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1. Ciências sociais 2. Direitos humanos 3. Educação
4. Famílias I. Barros, Nivia Valença.
20-52279 CDD-323
COMISSÃO EDITORIAL
Nivia Valença Barros
Rita de Cássia Santos Freitas
Janaína Abdalla
Joice da Silva Brum
José Nilton de Sousa
Ida Cristina Rebello Motta
COMISSÃO CIENTIFICA
Bianca Veloso – Pedagoga - DEGASE
Eliza dos Santos Lopes – Psicóloga – DEGASE
Josélia Ferreira Reis – Assistente Social
Leandro Soares de Sousa – Pedagogo – DEGASE
Saturnina Pereira da Silva - Assistente Social – DEGASE
Tania Mara Trindade Gonçalves - Assistente Social – DEGASE
Wilma Lucia Rodrigues Pessoa – Socióloga - UFF
COMISSÃO EXECUTIVA
Ana Beatriz Quiroga Furtado – Licenciada em Letras - UFF
Eliana Lobo do C. Guedes – Assistente Social - DEGASE
Leila Mayworm Costa – Assistente Social - DEGASE
Maria Beatriz Barra de Avellar Pereira - Psicólogo - DEGASE
Maria Tereza Azevedo Silva – Psicóloga - DEGASE
Paula Reis – Acadêmica de Pedagogia - UFF
Wilma Lúcia Rodrigues Pessoa – Socióloga - UFF
ESTATÍSTICA:
José Nilton de Sousa
REVISÃO
Débora de Freitas Ferreira
SUMÁRIO
Apresentação.................................................................... 09
Introdução......................................................................... 13
CAPÍTULO 1
Reflexões sobre as categorias trabalhadas na Pesquisa
“Famílias no DEGASE”................................................... 23
Nivia Valença Barros
Janaina Abdalla
Rita de Cassia Santos Freitas
CAPÍTULO 2
Caminhos da Pesquisa - Reflexões Metodológicas.....49
Nivia Valença Barros
Rita de Cássia Santos Freitas
Eliza dos Santos Lopes
Tania Mara Trindade Gonçalves
Joice da Silva Brum
José Nilton de Sousa
Leandro Soares de Sousa
Maria Tereza Azevedo Silva
CAPÍTULO 3
Análises dos Dados da Pesquisa: As Famílias
dos Adolescentes em Cumprimento de Medidas
Socioeducativas nas Unidades no DEGASE................ 95
Nivia Valença Barros
José Nilton de Sousa
Ida Cristina Rebello Motta
Wilma Lúcia Rodrigues Pessoa
CAPÍTULO 4
Falas, Expectativas, Angústias e Esperança no
Discurso das Famílias...................................................139
Nivia Valença Barros
Josélia Ferreira Reis
Ana Beatriz Quiroga
Maria Beatriz Barra
Eliana Lobo do C. Guedes
Paula Ferreira Reis
Rita de Cássia Santos Freitas
José Nilton de Sousa
Para finalizar...................................................................173
Autores e Pesquisadores...............................................179
7
APRESENTAÇÃO
S
im, os adolescentes que cumprem medidas socioeduca-
tivas e estão inseridos no DEGASE têm famílias. Parece
estranho fazermos esta afirmação, mas o apagamento
dessas famílias é um fato cotidiano. As famílias comumen-
te são evidenciadas apenas no processo de culpabilização e
criminalização. Sim, os “adolescentes do DEGASE” possuem
famílias. São inúmeras famílias preocupadas com esses me-
ninos. São inúmeras mães, sós e acompanhadas, que buscam
formas de estar com seus filhos. São famílias, em sua maioria,
pretas, pardas e pobres que sofrem com inúmeras vulnerabi-
lidades e violências. Sofrem com a violência estrutural, com a
violência doméstica e com tantas outras violências e violações
de direitos, além de sofrerem por seus filhos, netos, irmãos, so-
brinhos... Alguns dos adolescentes cometeram sérios delitos,
outros, nem tanto. Mas seja qual for a razão, existem famílias
neste contexto. E, se pensarmos que estamos falando de so-
cioeducação, as famílias deveriam ter uma participação muito
próxima e especial. Nosso olhar neste livro não focou nos ado-
lescentes, mas em suas famílias. Contudo, eles não deixaram
de estar presentes em toda a contextualização.
10 FA M Í L I A S N O D E G A S E
INTRODUÇÃO
E
ste livro foi escrito por muitas mãos. Os capítulos fo-
ram escritos, em grande parte, pelos envolvidos no
projeto, atuantes tanto na UFF, quanto no DEGASE,
sendo, portanto, uma construção coletiva. Os construtores
deste livro têm trabalhado arduamente, nas últimas décadas,
em prol da criança e do adolescente, principalmente daque-
les que cumprem medidas socioeducativas, pois a efetiva-
ção de um sistema realmente socioeducativo, ainda é uma
utopia. E, mesmo que haja um trabalho dedicado e contínuo
de muitos profissionais para a proteção desses adolescentes,
seus contextos de vida ainda são muito difíceis. Temos uma
dura realidade de jovens pretos e pobres, entre 15 e 29 anos,
como vítimas de assassinatos. Esses crimes são a maior cau-
sa de morte, que atingem a grande maioria dos residentes
14 FA M Í L I A S N O D E G A S E
CAPÍTULO I
E
ste capítulo tem como objetivo refletir sobre algumas
categorias que foram fundamentais para o desenvol-
vimento da pesquisa. Não temos como meta esgotar
a discussão acerca dessas categorias, mas apresentá-las de
modo que possam dar organicidade ao livro que aqui apre-
sentamos. Assim, ao desenvolvermos a Pesquisa sobre Famí-
lias no DEGASE, buscamos pensar sobre estas categorias. No
momento inicial, Famílias, Adolescência, Gênero, Violência
e Socioeducação foram elencados como fundamentais para
termos uma direção que contribuísse para, em uma pesquisa
24 FA M Í L I A S N O D E G A S E
C ons i d e r aç õe s finais
CAPÍTULO 2
CAMINHOS DA PESQUISA -
REFLEXÕES METODOLÓGICAS
Nivia Valença Barros
Rita de Cássia Santos Freitas
Eliza dos Santos Lopes
Tania Mara Trindade Gonçalves
Joice da Silva Brum
José Nilton de Sousa
Leandro Soares de Sousa
Maria Tereza Azevedo Silva
N
este capítulo buscamos descrever os caminhos tra-
çados pelo projeto Famílias no DEGASE e apresen-
tamos como foi o desenvolvimento em todas as suas
fases. Decidimos narrar o modo como o projeto foi construí-
do e posteriormente, detalhamos todo o caminho seguido.
A parceria dos Núcleos de Pesquisa sobre Direitos
Humanos e Cidadania/UFF, Núcleo de Pesquisa Histórica
sobre Proteção Social/CRD/UFF com o DEGASE, através
da Escola de Gestão Socioeducativa Professor Paulo Freire
(ESGSE) é de longa data. São décadas de intercâmbio inte-
50 FA M Í L I A S N O D E G A S E
Fac ç õe s e milícias
As e sc ol as nas Unidade s
As U ni dade s
O C e ntr o de Socioeducação Il ha do
Gove rnad or - CENSE IL HA
CAPÍTULO 3
E
m uma sociedade desigual e excludente, assim como
a nossa que, em consonância com outras sociedades
patriarcais e repressivas, têm como tônica a punição
dos pobres (Wacquant, 2003), a nova gestão da miséria se dá
com o encarceramento e internação da parcela segregada da
população. As desigualdades sociais pautam as políticas de
encarceramento para os adultos e de internação para adoles-
centes. Ao analisar este processo, BARROS (2005, p. 25), con-
sidera que as discriminações da população pobre, tratando-a
como “classe perigosa” contribuem para a demonização das
famílias das camadas pobres de nossa sociedade.
Os dados dos formulários das entrevistas analisadas
e a avaliação dos materiais estudados, a observação partici-
pante e os diários de campo, corroboram com esta perspec-
tiva e a análise de todo o material coletado torna evidente
96 FA M Í L I A S N O D E G A S E
P e rs p ectivas e e sperança
As v i olências vivenciadas
O Sofrimento
A E d u c aç ão nas famílias
CAPÍTULO 4
N
este capítulo, buscou-se tratar das singularidades
presentes em todo o processo de pesquisa, princi-
palmente, no que se refere às expectativas e angús-
tias percebidas no desenvolvimento do projeto, seja pelas fa-
mílias entrevistadas, como também pela equipe do projeto e
profissionais das Unidades, que no decorrer das visitas tam-
bém foram envolvidos. O principal instrumento de investi-
gação qualitativo utilizado para o tratamento das questões
aqui discutidas pautou-se em uma análise compreensiva, que
permitiu perceber as singularidades e os sentidos vinculados
140 FA M Í L I A S N O D E G A S E
Percentual
Mãe e outros 35,5
Mãe, pai e outros 15,2
Mãe, padrasto e outros 14,5
Parentes 10,9
Mãe 7,2
Pai 3,6
Pai, madrasta e outros 2,9
Companheiro(a) 2,9
Mãe e padrasto 1,4
Mãe, madrasta e outros 1,4
Mãe e pai 1,4
Pai e outros 0,7
Outros/não familiares 0,7
Sozinho(a) 0,7
Não sabe 0,7
Total 100,0
Percentual
Avó 0,7
Avó e mãe 1,4
Avó, mãe e outros 4,3
Avó, mãe, pai e outros 0,7
Avó e pai 0,7
Avó, pai e outros 0,7
Outros/sem avó 84,9
Avó e outros 6,5
Total 100,0
AS FAL AS DA EQUIPE
“Meu filho vivia com o tráfico, mas depois daqui ele vai
voltar pra casa…”
“Foram tantas as decepções, choro, oro…”
“Ele é meu neto, é da família…”
“Aqui sei onde ele está... ele vai ter acesso à educação,
cursos e não ficar ocioso.”
“Ela foi até no dentista...”
“É melhor ele ficar aqui dentro.”
“Prefiro ele aqui, pois lá fora ele se mete com más com-
panhias.”
“Aqui ele vai poder mudar, estudar e ter tratamento.”
C ons i d e r aç õe s Finais
PARA FINALIZAR…
P
ara finalizar, gostaríamos de começar falando a res-
peito do prazer que tivemos ao realizar essa pesquisa.
De um lado, este prazer veio do dia a dia desse proces-
so. Ao analisar nossa trajetória, percebemos o quanto ela foi
enriquecedora e instigante e, principalmente, como apren-
demos neste percurso. Aprendemos sobre as famílias do
DEGASE, mas aprendemos também sobre nós mesmas(os),
sobre as possibilidades de um trabalho coletivo feito a tantas
mãos. Foi uma experiência de valor pessoal, além de aca-
dêmico e a parceria UFF/DEGASE configurou-se como um
grande desafio e constitui-se uma estratégia de concretiza-
ção de ações. É inegável a riqueza trazida pelas ações con-
juntas para o atendimento às diversas demandas da política
socioeducativa.
O intercâmbio, para além dos muros da universidade,
é um viés extensionista que deve ser sempre potencializa-
do. Neste sentido, é importante o trabalho na perspectiva de
uma ecologia dos saberes (Santos, 2007; 1997), congregando
não apenas diferentes perspectivas teóricas, mas também
a possibilidade de uma interface entre o saber acadêmico e
174 FA M Í L I A S N O D E G A S E
mento para as famílias, pois estas ações não têm efeito so-
mente para elas, mas para os adolescentes e todos os envol-
vidos. Ao lembrar o modo como as famílias nos procuravam
para saber do que se tratava a nossa presença ali, fica muito
claro que elas querem também ser ouvidas em qualquer ati-
vidade que possa trazer algum benefício para os seus filhos.
Elas querem dialogar com a instituição e acreditamos que
isso pode ser um dos grandes benefícios dessa pesquisa: a
instauração de um canal de diálogo efetivo, com o repasse
claro das informações. Poder é saber, já dizia Foucault. Isso
se aplica aqui: quem sabe tem poder e sabe agir. Por isso, a
escuta atenta das famílias parece ser a principal demanda,
para além, é claro, do cuidado com os adolescentes.
Para concluir, é importante ressaltar que houve um
vínculo criado entre todos os envolvidos na pesquisa. Foi um
prazer trabalhar e aprender com todos.
179
AU TO R E S E PE SQUISAD ORE S