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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

Licenciatura em Administração Pública


I°. Ano | II Semestre
Cadeira: Introdução a Ciências Sociais

Tema:
Carácter científico das ciências sociais (ciências sociais e influências ideológicas, interpretações
científicos sobre o mundo social)

Discentes: Docente: Drª. Leonência Munhemeze.


Alzira Sitoe

Maputo, Setembro de 2022

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ÍNDICE:
1. Introdução .................................................................................................................. 1
1.1.Objectivos ................................................................................................................ 1
1.1.1. Objectivo geral .................................................................................................... 1
1.1.2. Objectivo específicos ........................................................................................... 1
1.2.Metodologia ............................................................................................................. 1
2. Ciências sociais ..........................................................................................................2
2.1. conceito ...................................................................................................................2
2.2. O estudo das ciências sociais ................................................................................. 2
2.2.1. As três áreas de estudo das ciências sociais ........................................................2
2.3. A investigação em ciências sociais .........................................................................2
2.3.1. O âmbito de estudo das ciências sociais ............................................................. 2
2.4. influências ideológicas nas ciencias sociais. ...........................................................4
2.4.1. Novos significados de ideologia .......................................................................... 5
2.4.2. A ideologia segundo Marx ...................................................................................5
2.4.3. Função social da ideologia ..................................................................................6
2.4.4. Uso corrente do termo "ideologia" ......................................................................6
2.5. interpretações científicos sobre o mundo social ..................................................... 7
3. Conclusão ...................................................................................................................9
4. Bibliografia .............................................................................................................. 10

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1. Introdução
Neste presente trabalho irei apresentar uma discussão sobre o carácter científico das
ciências sociais (ciências sociais e influências ideológicas, interpretações científicos
sobre o mundo social). Essa transformação é indicada como se processando ao longo
de todo o processo de pesquisa, mas particularmente na escolha dos instrumentos de
pesquisa, na coleta de dados e informações, e na interpretação posterior do material
coletado. Assim, o cientista faz a construção de sua própria percepção do real,
apresentando-o sob outra construção literária, diferente, por exemplo, daquela dada
por pessoas que tenham sido entrevistadas. Procurarei aprofundar o debate acerca do
uso de dois procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa em ciências sociais,
quais sejam: a entrevista e a análise de conteúdo. No caso das entrevistas, transitarei
por aquelas com questionários semi estruturados e as com questionários não
estruturados. No caso da análise de conteúdo, terá foco a análise de documentos,
textos e de entrevistas. Apresentarei, por fim, alguns limites das abordagens clássicas
de análise de conteúdo.

1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Pretende-se com este trabalho Procurar aprofundar o debate acerca do uso de
procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa em ciências sociais.

1.1.2. Objectivo específicos


 Definir o âmbito de estudo das Ciências Sociais;
 Delimitar os paradigmas da investigação; e
 Salientar algumas questões e princípios éticos na investigação em Ciências
Sociais.

1.2.Metodologia
No que diz respeito a metodologia usada para fazer o seguinte resumo tenho a
destacar os seguintes: Uso de arquivos em pdf; Uso de livros e; Consultas em linha
acerca do tema abordado.

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2. Ciências sociais
2.1. conceito
As ciências sociais são uma ampla área de estudos voltada a entender a forma
de funcionamento, desenvolvimento e organização das sociedades.
Nas ciências sociais são estudados todos os aspectos importantes relacionados a uma
sociedade: suas origens, processos históricos, funcionamento, aspectos de
desenvolvimento, transformações sociais, conflitos, características culturais e hábitos.

2.2. O estudo das ciências sociais


As ciências sociais trabalham com a investigação e a pesquisa sobre os diversos
aspectos relacionados ao comportamento humano ao longo do tempo e como esses
comportamentos podem influenciar a estrutura de uma sociedade.
Para compreender o funcionamento da sociedade, além de estudar os fenômenos
sociais atuais, também são estudadas as origens históricas da sociedade, os processos
de desenvolvimento e os diversos comportamentos humanos.
Estuda-se como os aspectos sociais de um local influenciam e individualizam a
identidade de uma determinada sociedade. São pesquisados os acontecimentos sociais,
comportamentos individuais e coletivos, identidades do povo, hábitos culturais,
familiares e econômicos.
2.2.1. As três áreas de estudo das ciências sociais
As ciências sociais abrangem três diferentes áreas de estudo: a antropologia, a
sociologia e a ciência política.
 Antropologia: estuda as características da sociedade, como os hábitos culturais,
religiosos, econômicos e as estruturas familiares.
 Sociologia: estuda o funcionamento dos relacionamentos sociais entre os
indivíduos que fazem parte de uma sociedade.
 Ciência política: estuda o funcionamento da política, as ideologias, os regimes e
sistemas de governo e a forma como se desenvolvem as relações de poder.

2.3. A investigação em ciências sociais


2.3.1. O âmbito de estudo das ciências sociais
O conceito de Ciências Sociais ou como refere Nunes (1987), Ciências do Homem, só
existe numa concepção fragmentária, englobando um conjunto de ciências dispares e
desconexas. Neste contexto abrangente, Silva e Pinto (1986) apresentam como

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algumas destas ciências, a Sociologia, a Economia, a Psicologia Social e a
Antropologia, às quais, Nunes (1987) adiciona a Geografia Humana, a Demografia, a
Ciência Política, a Linguística e a Etnologia Social.
Tornando-se difícil definir qual o objecto de estudo comum a estas disciplinas, Piaget
designou-as de nomotéticas, dado que visam enunciar leis cientificas e recorrem a
métodos de verificação que sujeitam os esquemas teóricos, ao controlo dos factos da
experiência.
Silva e Pinto (1986) afirmam que o objectivo comum às ciências sociais, é a procura
do conhecimento da realidade. Não aprofundando as questões filosóficas inerentes a
esta delimitação, estes mesmos autores, definem essa procura, pela construção de
quadros categoriais, operadores lógicos de classificação e ordenação, mediante
processos complexos influenciados ainda pelas nossas necessidades, vivências e
interesses, construindo desta forma, instrumentos que nos proporcionem informação
sobre essa realidade e formas de a tornar inteligível, sem nunca se confundirem com
ela. Gurvitch (1963; cit. por Nunes, 1987) realça o facto de que a realidade estudada
por estas ciências, é uma só, sendo esta a condição humana considerada sobre uma
certa perspectiva e tornada objecto de um método de investigação específico.
Desta forma, as Ciências Sociais exprimem uma unidade (objectivo comum de
estudo), resultante da diversidade do estudo de diferentes fenómenos ou realidades,
presentes nas disciplinas nomotéticas. Contudo, é necessário mencionar que as
diferentes disciplinas anteriormente referidas e apesar de terem em comum o mesmo
objectivo de estudo, distinguem-se nas metodologias utilizadas, em 4 níveis (Nunes,
1987):
 os fins ou objectivos que orientam a investigação, ou seja, o que interessa aos
investigadores analisar, explicar e compreender;
 a natureza, condicionada por esses fins, dos problemas de investigação que os
investigadores definem como sendo aqueles sobre os quais a sua pesquisa deve
incidir;
 os critérios utilizados pelos investigadores, a fim de se seleccionarem as variáveis
relevantes para o estudo desses problemas; e,
 os métodos e técnicas de pesquisa empírica e de interpretação teórica que os
investigadores considerem adequados para trabalhar com as variáveis escolhidas,
resolver os problemas de investigação com que se defrontem e atingir os fins ou
objectivos visados.

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De acordo com Silva e Pinto (1986), as Ciências Sociais são uma criação recente de
uma civilização, pelo que o seu desenvolvimento tem sido influenciado por diversos
factores: (i) a sua própria evolução teórica; (ii) o dinamismo de outras ciências e
formas de saber; e, (iii) as características desiguais de diferentes contextos
institucionais e, em geral, sociais.
Numa perspectiva social, as acções humanas desdobram-se em práticas materiais e
simbólicas, relações com a natureza e relações com outros homens, no âmbito de
grupos com várias dimensões, dos grupos elementares como as famílias até às
organizações vastas a que chamamos sociedades.
Para Nunes (1987: 29), “a constituição das Ciências Sociais esteve directamente
relacionada com a possibilidade histórica de afirmação da autonomia do social; isto
é, com os desenvolvimentos sócio-económicos, políticos e teóricos, que nos séculos
XVII, XVIII e XIX, impuseram a ideia da existência de uma ordem social laica e
colectiva, não directamente determinada pela vontade divina, irredutível à acção
social e submetida a leis”.
Numa delimitação histórica, não é possível definir datas e períodos que sustentem a
formação das Ciências Sociais, dado que cada uma das disciplinas que constituem
este universo que designamos de Ciências Sociais, possui a sua própria história, no
decurso da qual acumulou um património especifico de paradigmas, teorias, técnicas e
métodos, obras de referência e manuais de ensino, circuitos de difusão de resultados,
esquemas de formação, competências, costumes, bem como, inércias profissionais
(Silva & Pinto, 1986).
Em suma, torna-se necessário referir que a estrutura e funcionamento dos
conhecimentos produzidos pelas Ciências Sociais, foram condicionados por outras
instituições e dinâmicas sociais, sobretudo nas nações industriais avançadas, em que a
investigação e tecnologia desempenham um papel crucial e por isso, estiveram
sujeitos a intensas procuras e pressões de diversas proveniências, entre as quais,
políticas, militares, económicas, entre outras (Silva & Pinto, 1986).

2.4. influências ideológicas nas ciencias sociais


O conceito ideologia foi criado pelo francês Antoine Louis Claude Destutt de Tracy
(1754-1836). Este filósofo o empregou pela primeira vez em seu livro "Elementos de
Ideologia", de 1801. para designar o "estudo científico das ideias".

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Destutt de Tracy usou alguns métodos e teorias das ciências naturais (física e biologia
basicamente) para compreender a origem e a formação das ideias (razão, vontade,
percepção, moral, entre outras) a partir da observação do indivíduo em interação com
o meio ambiente.

2.4.1. Novos significados de ideologia


Nas décadas seguintes à publicação do livro de Destutt de Tracy, o termo ideologia
foi utilizado com outros significados. Ele também reaparece de maneira recorrente
nos estudos dos filósofos e pensadores que fundaram a sociologia.
O francês Auguste Comte, criador da doutrina positivista, compartilha da definição de
Destutt de Tracy: a ideologia é uma actividade filosófico-científica que estuda a
formação das ideias a partir da observação do homem no seu meio ambiente.
Por outro lado, o sociólogo francês Émile Durkheim usa o termo de maneira distinta.
Para Durkheim, os fatos sociais são considerados objetos únicos de estudo da
sociologia. Na perspectiva durkheimiana, as ideias e valores individuais (ou seja, a
ideologia) são irrelevantes porque os fatos sociais são manifestações externas, isto é,
estão fora e acima das mentes de cada sujeito que integra a sociedade.
Portanto, para Durkheim, a ideologia é negativa porque nasce de uma noção "pré-
científica" e, por isso mesmo, imprópria para o estudo objetivo da realidade social.

2.4.2. A ideologia segundo Marx


A referência ao pensador e filósofo alemão Karl Marx, é muito importante para
qualquer estudo sobre os significados do termo ideologia. O estudo mais relevante de
Marx sobre o tema é o texto chamado de "A Ideologia Alemã". Para Marx, a
produção das ideias não pode ser analisada separadamente das condições sociais e
históricas nas quais elas surgem.
Em "A Ideologia Alemã", o fundador do marxismo dirige inúmeras críticas a vários
filósofos e ideólogos alemães justamente para demonstrar que o pensamento, as ideias
e as doutrinas produzidas por eles não são neutras. Muito pelo contrário, elas estão
impregnadas de noções, isto é, de ideologias provenientes das condições sociais
particulares da Alemanha daquele período.
Marx também distingue tipos de ideologias que são produzidas: política, jurídica,
econômica e filosófica. Com base nos pressupostos teóricos do materialismo histórico,

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o pensador alemão demonstra que a ideologia é determinada pelas relações de
dominação entre as classes sociais.
Ao se referir à ideologia burguesa, Marx entende que as ideias e representações
sociais predominantes numa sociedade capitalista são produtos da dominação de uma
classe social (a burguesia) sobre a classe social dominada (o proletariado).
A existência da propriedade privada e as diferenças entre proprietários e não-
proprietários aparecem, por exemplo, nas representações sociais dos indivíduos como
algo que sempre existiu e que faz parte da "ordem natural" das coisas. Essas
representações sociais, porém, servem aos interesses da burguesia, classe social que
controla os meios de produção numa sociedade capitalista.

2.4.3. Função social da ideologia


Na perspectiva marxista , a ideologia é um conceito que denota "falsa consciência":
uma crença mistificante que é socialmente determinada e que se presta a estabilizar a
ordem social vigente em benefício das classes dominantes. Quando a ideologia da
classe dominante sofre sérios abalos, devido ao surgimento de conflitos sociais
(contradições sociais), há riscos de ocorrer uma ruptura da ordem social vigente por
um movimento revolucionário.
Historicamente, a burguesia também foi uma classe revolucionária que rompeu com a
ordem social do feudalismo e impôs o modo de produção capitalista. Portanto, Marx
argumenta que na ordem social capitalista, o proletariado, ou seja, todos aqueles que
não são proprietários dos meios de produção e precisam vender sua força de trabalho
para sobreviver - são os sujeitos depositários da esperança de uma ruptura
revolucionária.
Para que isso ocorra, entretanto, o proletariado precisa primeiramente romper com a
ideologia burguesa. E isso só se torna possível quando ele toma consciência de sua
condição de classe dominada e explorada.
2.4.4. Uso corrente do termo "ideologia"
Nas pesquisas sociológicas empíricas (ou seja, de caráter não-teórico), é bastante
comum o emprego do termo ideologia. Porém, ele é utilizado como recurso
metodológico.
O objetivo é somente descrever o conjunto de ideias, valores ou crenças que orientam
a percepção e o comportamento dos indivíduos sobre diversos assuntos ou aspectos
sociais, como, por exemplo, as opiniões e as preferências que os indivíduos têm sobre

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o sistema político vigente, a ordem pública, o governo, as leis, as condições
econômicas e sociais, entre outros.

2.5. interpretações científicos sobre o mundo social


Para Dilthey, o método científico físico-matemático corresponderia a
um conhecimento explicativo, enquanto o método científico histórico estaria
vinculado a um conhecimento compreensivo. Assim, as Ciências do Espírito
abordariam as manifestações da vida e as objetivações do homem no mundo social e
histórico, e o principal modo de acessá-la seria através da compreensão.
O sociólogo e Acadêmico Simon Schwartzman explica esse conceito da seguinte
maneira: “pensemos em um antropólogobuscando relacionar as crenças religiosas de
uma sociedade com seu sistema familiar, ou um historiador tratando de entender o que
levou um país para a guerra ou a uma revolução social, ou ainda um crítico literário
buscando interpretar a obra de um autor em função da cultura de seu tempo, ou um
jurista buscando entender as normas do que é permitido ou proibido em determinadas
sociedades. Em todos estes casos, o pesquisador busca interpretar ou compreender o
que está estudando em função do contexto mais geral da sociedade, da cultura ou
do tempo histórico de que está tratando. Seu método é, em outras palavras,
“compreensivo” – não basta descrever o objeto de estudo, ou relacioná-lo com outros,
é necessário entender o seu sentido“.
Schwartzman afirma que, da mesma maneira que as ciências naturais, as ciências
humanas e sociais fazem uso de observações sistemáticas, modelos
matemáticos, análises estatísticas e experimentos, ao tratar de fenômenos sociais –
instituições, movimentos populacionais, comportamentos, atitudes, preferências,
conflitos, tecnologias.
Segundo o sociólogo, Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895)
adaptaram o evolucionismo (desenvolvido, a princípio, para as ciências naturais) para
a interpretação da história e das sociedades, supondo que estas passavam de fases
mais primitivas e atrasadas para outras mais modernas e desenvolvidas. Essa ideia
marcou boa parte da produção das ciências sociais e das humanidades nos últimos 200
anos. Já o sociólogo, historiador e economista Max Weber (1864-1920) acreditava
que as sociedades deviam ser interpretadas a partir da cultura e
da religião das principais civilizações e de comparações históricas. Além disso, ele
dizia que a definição de modelos de organização social e política deveriam servir de

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referência para a análise empírica de casos históricos concretos, criando, assim,
uma “sociologia compreensiva”.
Schwartzman diz, no entanto, que foi Émile Durkheim (1858-1917) quem inaugurou a
sociologia como ciência social à maneira das ciências naturais, ao defender que era
preciso olhar os fatos sociais “como se fossem coisas” e fazer uso das estatísticas para
verificar as relações entre diferentes fenômenos sociais. O Acadêmico afirma que,
enquanto isso ocorria na sociologia, no início do século 20, outras inovações se
passavam na economia e na psicologia: “Cada vez mais, as estatísticas passaram a ser
utilizadas para descrever e depois interpretar as relações entre fenômenos sociais
medidos de forma sistemática, seja pelos institutos de estatística governamentais, seja
através de pesquisas por amostragem”.
Porém, de acordo com Schwartzman, apesar de grandes avanços nas ciências sociais
de tipo empírico, formal e quantitativo, as interpretações de tipo histórico e cultural
não foram abandonadas. Assim, um profissional precisa saber conviver com os dois
lados – ou seja, deve ser familiarizado com o uso da matemática e da estatística, com
a obtenção e análise de dados e o trabalho com experimentos, além de
ter conhecimentos históricos, a fim de entender processos de grande duração e
amplitude e comparar resultados atuais com os do passado.
Na prática, as ciências sociais e humanas utilizam o método na investigação científica
sobre a realidade social, ou seja, na aplicação de técnicas de pesquisa científica a
situações e problemas concretos em um contexto social, para os quais se buscam
respostas e novos conhecimentos.
Segundo a “Teoria da Prática”, do cientista social Pierre Bourdieu (1930-2002), essa
investigação científica significa “ir ao cotidiano, questionar o banal para nele ver não
o imediato e o banal, mas as grandes estruturas; significa pesquisar histórias de
pessoas comum, das ditas camadas subalternas, sua trajetória, seu cotidiano,
entrevistá-las, para assim analisar o significado real das macroestruturas (…)”

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3. Conclusão
As entrevistas, através de questionários semiestruturados e de forma não diretiva, são
compreendidas aqui, portanto, como procedimentos metodológicos que podem
produzir ótimos resultados na realização da pesquisa social, mesmo que consideradas
as diferentes restrições de cada caso, apresentadas ao longo deste artigo. Quando a
pesquisa social que se pretende trabalhar está no campo da sociologia política, área do
interesse do autor deste ensaio, acredita-se que tais procedimentos são certamente
bastante acertados. Apenas entrevista, no entanto, não dá cabo do conjunto que
perpassa a ação e a trajetória de líderes sociais, mediadores, políticos de carreira,
dentre outros atores sociais relevantes. Assim, além das entrevistas, a análise do
discurso político, dos dados e informações documentais das diferentes
institucionalidades locais e das diferentes organizações que as compõem, são
procedimentos necessários.
Neste contexto, a análise de conteúdo e dentro dela, a análise de enunciação, análise
de discurso, bem como o estudo minucioso de cada entrevista operada e do conjunto
delas, são procedimentos necessários para a qualidade dos resultados desejados. Isto
sem perder de vista que não se está falando apenas em análise dos enunciados em si,
mas buscando analisar o contexto que cerca cada enunciado. O cientista reapresenta
textos e contextos reconstruídos comunicativamente, a partir de outros universos
cognitivos. Ele reconstrói textos e contextos em sua elaboração literária, a qual ele
apresenta como apropriada, e científi ca. Como neste processo ocorre uma
transformação dos conteúdos, revela-se necessário assumir e explicitar a partir de qual
base epistemológica fala o cientista.

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4. Bibliografia
 BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: 1977 (Ed. Francesa). Edições
70. BAUER, Martin W.; GASKELL, George (ed.). Pesquisa qualitativa com
texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2003.
 BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas: o que falar quer dizer. 2ª
ed. São Paulo: Edusp, 1998.
 BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 1999.
 GHIGLIONE, Rodolphe; MATALON, Benjamin. O inquérito: teoria e prática. 3ª
ed. Oeiras: Celta Ed., 1997.
 HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1989.
 MICHELAT, Guy. Sobre a utilização da entrevista não-diretiva em sociologia. In:
THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete
operária. São Paulo: Polis, 1980.
 THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete
operária. São Paulo: Polis, 1980.

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