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EXPOSIÇÃO DOUTRINÁRIA

21ABRIL2021 – PROF. SAMUEL FERNANDES


O NOVO TESTAMENTO SOB A
LUZ DO ANTIGO TESTAMENTO
O CORDEIRO, O LEÃO, E A MULHER
Equívocos na leitura e estudo do Antigo
Testamento como revelação bíblica

O Antigo Testamento é relegado a


um “segundo” plano como
literatura antiga, obsoleta. Em
muitas realidades, o conceito de
“novo” lança sobre o “velho” ou
“antigo” uma aura de
ultrapassado, como algo que caiu
em desuso e deve dar lugar ao
que é novo.
Equívocos na leitura e estudo do Antigo
Testamento como revelação bíblica

Outro equívoco envolvendo a


leitura do Antigo testamento tem
a ver com a ideia errônea em
torno da progressividade da
revelação. Quando afirmamos
que Deus se revelou
progressivamente não estamos
dizendo que uma revelação
recente elimina a anterior. (1Tim
3.16-17)
TODA A ESCRITURA É ‘SOPRADA’ POR
DEUS

SECA-SE A ERVA E CAI A SUA


FLOR, MAS A PALAVRA DO
SENHOR PERMANECE
ETERNAMENTE

PORQUE A PALAVRA DE DEUS


É VIVA E EFICAZ
Equívocos na leitura e estudo do Antigo
Testamento como revelação bíblica

Um terceiro equívoco envolvendo a


leitura do Antigo Testamento está
associado a um mal entendimento
dos conceitos de Lei e Graça. Muitos
cristãos separam o Antigo Testamento
do Novo Testamento em termos de
Lei e Graça, como se o Antigo
Testamento fosse a representação da
ira e da justiça de Deus, em oposição
ao Novo Testamento, que manifesta o
amor e a graça de Deus.
Fala aos filhos de Israel
e dize-lhes: Quando
algum de vós trouxer
oferta ao Senhor,
MAS... trareis a vossa oferta de
gado, de rebanho ou de
gado miúdo. Se a sua
oferta for holocausto de
gado, trará macho sem
defeito; à porta da
tenda da congregação
o trará, para que o
homem seja aceito
perante o Senhor. E
porá a mão sobre a
Lei (Justiça) e Graça (amor, misericórdia)
cabeça do holocausto,
coexistem eterna, perfeita e infinitamente em
para que seja aceito a
Deus. Não se excluem. Um atributo não é maior
favor dele, para a sua
ou mais intenso que outro. Um não é negado
expiação.
pelo uso do outro.
Levítico 1:2-4
Importância e necessidade do Antigo
Testamento para a igreja

Dr. Bruce Waltke apresenta três verdades que revelam a


importância e a necessidade da leitura e do conhecimento
do Antigo Testamento para a igreja.
I. Nossa identidade está vinculada
ao Antigo Testamento
O evangelho no qual cremos e que
agora pregamos como igreja é a
mensagem do que Deus fez em
Cristo para nos buscar, redimir,
regenerar, converter pela fé,
justificar, adotar, unir-nos a Cristo,
santificar e glorificar.

Todo o Antigo Testamento estabelece o conceito de substituição


na salvação, sempre apontando para o sacrifício vicário perfeito
do Filho de Deus. Todas as grandes doutrinas essenciais da fé da
igreja foram reveladas no Antigo Testamento apontando para uma
perfeita convergência em Cristo (Luc 24.44).
II. Nossa memória e esperança estão
vinculadas ao Antigo Testamento

“Pois tudo quanto, outrora,


foi escrito para o nosso ensino
foi escrito, a fim de que, pela
paciência e pela consolação das
Escrituras, tenhamos esperança.”

(Rom 15.4; 1Cor 10.6-12; 1Cor


10.7-11).
III. Nosso entendimento do Novo
Testamento é impossível sem o
Antigo Testamento

Exceto Esdras, Neemias, Ester, Eclesiastes e Cantares de Salomão, todos


os demais livros do Antigo Testamento são citados no Novo Testamento.
Jesus citou 24 deles.

247 passagens, cerca de 400 versos do Antigo Testamento são citados no


Novo Testamento.

Para os escritores do Novo Testamento, não existe compreensão desta


nova revelação sem uma leitura atenta e minuciosa do Antigo Testamento.
(João 1.29)
Luz da revelação bíblica no Antigo
Testamento sobre o Novo Testamento

Hoje queremos elaborar três


grandes momentos de luz da
revelação bíblica, cada um deles
associado a uma das três divisões
da Bíblia Hebraica: Lei, Profetas,
Escrituras (Lucas 24.44).

“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei,
estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim
está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nas Escrituras.”
I. O CARÁTER ESCATOLÓGICO DO ANTIGO
TESTAMENTO (Sumário da mensagem da Lei)

Sempre apontando para a frente, para Cristo e as realidades vinculadas à sua pessoa e obra. A Lei
de Moisés possui um caráter escatológico e estabelece desde o início o fio de ouro em torno do qual
toda a revelação se desdobrará: A promessa da semente da mulher (Gen 3.15); 9; 12.1-3; 49.10).
Os elementos ou verdades fundamentais do evangelho são assim apresentados na Lei:

• Deus é juiz severo. O pecado lhe acende a ira e traz morte ao pecador.
Absolutamente. Sem apelação. (Deut 4.1; 28)

• A Condição do homem é desesperadora. O pecado o faz imundo (hb[wt e


#qv) e permeia sua vida (Gen 6.3-6). O altar do sacrifício dá uma ideia da
imundície causada pelo pecado do homem.

• Necessidade de sacrifício vicário. Diante de um Deus tão perfeitamente santo, o


pecador imundo morre. A não ser que Deus lhe tenha misericórdia e lhe apresente um
substituto (Lev 1.1-4). É também a Torah que apresenta uma ordem de sacerdócio
superior à de Arão, à qual o próprio Abraão se dobrou (Gen 14.18-20), que possui um
sacerdote eterno (Sal 110.4; Heb. 5.6-11; 6. 20-7.28).
II. O CARÁTER PROFÉTICO DO ANTIGO
TESTAMENTO (Sumário da mensagem dos Profetas)

Os profetas mostraram a continuidade da promessa (2Sm 7; Jer 31-33; Eze 36 “O Livro dos 12”),
apontando para novas realidades, para uma nova aliança, onde a promessa alcançará seu
cumprimento pleno. Os elementos do evangelho, a nova aliança, são assim apresentados nos
Profetas:

• Deus odeia o pecado, mas somente ele pode conceder arrependimento.


Arrependimento é dom de Deus (Amós 1.3; Romanos 2.4)

• Deus tem um povo escolhido, um remanescente dentre todas as nações


(Gen 12.3; Joel 2.28; Isaias 2.1-5). A promessa não se limita a Israel (12.3)

• O cumprimento das profecias descansa no ventre do futuro (“Nos últimos


dias, diz o Senhor...” “Porque um menino nos nasceu... ele será chamado
Deus forte...” “Do tronco de Jessé sairá um rebento...” Isa 11, cujo reino não
terá fim Dan 2.44).
III. O CARÁTER DIDÁTICO DO ANTIGO
TESTAMENTO (Sumário da mensagem das Escrituras)

A sabedoria, originou e permeia toda a criação. Salomão é a figura escolhida para atrair “todas as
nações” a Deus por meio da sabedoria, representada aqui por uma mulher 1Reis 10.1; 4.34) – Sempre
apontando para Cristo, como a salvação, agora não mais restrita a uma nação, uma religião, um lugar.
Os elementos do evangelho, da nova aliança são assim apresentados nas Escrituras:

• A sabedoria criou todas as coisas (Gen 1; Pv 8, 31), de maneira que o universo é


permeado de sabedoria. Ninguém que viva neste universo escapará á sabedoria. Há
que amá-la ou odiá-la. Não se pode viver neste universo indiferente a ela.

• A história humana divide todos os homens entre sábios (os que temem o Senhor e
amam a sabedoria Prov 4.1-12; Salmo 1.1-3) e loucos (os que não temem o Senhor
e odeiam a sabedoria 2.12-22; Salmo 1.4-6).

• O amor à sabedoria traz vida (Prov 3.1-6), mas o desprezo à sabedoria leva à
morte (Prov 1.10-19). Desse modo, a diferença entre vida e morte é a sabedoria.
Nos dias de Salomão uma deusa
egípcia chamada “Maat” era adorada
como a representação máxima que
leva o morto a Osíris ou o afasta dele
para sempre.

• Por esse motivo, a sabedoria é


apresentada nas Escrituras como
uma mulher (Prov 8) que precisa
ser encontrada, mas não será,
até que ela mesma se revele aos
seus (4.7; 31.10).

acmy ym lyx tva


A sabedoria de
Deus é Cristo 1. Ele é o Criador - “Pois nele foram
criadas todas as coisas, no céu e na
“Mas nós pregamos a Cristo crucificado...
sabedoria de Deus” terra, as visíveis e as invisíveis...” (Col
1.16; João 1.3; Prov 8)
(1Cor 1.23-24, 30; 2.6-8)
2. Todos os homens são chamados a
uma decisão em relação à
sabedoria/Cristo. Todos respondem, de
um modo ou de outro. Todos os
homens: amam a sabedoria ou a
rejeitam. Ninguém vive indiferente a ela
(1João 2.15-16; Mat 10.37).

3. Ela dá a vida e também a morte -


“Aquele que tem o Filho de Deus tem a
vida. O que se mantém rebelde contra
o Filho não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus.” (João 3.36)
Conclusão

“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a
fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos
esperança.”

(Rom 15.4; 1Cor 10.6-12;1Cor 10.7-11).

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