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Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


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LIÇÃO 06 – A JUSTIÇA DE DEUS - 4º TRIMESTRE 2022
(Ez 14.12-21)
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a definição etimológica do termo “justiça” e a forma bíblica e exegética; pontuaremos os aspectos da
justiça divina; estudaremos a justiça punitiva de Deus; e por fim; analisaremos a misericórdia e a justiça de Deus como parte
da sua natureza.

I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA JUSTIÇA

1.1 Definição etimológica do termo justiça. Segundo o dicionário Houaiss significa: “caráter, qualidade do que está em
conformidade com o que é direito, com o que é justo” (2001, p. 1696).

1.2 Definição teológica do termo justiça. Os termos bíblicos no hebraico, “tsedeq” e “tsedakah” como também o vocábulo
grego “dikaiosune”, são traduzidos em português por ‘justiça’ ou ‘retidão’ (CHAMPLIN, 2004, p. 677). Teologicamente,
diz respeito “à característica intrínseca de Deus em que Ele é absolutamente justo ou reto e é o padrão último de justiça e
retidão” (GEISLER, 2010, p. 829).

II – ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS


Sobre a justiça em Deus, duas coisas devem ser destacadas:

2.1 Justiça interna. Diz respeito quem Deus é. Seu caráter é justo. Ele só faz o que é reto. A Bíblia é farta quanto a versículos
que apontam esta característica divina (Êx 9.27; Dt 32.4; Ed 9.15; Ne 9.33; Sl 11.7; 116.5; Is 45.21). A justiça é um dos
atributos morais de Deus. A justiça de Deus é, em última instância, a sua santidade em ação. Pode ser definida, também,
como o atributo moral e básico do Todo-Poderoso, através do qual manifesta Ele a sua fidelidade para os seus propósitos e
decretos, e, principalmente, em relação à sua natureza justa e santa. Por conseguinte, sua justiça e santidade acham-se
intimamente associadas; não se pode abstrair uma da outra sem violar sua inefável natureza (ANDRADE, 2006. p. 243).
Segundo Campos a justiça é “a fase da santidade de Deus que é vista no seu tratamento do obediente e do desobediente
ambos sujeitos ao seu domínio”. Nesse atributo Deus dá a cada um o que é devido (2002, p. 340).

2.2 Justiça externa. Diz respeito como Deus age, com justiça. Sendo inteiramente justo, Ele revela sua justiça no seu
relacionamento com os seres humanos. Deus é chamado nas Escritura de Juiz (Gn 18.25; Jó 9.15; Sl 50.6). Sobre isso a
Bíblia diz que:
a) A justiça diz respeito aos seus justos juízos (Sl 19.9);
b) A justiça é a base do seu trono (Sl 89.14).
c) A justiça é o cetro do seu Reino (Hb 1.8).
d) A justiça não comete iniquidade (Sf 3.5).
e) A justiça é perene (2 Co 9.9).
f) A justiça é o padrão último de julgamento para o mundo (At 17.31)
g) A justiça retribui a todos de acordo com as ações dos seres humanos (Rm 2.6);
h) A justiça é a base para as recompensais dos crentes (2 Tm 4.8).
i) A justiça é revelada na lei de Deus (Rm 10.5).

III – A JUSTIÇA PUNITIVA DE DEUS


A Lei de Deus, interna, escrita nos corações e externa, a Bíblia, reflete a sua santidade. Quando esta Lei é infringida,
a santidade de Deus o obriga a manifestar-se justamente em ira. O ser humano, caído em pecado, está em dívida com a lei e,
portanto, deve receber a punição dela. Segundo Campos: “Por causa da natureza do próprio Deus, a justiça divina está
original e necessariamente obrigada a castigar o mal [...]” (2012, p. 347). O apóstolo Paulo, quando escreveu a Epístola
aos Romanos faz algumas considerações sobre a ira de Deus. Notemos:

3.1 A dinâmica da ira de Deus (Rm 1.18-a). Ao contrário do que pensam os ímpios, a ira de Deus “se manifesta”, ela não
fica oculta. Esta expressão no grego é “apocalipto” e significa: “revelar, manifestar, expor”. Ainda que pareça que a
impiedade domine e Deus tarde em revelar sua ira, Ele a manifestará ao seu tempo. Ele disse a Abraão que visitaria a
iniquidade dos amorreus, quando se completa a medida (Gn 15.16). Os sacerdotes que queimavam incenso aos ídolos no
templo, pensavam que Deus não estava vendo (Ez 8.12). No entanto, Deus mostrou a Ezequiel que havia de puni-los pela
maldade que praticaram (Ez 8.17,18).
3.2 A origem da ira de Deus (Rm 1.18-b). O apóstolo Paulo nos diz que “do céu se manifesta a ira de Deus”. Essa ira
procede daquele que se assenta no trono e governo todo o universo (Ap 15.7; 16.1). Ele manifestou sua ira dos céus sobre a
geração de Noé, trazendo um grande dilúvio (Gn 7.13,17); também manifestou sua ira, fazendo descer fogo e enxofre dos
céus, sobre os habitantes de Sodoma e Gomorra por sua maldade (Gn 19.24,25). Na ocasião da inauguração do templo,
construído por Salomão, o Senhor lhe falou o que enviaria sobre o seu povo se este pecasse e se afastasse dele (2 Cr 7.13).

3.3 A causa da ira de Deus (Rm 1.18). Paulo nos informou também qual o motivo que causa a ira divina: “Porque do céu
se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça”. São aos atos
pecaminosos dos seres humanos sobre a face da terra que incitam a ira divina (Dt 9.7; 1 Rs 22.54; Ez 35.11; Ef 5.6). Ele
mostrou, com indignação, o que os judeus estavam fazendo em oculto dentro do templo (Ez 8.13-16), que foi construído para
ser um lugar de adoração (2 Cr 7.15,16).

3.4 O alvo da ira de Deus (Rm 1.18-d). O alvo da ira de Deus é o pecador que além de viver fazendo o que aborrece o
Criador: “detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18c). Israel foi escolhido por Deus e dele recebeu privilégio (Rm 9.4,5), a
despeito disso, transgrediu gravemente contra o Senhor, se tornando alvo da sua ira, que haveria de retribuir-lhes segundo
Sua justiça retributiva (Jr 25.14). Ele mostrou a Ezequiel que haveria de punir com a morte, aqueles que haviam profanado
o Seu templo e lhe dado às costas (Ez 9.1-11).

IV – A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA DE DEUS COMO PARTE DA SUA NATUREZA


Antes de revelar a sua justiça retributiva aos pecadores, punindo-os, o Senhor revela a sua misericórdia a fim de
trazer os homens ao arrependimento. A palavra “misericórdia” ocorre na Bíblia 158 vezes. No AT 99 e no NT 59 (JOSHUA,
sd, p. 977). A palavra hebraica para misericórdia é “rahamîm” que significa: “entranhas, misericórdias, compaixão”, esta
mesma expressão é traduzida para o grego por “eleõ” mostrar generosidade, mediante beneficência ou ajuda (VINE, 2001,
pp. 73,480). Teologicamente diz respeito a “uma compaixão suscitada pela miséria do próximo” (ANDRADE, 2006, p.
266 – acréscimo nosso). Vejamos como Deus age com o homem:

4.1 Antes de Deus punir o seu povo com justiça o adverte dos seus erros. Em todo tempo da história de Israel, todas às
vezes que o povo se afastou de sua verdade, vimos Deus os advertindo de seus caminhos injustos. Se Deus tivesse prazer em
destruir sequer advertia o seu povo (Ez 18.32; 33.11). Os judeus foram chamados de “casa rebelde” por causa de sua rebelião
(Dt 9.23,24; Sl 78.8; Jr 5.23). O termo hebraico é “mãrah” e tem o sentido de “obstinação”, “teimosia” e “rebeldia”. Esta
expressão aparece treze vezes no livro (Ez 2.5,6,8; 3.9,26,27; 12.2,3,9,25; 17.12; 24.3; 44.6). Mas, o Senhor lhe diz que,
ainda que eles não guardassem os mandamentos divinos, não poderiam alegar inocência, pois eles saberiam que um profeta
autêntico e verdadeiro esteve no meio deles (Ez 2.5).

4.2 Antes de Deus punir o seu povo com justiça os chama ao arrependimento. Deus sempre usou seus mensageiros em
época de crise para chamar o Seu povo ao arrependimento e a conversão, antes de enviar-lhes a punição. A principal função
dos profetas era agir como embaixadores ou mensageiros divinos, anunciando a vontade de Deus para o seu povo,
especialmente em épocas de crise. Eles eram, acima de tudo, pregadores da justiça em época de decadência moral e espiritual
(Jr 3.1; Os 6.1; Jl 2.12,13; Ez 18.31,32).

4.3 Deus não trata ímpios e justos da mesma forma. Em sua justiça, Deus trata o ímpio e o justo de forma diferente. Ao
ímpio que rejeita o Seu convite gracioso de arrependimento, ele o pune severamente; ao justo, que anda em retidão, Deus o
poupa e o abençoa: “E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as
testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E aos
outros disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos,
e jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e
começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa. E disse-lhes:
Contaminai a casa, e enchei os átrios de mortos, e saí. E saíram e feriram na cidade” (Ez 9.4-7).

CONCLUSÃO
Concluímos esta lição conscientes de que o enfoque da justiça de Deus diz respeito à retribuição divina ao pecado.
É importante ter em mente que a Justiça é um atributo de Deus, é uma das Suas características próprias. Ser justo é uma
qualidade fundamental da natureza do Senhor.

REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
• CAMPOS, Heber Carlos de. O Ser de Deus e seus atributos. CULTURA CRISTÃ.
• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
• LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo. HAGNOS.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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