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O fenômeno religioso na história: Antigüidade, Modernidade e Pós modernidade

1. O mundo sagrado na Antigüidade - Oriente médio: berço de religiões “Quando estudamos a região conhecida
como Oriente Médio, devemos ter em mente que se trata de um lugar onde a humanidade constituiu as primeiras
formas de civilização. Lá o homem aprendeu a plantar, arar, organizar-se em células sociais chamadas famílias;
construiu os primeiros templos, bem como os primeiros palácios, produziu o primeiro carrinho e a primeira boneca de
brinquedo; o primeiro casamento, provavelmente, foi realizado por um sacerdote daquela árida região. Portanto, foi o
homem do Oriente Médio que nos legou algumas das bases da nossa civilização.
De todos os legados das civilizações orientais, a religião é um dos mais importantes. Foi no Oriente Médio
que Moisés teria recebido de Deus as tábuas dos Dez mandamentos, que Jesus teria sido aclamado como o Messias,
que Maomé teria ouvido o anjo Gabriel. Isto é, as três grandes religiões do mundo atual – o judaísmo, o cristianismo e
o islamismo – nasceram naquela região.Tal importância fica evidenciada pelo fato de judeus, cristãos e muçulmanos
habitarem as mais diversas regiões do planeta, onde influenciam intensamente diversas formações culturais.
As primeiras religiões de se têm notícias na história eram politeístas, isto é, adoravam várias divindades, que
tinham diferentes funções, auxiliando os homens nas difíceis relações com o mundo natural e sobrenatural, ou seja, na
busca da sobrevivência individual e coletiva. Alguns povos caminharam para a monolatria – existência, dentre várias
identidades, de um deus dotado de qualidades e de poderes superiores, a quem todos os outros devem obediência. Tais
conformações religiosas evidentemente interferiram na conduta ética e moral dos povos. O comportamento dos
grupos sociais e dos indivíduos, bem como suas relações com outras sociedades, passaram a ser fortemente
influenciados pelos valores religiosos.
Entretanto, assim constituídas, as religiões impediam o desenvolvimento de uma unidade maior do que aquelas
relacionadas pela língua e pelos costumes. O surgimento de monoteísmo representou para as sociedades humanas a
possibilidade de estabelecimento de regras morais e éticas únicas e, por extensão, de uma unidade que atingiria quase
todos os setores da vida, do político ao cultural.Observe que, com o advento do monoteísmo, não poderia jamais dizer
que havia um deus criador de determinado rio , outro que teria criado uma montanha, ou ainda de um terceiro
responsável pelo nascimento de um povo. O Deu único apresentava o caráter universal, o que significa que Ele é o
Deus criador de todos os rios, de todas as montanhas, de todos os homens, do universo.
O judaísmo foi a primeira religião que se consolidou como monoteísta. Sua história confunde-se com a própria
história do povo que a criou, os hebreus. O culto da única divindade entre os judeus começou no segundo milênio a.C.
com o patriarca Abraão
2. O ateísmo moderno e o cientificismo – Se por um lado, na modernidade, o fenômeno do ateísmo dificulta o
discurso religioso, por outro, o materialismo generalizado da sociedade zomba dos valores fundamentais ensinados
pelas religiões. Sem maiores questionamentos, o homem atual se deixa levar, descurado e desligado dos valores
afirmados pela religião, fechado num mundo sem horizontes, num imanentismo total, preocupado apenas com o seu
devir no “aquém”. Ateísmo e materialismo já vêem o féretro da religião sendo conduzido para o cemitério. “ O que são
estas igrejas e templo?” , pergunta Nietzsche, “senão túmulos de Deus?” “Religião é o ópio do povo”, diz Marx.
Freud disse: “Religião é ilusão”.
Ao ateísmo e ao materialismo vem juntar-se o discurso técnico-científico com sua linguagem positivista. Deus já se
teria tornado inexistente! A ciência e a tecnologia aí estão para ensinar a pessoa humana a lidar com tudo e a ter as
explicações necessárias sem recorrer a valores metafísicos e religiosos. Se torna evidente que tudo funciona
normalmente sem Deus. Já se admite que o conhecimento e a vida são perfeitamente possíveis sm Deus. O espírito
científico, fruto do Iluminismo, vinha opor-se diametralmente ao espírito medieval que via o universo inteiro como se
fosse uma imensa catedral em que tudo era regido como se fosse uma sinfonia cósmica, pela inteligência e pelo poder
de Deus. Tudo se explicava em termos de ação de Deus.
Aos poucos a ciência foi destruindo essa visão. Tudo passou a ser explicado em termos de leis imanentes à própria
natureza. A ciência passou a criar um problema habitacional pra Deus. A medida que ela se desenvolvia Deus se
tornava supérfluo e obsoleto. A realidade não mais necessitava de hipóteses teológicas para se explicar. Deus foi
desalojado.
3. O retorno do Sagrado na Pós- modernidade e a retomada do sentido místico da vida – Apesar de todo o
discurso que parece bloquear o avanço da religião, um estranho fenômeno está acontecendo: a pessoa humana está às
voltas com enormes decepções e frustrações. Está amedrontada, angustiada, porque a modernidade não lhe oferece
uma resposta lúcida sobre o sentido da vida, da história e do devir. Atesta-o a proliferação de seitas, cultos predições,
revelações, adivinhações, astrologia, etc. etc., que não expressam um simples desenvolvimento intelectual – teoria tão
difundida na modernidade -, mas vai além: expressam a necessidade de encontrar uma resposta satisfatória à busca de
um sentido da pessoa humana, da vida do seu aqui-e-agora e do seu além. Como escreveu Rubens Alves: “Uma chuva
de novos deuses começou a cair e um novo aroma sagrado encheu nossos espaços e nosso tempo. Não se pode
contestar que as formas cristalizadas e institucionalizadas da religião estão em declínio - crises estruturais da
totalidade dos grupos religiosos organizados. Por outro lado, entretanto, não se pode negar o surto de um novo
fervor religioso assumindo agora formas novas, inesperadas e bem pouco institucionalizadas. Novos deuses estão
nascendo. O fenômeno religioso aparece e ressurge nas mais variadas formas e nos mais diferentes estratos de nossa
sociedade”

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