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Apocalipse 20.11-15
Introdução
De acordo como Apocalipse 20.11-15, os eventos seguintes serão o
julgamento do “grande trono branco” e o castigo eterno dos ímpios. Nesta lição
trataremos da realidade do julgamento final e da punição eterna, da base do
julgamento e dos graus de punição.
2. A Base do Julgamento
Como missionário entre indígenas no Brasil, por doze anos, e agora, como
pastor de igreja local, uma das perguntas que mais ouço é: “Como fica o caso
das pessoas que nunca ouviram falar de Jesus? Elas serão salvas ou
condenadas? Como poderão ser julgadas e condenadas se nunca tiveram a
oportunidade de ouvir o evangelho?”
Antes qualquer coisa, é preciso deixar claro que não há inocentes perante
Deus. O fato de uma pessoa não ter a oportunidade de ouvir acerca da salvação
em Cristo não a transforma em alguém inocente, merecedor da justificação. Em
Romanos 1.19-21, Paulo deixa claro que todos os seres humanos são
“indesculpáveis” perante o seu Criador. Pois, tendo acesso ao “conhecimento de
Deus” através das coisas que foram criadas, deliberadamente rejeitaram esse
conhecimento e viveram muito aquém do Deus que se revelou a eles (Rm 1.21,
23, 25, 28).
Por mais isolado que tenha vivido ou viva ainda hoje um povo na terra,
privado de todo e qualquer acesso à revelação de Deus nas Escrituras e em
Jesus Cristo, jamais poderão alegar que nunca ouviram falar do Deus
verdadeiro. Ao longo dos séculos, Deus tem revelado a sua glória através do
universo criado (Sl 19.1-4) e tem testemunhado de si mesmo aos homens
através do seu cuidado e provisão (At 14.15-17).
No entanto, no dia do juízo final, qual será a base do julgamento das
pessoas? Todos serão julgados com base em um mesmo padrão ou haverá
critérios diferentes? Segundo o apóstolo Paulo, os seres humanos serão
julgados de acordo com a luz que receberam, ou seja, com base no
conhecimento ou na revelação que tiveram de Deus e de sua vontade (Rm 2.12-
16). Os que receberam a revelação completa da vontade de Deus (AT e NT),
serão julgados com base na reação que tiveram diante dessa revelação total. Os
que receberam apenas a revelação do Antigo Testamento, serão julgados com
base nessa revelação parcial. E, por fim, os que tiveram acesso apenas à
revelação de Deus por meio do mundo criado (revelação geral) serão julgados
segundo essa verdade revelada de Deus.
4. Graus de Punição
Alguns textos nas Escrituras, indicam que haverá graus de punição ou
níveis de castigo no inferno.
1
HOEKEMAN, Anthony. A Bíblia e o Futuro. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p.321
2
FERREIRA, Franklin; MYAT, Alan. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007, p.1079.
Mateus 11.20-24 - Jesus deixou claro que no “Dia do juízo” haverá um rigor
maior no julgamento das cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum do que para
as antigas cidades Tiro, Sidom e Sodoma (Mt 11.22, 24). Por qual motivo? As
cidades da época de Jesus tiveram a oportunidade de ver os milagres, ouvir a
mensagem do evangelho e conhecer pessoalmente o Messias, privilégios que
as cidades do Antigo Testamento não tiveram. Mesmo tendo tais privilégios,
recusaram-se a arrepender-se dos seus pecados. O princípio aqui ensinado é:
Quanto maiores forem os privilégios, maior será o rigor no dia julgamento final.
Quanto menores forem os privilégios, menos rigoroso será o julgamento. O que
essa passagem sugere não é que os habitantes de Tiro, Sidom e Sodoma serão
absolvidos, mas que o grau de punição para eles será menor que os habitantes
das cidades da Galileia do tempo de Jesus.
Lucas 12.45-48 – Na parábola dos servos fiel e infiel também sugere que haverá
níveis de castigo no julgamento do último dia. O princípio ensinado nessa
parábola é: quanto maior o conhecimento da vontade de Deus, maior será a
responsabilidade, e maior também a punição se houver falha no cumprimento da
responsabilidade. Aqueles que tiverem mais revelação de Deus, e a rejeitarem
e desobedecerem, receberão mais severo juízo.
Apocalipse 20.12-13 – Esse texto que fala do julgamento dos ímpios deixa claro
que eles serão julgados “segundo as suas obras”. Antes da punição ser aplicada,
haverá uma avaliação das obras que as pessoas tiverem praticado, o que indica
que haverá graus de punição.
Acerca desse tema, o teólogo Batista, Millard Erickson, escreveu: “Em
alguma medida, os diferentes graus de castigo refletem o fato de que o inferno
é Deus deixando o ser humano pecador por conta do próprio caráter que forjou
nesta vida.”3
3
ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, p.1181.
Universalismo, Aniquilacionismo e Punição Eterna
Marcos 9.42-48
Introdução
Ao longo da história da igreja a doutrina do julgamento final e da punição
eterna têm enfrentado oposição por parte de muitos. Católicos, seitas pseudo-
cristãs e até mesmo alguns evangélicos têm oferecido forte resistência ao ensino
de que Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, punirá eternamente os seres
humanos por causa de sua desobediência temporária aqui na terra.
Na presente lição, estudaremos as linhas de pensamentos que surgiram,
chamadas “Universalismo” e “Aniquilacionismo”. Em seguida faremos uma
análise das mesmas à luz de algumas passagens bíblicas. Haverá uma
condenação eterna? A ideia de uma punição eterna é incompatível com o fato
de que “Deus é amor”?
1. Universalismo
Vejamos a seguir o que ensina o “Universalismo” e quais as supostas
bases bíblicas usadas pelos seus defensores.
2. Aniquilacionismo
Vejamos a seguir o que ensina o “Aniquilacionismo” e quais os supostos
argumentos bíblicos usados pelos seus defensores.
4
ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, p.1177.
Vemos, então, que o aniquilacionismo é uma doutrina que nega e elimina
qualquer possibilidade de uma punição eterna. No entendimento de seus
defensores, o castigo para sempre no inferno seria algo cruel, injusto e
incompatível com o caráter amoroso de Deus.
Os aniquilacionistas costumam usar alguns textos bíblicos que empregam
o termo “destruição” para se referir ao destino final dos ímpios (2Ts 1.9; 2Pe 3.7).
Argumentam a partir daí que depois de serem destruídos, eles não existirão
mais. Além dessas passagens, costumam usar dois outros argumentos: (1) Há
uma incoerência entre o castigo eterno e consciente e o amor de Deus, e (2) a
execução de um castigo eterno para pecados cometidos temporariamente seria
algo injusto e desproporcional.
5
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.983-984.
6
Idem, p.982.
Daniel 12.2 – Assim como a vida será eterna, a vergonha e o horror também
serão eternos.
Mateus 25.41, 46 – O “fogo eterno” é uma referência clara à punição. O seu
oposto é a “vida eterna”. Ora, se nessa passagem a vida será de caráter eterno,
a punição não poderá ser de outra natureza, senão eterna. Ou seja, se um
destino (a vida) é de duração interminável, então o outro (o castigo) também
deve ser.
Mateus 3.12 e Lucas 3.17 – Falando da futura condenação dos ímpios, João
Batista usa a expressão “fogo inextinguível”. Esse termo pressupõe uma punição
que não cessará.
Mateus 18.8, 9 – Jesus fala do “inferno de fogo” como “fogo eterno”. Nessa
passagem, novamente, a ênfase recai sobre a duração eterna da punição.
Apocalipse 19.3 e 20.10 – Estes dois textos empregam a expressão “pelos
séculos dos séculos”. No grego, esta é a expressão mais forte usada para
eternidade ou duração eterna.
Apocalipse 20.10, 15 – O diabo, a besta, o falso profeta e os ímpios “serão
atormentados” no “lago de fogo e enxofre”. A condição aqui é claramente de
tormento consciente. Pois, somente uma pessoa consciente pode ser
atormentada.
À luz dessas passagens bíblicas, rejeitamos veementemente a ideia de
que todos serão salvos (Universalismo), bem como rejeitamos o ensino de que
ninguém será castigado eternamente (Aniquilacionismo).