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o Profano”
Mircea Eliade na sua obra estuda a forma como estas categorias permitem
estruturar e organizar espaços e temporalidades distintas que moldam a
organização social (caos e ordem).
- Ac
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1- A relação sagrado e profano - Mircea Eliade
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3 - A origem das religiões (Obadia, 2011);
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grande preponderância. Nesta época o poder religioso tinha um peso
muito grande numa sociedade pois era diferente tanto nas categorias
do conhecimento quanto no que disponibilizava.
Com o aparecimento das sociedades modernas e da ciência existiu a
necessidade da fazer a diferença do que é religioso e do que é secular,
direcionando para o individuo crente o compromisso com a religião
através da sua crença e motivação.
Uma das apreensões de Asad com a presença da religião na esfera
publica das sociedades é por ser marcada por um pluralismo religioso
e cultural, mencionando que a ciência (teoria) e a tecnologia (aplicação
pratica) são essenciais juntas para a organização das vidas modernas
e que uma religião não é vazia.
Nos primeiros seculos o povo Grego e o Romano foram os primeiros a
sistematizar os pensamentos religiosos surgindo a fusão da filosofia
grega ao cristianismo. Com a expansão europeia pelos continentes
levou a religião ocidental pelo mundo.
Até fim da Idade Média a Igreja Católica conquistou e manteve grande
poder económico, político, jurídico e social. Novos pensamentos
surgiam através do homem renascentista que tinha mais acesso a
livros e informação de todo o mundo, fazendo o confronto com
pensamentos e teorias já existentes.
Asad defende que a secularização, que é o processo pelo qual a religião
deixa de ter influência sobre a vida social, não é decisiva para a
consubstancialização da modernidade.
Com a globalização começamos a ter num só espaço várias culturas e
religiões o que por vezes poderá originar conflitos. Atualmente existem
várias religiões, espalhada por todo o mundo, mas as três que têm
mais fiéis são o Cristianismo, o Islamismo e o Hinduísmo.
Através do estudo comparado das religiões, ciência moderna, verificou-
se a existência de religiões sem deus como é o caso do Budismo, o que
levou à revisão do conceito em busca de algo em comum com vista a
permitir abordar todas a religiões.
A propagação da religião demonstrou estar compatível nos dias de
hoje
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explicam a recorrência aos rituais que demarcam a cultura africana e
explicam a sua luta constante colonial onde vigoram desigualdades e
onde muitos são excluídos da redistribuição de bens
TEMPLUM-TEMPUS
O termo mundo é igualmente utilizado no sentido de Ano, em
algumas línguas das populações aborígenes da América do Norte. O
Cosmos é concebido como uma unidade viva que nasce, desenvolve-se e
extingue-se no último dia do ano, para renascer no dia do Ano Novo. A
correspondência cósmico temporal é de natureza religiosa.
Templum exprime o espacial, tempus o temporal. O conjunto desses dois
elementos constitui uma imagem circular espaço-temporal. O templo é
um lugar santo por excelência e a imagem do mundo, ele santifica o
cosmos como um todo e a vida cósmica. Para o homem religioso das
culturas arcaicas, toda criação, toda existência começa no tempo: antes que
o Cosmos viesse à existência, não havia tempo cósmico. Antes de uma
espécie vegetal ter sido criada, o tempo que a faz crescer, dar fruto e perecer
não existia. É por esta razão que toda a Criação é imaginada como
tendo ocorrido, no começo do tempo.
MITO=MODELO EXEMPLAR
O mito conta uma história sagrada, um acontecimento primordial que
teve lugar no começo do tempo. As personagens dos mitos são deuses ou
heróis civilizadores. O mito é a narração daquilo que os deuses ou seres
divinos fizeram no começo do tempo, uma
vez revelado, funda a verdade absoluta. É evidente que se trata de
realidades sagradas pois o sagrado é real por excelência, participa do
Ser. O que se faz sem modelo mítico pertence à esfera do profano e é
irreal. O mito revela a sacralidade absoluta porque relata a actividade
criadora dos deuses, desvenda a sacralidade da obra deles. A função mais
importante do mito é fixar os modelos exemplares de todos os ritos
actividades humanas significativas, o homem imita os gestos exemplares
dos deuses, repete as acções deles, quer se trate de uma função
fisiológica ou uma actividade social, económica, etc. A repetição fiel dos
modelos divinos têm um duplo significado: por um lado ao imitar os deuses,
o homem mantém-se no sagrado e na realidade; por outro lado, graças a
reactualização ininterrupta dos gestos divinos exemplares, o mundo é
santificado. O comportamento religioso dos homens contribui para manter a
santidade do mundo.
REATUALIZAR OS MITOS
O homem religioso assume uma humanidade que tem um modelo
trans humano, transcendente, só se reconhece verdadeiramente homem
quando imita os deuses, os heróis civilizadores ou antepassados míticos e
também se considera feito pela história, mas pela história sagrada
revelada pelos mitos. Para os povos paleocultivadores o essencial
consiste em evocar periodicamente o acontecimento primordial que fundou
a condição humana actual e o homem deve evitar esquecer-se o que
se passou illo tempore, rememorar o acontecimento mítico. Existem
histórias divinas trágicas: O canibalismo ritual baseia-se nisso: não
deve esquecer-se o que aconteceu no illo tempore, a planta alimentar
não é dada pela natureza, é produto de um assassínio, sendo o canibalismo
aceite para assegurar a vida das plantas, o canibal assume a sua
responsabilidade no mundo, sendo um comportamento cultural, baseado
numa visão religiosa da vida. Para que a vida vegetal possa continuar tem
de matar e ser morto. É preciso ter em mente que o canibalismo foi fundado
por seres divinos, com o objectivo de permitir aos homens que assumissem
uma responsabilidade no Cosmos, para velar pela continuidade da vida
vegetal, sendo uma responsabilidade de ordem religiosa. O homem
religioso queria e acreditava imitar seus deuses mesmo quando se
deixava arrastar a acções com laivos de loucura, vileza e crime.
Refere, por outro lado, posições contrárias na defesa das duas dinâmicas no
que concerne, por exemplo, ao surgimento de manifestações religiosas
contemporâneas, ao pluralismo religioso,
e à secularização. Também na área das ciências sociais existe campo para
articulação entre o “desencanto” a que foi sujeito o processo de
amadurecimento enquanto ciência, e eventual “reencantamento”. O
pluralismo religioso impera nas sociedades contemporâneas.”