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em Fortaleza
PR. ELDER PINTO
INTRODUÇÃO:
Muitos equívocos ou obstáculos cercam a leitura e estudo do Antigo Testamento como revelação
bíblica. O Antigo Testamento T é relegado a um “segundo” plano como literatura antiga, obsoleta. Em
muitas realidades, o conceito de “novo” lança sobre o “velho” ou “antigo” uma aura de ultrapassado,
como algo que caiu em desuso e deve dar lugar ao que é novo. Para citarmos apenas um exemplo,
podemos falar de aparelhos eletrônicos, como computadores e aparelhos celulares. Tantas vezes
esse princípio é aplicado ao Antigo Testamento em relação ao Novo Testamento.
Outro equívoco envolvendo a leitura do Antigo testamento tem a ver com a ideia errônea em torno
da progressividade da revelação. Quando afirmamos que Deus se revelou progressivamente não
queremos dizer que uma revelação recente elimina ou torna a revelação anterior obsoleta. Referindo-
se ao Antigo Testamento, o apóstolo Paulo diz que “Toda Escritura é soprada por Deus e útil...” Assim,
a utilidade da revelação bíblica para o povo de Deus não tem a ver com o tempo, mas com sua
natureza e origem. De Gênesis 1 a Apocalipse 22 a Bíblia é palavra sobrenatural de Deus, dada para
sua glória e para santificação do seu povo. Assim sendo, em cada momento da revelação progressiva
Deus revelou o que era suficiente para a fé do seu povo e de sua relação com ele. O salmista dirá,
aproximadamente 1000 anos antes de Cristo e do Novo Testamento, que “A Lei do Senhor é completa
ao levar a alma ao arrependimento” (Salmo 19.7(8).
Um terceiro equívoco envolvendo a leitura do Antigo Testamento está associado a um mal
entendimento dos conceitos de Lei e Graça. Muitos cristãos separam o Antigo Testamento do Novo
Testamento em termos de Lei e Graça, como se o Antigo Testamento fosse a representação da ira e
da justiça de Deus em oposição ao Novo Testamento, que manifesta o amor e a graça de Deus.
Entretanto, tal raciocínio não tem encontra harmonia com a revelação bíblica. Ira, justiça, amor,
misericórdia são atributos divinos, ou seja, são algumas das características essenciais de Deus. Sem
esses atributos, ele deixaria de ser Deus. Todos os atributos sempre existiram e existirão infinitamente
em Deus. Ou seja, não houve um tempo em que Deus foi mais ira e menos amor, ou vice versa. Em
Deus, nenhum atributo é maior ou mais intenso do que outro, pois Deus é infinito em todos os seus
atributos. Nenhum atributo divino elimina outro, pois todos são perfeitos em Deus. Assim sendo, o
Deus do Antigo Testamento não ama menos do que o Deus do Novo Testamento. Deus não muda.
Ele tem um único plano, desde os tempos eternos, perfeito e imutável. Seu plano tem
desdobramentos distintos na história humana, mas Deus e seu plano não mudam. Deus se relaciona
com seu povo por meio de pactos ou alianças, que são esses desdobramentos do seu plano, mas
Deus não muda. Todo os atributos divinos são revelados ao longo da revelação bíblica. Um dos muitos
exemplos da justiça de Deus operando em harmonia com seu amor é Levítico 1.1-4.
Dr. Bruce Waltke nos chama a atenção para três verdades que revelam a importância e
necessidade da leitura e do conhecimento do Antigo Testamento pela igreja cristã.
Hoje queremos elaborar três pilares da revelação bíblica, cada um deles associado a uma das três
divisões da Bíblia Hebraica: Lei, Profetas, Escrituras (Lucas 24.44).