Bourdieu (1999) enfatiza em seus estudos, que o método não deve
ser rígido, contudo, deve ser rigoroso. Em caso do uso de entrevistas, na transcrição da mesma deve-se considerar também os aspectos das entrevistas que provocou silêncios, risos, gestos, entonação de voz. Esses elementos caracterizam sentimentos importantes para a análise. O trabalho se insere na produção de dados dentro da metodologia de pesquisa qualitativa, que segundo Martins (2004, p.292): [...] o “fazer ciência” não segue um único modelo ou padrão de trabalho científico. Ao contrário, a sociologia foi sempre marcada pela diversidade de métodos (e de técnicas) de investigação e de métodos de explicação. Vejamos de forma bastante simplificada, no nível dos métodos e técnicas qualitativos o que significa “fazer ciência”. É preciso esclarecer, antes de mais nada, que as chamadas metodologias qualitativas privilegiam, de modo geral, da análise de micro processos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais.
Com todos os desafios, o trato metodológico aqui empregado, está
no campo da pesquisa qualitativa, em que serão utilizados instrumentos de investigação científica que auxiliará no estudo de estudar um grupo social, tão complexo. A pesquisa qualitativa na Sociologia nos leva a organizar a coleta de dados que oportunize pensar esse campo de pesquisa nas suas dimensões de relações coletiva e individual. Cabe ainda observar, que a metodologia qualitativa compreende que ela “designa uma variedade de técnicas interpretativas, tendo por objetivo descrever, decodificar, traduzir alguns fenômenos sociais que se produzem mais ou menos naturalmente” (GOMES, 2000, p.337). Na Sociologia as investigações qualitativas estão envolto a questões abrigadas de subjetivações, significações, fatos sociais, valores e crenças. Sobre as pesquisas relacionadas a religião no viés da sociologia. Becker (1999), ao tratar sobre metodologia, enfatiza da importância do pesquisador ser criativo nas suas pesquisas e não utilizar a metodologia 1 Parte do texto do TCC do curso de Sociologia. como uma camisa de força. Sobre isso ele faz a seguinte Em vez de tentar colocar suas observações sobre o mundo numa camisa-de-força de ideias desenvolvidas em outro lugar, há muitos anos atrás, para explicar fenômenos peculiares a este tempo e a este lugar, os sociólogos podem desenvolver as ideias mais relevantes para os fenômenos que eles próprios revelaram. Isto não significa que os sociólogos possam ignorar o pensamento e as ideias gerais que seus predecessores e seus colegas contemporâneos tenham criado. Porém, eles não precisam interpretar o que interpretam somente em termos do que lhes foi deixado por outros. Eles não precisam ficar sentados tentando decidir, como fazem muitos estudantes, se devem "usar" Marx ou Weber na análise de seus resultados. Qualquer sociólogo é tão livre e tão competente para inventar novas ideias e teorias quanto foram Marx, Weber e Durkheim [...] construção. Para fazê-lo, temos que adaptar os princípios gerais à situação específica que temos em mãos (p.13).
Cabe salientar que nesse trabalho a pesquisa qualitativa assumida é
também, aquela defendida por Martins (2004) que privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, na qual busca realizar um exame intensivo dos dados. E, caracterizada pela heterodoxia no momento da análise. Onde há necessidade do exercício da intuição e da imaginação pelo sociólogo, num tipo de trabalho artesanal, visto não só como condição para o aprofundamento da análise, bem como, o que é muito importante para a liberdade do intelectual. Ainda, é importante lembrar, que as participantes da pesquisa, compõe um grupo social pequeno, o que permite uma análise microssociológica, na qual as ações e interações sociais são percebidas no cotidiano. Nessa conjectura em que a investigação volta-se para as interações em pequenos grupos, também está subjacente as questões de hábitos, memória e representações. Brandão (2001) ao fazer uma leitura (de Corcuff, 1995) sobre as novas sociologias organiza questões fundamentais sobre as questões macro/micro na pesquisa. Nas ideias sobre microssociologia está,
supondo a incomensurabilidade do social, descarta as
tentativas de teorização mais geral sobre a sociedade, e procura construir hipóteses, a partir dos fragmentos microssociais, sobre a dinâmica do(s) mundo(s) social(ais); algumas vezes chega até mesmo a afirmar ser o mundo social uma permanente ilusão constituída pela recriação de papéis e situações, a partir das interpretações forjadas nas interações face a face e pela linguagem. Não haveria pois por que investir em teorias mais gerais sobre o mundo social. Tudo o que se poderia aspirar é um conjunto de interpretações subjetivas e ilusórias do ponto de vista do mundo da experiência (p.54).
Um outro aspecto, discutido pela autora, é que essa metodologia de
pesquisa, manipula “sempre com unidades sociais, ela privilegia os estudos de caso — entendendo-se como caso, o indivíduo, a comunidade, o grupo, a instituição”. Estaria aí, um dos maiores desafios, que “segundo os críticos, se encontraria na escolha do caso: até que ponto ele seria representativo do conjunto de casos componentes de uma sociedade?” (MARTINS, 2004, p.293). O estudo da religião na Sociologia tem como clássicos nessas pesquisas teóricos principais Emile Durkheim e Max Weber. Nessa especificidade da Sociologia. Émile Durkheim, por exemplo entendia que a religião colabora com a coesão social promovendo aspectos como solidariedade e inclusão dos sujeitos da sociedade.