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1.2.1.

Estudos na sociologia sobre Religião

O estudo da religião na Sociologia tem como clássicos nessas pesquisas


teóricos principais Emile Durkheim e Max Weber. Nessa especificidade da Sociologia
fundamenta-se no papel que a religião exerce na vida social dos indivíduos. Conforme
Weber (1991) que a religião é uma ação social, alicerçada em vivências,
representações, subjetividade com significados dos sentidos atribuídos pelos sujeitos
dela integrantes.
As religiões de matrizes africanas no Brasil fazem, inegavelmente, parte do
nosso panteão cultural, constituindo-se de um dos elos mais fortes com a África. Em
todas as partes do Brasil, é frequente encontrar pessoas de todas as raças irmanadas
pelo culto aos Orixás. Um aspecto importante a ser ressaltado é o significado da
matriz africana no que se refere à ideia da
As abordagens clássicas na sociologia relativo à abordagem da religião,
transita nas interpretações desta, como “fatos religiosos” e como fenômeno social. Os
sociológicos que realizaram importantes estudos foram Durkheim e Weber.
Émile Durkheim, entende o papel da religião para além de inferir sobre a
matéria espiritual ela forma
Com efeito, toda religião tem um lado pelo qual ela ultrapassou o
círculo das ideias propriamente religiosas e, através disto, o estudo
dos fenômenos religiosos fornece um meio de renovar problemas
que, até o presente, não foram debatidos senão entre filósofos.
Sabe-se desde muito tempo que os primeiros sistemas de
representações que o homem se fez do mundo e de si mesmo são
de origem religiosa. Não existe religião que não seja uma cosmologia
ao mesmo tempo que uma especulação sobre o divino. Se a filosofia
e as ciências nasceram da religião, é que a própria religião começou
por ocupar o lugar das ciências e da filosofia. Mas o que foi menos
notado é que ela não se limitou a enriquecer com um certo número
de ideias um espírito humano previamente formado; ela contribuiu
também para formá-lo. Os homens não lhe deveram apenas uma
notável parcela de matéria de seus conhecimentos, mas também a
forma segundo a qual esses conhecimentos são elaborados.
(Durkheim, 1983, p. 211).

Émile Durkheim (1996), entende que para pesquisar a religião, defini-la, não
é necessariamente importante, pois sendo a mesma um fato social, basta então,
definir o fato social. Por a religião um elemento essencial da vida social, entende
dessa forma que, “[...] é necessário e possível é indicar um certo número de sinais
exteriores, facilmente perceptíveis, que permitem reconhecer os fenômenos religiosos
onde quer que eles se encontrem” (DURKHEIM, 2003, p. 4).
Na sua obra “As formas elementares da vida religiosa”, tendo como foco o
Totemismo de povos primitivos na Austrália, ele se propõe “a estudar a religião mais
primitiva e simples atualmente conhecida, fazer a análise dela, tentar sua explicação.”
Na busca de apresentar da origem da vida social, chegando à conclusão que a religião
por excelência é um fenômeno social, nas quais as representações religiosas são
coletivas.
As representações religiosas são representações coletivas que
exprimem realidades coletivas; os ritos constituem modos de agir que
nascem dentro de grupos constituídos e são destinados a suscitar,
conservar e reproduzir tais estados mentais dos próprios grupos. [...]
as categorias são de origem religiosa, devem compartilhar a natureza
comum de todos os fatos religiosos: serem também elas entidades
sociais, produtos do pensamento coletivo [...] repleto de elementos
sociais. (DURKHEIM, 1996, p.25)

Weber (2000) tem uma concepção interacionista, na qual a religião e a


sociedade se interagem. Grosso modo, seria a compreensão de que religião não está
desprovida de racionalidade, existindo dessa forma um sentido da ação social dos
indivíduos movidos pela religião. Essa ideia está relacionada à sua visão da
sociedade como fruto de interações sociais, que ocorre num conjunto de ações sociais
de indivíduos. O que leva a afirmar que existe na religião “uma boa dose de legalidade
própria” (WEBER, 2016, p. 20)
Max Weber (2000), para compreender um fenômeno religioso, entende ser
necessário concluir um estudo sobre a mesma. Seu trabalho nesse campo de estudo,
pesquisou sobre a existência da relação entre economia e religião. Nesse sentido,
buscou a origem de uma consciência econômica condicionada a um conteúdo da fé
religiosa e as conexões de sentido existentes entre a ética e o capitalismo moderno
constituído em decorrência da “Reforma protestante alemã”. Analisando que entre as
ações dos religiosos e agentes econômicos, existi uma consolidação de uma ética
elaborada. Partindo de uma compreensão na qual o capitalismo é um meio das
relações de força na sociedade contemporânea. Em sua obra “A Ética Protestante e
o Espírito do Capitalismo”, o objeto de estudo é a ética protestante calvinista,
enquanto um fator social possível para entender o espírito capitalista, que
desenvolveu um comportamento e uma ética favorável ao desenvolvimento
econômico em país protestante. Nesse aspecto a acumulação de capital e realização
econômica profissional é um aspecto divino.
Nas reflexões posteriores na sociologia da religião evidencia as produção de
Bourdieu, seguidor de Max Weber, que arrola reflexões sobre o campo religioso, que
segundo o mesmo, trata a “a noção de campo contra Weber e, ao mesmo tempo, com
Weber, refletindo sobre a análise que ele propõe das relações entre padre, profeta e
bruxo" (1987a, p. 33, p. 63).
As reflexões de Pierre Bourdieu (2005, p.45) sobre campo religioso
enquanto campo do poder, vigora que:
Toda prática ou crença dominada está fadada a aparecer como
profanadora na medida em que, por sua própria existência e na
ausência de qualquer intenção de profanação, constitui uma
contestação objetiva do monopólio da gestão do sagrado e, portanto,
da legitimidade dos detentores deste monopólio. Na verdade, a
sobrevivência constitui sempre uma resistência, isto é, a expressão
da recusa em deixar-se desapropriar dos instrumentos de produção
religiosos. Por este motivo, a magia inspirada por uma intenção de
profanação é apenas o caso limite, ou melhor, a verdade da magia
como profanação objetiva: “A magia, diz Durkheim, apresenta uma
espécie de prazer profissional em profanar as coisas santas, em
seus ritos ela faz o contrário das cerimônias religiosas”. O feiticeiro
leva às últimas consequências a lógica da contestação do monopólio
quando reforça o sacrilégio provocado pelo relacionamento de um
agente profano com um objeto sagrado, invertendo ou caricaturando
as delicadas e complexas operações a que devem se entregar os
detentores do monopólio da manipulação dos bens religiosos no
intuito
de legitimar tal relacionamento.

Dentre os autores que tratam sobre as contribuições de Pierre Bourdieu para


os estudos de religião, estão Dianteill (2002; 2003); Löwy e Dianteill (2005), Verter
(2003) e Swartz (1996). A crítica da perspectiva do campo religioso têm em Erwan
Dianteill (2003, p.30), uma reflexão importante dessa inaplicabilidade
O campo religioso parece corresponder precisamente às religiões
históricas ocidentais, notadamente o judaísmo e o catolicismo
analisados em uma dialética entre relações internas e relações
externas. Uma definição da "religião" centrada no "campo religioso",
isto é, nas lutas entre especialistas nas suas relações com a estrutura
social global, certamente dificulta o estudo dos fenômenos religiosos
que escapam amplamente ao controle dos cleros. É importante
atentar para a "bricolagem" das crenças, a construção das linhagens
de fiéis durante a modernidade, a organização em redes de amadores
de esoterismo ou a organização não burocrática de certos
pentecostismos como fatos que permitem relativizar o poder das
instituições eclesiásticas.

Essas ideias quando aplicadas à religião afro-brasileira, constitui-se, um


dificultador, considerando que a sua estruturação investigatória para a religião cristã
e a depreciação dos aspectos mágicos nas atividades religiosas. Essa
compreensão da sociologia para o estudo da religião, são particularmente
dominante nas ideias deMarx, Weber e Bourdieu.
Weber, por exemplo, considera a mesma, desprovida de uma
dinâmicaestrutural religiosa por entende-la diferente de uma igreja.
O mágico tem uma clientela, não uma igreja, e seus clientes
podem perfeitamente não manter entre si nenhum
relacionamento, ao ponto de se ignorarem uns aos outros,
mesmo as relações que estabelecemcom o mágico são, em
geral, acidentais e passageiras, são em tudo semelhantes à
de um doente com seu médico (1996, p.28).

Arribas (2018, p.508), compreende que as análises de Pierre Bordieu


sobre o fenômeno religioso apresentam algumas limitações, mas por outro
lado, seus estudos que abarcam outros temas, que não a da religião consegue
suprir, senão total, pelo menos parcialmente algumas das deficiências
parcialmente apontadas nasua sociologia da religião.

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