventudes periféricas e rurais.

Ítalo Bruno Gomes Ferraz

Psicólogo: E-mail: oficial.italobruno@gmail.com

Em meio ao sentimento de mudança, as diversas juventudes procuram transitar nos espaços


políticos com a esperança de mudar e/ou fazer algo que possibilite as garantias dos direitos.
Dentre esses espaços transitórios, existe, em Recife, o Parlamento Jovem (PJR), instituído
dentro da Câmara Municipal do Recife e pelo projeto de Resolução 2403/2005, que consiste
no espaço de estímulo à participação política de “vereadores jovens”, representantes de
entidades ligadas à juventude. O espaço tem, dentre seus objetivos, a difusão da atividade
legislativa entre jovens que, por meio do PJR têm a possibilidade de criar projetos de lei.
Nesse espaço, a juventude encontra um grande desafio para desenvolver suas atividades,
pois se depara com uma política velha e fragmentada. Através da observação participante,
pude constatar que o projeto não possui um caráter institucional. A juventude luta dentro da
Câmara para que o PJR faça parte da rotina da casa e se renove anualmente. Até o presente
momento, é necessário um vereador fazer um requerimento para que as atividades do PJR
aconteçam. Se nenhum vereador se interessar pelo tema, o PJR não acontece. Dessa forma,
a juventude vem discutindo e atuando dentro da casa legislativa municipal para que as
políticas públicas de juventude aconteçam de forma efetiva.

Mariana Bezerra Lyra

Mestranda do PPGGDLS/UPE; E-mail: mariblyra@gmail.com

A Política Pública de Juventude (PPJ) é essencialmente intersetorial e recente no Brasil.


Estudos acerca da realidade juvenil relatam o distanciamento da juventude em relação à
política institucional, o que se deve sobre tudo a processos de corrupção e baixa percepção
de mudanças concretas. Mesmo reconhecendo a importância do Estado, a juventude prefere
agir de modo direto. Portanto, perdura o desafio da gestão pública em manter e qualificar o
diálogo com esta parcela da população. Com base no trabalho junto às Prefeituras das
Cidades de Jaboatão dos Guararapes e do Recife para garantir direitos dos(as) jovens,
percebemos, através da observação participante, a importância de fortalecer três pontos na
administração pública: Gestão das PPJs, Modelo da gestão pública e Participação social.
Além disso, identificamos sete princípios dialógicos úteis para o desenvolvimento de uma
efetiva relação dialógica entre poder público e jovens da sociedade civil. A comunicação se
propõe a apresentar e discutir os referidos princípios.

105
GT 16
Juventudes e diferentes espaços mobilizatórios.

Vanessa Rodrigues Santana

Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco. vanessantana3@gmail.com

O brega é, em sua essência, fruto da subalternidade. Surgido nas periferias, atua como um
canal de trocas num misto de resistência e de reivindicação. No Recife, entre variações –
brega pop, brega funk – o gênero se insere no imaginário popular ultrapassando os limites da
periferia, mas esbarra na distinção cultural criada por habitus e capital cultural ao qual
aponta Bourdieu. A estética brega – aqui, “eixos estéticos que conjugam temáticas, arranjos
e dimensões performáticas” (Soares, 2017) – parece perpassar os limites periféricos de
forma seletiva sob viés classista e racial posto que o seu habitus cultural está ligado à
subalternidade dos centros urbanos. Este trabalho busca analisar como a estética bregueira
e seu forte apelo à juventude se traduz em conveniência à medida que se transforma em
recurso de consumo (Yúdice, 2006) inserido em espaços ‘pertencentes’ à classe
hegemônica; Ademais, buscou-se compreender (i) a estética e o consumo do brega a partir
de seus diferentes níveis de performance e aceitação e (ii) o “bregueiro” enquanto produtor
de uma reivindicação espacial a qual é segregado.

Itamá Winicius do Nascimento Silva

Graduando da Licenciatura em Ciências Sociais em Universidade Federal de Pernambuco e membro do


PET Ciências Sociais; E-mail: itama_winicius@hotmail.com

O objetivo do estudo é trazer explicações sociológicas sobre esse esporte de massas, o


futebol. Através de revisão bibliográfica e etnografia do campo, busca-se investigar a
influência que as torcidas organizadas exercem sobre jovens periféricos. A teoria de Jessé
Souza sobre “ralé brasileira” é usada num recorte de classe que ajude a pensar: de onde vêm
esses jovens? São indivíduos com um perfil semelhante: negros, baixa escolaridade,
moradores da periferia etc. Logo, esses jovens encontram nas torcidas organizadas uma
maneira de se inserir na sociedade que os tornaram invisíveis. Sendo assim, as torcidas
organizadas exercem a mesma função do rap: ajudam a moldar uma identidade social. E para
além de atos violentos em dias de jogos, essas organizações praticam ações sociais como
doações de sangue, de alimentos etc. Ou seja, apesar de suas limitações, fornecem a essa
juventude periférica a chance de exercer cidadania. Elas acabam substituindo o Estado,
ausente nas periferias do país. Deve-se analisar assim não só seus limites, mas suas
potencialidades.

106
GT 17
Religião Política e Gênero
Coordenadores: Fagner Andrade (UFPE) e Tairine Ferreira (UFPE)

O GT “Religião, política e gênero” tem como objetivo trazer para o diálogo


pesquisadores de graduação e de pós-graduação que estejam
desenvolvendo trabalhos de pesquisa nas áreas temáticas de religião
(em suas diversas expressões e realidades, clássicas ou contemporâneas,
novas definições do religioso, estudos sobre o (neo)pentecostalismo, RCC,
relações entre religião e política, religião e esfera pública,), política
(desde o viés institucional, abrangendo as dinâmicas eleitorais, a
representação política e os enfrentamentos contemporâneos) e questões
relacionadas ao gênero (matrizes conceituais, enfrentamentos políticos,
componentes curriculares, pesquisas acerca de mulheres, LGBT, estudos
queers masculinidades e relações com a política) e seus desdobramentos
na contemporaneidade. Trabalhos que entrelacem os três eixos também
serão contemplados. A proposta parte da observação de que o cenário
contemporâneo, em especial o brasileiro, tem constituído terreno fértil
para a problematização da interface entre os aspectos da vida social
acima mencionados. Metodologicamente, o GT acolherá desde análises
comparativas, estudos de caso, pesquisas em andamento, abordagens
teóricas, relatos de experiências e estudos quantitativos desde que se
encaixem em uma das temáticas mencionadas. Esperamos com as
discussões do GT promover o intercâmbio entre pesquisas que podem se
enriquecer mutuamente através da diversificação de abordagens em
face dos temas que compõem o título da proposta.
GT 17
Religião Política e Gênero

Adriene Neves de Almeida


David Junior de Souza Silva

Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Amapá; E-mail:


nevesalmeida3@gmail.com
Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Amapá; E-mail:
davi_rosendo@live.com.

Este artigo discorre sobre a condição da cidadania das mulheres no estado do Amapá,
identificando no primeiro momento qual a situação social da mulher no estado, e no segundo
momento quais as especificidades das mulheres amapaenses apresentando as diferenças e
semelhanças que estas possuem. O artigo consiste na análise crítica dos direitos que o
Estado garante para que estas mulheres construam uma cidadania efetiva, confrontando os
direitos institucionalizados na forma de lei e medindo a distância desses direitos com a
realidade concreta. A metodologia utilizada consiste na análise das leis ordinárias que dizem
respeito à cidadania feminina promulgadas pela ALAP, desde 1992 até 2016. Foram
identificadas um total de 65 leis que versam sobre direitos das mulheres no estado. Após
análise da matéria de cada uma destas leis, concluímos pela classificação destas leis em
quatro tipos diferentes, segundo seu conteúdo. São estes: 1) leis que são promulgadas com
o intuito de homenagear as mulheres: somando um total de 11, que versam sobre celebração
de datas comemorativas, e têm, intencionalmente ou incidentalmente, caráter educativo; 2)
leis de reconhecimento público a entidades, organizações civis e associações que trabalham
em prol da mulher: um total de 09; 3) leis que tem como função garantir a efetivação dos
direitos: totalizando 39, em sua maioria sobre a saúde da mulher e proteção à vida
combatendo a violência contra elas e; 4) leis de ação afirmativa: um total de 06, garantindo
qualificação e prioridade em receber benefícios sociais. As leis versam sobre questões como
o bem estar social, a saúde, a educação, a vida, a redução da desigualdade no trabalho e a
moradia. Ainda que a ALAP discorra sobre um número significativo de direitos, há um conjunto
de direitos não institucionalizados como, por exemplo, direitos reprodutivos, sobre o qual a
ALAP tem produzido uma legislação que não garante plenos direitos. Esta omissão interfere
na garantia e na efetivação plena da cidadania feminina, em virtude da retirada de autonomia
da mulher sobre o seu corpo.

Aline Gomes Santana

Universidade Federal Rural de Pernambuco –UFRPE; E-mail: alinegsan@outlook.com

A diversidade religiosa existente no Brasil, proporciona a manifestação das mais diferentes


crenças. Entre as muitas religiões manifestas no país, as do segmento evangélico tem
alcançado uma proporção cada vez maior. E entre estas, as denominadas neopentecostais
têm aderido mais adeptos a sua ideologia, sendo os jovens um quantitativo relevante destes

108
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

fiéis. Diante do aumento no número de jovens adeptos ao cristianismo, as igrejas


evangélicas têm desenvolvido movimentos voltados para este público, visando manter esta
geração em suas práticas. Entre os movimentos voltados para a juventude, o chamado Jesus
Freak, coordenado pelo Pr. Lucinho,tem se destacado alcançando os jovens através
principalmente, do uso dos meios digitais. Conectadocom arealidade da juventude
contemporânea, o Pr. Lucinho vem atraindo muitos jovens, os quais passam a tomar sua
pregação como referência para suas práticas cotidianas. Desta forma o presente estudo
busca analisar como o movimento Jesus freak tem influenciado jovens brasileiros. A
pesquisa tem também como objetivo verificar como o movimento orienta as práticas de
consumo dos jovens, além de compreender como a internet contribui para sua propagação.

Lucas Cavalcanti Barbosa

Este trabalho tem como objetivo entender como a massificação das Drag Queens na cidade
do Recife e sua ocupação em espaços públicos e privados propiciou uma emancipação como
seres políticos, quebrando tabus sobre uma ordem compulsória que exige dos indivíduos uma
coerência total entre sexo, gênero e desejo sob um viés heteronormativo. Ao assumirem uma
identidade Drag, os transformistas permeiam entre os gêneros, problematizando as normas
sociais que de forma impositiva os sujeitam. Contornando a dinâmica de abjeção, em que o
indivíduo é tido como “anomalia”, por não seguir certos padrões de comportamento, as drag
queens transpõem as barreiras sociais e demandam esforços para a desconstrução da
masculinidade compulsória tida como referencial cultural. Nesse contexto, pretendo analisar
como as drag queens se tornaram elemento importante, nos estudos de teoria queer,
principalmente no processo de ressignificação das convenções culturais.

Bruno Leonardo Ribeiro de Melo

Graduando de Ciências Sociais da UFPE; Email: brunolrmelo@gmail.com

A presença dos evangélicos na política vem ganhando cada vez mais destaque nas
discussões sobre o lugar da religião no espaço público. Os evangélicos passaram a se
constituir não mais como grupo contrários aos assuntos de ordem política, mas sim como
um segmento em conformidade com o discurso rigorosamente político, passando a compor
desde 2003 a Frente Parlamentar Evangélica. Paralelo a este movimento, observa-se uma
série de alinhamentos enquadrados dentro de uma “agenda conservadora” que se filiam a
matrizes que passam desde a supressão de direitos sexuais e políticos de grupos

109
GT 17
Religião Política e Gênero

subalternos, até movimentos que ferem direitos trabalhistas adquiridos e já consolidados no


nosso esquema democrático. Atento a tais eventos, a propositura deste trabalho tem o
intuito de mapear a ação desses atores evangélicos no contexto político nacional,
demarcando possíveis correlações entre o discurso religioso e o que se articula ao crescente
conservadorismo político e social.

Arthur Vinícius Gonçalves Ferreira

Mestrando filiado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPE;


arthur.viniciusgf@gmail.com

O presente trabalho propõe contribuição na compreensão do problema da religiosidade


neopagã contemporânea, por meio de uma descrição etnográfica de encontros nas principais
praças do Recife entre Maio e Setembro de 2017, que têm se tornado espaços frequentes de
práticas de bruxaria. A bruxaria tem na sua fileira de maiores obstáculos contemporâneos o
estabelecimento de um consenso a respeito das suas práticas enquanto pertencentes a
uma religião (Cordovil & Castro, 2015), ao difícil desenho do aparato simbólico e ritualístico
(D’Andrea, 2000; Amaral, 2000; Siqueira, 2002), no seu enquadramento ainda a um caráter
de nebulosa místico-esotérica (Champion, 1994), não ser apoiada por literaturas registrando
seu conhecimento de forma institucionalizada, pelas discriminações sociais e por se
constituir no espaço público como desafio cognitivo que dá força às normas sociais (Cipriani,
2012). É feita uma análise de como esses encontros e práticas rituais expressam suas
sociabilidades na arena e seu respectivo entrelaçamento com o imaginário político (Birman,
2003). Objetivamos refletir sobre os anseios desses grupos religiosos em expansão e tentar
precisar seu impacto na comunidade local.

Lara Marina de Arruda

Universidade Federal de Pernamubuco; bolsista PET conexões – Encontros Sociais.


Email:lmarruda96@gmail.com

O presente trabalho tem como intuito mostrar como a questão de gênero e política está
entrelaçada atualmente. Analisando edições ao longo de 2016, do período de março até
agosto, irei deter o aprofundamento em três edições: a do grampo de Dilma e Lula (16/03), a
posse de Temer (12/05) e a saída definitiva de Dilma (31/08). Para uma possível
compreensão mais ampla do contexto social vigente, é necessário voltar-se ao ano anterior
para analisar como a cobertura midiática pode ter influenciado na construção da narrativa do
impeachment indeferindo nas relações do poder e prestígio político, e ver onde questão de
gênero pode ter sido utilizada como elemento para a construção da narrativa.

110
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

Os resultados obtidos sobre a análise ainda estão em desenvolvimento devido a dificuldades


metodológicas em especificar as categorias de análise. Embora, ressalta-se o empenho para
a obtenção dos mesmos para apresentá-los no evento. Sobre a discussão, notase que há um
aumento nos estudos sobre a questão política referente ao contexto do Jornal, mas ainda há
uma dificuldade em encontrar material sobre a questão sendo analisada por uma ótica de
gênero.

Pedro Gustavo de Sousa Silva

Pós-doutorando em Ciência Política (UFPE): pgustavoss86@gmail.com

Compreender o partido político como organização constitui o ponto de partida para entender
seu funcionamento e atividades. Ao longo do século XX, diversas tipologias foram criadas
para retratar a diversidade partidária existente. Dentre os principais modelos teóricos,
destacam-se: partido de quadros, partido de massa, partido catch-all, partido profissional-
eleitoral e cartel party. O artigo discute as características centrais do modelo cartel party.
Tal modelo teórico representa uma síntese das reflexões feitas pela comunidade acadêmica
sobre mudança e organização partidária nas últimas décadas do século XX. A discussão em
torno de tal modelo dominou a pauta da literatura organizacional durante a transição para o
século XXI, constituindo um dos conceitos mais influentes desenvolvido nas últimas
décadas. O objetivo do artigo é discutir as características centrais deste modelo,
destacando a movimentação dos partidos políticos em relação às esferas da sociedade e do
Estado. A literatura acerca desta agenda é revista a fim de ampliar o debate junto aos
cientistas sociais interessados em estudar os partidos políticos.

Rafael Vilaça Epifani Costa


Maria Eduarda Cavalcanti de Albuquerque Mello

Este trabalho tratará sobre o caso de censura contra a exposição Queermuseu –


Cartografias da diferença na arte brasileira. O Queermuseu, como ficou conhecido após o
caso, era uma exposição que ficaria aberta entre 15 de agosto até 08 de outubro de 2017,
no espaço Santander Cultural, na cidade de Porto Alegre. No dia 10 de setembro a exposição
foi cancelada, após protestos de grupos religiosos e do MBL (Movimento Brasil Livre)
acusarem a mostra de promover a "imoralidade", "blasfêmia" e "apologia à zoofilia e
pedofilia", em algumas de suas obras. O episódio fomentou uma grande discussão acerca da
censura e da liberdade de expressão, repercutindo, inclusive, em jornais estrangeiros. A
Religião e a Arte são assuntos pouco conhecidos entre os brasileiros, mas que possuem um
grande peso na nossa sociedade e na opinião pública. Diante disso, este trabalho parte da
tese de que o cancelamento da mostra só foi possível por conta do atual contexto em que

111
GT 17
Religião Política e Gênero

vivemos, no qual a liberdade de expressão está ameaça, inclusive juridicamente. Para esta
pesquisa utilizaremos autores das áreas da Sociologia e das Ciências da Religião.
.

Rangel Ferreira Fideles do Nascimentoi


Fernando de Jesus Rodriguesii

Graduando em Ciências Sociais da Universidade Federal de Alagoas. Integrante do Grupo de Pesquisa


Periferias, Afetos e Economia das Simbolizações (GRUPPAES); E-mail: Rg.fideles@gmail.com.
Professor adjunto do Instituto de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da
Universidade Federal de Alagoas. Líder do Grupo de Pesquisa Periferias, Afetos e Economia das
Simbolizações (GRUPPAES); E-mail: Ferssa@gmail.com.

O interesse pela presença de homossexuais não é uma novidade nos estudos de religião de
matriz africana. Todavia, ainda há carências de investigações que considerem as relações
entre o desenvolvimento do Xangô na cidade de Maceió/AL, a ascensão de lideranças
homossexuais em casas de santo e cursos sociais de legitimação de posições que levem em
conta um espectro político-religioso e erótico-sexual Pensando na observação de certa
dicotomia entre lideranças homossexuais respeitáveis e aquelas não toleradas, acusadas
frequentemente de mentirosas e ego-centradas, analiso as transformações tanto de funções
simbólicas de determinados elementos rituais quanto de “regras” de jogos por poder no
interior de terreiros. Propomos uma visão sobre aspectos da relação entre lideranças e
seguidores de Xangô em relação ao trato com a entidade pomba-gira, levando-se em conta
certas tradições rituais. A partir de trechos de conversas com religiosos, de observações em
festas para esta classe de entidade em terreiros de Maceió, além de outros registros de
campo, analiso as estratégias utilizadas por determinadas lideranças, assim como as
lógicas de depreciação de pessoas e práticas nos “bastidores”.

Rodrigo Eiras

Mestrando através do PPGS/UFPE; E-mail: digo.eiras@gmail.com

Historicamente temos certos problemas no que se diz respeito à questão da homofobia, algo
comumente presente na nossa vida cotidiana. No cenário do futebol brasileiro é muito
marcante como podemos ver este tipo de manifestação discriminatória ocorrer e como isto
afeta o espetáculo esportivo, além de atormentar a sociedade em um âmbito mais amplo. É
perceptível a forma ao qual a heterossexualidade é construída e disseminada, exigindo-se a
coerência entre um sexo, um gênero e um desejo que são obrigatoriamente heterossexuais.
Os insultos e atitudes que visam a negação de uma masculinidade subordinada (KIMMEL,
1998), disseminada e caracterizada pela homossexualidade, pode nos oferecer uma visão
para problematizarmos a forma com que estas pessoas discursam e lidam com as diferenças

112
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN 2358-1964

cotidianas em diversos ofícios que giram em torno da temática esportiva/societária,


reforçando um tipo de masculinidade disriminatória a ser (re)construída diariamente. Assim,
percebe-se a composição substantiva de gênero a performatividade feita e imposta por
práticas reguladoras (BUTLER, 2003).
A questão da homofobia e a representação da performance masculina no futebol brasileiro
será problematizada a partir de condutas gerais e individuais de jogadores, torcedores e
profissionais da imprensa; como esta temática vem sido (ou não) tratada ao longo dos anos
no esporte e seus reflexos para a vida em sociedade.

113
PÔSTERES
PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

Maria Dairly Ferbe


Wenderson Luan Dos Santos Lima

UFPE; E-mail: dairlyferbe@hotmail.com,


UFPE; E-mail: wendersonluan@hotmail.com

Esta pesquisa tem como objetivo identificar e analisar os discursos a respeito das
percepções que pessoas dos estratos sociais baixos que frequentam e/ou que habitam as
regiões entorno da Universidade Federal de Pernambuco tem sobre o continente Africano.
Para tanto, realizamos entrevistas com pessoas de diferentes faixas etárias e nível de
escolaridade. As reflexões contidas nesse trabalho etnográfico provêm da análise das
percepções do senso comum que pessoas das camadas mais populares de um contexto
bastante específico têm referente à África, captadas a partir de entrevistas semi
estruturadas, percepções essas que muitas vezes são responsáveis pela construção de
pensamentos equivocados de bases preconceituosas e estereotipados que resultam da falta
de conhecimento, do que é realmente é esse continente.

Lucas Cavalcanti Barbosa

Graduando em Ciências Sociais pela UFPE; E-mail: lucas.ca@hotmail.com

Amor como algo intrínseco ou construção social? O campo de estudo das emoções
apresenta duas vertentes: por um lado os que acreditam que ela se dá biologicamente, ou
seja, é inerente ao homem, universal a todos, chamados de universalistas. Por outro, existem
os que acreditam que as mesmas são construções sociais, tendo a cultura o papel
modelador dessas, chamados de construtivistas. Nesse contexto, esse trabalho tem intuito
de demonstrar como o amor esteve presente em diferentes épocas da história, sendo
multifacetado, ou seja, apresentado de diferentes formas, cada qual com sua particularidade,
reafirmando a ideia de que o mesmo não existiu desde sempre, nem esteve presente em
todos os contextos, mostrando ser uma construção social.

115
PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

Anderson Góis Marques da Cunha


Henrique Ferreira de Oliveira Pinto

Mestrando em GDLS – FCAP/UPE; E-mail: agmcunha10@hotmail.com,


Mestrando em Gestão Empresarial – Holding Unigrendal; E-mail: hfoliveira88@gmail.com.
O estudo evidencia a importância socioeconômica e ambiental dos catadores de resíduos
sólidos em Pernambuco. Estimular a prática destes catadores objetiva à conscientização e
motivação social com participação ativa no cenário econômico atual. Baseia-se em uma
análise qualitativa e fenomenológica, lastreada em consulta pública a literatura
especializada extraída do Portal CAPES, SciElo e afins, entre 2013 e 2017, legislação
vigente e observação dos catadores. Assim, o rumo dos catadores e o incentivo de práticas
empreendedoras torna-se aspecto relevante ao desenvolvimento local sustentável.

Artur Santos de Souza Silva


Dowglas Amorim de Lira

Graduando em Ciências Sociais – Licenciatura, UFPE; E-mail: artursantos.s@outlook.com,


Doutorando em Psicologia Cognitiva, UFPE; E-mail: dowglaslira@gmail.com.

O trabalho analisa o fomento do pensamento crítico (PC) em questionários de um livro


didático de Sociologia e propõe, quando necessária, mudanças na abordagem das questões.
Como critérios analíticos, utilizamos as tipologias textuais de Marcuschi (2008) e, às
possíveis intervenções e promoção do PC, a tríade argumentativa proposta em Leitão
(2000). Utilizamos, também, os trabalhos de Melo (2017), Souza (2016) e Desterro (2016)
e documentos oficiais, como o Censo Escolar 2016 e as Orientações Curriculares para o
Ensino Médio. Os resultados apontam, nos questionários analisados, uma fragilidade na
promoção do PC, dificultando a formação de um cidadão crítico proposto nos documentos
oficiais.

*
Carlos Henrique Lima Alves dos Santos

Universidade Federal de Alagoas. E-mail: carlos.henriquee@hotmail.com

Como se constroem as redes de sociabilidades gays na cidade de Maceió?

O objetivo é estudar os espaços de sociabilidade e identificar os marcadores sociais destes


locais, visando entender como estão estruturados no espaço da cidade. Esta etnografia, em
fase de desenvolvimento, tem como público-alvo, dentro da categoria LGBT, os homens gays
da cidade de Maceió. A mesma será realizada acompanhando os circuitos das festas locais
que acontecem na Boate Joy Club, como também no Rex Jazz Bar, e pretende avançar na

116
discursão do tema, através da observação participante, trazendo elementos que
potencializem a diferenciação de indivíduos englobados dentro do mesmo contexto.

Danielle Xavier de Santana Silva


Maria do Socorro Orestes Cardoso

Discente do Mestrado em Perícias Forenses da UPE; E-mail: danixhdh1@gmail.com


Docente do Mestrado em Perícias Forenses da UPE; E-mail: socorroorestes@yahoo.com.br

O suicídio é um fenômeno que demonstra características importantes nas construções


afetivas proposta pelos indivíduos do século XXI. O objetivo foi expandir a análise do tema
dentro do mestrado em perícias forenses da UPE, utilizando-se como critério na
compreensão da “autoviolência” a interdisciplinaridade com o campo da Sociologia. Foram
coletados dados preenchidos nas Declarações de Óbito por suicídio emitido pelo IML/PE,
observados os elementos: identificação, residência e condições da morte do suicida. As D.O.
foram selecionadas no período de dez anos, 2005 a 2015, ocorridos na cidade do Recife. Em
seguida a coleta, as informações foram tabuladas e encaminhadas a uma apreciação
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

estatística, para se proceder às avaliações sociológicas. Aos elementos: raça, estado civil e
escolaridade foi observadas subnotificações de dados. A pesquisa mostrou-se adequada para
determinar que o suicídio, não deve ser afastado da análise sociológica de todo cientista
social, especial dos estudos que propõem investigar as relações sociais a partir das
emoções. As ciências sociais não podem desprender-se do debate, quando associada às
suas tristezas, medos, vergonhas, e outros o ensejem a morte e comprometa a organização
social.

Denilson Aluizio da Silva

Graduando de Licenciatura em Ciências Sociais; E-mail: Denilson.aluizio@hotmail.com.

A obra de Malinowski não perdeu sua importância mesmo com a emergência de uma analise
mítica, e da publicação dos seus diários. A partir dela, e numa visão contemporânea
contemplamos como a etnografia numa perspectiva histórica se desenvolveu e trabalhou a
alteridade seguindo sempre uma noção de imersão. Tem-se a principio a obra de Malinowski
como um marco delimitador totalizante a respeito da alteridade, porém agora já não a vemos
dessa maneira. A etnografia e o método continuam relacionados, e que a teoria tende a
influenciar no campo e o campo na teoria. Abordar a importância de Malinowski nesse
contexto é o objetivo desse trabalho.
PÔSTERES

Fagner José de Andrade

117
PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

Graduando do Bacharelado em Ciências Sociais UFPE, Membro do PET- Ciências Sociais; E-mail:
yertcad@gmail.com
.
Este trabalho foi desenvolvido a partir dos desdobramentos e experiências obtidas no campo
durante a etnografia, realizada para o trabalho de graduação, que tem como foco o consumo
nas romarias de Juazeiro do Norte-CE, tendo em vista todos os objetos que carregam a
marca do símbolo religioso que é o Padre Cícero Romão Batista (1844-1934). Neste caso,
desde objetos “sagrados” como também os “profanos”(DURKHEIM, 2008). Nas romarias de
Juazeiro, encontramos uma diversidade de público e de perspectivas do sagrado que podem
ser percebidas mediante o trabalho de campo e entrevistas. Entretanto, além disso nas
conversas informais que possibilitaram a captação de dados valiosíssimos para a
experiência etnográfica e consequentemente para a produção do saber antropológico. Neste
trabalho pretende-se apresentar tais perspectivas encontradas e posteriormente fazer uma
junção com a teoria já existente que embasam a análise destas abordagens registradas no
desenvolver da pesquisa. As informações obtidas, possibilitam reflexões para além do que foi
delimitado no trabalho de graduação e isso será discutido nesta proposta.

Gisele Mirella da Silva Braga


Klever Alberto da Silva

Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; mirellaufpe@hotmail.com


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; klever.alberto@yahoo.com.br

O maracatu é um ritmo difundido no Estado de Pernambuco, uma vez que lhe é atribuído um
caráter profundamente estético, simbólico e religioso. A princípio, parte de nosso estudo
antropológico explica as relações que vivenciamos nas observações sobre como o maracatu
Estrela Brilhante de Igarassu orienta-se de acordo com a relação com a calunga (boneca
reverenciada em rituais do candomblé). O artigo propõe enquanto objeto à agremiação
Maracatu Estrela Brilhante com sede situada no Alto do Rosário, Sítio Histórico de Igarassu,
apresentar a identidade negra e a conectividade com os demais campos de atuação na
comunidade. A metodologia utilizada foi através da análise de pesquisa bibliográfica, sendo
permitido gravar e fotografar. Foram identificados como resultados, que o Maracatu é peça
fundamental da cultura negra pernambucana e é símbolo de luta e resistência do povo negro.
Portanto, através da pesquisa etnográfica e das entrevistas realizadas chegou-se à
conclusão que hoje fazem a inclusão de várias pessoas em meio às atividades culturais
promovidas, seja na parte da música, na construção dos instrumentos, no vestuário
confeccionado artesanalmente ou na parte do comércio local.

118
Gutemberg Xavier dos Santos Gomes
Lindemberg da Silva Santos

Universidade de Pernambuco (UPE); E-mail: gutembergxavier@gmail.com


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); E-mail: lindembergsantos18@gmail.com

Trata-se de pesquisa sobre Economia Solidária, um modo de produção alternativo ao


capitalismo, a partir de mapeamento das políticas públicas realizadas em Pernambuco, com
o objetivo de contribuir para a difusão sobre políticas para o desenvolvimento local de novos
arranjos de negócios baseados em autogestão, coletividade e solidariedade. Foram
identificados em consultas aos portais de transparência da secretaria estadual responsável
(Sempetq/PE) dois projetos e quatro ações de fomento à Economia Solidária. São políticas
públicas com grande aporte de recurso federal (Ministério do Trabalho) e que vem
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

contribuindo para a superação da desigualdade social e do desemprego no Estado de


Pernambuco.

Jessica Hellen Santos Batista

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: jessicahellen30@gmail.com,

O presente trabalho propõe como objetivo abordar sobre a trajetória histórica do álcool,
assim como a instituição de Política Nacional de Álcool e demais legislações. Para isso,
utilizou-se como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica acerca da temática. O
álcool é considerada a droga mais antiga, sendo conhecido nas civilizações gregos e
romanas, com um alto consumo até os dias atuais, que causa danos sociais e à vida. A
Política Nacional sobre o Álcool aponta princípios fundamentais que visam o enfrentamento
coletivo dos problemas relacionados ao consumo de álcool, que engloba a intersetorialidade
e a integralidade de ações para a redução dos danos sociais. Faz-se necessário refletir
acerca da importância dessa política, com vistas à redução de danos causados pelo seu
consumo.

Jessica Hellen Santos Batista

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: jessicahellen30@gmail.com,


PÔSTERES

O objetivo do estudo é analisar a política de cotas no Brasil, os seus determinantes, avanços


e desafios. Historicamente, a população negra é alvo de preconceito e discriminação racial,
que refletem nas relações sociais atuais e nas suas condições de vida. Uma das medidas
adotadas pelo governo para diminuir a disparidade dessa realidade é a política de cotas

119
PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

raciais, que reserva vagas para os negros e indígenas em instituições de educação, a fim de
diminuir as desigualdades entre as raças. Embora a política de cotas no Brasil não
represente a saída para romper com o racismo, é inconteste o avanço para a inserção dos
negros no ensino superior e para promover a igualdade racial.

Jobson da Silva Freitas

Graduando em Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco; E-mail:


jobson_csufpe@hotmail.com

A luta constante contra o tempo na modernidade tem interferido, sobretudo, nos


relacionamentos pessoais. Neste trabalho, foi discutida a liquidez estabelecida pelo uso do
aplicativo “Grindr” e os impactos causados na vida dos usuários. A análise foi feita por meio
dos conceitos de visibilidade, espetacularização do eu e hiperconsumo em torno da cultura
digital. No contexto da exibição festiva de si, as pessoas se transformam em mercadorias
desejáveis nas vitrines virtuais para consumidores ávidos de subjetividades voláteis. Diante
do exposto, verificou-se que os usuários dessa ferramenta têm em comum a busca
constante de parceiros, a ânsia por experiências afetivas e sexuais. Assim, os corpos que se
expõem nas telas anseiam por uma demanda de consumo. Logo, ser consumível se tornou a
maior fonte de gozo.

Joseilda Maria da Silva


Patrícia Novais Calheiros Cardoso

Mestranda em extensão Rural e Desenvolvimento Local – da UFRPE e-mail:


joseildaeconomiadomestica@hotmail.com
Mestranda em Extensão Rural e Desenvolvimento Local - da UFRPE e-mail: pncpatricia@hotmail.com

O presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência vivenciada na Feira agroecológica
de cajueiro seco na periferia do município de Jaboatão dos Guararapes como discentes da
disciplina Sociologia Rural ministrada pela professora Maria Luiza do Mestrado Extensão
rural e Desenvolvimento local. A produção agroecológica e a organização de feiras livres
tornam possível comercializar a produção diretamente aos consumidores, além de ser uma
alternativa para melhoria da qualidade de vida de suas famílias, e em contrapartida das
famílias que consomem a seus produtos. Os preços dos produtos das feiras convencionais,
comparada aos da ecológica, não apresentam grandes disparidades. Porém, os produtos
cultivados neste sistema de produção oriundos da agricultura familiar enfrentam problemas
no processo de comercialização. Diante do exposto, pode-se dizer que a implantação das

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feiras agroecológicas é uma importante ferramenta para assegurar a disponibilidade de
produtos de qualidade e garantir o resgate ao pequeno produtor da dignidade perdida
enquanto trabalhador rural. Conclui-se que, apesar dos desafios a serem superados, a
comercialização de base agroecológica apresenta possibilidades de expansão no município.

Adriene Neves de Almeida


Ana Paula Picanço de Sousa

Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amapá, UNIFAP, Brasil. E-mail:
nevesalmeida3@gmail.com
Licenciatura em Sociologia pela Universidade Federal do Amapá, UNIFAP. E-mail:
apaaulaps@gmail.com

A implantação autoritária da UHE Belo Monte se baseia na histórica posição subalternizada


ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

da Amazônia no Brasil e no mundo, fazendo parte de uma série de grandes projetos de


exploração econômica que alegam o desenvolvimento da região. A problemática desta
pesquisa consiste em identificar e compreender as diferentes visões de mundo dos
reassentados de Altamira – moradores dos novos bairros que foram atingidos pela
hidrelétrica – em relação à implantação da UHE de Belo Monte, apresentando quatro
categorias de diferentes visões de mundo em relação às transformações causadas pela
implantação da Hidrelétrica: a) são denominados atingidos os reassentados que buscam
caracterizar o aspecto de resistência e também a verificação do exercício do seu direito; b)
os reassentados que são a favor da barragem se enquadram na categoria daqueles que são
adeptos da visão desenvolvimentista da região; c) os reassentados que se abstêm de um
posicionamento em relação à situação são categorizados a partir de sua indiferença
justificada por sucessivos abandonos institucionais; d) por último, é utilizada a concepção
de vítima para compreender a construção de uma identidade social em comunidades
emocionais.

Wene Carolina Mota Santos

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: wenecarolina@hotmail.com

O presente trabalho objetiva analisar a trajetória do Movimento Nacional de Direitos


Humanos (MNDH). Para tal, abordará seus aspectos históricos e políticos, objetivos e formas
PÔSTERES

de organização. Segundo Scherer-Warren (2006), o Movimento Social organiza-se em torno


de uma identidade, da definição de opositores e de um projeto ou utopia. O MNDH constitui-
se em torno da identidade de defesa dos valores humanitários, no qual, os opositores são
uma gama de violações acometidos contra a pessoa humana. Portanto, sua utopia ancora-se

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PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

na supressão das violações e arbitrariedades, visando a garantia dos direitos humanos em


sua interdependência por meio da militância e empoderamento da sociedade civil.

Wenderson Luan Dos Santos Lima

Bolsista do PIBID de sociologia, UFPE; E-mail: wendersonluan@hotmail.com,

Este trabalho oferece uma compreensão e reflexão do papel social da escola, utilizando o
PIBID de sociologia, especificamente no Colégio de Aplicação da UFPE, o olhar etnográfico do
espaço escolar faz observar uma dinâmica que nos possibilita perceber que o ensino de
sociologia transfere uma reflexão do papel do professor e dos demais. Objetivo geral é
compreender a dinâmica do PIBID na escola e os impactos dele, os específicos: identificar os
meios que favorece para essa reflexão e analisar a relação dos pibidianos na sua prática
docente. Utilizo como procedimento metodológico análise de artigos, e textos que discutem
essa temática. Os resultados são: o ensino e as discursões sociológicas tornam uma relação
entre teoria e prática plausível, e por fim há uma apropriação do que seja o papel social e
ação docente.

Marco Aurelio de Oliveira Leal

Graduando do Curso de Ciências Sociais – Licenciatura - CFCH – UFPE; E-mail:


marco.leal.cs@gmail.com

The Beatles foi uma das grandes influências musicais do século XX. Nos idos de 1960, eles
foram responsáveis por uma onda de consumo desesperado de tudo que se relacionasse com
a banda: a Beatlemania. A Indústria Cultural é essencial para compreender como os ideais da
juventude foram reconfigurados para o consumo da banda, tornando-os atrativos para os
jovens da época; teve papel fundamental na fetichização da imagem do grupo, solidificando a
adolescência como mercado consumidor extremamente lucrativo. Fica claro que essa
construção da imagem artística é um fato social perene, que permanece como nos anos de
1960, mas especializada, pois conta com os meios de comunicação de massa.

Luana Bezerra Côrtes

Graduanda em Ciências Sociais (bacharelado) - UFPE; E-mail: luana.cortes @hotmail.com.

Partindo da abordagem dramatúrgica que Erving Goffman utililiza para explicar as interações
sociais no nível dos agentes, este trabalho visa analisar elementos presentes nas relações

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professor-aluno no contexto da pedagogia Waldorf – que fora formulada na Alemanha no
início do século XIX e trazida para o Brasil no século XX. Por meio da revisão bibliográfica e da
utilização do método etnográfico, foi possível constatar que a pedagogia Waldorf não
considera os alunos como "tábulas rasas", como seres apenas moldados pelo meio social
que os envolvem, mas que atuam ora como co-participantes, ora como atores, dividindo o
palco com os professores e definindo a situação no ambiente da sala de aula.

Bruno Leonardo Ribeiro Melo

Bolsista de iniciação científica – FACEPE, E-mail: brunolrmelo@gmail.com

A exclusão de determinados grupos sociais das instâncias de decisão política é matéria


frequente em discussões acadêmicas sobre democracia, justiça, igualdade política e
representatividade das políticas públicas. O pleito pela representação especial de grupos
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

estruturalmente desamparados é proferido por meio de aspectos que firmam a existência de


uma relação estreita entre democracia e inclusão política. Sendo afirmado que a justiça
implica o reconhecimento das diferenças através da participação ativa de membros desses
grupos em processos político-decisórios. A proposição deste trabalho tem o objetivo de
mapear as candidaturas LGBT submetidas nas eleições de 2016, fornecendo um conjunto de
dados que possibilite a identificação do perfil de tais candidaturas (estado de origem,
filiação partidária, faixa etária, identidade de gênero/orientação sexual) e sua performance
eleitoral. Destacando, para tanto, as possíveis problemáticas que podem advir da
compreensão de uma “identidade” do grupo social em questão e suas implicações para
representação política, representação descritiva, perspectivas minoritárias e campo político.

Raphael Silveiras

Doutorando em Sociologia, Unicamp, E-mail: raphaelsilveiras@outlook.com

A Internet está no cotidiano de parte significativa da população mundial, mas quem a


governa? Se entendermos que governa a Internet aquele que detém ou gerencia sua
infraestrutura, quem exerce a governança na infraestrutura da Internet? O objetivo do
trabalho proposto é apresentar precauções de método para o estudo da governança da
Internet. Para isso, realiza-se uma revisão bibliográfica sobre essa temática a fim de
PÔSTERES

problematizar metodologias e recortes realizados para o estudo da governança da rede


mundial de computadores. A partir dessa problematização, o trabalho articula considerações
metodológicas ancoradas, dentre outros pontos, na análise ascendente realizada por Michel
Foucault e sua dimensão de “poder” e em considerações de Deleuze, principalmente a de
“leitura em intensidade” para lidar com produções bibliográficas.

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PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

Tairine F. Pimentel

Email: Tairine_ferreira@hotmail.com

O Fórum Ecumênico ACT Brasil é uma articulação com atuação no Brasil desde o século XX, é
composto pelas Igrejas históricas do Brasil e também conta com a presença do Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI-Região
Brasil) e Entidades Ecumênicas. Esta comunição tem como proposta apresentar as
incidências no espaço público do último biênio (2015 e 2016) do Fórum Ecumênico Act
Brasil no que diz respeito ao combate as intolerâncias religiosas no Brasil e o fortalecimento
da defesa pelo Estado Laico como garante a Constituição de 1988. Durante o biênio o Fórum
Ecumênico trabalhou em parceria com o Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Cultural
na realização da campanha “Filhos do Brasil” que foi realizada para combater todas as
formas de intolerâncias, males sociais que se chocam com o que descreve e prescreve
nossa Constituição Federal

Naymme T. Almeida Moraes

Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: naymme@gmail.com

As décadas de 1960 e 1970 foram um momento caracterizado por acirrados embates


políticos e intensas experimentações artísticas no Brasil, formuladas no trânsito entre a
ação artística e a ação política. Sob um cenário de opressão política, estabeleceu-se um
espaço artístico contemporâneo onde à arte produzida caracterizou-se por se opor
incisivamente contra o autoritarismo, às instituições e aos antigos padrões de linguagem.
Diante disso, o experimentalismo artístico pernambucano dos anos 1960 e 1970 se
desenvolveram a partir da criação de uma nova linguagem, das mediações que estabeleceu
com o cenário político do período, o público, crítica e instituições; formando assim, o que
Howard Becker chama de “mundo da arte” - uma constituição social erigida a partir de um
conjunto de pessoas e organizações que produziram os acontecimentos e objetos definidos
por esse mesmo mundo como arte. As preocupações com a dimensão social da arte
perpassaram boa parte da produção artística em Pernambuco durante as décadas de 1960 e
1970, marcadas pelas questões políticas devido ao regime militar. A experimentação
artística tinha como um dos objetivos burlar a falta de liberdade de expressão por meio de
novas linguagens como, além da já citada arte correio, performances, happenings, vídeo
instalações e outros meios de produção e circulação artística. No período da ditadura no
Brasil, as ações dos artistas passaram para um locus privilegiado onde o social, o político e
o subjetivo configuram-se em seus múltiplos sentidos e direções. A memória coletiva que

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estava ameaçada nos espaços públicos é reforçada nas redes alternativas, o individual e o
político passam a circular no mesmo espaço definindo uma configuração muito específica
àquele momento histórico.

Rodrigo Oliveira

Graduando em Ciências Sociais na UFPE; E-mail: ludermir1996@gmail.com.

Considerando a relação entre indivíduo e sociedade com base na categoria habitus de Pierre
Bourdieu, analisou-se neste trabalho a construção do que Luc Baltanki e Eve Chiapello vão
intitular de novo espírito do capitalismo no atual contexto socioeconômico brasileiro, aqui
percebido através do empreendedorismo. Tendo em vista esta nova matriz cultural, percebe-
se que as universidades têm sido protagonistas na estruturação de um habitus que dispõe a
prática empreendedora. O objetivo do trabalho consistiu, portanto, em observar como ocorre
o processo de incorporação de valores que remetem a esse modelo de ação nos programas
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

de incentivo ao empreendedorismo do Centro de Informática da UFPE. Para tentar


compreender a particularidade desse processo utilizou-se o método etnográfico de pesquisa,
praticando a observação participante em palestras e aulas, além de uma entrevista com o
presidente da Empresa Júnior do CIn. Através do material recolhido, foi possível observar a
formação de um habitus empreendedor que permite a criação de um sistema de percepção e
ação, possibilitando que os novos agentes da sociedade brasileira ingressem
automaticamente na nova configuração socioeconômica do país.

Leandro Sipriano de Santana


Wenderson Luan Dos Santos Lima

UFPE; E-mail: leandross.bol@hotmail.com,


UFPE; E-mail: wendersonluan@hotmail.com

Esta pesquisa tem o objetivo de discutir como tem sido a atuação da subjetividade das
emoções e sentimentos dentro da música e na sua percepção musical, com os seus
desdobramentos no contexto sócio-histórico das pessoas. Para isso, além da pesquisa
bibliográfica, um questionário foi aplicado com a intenção de identificar as preferências
musicais e sua relação com os diferentes tipos de emoções que despertam entre diferentes
pessoas, além de informações sobre a relação delas com as diversas emoções com as quais
têm contato ao escutar alguma música. Os resultados são: há um poder transformador da
música por meio do significado; ocorre uma indução e distinção no contexto social das
pessoas, e por fim ocorre uma afetividade dos agentes dança e canto que comunica
PÔSTERES

sentimentos.

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PÔSTERES
ANAIS, XVI ENCONTRO DE CIÊNCIAS SOCAIS – UFPE, ISSN -1964

David Ferreira de Araújo


Thiago Henrique de Almeida Carvalho

Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE,


PET - Ciências Sociais, Email: davidfaraujo1997@gmail.com
Pesquisador e graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE,
PET Conexões – Encontros Sociais, Email: t-decarvalho@hotmail.com

Com o objetivo de entender melhor a sociologia da arte, cabe ressaltar, inicialmente, o


principal conflito entre os humanistas e cientistas sociais em relação a essa área,
mostrando suas características e concepções, a fim de, a partir disso, compreender e
explicar a concepção de Howard Becker ao suposto mistério da arte. Antes de tudo, quando
se discuti sobre arte, o que vem na nossa mente é: o que é arte? Para humanistas como
Denis Donoghue (1983), a arte é envolvida por uma aura misteriosa: revelações miraculosas
que não são passíveis de análises naturalistas-positivistas, pois, caso sejam, podem perder
o que Walter Benjamim (1994) chamou de o poder de irradiar a “aura”, e, para teóricos como
Howard Becker (1977), a arte é como uma ação coletiva: não possui ou encerra pouco
mistério, e, se caso ainda possua algum, esse deve ser desnudado/mostrado: é revelado na
medida em que sabemos o que está envolvido no processo do fazer artístico. Essa ideia, em
Becker, dá-se através da organização social: concepção de trabalho, confecção de artefatos
físicos, linguagem convencional de expressão, plateias artísticas, treinamento pessoal e
convenções sociais (regras e normas), como também nas ideias de mundos artísticos e
tipos sociais (os tipos de artistas), ou melhor dizendo, o fazer artístico envolve uma rede de
cooperações – divisão social do trabalho, definida por um consenso (acordo convencional),
passível, assim, de uma análise sociológica.

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