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APRESENTAÇÃO

A alguns anos um empreende- e tem como objetivo ajudar em-


dor Adventista me abordou com a preendedores cristãos a conduzir
seguinte pergunta: “Pastor tenho os seus negócios com base em um
algumas dúvidas sobre como devo claro “Assim diz o Senhor”.
proceder em relação a minha fideli- Este material consegue ao mes-
dade nos dízimos e ofertas, mas por mo tempo ser um profundo estudo
favor pastor, quero respostas forte- bíblico e uma leitura reflexiva com
mente embasadas na Bíblia e no Es- aplicações práticas para o dia a dia
pírito de profecia”. Achei muito jus- do empreendedor Adventista. O
ta e pertinente a necessidade desse autor é um homem que ao longo
irmão e desde este momento venho do seu ministério tem conseguido
“colecionando” perguntas feitas por cavar a palavra de Deus com a se-
empresários e profissionais liberais riedade de um teólogo e ao mesmo
sobre fidelidade. tempo com a paixão de um pastor.
Em vários momentos eu tive a Espero que a leitura dessa revista o
leve a decisão de colocar por com-
oportunidade encontrar respostas
pleto os negócios que Deus colocou
bíblicas em conversas informais ou
em suas mãos no altar do Senhor.
longas conversas ao telefone com o
Pastor Demóstene Neves.
Pr. Josanan Alves
O material que você tem em Mordomia Cristã
mãos é frutos dessas conversas Divisão Sul Americana
1

1 QUEM É JESUS E COMO SEUS 2 A CAPACIDADE PARA NEGÓ-


SERVOS DEVEM SE POSICIONAR CIOS, E OS PRÓPRIOS BENS, SÃO
DIANTE DELE? CONSIDERADOS DONS COMO PRE-
GAR, POR EXEMPLO?
Jesus é o Senhor e isso nos foi
revelado pelo Espírito Santo (1 Co Sim, dons são meios materiais ou
12:3). Ele é o Verbo, Ele é Deus e se imateriais concedidos por Deus para
fez carne, e habitou entre nós, para que as pessoas o sirvam durante a
que todo o que nele crê tenha a vida vida, particularmente na sua igreja.
eterna (Jo 1:1-3, 14; 3:16). A pala- Algumas pessoas podem pensar que
vra Senhor (kurios) é o equivalente os dons são apenas de instrução e
a dono “proprietário de tudo o que devoção para pregar e orar. Porém,
existe” (Sl 24:1). Por outro lado, nós os dons espirituais são aqueles (toda
somos apenas seus mordomos. A capacidade) que são usados para edi-
palavra mordomo no Novo Testa- ficar a igreja e sua missão sob a dire-
mento (oikonomos) significa admi- ção do Espírito Santo.
nistrador, gerente da propriedade Os dons mencionados na Bíblia são
do Senhor (Dic. Strong), e ele vai diversos (1Co 12) e variam de igreja
pedir contas de nossa mordomia para igreja conforme a necessidade
(administração). (Rm 12:4-8; 1 Co 12:4-11 e 28-31;
Ef 4:10-16). Eles podem ser habili-
dades manuais como de um artesão,
escultor ou costureiro, por exemplo
(Êx 31:1-11). Também podem ser
...os dons espirituais dons musicais, intelectuais, assis-
são aqueles (toda tenciais, técnicos etc como cantar,
tocar, pregar, ensinar, governar, pre-
capacidade) que são sidir, ajudar e aconselhar (Ef 5:18-19;
usados para edificar 1Co 12:28; Rm 12:8).
a igreja e sua missão Há também no governar e presidir
sob a direção do os dons comerciais e administra-
tivos os quais Jesus menciona mui-
Espírito Santo. to em suas parábolas (Mt 9:38; 20:1-
8). E há os dons físicos como a força
de Sansão (Jz 14:5-6), entre outros
2

dons, que Deus concedeu para que obra da igreja de Cristo, ele está em
seu nome seja glorificado e anuncia- falta com Deus.
do no mundo.
Portanto, de acordo com exem-
Existem dons sociais e relacio- plos bíblicos, a habilidade para ob-
nais como influência, poder e posi- ter riquezas e as próprias coisas
ção. Porém, há um tipo de dom que materiais são dons de Deus, sejam
as pessoas não lembram que é um poucas ou muitas, e devem ser usa-
dom de Deus: os bens materiais das para o Seu serviço.
e o dinheiro.
A Bíblia diz que toda “boa dádiva” 3 COMO DEUS SE IDENTIFICA
COM OS EMPREENDEDORES NOS
(dom) e todo “dom perfeito” vem
NEGÓCIOS?
do alto, do Pai das luzes (Tg 1:17).
Nesse espectro se inclui o dom para Jesus é representado na Bíblia
ganhar dinheiro e o próprio dinhei- como advogado, rei, etc, mas é re-
ro que alguém possui. presentado com bastante frequência
A mesma mensagem está no livro como homem de negócios. Em vá-
de Eclesiastes que classifica os bens e a rias parábolas e histórias dos Evan-
capacidade para usá-los como um dom gelhos Jesus é representado por
de Deus: “E a todo o homem, a quem dono de seara, vinha e negociantes
Deus deu riquezas e bens, e lhe deu (Mt 9:38; Mt 13:45; 20:1-8).
poder para delas comer e tomar a sua Esses empresários são denomina-
porção, e gozar do seu trabalho, isto é dos kurios (senhores) para ilustrar o
dom [ou uma dádiva, presente] (heb. Cristo o grande Kurios (Senhor). Há
mathat) de Deus.” Ec 5:19. também outros termos que se refe-
Deus dá os dons e o poder para rem ao empresário que tem negócios
usá-los, incluindo aí os bens mate- e espera resultados de seus adminis-
tradores (mordomos). Nesse sentido,
riais com um dom de Deus. Assim,
o que um empreendedor espera de
se um pregador ou cantor deixam de
seus empregados, em termos de fi-
exercer seu dom para o serviço do
delidade e dedicação, Deus também
Senhor, um dia deverão dar contas a
espera dos seus servos na terra.
Deus. Se alguém que tem dom para
ganhar dinheiro e possui bens, mas Todo empresário é, ao mesmo
não usa esse dom para promover a tempo, um mordomo, servo de
3

Cristo, e, também, no sentido ge- vidades administrativas ou também


ral, um patrão. Esse modelo em- eram empresários do comércio e da
presarial representa Jesus como o indústria. Portanto, o grosso de sua
proprietário do Empreendimento economia era de empresários.
multinacional e global do evan-
As tribos eram constituídas gran-
gelho de salvação. Cristo espera
demente de “empresas familiares” e,
que os empresários de sua igreja
mesmo depois do cativeiro babilô-
se identifiquem como seus instru-
nico, a maioria da população conti-
mentos e utilizem seus recursos e
nuou a ser de negociantes do cam-
talentos para o avanço da Causa.
po. Por isso, ao dar o mandamento
do sábado, o Senhor fala a essa rede
4 COMO ERA A ECONOMIA EM-
de empreendimentos privados da
PRESARIAL NO CONTEXTO BÍBLICO? nação israelita e ajusta a linguagem
Após o Êxodo, a terra de Canaã foi do mandamento à situação específi-
dividida entre as tribos, com exceção ca de Israel daqueles dias.
da tribo de Levi (Nm 34-36; 1RS O Senhor indica que, no sábado,
4:25). No contexto bíblico, Israel era o empresário deveria cuidar para
organizado em famílias, clãs e tribos que seus servos, seus animais, e
e o sistema familiar era o patriarca- seus filhos (todos os que trabalha-
do. O bem mais importante era a vam na empresa do agronegócio)
terra e o negócio era principalmente
cessassem o trabalho.
a pecuária de bovinos, ovinos e ca-
prinos e a agricultura de vinhedos, Este mandamento (Êx 20:8-11)
oliveiras, figueiras, trigo, cevada e contém os princípios da guarda do sá-
outros cereais e frutas. bado aplicáveis a todas as pessoas, em
qualquer situação. No entanto, o con-
Israel era uma nação de empresá-
texto do mandamento parte da condi-
rios, e a maioria das famílias se dedi-
ção do israelita como empreendedor
cava ao agronegócio. De acordo com a
no agronegócio e é um apelo a todos
Encyclopedia Judaica, 2ª ed., vol 1, pá-
os empresários de todas as épocas.
gina 471, por volta do período quan-
do a Bíblia foi escrita, mais de 50% da Esses empresários, que serviam a
população no antigo Israel eram de Deus, empregavam a maior parte dos
agropecuaristas. Os demais viviam trabalhadores do país os quais des-
em pequenas cidades e vilas em ati- cansavam no sábado. Também eram
4

eles os mesmos que mantinham o 5 ENTÃO O DÍZIMO INCIDIA


sistema religioso de Israel, pois eram SOMENTE SOBRE PRODUTOS DO
AGRONEGÓCIO E SOMENTE EM
responsáveis pela maior parte dos ANIMAIS OU COLHEITAS? NÃO SE
dízimos e ofertas. Essa é uma lição DAVA DÍZIMO EM DINHEIRO?
de fidelidade válida até hoje.
Segundo a Enciclopedia Judai-
Em termos modernos o manda- ca (EJ) pp. 47-48, 83, 189 (2007),
mento poderia dizer: “nenhum traba- o uso de animais e pesos de metal
lho farás em tua empresa, comércio, como “dinheiro”, era comum no co-
indústria e nem em tua fazenda, horta mércio antigo do Oriente Médio. Por
e pomar, nem tu, nem teu empregado isso, os dízimos e ofertas eram leva-
(servo) nem teus filho que trabalha e dos em grande parte em produtos e
vive contigo, nem teus animais de tra- animais. No entanto, no tesouro do
ção, transporte e carga e nem alguém templo, eram guardados principal-
que estiver visitando ou trabalhando mente metais e objetos preciosos.
em tua propriedade ou negócio...”
Um peso muito comum usado
Nesse sistema, de empresa fami- como dinheiro era o shekel de 8,4
liar, o dízimo e as ofertas eram entre- gramas (EJ, p. 47) que, por volta do
gues pelo patriarca representado pela 5° século (LAGO, 2004), foi cunhado
família. Embora houvesse comércio, como moeda pelos fenícios e, mais
indústria e profissionais individuais tarde, usado também como moeda
como carpinteiros, ferreiros, pedrei- pelos judeus. Nesse sentido, embora
ros e outros, a renda da população recebesse dízimo em “commodities”
era predominantemente da terra, o santuário, principalmente colo-
das fazendas e chácaras. Esse era o cava no tesouro dízimo em metais
negócio das famílias de Israel com o preciosos. Parte dos produtos eram
patriarca como gerente da empresa aceitos para consumo, porém outra
familiar. Desse empreendedorismo parte era transformada segundo o
os patriarcas das famílias entrega-
shekel do santuário com valor equi-
vam o dízimo e as ofertas.
valente a 8,4 gramas (Êx 30:13, 24;
Nesse sentido, a ênfase sobre o dí- 38:24-26). Animais eram trocados
zimo da agropecuária (Lv 27:30-34 e por metais preciosos, ficando em
Nm 18:24-31) era representativa das produtos do campo no santuário
demais fontes de renda, mas o dízimo e apenas o suficiente para a manuten-
as ofertas incidiam sobre tudo (Pv 3:9). ção dos serviços do templo.
5

Por se tratar de uma nação econo- 6 COMO ERA FEITA A ENTREGA

micamente baseada principalmen- DE CASAS, TERRAS, COLHEITAS E


ANIMAIS QUE ERAM CONSAGRA-
te no agronegócio, alguém poderia DOS AO SENHOR, INCLUINDO O
imaginar que o dízimo se aplica so- DÍZIMO?
mente sobre produtos agropecuá-
Bens imóveis (terras e casas, por
rios (plantações e gado), mas essa
exemplo) consagrados à obra do
interpretação seria errada, pois se
Senhor deveriam ser avaliados pelo
sustentaria em somente dois tre-
sacerdote e vendidos pelo preço da
chos da Bíblia (Lv 27:30-33; Nm avaliação, então o valor era deposi-
18:24-27) quando há outros textos tado na casa do tesouro do santuá-
bíblicos mais abrangentes. rio. A parte da colheita e do gado
Assim, o dízimo não se restringe consagradas ao Senhor, bem como
apenas a produtos agropecuários, a parte correspondente ao dízimo
mas a todos os pertences do adora- desses negócios, uma vez que eram
dor, como veremos mais adiante. bens móveis, deveriam ser levados
ao santuário porque o adorador não
estava autorizado a vender pelo va-
lor que lhe parecesse justo.
De acordo com Levítico 27:8 em
diante, tudo o que era consagrado
ao Senhor (votos, dízimos, etc) de-
veria primeiro passar pelo sistema
de avaliação do Templo. O sacerdo-
6

...devemos honrar a Deus com os “bens” ou riquezas (hon)


e as primícias de “todas”, a totalidade (kol) das “rendas”
ou entradas da produção (tevuah). Ou seja, tudo o que for
rendimento ou produção, entradas ou ganhos deviam ser
dizimadas e feitas as devidas ofertas.

te é que se encarregaria de avaliar outros objetos conforme outros tex-


todos os animais e produtos da tos indicam claramente.
terra que, vendidos em seguida, se-
Por isso, jamais os saqueadores
riam transformados em dinheiro e
do Templo acharam animais ou
guardados no tesouro do Templo.
grande quantidade de suprimen-
As demais atividades comerciais e
tos no Templo, mas encontraram
industriais não precisavam de ava-
dinheiro e metais de valor. De um
liação do sacerdote, mas o dízimo
jeito ou de outro, o dízimo somente
e as ofertas eram entregues direta-
entrava na casa do tesouro na for-
mente na casa do tesouro.
ma de objetos de valor e dinheiro,
Não havia currais e nem estreba- jamais como animais e a totalidade
rias no santuário. Na parte externa dos frutos e cereais, salvo o alimen-
do santuário era feita a avaliação to necessário para as atividades co-
porque o templo não colocava no te- tidianas do Templo.
souro o animal dizimado ou oferta-
do, mas o valor correspondente. 7 QUAL OUTRO TEXTO QUE IN-
No entanto, como mencionado, DICA QUE O DÍZIMO E OFERTAS
ABRANGEM TUDO QUE SE POSSUI
o único autorizado a fazer a ava-
E NÃO SOMENTE PRODUTOS DO
liação para a conversão do produto
CAMPO E ANIMAIS?
em dinheiro, na moeda do templo,
era o sacerdote, porque o adorador Vários textos. Por exemplo, o li-
não era autorizado a fazer isso. Daí vro de Provérbios 3:9-10 declara
a necessidade de levar os animais ao que devemos honrar a Deus com os
templo, mas isso não significava que “bens” ou riquezas (hon) e as pri-
o dízimo era somente em animais mícias de “todas”, a totalidade (kol)
ou de colheitas, mas em dinheiro e das “rendas” ou entradas da produ-
7

ção (tevuah). Ou seja, tudo o que for dade e a palavra “bens” no hebraico é
rendimento ou produção, entradas rekush. Essa palavra se aplica, segundo
ou ganhos deviam ser dizimadas e o dicionário (Dic. Strong), a animais,
feitas as devidas ofertas. Tudo o que comida e objetos, ouro, prata e rou-
significar aumento de posses deve pas que eram bens transportáveis.
ser para honrar ao Senhor. Nesse Abraão deu dízimo de todo o rekush
caso a passagem está dizendo que que ele trouxe de volta. Então, o dízi-
o dízimo incide sobre mais do que mo é de tudo porque o despojo envol-
produtos da agro-pecuária. via alimentos, animais e objetos.
Outros exemplos são Abraão que Notem que os reis invasores (Gn
deu dízimo de tudo (Gn 14:20), bem 14:1-11) tinham tomado de Sodo-
como Jacó que prometeu dar o dízi- ma (v.11) todos os “bens” (rekush) e
mo de tudo o que Deus lhe desse (Gn todo o seu mantimento, comida ou
28:22). E mesmo nos dias de Cristo cereal (okel). Assim, eram bens de
ainda era costume dar o dízimo de dois tipos. Nessa passagem men-
tudo o que se possui, mesmo um ciona bens (rekush) e mantimento
fariseu de Jersusalém que, normal- (okel) e se refere a alimento e cereais.
mente, não trabalhava com produ- Então Abraão dizimou duas coi-
tos do campo (Lc 18:12). Portanto, sas: todo rekush, os bens materiais
o dízimo é sobre tudo, a totalidade como animais e ouro, prata, objetos
dos bens e dinheiro que se possui. e dinheiro, bem como o okel, os ce-
reais e alimentos que ele resgatou.
8 HÁ EXEMPLO PRÁTICO DESSA Portanto, o dízimo não é somente
ENTREGA DE TUDO?1 de animais e produtos do campo,
mas de todos os bens ou proprie-
Sim. Ao refletir sobre o exemplo do dades, de todo rekush que temos,
patriarca Abraão, por exemplo, vemos incluídos, para os agricultores, os
que ele não restringiu o dízimo aos cereais e mantimentos (okel).
animais e cereais do despojo que, por 1
Dictionary of hebrew taken from Strongs Exhaustive
direito lhe pertencia, mas deu o dízi- concordance by James Strong, 1890. Sobre hon em
Provérbios 3:9-10. Versão eletrônica.
mo de “tudo” o que resgatou e por di- Idem. Sobre kol.
Idem. Sobre tevuah.
reito passou a ser seu (Gn 14:18-20). Dictionary of hebrew taken from Strongs Exhaustive
concordance by James Strong, 1890. Sobre rekush em
Gênesis 114:1-11 e 28:18-22. Versão eletrônica.
A palavra “tudo” (heb. Kol), no texto Idem. Gn 14:11. Okel Idem. Gn 28:18-22.
Kol significa tudo, totalidade.
acima, significa totalidade da proprie-
8

9 O DÍZIMO É SOBRE O SALÁRIO


APENAS, OU SOBRE HERANÇA E
OUTROS GANHOS? (1) como o relato deixa
claro (Gn 28), naquele
Como vimos, é sobre tudo. O momento ele fugia do
Exemplo de Jacó ensina que é sobre irmão sem levar nada,
“tudo o que me deres” que se deve porque não era dono de
dar o dízimo (Gn 28:18-22). Seu co- nada. Dependia do pai, o
nhecimento sobre o dízimo é reve- patriarca Isaque, portan-
lado no seu voto. “Então esta pedra to não tinha tido renda
que tenho posto como coluna será para devolver dízimo al-
casa de Deus; e de tudo quanto me gum, até então;
deres, certamente te darei o dízi-
mo”, (Gn 28:22). (2) Ele havia disputado
com seu irmão, antes da
Fica evidente que Jacó não havia, fuga, exatamente para
pessoalmente, dizimado até àquele poder ser herdeiro da pri-
momento, simplesmente porque, mogenitura e dos bens
no sistema patriarcal, Jacó não pos- paternos, o que acabou
suía bens, mas prometeu que daria não conseguindo, pelo
o dízimo de tudo (kol) o que Deus menos no que se refere
lhe desse. aos bens.
Deus não dá somente produtos do (3) No patriarcado, o dízi-
campo e animais. Portanto, o dízi- mo era dado pelo patriar-
mo recai sobre tudo o que Deus dá. ca, o único proprietário,
Tudo o que temos. portanto até àquele mo-
Pode-se pensar que o voto de Jacó mento ele não poderia ter
foi pontual e apenas pessoal e encer- dizimado, pois nem era
rou em sua experiência particular, dono de nada e nem era
mas não é bem assim. Quatro aspec- seu dever fazê-lo. Se não
tos importantes podem ser destaca- tivesse fugido e tivesse
dos no voto de Jacó que mostram a tomado posse de sua he-
abrangência na história da família rança paterna, Jacó po-
do patriarca, e o valor espiritual e
profético de seu voto.
9

10 MAS A QUEM JACÓ ENTREGA-


RIA O DÍZIMO ANTES DE EXISTI-
deria continuar a tradição REM LEVITAS?
familiar de dizimista como
exemplificado em Abraão. Evidentemente a sacerdotes como
os da “ordem” de Melquisedeque
(4) Assim, o voto de Jacó (Gn 14:18-20; Sl 110:4; Hb 5:6, 10;
indica três coisas: (a) que 6:20; 7:11, 17, 21). É claro que, se
ele conhecia a prática do dí- havia uma “ordem” é porque havia
zimo; (b) que incidia sobre um grupo que se sucedia na função
“tudo” o que conseguisse ter sacerdotal. Jesus é membro dessa
posse e; (c) que isso se rela- ordem, embora não saibamos quase
cionava com sua adoração nada sobre o próprio Melquisedeque
a Deus, a casa de Deus. Era e nem sobre sua ordem sacerdotal.
uma questão espiritual por-
que foi numa visão do céu e Portanto, havia uma ordem de sa-
um voto de consagração no cerdócio na região do Oriente Médio
qual ele incluiu o dízimo. para receber dízimo, como Melquise-
deque recebeu. Nesse sentido, Jacó
pretendia entregar o dízimo a alguém
No caso de Abraão, citado acima, que era sacerdote, como fez seu avô
ele deu o dízimo de tudo que na- Abraão, e não gastar de qualquer ma-
quele momento passou a possuir, neira ou como achasse melhor.
não pelo trabalho normal, mas pelo É evidente que o voto de Jacó
resgate, na guerra. Também no caso indica que ele já sabia sobre o
de Jacó, agora ele passaria a dizimar dízimo, e que deveria ser fiel,
por si mesmo ao adquirir pelo traba- conforme havia aprendido de seu
lho pessoal seus próprios bens. contexto familiar. Não se tratava de
Assim, o dízimo incide sobre tudo um pacto pontual só de Jacó, como
o que passa a nos pertencer, seja veremos na próxima resposta.
pelo trabalho, normal, pela herança,
ou por situações excepcionais que
pela lei venha a nos pertencer como
no caso de Abraão.
10

11 O VOTO DE JACÓ VALE COMO de fé e prática de família, passada


EXEMPLO DE FÉ E TEM VALOR PRO- de geração em geração. Seu voto era
FÉTICO PARA NÓS HOJE? um compromisso de continuar a fa-
Exatamente, para sermos israeli- zer o que sua família fazia desde seu
tas espirituais devemos vivenciar o avô Abraão. Isso incluía de adorar o
voto de Jacó em nossas vidas. Para único Deus que sua família adorava,
dar base a esse entendimento, a lei- aceitar a revelação da casa de Deus
tura do voto de Jacó aponta para dada em Betel, e dizimar como sua
três decisões: (a) o Senhor será o família de origem dizimava. Essa
meu Deus, (b) esse lugar será casa de experiência revela que ele tinha co-
Deus, e (c) de tudo o que me deres, nhecimento anterior do dízimo e,
certamente te darei o dízimo. naquela situação difícil, ele fez um
compromisso de seguir na vida os
Portanto, a primeira parte do voto
passos de seus pais e avós. O dízimo
trata de algo que ele conhecia e já
era um sinal e testemunho de que
fazia: Deus era seu Deus, portanto
ele era adorador do Deus verdadeiro,
uma reafirmação de sua fé. Nada de
o Deus de Abraão.
novo. A segunda parte do voto fala
da casa de Deus, lugar de adoração. Em harmonia com essa análise de-
A terceira, e última parte, fala do clara Ellen White:
que já tinha ouvido na história do
seu avô Abraão: “de tudo o que me
deres certamente de darei o dízimo”.
Assim, estão envolvidos no voto
de Jacó o histórico da sua família e
revelação divina sobre seus futuros
descendentes físicos e espirituais.
Por isso, ele prometeu ser fiel ao úni-
co Deus, lançou a pedra fundamen-
tal como coluna da futura da casa
espiritual de Deus e decidiu ser fiel
na devolução do dízimo.
Fica claro que o voto de Jacó não
é algo pontual, mas uma expressão
11

O sistema do dízimo remonta para além dos dias de Moisés.


Requeria-se dos homens que oferecessem dons a Deus com intui-
tos religiosos, antes mesmo que o sistema definido fosse dado a
Moisés - já desde os dias de Adão. Cumprindo o que Deus deles
requer, deviam manifestar em ofertas a apreciação das miseri-
córdias e bênçãos a eles concedidas. Isto continuou através de
sucessivas gerações, e foi observado por Abraão, que deu dízimos
a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. O mesmo prin-
cípio havia nos dias de Jó. Jacó, quando errante e exilado, des-
tituído de bens, deitou-se à noite em Betel, solitário e tendo por
travesseiro uma rocha, prometeu ao Senhor: “De tudo quanto
me deres, certamente Te darei o dízimo.” Gên. 28:22. Deus não
obriga os homens a dar. Tudo quanto derem, deve ser voluntário.
Não quer ter o Seu tesouro cheio de ofertas dadas de má vonta-
de. (White, Conselhos sobre mordomia, 42).
12

Assim, o voto de Jacó, de dizimar, be Jesus está na escada de Jacó, por-


foi um compromisso patriarcal e pro- tanto está em Betel, que significa na
fético, válido para todos os seus des- “casa de Deus”. No voto de Jacó estava
cendentes físicos e espirituais. Esse a fé em Deus, estava Jesus (a Escada)
voto de fato refletia a continuação e estava o dízimo. A nossa fé é a fé de
da experiência espiritual dos ante- Abraão, Isaque e Jacó (Israel).
passados de Jacó e, profeticamente
descrevia como seriam os descen- Dizimista
dentes de Jacó, porque o voto estava
conectado com o passado (dizimista (3) O voto de Jacó é o compromisso
como seus pai e avô) e com os futu- de fé de todo crente em Cristo. Por
ros descendentes físicos e espirituais isso, servimos ao Deus de Abraão
de Jacó (israelitas e a igreja). (declaradamente dizimista), ao
Deus de Isaque (obviamente dizi-
mista) e ao Deus de Jacó (declara-
12 QUAL A RELAÇÃO ESPIRITUAL damente dizimista).
ENTRE O VOTO DE JACÓ E JESUS E
A IGREJA?
Finalmente, na terceira e última
parte do voto, o dízimo seria dado
(1) No sentido acima, em Jesus, so- por ele e, na condição de patriarca,
mos seguidores do Deus de Jacó e, por todos os seus descendentes fí-
mais tarde, quando Deus lhe muda o sicos (Israel) e espirituais (Igreja)
nome para Israel, nós ao imitarmos a que seriam dizimistas ao reconhe-
fé de Jacó, nos tornamos israelitas es- cerem o Deus e o voto de Jacó, tor-
pirituais, uma designação usada para a nando-se israelitas.
igreja no Novo Testamento (Mc 12:29;
Assim, esse voto tríplice de Jacó,
Lc 1:16; Jo 1:49; At 13:23; Gl 6:16).
em cada uma de suas afirmações, se
cumpre na dimensão física de sua
A Escada
descendência (Israel físico) e na di-
(2) Jesus é a Escada na revelação de mensão espiritual do cristianismo
Deus a Jacó, por onde os anjos de (Israel espiritual). Um voto do estilo
Deus sobem e descem, unindo o céu de vida a ser adotado por Jacó e seus
à terra (Jo 1:51). Portanto, unir-se à descendentes físicos e espirituais,
igreja e promover a sua missão é edifi- como de fato aconteceu em Israel
car a casa de Deus, porque quem rece- físico e na igreja.
13

Nesse sentido, a adoção do Deus pesa do negócio agropecuário, a em-


de Jacó é a fé dos fiéis até hoje. A casa presa da família, já havia sido feita
de Deus, Betel, é onde Jesus a Esca- ao longo do processo.
da está, a igreja hoje. A fidelidade no O jornaleiro, diarista, recebia ao
dízimo também foi parte do voto de final do dia o resultado do seu tra-
Jacó e ainda é prova de fidelidade a balho e dizimava daquele salário,
Deus, válido para a verdadeira família resultado final de seu labor, o dízi-
espiritual de Jacó (Israel espiritual) mo do aumento total depois da jor-
que é a igreja hoje. nada de trabalho. Mas as fazendas
Finalmente, Jacó constituiu seu e empresas do Antigo Testamento
próprio negócio e, como empresá- dizimavam depois de pago aos que
rio, legou aos seus descendentes a trabalharam para os donos.
sua bênção a todos os que são fieis Essa mesma situação aconteceu
a Deus, por Cristo, reconhecendo- com Abraão que, na empreitada con-
-o através de sua fidelidade em to- junta da guerra de resgate de Ló e
das as coisas. família, devolveu primeiro o dízimo
de tudo, abatendo o que os homens
consumiram e a parte dos seus con-
13 NO ANTIGO ISRAEL DAVA-
SE DÍZIMO DO LÍQUIDO OU DO federados (Gn 14:24).
BRUTO? Notemos que Abraão (Gn 14:23)
Não há distinção entre líquido e depois de devolver o dízimo a Mel-
bruto na Bíblia. Todo bem material quizedeque, entregou os noventa
que não se possuía e se passava a por cento restantes para os antigos
possuir era considerado uma dádiva donos. Ele dizimou porque os bens
de Deus e, por isso, dizimável. Ao eram seus, mas não usufruiu nada
final da colheita, por exemplo, con- daquelas posses que eram suas.
feria-se o que aumentou na fazenda Assim, o dízimo incide sobre tudo
e, então, dizimava-se. Pelo texto bí- o que é nosso, mesmo que em se-
blico, era a constatação material do guida, deixemos tudo para outro. A
aumento, o resultado positivo que obrigação de dizimar é dos proprie-
ensejava o dízimo. Em nenhum mo- tários do momento (Gn 14:20).
mento a Bíblia fala de abater algo na Em resumo, a empresa dizima do
hora de dizimar porque toda a des- resultado final, sua situação líquida
14

a cada período porque esse é seu au-


mento (conf. Pv 3:9; Gn 14:11, 16, (1) Porque devemos bus-
20) hon (posses), seu rekush (bens, car primeiro o reino de
riquezas) ou sua tevuah (rendas). Deus (Mt 6:3);
Já o assalariado, dizima do salário (2) Porque o dízimo e
bruto final porque recebe a totalida- as ofertas eram tira-
de dos proventos em troca de mão de das em primeiro lugar
obra, e o salário todo é aumento hon junto com as primícias
(posses) ou rekush (bens, riquezas). (Pv 3:9);
Pelas indicações da prática bíblica,
(3) Porque dizimar e ofer-
o empresário que retira seu pró-la-
tar deve ser costume sis-
bore (retirada a título de “salário”
temático semanal.
feita pelos sócios) dizima, como vi-
mos, como assalariado desse hon ou Os seguidores de Cristo
rekush (posses) que lhe fornece uma não devem esperar por
tevuah (rendas), sempre e imediata- apelos missionários emo-
mente quando o recebe. Por outro cionantes para despertá-los
lado, sua empresa no final do exer- à ação. Se espiritualmente
cício, dizima do aumento líquido, ou despertos, ouviriam na
das rendas (tevuah) da proprieda- renda de cada semana,
seja muito ou pouca, a voz
de (hon, rekush) que é sua empresa
de Deus e da consciência
de qualquer ramo, como indica os
com autoridade exigindo
textos e exemplos bíblicos sobre os
os dízimos e ofertas devi-
empresários dos tempos bíblicos.
das ao Senhor. - T4 474.

14 QUAL O PERÍODO PARA DI-


(4) Porque evita o risco
de acumular.
ZIMAR?
Algumas pessoas têm por
O mais curto possível. Por várias
muito tempo negligencia-
razões:
do tratar honestamente
com seu Criador. Deixan-
do de separar o dízimo se-
15

15 É CORRETO DIRECIONAR AS
OFERTAS E DÍZIMOS PARA PROJE-
manalmente, permitiram TOS MISSIONÁRIOS PARTICULA-
que este se acumulasse, RES E DE CARIDADE?
até alcançar uma grande
quantia, e agora relutam Na Bíblia a aplicação dos dízimos
muito em endireitar a e ofertas jamais é feita pelo doador,
questão. The Review and mas é entregue no santuário, na
Herald, 23 de Dezembro casa do tesouro (Ml 3:8-10). Não há
de 1890. - CM 61.8 um único caso do dízimo do minis-
tério sendo usado para outra coisa
(5) porque a obra de a não ser para ser entregue na casa
Deus tem pressa para do tesouro para manter ministros.
salvar almas. “Todo” dízimo era para os sacerdotes
Poremos na causa de Deus (Lv 27:30-33; Nm 18:21). Do mes-
o dinheiro que nos foi con- mo modo as ofertas do santuário
fiado e devotar-nos-emos e as ofertas voluntárias nunca são
também sem reservas a usadas para projetos particulares.
Sua obra? As necessidades As ofertas e provisões para cari-
da obra são-nos expostas; dade e projetos particulares vinham
os tesouros vazios cons- de outros recursos como a respiga
tituem para nós mui co- (Dt 24:19-22; Lv 19:9-10) e o direito
movente apelo. Um dólar de alimentar-se na seara alheia (Dt
agora vale mais do que 23:24-25). Havia também o segun-
dez num período futu- do dízimo (Dt 14:28-29 e 26:12-13)
ro. - TS2 328.2 para despesas religiosas da família
e atendimento aos que não tinham
(6) Porque a dízimo e
terras ou eram pobres e estrangeiros.
ofertas não devem em
ser entregues em perío- Assim, na Bíblia, havia dois tipos
dos prolongados, por de ofertas e dízimos religiosos: o
isso o conselho de “não dízimo e as ofertas somente para
trazer meramente um o santuário, e os dízimos e ofer-
oferta anual”. TS 1, p. tas que tinham outras finalidades
237 e vol. 2, p. 573. religiosas e caritativas. Havia tam-
bém um terceiro dízimo, mas esse
16

era um imposto instituído quando 16 QUAL A IMPORTÂNCIA DE LEM-


surgiu a monarquia em Israel (1Sm BRAR ESSAS COISAS?
8:15 em diante).
Porque três advertências divinas
Outros recursos eram utilizados válidas para toda a humanidade se
para projetos pessoais de caridade destacam na Bíblia para lembrar,
ou religiosos, mas a oferta do tem- usando o mesmo verbo:
plo e o dízimo jamais são direciona-
dos pelo doador. A palavra oferta,
nas escrituras significa “presente” (1) Lembra (heb. zakar) do
que se dá a alguém e sobre o qual sábado porque o Senhor é
não se tem mais controle, conforme o Criador (Êx 20:8).
a palavra Terumah = presente que
(2) Lembra (heb. zakar)
está em Malaquias 3:8-10.
do teu Criador nos dias da
Assim, nossos dízimos e ofertas tua mocidade (Ec 12:1).
somente são de fatos ofertas quan- (3) Lembra (heb. zakar)
do entregamos à igreja para que ela que é Deus quem dá for-
decida o que vai fazer de acordo com ças para adquirir riquezas
os projetos e necessidades da obra. (Dt 8:18).

“Antes te lembrarás do SENHOR


teu Deus, que ele é o que te dá
força para adquirires riqueza;
para confirmar a sua aliança, que
jurou a teus pais, como se vê neste
dia.” Dt 8:18.
Em relação particular ao terceiro
texto, a força (ou habilidade, capa-
cidade) que Deus dá para adquirir
riquezas tem uma finalidade muito
clara: confirmar a aliança. A alian-
ça era que seriam seu povo e Deus
seria seu Deus. Assim, as riquezas
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servem (ou deveriam servir) para como feitiçaria (vide o caso de Saul
nos lembrar de que Deus (assim em 1Sm 15:23).
como no sábado e na juventude) é o Todo dom de Deus é para firmar sua
nosso Deus e usar esse dom para a aliança conosco: cantar para firmar
obrar do Senhor. nossa aliança, pregar para firmar nossa
Infelizmente, alguns “esquecem” aliança, ser fiel na generosidade com a
de que Deus lhes dá força para obra confirmando a aliança de Deus co-
obter riqueza com o objetivo de nosco. Foi para isso que ele deu o dom.
confirmar a aliança de fidelidade Portanto lembrar essas coisas é im-
a Deus. A Bíblia ensina que quan- portante para a vida espiritual dos
do a pessoa recebe de Deus uma que foram privilegiados com o dom
missão e não a cumpre fielmente, da “força” ou capacidade para ad-
ele cai no pecado de rebelião que é quirir riquezas.

Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem
ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em
Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para
delas gozarmos; Que façam bem, enriqueçam em boas obras,
repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que entesourem
para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que
possam alcançar a vida eterna (1Tm 6:17-19).

REFERÊNCIAS:
White, E. G. Conselhos sobre mordomia. Casa Publicadora Brasileira, SP, edição digital, 2007.
Encyclopaedia Judaica. 2ª ed. Keter Publishing House, Thomson Gale, USA, vol. 1, 2007.
Dictionary of hebrew taken from Strongs Exhaustive concordance by James Strong, 1890. Sobre hon e kol, em
Provérbios 3:9-10 e sobre tevuah e rekush em Gênesis 14:1-11 e 28:18-22. Versão eletrônica.
Lago, Luiz Aranha Corrêa do. A moeda metálica em perspectiva histórica: notas em.torno de uma exposição. 1a
Parte: De cerca de 600 a.C ao Séc. XV d.C. Janeiro, 2004. p. 26.
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