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“MARAVILHOSA GRAÇA DIVINA” (sermão expositivo)


Texto bíblico básico: Ef 2.1-10
Introdução: A cidade de Éfeso era capital da província romana na costa ocidental da
Ásia menor daquele contexto do primeiro século. Esta epístola foi escrita quando,
provavelmente, Paulo estava numa prisão domiciliar em Roma por 2 anos a qual é
relatada em AT 28 (Ef 3.1; 4.1; 6.20 – Paulo afirma que era prisioneiro de Jesus fazendo
um paralelo a sua real prisão domiciliar). É uma das epístolas que mais transbordam a
revelação de Deus e o seu Infinito amor para com a Igreja.
*Autor: Ap.Paulo *Tema da epístola: Cristo e sua Igreja *Data: Cerca de 62
d.C.
A forma mais simples de entendermos esse capítulo 2 sobre a Graça é dividi-lo em três
tempos que refletem a vida de todo o Cristão: passado, presente e futuro.
I – PASSADO (Vers 1-3)

+ “Éramos mortos em delitos e pecados" — v. 1

> O estado da natureza humana em uma perspectiva bíblica é decaída e condenada à


morte. (Rm 5. 12 “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso todos
pecaram.”/ Rm 6. 23 “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de
Deus é a vida Eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” ).

> Na visão cristã os seres humanos estão mortos, e mortos não se comunicam, não
compreendem, não dialogam. Biblicamente o ser humano sem Deus está morto.

> As Escrituras nos mostram 3 diferentes tipos de “mortes”: Física, Espiritual, Eterna
(Rm 6;23);

> Morte Física = Basicamente é a saída do espírito de vida do corpo humano. / Morte
Espiritual = É o afastamento consciente e deliberado da presença de Deus. / Morte
Eterna = É o estado que alma ficará eternamente afastada da presença de Deus, é o que
denominamos biblicamente como Inferno.

+ “Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo...” - v. 2

> O texto dá uma ideia de que andávamos segundo o curso (ou tendência ou espírito
desta época) do “mundo”, ou seja, andávamos segundo o projeto de vida que a
sociedade sem o conhecimento de Deus propõe a humanidade. (I Jo 2.15-17) Logo,
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mundo aqui neste texto é o sistema de valores de uma sociedade sem Deus. É a parte
caída da cultura social manchada pelo pecado. (falar sobre corrupção na política,
pedofilia, tráfico, homicídios, desigualdades sociais, desvalorização da vida humana,
desumanização, etc).

> O termo “potestades do ar” precisa ser compreendido olhando a mentalidade de um


judeu do tempo de Paulo. Os judeus acreditavam que existiam três andares no céu
(cosmologia judaica antiga): céu atmosférico, céu cósmico e céu celestial (terceiro céu –
II Co 12.2). O céu atmosférico onde temos o nosso ar acreditava-se que era lugar de
batalhas espirituais entre anjos e demônios na cosmovisão judaica antiga.

> Andávamos influenciados por ordens espirituais malignas. (Ef 6.12 “Porque não
temos que lutar contra a carne e sangue, mas sim contra principados, contra
potestades, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”)

+ “Fazíamos a vontade dos pensamentos... “— v. 3

> O maior campo de batalha do ser humano é na mente, dela provém os pecados mais
tenebrosos que o homem pode planejar, por isso a Bíblia alerta tanto sobre a mente,
vejamos 3 exemplos:

* Não se conformar com a forma de pensar da sociedade sem Deus (Rm 12.2)

* Pensar naquilo que é bom (Fl 4.8)

* Ter a mente de Cristo (I Co 2.15-16)

+ "Éramos por natureza filhos da ira..." —v. 3

> Precisamos entender, primeiramente, sobre a ira de Deus nas Escrituras Sagradas:

* Deus é Santo e não tolera o pecado (Habacuque 1.13 – "Teus olhos são tão puros, que
não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade." NVI). A ira de Deus não pode
ser comparada com a do homem que é geralmente centrada em si mesmo. A Ira de Deus
na Bíblia parte do caráter Santo e Perfeito de Deus.

* A essência do caráter de Deus é amor, entretanto, a impiedade dos homens obstrui a


verdade de Deus no mundo, isso manifesta a ira de Deus sobre estes que afastam o
Reino de Deus da humanidade através dos seus delitos e pecados. (Rm 1.18 “Porque do
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céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm
a verdade em injustiça”).

> Essa expressão “filhos da Ira” no texto de Efésios dá entender que vivíamos sobre a
Ira de Deus pois nossas vidas não condiziam com o caráter Santo de Deus. (Jo 3.36
“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá
a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”).

II - PRESENTE — vv. 4-6

+ “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia... pelo seu amor...” - v. 4

> A principal causa de estarmos vivos é a misericórdia de Deus (Lm 3. 21-23 “Disto me
recordarei no meu coração por isso tenho esperança. As misericórdias do Senhor são a
causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são
cada manhã, grande é a tua fidelidade.”);

> Não foi nós que o amamos primeiro, foi Deus quem nos Amou primeiro (I Jo 4.19
“Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro”);

> O interessante são os adjetivos enfatizados neste texto: “riquíssimo” e “muito amor”.
Isso nos mostra que o pecado da humanidade é grande, porém maior é o seu Amor e
misericórdia para conosco.

+ “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas... nos vivificou. ” - v. 5

> Paulo relembra o passado do cristão para realçar o amor Divino. Nos vers. 1-3 ele fala
da condição espiritual do ser humano sem Deus (morte), e agora na vida presente do
cristão ele enfatiza a vida nova em Cristo.

> Deus sabe de nossa condição humana de pecado, mas mesmo assim nos dá
possibilidade de encontrá-Lo. (Rm 5. 8 “Mas Deus prova seu amor para conosco em
que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.”).

> Ele nos vivifica e nos reconcilia consigo mesmo em Cristo. (Rm 6. 10-11 “Pois
quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado, mas quando a viver, vive para
Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para
Deus em Cristo Jesus nosso Senhor!”)

+ “Nos ressuscitou... e nos fez assentar em lugares celestiais...”— v.6


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> O ser humano que vive no pecado está “morto” (Rm 6. 23), precisamos que Deus nos
“ressuscite” para que possamos viver a verdadeira vida que Deus propôs a humanidade.
(Jo 14. 6 “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” ; / Jo 10.10 “Eu vim para que
tenham vida e vida em abundância”). O mesmo poder que ressuscitou Jesus dos mortos
é o que cria vida em nossa condição espiritual de morte.

> “Assentar nos lugares celestiais” neste contexto significa um convite para elevar
nossas expectativas, linguagem, anseios e desejos as coisas do reino de Deus. Elevar,
enfim, nossa humanidade à semelhança da humanidade de Jesus Cristo. Os “lugares
celestiais” não são esferas abstratas de uma espiritualidade subjetiva, mas a natureza
gloriosa da vida que nasce da ressurreição, da vida liberta da presente ordem cultural e
elevada a uma nova realidade espiritual da qual Jesus é o primogênito = é o primeiro da
série dos ser humano feito pra viver da forma correta em Deus. (Cl 1. 13-15 “Ele nos
tirou da potestade das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor. Em
quem temos redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados. O qual é a
imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.”) = Comparar a uma
fábrica de computadores que são produzidos em série, porém a primeira série é a
modelo para toda as demais.

III - FUTURO — v. 7

+ “Para nos mostrar nos séculos vindouros... as riquezas da sua Graça.” – vers. 7

> Refere-se a um futuro escatológico (algo para além da história humana) que se
manifestará em plenitude na ressurreição dos justos. (Lc 14.14)

> Deus irá nos mostrar o Reino de Deus (Nova Jerusalém) que é a completude da Graça
de Deus demostrada através da morte de Cristo na Cruz.

IV - CONCLUSÃO DE PAULO SOBRE A GRAÇA — vv. 8-10

+”Pela graça sois salvos...” Vers. 8-9

> Graça = Essa palavra tem raiz na palavra grega: CHARIS, a qual tem por significado:
Amor incondicional, Dom gratuito, Favor concedido a alguém, Generosidade
incondicional.
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> A Graça de Deus é suficiente para a nossa salvação porque vem de Deus, e não por
obras humanas. (Falar sobre os sacrifícios de ofertas feito hoje nas igrejas – campanhas,
amuletos, ofertas direcionadas, etc)

> O tempo verbal usualmente empregado por Paulo para a palavra graça é o presente,
“estais sendo salvos”, utilizado para referir-se como se a salvação fosse progressiva,
mas no texto de Efésios 2:8 o tempo muda para o “perfeito”, portanto um melhor
entendimento seria “fostes salvos” que dá a ideia de algo definitivo. E não poderia ser
de outra forma, pois em um aspecto mais amplo, nossa salvação ocorreu em Deus na
eternidade, antes de termos sido criados para que não tivéssemos nenhuma glória, mas
para que cumpríssemos com o objetivo para o qual fomos criados, a saber, o “louvor e a
Glória de nosso Deus”. (Ef 1;4).

+ “Porque somos feitura sua... para as boas obras” – Vers. 10

> Os que vivem em sintonia com esta Graça salvífica, são assim, porque foram
recriados em Cristo, essa recriação é um como um poema de Deus. (A palavra “feitura”
neste texto origina-se da palavra grega “poeo” ou “poesia”).

> Nós fomos feitos “poemas” de Deus para boas obras, ou seja, para realizar a vontade
de Deus na Terra sendo igual a Cristo, pois Deus quer que andemos nelas. Somos
produção de Deus como o poema o é nas mãos e mente do poeta. (Para o Ourives o ouro
só está perfeito quando ele consegue ver a si mesmo espelhado Nele!)

> As boas obras no sentido bíblico não é fazer o bem a alguém ou doações, mas sim
produzir a vida de Jesus em vc por meio da Graça!

BIBLIOGRAFIA:
* CABRAL, Elienai. “Comentário de Efésios”. 3° edição. Ed. CPAD.1999
* Bíblia de Estudo Pentecostal. Ed. CPAD. 2011 / Bíblia de Jerusalém. Ed.Paulus. 2002

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