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Emile Durkheim, fundador da escola sociológica francesa no final do século xix e da revista

L'Année Sociologique em 1896 , em sua ultima fase metodológica publicou a obra as formas
elementares da vida religiosa, de significativa importância por apresentar os primeiros
delineamentos da sociologia do conhecimento, a qual através do estudo das religiões
primitivas (o totemismo) pode-se verificar como os homens encaram a realidade e constituem
uma certa concepção do mundo, que tem como resultado o consenso social.

Para Durkheim, o estudo da religião mais simples e primitiva conhecida em sua conjuntura
histórica ,esta encontrada em tribos totêmicas australianas é empreendido para
fins de compreensão da natureza religiosa do homem que, segundo ele, t de um aspecto
essencial e permanente da humanidade, já que, assumindo que todas as religiões são
comparáveis, o autor afirma haver elementos essenciais que lhes são comuns.

Tais elementos essenciais vão além de características exteriores e superficiais, em direção ao


pressuposto da existência de certo numero de representações fundamentais e rituais que,
apesar das diferentes formas em que são representadas, apresentam o mesmo significado e
exercem as mesmas funções, formando todo o conteúdo objetivo da idéia de eterno e humano
presente na religião de modo geral, justificando assim a comparação proposta por ele.

A Religião, para Durkheim é essencialmente social, pois o que está sendo ritualizado é a
noção de convivência em sociedade.Para ele ,todas as religiões são comparáveis, uma vez são
espécies do mesmo gênero e tem em comuns práticas rituais e representações coletivas. A
filosofia e a ciência partem da religião, uma vez que nela estava contida as faculdades de
pensamento acerca das questões posteriormente estudadas pela filosofia e
ciência .Depreende-se assim, que a religião é o exercício científico primeiro da humanidade.

Tal religião dita primeira, para ser considerada assim, deve seguir dois requisitos, sendo o
primeiro referente à sua organização não ultrapassável por nenhuma outra em simplicidade, e
o segundo que seja factível o seu estudo e analise sem tomar como base nenhum elemento
de qualquer religião antecessora, sendo este estudo parte de um objetivo maior do autor em
explicar o homem atual dentro de sua realidade, como acontece com as ciências positivas.

Para entender o motivo pelo qual se analisa uma religião antiga no intuito de compreensão da
humanidade atual tem-se a afirmação do autor de não existirem religiões falsas para o
sociólogo, já que para esse profissional elas sempre exprimem alguma necessidade humana,
algum aspecto da vida individual ou social, mesmo este fato sendo desconhecido pelo fiel, que
por sua vez, não tem tal visão ampla e nítida sobre a totalidade dos fatos que envolvem o seu
sistema religioso, cabendo ao cientista essa missão. Estendendo mais tal afirmação, as
religiões mais recentes, para Durkheim, só são compreendidas se a forma como foram
constituídas gradualmente for seguida na história, sendo esta o único método possível para
compreender tal progressão, permitindo esta ao cientista decompor uma instituição em seus
elementos constitutivos, indo do período mais recente ao mais primitivo.

Portanto, se nos dirigirmos às religiões primitivas não é com as idéias de depreciar a religião de
uma maneira geral, pois todas as religiões são respeitáveis. Todas desempenham o mesmo
papel, causas, portanto podem servir muito bem para manifestar a natureza da vida religiosa e
demonstrar o pressuposto inicial do autor em relação a serem as religiões comparáveis.
Sobre a religião de modo geral, Durkheim nos apresenta a idéia de que os primeiros sistemas
de representações que o homem produziu no mundo e de si próprio são de origem religiosa,
ou seja, não há religião que não seja uma cosmologia ao mesmo tempo em que uma
especulação sobre o divino. Se a filosofia e as ciências nasceram da religião, é que a própria
religião começou por fazer as vezes de ciência e de filosofia, sendo o entendimento do autor
sobre a religião como sendo um fato social que opera como fonte de coesão e integração
social, na lógica da relação entre sagrado e profano, uma forma de despertar a esperança e
fortalecer a solidariedade.

Um indivíduo não pode aproximar-se de sua religião enquanto estiver próximo de sua vida
profana e não pode retornar a sua vida profana quando o rito acaba de purificá-lo. Por mais
variados que sejam os interditos eles acabam levando a dois conceitos predominantes
e fundamentais das religiões.

A primeira delas é que a vida religiosa e a vida profana não podem coexistir
no mesmo espaço. Deste fundamento surge a instituição dos templos, espaços reservados ao
sagrado e que também servem de moradia aos seres sagrados. A segunda é que a
vida religiosa ea vida profana não podem coexistir ao mesmo tempo.
Por isso às religiões são atribuídos dias e períodos especiais para as festividades. O autor
ressalta que apesar de nenhuma religião ter se
manifestado sem esses dois tempos é praticamente impossível que a religião mantenha-
se apenas nos locais sagrados, pois sempre existem ritos praticados em dias úteis e objetos
sagrados fora de templos.

Durkheim conclui com entusiasmo que “a sociedade é o maior feixe


de forças físicas e morais cujo espetáculo a natureza nos oferece”.
E considera que se a reconhecemos acima dos indivíduos, como
um sistema de forças atuantes, é possível explicar o homem de
uma nova maneira.

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