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EBD ÉDEN 2021 Estudo de Efésios Texto: Efésios 1.

15-23 Aula 2
Percebendo as riquezas espirituais em nossas vidas:
Na lição de hoje, estudaremos um pouco sobre a oração de Paulo pelos irmãos destinatários da
carta aos Efésios (1.15-23). Nós poderemos, deste modo, perceber que o objetivo de sua
intercessão era que eles alcançassem pleno entendimento espiritual através do infinito poder de
Deus visto na ressurreição de Seu Filho. Este é o tema principal desta perícope.
Oração pela percepção espiritual dos crentes (Efésios 1.15-23):
“Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor para
com todos os santos, não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas
minhas orações” (vv. 15-16). Paulo faz aqui uma transição que pode ser claramente notada no
início deste versículo através da ligação “Pelo que” (v. 15). O apóstolo acabara de detalhar as
bençãos espirituais que são concedidas a todos os crentes em Jesus (1.3-14). Agora ele passa de
um louvor para uma oração. Primeiramente Paulo comunica aos irmãos que tem recebido
excelentes notícias acerca deles. Ele destaca que estes irmãos possuíam duas coisas: (1) fé em
Cristo Jesus: “a fé que entre vós há no Senhor Jesus (v. 15)”; e (2) amor para com os irmãos:
“o vosso amor para com todos os santos (v. 15)”.
Os irmãos de Éfeso (e possivelmente cidades vizinhas) tinham uma vida digna do evangelho de
Cristo (Fp 1.27). Sua relação com Deus e com a igreja era exemplar. Eles tinham tanto fé no Senhor
quanto amor para com os santos. Por isso Paulo afirma que sempre agradece a Deus, o Pai, pela
vida deles: “não cesso de dar graças a Deus por vós” (v. 16). E como ele faz isto? Ele diz:
“lembrando-me de vós nas minhas orações” (v. 16). O apóstolo Paulo tinha estes irmãos (e
todos na verdade; cf. Rm 1.8-15; 1Co 1.4-9; Fp 1.3-11; Cl 1.3-12; 1Ts 1.2-10; 2Ts 1.3-12; Fm 1.4-
7) no coração. Ele sempre glorificava a Deus pela vida deles e orava por eles. Esta é uma
demonstração da belíssima união entre louvor e oração na vida do apóstolo Paulo.
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu
conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação” (v. 17). Este é o propósito da oração
paulina. Paulo deixa claro aos irmãos com que objetivo ele intercede por eles ao “Pai da glória”,
o único que pode responder seu clamor (cf. Tg 1.17). O que ele tem pedido a Deus é que Ele
conceda a eles o “espírito de sabedoria e de revelação”. A expressão pode ser entendida como
uma disposição de revelação e sabedoria dada aos crentes (por isso algumas traduções trazem a
palavra “espírito” com letra minúscula). Contudo, indubitavelmente, estas sabedoria e revelação
espirituais só podem proceder do Espírito Santo. No Antigo Testamento, inclusive, o Espírito
Santo traz sabedoria, conhecimento, inteligência, força, etc. (cf. Is 11.2). Portanto não há nenhum
prejuízo ao texto bíblico entender que a sabedoria e a revelação que Deus dá procede do Seu
Espírito. Pelo contrário isto é expressamente declarado nas Escrituras (cf. e.g. 1Co 2.6-16).
“Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança
da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” (v. 18). Paulo então
desenvolve um pouco mais o que ele almeja com suas orações a Deus por estes irmãos. Ele deseja
que eles tenham o seu entendimento aclarado, iluminado. O “entendimento” a que ele se refere
aqui é a mente dos crentes em Jesus. Ela é retratada como tendo “olhos” porque é através dos
olhos que podemos enxergar o mundo e perceber o que acontece à nossa volta. Da mesma
maneira, somente com os olhos de nossa mente iluminados pela luz de Cristo é que poderemos
contemplar a obra da salvação realizada em nosso favor e aquilo que nos aguarda.
Paulo destaca três coisas pelas quais ele ora em favor dos irmãos de Éfeso (e adjacências): (1)
para que eles saibam qual a esperança que eles possuem como vocacionados e chamados para a
salvação por Deus: “para que saibais qual seja a esperança da sua vocação”; (2) para que eles
entendam que eles são grandes riquezas de glória para Deus como Sua herança e propriedade
particular: “quais as riquezas da glória da sua herança nos santos”; e...
“E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a
operação da força do seu poder” (v. 19). ...(3) para que eles conheçam o poder infinito e
incomparável de Deus: “qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que
cremos”. Paulo aqui pontua que este poder de Deus está sobre nós, crentes em Jesus Cristo, ou
seja, Deus tem operado em nós por meio de Seu poder e torna este poder disponível a nós. Isto
Ele faz “segundo a operação da força do seu poder”. Em outras palavras, Deus manifesta a
grandeza do seu poder operando na força deste mesmo poder. As duas sentenças parecem aos
nossos ouvidos estar dizendo a mesma coisa, mas isto serve justamente para enfatizar que tudo
é através do poder divino. Deus Pai opera este poder sobre, em e para nós. A maior manifestação
do poder de Deus é destacada no versículo seguinte.
“Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus”
(v. 20). Esta passagem é simplesmente sublime. O apóstolo Paulo lembra aos irmãos qual é a
maior prova do poder divino: a ressurreição e ascensão de Cristo. Nenhuma demonstração de
poder poderia ser maior do que a derrota da morte e a destruição de seu império (Hb 2.14; cf. At
2.24; 1Co 15.25,26). Como Adams e Stamps destacaram muito bem, “quando o Novo Testamento
deseja enfatizar a plenitude do amor de Deus por nós, indica a morte de Cristo (por exemplo, em
Rm 5.8). Porém, quando deseja demonstrar a realidade do poder de Deus indica a ressurreição de
Cristo”. Deus é tão amoroso que deu Seu Filho para morrer por nós (Jo 3.16) e tão poderoso
que ressuscitou Seu Filho para ressuscitar a nós (1Co 15.20,23). Através dEle somos
perdoados e justificados. Como Paulo diz em outro momento sobre o Senhor, “por nossos
pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação” (Rm 4.25).
Mas não somente isto, pois a passagem também enfatiza a ascensão de Cristo Jesus, como já
citado. Após Sua ressurreição e os 40 dias que Ele passou ainda aqui na terra com os discípulos,
o Senhor Jesus subiu aos céus (At 1.9) e sentou-se no trono à mão direita de Deus nos mais
altos céus. De lá, Ele tem reinado sobre todo o universo e um dia voltará para arrebatar a igreja,
ressuscitar os mortos, julgar os vivos e os mortos, destruir o diabo, a morte, o pecado e o mal e
estabelecer Seu reino eterno. Paulo, então, recorda-nos desta posição de autoridade que o Senhor
já tem desfrutado à destra do Pai.
“Acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia,
não só neste século, mas também no vindouro” (v. 21). Eis a extensão do domínio do Rei dos
reis e Senhor dos senhores Jesus Cristo. Ele reina sobre tudo e todos. Ele está entronizado sobre
todos os governantes que existem. Paulo usa cinco substantivos que referem-se à autoridades
(“principado”, “poder”, “potestade”, “domínio”, “nome”) e nos mostra que todos eles estão
debaixo do poder e autoridade supremas do Senhor. Nas palavras de Adams e Stamps: “Na
administração divina do universo existem diferentes níveis de autoridade, seja ela humana ou
angelical. Quaisquer que sejam as formas de autoridade e de poderes governantes existentes no
universo, através do poder de Deus, Cristo foi entronizado como Senhor dos reinos celestiais”. Em
Colossenses, Paulo também fala sobre estas as mais diversas autoridades existentes e demonstra
que tudo foi criado por Cristo (Cl 1.16).
Ademais o Senhor tem recebido um nome superior a qualquer outro nos céus ou na terra, agora ou
no porvir: “acima... de todo nome que se nomeia”. Nome representa autoridade. Quando
pensamos no nome de algum governante terreno logo vinculamos ele à autoridade que possui
nesta terra. Cristo possui um nome infinitamente maior que o de qualquer criatura (Lc 10.17; Fp
2.9; Hb 1.4). Todos naquele dia terão que dobrar os joelhos diante dEle e confessar que Ele é o
Senhor (Fp 2.10,11), todo homem, todo anjo e todo demônio. “Depois, virá o fim, quando tiver
entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e
força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés” (1Co
15.24,25). Além disso as autoridades desta era presente possuem jurisdição somente nesta vida,
já o Senhor Jesus possui completa autoridade “não só neste século, mas também no vindouro”.
Paulo aqui expressa a escatologia bíblica muito claramente que divide a história em duas eras: esta
em que vivemos e a futura após a vinda do Senhor. O Senhor Jesus também falava em duas eras,
uma antes e outra depois do Seu retorno (cf. Mt 12.32; Mc 10.30).
“E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça
da igreja” (v. 22). O apóstolo continua enfatizando a supremacia de Jesus sobre toda a criação.
Agora ele afirma aos irmãos que o Pai “sujeitou todas as coisas a seus pés”, isto é, aos pés do
Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo afirmara aos discípulos Sua autoridade universal (Mt 28.18). De
fato, hoje Ele está coroado sobre toda a criação (Hb 2.8), e a maior e melhor expressão deste
domínio do Messias Jesus é o que nós conhecemos como “igreja”. A ilustração que Paulo traz aqui
é que Cristo é a cabeça da igreja, como em um corpo humano. O comando de todo o corpo reside
no cérebro, na mente, na “cabeça” do homem. Da mesma forma, é Cristo quem guia e controla
a igreja. A igreja, por sua vez, é a representação da autoridade do Senhor Jesus, pois ela obedece
inteiramente a Ele, é Sua representante na terra, desfruta do Seu poder e é composta de todos os
povos, nações, tribos e línguas (Ap 5.9; 7.9), o que demonstra a abrangência total do senhorio de
Cristo Jesus.
“Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (v. 23). Aqui Paulo
encerra a descrição de sua oração. Continuando com a imagem do corpo humano, ele
complementa que, assim como Cristo é a cabeça (v. 22), a igreja é o corpo. Ambas estão ligadas,
sendo que o corpo é submisso à cabeça. “Assim, o corpo de Cristo é ‘aquele que preenche tudo
em todas as coisas’ – ‘tudo’ indicando especialmente os representantes de todos os povos na igreja
(4.6-10; cf. 3.19; 5.18)” (Keener). O Senhor Jesus habita na igreja, de tal maneira que ela pode
apropriadamente ser chamada de “a plenitude daquele que cumpre tudo em todos”. Oh como
isto nos mostra a vocação da igreja. Nós, como igreja do Senhor, somos a plenitude dEle na terra.
Ele não está aqui fisicamente, mas nos tem deixado aqui como Seus embaixadores (2Co 5.20). Na
verdade, Ele cumpre todas as coisas em todas as pessoas justamente através da igreja, pois a
igreja representa a nova humanidade redimida em Cristo (cf. 2.11-22). E assim como a plenitude
de Deus habita em Cristo (Cl 2.9), assim a plenitude de Cristo habita na igreja. Com isto tudo Paulo
termina esta descrição nos mostrando que nós, como crentes em Jesus, temos uma grande
responsabilidade e um grande privilégio. Cumpramo-lo então.
Desafio: Escolha uma igreja local de qualquer denominação que você conheça pessoalmente e
ore por ela ao longo desta semana. Peça a Deus bençãos espirituais para esses irmãos assim
como Paulo intercedeu pelos cristãos em Éfeso.
Tarefa:
1) Qual o propósito da oração de Paulo por estes irmãos (v. 17)?
2) O que a palavra “entendimento” (v. 18) significa?
3) Quais são as três coisas pelas quais Paulo intercede a Deus pelos irmãos (vv. 18-19)?
4) Como o poder de Deus se manifestou em Cristo de acordo com o v. 20?
5) Acima de quem o Senhor está entronizado (v. 21)?
6) O que o Pai sujeitou a Cristo (v. 22)?
7) O que é a igreja (v. 23)?
Referências:
ADAMS, John Wesley; STAMPS, Donald. Efésios. In: ARRINGTON, French L.; STRONSTAD,
Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
KEENER, Craig. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia: Novo Testamento. São Paulo: Vida
Nova, 2017.

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