Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

HOLIVER HILAN LAROCA ROSA

CARACTERÍSTICAS E APROXIMAÇÕES ENTRE A PESQUISA QUALITATIVA E


QUANTITATIVA E SUA RELEVÂNCIA PARA A PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL

PONTA GROSSA
2022
HOLIVER HILAN LAROCA ROSA

CARACTERÍSTICAS E APROXIMAÇÕES ENTRE A PESQUISA QUALITATIVA E


QUANTITATIVA E SUA RELEVÂNCIA PARA A PESQUISA NO SERVIÇO SOCIAL

Trabalho apresentado à disciplina de Pesquisa em


Serviço Social do Curso de Serviço Social da
Universidade Estadual de Ponta Grossa para obtenção
de nota parcial semestral

Prof.a Dr.a Jussara Ayres Bourguignon

PONTA GROSSA
2022
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO …………………………………………………………………..04
2. DESAFIOS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE CARÁTER
SOCIAL………………………………………………………………………... …05
3. MÉTODOS DE PESQUISAS UTILIZADAS NAS CIÊNCIAS HUMANAS E
SOCIAIS PELA ÓTICA DE CHIZZOTTI, MARTINELLI, CERVI E
PRESTES…………………………………………………………………………..06
3.1 Características e aproximação sobre o Método Experimental …………….06
3.2 - A pesquisa qualitativa nas ciências sociais pela ótica de Antonio Chizzotti e
Maria Lúcia Martinelli. …………………………………………………………..07
3.3 - A pesquisa quantitativa: o empirismo, técnicas e sua finalidade…………09
3.4. A utilização da Pesquisa Mista nas ciências sociais e suas relevância para o
Serviço Social………………………………………………………………………10

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS …………………………………………………….11


5. REFERÊNCIAS …………………………………………………………………..13
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho possui como objetivo central apresentar as características
existentes entre os diferentes tipos de pesquisa, assim como, realizar um processo de
aproximação entre essas metodologias de pesquisa. Como objetivo secundário, busca-se
realizar uma reflexão acerca da sua pertinência para a pesquisa na área social. Este trabalho é
o resultado de uma sistematização das principais ideias oriundas de um debate realizado em
sala de aula, atividade realizada na Disciplina de Pesquisa em Serviço Social do curso de
Serviço Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa, ministrado pela Prof.a Dr.a Jussara
Ayres Bourguignon. O referencial teórico usado neste trabalho, está centrado nos seguintes
referências bibliográficas: Desafios da Pesquisa Social, de Minayo; Pesquisa Experimental e
Pesquisa Qualitativa, ambos escritos por Antonio Chizzotti; Pesquisa Qualitativa, da autora
Maria Lúcia Martinelli; Pesquisa Quantitativa de Emerson Cervi e Pesquisa Mista escrita por
Jana Prates.
O trabalho está estruturado de forma que apresente os aspectos de cada tipo de
pesquisa, categorizando os autores e as suas respectivas elaborações acerca da tipologia de
pesquisa.. Inicialmente será abordado a Pesquisa Experimental, onde se buscará compreender
os elementos centrais que o compõem, assim como, a sua contribuição nas demais pesquisas.
Após isso, foi realizada uma sistematização dos elementos que materializam as pesquisas
qualitativas, quantitativas e a pesquisa mista. Enfim, para a conclusão deste trabalho, foi
realizada uma reflexão sobre a relevância da pesquisa para o Serviço Social. Com este
trabalho, busca-se realizar um movimento de aproximação sobre os diferentes métodos
usados nas ciências sociais, potencializando o aporte teórico dos envolvidos na elaboração
deste trabalho.

2. DESAFIOS PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE CARÁTER SOCIAL.

A ciência em si se desenvolve em um campo composto por diversas contradições e


relações de conflitos, sendo necessário a utilização de metodologias específicas para a
elaboração deste campo científico, Isso ocorre tanto no ambito das ciencias naturais, que
buscam entender como se dão os fenômenos físicos e naturais, como também no âmbito
social/humano, onde estes buscam compreender a complexidade da realidade social.
Minayo (1996) aponta o objeto das Ciências Sociais é histórico, visto que este
corresponde ao movimento da sociedade humana, desde a sua origem, desenvolvimento e
transformação das suas características em um espaço delimitado em um recorte temporal,

4
levando em consideração a constância histórica, respeitando a identidade entre sujeitos e
objetos a serem trabalhados.
Para que esse trabalho se desenvolva, é necessário elaborar uma metodologia de
trabalho que vise o aprimoramento do conhecimento científico. A pesquisa social é o
elemento fundamental para este processo. Minayo (1996) salienta que as técnicas utilizadas
pelo pesquisador se constituem na forma de abordagem nos instrumentos de
operacionalização utilizados, realizando uma abordagem baseada numa teoria sem desprender
da questão do método da pesquisa, pois ambos os elementos se constituem como categorias
indissociáveis, sendo estes instrumentos a base da ciência, pois é com a sua
operacionalização que será possível conhecer o mundo social, fomentando o conhecimento já
produzido sobre a realidade concreta, realizando um movimento vinculado entre o
pensamento e ação.
A pesquisa pode ser realizada em diferentes áreas do conhecimento, se utilizando de
diferentes técnicas e instrumentos. Tais técnicas podem possuir um caráter qualitativo,
quantitativo, misto ou experimental. Outro instrumento necessário para a realização deste
processo, é a escolha da perspectiva que norteará o processo de pesquisa - neste item leia-se
teoria social. Em seu artigo, Minayo (1996) apresenta três correntes teóricas que podem
nortear o pesquisador, sendo elas: o Positivismo, teoria esboçada por Augusto Comnte, que
busca realizar um estudo da realidade social a partir da objetividade; o Compreensivismo,
teoria oriunda de Max Weber, que busca apresentar a subjetividade como fundamento da vida
social, ligada a questão da objetividade nas ciências sociais; e por último o Marxismo, ou
Teoria Social de Karl Marx. Netto (2011) aponta que esta corrente filosófica busca
compreender a realidade a partir do método do materialismo-histórico dialético, esse visa
realização de sucessivas mediações nos diversos fatores que compõem as relações
econômicas, materiais e sociais, e que resultam a realidade que nos é imposta hoje ou a
realidade de determinado objeto. Destaca-se que essa última corrente, possui um caráter
crítico revolucionário, pois ela ultrapassa a objetividade ou essenciais dos fenômenos, pois
busca entender os objetos a partir das suas raízes e dos seus condicionantes.
Como já citado, o campo da realidade social é um campo composto por contradições e
conflitos. Para aderir o grau de cientificidade na construção de conhecimento, o pesquisador
deve realizar um laborioso estudo sobre os objetos postos, e para isso, é necessário entender
qual a metodologia mais adequada para a realização deste processo de pesquisa.

5
3. MÉTODOS DE PESQUISAS UTILIZADAS NAS CIÊNCIAS HUMANAS E
SOCIAIS PELA ÓTICA DE CHIZZOTTI, MARTINELLI, CERVI E PRESTES

Diante deste cenário, precisou-se elaborar novas metodologias de pesquisa para a àrea
humana e social, pesquisas que não apenas considerassem os dados como fatos isolados, mas
considerando a visão do sujeito pesquisador ao observar o mundo real, realizando um
processo de interpretação dos fenômenos buscando lhes atribuir um significado.
Nos parágrafos que se seguem, pretende-se realizar uma apresentação sobre os
diferentes tipos de metodologia de pesquisa, direcionado a prática para pesquisadores das
áreas sociais e humanas, com um enfoque para a atuação do Serviço Social. No entanto,
inicialmente será realizado uma aproximação sobre o método experimental, pouco usado nas
ciências humanas e sociais, visto que este busca a exatidão dos fenômenos, sendo inviável a
sua utilização nas ciências sociais já que estas são movidas pelos movimentos coletivos,
micro e macro estruturais (CHIZZOTTI, 1991). Após isso, será tratado sobre as metodologias
usadas nas ciências sociais e humanas.

3.1 Características e aproximação sobre o Método Experimental

Este método de pesquisa é utilizado majoritariamente por pesquisadores das ciências


naturais, sendo um método não utilizado nas ciências humanas e sociais. Diante disso,
justifica-se a brevidade da aproximação aqui descrita.
Chizzotti (1991) aponta que tal método é fundamentado em pressupostos positivistas.
Partindo da objetividade, o pesquisador procura realizar uma união de duas variáveis a fim
de encontrar uma terceira variável que comprove ou não a sua hipótese sobre determinado
objeto. Neste processo destaca-se a neutralidade do pesquisador, onde este precisa-se abster
das características que sua subjetividade carrega.
Apesar de ser pouco ou nada utilizado nas ciências sociais, não se pode negar a
relevância desse método, uma vez que fornece uma gama de técnicas e ferramentas para o
desenvolvimento de pesquisas, técnicas essas que estão presentes nas demais metodologias de
pesquisas já elaboradas. Para exemplificar, tal método é usualmente utilizado na obtenção de
dados quantitativos, método este utilizado em outras esferas do conhecimento. Segundo
Chizzotti (1991), as principais técnicas utilizadas para a obtenção de resultados são:
observação sistêmica, questionário semiestruturado ou estruturado, entre outros aspectos.

6
A estruturação deste processo de pesquisa, conforme Chizzotti, pode ser estruturada
em quatro etapas:a determinação do problema, a organização da pesquisa, a execução da
pesquisa de campo e a redação do texto. Tais etapas compõem a estruturação de outras
metodologias de pesquisa, como será abordado posteriormente.

3.2 - A pesquisa qualitativa nas ciências sociais pela ótica de Antonio Chizzotti e
Maria Lúcia Martinelli.

Para Chizzotti, a pesquisa qualitativa tem como aporte filosófico a perspectiva


oriunda da Fenomenologia e da perspectiva dialética. A primeira busca entender e conhecer o
cotidiano de forma familiar, levando os fenômenos, sendo necessário ir além do que se
manifesta, indo atrás do oculto por trás de determinado objeto; já a segunda concepção busca
compreender como se dá a relação do objeto pela articulação dinâmica entre o sujeito e o
objeto no processo de construção de conhecimento, sendo o objeto o norteador dos
procedimentos do pesquisador (NETTO, 2011)
Para a realização desta metodologia de pesquisa, o sujeito pesquisador precisará
passar por um processo constituído por cinco etapas. O quadro a seguir elenca tais aspectos.

QUADRO 1 - ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA PESQUISA QUALITATIVA


SEGUNDO CHIZZOTTI.
ASPECTOS DESCRIÇÃO

Delimitação e Problema decorre de uma delimitação espacial e/ou temporal onde o objeto se
formulação do encontra; realizado o processo de exploração e apreensão dos contextos onde o
problema a ser objeto esteja inserido, sejam eles ecológicos ou sociais - campo onde será
pesquisado realizado o processo de pesquisa.

Sujeito pesquisador como fundamental da pesquisa qualitativa, onde precisa-se


Pesquisa se desprender de qualquer ideário pré-estabelecido, se tornando adepto das
manifestações emergentes da realização do processo.

Sujeitos participantes do processo de construção do conhecimento, onde estes


dão subsídios para o desenvolvimento da pesquisa, pois estão inseridos no
Pesquisados
cotidiano do objeto, trazendo assim, as suas considerações práticas advindas do
senso comum.

Dados Todos os dados e/ou fenômenos possuem o mesmo grau de importância e


relevância para o desenvolvimento da pesquisa. Sendo necessário buscar o que

7
se manifesta e o que está velado.

Para este método de pesquisa, é dado o enfoque para as seguintes técnicas: a


Técnicas observação participante, história ou relatos de vida, análise de conteúdo,
entrevista semi estruturada, etc

Fonte: Organizado pelo autor, 2022

É com a organização desses elementos que a metodologia da pesquisa qualitativa


ganha materialidade.
Para Martinelli (1999), a pesquisa qualitativa busca elencar diversos elementos em
sua prática. Ela estabelece como um desses elementos como o trabalho sobre as narrativas
coletivas ou individuais sobre determinado fenômeno, onde feita análise do relato se
conseguiria compreender alguns elementos que constituem, sendo impossível realizar uma
análise da concepção dos sujeitos a partir da análise de dados quantitativos.
Nesse intuito de compreender as multifacetas que regem determinados fenômenos,
Martinelli destaca a importância de desenvolver uma postura interdisciplinar na prática da
pesquisa, realizando a interlocução de múltiplos saberes para a produção de práticas que
possuam uma dimensão com caráter coletivo, não deixando tais práticas estritamente ligados
para um campo restrito, tanto para o campo de conhecimento quanto para o campo onde está
localizado o foco do estudo. - Trabalha com narrativas individuais ou coletivas. Nesse
processo, a autora destaca a importância de considerar a subjetividade dos sujeitos, uma vez
que estes tornam-se os mediadores entre as percepções da realidade que os cercam para como
o pesquisador, transformando o contato direto com o sujeito de pesquisa como algo
fundamental para a elaboração qualitativa.
Apesar destes itens, não se pode desenvolver a compreensão que apenas dados
qualitativos dão conta de sanar todas as facetas dos fenômenos, é necessário ir mais afundo,
partindo da utilização de outras fontes, técnicas e concepções, desenvolvimento uma relação
de complementaridade e articulação entre as demais ferramentas da pesquisa.
Com esses elementos, Martinelli destaca que a pesquisa pode ter um caráter inovador,
retornando para a realidade dos sujeitos com uma percepção crítica e criativa sobre a
realidade social.
Com estas exposições, tenta-se realizar um apanhado sobre as características que
norteiam e compõem a pesquisa qualitativa. No entanto, como já citado, para a realização das
pesquisas muitas vezes se utiliza de outras ferramentas ou técnicas. Tais itens podem ser
encontrados em outras tipificações de pesquisa, sendo uma das mais utilizadas a pesquisa de

8
viés quantitativo. O item a seguir trata-se da perspectiva das pesquisas quantitativas, pela
ótica de Emerson Cervi.

3.3 - A pesquisa quantitativa: o empirismo, técnicas e sua finalidade.

Em seu artigo, Cervi busca realizar uma discussão sobre o papel dos métodos
quantitativos como ferramenta de pesquisa empírica nas ciências sociais. Para que esta
metodologia se efetive, é utilizado o quantitativo, conjunto de técnicas de pesquisa social e
análise. A cientificidade nas ciências sociais é baseada na síntese entre o racionalismo e o
empirismo. Nesse sentido, Cervi (2009) aponta a inviabilidade de quantificar, medir ou
contar qualquer coisa que não tenha uma classificação existente. Sendo assim, para realizar
uma pesquisa quantitativa, o pesquisador deve partir de um objeto que já tenha sido
pesquisado, é necessário apreender alguns elementos antes de se iniciar a pesquisa, pois é
com a delimitação do objeto que se pode realizar o planejamento de técnicas qualitativas, já
que busca medir um objeto já pesquisado (CERVI, 2009).
O empirismo é a perspectiva mais comum nas pesquisas quantitativas, dado que esta
perspectiva dá a base para uma análise sobre a realidade, podendo resultar em dados
secundários quantificados sobre determinada realidade social, quando eles já estão
disponíveis ou a partir de dados primários, oriundos da própria ação da pesquisa.
Para que esta metodologia seja operacionalizada, os pesquisadores aplicaram um
conjunto de técnicas a fim de obter as respostas para o seu objeto de pesquisa. Cervi aponta a
aplicação de questionários e a análise de fontes de dados primários estatísticos como a
ferramenta central deste processo. Com aplicação desta técnica, o pesquisador pode traçar
uma descrição da quantidade características de determinada população, o estabelecimento de
relações causais entre variáveis já conhecidas, e a realização de inferências a partir de
resultados obtidos em amostras representativas de populações mais amplas (CERVI, 2009).
As etapas do processo empírico qualitativo é constituído pela análise das ideias e dos
conceitos, após este estágio o pesquisador busca encontrar as suas evidências com a pesquisa
de campo. O terceiro estágio seria o da análise dos resultados obtidos, visando compreender
as representações que perpassam os objetos de estudo. Cervi (2009) destaca que com este
processo, seria possível destacar a identificação de padrões gerais dos elementos integrantes
da realidade e as relações que existem entre eles; conhecer estes padrões permite ao
pesquisador a possibilidade de comparar dados da realidade.

9
Por se tratar de uma pesquisa de caráter empírico, esta se torna uma pesquisa
organiza, onde o pesquisador sujeito que está inserido em determinado contexto, vai realizar
um diálogo entre o objeto, permitindo um refinamento das teorias já existentes (CERVI,
2009)
Com essas considerações, Cervi define a pesquisa social quantitativa como uma das
formas de representação de fenômenos significativos da sociedade, partindo de de um
conjunto de técnicas, seria possível quantificar os padrões existentes e as relações entre as
características do objeto, sendo necessário um conhecimento prévio do fenômeno a ser
estudado.
Além das técnicas, em seu texto Cervi contextualiza as três finalidades que o
pesquisador deve considerar ao elaborar uma pesquisa quantitativa para que essa gere
resultados estéreis. Sendo elas: tratar das concepções para explicar possíveis temas de
causas; expressar explicações multivariadas, realizar a seleção de casos a serem analisados
que permitam a generalização dos resultados e por último realizar a definição de medida
empírica relacionada a um conceito teórico. Sendo estes os pontos centrais para a elaboração
de um estudo quantitativo que aprenda e crie conhecimentos de determinada realidade social.

3.4 A utilização da Pesquisa Mista nas ciências sociais e suas relevância para o
Serviço Social

A realização da pesquisa mista consiste basicamente na junção entre os aspectos das


pesquisas qualitativas e quantitativas para pesquisar a realidade do pesquisador, já que estes
partem de realidades distintas mas, quando articulados, dão a essência de determinado
fenômeno. Prates (2012) aponta que a interlocução entre esses dados proporciona a expressão
do movimento real, onde os elementos qualitativos e quantitativos, subjetivos e objetivos
expressariam as manifestações do objeto.
Utilizando desta articulação, tal método é mais coerente e está mais próximo ao
método marxiano de investigação, método citado anteriormente por Minayo (1996). O
método em Marx é composto por três categorias fundamentais, na época usadas para entender
o movimento real da sociedade burguesa, sendo elas a mediação, a totalidade e as
contradições (NETTO, 2011)
Netto aponta que a articulação entre essas três categorias auxilia o pesquisador a
realizar a reprodução ideal do movimento real do objeto a ser estudado. Para o serviço social,
tal método é de extrema relevância, uma vez que a sociedade atual é resultado das relações

10
sociais, materiais e econômicas, oriundas da relação capital versus trabalho. Como resultado,
a sociedade em si é um campo composta por diversas contradições e diversas totalidades,
totalidades que são formadas por totalidades menores e, que sem o movimento das
contradições, seriam totalidades inertes que não resultam no movimento do objeto (NETTO,
2011). Quando o pesquisador se depara com este cenário, é necessário realizar diversas
aproximações sobre as facetas que determinam o objeto. É nesse sentido que a concepção
filosófica marxista é inserida neste processo de investigação na pesquisa .
Como citado anteriormente, a pesquisa mista procura realizar a interlocução entre os
dados qualitativos (relatos, histórias, experiências, onde se manifesta a subjetividade de cada
objeto etc) com os dados objetivos (dados coletados quantitativamente), com o adesão do
método marxista é possível realizar uma leitura sobre os determinados fatores que compõem
o objeto, não ficando apenas na aparência do mesmo, mas entrando na sua essência, no que
está oculto.
A pesquisa mista é uma excelente ferramenta para a construção do conhecimento
acerca da realidade dos fenômenos. Produzir conhecimento é uma tarefa imprescindível para
o serviço social, uma vez que este está intrínseco no movimento real dos macro fenômenos
sociais, assim como no campo da singularidade e particularidade dos sujeitos. Realizando o
processo de desvendamento do real, trazendo do abstrato para o concreto. Prates (2012)
pontua que esta análise da realidade subsidia a intervenção a ser realizada, dando coerência,
consistência e concretude aos objetos a serem investigados. O método em marx e a pesquisa
mista possuem um caráter transformador da realidade posta, partindo da utilização de
elementos dedutivos e indutivos, da valorização da subjetividade dos sujeitos e a valorização
dos resultados, consegue-se obter uma excelente ferramenta para a compreensão da realidade
social, elemento norteador do Serviço Social.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adoção de metodologias de pesquisa é um elemento fundamental na construção do


conhecimento científico em todas as esferas do conhecimento. Este trabalho procurou
sistematizar de forma sucinta as principais metodologias utilizadas na pesquisa no campo
social. Podemos observar como cada metodologia é constituída: a pesquisa experimental,
usada nas ciências naturais, onde o pesquisador realiza a sua pesquisa em um espaço
condicionado, como um laboratório, e realiza a aplicação de novas variáveis visando
comprovar a sua hipótese; as pesquisas qualitativas, que visam levantar elementos empíricos

11
da realidade dos sujeitos que cercam determinado objeto de estudo, onde a subjetividade dos
pesquisados é de fundamental importância; a pesquisa qualitativa, que visa medir, quantificar
e encontrar padrões a partir da análise de dados, sendo preciso ter um conhecimento prévio
do objeto para a efetivação desta metodologia; e por fim a pesquisa mista, onde é realizada a
junção das demais pesquisas a fim de entender, compreender e intervir em determinada
realidade, partindo de uma perspectiva transformadora.
Nota-se também a relevância da concepção filosófica de Karl Marx para o processo
de construção da cientificidade nas ciências sociais e humanas, dado às categorias teóricas
que compõem o método de Marx. Sendo assim, destaca-se a importância de compreender as
características de cada tipologia de pesquisa, pois é a partir desta ferramenta que se
conseguirá compreender os fenômenos que perpassam a realidade social, essa última
considerada como o elemento central para a atuação do Serviço Social.

12
Referências

CERVI, Emerson Urizzi: Métodos quantitativos nas ciências sociais: uma abordagem
alternativa ao fetichismo dos números e ao debate com os qualitativistas. In
BOURGUIGNON, J.A.(org). Pesquisa social: reflexões teóricas e metodológicas. Ponta
Grossa, PR : TODAPALAVRA, 2009.

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1991. - ver páginas

MARTINELLI, Maria Lúcia. O uso de abordagens qualitativas na pesquisa em Serviço


Social. In MARTINELLI, Maria Lúcia. Pesquisa Qualitativa: um instigante desafio. São
Paulo: Veras Ed., 1999.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio da Pesquisa Social. In MINAYO, M.C.S.;


DESLANDES, S.F.; GOMES, R. (orgs.) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio
de Janeiro: Vozes, 1996.

NETTO, José Paulo. Introdução ao estudo do método de Marx. 1. ed. São Paulo:
Expressão Popular, 2011. 64 p.

PRATES, Jane Cruz. O método marxiano de investigação e o enfoque misto na pesquisa


social: uma relação necessária. In Textos & Contextos. Porto Alegre, v. 11, n. 1, p. 116 -
128, jan./jul. 2012.

13

Você também pode gostar