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Memórias de Aula
Caxias do Sul
2023/3°
Memórias de Aula
➔ Santo Agostinho
➔ Religião
➔ Ética e Moral
Nas eras antigas, os homens eram motivados pela busca de honra e glória,
guiados por quatro virtudes fundamentais: coragem, justiça, temperança e
sabedoria, que eram requisitos públicos para os cidadãos livres, delineados de
forma objetiva. Aristóteles e outros filósofos analisaram minuciosamente,
destacando seus aspectos intelectuais, afetivos e disposicionais. Estas virtudes
eram visíveis, cultivadas pela educação, e serviam como marcadores distintos entre
os cidadãos.
A convicção desempenhou um papel central, especialmente nas sociedades
guerreiras, onde uma defesa preventiva era crucial para evitar a escravidão das
cidades. A sabedoria, por sua vez, não se limitava à inteligência.
No contexto antigo, uma transgressão ética representava uma violação direta
do ethos, denotando um comportamento desalinhado com os costumes coletivos e
uma expressão individual desvinculada da responsabilidade cidadã.
Na era medieval, especialmente durante os períodos de Agostinho e Boécio,
a discussão ética tornou-se mais desafiadora, dando lugar à ênfase na moral. A
moral, derivada do latim para costumes, passou a descrever a dimensão interna do
ethos.
Na sociedade medieval, uma transgressão moral era percebida como uma
violação dos costumes, enquanto uma falta ética podia ser interpretada de maneira
ambígua, dependendo do contexto. O cuidado com o ethos tornou-se peculiar em
um cenário onde as relações eram marcadas pela irmandade universal, tanto por
cruzamentos étnicos quanto pela ideia de todos serem filhos do mesmo pai celestial.
Nesse período, as faltas morais predominaram sobre as éticas, sendo
avaliadas através da introspecção e da consulta à consciência para determinar a
presença de pecados. Embora Santo Agostinho mencionasse a "cidade espiritual",
destacando a possibilidade de transferir o patriotismo para o reino de Deus, a
realidade era que o patriotismo promovia orgulho e distinção, algo desafiador para a
cidade espiritual onde todos eram considerados cidadãos.
A hierarquização da Igreja refletiu essa dinâmica, facilitando a compreensão
pela mentalidade aristocrática, enquanto a conversão ao cristianismo variou entre as
classes sociais. Essa transformação culminou na revolução cristã.
Os medievais, ao adotarem as virtudes percebidas pelos gregos e romanos,
as incorporaram com os mesmos termos, mas com uma abordagem mais centrada
na psicologia. A concepção de "amor a Deus" se traduzia no amor ao próximo,
associado à ideia de perdão e à disposição de oferecer a outra face.
Na doutrina cristã, todas as ações na Terra visavam merecer o perdão e o
amor do pai celestial, permitindo uma vida após a morte ao lado desse pai. Essa
doutrina causou uma transformação semântica profunda, não apenas ligada à
mudança de línguas, mas também alinhada a transformações comportamentais
mais amplas.
Enquanto os antigos eram cidadãos de cidades solitárias ou imperiais, os
medievais perderam essa referência urbana. O cristianismo cosmopolita deslocou a
cidadania para um novo foco: todos na Terra deveriam se preocupar com a cidade
celestial. Nessa cidade, as regras sociais tradicionais não importavam; estar bem
nela dependia da correta conduta da alma.
A simplicidade foi adotada como princípio: "O amor é a única lei" tornou-se
predominante, simplificando a orientação moral em comparação com a legislação
social complexa dos governos gregos e romanos. Isso resultou em uma negação
efetiva da cidade terrena pelos medievais, que, ao contrário dos antigos,
renunciaram ao mundo e, por vezes, à própria vida após converterem-se ao
cristianismo.
➔ Diferenças