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OS JUÍZOS DE DEUS
Um estudo à luz da Bíblia e dos escritos de Ellen White

Em diversas passagens da Bíblia é comum relatos de atos de Deus na forma de


castigos ou punição ao pecador. Alguns ficam perturbados com o pensamento de um Deus de
ira e punição. Argumentam que é contrário à Sua natureza executar juízos ou castigos. No
entanto, o apóstolo Paulo diz claramente na epístola aos Hebreus que, como o pai corrige o
seu filho que ama, Deus também corrige aos que ama e considera seus filhos (Hb 12:4-11).
Isto significa que Ele castiga. No entanto, o castigo de Deus é uma consequência de nosso
pecado (Rm 1e2). Não se origina em Deus (Tg 1:13).
Neste artigo pretende-se apresentar os juízos de Deus como parte da justiça divina,
aplicada de forma imparcial tanto quando o objetivo é retribuir por uma obra feita, como
quando é necessário punir o ato cometido. Toma-se por base as Escrituras Sagradas e os
escritos de Ellen G. White.

OS JUÍZOS MANIFESTADOS NA HISTÓRIA HUMANA

A aplicação dos juízos divinos, nos relatos bíblicos, nem sempre são compreendidos
ou aceitos como justiça de Deus. Contudo, no decorrer da história, percebe-se que, em muitas
ocasiões, ocorreram manifestações de juízo, relatadas na Palavra de Deus, devendo ainda
ocorrer outras até a volta de Cristo, segundo as profecias bíblicas.

Juízos no Passado
Em diversas ocasiões, a Bíblia fala a respeito das manifestações de juízo como sendo
atos de Deus, isto é, Deus agindo. O Velho Testamento, especialmente, contém diversas
passagens que falam da ira de Deus sobre os homens, da aplicação da justiça como castigo
pelos pecados da humanidade em geral ou de grupos de pessoas ou indivíduos em particular.
Como exemplos dos juízos divinos ocorridos no passado, temos: o Dilúvio (Gn 6: 5-7 e 17), a
destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19:24-25), o caso dos 185.000 assírios mortos por um
anjo numa só noite (II Rs 19: 35), a história de Uzá tocando na arca (I Cr 13:10), as punições
de Saul (I Cr 10:13-14) e de Davi (2Sm 12:7-12; 14) pela sua infidelidade; o castigo a
Salomão pelo abandono de Deus (I Re 11:9-13); a destruição de Midiã e de Jericó (Nm 31; Js
6); a morte de Ananias e Safira por haverem mentido (At 5: 1-11).
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Dessa maneira, Deus se manifestou através de Seus juízos em diferentes situações,


tanto para proteger o Seu povo como para corrigir e castigar aqueles que se desviavam do
verdadeiro caminho.

A Morte de Jesus na cruz


Na morte de Jesus o Pai estava envolvido diretamente. Mesmo sendo Filho de Deus,
Jesus bebeu da taça do julgamento divino (Mt 23:39). O Pai não O poupou (Rm. 8:32), mas
O feriu (Is 53:4), “fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Is 53:6), “agradou moê-lo”(Is
53:10) e O entregou para morrer (Rm 4:25). Em apoio desse ponto Ellen White comentou: “A
espada da justiça foi desembainhada, e a ira de Deus contra a iniquidade recaiu sobre o
substituto do homem, Jesus Cristo, o unigênito do Pai” (SDABC, v. 5, p. 1.103).
O juízo divino foi cumprido mediante o sacrifício de Cristo na cruz. Foi necessário
que Jesus morresse como portador do pecado. Aceitou a justiça e a justa vontade do Pai para
Ele. Na cruz, Ele sofreu até que, voluntariamente, entregou a vida a Seu Pai, uma vez que Sua
morte era parte do plano da salvação.

Juízos no Presente
Nos dias atuais, os diversos eventos que ocorrem no planeta, nas cidades e ao nosso
lado, mostram que as profecias contidas no Evangelho a respeito dos “últimos tempos” estão
acontecendo. A respeito Ellen White declara que: “A medida que transcorre o tempo, torna-se
mais e mais evidente que os juízos divinos estão no mundo. Por meio de incêndios,
inundações, e terremotos, Deus está advertindo da Sua próxima vinda os habitantes deste
mundo” (Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 333).
Os juízos de Deus ocorrem por causa do pecado da humanidade. A misericórdia divina
continua a atuar no nosso planeta e Deus tem usado de longanimidade para com os homens,
esperando que todos compreendam o plano divino de salvação.
Os juízos de Deus sobre o Seu povo tem como objetivo levar ao arrependimento e ao
preparo para a nova terra. Hebreus 12:6-8 afirma que: “o Senhor corrige a todos os que ama, e
açoita qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos”.
Nessa perspectiva, os juízos de Deus no presente visam, principalmente, conduzir a todos à
santificação, à purificação por meio do arrependimento e da entrega a Deus.
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Juízos no Futuro
Tal como atuou no passado e atua no presente, os juízos de Deus se cumprirão também
no futuro, antes, durante e após a segunda volta de Cristo. As mensagens de Apocalipse 14,
15 e 16 são especialmente importantes. A mensagem do terceiro anjo afirma que os que
adoram a Satanás sofrerão a ira de Deus com maior rigor (Ap. 14:9-10). Em Apocalipse 15:1
o apóstolo João fala dos sete anjos que carregam as sete pragas que consumam a ira de Deus
sobre a Terra.
As sete últimas pragas são descritas como “a ira de Deus” (Ap 15:1). Essas últimas
pragas serão derramadas sobre a Terra entre o fim do tempo da graça e a segunda vinda de
Cristo. Constituirão os mais terríveis juízos lançados sobre a raça humana. Cairão sobre os
que declararam lealdade definitiva aos poderes religiosos que desafiam a Deus nos últimos
dias. Essas pragas terão um longo alcance. Cairão sobre os pecadores ao redor do mundo e
terminarão na gloriosa vinda de Cristo, a qual será fogo consumidor para os ímpios. (Ver II
Te 2: 8; II Te 2:8; II Pe 3:7, 10 e 12).
A execução dos ímpios ao fim dos 1.000 anos (Ap 20) será um ato de justiça e
misericórdia do Deus-Criador. A fase executiva do juízo final abrangerá tanto os anjos caídos
como os seres humanos impenitentes. Nesse contexto de juízo, ninguém escapará do
julgamento divino: os salvos serão julgados para receber a vida eterna (Mt 25:34) e os
perdidos para receber a condenação eterna (Mt 25:41).

Conclusão
Consideremos, portanto, que, diante do fato de termos hoje a oportunidade de
arrependimento e de obter perdão, a fim de não sermos participantes da taça da ira de Deus,
devemos nos cobrir com a justiça divina, humilhando-nos diante de Deus a cada dia,
confessando nossos pecados e buscando o perdão de nossas transgressões para que não
sejamos participantes da ira de Deus, mas da Sua glória.

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