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dons, que Deus concedeu para que obra da igreja de Cristo, ele está em
seu nome seja glorificado e anuncia- falta com Deus.
do no mundo.
Portanto, de acordo com exem-
Existem dons sociais e relacio- plos bíblicos, a habilidade para ob-
nais como influência, poder e posi- ter riquezas e as próprias coisas
ção. Porém, há um tipo de dom que materiais são dons de Deus, sejam
as pessoas não lembram que é um poucas ou muitas, e devem ser usa-
dom de Deus: os bens materiais das para o Seu serviço.
e o dinheiro.
A Bíblia diz que toda “boa dádiva” 3 COMO DEUS SE IDENTIFICA
COM OS EMPREENDEDORES NOS
(dom) e todo “dom perfeito” vem
NEGÓCIOS?
do alto, do Pai das luzes (Tg 1:17).
Nesse espectro se inclui o dom para Jesus é representado na Bíblia
ganhar dinheiro e o próprio dinhei- como advogado, rei, etc, mas é re-
ro que alguém possui. presentado com bastante frequência
A mesma mensagem está no livro como homem de negócios. Em vá-
de Eclesiastes que classifica os bens e a rias parábolas e histórias dos Evan-
capacidade para usá-los como um dom gelhos Jesus é representado por
de Deus: “E a todo o homem, a quem dono de seara, vinha e negociantes
Deus deu riquezas e bens, e lhe deu (Mt 9:38; Mt 13:45; 20:1-8).
poder para delas comer e tomar a sua Esses empresários são denomina-
porção, e gozar do seu trabalho, isto é dos kurios (senhores) para ilustrar o
dom [ou uma dádiva, presente] (heb. Cristo o grande Kurios (Senhor). Há
mathat) de Deus.” Ec 5:19. também outros termos que se refe-
Deus dá os dons e o poder para rem ao empresário que tem negócios
usá-los, incluindo aí os bens mate- e espera resultados de seus adminis-
tradores (mordomos). Nesse sentido,
riais com um dom de Deus. Assim,
o que um empreendedor espera de
se um pregador ou cantor deixam de
seus empregados, em termos de fi-
exercer seu dom para o serviço do
delidade e dedicação, Deus também
Senhor, um dia deverão dar contas a
espera dos seus servos na terra.
Deus. Se alguém que tem dom para
ganhar dinheiro e possui bens, mas Todo empresário é, ao mesmo
não usa esse dom para promover a tempo, um mordomo, servo de
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ção (tevuah). Ou seja, tudo o que for dade e a palavra “bens” no hebraico é
rendimento ou produção, entradas rekush. Essa palavra se aplica, segundo
ou ganhos deviam ser dizimadas e o dicionário (Dic. Strong), a animais,
feitas as devidas ofertas. Tudo o que comida e objetos, ouro, prata e rou-
significar aumento de posses deve pas que eram bens transportáveis.
ser para honrar ao Senhor. Nesse Abraão deu dízimo de todo o rekush
caso a passagem está dizendo que que ele trouxe de volta. Então, o dízi-
o dízimo incide sobre mais do que mo é de tudo porque o despojo envol-
produtos da agro-pecuária. via alimentos, animais e objetos.
Outros exemplos são Abraão que Notem que os reis invasores (Gn
deu dízimo de tudo (Gn 14:20), bem 14:1-11) tinham tomado de Sodo-
como Jacó que prometeu dar o dízi- ma (v.11) todos os “bens” (rekush) e
mo de tudo o que Deus lhe desse (Gn todo o seu mantimento, comida ou
28:22). E mesmo nos dias de Cristo cereal (okel). Assim, eram bens de
ainda era costume dar o dízimo de dois tipos. Nessa passagem men-
tudo o que se possui, mesmo um ciona bens (rekush) e mantimento
fariseu de Jersusalém que, normal- (okel) e se refere a alimento e cereais.
mente, não trabalhava com produ- Então Abraão dizimou duas coi-
tos do campo (Lc 18:12). Portanto, sas: todo rekush, os bens materiais
o dízimo é sobre tudo, a totalidade como animais e ouro, prata, objetos
dos bens e dinheiro que se possui. e dinheiro, bem como o okel, os ce-
reais e alimentos que ele resgatou.
8 HÁ EXEMPLO PRÁTICO DESSA Portanto, o dízimo não é somente
ENTREGA DE TUDO?1 de animais e produtos do campo,
mas de todos os bens ou proprie-
Sim. Ao refletir sobre o exemplo do dades, de todo rekush que temos,
patriarca Abraão, por exemplo, vemos incluídos, para os agricultores, os
que ele não restringiu o dízimo aos cereais e mantimentos (okel).
animais e cereais do despojo que, por 1
Dictionary of hebrew taken from Strongs Exhaustive
direito lhe pertencia, mas deu o dízi- concordance by James Strong, 1890. Sobre hon em
Provérbios 3:9-10. Versão eletrônica.
mo de “tudo” o que resgatou e por di- Idem. Sobre kol.
Idem. Sobre tevuah.
reito passou a ser seu (Gn 14:18-20). Dictionary of hebrew taken from Strongs Exhaustive
concordance by James Strong, 1890. Sobre rekush em
Gênesis 114:1-11 e 28:18-22. Versão eletrônica.
A palavra “tudo” (heb. Kol), no texto Idem. Gn 14:11. Okel Idem. Gn 28:18-22.
Kol significa tudo, totalidade.
acima, significa totalidade da proprie-
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15 É CORRETO DIRECIONAR AS
OFERTAS E DÍZIMOS PARA PROJE-
manalmente, permitiram TOS MISSIONÁRIOS PARTICULA-
que este se acumulasse, RES E DE CARIDADE?
até alcançar uma grande
quantia, e agora relutam Na Bíblia a aplicação dos dízimos
muito em endireitar a e ofertas jamais é feita pelo doador,
questão. The Review and mas é entregue no santuário, na
Herald, 23 de Dezembro casa do tesouro (Ml 3:8-10). Não há
de 1890. - CM 61.8 um único caso do dízimo do minis-
tério sendo usado para outra coisa
(5) porque a obra de a não ser para ser entregue na casa
Deus tem pressa para do tesouro para manter ministros.
salvar almas. “Todo” dízimo era para os sacerdotes
Poremos na causa de Deus (Lv 27:30-33; Nm 18:21). Do mes-
o dinheiro que nos foi con- mo modo as ofertas do santuário
fiado e devotar-nos-emos e as ofertas voluntárias nunca são
também sem reservas a usadas para projetos particulares.
Sua obra? As necessidades As ofertas e provisões para cari-
da obra são-nos expostas; dade e projetos particulares vinham
os tesouros vazios cons- de outros recursos como a respiga
tituem para nós mui co- (Dt 24:19-22; Lv 19:9-10) e o direito
movente apelo. Um dólar de alimentar-se na seara alheia (Dt
agora vale mais do que 23:24-25). Havia também o segun-
dez num período futu- do dízimo (Dt 14:28-29 e 26:12-13)
ro. - TS2 328.2 para despesas religiosas da família
e atendimento aos que não tinham
(6) Porque a dízimo e
terras ou eram pobres e estrangeiros.
ofertas não devem em
ser entregues em perío- Assim, na Bíblia, havia dois tipos
dos prolongados, por de ofertas e dízimos religiosos: o
isso o conselho de “não dízimo e as ofertas somente para
trazer meramente um o santuário, e os dízimos e ofer-
oferta anual”. TS 1, p. tas que tinham outras finalidades
237 e vol. 2, p. 573. religiosas e caritativas. Havia tam-
bém um terceiro dízimo, mas esse
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servem (ou deveriam servir) para como feitiçaria (vide o caso de Saul
nos lembrar de que Deus (assim em 1Sm 15:23).
como no sábado e na juventude) é o Todo dom de Deus é para firmar sua
nosso Deus e usar esse dom para a aliança conosco: cantar para firmar
obrar do Senhor. nossa aliança, pregar para firmar nossa
Infelizmente, alguns “esquecem” aliança, ser fiel na generosidade com a
de que Deus lhes dá força para obra confirmando a aliança de Deus co-
obter riqueza com o objetivo de nosco. Foi para isso que ele deu o dom.
confirmar a aliança de fidelidade Portanto lembrar essas coisas é im-
a Deus. A Bíblia ensina que quan- portante para a vida espiritual dos
do a pessoa recebe de Deus uma que foram privilegiados com o dom
missão e não a cumpre fielmente, da “força” ou capacidade para ad-
ele cai no pecado de rebelião que é quirir riquezas.
Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem
ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em
Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para
delas gozarmos; Que façam bem, enriqueçam em boas obras,
repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; Que entesourem
para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que
possam alcançar a vida eterna (1Tm 6:17-19).
REFERÊNCIAS:
White, E. G. Conselhos sobre mordomia. Casa Publicadora Brasileira, SP, edição digital, 2007.
Encyclopaedia Judaica. 2ª ed. Keter Publishing House, Thomson Gale, USA, vol. 1, 2007.
Dictionary of hebrew taken from Strongs Exhaustive concordance by James Strong, 1890. Sobre hon e kol, em
Provérbios 3:9-10 e sobre tevuah e rekush em Gênesis 14:1-11 e 28:18-22. Versão eletrônica.
Lago, Luiz Aranha Corrêa do. A moeda metálica em perspectiva histórica: notas em.torno de uma exposição. 1a
Parte: De cerca de 600 a.C ao Séc. XV d.C. Janeiro, 2004. p. 26.
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