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PROJETO

O projeto tem a finalidade propor a utilização do uso pedagógico da TV em salas de aulas,


como fator importante para auxiliar nas dificuldades de aprendizagem e para melhorar o índice de
avaliação da escola. Nesse sentido, a TV como Multimídia na sala de aula, será utilizado pelos
professores enquanto um recurso que contribua para a organização do trabalho pedagógico e ensino-
aprendizagem em todas as áreas de conhecimentos.
Entende-se que o uso da televisão como recurso pedagógico, pode ser utilizado, como forma de
atração, dado a sua ludicidade presente nas imagens, sons e movimentos, acabando se transformando
em um recurso didático capaz de proporcionar a interdisciplinaridade, através dos planejamentos de
atividades utilizado os acontecimentos sociais, políticos e culturais locais e globais com uma criticidade
no olhar, tanto em relação à TV e outras mídias como em relação ao mundo.
Para Francisco e Sá (2010), a inserção e a utilização da TV como instrumento pedagógico em
sala de aula, visou auxiliar tanto o professor como o aluno na construção do conhecimento coletivo e
contextualizado, pontuando as potencialidades da TV Multimídia, construídas numa relação dialógica
entre pedagogos, professores e alunos, contextualizando o ensino das diferentes áreas do conhecimento
(pág. 02).
A televisão será abordada como uma aliada do professor na explanação dos mais diversos
assuntos, dos atuais aos antigos, possibilitando uma viagem no tempo com as produções de
época e analisando o futuro com base nas notícias vinculadas sobre as grandes descobertas
científicas.

Na atualidade, cabe ao professor buscar formas de utilização dos programas


televisivos em sala de aula, além de ensinar aos alunos uma leitura crítica da
programação e da linguagem nela contida. Podem ser usados programas das emissoras
comerciais ou públicas, de caráter educacional, jornalístico ou de entretenimento. O mais
importante é envolver o ato de assistir a um programa com uma motivação educacional.

Embora as emissoras apresentem seus programas educativos como uma iniciativa


própria, na verdade, estão apenas cumprindo a lei. Tanto que esses programas são
produzidos com baixo orçamento e transmitidos em horários pouco acessíveis à maioria
dos telespectadores. Isso determina menor qualidade e audiência e menor interesse de
possíveis anunciantes.
Por outro lado, nas emissoras de televisão públicas, os programas educacionais estão
muito mais presentes, com grande potencial de uso na educação. Apesar disso, o
audiovisual educativo veiculado na televisão tem sido pouco usado no ambiente escolar.

Talvez isso ocorra porque nossos educadores não têm uma formação metodológica


suficiente para que possam articular a apresentação de conteúdos por meio audiovisual, o
que propiciaria maior estímulo à percepção do que um texto oral.

A programação da televisão comercial pode e deve ser usada como ferramenta de apoio


ao aprendizado. Entretanto, o professor deve explorar o uso dessa mídia em várias
etapas.

Vejamos:

1.Debate sobre a recepção dos alunos ao programa, de forma mais espontânea.

2.Reflexão mais aprofundada sobre os possíveis sentidos das mensagens passadas pelo
programa, em que se busca uma visão mais madura dos significados.

3.Estudos em grupos ou individuais, com a apresentação dos resultados para a própria


turma e até mesmo outras turmas da escola, além de uma atividade de autoavaliação.

Como um meio de comunicação muito próximo da maioria dos alunos, a televisão,


colocada  em um contexto de leitura crítica, tem como grande virtude ajudar na
contextualização dos conteúdos, porque faz parte do mundo real do aprendiz, tendo,
muitas vezes, relação com situações reais da vida em sociedade.

Ao assistirem um programa, tendo como objetivo aprender algo, os alunos tendem a


desenvolver a capacidade e a qualidade da observação e da atenção, sem contar que
desenvolvem melhores valores para o direcionamento do próprio lazer, enquanto, no
processo de discussão, ocorre um estímulo ao desenvolvimento da capacidade de
reflexão, posicionamento e argumentação.

Aprimore seus conhecimentos, acessando os Cursos CPT, da área Metodologia de


Ensino, elaborados pelo CPT – Centro de Produções Técnicas, entre eles o Curso Mídias
na Educação.

Por Andréa de Lélis.

Acesse os links abaixo e conheça mais sobre o uso das mídias como instrumento
de ensino:

Uso das mídias como instrumento de ensino

Uso do cinema/documentário como instrumento de ensino

Uso do cinema/ficção como instrumento de ensino

Uso dos jornais e revistas como instrumento de ensino

Uso da internet como instrumento de ensino

A TELEVISÃO POSSIBILITANDO NOVOS


OLHARES NO FAZER PEDAGÓGICO
PEDAGOGIA
Educação - comunicação - televisão – ensino-aprendizagem - publicidade - telenovelas -
programas jornalísticos - programas infantis - programas educativos - recursos audiovisuais -
visão alunos- visão professores
RESUMO

A pesquisa que se segue: “A televisão possibilitando novos olhares no saber – fazer


pedagógico” investiga formas de apropriação da televisão como ferramenta pedagógica nas
instituições de ensino. O hábito de ver televisão faz parte da cultura atual. Na maioria dos lares
brasileiros, estejam eles no ponto mais distante do mapa, a TV está presente entretendo e
distraindo as pessoas, e por ser um meio de comunicação tão atraente e popular acaba por
interferir no modo de pensar, agir e se relacionar com o mundo. Nesse sentido, o projeto procura
mostrar de uma forma atraente, o uso desta tecnologia para promover a aprendizagem de forma
crítica e atualizada, já que a grade de programação de todas as emissoras busca tratar de
assuntos atuais em seus programas, sejam eles informativos ou de entretenimento. Sendo assim,
os meios tecnológicos de comunicação, em especial a televisão, podem ser usados como recurso
para educar o olhar, motivar os alunos e transformar as aulas em laboratórios do conhecimento
humano e assim contribuir para a formação de cidadãos que conseguem ver além das imagens e
participar democraticamente dos processos políticos e sociais do contexto em que está inserido.
Para tanto, foi realizado pesquisa de campo em escolas da rede pública estadual de ensino, com
aplicação de questionários abertos para alunos e professores. Teoricamente o trabalho se
fundamenta no pensamento de autores que há muito tampo se dedicam ao tema como Douglas
Kellner, Marcos Napolitano, Pedrinho Guareschi, José Manoel Moram, dentre outros.

PALAVRAS-CHAVE: Educação - comunicação - televisão – ensino-aprendizagem.

ABSTRACT

The research that if follows: “The television making possible new looks in knowing - to make
pedagogical” investigates forms of appropriation of the television as pedagogical tool in the
education institutions. The habit to see television is part of the current culture. In the majority of
the Brazilian homes, they are they in the point most distant of the map, the TV is present
entertaining and distracting the people, and for being a so attractive and popular media it
finishes for intervening with the way to think, to act and if to relate with the world. In this
direction, the project looks for to show of an attractive form, the use of this technology to
promote the learning of critical form and brought up to date, since the grating of programming
of all the emitting ones searchs to deal with current subjects in its programs, they are
informative they or of entertainment. Being thus, the technological ways of communication, in
special the television, can be used as resource to educate the look, to motivate the pupils and to
transform the lessons into laboratories of the human knowledge and thus to contribute for the
formation of citizens who obtain to see beyond the images and democratically to participate of
the processes social politicians and of the context where he is inserted. For in such a way,
research of field in schools of the state public net of education was carried through, with
application of questionnaires opened for pupils and professors. Theoretically the work if bases
on the thought of authors that has very covers if they dedicate to the subject as Douglas Kellner,
Marcos Napolitano, Pedrinho Guareschi, Jose Manoel Moram, amongst others.

PALAVRAS-CHAVE: Education - communication - television - teach-learning.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8
1 HISTORICIZANDO A TELEVISÃO 12
2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA 22
2.1 SOBRE A PUBLICIDADE 23
2.2 SOBRE AS TELENOVELAS 26
2.3 SOBRE OS PROGRAMAS JORNALÍSTICOS 28
2.4 SOBRE OS PROGRAMAS INFANTIS 30
2.5 SOBRE OS PROGRAMAS EDUCATIVOS 33
3 OS RECURSO AUDIOVISUAUS 36
4 A TELEVISÃO SOBRE OS PRISMA DE VISÃO DE ALUNOS E PROFESSORES 43
CONCLUSÃO 58
REFERÊNCIAS 60
INTRODUÇÃO

Muito tem se especulado a respeito da televisão, porém poucos autores se esmeram em mostrar
seus aspectos positivos, ou seja, suas contribuições em termos educativos que vai muito além do
ato de informar. Indo de encontro a essas especulações, este trabalho irá demonstrar que a
televisão pode ser um meio educativo e democratizador dos bens culturais.

Vivemos em uma sociedade do trabalho e da falta de tempo para a convivência familiar e o


diálogo. As crianças aprendem principalmente com a televisão, a internet e dominam com
facilidade as tecnologias. O que se percebe nesse processo é a formação de jovens egocêntricos,
solitários, sem criatividade e com apresentação de adolescência precoce.

Outro ponto que preocupa é a quantidade de informação que as crianças da “era da informação”
recebem e não tem maturidade suficiente para filtrá-las, processá-las e usá-las em seu beneficio,
e os que usam não o associam com a aprendizagem escolar, sendo que um é inerente ao outro.
Guareschi (2005) observa que essa quantidade desenfreada de informação, sem reflexão
contínua e metódica faz com que jovens, sem perceber, os interesses presentes na mídia, se
prendam em inúmeras armadilhas, ‘sejam ideológicas, política, econômica, consumista,
alienatória’, dentre tantas outras.

Essa pesquisa surgiu das observações feitas à cerca das mudanças ocorridas na sociedade nas
últimas décadas. Pais que se dividem entre trabalho e capacitação para manter ou melhorar seus
postos de serviços e filhos, que muitas vezes ficam sob o cuidado de uma babá eletrônica - a TV
e as novas tecnologias.

Nesse impasse, os pais falam mal da mídia, mas deixam seus filhos sob os “cuidados” da
mesma. As instituições de ensino tentam, muitas vezes de maneira equivocada, introduzir essa
“concorrente” em seus espaços educativos enquanto crianças e jovens continuam preferindo a
educação midiática. Para Napolitano (2003, p. 12)

A mídiabilidade é um dos principais problemas a serem pensados pela escola (...) Não se trata de tentar dissipar a influência da mídia na vida das pessoas, mas de

explicitar este fenômeno e fornecer alguns pressupostos críticos,valorizando elementos culturais que muitas vezes o aluno já possui.

Estamos, então, diante de um grande dilema: A TV educa, deseduca, aliena ou educa alienando?
Sabemos que a televisão desenvolve uma educação paralela a escola, devido às informações que
veicula por meio do jogo de imagens, sons e movimento que atraem e encantam os alunos.
Porém essas informações, sozinhas, podem ser consideradas conhecimento? Através da
televisão, as crianças e jovens têm acesso a inúmeras informações que tratam dos mais variados
assuntos, muitas vezes esses assuntos são apresentados de forma fragmentada,
descontextualizada e até carregados de intencionalidades. Em outros casos, a televisão traz
informações preciosas que ajudam na assimilação de um determinado assunto visto em sala de
aula, ou até muitos que a escola resiste em colocar em suas abordagens ou conteúdos.

Nessa proposta de estudo, a mídia televisão será abordada como uma aliada do professor na
explanação dos mais diversos assuntos, dos atuais aos antigos, possibilitando uma viagem no
tempo com as produções de época e analisando o futuro com base nas notícias vinculadas sobre
as grandes descobertas científicas.

É preciso pensar a influência da televisão no nosso dia-a-dia, reconhecendo suas características


positivas e negativas bem como compreendendo sua influência sobre a sociedade.

Para tanto, surge a necessidade de apresentar a televisão e sua grade de programação como
ferramenta educacional eficiente, utilizando-se da linguagem e do encanto das imagens em
movimentos que as crianças e jovens já estão acostumados, como fonte de informação tão
segura quanto os livros didáticos. O uso da televisão como recurso pedagógico, pode ser
utilizado, a priori, como forma de atração, de sedução pelas imagens, sons e movimentos, e no
decorrer do processo se transformar em recurso didático capaz de fazer uma interligação entre as
disciplinas, os acontecimentos sociais, políticos e culturais locais e globais com uma criticidade
no olhar, tanto em relação à TV e outras mídias como em relação ao mundo.

O trabalho será dividido em capítulos e cada um deles trará uma abordagem sobre o impacto da
televisão na educação informal dos sujeitos sociais, nos vários segmentos de programas que são
apresentados pelas mesmas.

Parte desse trabalho será dedicada a publicidade, ou seja, as campanhas publicitárias ou, como
chamamos comumente os comerciais de TV, pois estes são os campeões de críticas e ajudam
fortalecer o coro de deseducadora, alienadora e fortalecedora do consumismo inconsciente.

O jornalismo e as telenovelas, que são os mais assistidos e comentados pelos telespectadores,


serão fenômenos de aprofundamento maior, pois suas informações, mesmo que sem intenção e
planejamento, são muito utilizadas nas salas de aulas como exemplo da realidade e para
fundamentar pensamentos e idéias dos livros didáticos.

Serão analisados, ainda, os programas infantis e educativos vinculados pela TV e ao final, será
feito a análise e discussão dos dados colhidos em duas escolas da rede pública da cidade de
Juazeiro.

A base teórica desse trabalho serão as idéias de autores que, também têm se dedicado ao estudo
e análise crítica da televisão, com o intuito de jogar por terra o paradigma de que a televisão é
responsável por muitas mazelas da sociedade, tais como Marcos Napolitano (2003), que em seus
últimos trabalhos apresenta a televisão e outras mídias como ferramenta eficiente de
aprendizagem; Pedrinho Guareschi (2005) que em seu trabalho “Mídia, Educação e sociedade”,
apresenta as mídias de massa, em especial a televisão como produtos ideológicos e defende a
idéia de que a escola precisa colocar essa pauta em discussão, possibilitando aos alunos uma
leitura analítica do que vêm em seus programas favoritos, inclusive selecionando-os de forma
crítica; de José Manoel Moram (1993) que apresenta as novas tecnologias como mediação ao
saber fazer pedagógico, o sociólogo Douglas Kellner (2001) em seu livro “A cultura da Mídia”,
embora não fale diretamente da televisão ou de outra mídia específica, mostra os produtos
midiáticos e seus impactos na sociedade, dentre outros que defendem idéias semelhantes.
E, como a escola e seus atores serão os objetos de observação do trabalho, foram feita visitas
investigativas a escolas da rede pública de ensino, com o intuito verificar como a televisão vem
sendo usada nesses espaços.

Usar um meio tão atraente e instrutivo em sala de aula pode render bons frutos no futuro,
facilitar o trabalho do professor e tornar as aulas mais atrativas. È isso que o trabalho irá
apresentar.

1 HISTORICIZANDO A TELEVISÂO

Para falar da televisão e de suas possibilidades educacionais, será feito, inicialmente, o caminho
percorrido pela mesma em contextos históricos diferenciados e os estudos e pesquisas que
culminaram com a invenção do maior meio de comunicação de massa.

O advento da televisão não é tão novo como parece. A história da televisão é fruto de pesquisas
e trabalho conjunto de cientistas, físicos e matemáticos que acreditavam ser possível fazer
transmissões, também de imagens e distância.

A necessidade de representar a realidade sob forma de imagens acompanha o homem desde a


pré-história quando, de forma primitiva, o homem usava o ocre e o carvão para deixar
imortalizado nas paredes das cavernas, suas vivências e aventuras. Os povos egípcios por sua
vez, já contavam com técnicas mais avançadas para fazer essas representações e, assim, a
humanidade sempre foi seduzida pela vontade de se ver representada sob forma de imagem.
Com a descoberta da fotografia e o avanço dos recursos tecnológicos, a reprodução da realidade
ganhou recursos de luz, retoques e ângulos favoráveis, tornando as imagens mais fiéis e capazes
de transmitir e captar sentimentos. Porém, a televisão tem um fascínio maior, pois une som
imagem e movimento ao alcance de todos, ao clique de um botão.

A palavra televisão surge antes mesmo do aparelho que hoje vemos na maioria dos lares. É uma
junção de duas palavras: tele, que vem do grego e quer dizer distante e visione que vem do latim
e designa visão. Portanto, um sistema eletrônico de recepção de imagens e som à distância por
meio das ondas eletromagnéticas. O trabalho de pesquisa dos cientistas, físicos e matemáticos
começou a funcionar em 1892, quando os físicos Július Elster e Habs Getiel inventaram uma
célula fotoelética e em 1906 Arbowe Nelt desenvolveu um sistema de televisão através de raios
catódicos[1]. No entanto, foi só em 1920 que o britânico John Logie Baird realizou as
verdadeiras transmissões. Seus estudos foram exibidos à comunidade científica em Londres no
Royal Institution e o cientista foi de imediato contratado pela BBC (British Broadcasting
Corporation / Corporação Britânica de Transmissão), para executar transmissões experimentais.

O primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica só foi demonstrado em fevereiro de


1924 em Londres e, posteriormente, em 30 de outubro de 1924, foram apresentadas imagens em
movimento. Porém, a técnica de Baird comportava poucas linhas. Em 1928, foram feitas
transmissões mais promissoras nos Estados Unidos e em 1930, na França, as descobertas
deixaram de ser ensaios e passaram a ser progressos técnicos reais. A primeira transmissão de
televisão oficial foi feita a partir da Torre Eiffel em 1935, mais precisamente em 25 de abril, às
vinte horas e quinze minutos, enquanto os primeiros serviços de alta definição foram exibidos
na Alemanha em março de1935, porém, disponível apenas para 22 salas públicas.

Apesar dos avanços serem rápidos para a época, o primeiro programa de televisão reconhecido
oficialmente só foi ao ar um ano depois na Inglaterra. Quatro anos mais tarde, o transmissor
pioneiro já dispunha de quinze horas semanais de programação, mas o primeiro “telejornal” só
foi ao ar pela primeira vez, dez anos mais tarde.

As grandes transmissões começaram a partir dos jogos olímpicos de 1936, e depois da Segunda
Grande Guerra, devido ao grande avanço tecnológico, o uso da televisão cresceu enormemente
em todo o mundo e conquistou adeptos em todas as classes sociais em busca de informações dos
mais distantes lugares. Segundo o historiador Fontes (2000, p. 131) [...] “Na terra, 1 bilhão e
200 milhões de pessoas, reunidas diante dos vídeos, segundo cálculos da NASA, ficaram
fascinadas pelo duplo milagre da descida e da transmissão das imagens [...] na lua.”

No Brasil, a primeira transmissão televisiva foi uma partida de futebol em 28 de setembro de


1948 na cidade de Juiz de Fora, MG. Dois anos depois, no dia 03 de abril aconteceu a pré-
estréia da televisão e no dia 18 do mesmo mês a inauguração oficial da TV Difusora, em São
Paulo. Essa emissora foi pioneira nas transmissões comerciais no Brasil, que se tornou, então, o
quarto país a possuir uma emissora de televisão, atrás, apenas dos Estados Unidos, Inglaterra e
França.

No Rio de Janeiro, nesse mesmo ano foi inaugurada a TV Tupi, emissoras de Assis
Chateaubriand. Nesse período, muitos artistas, já famosos no rádio, migraram para a televisão
que era transmitida ao vivo.
A televisão fascinava a todos e era tida como símbolo de status, mudando, inclusive a estrutura
física da casa, que agora se organizava em torno do aparelho e os assuntos mais comentados,
também, eram sobre a tão comentada mídia. Para Guaresch (2005, p.69)

A entrada desse novo veículo de comunicação se situa no contexto de um período de crescimento industrial, da migração das áreas rurais para as urbanas que marca

um espaço de mudança na estrutura econômica, social e política no Brasil.

Diferente de outros países, a chegada e a popularização da televisão ao Brasil foi cercada por
muitos mistérios e jogos de poder. Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, um paraibano do
município de Umbuzeiro, dono de uma cadeia de jornais, e de estações de rádio, senador da
República e embaixador do Brasil em Londres, com o propósito de aumentar seu aglomerado de
mídia “Diários Associados”, resolveu implantar a televisão no Brasil. Como na época, nenhum
equipamento referente a televisão era produzido em nosso país, Chatô, como era popularmente
conhecido, precisou trazer todo o equipamento e aparelhagem dos Estados Unidos.

Revistas da época davam conta que Assis Chateaubriand precisou usar sua influência política
para liberara seus equipamentos da alfândega do porto de Santos. Porém tudo foi desmentido e a
Revista Cruzeiro, que fazia parte do grupo “Diários Associados” em sua edição do dia 28 de
março de 1950 trouxe apenas notícias falando da chegada dos fantásticos aparelhos que foram
recebidos por políticos e membros da alta sociedade paulistana e seguiram em desfile pelas ruas
do centro de São Paulo (MATOS, 2002).

Em 1952 foi inaugurado a TV Paulista, pertencente às Organizações Victor Costa, no ano


seguinte a TV Record inicia suas transmissões, TV Rio passa a transmitir imagens no mês de
julho de 1955 pelo canal 13 e a TV Excelsior principia seus trabalhos aos meados de 1960, mas
é cassada nove anos depois pelos militares, descontentes com os festivais da canção que eram
produzidos e transmitidos pela mesma.

A empatia a televisão só aumentava e o poder público se esforçava em elaborar mecanismos que


a mantivesse sob vigilância. Em 1962 foi instituído o “Código Brasileiro de Televisão” e o
governo federal cria o Conselho Nacional de telecomunicações (CONTEL), que o autoriza a
constituir uma empresa de televisão pública. Os proprietários de emissoras de TV também
buscaram proteção e fundam a ABERT(Associação brasileira das Emissoras de Radio e
Televisão). O primeiro presidente dessa entidade foi o deputado João Calmon, que conseguiu,
como grande ato, a mudança no prazo de concessão, que era de 03 anos e passou a ser de 15
anos.
Com a cassação dos direitos de transmissões da TV Excelsior, os militares mostraram sua força
e o que aconteceria com os que pensassem contrário ao sistema. Muitos profissionais ficaram
desempregados e gênios da comunicação foram contratados por outras emissoras com salários
bem abaixo do mercado (MATOS, 2002). A partir daí, uma emissora começa uma decolagem
extraordinária e cheia de artimanhas e interrogações. A Rede Globo de televisão foi inaugurada
no Rio de Janeiro em 26 de abril de 1969, associada ao grupo norte-americano Time Life. Sobre
essa negociação, Guareschi (2005, p.70) comenta o seguinte:

[...] Esta novidade no cenário da mídia eletrônica provocou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a partir da denúncia do senador João

Calmon [...] no sentido que esse acordo entre as duas emissoras infringia o artigo 160 da constituição Federal, de 1946, o qual vedava a participação de capital

estrangeiro na gestão ou propriedade de canais de radiodifusão.

Segundo o autor, o Presidente Castelo Branco considerou a operação legal e só dois anos depois
a rede de televisão globo foi obrigada a desfazer o acordo com o grupo norte-americano,
entretanto, “a emissora, a essa altura, já havia adquirido tecnologia e capital suficiente para se
impor no cenário brasileiro” (GUARESCHI, 2005, p. 71). Desde então a emissora se tornou um
fenômeno de audiência e impõe, até hoje, padrões de moda, beleza, comportamento, e influencia
a política e a economia no país.

Foi depois da metade do século XX que a televisão ganhou força entre as classes populares, e
ameaçou a popularidade dos cinemas e teatros, pela rapidez com que conquistava cada vez mais
adeptos a seus programas. Nessa época a televisão, também, começou a ser vista como papel
importante de intervenção social, econômica e política. Para Kelnner (2001, p.) “A televisão
exerce uma força enorme sobre os telespectadores [...] é capaz de aumentar a cotação da bolsa,
eleger e derrubar governantes e mudar a opinião pública sobre os mais polêmicos assuntos”.

Com o passar do tempo, a televisão ganha cor e video-tape e se torna cada vez mais presente nos
lares brasileiros. O censo demográfico nacional (1970) registra que 27% das residências já
possuiam televisores e 75% desses aparelhos se concentravam no eixo Rio-São Paulo. Devido a
copa do mundo do México ser transmitida ao vivo, chega ao número de quatro milhões os lares
que possuem televisores, o equivalente a 25 milhões de telespectadores. Nesse mesmo ano o
governo baixou um decreto determinando o corte das concessões das emissoras que não
transmitissem uma porcentagem mínima de programas em cores, e para aumentar as vendas de
receptores coloridos a Fábrica Colorado, patrocina replays de jogos de futebol todas as tardes
nas TVs Bandeirantes e Gazeta.
[...] a cultura da mídia é industrial; organiza-se com base no modelo de produção de massa e é produzida para a massa de acordo com tipos (gêneros), seguindo

fórmulas, códigos e normas convencionais. E, portanto, uma forma de cultura comercial, e seus produtos são mercadorias. (KELLNER, 2001, p. 9)

Foi nessa época, também, que os anunciantes passaram a comprar espaços entre os programas
em vez de patrocinar o programa como um todo e a propaganda governamental foi
regulamentada, com direito a seis minutos diários de publicidade gratuita.

Percebendo o grande potencial da televisão, houve um imenso interesse da classe política


brasileira em conseguir concessões de canais de televisão. E essas concessões foram dadas,
muitas vezes, infringindo as leis, que estabelecia que nenhuma empresa ou pessoa, poderia ter a
propriedade de mais de dez emissoras de TV em todo o território. Contudo, “se recorria ao
registro dos canais em nome de diferentes pessoas da mesma família, para ultrapassar o limite
de propriedades de canais permitidos pela legislação” (GUARESCHI, 2005, p.77). Desta
maneira, os veículos de comunicação regionais ganharam donos com poder de ditar o que
devíamos ver, ouvir, saber e comentar.

No dia 03 de fevereiro de 1980 é declarado oficialmente o fim da censura ao tele- jornalismo


brasileiro. A história da censura aos meios de comunicações começa com o surgimento dos
mesmos, porém no início a censura era ética ou estética, ditada pelos próprios produtores. Foi
em outubro de 1959, que o então Ministro da Justiça, Armando Falcão, assinou a primeira
legislação que regulamentava a censura da programação de televisão do Brasil. Em 1966 o
Departamento Federal de Segurança pública decretou novas normas de censura para a TV.

Com o fim da censura, as emissoras de televisão passaram a ter autonomia para decidir o que
vincular em seus programas. Em 1994 as redes de televisão aderiram às campanhas populares.
No Brasil, nesse período, já existiam 106 emissoras comerciais de televisão, sendo que 12
emissoras eram estatais. Muitas atividades políticas eram transmitidas ao vivo, como o comício
das “Diretas Já” que foi realizado na Avenida Paulista de São Paulo, contando com um público
recorde, a participação das principais autoridades políticas do país e artistas de notoriedade de
nacional; a eleição indireta de Tancredo Neves, sua doença e morte. Cinco anos depois
transmitiu ao vivo e na íntegra a posse do primeiro presidente civil eleito pelo voto direto desde
o golpe militar de 1964, Fernando Collor de Mello. Foi, ainda, a mídia de massa que divulgou e
acompanhou passo a passo o andamento das investigações das denúncias de corrupção contra
Collor e impulsionou a juventude Cara Pintada invadirem as ruas pedindo a renúncia ou
derrubada do mesmo, e Fernando Collor foi o primeiro presidente eleito e deposto pelo povo. A
votação do impeachment e o pedido de renúncia, também, foram transmitidos ao vivo.
Partindo dessas observações, os telespectadores começaram sentir-se participante do processo
democrático e criativo da televisão que ganhou cada vez mais prestígio no cenário nacional,
passando a ser a porta voz da população.

Com o fim da censura, as emissoras se sentiram mais autônomas e até arriscaram reeditar
programas que haviam sido censurados nos anos de chumbo. Na rede Globo de televisão, no dia
24 de junho de 1985, aconteceu da estréia a segunda versão da novela Roque Santeiro,
considerada a novela de maior sucesso da história da emissora, atingindo a marca de 90% de
audiência, com média de 75% pontos, segundo o IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública
e Estatística).

Por mencionar o instituto de opinião, a década de 90 foi o período de guerras travadas pela
audiência e preciosos pontos no IBOPE. Para os publicitários “a concorrência motiva a melhoria
na qualidade dos produtos” (MORAIS, 2005, p. 39), mas não foi o que aconteceu na mídia
televisiva. A programação das emissoras baixaram o nível e o público perdeu uma excelente
oportunidade de assistir uma disputa sadia onde a qualidade da programação seria o ponto
atraente, e a TV que deveria ser um instrumento de entretenimento e educativa, segundo a
legislação brasileira (BRASIL,1988), passou a ser um veículo de deseducação em massa. Os
programas de televisão levavam ao ar atrações de gostos duvidosos e exploravam a nudez
feminina e até masculina, como na novela pantanal, exibida pela TV Manchete e a novela Tieta
produzida pela TV Globo. Após inúmeros debates e discussões, em 1999 foi realizado em
Brasília o I Fórum Permanente da Educação para a Mídia, com o objetivo de discutir
perspectivas para a qualidade da informação. Outro encontro que também buscava soluções aos
abusos televisivos foi o seminário intitulado “A problemática da Comunicação de Massa:
Reflexões e Soluções”, promovido pelo Governo Federal. Após esses encontros que contou com
a participação de estudiosos, organizações não governamentais, dos então Ministros da
Educação Paulo Renato Souza e da Justiça Bernardo Cabral, o Congresso elaborou emendas
para regulamentar os programas e a faixa etária própria a cada um deles.

Foi, também, na década de 90 que o UNICEF em parceria com a TV Globo lançaram o projeto
“Criança Esperança”, que uniu personalidades da música, Cinema, TV, esporte, empresas
parceiras e o público que participa por telefone, em prol da arrecadação de fundos. O objetivo
inicial era o combate à mortalidade infantil, depois à erradicação da desnutrição e hoje, além
dessas iniciativas o projeto ajuda instituições que desenvolvem ações de apoio a crianças e
adolescentes em situações de risco.
O projeto “Criança Esperança”, que no ano de 1991 ganhou o prêmio Eco, da câmara
Americano do Comércio, pela melhor contribuição à comunidade no setor de saúde, teve o
mesmo formato e intenção que o S.O.S Nordeste, projeto, também da TV Globo, realizado em
1970 para arrecadar alimentos para os “flagelados da seca”, e era apresentado por Renato
Aragão, o mesmo apresentador do criança esperança.

Com uma programação pobre de atrações inteligentes, o público migrou para as TVs educativas.
A TV Cultura e a TV educativa, ambas públicas, caíram nas graças dos telespectadores por
vincularem programas com teor, considerado, de alto nível intelectual. Os estudiosos atribuem
esse fator [...] “a capacidade do público de resistir à manipulação da mídia, criando seus
próprios significados e usos” (KELLNER, 2001 p. 12). Os programas de maior audiência na TV
Cultura eram: Matéria prima, Vitrine, Papo Informal, Fórum, Janela Indiscreta entre outros que
dinamizavam a programação e atraiam uma legião de jovens. Os programas infantis de maior
sucesso eram Revistinha e Castelo Rá-Tim-Bum e os programas Roda Vida, Metrópole e o
Jornal da Cultura atraiam o público adulto.

Para recuperar a audiência e a confiança do público, as emissoras, que estavam perdendo


espaço, iniciaram uma corrida pelos telespectadores, investiram em equipamentos de última
geração, fizeram contratações de novos artistas e modificaram a roupagem dos antigos
programas. Seguindo essa linha de raciocínio, o jornalismo, ainda era a linha de frente e investia
pesado nas grandes reportagens, denúncias e coberturas de fatos internacionais.

Os meios tecnológicos de informação foram os primeiros a aderirem a globalização. Em 1991 os


conflitos no Golfo Pérsico eram transmitidos por correspondentes internacionais ao vivo e essas
matérias batiam recordes de audiência nas TVs do mundo inteiro. Para Guareschi (2005, p. 57)

Há uma estreita relação entre a mídia e a globalização em que vivemos; em grande parte esta globalização, principalmente cultural, só foi possível devido à mídia. A

política também mudou de lugar. A sociedade nacional transformou-se em província da sociedade global.

Já no final dos anos 90, os telespectadores brasileiros experimentavam a autonomia dos canais a
cabo e os telhados dos lares brasileiros, fossem urbanos ou rurais, infestaram-se de antenas
parabólicas e logo em seguida de antenas de canais por assinatura. Em 1997 foi criada a agencia
Nacional de Telecomunicações (ANATEL) para regularizar e fiscalizar o setor de
telecomunicações no Brasil. No final de 2007 começaram as transmissões da TVD (televisão
digital). Agora a informação interativa estava ao alcance de todos sem corte ou maquiagem,
eram o que pensavam os mais ingênuos.
O uso da televisão para transmitir preceitos educacionais começou no final da década de 60 e
início dos anos 70. Era o auge do regime militar, e a televisão que já tinha sua ideologia, era
usada em benefício de um regime para disseminar suas idéias e esconder suas intenções. Nas
escolas era comum citar notícias de telejornais para exaltar o regime ou denunciar o que não era
divulgado.

Nessa mesma época, surgiram os cursos técnicos na rede pública de ensino e a televisão foi
rebaixada a simples técnica de colocá-la em funcionamento. No final dos anos 70 a Fundação
Roberto Marinho e a Fundação Padre Anchieta lançam, em rede nacional, o Telecurso 2º grau,
deixando pra trás os cursos por correspondência. A partir daí a Mídia em questão, aparecia no
universo educacional de forma ainda tímida, e somente no início dos anos 90 ela voltou a cena,
com programas voltado para o contexto educativo, e até programas infantis das TVs educativas
batiam recordes de audiência.

Em 1982 foi instituído a Sistema de Nacional de Radiodifusão Educativa (SINRED), ligado ao


Ministério da Educação e Cultura e ao Ministério das Comunicações. Emissoras educativas,
algumas ligadas as grandes redes de televisão, surgiram como se quisessem se redimir pela
deseducação que provocaram durante anos, dentre elas podemos citar a TV Cultura, a SESC
TV, o Canal Futura, ligado a Rede Globo, A TV escola, voltada ao público docente, Paraná
Educativa, TV Câmara e Senado, dentre outras. O governo, também investiu em educação a
distância com cursos televisivos e implantação de KITs ( antena parabólica, aparelho de TV,
fitas de vídeo e manuais de uso e metodologias) nas escolas públicas de todo o Brasil.

No ano 2000, com as comemorações dos 500 anos do Brasil, a Rede Globo de televisão,
inspirada nas discussões do seminário “Brasil 500 anos - Como se muda um país através da
educação” inicia um projeto educacional de alcance nacional, mas que não vai adiante, que se
estende só até abril do mesmo ano. Em 2001, mais precisamente no dia 13 de março desfez-se a
RPTV (Rede Pública de Televisão). TV Educativa e TV Cultura se separam e o que já era difícil
junto se tornou praticamente inviável separadas.

A programação educativa tornou-se escassa e os canais educativos com dificuldades de


prosseguirem concorrendo com as atrações comerciais dos canais de TV aberta. A solução seria
conceder novas licitações para exploração de canais com fins educativos. Em 03 anos e meio de
governo, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprovou concessões a fundações sem fins
lucrativos de 110 emissoras educativas, sendo que 29 são emissoras de TV. No entanto, se
formos buscar no site do Ministério das Telecomunicações, essas emissoras estão em nome de
pessoas ou fundações ligadas à políticos, muito parecido com as concessões do período militar.
Atualmente, há um projeto para votação na Câmara Federal da nova TV pública. O relator da
emenda, Walter Pinheiro, acredita que essa iniciativa é de fundamental importância para a
democracia do país, pois será um sistema autônomo e independente de governo e de mercado
econômico. Entretanto, ainda há de se ter cuidado, pois para ser de fato pública, a nova TV
precisa ter gestão independente do governo e programação que apresente a vasta diversidade da
sociedade brasileira. Se não for dessa forma, essa instituição deixa de se constituir pública para
ser uma rede estatal, a serviço do governo e seus interesses.

Hoje, a televisão está presente em quase a totalidade dos lares brasileiros. Porém, seu potencial
educativo ainda é pouco utilizado, de fato, nas escolas.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA

Sendo, a televisão a grande invenção dos últimos tempos e o entretenimento de mais fácil acesso
na comunidade global atual, precisamos saber usar de forma inteligente esse meio de
comunicação, para que, além da diversão, possamos obter informações e conhecimentos úteis
para nossas vidas.

O fato é que a TV desempenha um papel importante na vida das pessoas, sem falar no tempo
que lhe é dedicado. A televisão é o veículo de comunicação de maior alcance no país e o meio
de entretenimento e informação mais utilizado pelos brasileiros, sua influência é inegável,
principalmente entre crianças e jovens. Sendo assim, a televisão pode ser vista como um enorme
e democrático fórum de debate com caminho aberto para o mundo da informação e do
conhecimento.

Precisamos ter consciência que as novas tecnologias de informação são decisivas no


desenvolvimento das nações.

Inicialmente as tecnologias pesam na economia, pois os países que não detém conhecimentos e
aparatos tecnológicos precisam importá-los, tornando-se assim dependente do importador. Do
ponto de vista social as pessoas sem acesso aos meios tecnológicos de informação ficam sem
condições de plena participação no mundo atual, o que acentuará ainda mais as desigualdades
sociais já existentes. E do ponto de vista político, sabemos que os veículos de informação, em
especial a televisão, são fortes cabos eleitorais e, principalmente, fortalecedores de determinadas
ideologias.

Os meios tecnológicos estão presentes no cotidiano de todos e a escola faz parte desse todo e
para cumprir com sua função de contribuir para a formação de indivíduos que possam exercer
plenamente sua cidadania, participando dos processos de transformação e construções da
realidade desejada, precisa acompanhar as mudanças. Dessa forma, devem estar abertas à
incorporar as novas tendências da educação contemporânea. É importante também que a
instituição integre a cultura tecnológica extra-classe em seu currículo e busque a ajuda e a
efetiva participação dos pais, pois nos dias atuais o problema que afeta os jovens não é a falta de
acesso aos meios tecnológicos e sim a pouca capacidade crítica para lidar com a variedade e
quantidade de informações.

As escolas precisam estar abertas a essa modernidade propiciando aos nossos jovens habilidades
relacionadas às informações recebidas, ou seja, aprender a selecionar e julgar a pertinência,
procedência e utilidade, e só então se apropriar da informação com mais profundidade.

Dessa forma a escola assume um outro papel importante na sociedade – o de orientar os alunos
na maneira seletiva e crítica de se relacionar com esse universo midiático, proporcionando
melhores espaços de aprendizagem já que o desenvolvimento tecnológico da informação
permite que a aprendizagem ocorra em diferentes lugares e por diferentes meios.

2.1 SOBRE A PUBLICIDADE

Outro fato que inquieta e será elucidado nesse trabalho, são os comerciais de TV que vendem
qualquer produto, fazendo o telespectador acreditar que este é o melhor, e às vezes tirando do
mesmo o direita a livre concorrência.

Empresas gastam bilhões de dólares em propaganda a cada ano porque sabem que o público é
influenciado pelo que vê e ouve. Em 2004, por exemplo, a empresa Coca Cola gastou, segundo
o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e estudos Sócio Econômicos), 2,2 bilhões
em anúncios publicitários veiculados no rádio e TV do mundo inteiro, e embolsou de volta 22
bilhões de dólares só naquele ano. Contudo, as peças publicitárias ainda continuam impondo
suas presenças, mesmo que sutil, nos programas da grade. Por trás do entretenimento rotineiro, a
publicidade apresenta novas posturas, forma de pensar e viver. Isso fica claro quando a
assistimos de maneira analítica. Observa-se que nos programas de TV mais assistidos, a base da
alimentação dos protagonistas é sempre: pizza, salgadinhos,fest food, todos estes relacionados a
refrigerantes. Os programas que mais mostram o consumo de saladas, frutas e verduras são os
da TV brasileira, porém sempre associados a dietas ou algo que não seja prazeroso.
Para Kelnner (2001 p.324), a publicidade está “[...] tão preocupada em vender estilos de vida e
identidade socialmente desejáveis, associadas aos seus produtos, quanto em vender o próprio
produto”.

No entanto, a publicidade não deve ser vista, apenas, como promotora de vendas ou
estimuladora do consumo compulsivo. O horário da publicidade na TV, pode ser muito
educativo, tanto no que diz respeito à reflexão sobre a forma de vida moderna e do consumo,
como em relação aos conteúdos, propriamente dito. Em sala de aula as publicidades de televisão
podem abrir leques para as mais diversas abordagens, como, por exemplo, o uso da linguagem
padrão ou coloquial, dependendo do público que deseja atingir; as taxas de juros embutidas nas
promoções das grandes lojas; Normas de transito; prevenção de doenças; dentre tantas outras
pautas que podem surgir após assistirmos uma das inúmeras publicidades vinculadas na
televisão aberta. Kellner (2001, p. 318) diz ainda que “[...] a publicidade é um mecanismo
importante e negligenciado de socialização [...]”

Seguindo essa linha de pensamento, a propaganda deixa de ser a vilã do consumismo passando a
ser um recurso de educação e socialização para os telespectadores, independente do nível
cultural ou idade. Querendo ou não, somos todos bombardeados diariamente com as mais
diversas mensagens publicitárias. Precisamos, então, começar uma alfabetização para as peças
publicitárias, seja na escola ou não. Ler as intenções e ideologias do que somos induzidos a
consumir não é papel apenas da escola, entretanto, a escola, como espaço de produção de
conhecimento e reduto de reunião de jovens de todas as idades pode assumir essa função e
propor em seu currículo essas discussões.

Além do apelo irresistível ao consumo os comerciais, quando apresentados de forma crítica e


democrática em sala de aula, propicia a análise dos mais diversos assuntos, em especial os
comportamentais. Ao propagarem modelos de comportamento através do consumo, os
comerciais exercem tanta influência quanto os personagens de novelas. E, ao reforçar
estereótipos associados à raça ou condição social, as campanhas publicitárias contribuem
decisivamente para que imagens distorcidas da sociedade se firmem como verdadeiras. Um bom
exemplo disso pode ser observado em um comercial idealizado pela agência de publicidade
GIOVANE+DRAFTFCD, de um produto produzido pele Nestlé, para auxiliar nas funções
intestinais. O comercial se passa em um camarim onde uma atriz famosa e popular se prepara
para as filmagens e diz como se falasse com o telespectador. [...] “Eu tenho intestino preguiçoso
[...] por isso eu tomo Nesvita todo dia”. O comercial segue e uma personagem, que parece ser a
camareira, diz que também usa o produto, então a protagonista ri e diz ‘’tá’ tomando os meus
‘né’ danadinha’. Ao final, aparece um médico e explica sobre o funcionamento do produto. Ao
analisar o comercial, mesmo que superficialmente, sentimos que há uma forma de
discriminação. É como se a camareira só pudesse consumir o produto se pegasse o da atriz, ou
como se o produto não tivesse ao alcance de simples “mortais”. Nessa última observação, a
mensagem é clara: quem usa aquele produto ou serviço pertence aquele mundo e quem não usa,
está fora da sociedade dos holofotes. (GUARESCHI 2005, p. 159) em sua obra, demonstra que
“a publicidade seleciona programas de acordo com seus princípios e valores que, com raras
exceções, são cultural e politicamente conservadores” (2005, p. 159). Em relação ao comercial
em questão, a mensagem ideológica demonstra claramente a divisão de classes que deve ser
propagada. Esses tipos de comerciais “raramente irão patrocinar programas com conteúdos
críticos” Guareschi (2005, p.159).

Sobre a propaganda, a Constituição Federal (1988) não traz tantas restrições, o único parágrafo
que fala com clareza da publicidade diz apenas: “§ 4º - A propaganda comercial de tabaco,
bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeitos a restrições legais [...] e
conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios de seu uso.”

Desse modo, fica claro que lei raramente irá interferir em casos onde o telespectador se sinta
ferido em sua identidade, delegando, então, esse papel para a própria consciência crítica do
telespectador ou para a opinião pública como um todo.

Nesse sentido, aprender a ler as peças publicitárias veiculadas nas redes de TV - e que muitas
vezes não se limitam apenas aos intervalos de três minutos estipulados pela lei e invadem os
programas, disseminando suas mensagens – é tão importante na formação do telespectador
crítico, como a capacidade de analisar o conteúdo dos programas jornalísticos, de auditório ou
as telenovelas. Para os jovens consumidores, compreender as estratégias usadas para criar o
apelo ao consumo pode contribuir para o surgimento de consumidores mais conscientes e
preocupados com a economia e os bens naturais do planeta.

Exercitar essa consciência crítica nos alunos é desenvolver capacidades de identificar e se


posicionar contra as ideologias embutidas nas propagandas. Em virtude disso, a escola deve
reconhecer o papel da mídia na formação de seus educandos.

2.2 SOBRE AS TELENOVELAS

A importância que a televisão assume nas sociedades contemporâneas vai além do


entretenimento. Suas narrativas dão significados aos acontecimentos do mundo, fatos que se
passam à nossa volta e que os identificarmos como parte da nossa vida cotidiana ou de outros
indivíduos que conhecemos. Nesse sentido, nada mais significativo na vida das pessoas que as
novelas

As telenovelas reproduzem a vida cotidiana, apresentando com pitadas de humor e drama os


problemas familiares, intrigas domésticas, questões de relacionamento, temas polêmicos da
sociedade, valores éticos e assuntos referentes à política. Por esses e outros motivos as novelas
ganharam tanto espaço nas vidas dos telespectadores e esses se tornam seguidores
incondicionais dos enredos. Mas, não devemos observar as telenovelas apenas por esses
aspectos. Não há como apresentar a vida como esta realmente é. O que vemos retratados nas
telas nada mais é que um recorte da realidade e como todo recorte as peças ou pedaços são
posicionados da forma que mais agrada quem os coloca, ou seja, esse cotidiano que as novelas
retratam, são trabalhados com intencionalidades específicas pelos autores levando em conta os
temas que mais atrairão o público.

Observando por esse prisma, é importante compreender também, que cada assunto abordado nas
novelas tem um propósito e muitos temas, como os relacionados a raça, sexo, classes sociais,
corrupção, aparecem “entremesclados e funcionam como veículo das ideologias de dominação
que justificam, legitimam, mascaram as desigualdades, a injustiça e opressão” (KELLNER,
2001, p. 128). Seguindo essa linha de raciocínio, constatamos que por todas essas
intencionalidades e pela névoa criada para embaçar nosso olhar, as telenovelas devem ser
fenômenos de estudo obrigatório nas salas de aula.

As novelas possuem um formato ímpar do gênero ficcional e a novela brasileira assume esse
formato de maneira bastante particular, por isso faz tanto sucesso e já se tornou produto de
exportação. Suas produções carregadas de romances, intrigas e muito suspense caíram no gosto
popular desde a época da rádio-novela. Com a chegada da televisão, a imaginação deu lugar às
imagens reais. Inicialmente as novelas apresentavam romances impossíveis, que na vida real
jamais teriam chances de acontecer e o enredo estava condicionado sempre aos mesmos espaços
- os grandes centros urbanos do país. Com o decorrer do tempo o regionalismo foi sendo
introduzido e várias partes do país foram sendo conhecidas, admirada e valorizada pelo grande
público através da televisão. A partir dos anos 70 foram incluídos, em suas tramas, temas sociais
o que ‘contribuiu para ampliar o debate sobre assuntos emergentes’ (GUARESCHI, 2005), nos
anos 80, com o fim da ditadura militar, os autores ousaram em trazer para as “telinhas” a
temática política e nos anos 90 foi a vez da problemática rural ser conhecida por todos em
telenovelas como Pantanal, Renascer, O Rei do Gado, dentre outras.
Atualmente, as telenovelas “são produções complexas que incorporam discursos sociais e
políticos” (KELLNER, 2001, p. 13) e por esse motivo a escola não pode desconsiderar o
potencial educativo das telenovelas, especialmente, no que diz respeito aos temas polêmicos,
pois, principalmente, esses temas são os mais impregnados de intencionalidades. Quando um
assunto é abordado pela telenovela o educador precisa se questionar sobre o porquê daquele
tema, relacionando-o com os acontecimentos reais da atualidade e propiciar aos alunos a mesma
reflexão. Em muitas ocasiões temas são lançados para motivar tomadas de partido da população,
ou para pressionar a opinião pública, que por sua vez pressiona o poder público a tomar
decisões.

Sendo assim outros temas, absorvidos sem reflexões, podem desencadear atitudes extremas
como aconteceu em 2002, que inúmeros brasileiros tentaram atravessar a fronteira México –
Estados Unidos de forma ilegal como acontecia na novela América, transmitida pela Rede
Globo. A novela retratava a saga de uma garota que queria alcançar o sonho americano e apesar
de todo o sofrimento que enfrentava para atravessar a fronteira. Quando aportava em solo
americano tudo se transformava, a “heroína” encontrava emprego com facilidade e até um
“príncipe encantado” para viver feliz para sempre. Kellner(2005) descreve a televisão e outros
produtos da “indústria cultural”, como fortalecedores de modelos sociais.

Nesse caso em questão a escola pode interferir nesse modelo distorcido da personagem e
impedir que jovens se aventurem nesse sonho, e o debate pode tomar diversos rumos, em sala de
aula, pois sabemos que: em qualquer lugar do mundo é difícil arranjar emprego; imigrantes
ilegais recebem menos da metade pelos trabalhos que prestam e ainda podem ser chantageados
pelos empregadores; a qualidade dos trabalhos que a garota se submetia não seria difícil
conseguí-los em seu país e quanto ao príncipe, os imigrantes não são vistos com bons olhos
pelos nativos, principalmente os americanos. A televisão, apenas apresenta os fatos e enfatiza os
assuntos, a reflexão e as discussões ficam por conta do público. Portanto as instituições de
ensino devem assumir seu papel de mediadora, pois crianças e jovens precisam ter censo crítico
para não propagarem os estereótipos fomentados pelas telenovelas.

2.3 SOBRE OS PROGRAMAS JORNALÍSTICOS

Os telejornais fazem parte da programação televisiva brasileira cumprindo uma determinação


legal. O decreto que estipula que as emissoras de radiodifusão dediquem 5% da programação
diária ao serviço noticioso é de 1963 e mesmo com a constituição de 1988 a lei 52.795 do dia 31
de outubro, continuou a vigorar. Hoje as informações notificadas pelos telejornais são verdades
absolutas e essas informações colaboram para produzir no telespectador um sentimento de
inclusão social e política e até de pertencimento ao mundo como um todo, pois os mesmos
assuntos comentados nas rodas de um “butiquim” de subúrbio podem ser os mesmos tratados
nas reuniões de todas as outras esferas da sociedade. Para Napolitano (2003) os telejornais têm
uma importância muito grande na definição dos fatos históricos, por esse motivo os assuntos
tratados nos telejornais são tão comentados em sala de aula. Nessa perspectiva educacional
Napolitano pede um pouco de cautela aos professores:

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O mais importante é desenvolver um olhar crítico sobre aquilo que nos é proposto como fato social e histórico pelos telejornais e pele imprensa como um todo. É

muito importante que o professor estimule uma discussão acerca não só do que foi lembrado, mas também do que foi esquecido de mostrar (NAPOLITANO, 2003,

p.82).

A mediação feita pelo jornalista entre a comunidade e a fonte de informação é de suma


importância, pois para muitos telespectadores a televisão é a única fonte de informação e grande
parte da população ainda se atualiza pelos noticiários da TV. Nesse sentido então, as notícias
telejornalísticas precisam ser claras, mas sem perder a formalidade, ao mesmo tempo que
comprometidas com a legitimidade e imparcialidade. Mas, quando se fala de imparcialidade,
muitos estudiosos acreditam que as notícias transmitidas pela mídia em geral nunca são
totalmente imparciais. Napolitano (2003) acredita que os jornais mesclam notícias de impactos
com fatos recorrentes como economia, violência urbana, hábitos de consumo; e ainda acrescenta
que a imprensa em geral não só noticia o fato como também pode criá-lo. Ponto de vista
parecido também é defendido por Guareschi (2005) quando afirma que as notícias quando
chegam ao telespectador já passaram por uma série de transformação, obedecendo a interesses
dos controladores e as mudanças propostas pelos redatores.

Nessa análise, a escola como formadora de cidadãos, não pode ficar alheia a essa temática. Os
fatos jornalísticos não devem ser utilizados apenas para exemplificar a realidade, eles devem ser
utilizados principalmente para questionar a realidade. Os alunos devem analisar as notícias
levando em conta a pertinência ou importância de cada uma delas para as comunidades e
questionando o tempo todo aos impactos das mesmas na sociedade. Um exemplo disso pode ser
as estatísticas do aumento das produções agrícolas. Quando somos informados que “a produção
agrícola nacional obteve um aumento de 13% em relação ao ano passado” (DIEESE), temos que
fazer algumas perguntas, tais como: Quanto foi desmatado de mata nativa para alcançar essa
meta? Se há uma produção tão grande de alimentos por que a fome ainda perturba o país? Quem
ganha com essa produção recorde? O custo de vida vai cair? Dentre tantas outras indagações
que surgirão no calor dos debates.
As instituições escolares precisam ter uma atenção especial ao analisar os conteúdos dos
programas jornalísticos para que os fatos passem de fontes de informação para fontes de
pesquisa.

2.4 SOBRE OS PROGRAMAS INFANTIS

A preocupação com a elaboração e transmissão de programas infantis, teve início no Brasil


junto com a própria televisão. Logo no ano de 1955, cinco anos depois de ser inaugurada a
televisão, a TV Tupi trouxe do rádio o Clube do Guri. Nesse programa a criançada tinha contato
com a literatura e música de qualidade, declamando versos de Castro Alves, tocando
instrumento de cordas e ouvindo melodias nas vozes de Ângela Maria e Dalva de Oliveira.

Com a garantia de sucesso e aprovação dos telespectadores outras produções surgiram, como o
Teatrinho Trol em 1956, que apresentava óperas, reproduzia clássicos do teatro e da literatura
mundial e os heróicos: Capitão Furacão e Capitão AZA em 1965 e 1966 respectivamente, que
exaltavam os heróis da marinha e aeronáutica brasileira enquanto divertiam. No entanto, essa
fórmula, com o passar dos anos, foi ficando saturada. Surge então a necessidade de novas idéias.

Na década de 70 a TV Cultura em parceria com a Rede Globo trouxeram para o Brasil a série
americana Sesame Street, ou Vila Sésamo e ara apresentada conjuntamente pelas duas
emissoras. A princípio a série era dublada, mas depois do capítulo 40, os direitos do formato
foram comprados e o programa passou a ser produzido totalmente no Brasil.

Para a estudiosa Veiga (1996), esse gênero de programa pode ser considerado, em sua
totalidade, como educativo, pois toda sua elaboração foi baseada em opiniões e teorias emitidas
por técnicos em educação. Por esse motivo, o Vila Sésamo trouxe para a televisão uma fórmula
inovadora e inteligente que unia diversão, educação e humor. Sendo assim, o programa
conseguia educar sem ser cansativo ou monótono. E, naquela época, já incluía em suas pautas
temas como ecologia, consciência ambiental e outros assuntos que instigavam o pensamento
crítico das crianças e que só mais tarde ganhariam dimensão e preocupação mundial.

Outro programa de muito sucesso entre as crianças foi o Sítio do Pica-Pau Amarelo, baseado na
obra de Monteiro Lobato, considerado pelos críticos de arte como um dos mais bem produzidos
programas infantis da TV brasileira. Essa produção apresentava histórias da literatura mundial,
mas dava ênfase a cultura nacional, apresentando personagens como o Saci-Pererê, a Mula Sem
Cabeça e o Lobisomem. A segunda versão da atração não agradou ao público mirim e apesar de
várias reformulações acabou por ser substituída pelos desenhos de muita ação e pouquíssimo
conteúdo.

No início dos anos 80, entra no ar um programa com uma roupagem totalmente nova – era “A
Turma do Balão Mágico”. Não era bem um programa educativo, mas tinha uma dinâmica
inovadora que apresentava as crianças como autônomas de suas práticas. As músicas eram
divertidas e falavam das vivências ingênuas dos pequenos. O balão mágico foi o primeiro grupo
infantil a ganhar disco de ouro pele venda de suas canções, e foi a partir daí que os programas
deixaram de atender à necessidade das crianças e passaram a atender á lógica publicitária e
mercantilista.

Nessa visão capitalista, o mercado publicitário começou a perceber uma nova demanda
econômica - a criança consumidora. Esse pensamento fica claro quando analisamos a crescente
aparição de programas infantis em todos os canais e, em sua totalidade, seguindo a mesma linha:
Apresentadoras jovens, bonitas, com roupas curtíssimas e uma infinidade de produtos, no
mercado, levando suas marcas. Kellner (2005) analisa que enquanto as estrelas e empresas
enriquecem, as crianças empobrecem intelectualmente e ainda acrescenta:

[...] Enquanto a cultura da mídia promove os interesses das classes que possuem e controlam os grandes conglomerados dos meios de comunicação, seus produtos

também participam dos conflitos sociais entre grupos concorrentes, promovendo, às vezes, forças de resistência ao progresso [...].(KELLNER, 2001, p.27).

Em conseqüência disso percebe-se que as crianças estão cada vez mais valorizando o “ter” e
esquecendo-se do “ser”.

Outro ponto preocupante em relação a linha de programas em questão são os desenhos


animados. Essas produções, que invadem as manhãs das TVs comerciais e canais completos das
TVs por assinatura, se dividem em dois gêneros: os de lutas e pancadaria e os de futilidades.

Os desenhos animados de ação, como são chamados, apregoam lutas bárbaras do começo ao fim
e usam uma linguagem ofensiva, como aparece no desenho Dragom Ball e as continuações da
série. E presenciar cenas de violência e xingamentos não pode ser considerado educativo, nem
uma forma de entretenimento saudável. Outros desenhos investem na diversão sem conteúdo.
Como: o Bob Esponja, produzido pela Nickelodeon, que apresenta personagens marinhos
adultos, mas totalmente imaturos e que não contribuem em nada para o crescimento intelectual
ou amadurecimento para a vida de nenhuma criança e As Três Espiãs de Mais, produzido
pela Marathon production, que retrata as aventuras de três adolescentes espiãs que moram em
Beverly Hills e lutam contra o crime dentro de shopings usando uns aparatos estranhos (brincos
com raios laser, batons comunicadores, perfumes congelantes, botas ante gravidade, dentre
outros).

Aprofundando um pouco a análise no último desenho, podemos perceber, sem muito esforço,
que este enfoca questões referentes exclusivamente ao consumo, reforçando uma idéia, já
disseminada pela mídia, de um universo feminino envolto em vaidade excessiva, futilidades e
fofocas paralelas sobre compras, namoros e ídolos da TV, música ou esporte. O desenho, ainda
apresenta os alunos estudiosos do colégio das espiãs de uma forma estereotipada, ou seja, feios,
sem graça, impopulares e que nunca se dão bem em seus projetos pessoais, nem com as garotas.
Em vista disso, nota-se que os preceitos repassados por essas produções não possuem nenhum
teor educativo e ainda contribuem para a desvalorização das instituições de ensino.

Nesse entendimento, voltamos nossos olhares para as TVs públicas, que por não ter
compromisso com o lucro em si, apresentam uma programação infantil que propicia a reflexão
sobre temas atuais e enfatiza valores éticos e culturais, exemplos disso são os programas:
Castelo Rá-Tim-Bum, apresentado pela TV Cultura, une informação e diversão enquanto aborda
noções de ciências, história, matemática, cidadania, música, entre tantas outras; Sesinho na TV,
produzido pela TV SESI, é um desenho animado, onde os personagem vivem aventura
envolvendo trabalho infantil, evasão escolar, desvalorização do trabalhador; Teca na TV, do
Canal Futura, apresenta uma garotinha muito esperta descobrindo os mistérios do mundo que o
cerca e contextualizando-os com conhecimentos escolares.

No entanto, as emissoras de televisão aberta ainda são as preferidas do grande público, por isso
a necessidade de uma reflexão sobre seus conteúdos e suas ideologias. As salas de aula podem
ser palco para essas discussões e os professores mediadores desse debate.

2.5 SOBRE OS PROGRAMAS EDUCATIVOS

O papel exercido pelos programas educativos é indiscutível junto às crianças e jovens e


incontestável junto aos pais, mas esses programas, nos últimos tempos, se resumem aos canais
propriamente educativos. Mesmo quem só “dá uma rápida olhada” nos programas televisivos, já
percebeu a falta de opções quando o assunto é programa educativo específico.

As emissoras educativas como a TV Escola, TVE, TV Cultura, TV SESC, Futura e até as redes
de televisão dedicadas ao mundo da política como a TV senado e TV Câmara se dedicam a
vincular, em toda sua programação, produções voltadas ao ato educativo, seja educação
informal, seja orientação pedagógica para pais e professores. Todavia, essa programação não se
encontra a disposição de todos, pois os canais mencionados acima são canais de TV a cabo e
apenas as residências que possuem antenas parabólicas os utilizam.

Nas TVs comerciais o número inexpressivo de produções do gênero é evidente em todas as


emissoras, mesmo nos canais por assinatura. Os poucos que vão ao ar pelas TVs comerciais se
concentram em uma única emissora, a TV Globo e são apresentados em horário pouco propício
a audiência do grande público. Na emissora em questão os programas educativos que são
exibidos durante a semana, iniciam ao amanhecer e terminam antes das sete horas da manhã
com duração de aproximadamente quinze minutos cada módulo. São programas direcionados
para adultos que vão prestar exames supletivos e dessa maneira o formato segue os moldes das
salas de aulas tradicionais e os métodos utilizados para explanar os assuntos são da mesma
forma, ultrapassados o que contribui, decisivamente, para o fracasso dos mesmos. Ao que
parece os produtores que esbanjam talento em outras produções usam pouco da criatividade
quando o assunto é educação.

Nos fins de semana há uma variedade maior de programas voltados propriamente para a
educação e os temas destes são mais atrativos. São produções que tratam, de forma descontraída
e linguagem simples, da problemática ecológica, de consciência ambiental, solidariedade,
voluntariado, descobertas científicas e valorização do potencial educativo e rigor intelectual.
Temas que despertam muito interesse. No entanto, o horário não atrai a audiência e nem
patrocinadores, o que faz a emissoras lhes render pouca dedicação.

As emissoras de televisão por serem detentoras de um meio de comunicação tão poderoso e


influente na atualidade, não podem se limitar a ser uma indústria, seguindo a lógica do
mercantilismo. É de extrema importância que essa mídia esteja comprometida em formar uma
cidadania democrática visando o desenvolvimento da educação e a proteção da identidade
cultural da coletividade. Segundo a Constituição (BRASIL,1988)

Art. 221- A produção e a programação de emissores de radio e TV devem atender aos seguintes princípios:

I – Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – Promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;

III – Regionalização da produção cultural artística e jornalista, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV – Respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Sendo assim, a lei garante à todos um entretenimento televisivo de qualidade e os programas


educativos não podem ser limitados a horários e temas específicos pré estabelecidos. Devem
fazer, naturalmente, parte da programação, favorecendo o conhecimento científico e artístico,
estimulando a criatividade e imaginação em seus diversos domínios e colaborando com o
respeito étnico e cultural dos povos.

3 OS RECURSOS AUDIOVISUAIS

Durante muito tempo as instituições de ensino exerceram importância única na vida das pessoas.
Era através desses espaços que se buscava e conseguia ascensão profissional, cultural, social e
política. Porém, atualmente, o que se percebe é um declínio na educação brasileira,
principalmente da instituição pública de ensino.

Dentre os fatores que mais contribuem para essa desvalorização do ensino está a cultura
eletrônica popular. As crianças e jovens passam boa parte de seu tempo dentro dessa cultura, e
como a escola não conseguiu alcançar esse avanço, perdeu espaço. Não devemos desconsiderar
a inevitável participação da mídia eletrônica na formação desses jovens, tampouco a atração que
esses meios exercem sobre quem os utiliza. A televisão é o meio mais utilizado por todos,
seguida pelo computador e as estações de música. Então, se essas mídias despertam tanta
simpatia entre os jovens devem ser agregadas ao currículo escolar, pois a educação precisa
construir pontes entre os indivíduos e as comunidades.

Para Moram (1993, p. 36) “Tudo que passa na televisão é educativo. Basta o professor fazer as
intervenções certas e proporcionar momentos de debate e reflexão”. Portanto o uso da televisão
como recurso didático impulsionará uma inovação no ensino. Não se trata de trocar os métodos
convencionais pela televisão e o debate puro e simples.

A proposta é incorporar as temáticas apresentadas na televisão ao ensino diário da sala de aula,


aproveitando-se da rapidez da informação, das imagens, da diversidade de linguagem, das
pesquisas e reproduções de época e tantas outras abordagens, que bem utilizadas transformarão
as salas de aula em espaços muito mais atrativos e darão significado prático aos conteúdos.
Moram (1993) diz ainda que as mudanças qualitativas no ensino aprendizagem acontecem de
fato quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as tecnologias: as
telemáticas, as áudio visuais, as textuais, as orais, musicais, lúdicas e corporais.

Nessa nova perspectiva, a televisão se torna uma ferramenta de fundamental importância, por
unir todas essas tecnologias e possibilitar um vasto leque de opções ao educador, tornando o
trabalho com a turma mais dinâmico e criativo em todas as disciplinas, como foi observado por
Ferrés (1998, p. 136)
A educação com os multimeios tem muitas vantagens suplementares. Cada meio ativa nos alunos alguns mecanismos perceptivos e mentais diferentes [...] permite,

então, adaptar-se às capacidades perceptivas e mentais diferentes dos diversos alunos, compensando os déficits derivados da aprendizagem com outros meios

Pensando assim, a televisão se apresenta como mediadora entre as experiências do censo


comum e as descobertas e relações entre pessoas e sociedade, é como se fosse pensar e
visualizar concretamente o pensamento, as imagens possibilitam a abstração e análise lógica dos
fatos. A junção de acontecimentos, som e imagens transmitidas pela TV, possibilitam aos alunos
a proximidade com espaços geográficos, descobertas científicas, habitats, formas de vida e
cultura que poucos veículos podem fornecer de forma tão real.

O uso da televisão como instrumento de educação, justifica-se pela sua indiscutível importância
na sociedade brasileira. Além de ser um recurso inesgotável, a televisão tem um aspecto
abrangente que pode ser utilizada em todas as disciplinas e apresenta subsídios para tratar de
qualquer assunto, seja ilustrando aspectos históricos, humanos, sociais e científicos, como no
comportamento da humanidade frente as mudanças.

O uso da televisão em sala de aula deve ser encarado como um projeto, de preferência coletivo, partilhado entre diversos profissionais de um estabelecimento escolar.

O poder e a influência da TV só podem ser revertidos em conhecimento escolar na medida em que o uso da TV em sala de aula seja a conseqüência de um conjunto de

atividades e reflexões compartilhadas (NAPOLITANO, 2003, p.25).

Para tanto, o uso dessa ferramenta, como qualquer outra, requer planejamento, objetivos
definidos e participação de todos. E será útil, inclusive, para a interação dos professores, que
agora farão trabalho em conjunto, tendo oportunidade de dialogar com os colegas sobre suas
percepções em relação ao desenvolvimento e comportamento dos alunos, bem como
compartilhar suas práticas, experiências e descobertas.

Para tanto, o uso dessa ferramenta, como qualquer outra, requer planejamento, objetivos
definidos e participação de todos. E será útil, inclusive, para a interação dos professores, que
agora farão trabalho em conjunto, tendo oportunidade de dialogar com os colegas sobre suas
percepções em relação ao desenvolvimento e comportamento dos alunos, bem como
compartilhar suas práticas, experiências e descobertas.

Nessa perspectiva, a televisão aparece como uma oportunidade de democratização dos


conhecimentos e da cultura, ampliando os horizontes e as leituras de mundo, não apenas dos
alunos, mas de todos que compõem a comunidade escolar. Guareschi (2005) acredita que os
processos educativos atuais precisam de modificações urgentes, pois estamos passando por
mudanças muito rápidas e diversificadas. Os jovens vivem em ambientes que, apenas as formas
tradicionais de conhecimentos não são suficientes para prepará-los pra vida. Na concepção de
Guareschi (2005, p.32), “o educador que se detiver na interpretação dos acontecimentos está
imediatamente superado”.

Se a sociedade esta mudando de forma tão rápida a escola não pode esperar, precisa se destacar,
conhecer e explorar as preferências e interesses de sua clientela. Incluir a mídia televisão em seu
espaça acadêmico é uma forma de fazer o diferencial, “mas não se trata só de saber o que passa
[na televisão], ou seja a informação, mas de pensar, refletir, entender,saber analisar aquilo que
lhe é repassado”(GUARESCHI, 2005, p.33).

Muitas escolas e educadores já se utilizam da televisão para exibir filmes, documentários e


algumas produções de TV. Porém a lógica desse fazer ainda se remete aos métodos tradicionais.
As experiências desses profissionais continuam voltadas a um aprendizado reprodutivo. Usar a
televisão e sua imensa gama de programas no aprendizado escolar, não se limita, somente, ao
ver, discutir e relacionar ao conteúdo, como estamos acostumados a observar nas práticas de
muitos educadores. O ato de ver a televisão em sala de aula vai muito além disso, é preciso que
se possibilite uma reflexão contínua e metódica em relação aos programas, pois mesmo quando
estes se mostram educativos, estão impregnados de conceitos ideológicos, como observa
Guareschi(2005, p. 38) quando diz:

[...] A mídia é o coração da sociedade da informação, sob cuja égide vivemos. E a informação é o novo modo de desenvolvimento responsável pela produtividade do

sistema capitalista nos dias de hoje. Quem detém a informação, de um modo geral, e dentro dela a mídia, detém o fator central de desenvolvimento[...].

Nesse ponto de vista, o estudo com a televisão toma ares de análise muito mais amplo. É preciso
analisar o comportamento no contexto real em que os fatos acontecem e por que acontecem.
Quais causas e conseqüência desses fatos no desenrolar da história, e principalmente ter o
entendimento que dessa história todas fazem parte.

Se por um prisma de visão a TV possibilita uma elaboração cognitiva mais rápida dos saberes
atuais, se observarmos com cautela, os assuntos podem se tornar superficiais porque não dá
tempo de se aprofundar em cada um deles, devido a rapidez com que são lançados ao público. É
nesse sentido, também, que a escola deve se apresentar. Ensinando seu aluno como assistir
televisão, como analisar os fatos sem se perder nas banalidades e tendo uma visão ampla que
consiga ver além das imagens e não se esquivando de criticar e buscar mecanismos que melhore
a produção midiática que é ofertada a todos.
Nessa visão, Guareschi (2005) ainda acrescenta que é fundamental demonstrar o que pensamos
e que não nos furtamos a tomar uma posição frente a mídia. Para o autor, o trabalho crítico não
se faz sobre o nada, mas sobre as contradições existentes na sociedade e, no caso em questão, as
existentes no campo da mídia, que precisam ser apontadas, uma vez que seus “donos” fogem da
autocrítica. Essa crítica mencionada pelo autor só será possível se o aluno estiver em contato o
ver a mídia de forma reflexiva, e isso só se dará em sala de aula.

Sabendo da influencia que os meios midiáticos exercem na vida dos jovens em idade escolar, a
mídia deve permear os processos educativos da mesma forma como acontece com a leitura e
escrita convencional. Desde a idade mais tênue a criança precisa ser estimulada a leitura crítica
do que vê na televisão e vídeo, as produções apresentadas as crianças desde as séries iniciais
precisam ser refletidas, seus temas devem trazer ensinamento e não condicionamento ou
alienação. O profissional de educação dos novos tempos deve saber utilizar essas produções
para instigar o censo crítico de seus alunos. Moram (1993) diz que a midiabilidade sem
mediação acaba por criar ícones no imaginário infantil, e a criança passa a compreender o
universo televisivo como um mundo de sonhos e trazer essa visão para suas vivências.

Desse modo, a leitura da mídia torna-se indispensável para uma educação integral do indivíduo.
Para Veiga (1996) saber lar as imagens é infinitamante mais importante que apenas vê-las.
Porém os profissionais precisam estar capacitados a isso para não cair no que Férres ( 1998)
chama de feitichismo da tecnologia, que consiste em acreditar ingenuamente que basta uma
mensagem ser vinculada por uma máquina para que seja eficaz. A apropriação das linguagens,
informações e fatos da TV é inerente aos cuidados que o educador deve ter ao preparar suas
aulas convencionais. Da mesma forma que o professor planeja, seleciona textos, também deve
pesquisar, assistir programas e selecionar os mais adequados e coerentes as aulas e assuntos
abordados, para explorá-lo didaticamente em sala de aula.

Reforçando esse pensamento, Veiga (1996) ainda observa que o planejamento adequado para o
uso desses recursos vai além do assistir e selecionar, para a autora esses recursos não funcionam
por si sós, é necessário que os alunos sejam informados de aspectos que os situem, para que os
mesmos já assistam a programação com o olhar aguçado, é necessário também que as exibições
sejam enriquecidas com atividades dirigidas, já previamente definida e complementadas por
discussões, que vão trazer fatos e observações que apenas no calor do debate podem surgir. Isso
é o ler nas entrelinhas.

Mais que se utilizar dos recursos televisivos,o professor precisa se utilizar do recursos humanos,
que são os alunos e próprio professor. O professor precisa de auto valorizar-se e valorizar o
ensino que oferece a sua clientela. Os recursos tecnológicos são apenas suportes, quem toma as
decisões, norteia as conversas e possibilita as viagens imaginárias ao mundo do conhecimento é
o professor. Nesta perspectiva, professor e aluno são parceiros na exploração das tecnologias e
nas descobertas das possibilidades pedagógicas que a televisão oferece.

Vale ressaltar, que a prática pedagógica atual precisa ser mais dinâmica, abrangente e por que
não dizer revolucionária. O aluno não precisa, apenas, da informação que a mídia vincula. O
alunado atual precisa ser informado dos processos de produção, as formas e as fontes de
informação, levando em conta os aspectos ideológicos, políticos, econômicos, culturais e
estéticos que a mídia está envolta. O aluno precisa saber, inclusive, “que os meios de
comunicação eletrônicos (rádio e televisão) são um serviço público [...] são concessões
temporárias” (GUARESCHI, 2005, p.44). Sendo assim, a comunicação que é um direito
humano universal passa a ser exercido por todos e todos devem ter o direito de expressar sua
opinião, manifestar seu pensamento através desses serviços públicos.

Veiga (1996) ressalta que a escola e a TV ainda não estabeleceram uma integração produtiva, à
altura de suas relevâncias na formação das novas gerações. Os apelos pela audiência faz a TV
distorcer seu foco e afastar-se cada vez mais de atuar em benefício da sociedade, indo de
encontro a natureza formativa e tradicional da escola. Distanciadas assim, nem uma nem outra
exerce seu papel integralmente dentro da sociedade, pois a televisão, na atualidade é um
fortíssimo instrumento de educação informal, como observa Baccega (2000)

[...] a televisão, com meio século de presença entre nós, compartilha com a escola e família o processo educacional, tornando-se um importante agente de formação.

Ela até mesmo leva vantagem em relação aos demais agentes: sua linguagem é mais ágil e está muito mais integrada ao cotidiano: o tempo de exposição à televisão

costuma ser maior do que o destinado à escola ou a convivência com os pais [...] (BACCEGA, 2000, p.95).

Observando por esse ângulo de visão, a didática de ensino dos novos tempos precisa se adequar
as mudanças e as demandas. Os avanços didáticos devem seguir a lógica das mudanças e
preparar sua clientela para dominar as mudanças e não apenas se enquadrar a elas. Se a televisão
é tão importante na formação dos jovens, precisa ser revista suas formas de apropriação, para
que a mesma tenha um caráter formador desde a elaboração da programação até a outra ponta do
fio, que é o telespectador.

O que se percebe é que muito se fala sobre os malefícios da TV, porém, pouco se faz para que a
televisão seja o veículo “com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas e que
respeita os valores éticos e sociais da pessoa e da família” (Brasil, 1988). Se a mídia precisa
mudar o modo de apresentar e representar o mundo através da TV, os educadores, também
precisam mudar suas formas de apropriar-se desse recurso, e a sociedade precisa reagir aos
abusos que a mídia comete. Mas, para que essa reação à mídia televisiva aconteça o
telespectador precisa estar preparado com argumentos críticos e conhecimentos sobre a mídia e
isso “ela” não transmite. Para que os jovens compreendam a lógica da programação de TV, estes
precisam ter, o que Kellner (1995) denomina de “alfabetismo das imagens, ou leitura crítica das
mensagens midiáticas. Alfabetizar para as mídias é, principalmente, função da escola.

Existe uma necessidade de ampliar o alfabetismo e as competências cognitivas para que possamos sobreviver ao assalto das imagens, mensagens e espetáculos da

mídia que inundam nossa cultura. O objetivo será desenvolver um alfabetismo crítico em relação á mídia, um alfabetismo que contribua para tornar os indivíduos mais

autônomos e capazes de se emancipar das formas contemporâneas de dominação, tornado-se cidadãos mais ativos, competentes e motivados para se envolverem em

processos de transformação social(KELLNER,1995, p.105)

Se a palavra de ordem é alfabetizar, é reaprender a ver a televisão, aprender a utilizá-la de forma


pedagógica e até melhorar a qualidade das produções. A educação para as mídias, então, está
sob a responsabilidade dos profissionais de educação e estes precisam estar cientes disso. Ainda
está em tempo de iniciar essa cruzada pela alfabetização das mídias e isso deve partir do pré
suposto de que a mídia é poderosa e influente e repassa para seu espectador apenas as forças que
a sustenta – o capital financeiro e empresarial.

Portanto, compreender os mecanismos de produção, transmissão e recepção do que a mídia


vincula é função da escola e de todos os envolvidos no processo educativo, e elaborar soluções
democráticas para uma mídia de qualidade e comprometida com a formação de cidadãos
autônomos faz parte do exercício de quem quer ser um educador consciente e engajado.

4 A TELEVISÂO SOBRE O PRISMA DE VISÂO DE ALUNOS E PROFESSORES

Para compreender como os recursos áudio visuais estão sendo utilizados nas escolas é
necessário aprofundar-se em pesquisa. A observação da prática docente e principalmente os
direcionamentos pedagógicos envolvendo as mídias, em especial a televisão, é decisivo para
verificar se os profissionais de educação estão com um olhar voltado para a formação ampla e
crítica das novas gerações.

Porém, o que se percebe nessas observações é uma prática antiquada com o professor, ainda,
sendo o centro das atenções e aulas expositivas com participação dos alunos quase nula. Desta
forma é quase impossível uma formação que possibilite o olhar crítico e a reflexão sobre os
signos, imagens, fatos e informações que a mídia exibe.
Ferrés (1998) analisa que o descompasso da escola em relação ao avanço dos meios de
comunicação se deve ao atraso da primeira e as dificuldades que os profissionais apresentam em
se desligarem dos métodos tradicionais e promoverem mudanças em suas práticas cotidianas.
Nesse sentido, chama atenção para o fato de que:

O professor que reluta em usar maneiras mais sintonizadas com as mudanças contemporâneas, o faz porque vive em uma instituição que se auto protege, alegando,

muitas vezes motivos de ordem cultural não percebendo, portanto, as contradições que sua atitude encerra. (FERRES, 1998, p. 10).

Sendo assim a própria instituição de ensino precisa se apressar para promover essas mudança e
capacitar seus profissionais para o ensino na contemporaneidade.

As escolas disponibilizam de alguns recursos. Porém, não são bem aproveitados pelos
profissionais e ao final, quem perde são os alunos que deixam de participar da construção de um
conhecimento atualizado e contextualizado com a realidade local e global.

O trabalho com as mídias e as linguagens audiovisuais, a princípio, assusta os professores por


vários motivos: medo do desafio, medo do novo, falta de prática em manusear os equipamentos
tecnológicos, falta de compromisso e até por acreditar que precisa de formação específica. Mas
não é necessário nada disso. Para um bom trabalho com as mídias em sala de aula, o educador
precisa ter disponibilidade para planejar e analisar criticamente o que ver, é a incorporação
natural do recurso em sala de aula.

Para Napolitano (2003), o educador deve levar em consideração algumas questões, tais como:

- Trabalhar com material fonte que tenha domínio para sanar todas, ou quase totalidade das
questões,

- Não impor preferências pessoais. Permitir que os alunos opinem sobre algumas escolhas;

- Selecionar os programas levando em conta os gostos do alunado e para isso professor e alunos
precisam estar em sintonia.

- Buscar sempre novas abordagens, para que as aulas não caiam na monotonia, pois se for assim
não surte efeito.

- Deixar claro que as atividades que seguirão, são trabalhos e não lazer.

As escolas visitadas, Colégio Estadual Hildete Lomanto, Escola Agrotécnica de Juazeiro (ambos
da rede estadual de ensino) e Colégio Dínamo (da rede particular de ensino), contam com um
aparato tecnológico, que se fosse bem utilizado possibilitaria um salto na educação. Todas elas
possuem antena parabólica, televisão, aparelhagem para gravação de vídeo, aparelho de áudio,
projetor de slides, televisores, vídeo cassete, aparelho de DVD e uma delas, a Escola
Agrotécnica, possui retroprojetor de multimídias. Isso retira o argumento que as escolas não têm
equipamentos.

Foram aplicados questionários a professores e alunos e após as respostas escritas os


entrevistados ainda fizeram alguns comentários orais sobre o assunto, que foram prontamente
gravados no celular.

Dos alunos pesquisados, cerca de 86% apontam a televisão como o lazer favorito, e quando a
pergunta é quantas horas passam assistindo televisão, as respostas foram reveladoras:

GRÁFICO Nº 1

Quando foram questionados sobre os equipamentos tecnológicos, constatou-se que os alunos


sabem pouco sobre o que a escola possui para dinamizar suas práticas e quase todos
responderam apenas a televisão e o vídeo e houve dois professores que, apesar de trabalhar na
escola há mais de três anos desconheciam que esta possuísse um retroprojetor de multimídias.

GRÁFICO 2 - ALUNOS

GRÁFICO 2 - PROFESSORES

Quando a pergunta é sobre o uso dos equipamentos tecnológicos que a escola dispõe,
professores e alunos se contradizem, como se não tivessem falando da mesma escola.

GRÁFICO 3 - PROFESSORES

GRÁFICO 3.- ALUNOS

Outra pergunta que provocou contradição nas respostas foi sobre o uso da tele visão em sala de
aula, e de que forma é utilizado esse recurso. Os professores foram unânimes em dizer que
utilizam a televisão para exibirem filmes relacionados aos conteúdos e que em seguida propõem
um debate amplo sobre todos os aspectos abordados. Entretanto, os alunos rebatem dizendo que
o uso do vídeo é apenas para fins de entretenimento.

GRÁFICO 4 - PROFESSORES
GRÁFICO 4 – ALUNOS

A televisão brasileira apresenta programas para todos os gostos, cada programa é direcionado
para uma fatia de telespectador. Estes programas pesquisam os gostos e interesses de seu
público alvo e elaboram a programação e atrações que atendam aos anseios desse público,
inclusive os patrocínios são de produtos e serviços voltados a esse universo.

Quando a pergunta é sobre os gostos televivisos dos entrevistados, estes se aproximam e se


distanciam com a mesma intensidade, porém os professores não costumam assistir a
programação que seus alunos mais gostam, enquanto os alunos tem gostos mais ecléticos e
passeiam por quase todos os programas da grade das grandes emissoras.

GRÁFICO 5 - PROFESSORES

GRÁFICO 5 - ALUNOS

Sobre o aprendizado que esses programas possibilitam, as respostas são as mais variadas.

GRÁFICO 6 - PROFESSORES

GRÁFICO 6 - ALUNOS

Outro ponto intrigante na pesquisa é o desconhecimento total dos gostos e anseios dos alunos
pelos educadores. Quando perguntou-se sobre os comentários que os alunos fazem em sala de
aula sobre televisão, os professores, se limitaram a responder que esses falam sobre temas
polêmicos como violência e corrupção. Quando a pergunta foi lançada aos alunos, a resposta foi
que se falam desde as receitas de bolo dos programas femininos matutinos, até temas mais
amplos, como pesquisas sobre aquecimento do planeta. Os alunos responderam ainda que
sentem necessidade de aprofundamento em algumas questões que na televisão são exibidas
superficialmente, como inflação e juros bancários.

GRÁFICO 7 - PROFESSORES

GRÁFICO 7 - ALUNOS

Tendo em vista esses dados as conclusões sobre os usos e desusos da televisão em sala de aula,
torna-se mais perto de ser elucidada.

ANÁLISE DOS DADOS


Os dados acima acenam para uma prática pedagógica com ênfase nos fundamentos tradicionais,
professores e alunos distantes e didática de ensino que não satisfaz as necessidades e exigências
da modernidade; que requer dos jovens autonomia e criticidade de pensamento.

O gráfico 01 demonstra que os alunos passam boa parte de seu tempo livre diante da televisão.
Analisando esses dados, percebe-se que é muito tempo diante de uma maquina de informação
sem adquirir conhecimentos. A televisão não deve ser uma forma de condicionamento, e sim
uma fonte de informação que agregada aos conteúdos escolares e os debates, torna a formação
do aluno em formação ampla e integral para os desafios futuros.

Quando se fala em conhecer a escola e suas possibilidades, é muito importante que todos
tenham conhecimentos do que a escola oferece e de que forma isso será utilizado para o bem
comum, analisando o gráfico 02 percebe-se que essa proposta ainda é uma utopia, mesmo na
rede particular de ensino. Sabendo o que a escola disponibiliza, os alunos podem cobrar o uso
desses equipamentos e os professores os utilizaram com mais freqüência e de forma mais
didática. Isso fica claro se verificarmos o gráfico 03.

Os dados do gráfico 04, mostram que o uso da televisão nas salas de aula das escolas pesquisada
ainda é restrito e que, quando se fala em televisão, tanto professores quanto alunos continuam
atrelados ao uso do vídeo, e não da televisão e sua vasta programação, que não está
condicionada a uma única temática ou enredo. Os alunos não conseguem perceber a televisão
como veículo de comunicação educativo e os professores pouco fazem para mudar essa
realidade. Nesse contexto, fica claro, também, que o uso do vídeo em boa parte das escolas não
tem fins didáticos. Nesse sentido, Moram (1993) é taxativo. O uso do vídeo não pode ser feito
sem um planejamento prévio, o vídeo “tapa buraco” é a desvalorização de um recurso
riquíssimo e também a desvalorização do profissional, que não é capaz de aliar a tecnologia da
informação à sua prática.

Por esse ponto de vista, a pesquisa mostra que o discurso do professor distancia-se muito da sua
prática em sala de aula, e que este tem ciência da necessidade do uso da televisão e outras
mídias nas atividades pedagógicas. Dessa forma a falta de uso do recurso com fins pedagógico
não acontece por despreparo do profissional, como estes tentam demonstrar, acontece por falta
de compromisso com sua missão de educar, como fica claro nessas falas:

“Uso o vídeo e a TV nas minhas aulas. Assisto os filmes em casa, muitos vem indicados no livro
didático, Depois que faço uma boa observação e trago. Os alunos gostam muito. Eles debatem
sobre o assunto. A aula fica mais divertida...” (Professor A)
“Até o tempo passa mais rápido.” Completa o professor B.

Em outra fala o professor B ainda diz:

“Falar da televisão é como falar da realidade no momento em que as coisas acontecem. Eu


acho que já passou foi da hora de trazer a televisão pra ser vista e discutida, só não pode é ser
todos os dias...”

No entanto, a investigação aponta que os professores, apesar de defenderem uma postura crítica
e reflexiva em seus discursos, em suas aulas a prática é diferente. Muitos professores não
programam nada para ser feito utilizando os equipamentos e alguns, se quer, sabem ou querem
saber, o que a escola dispõe para suas aulas. O que fica, claramente, demonstrado nas falas dos
alunos:

“Os nossos professores passam filmes quando tem que falar com a diretora ou receber algum
pai” (Aluno A, da rede particular de ensino)

“Geralmente os filmes são nos dias de sexta feira, os professores dizem que vão falar dos
filmes, mas é um corre, corre tão grande que acaba não dando tempo. Aí, na segunda não fala
mais” (Aluno B)

“Quem fala muito dos filmes é só a gente” (Aluno C)

Para modificar essa realidade, cada docente deve buscar formas mais adequadas de integrar a
televisão aos seus procedimentos metodológicos. No entanto, é necessário que se possibilite
junto a isso a ampliação de formas de comunicação interpessoal e grupal, para que os alunos não
se detenham, apenas a comunicação audiovisual e telemática. Sobre isso, Kellner (1995, p. 105)
diz que o professor precisa “trabalhar perspectivas que apontem novas tendências e condições
e condições sociais que exigem rediscussão de nossas velhas teorias”.

Quanto aos alunos, a pesquisa demonstra que esses sentem necessidade de mudança na didática
de ensino, mas não sabem em que sentido isso poderia acontecer e alguns, apesar de citar a
televisão o tempo todo, não conseguem perceber como essa mídia influencia suas vidas.

“Era bom falar de televisão... Eles (os professores) não iam gostar. Mas tem coisas boas de se
ver.” (Aluno B)

“Assisto bastante, é um passa tempo” (Aluno C)


Os alunos como estão habituados assistir os programas sem nenhuma reflexão crítica, pouco
percebem a contribuição desses em suas vidas, e quando são questionados sobre modismos e
bordões que a televisão de certa forma impõe, não encontram uma explicação para tal
acontecimento. E quanto aos professores, esses percebem as ideologias impregnadas nos
programas e criticam os possíveis malefícios da televisão na sociedade atual, porém não
conseguem perceber os pontos positivos que a mesma pode propiciar. Para esses profissionais,
além dos fatos jornalísticos e dos programas tidos como educativos, a TV não tem outro fim se
não o de entretenimento banal.

“Tem coisas que passam na televisão, que eu fico imaginando o porquê daquilo. Quando é
estréia de novela, falam sobre isso em tudo que é programa. Deixam de passar coisas
importantes pra falar da novela” (Professor A)

“O programa Ação, o Globo Ecologia e o Telecurso são muito bons. O Telecurso nós usamos
em sala de aula. Aqui na escola tem a coleção completa, veio com o projeto das parabólicas”
(Professor B).

Os alunos dizem que os professores citam fatos, acontecimentos e cenas de novelas para
fundamentarem seus pensamentos e aproximarem suas práticas da realidade. Se a televisão é
mencionada a todo tempo na sala de aula, porque não é utilizada de fato para uma análise
aprofundada de tudo que esta vincula. Segundo Napolitano (2003) Compreender toda a
dinâmica que envolve a televisão é quase uma obrigação para o educador dos novos tempos.

A pesquisa aponta que professores e alunos tem gostos diferenciados em relação aos programas
de TV que mais assistem. Os alunos, apesar de não assistirem a televisão em busca de
conhecimento, conhecem toda a programação e falam com desenvoltura sobre os programas,
enquanto que os professores, são tradicionais até nas escolhas da programação de televisão. Se
os professores não se permitem assistir tudo que a televisão exibe, não terão subsídios para
comentar, criticar ou apontar alternativas pedagógicas. Como fica claro no gráfico 05.

As possibilidades de aprendizado informal e formal que a televisão possibilita são inúmeras e


podem ser utilizadas em todas as disciplinas e conteúdos, contextualizando com a realidade e
dando significado real ao aprendizado. Porém, nessa perspectiva de ação tanto professores
quanto alunos pouco tem a acrescentar. Na visão de ambos, a televisão está condicionada ao
lado filosófico da reflexão e do debate de idéias e que não avançam além disso. Isso é
demonstrado no gráfico 06 e fica, ainda mais evidente na fala de professor e aluno.
“Quando passa uma matéria como a do rapaz que devolveu o dinheiro. Aquilo é muito
importante para eles (os alunos) perceberem o valor da honestidade” (Professor C)

Essa fala é muito intrigante, pois a professora age exatamente como a mídia quer. Quando é
vinculada uma matéria como a citada acima, a mídia está tentando fazer com que a classe
trabalhadora seja honesta. No entanto. A mídia não exibe nada quando essa classe está sendo
explorada, ou quando os grandes grupos estão sendo desonesto com seus subordinados. Quando
o professor acompanha o pensamento da mídia, este está sendo conivente com sua ideologia.

Os alunos, também pensam de forma parecida, alguns citam as produções da Disney como
promovedoras de valores de força e superação.

“São filmes que nos fazem acreditar que podemos tudo, que não há desigualdade e só ser bom
basta.” (Aluno C)

Mais uma vez a mídia se sobressai e impõe sua ideologia. Quando o aluno acredita que “só
sendo bom basta”, este deixa de lutar por seu espaço e as desigualdades sociais continuam
passando despercebidas.

Sendo assim, a televisão e seus conteúdos devem ser socializada com os docentes durante seus
planejamentos, pois o debate entre eles pode motivar uma mudança radical em suas práticas.

Sobre os programas que indicariam como educativos, mais uma vez os entrevistados se deparam
com o tradicionalismo. Os alunos demonstram uma visão mais moderna e reconhecem que
pode-se aprender com os programas de televisão que assistem nas horas de lazer, inclusive as
novelas e os programas de variedades e que esses podem ser bem utilizados em sala de aula. Já
os professores, apesar de demonstrarem uma postura crítica e reflexiva, quando se fala em
programas de TV suas falas sempre se voltam, exclusivamente aos programas de cunho
educativos em sua essência.

“As novelas são interessantes, dá pra falar sobre um monte de assunto. Quando passou Sinhá
Moça, o professor de história usava exemplos da novela pra gente entender o assunto. Era
muito legal.” (Aluno A)

“A malhação passa uns negócios sobre gravidez. Aí, na aula de biologia a gente fica
perguntando...” (Aluno B)
“Eu gosto muito do Globo Ecologia, tem dados interessantes pra se trabalhar em sala de aula”
(Professor A)

“Eu assisto os programas de revista eletrônica que passa aos domingos. Passam umas séries
bem interessantes sobre a vida na terra, sobre doenças e teve um sobre física que mandei
gravar, mas ainda não usei” (Professor B)

Para finalizar a análise, o gráfico 07 demonstra o quanto a interação entre professor e aluno
precisa ser reconstruída. Para que os métodos utilizados, sejam eles inovadores ou não, surtam
efeito é necessário que alunos e professores estejam em harmonia, falando a mesma língua. O
conhecimento de gostos e vivencias dos alunos é fundamental para que o professor trace um
plano de ações didáticas que os estimulem e motivem a participação ativa nas aulas. A pesquisa
apresenta dados que comprovam que professores e alunos caminham para lados opostos, desta
maneira a educação fica sem norte.

Os conhecimentos midiáticos são de domínio público, porém a apropriação desses para o


conhecimento do mundo e desenvolvimento da sociedade é de domínio da comunidade, da
família e principalmente da escola.

CONCLUSÃO

Chegando ao fim desse trabalho percebo que muito descobri sobre a televisão e toda a dinâmica
que a envolve, porém minhas descobertas são apenas uma pequenina ponta da discussão que não
pode ficar engavetada nas escrivaninhas burocráticas das escolas, faculdades e outros órgãos
educacionais.

Nesse trabalho pude pontuar fatos e levantar questionamentos pertinentes ao campo


comunicacional e educacional, pois acredito que da mesma forma que a escola precisa mudar
sua visão em relação a televisão e outras mídias, as emissoras de TV devem se engajar em
utilizar esse instrumento tão rico que é a comunicação de massa em benefício da formação de
gerações críticas e questionadoras.

Para encaminhar essas mudanças é necessário coragem para debater os meios de comunicação
de massa, que hoje são grandes oligopólios a serviço do capitalismo mercantilista. Penso que
essa realidade deve ser modificada e acompanho o pensamento de Silverstone (2002), quando
este diz que a sociedade precisa se manifestar criando o que pode ser chamado de quinto poder,
que seja capaz de controlar o quarto poder - a mídia- que já controla muito bem os outros três.
O papel desse quinto poder seria desafiar, criticar, enfrentar e responder a mídia. Quanto a
escola, a responsabilidade dessa instituição vai além da formação intelectual, deve transcender a
formação humana e cidadã e alcançar o ápice de uma formação integral do indivíduo, onde este
possa contra argumentar e se posicionar-se frente as intencionalidades das mídias, não deixando
de assisti-las e participar de suas produções, mas lendo-as de forma crítica, reflexiva e
decidindo-se de forma democrática sobre seus valores e contribuições à sociedade.

Sempre é tempo de iniciar um letramento para as mídias, e para essa tarefa obter êxito ninguém
pode ficar de fora. A sociedade civil e o poder público devem ampliar seus conhecimentos sobre
a mídia eletrônica para junto aos órgãos educacionais buscar formas de democratizá-la.

A obrigação da mídia é defender os interesses do país, e a obrigação da escola é possibilitar as


futuras gerações a participação ativa nas mudanças e a compreensão intrínseca desses interesses.
Portanto, na sociedade atual, uma não deve caminhar sem a outra do lado.

REFERENCIAS

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de processos educacionais – Comunicação e Educação, ano VIII, nº 32, jan –abr./2002. São
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audiovisuais. (in) SANCHO, Juana M. Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre. Artmed.
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MATOS, Sérgio. História da TV brasileira: Uma visão social, econômica e


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Morais, Fernando. Na Toca dos lobos. São Paulo, Ed. Planeta, 2005

Morais, Fernando.Chatô, O rei do Brasil- A vida de Assis Chateaubriand. São Paulo:


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MORAN, José Manuel. Mudanças na comunicação pessoal. 2a ed. São Paulo: Paulinas, 2000.

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Mediação Pedagógica. 7ª ed., Campinas: Papirus, 2003.

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SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia?São Paulo:Loyola, 2002

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC sobre Televisão, entre elas "2


anos da TV Escola", TV na Escola e os Desafios de Hoje, Educação do Olhar, Revista TV
Escola.

VEIGA, Ilma Alencastro (Org.). Didática e Sociedade. Campinas, São Paulo: Papirus, 1996.

SITES CONSULTADOS

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HTTP://revistapublicidad.com/v2/view/noticia.aspx

http://www.ibope.org.br
HTTP://www.anatel.gov.br

HTTP://www.ipea.org.br

[1] 1 são radiações onde os elétrons emergem do pólo negativo de um eletrodo, chamado
cátodo, e se propagam na forma de um feixe de partículas negativas ou feixe de elétrons
acelerados.

Publicado por: rosineide assis

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