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Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

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LIÇÃO 08 – MISSIONÁRIOS FAZEDORES DE TENDAS – 4º TRIMESTRE DE 2023
(At 18.1-5; 1Ts 4.11,12)
INTRODUÇÃO
Nesta lição faremos uma abordagem sobre o que a Bíblia diz sobre profissão ou trabalho de uma forma geral; des-
tacaremos que o apóstolo Paulo como fazedor de tendas utilizou-se de sua aptidão para viabilizar o trabalho missionário na
cidade de Corinto; e, por fim, elencaremos personagens que com sua profissão estiveram a serviço de Deus.
I – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE PROFISSÃO E TRABALHO, À LUZ DAS ESCRITURAS
1.1 Definição do termo profissão. De acordo com o dicionarista Houaiss, profissão é: “trabalho que uma pessoa faz para
obter os recursos necessários à sua subsistência; ocupação, ofício, emprego” (2001, p. 2306). O termo encontrado em
Atos 18.3, traduzido por “do mesmo ofício”, é a expressão: “homotechnos” que quer dizer: “o que pratica o mesmo ofício
ou arte profissão, comércio”.

1.2 Definição do termo trabalho. De acordo com Houaiss (2001, p.2743) trabalho significa: “esforço incomum; luta,
lida, faina; conjunto de atividades produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim; atividade
profissional regular, remunerada ou assalariada”. Nas Escrituras várias são as palavras usadas traduzidas como trabalho,
entre estas destacamos uma das principais que é o substantivo hebraico: “maaseh” que significa: “trabalho, obra, ação,
labor, labuta, comportamento”. Esse termo é usado cerca de 235 vezes no Antigo Testamento, aparecendo pela primeira
vez na fala de Lameque, pai de Noé, com o sentido de trabalho agrícola (Gn 5.29). Sendo uma palavra geral para designar
trabalho, “maaseh” é usada para se referir ao trabalho de um hábil: (a) artífice (Êx 26.1); (b) tecedor (Êx 26.26), (c) joa-
lheiro (Êx 28.11); e, (d) perfumista (Êx 30.25). O termo equivalente no Novo Testamento é: “ergon” que denota: “traba-
lho, emprego, tarefa” (Mc 13.34; Jo 4.34; 17.4; At 13.2; Fp 2.30; 1Ts 5.13). De onde advém o termo: “ergatés” que deno-
ta: “operário de campo, agricultor (Mt 9.37,38), “ceifeiros” (Mt 20.1,2,8; Lc 10.2; Tg 5.4), “trabalhador, operário”, em
sentido geral (Mt 10.10; Lc 10.7; At 19.25; 1Tm 5.18) (VINE, 2002, pp. 312,1028,1029).

1.3 O trabalho veio antes da queda do homem. Diferente do que algumas pessoas imaginam, o trabalho não é o julga-
mento de Deus por causa do pecado de Adão (Gn 3.17-19; Ec 3.13). Se examinarmos corretamente as Escrituras, veremos
que Deus colocou o homem no jardim do Éden para o “lavrar e o guardar”, ou seja, para trabalhar antes mesmo da deso-
bediência ao Senhor (Gn 2.15). Adão já trabalhava antes de pecar, cuidando do jardim. Uma das consequências do pecado,
além da morte, foi que o trabalho seria “penoso e suado” (Gn 3.19), e isso não significa que ele seja amaldiçoado por
Deus. “Não é, pois, bom para o homem que coma e beba e que faça gozar a sua alma do bem do seu trabalho? Isto tam-
bém eu vi que vem da mão de Deus” (Ec 2.24).

1.4 O trabalho não é resultado do pecado. Desde o início da criação Deus colocou o homem no jardim para “trabalhá-
lo, “cultivá-lo” (Gn 2.15). A maldição (Gn 3.16-17) era apenas “a dor e a fadiga” que haviam de acompanhar o trabalho
(Gn 3.18), não o trabalho em si. Isso é destacado quando Lameque diz, por ocasião do nascimento de Noé, que: “este nos
consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29). Sendo
assim, o trabalho é uma bênção de Deus e é necessário aos homens: “Pois comerás do trabalho das tuas mãos, FELIZ
SERÁS, e te irá bem” (Sl 128.2 – grifo nosso). “Em todo trabalho há proveito […]” (Pv 14.23-a).
1.5 O homem imita seu Criador quando trabalha. Ao trabalhar seis dias e descansar ao sétimo, Israel imitava a Deus ao
criar o “kosmos” (Gn 2.1-2). O profeta Isaías disse que Deus trabalha: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem
com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera” (Is
64.4). Jesus fez também a seguinte declaração: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Uma vez
que até dar início ao Seu ministério terreno, Jesus trabalhou como carpinteiro (Mt 13.55; Mc 6.3), nos deixando o modelo a
ser seguido (Is 53.3; 1Pd 2.21). O profeta Jeremias falando sobre o trabalho disse: “Construam casas e habitem nelas;
plantem jardins e comam de seus frutos” (Jr 29.5).
1.6 O trabalho dignifica o ser humano. Os hebreus sempre tinham o trabalho em elevada consideração (Pv 22.29) e, ao
contrário dos gregos e romanos, respeitavam o trabalho manual: “[…] quem a ajunta pelo trabalho [lit. pelas mãos] terá
aumento” (Pv 13.11 – acréscimo nosso). Na tradição judaica, existem provérbios como os que se seguem: “Aquele que
não ensina a seu filho um ofício é como se o guiasse para o roubo”; e ainda: “O trabalho deve ser grandemente premi-
ado, pois ele exalta o trabalhador, e o sustenta” (PFEIFFER, 2007, p. 1955 – grifo nosso). No NT, o princípio de digni-
dade do trabalho, é proclamado pelo Senhor Jesus e permanece como uma das bases da sociedade: “[…] digno é o traba-
lhador do seu salário” (Lc 10.7). Diante disso, Paulo para fazer os tessalonicenses repensarem a respeito da importância
do trabalho, menciona seu próprio exemplo, que mesmo tendo o direito de receber sustento da igreja (1Co 9.6-14; 2Ts 3.9),
abriu mão desse direito deliberadamente, a fim de ser um exemplo aos recém convertidos, trabalhando para prover seu
sustento (1Ts 2.9; 2Ts 3.8; At 18.1-3; 20.34; 1Co 4.12) e assim, estabeleceu uma lei de economia social em sua afirmação
de que: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2Ts 3.10 – ARA). O grave é a rejeição ao trabalho, isto
não tem nada que ver com o desafortunado que não consegue encontrar trabalho (BARCLAY, sd, pp. 22,23 – grifo
nosso) ou seja, aos que por razões de falta de oportunidade de emprego, estão sem trabalhar. O proverbista Salomão disse:
“O trabalhador trabalha para si mesmo, porque a sua boca o incita” (Pv 16.26).
II – FAZEDOR DE TENDAS, A PROFISSÃO DO APÓSTOLO PAULO

2.1 Conciliando profissão e chamado missionário. No judaísmo, a preparação teológica incluía também para Paulo a
aprendizagem e o exercício prático de uma profissão. Os pais judeus ensinavam aos filhos o negócio da família, que per-
manecia por muitas gerações; Paulo portanto, provavelmente aprendeu com seu pai em Tarso, o ofício de fabricar tendas e
a arte de trabalhar o couro. As ferramentas requeridas para essa arte eram relativamente poucas e podiam ser facilmente
transportadas pelo apóstolo (KISTEMAKER, 2006, p.208). Sua profissão é indicada em At 18.3 como: “fabricante de
tendas”. Tendas e coberturas de todos os tipos (p.ex., para proteção contra o sol ou para barracas de mercado e cisternas)
eram confeccionadas de linho ou de peles de animais. Tarso era de modo especial conhecida pela produção e utilização do
linho. Isso ocorre em conexão com o casal Priscila e Aquila, que exerciam a mesma atividade. Os fazedores de tendas têm
se tornado populares. A expressão descreve mensageiros transculturais do evangelho eu se sustentam com sua própria ati-
vidade profissional, ao mesmo tempo que se envolvem com missões […] essa pode ser a única forma de os cristãos entra-
rem em países que não concedem vistos para os que se declaram “missionários” (STOTT, 2003, p. 334).
2.2 Conciliando o chamado de Deus e a necessidade de exercer a profissão. Em suas epístolas, lemos que Paulo quis
sempre trabalhar com as próprias mãos para prover às suas necessidades, mesmo durante as suas viagens missionárias (1Ts
2.9; 1Co 4.12; 2Co 11.27). Diante disso, pode-se perguntar: “um missionário dever ter um ministério sustentado por um
ofício para não depender da comunidade cristã para seu sustento”? Não necessariamente, pois o Senhor Jesus ensinou
que: “aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho” (1Co 9.14; comparar com Mt 10.10; Lc 10.7; 1Tm 5.18).
Mesmo assim, Paulo escreve que para evitar obstáculos à divulgação do evangelho ele se abstinha de receber o sustento
material (1Co 9.12-b), tonando-se um referencial de que, um missionário pode praticar um ofício e assim penetrar num
mundo que seria, de outra forma fechado ao evangelho. Sendo a profissão em particular, um veículo para o ensino da Pala-
vra de Deus (KISTEMAKER, 2006, p. 209).
III – A PROFISSÃO A SERVIÇO DO REINO DE DEUS
3.1 Os artesãos que construíram o tabernáculo. A descrição detalhada do Tabernáculo, incluídos os numerosos acessó-
rios e mobiliário exigia um toque hábil. Deus revelou o tabernáculo a Moisés (Êx 25.9), e através dele convocou Bezalel e
Aoliabe e outros artífices (escultores, artesãos, carpinteiro, marceneiros e tecelões), imbuídos de devoção e sabedoria e
dotados de inteligência e habilidades para elaborar o santuário, cumprindo o que fora ordenado pelo Senhor no monte Sinai
(Êx 26.36).
3.2 Neemias e Esdras. Como copeiro do homem mais importante de sua época, se colocou à disposição para ser um canal
de Deus para a restauração das muralhas de Jerusalém. Liderou um grupo de exilados (Ne 2.1-10) tornou-se governador
utilizando sua influência política para beneficiar seu povo. Esdras por sua vez, além de sacerdote era exímio escriba, res-
ponsável em copiar os textos sagrados, sendo um veículo para a preservação e ensino das Escrituras (Ed 7.6,10; Ne 8.1-4).
Possuía uma posição de prestígio na corte persa, tanto que ele foi encarregado de exercer a função de um tipo de secretário
de estado dos negócios judaicos (Ed 7.10,11,14,25; Ne 8.1-12).
3.3 Dorcas. Tabita (o nome hebraico de Dorcas), viveu uma vida de generosidade, compaixão e serviço ao próximo, tor-
nando-se um símbolo inspirador de como o amor divino pode se manifestar através das ações humanas. Era conhecida por
sua dedicação em ajudar os necessitados, especialmente as viúvas. Ela costumava confeccionar roupas e peças de vestuário
para distribuir entre os mais carentes (At 9.36-42). Quando morreu, a sala se encheu de gente dolorida, pessoas que foram
ajudadas por ela. E quando ressuscitou, a notícia se pulverizou pelo povo. Deus usa grandes pregadores como Pedro e Pau-
lo, mas também usa pessoas que têm dons de humanidade como Dorcas.
CONCLUSÃO
É incentivador saber que Deus tem chamados específicos para determinadas pessoas e para outras, embora não se-
jam separadas para exercerem funções de lideranças, mas, que por meio de suas atividades profissionais, podem ser uteis
igualmente para auxiliar vidas a conhecerem a verdade do evangelho.
REFERÊNCIAS
• KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Atos. Vol. 2. EDITORA CULTURA CRISTÃ.
• PEREIRA, Shostenes. Fundamentação Bíblica para a Evangelização. BEREIA.
• STOTT, John. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra. ABU EDITORA.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• O’DONNELL, Kelly. Cuidado Integral do Missionário. Londrina: Descoberta.
• PIROLO, Neal. A missão de enviar hoje. Curitiba: Editora Jocum Brasil.
• PRADO, Oswaldo. Do Chamado ao Campo. São Paulo: Sepal.

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