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INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos sobre uma, das principais séries de mensagens proferidas pelo
profeta Ezequiel, sobre o juízo divino contra o povo de Israel; veremos também, alguns aspectos
da punição endereçada à nação, e suas sérias consequências; e por fim, destacaremos à luz do
anúncio do juízo, algumas lições práticas para a vida cristã.

I- O ANÚNCIO DO FIM
1.1 A natureza da mensagem. O conteúdo da mensagem que seria proferida por Ezequiel, Deus
já havia antecipado, que teria um tom de advertência, correção e juízos: “E estendeu-o diante de
mim, e ele estava escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e
suspiros, e ais” (Ez 2.10). No capítulo 7 vemos a mensagem sendo proferida propriamente dita. A
profecia de Ezequiel nesse ponto, é marcada pelo julgamento que está prestes a ser derramado
sobre a nação: “E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor Deus acerca da terra de Israel: Vem o
fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra” (Ez 7.2), devido à sua desobediência: “Agora, vem
o fim sobre ti, porque enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei conforme os teus caminhos, e
trarei sobre ti todas as tuas abominações” (Ez 7.3).

1.2 O alvo da mensagem. A profecia por meio de Ezequiel tem como público alvo, à nação de
Israel como um todo: “[…] assim diz o Senhor Deus acerca da terra de Israel: Vem o fim, o fim
vem […]”; a terra em todas as direções, norte, sul, leste e oeste, seria alvo do julgamento de
Deus: “[…] sobre os quatro cantos da terra” (Ez 7.2); ninguém ficaria de fora do juízo divino; o
Senhor não tem predileção por quem quer que seja; como a desobediência é geral, a punição, diz
Deus, também será sobre todos.

Todas as classes sociais e religiosas seriam atingidas pela ira divina: “Miséria sobre miséria virá,
e se levantará rumor sobre rumor; então, buscarão do profeta uma visão, mas do sacerdote
perecerá a lei, e dos anciãos, o conselho. O rei se lamentará, e o príncipe se vestirá de amargura,
e as mãos do povo da terra se molestarão; conforme o seu caminho lhes farei e com os seus
juízos os julgarei; e saberão que eu sou o SENHOR” (Ez 7.26,27).

1.3 A finalidade da mensagem. O anúncio do fim, ou seja, do julgamento divino sobre Israel,
tem como propósito entre outras coisas, destacar a soberania de Deus sobre a história humana,
tanto ao levantar um porta voz em meio ao caos do cativeiro: “E eles, quer ouçam quer deixem de
ouvir (porque eles são casa rebelde), hão de saber que esteve no meio deles um profeta” (Ez
2.5), como também, ao trazer a devida punição pela desobediência reiterada do povo; e como
resultado, estes reconheceriam a grandiosidade do Senhor: “E não te poupará o meu olho, nem
terei piedade de ti, mas porei sobre ti os teus caminhos, e as tuas abominações estarão no meio
de ti; e sabereis que eu sou o SENHOR. E não te poupará o meu olho, nem terei piedade;
conforme os teus caminhos, assim carregarei sobre ti, e as tuas abominações estarão no meio de
ti; e sabereis que eu, o SENHOR, castigo” (Ez 7.4,9,27).

II – O JULGAMENTO DIVINO SOBRE A NAÇÃO DE


ISRAEL
2.1 O motivo do julgamento. O fim da nação de Israel é anunciado em razão da sua rebeldia
(Ez 2.3,4; 3.7). Reiteradas vezes, Deus destaca que a punição prevista, se dar como devida
retribuição pela má conduta do povo: “E só escaparão os que deles se escaparem, mas estarão
pelos montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua maldade” (Ez
7.16), e suas abominações, entre elas podemos destacar:
(a) idolatria (Ez 7.3,8,9);
(b) materialismo (Ez 7.19);
(c) soberba (Ez 7.10,20); e,
(d) autoconfiança (Ez 7.24); tais práticas repugnantes aos olhos de Deus, motivaram o
julgamento.

Ezequiel era um atalaia fiel e advertiu o povo de que o exército babilônico estava vindo do Norte
para invadir a terra, roubá-la e destruí-la. Os caldeus seriam a arma de Deus, por meio da qual
ele lançaria seu furor e julgaria o comportamento abominável de Judá em retribuição por sua
desobediência. A Bíblia ensina claramente sobre o princípio da retribuição (Ez 35.11; Dt 32.35,36;
Rm 12.19; Hb 10.30,31), como destacou o apóstolo Paulo: “Não erreis: Deus não se deixa
escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).

2.2 A iminência do julgamento. A iminência do juízo sobre a nação é algo evidente, como pode
ser observado pelas seguintes expressões: “Agora vem o fim […]” (Ez 7.3-a); “[…] vem o tempo;
chegado é o dia […]” (Ez 7.7); “Eis aqui o dia, eis que vem […]” (Ez 7.10); “Vem o tempo, é
chegado o dia […]” (Ez 7.12). O Senhor tinha dado tempo para o arrependimento, mas por eles
persistirem no erro, o julgamento estava às portas; a longanimidade de Deus havia chegado ao
limite (2 Cr 36.15,16). A Bíblia deixa claro, que Deus é longânimo esperando o arrependimento
sincero (Rm 2.4; 2 Pd 3.9), mas também, que o juízo é iminente para os que vivem na
desobediência: “Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram,
severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de
outra maneira, também tu serás cortado” (Rm 11.22).

2.3 A descrição do julgamento. A miséria afetaria todas as classes: o rei, os príncipes, profetas,


sacerdotes, anciãos e o povo em geral (Ez 7.24-27). O povo tinha fracassado em sua missão de
testemunhar de Deus. Agora, daria testemunho por meio de seu julgamento. Trata-se de uma
questão séria para reflexão. O juízo seria completo, vejamos:

• Economia afetada (Ez 7.12,13,19). A nação de Judá confiava em sua própria prosperidade e


posses em vez de confiar em Deus; portanto, Deus planejou destruir as bases de sua
prosperidade;

• Insegurança pública (Ez 7.15,16,25). Se um exército inimigo se aproximava, os atalaias no alto


do muro soavam suas trombetas e convocavam os soldados para assumir seus postos e proteger
a cidade. Porém, de nada adiantava os atalaias de Jerusalém soarem suas trombetas, pois não
havia um exército judeu disponível, e qualquer resistência seria em vão (Ez 7.14). Se os soldados
saíssem da cidade e fossem para os campos, seriam mortos pela espada do exército babilônio, e
se os guerreiros ficassem dentro da cidade, morreriam de fome e de pestilência;

• Templo destruído (Ez 7.20,22). O povo de Jerusalém se vangloriava em suas construções. O


Templo mesmo foi uma fonte de vanglória (Jr 7.1-5; Ez 24.20,21). Esta soberba seria esmagada
quando os malvados e ímpios babilônios destruíssem as casas e o lugar Santo de Jerusalém (Ez
7.24);

• Caos religioso (Ez 7.26). Os sacerdotes não teriam palavras de encorajamento da Palavra de
Deus para oferecer ao povo, pois este havia rompido a aliança e estava fora do alcance das
bênçãos. Os falsos profetas não teriam visões, pois haviam rejeitado a verdade. Cada vez que
comecemos a confiar em nossos trabalhos, na economia, em um sistema político ou em um
poder militar para obter segurança, colocamos a Deus em segundo plano.

2.4 Os resultados do julgamento. O alvo do julgamento divino é descrito quatro vezes neste


capítulo: “Então sabereis que eu sou o SENHOR” (Ez 7.7,10,13,14). As palavras tipificam a
mensagem e o anseio de Ezequiel, de que Javé seja conhecido por todos os homens, israelitas e
não israelitas, por aquilo que Ele é, o único Deus verdadeiro, o Deus da história, o Deus que fala,
e que não fala em vão: “assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim
vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a envie” (Is 55.11).
III – A PEDAGOGIA DO JUÍZO DIVINO
3.1 A desobediência a Deus traz sérios resultados. Quando analisamos a história de Israel,
ficam evidentes os sérios resultados da desobediência, vejamos:

• A desobediência quebra pactos com Deus (Dt 27.15-26);


• A desobediência traz prejuízos espirituais (1Sm 3.13);
• A desobediência traz graves consequências físicas e econômicas (Dt 28.18-25);
• A desobediência traz derrota (2Rs 24.14-15);
• A desobediência leva ao cativeiro (Is 5.13; Jr 13.19; 46.19; Ez 12.3-11; Am 5.27; 6.7; 7.11-17).

3.2 O perigo de confiar no que é transitório. O povo de Deus permitiu que seu amor ao
dinheiro o levasse ao pecado e por isso Deus o destruiria (Ez 7.17-22). Diante do juízo divino, o
povo encontrava-se amedrontado; em grande aflição reconheceram a inutilidade das coisas nas
quais haviam confiado. Suas riquezas de nada serviriam eram inúteis como os deuses que
haviam feito com elas. O apego ao dinheiro, tem o estranho poder de conduzir as pessoas para o
pecado. Paulo disse que “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro” (1 Tm 6.10). Quão
irônico é que usemos a riqueza, um presente de Deus, para comprar coisas que nos separam
dele. Quão trágico é que desperdicemos tanto dinheiro procurando nos satisfazer a nós mesmos,
e tão pouco tempo procurando Deus, a verdadeira fonte de satisfação (Ap 3.17,18).

3.3 Deus é soberano sobre a história humana. Doutrinariamente, por soberania queremos


dizer que como Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, Deus é dono de tudo, que ele,
portanto, tem direito absoluto de governar sobre todas as coisas (Mt 20.15; Rm 9.20,21), e que
ele verdadeiramente exerce autoridade no universo (Ef 1.11). A Bíblia deixa claro que:

(a) Deus Governa todas as coisas (1Cr 29:11,12; Sl 10.16; 24.8; 29.10; 48.2);
(b) O Senhor está no controle de todas as coisas (Jó 42.2; Sl 115.3; 135.6; Dn 4.35);
(c) os reis da terra estão sob o controle de divino (Pv 21.11; Ap 19.16); e,
(d) os acontecimentos humanos estão sob seu controle de Deus (Dn 2.7; 4.17).

CONCLUSÃO
Vimos nesta lição a justiça de Deus contra a nação de Israel que, dominada pela soberba,
idolatria e variadas práticas abomináveis, atraíram o juízo divino sobre si. Tal princípio é válido
aos dias de hoje, sendo a mensagem de Ezequiel, uma séria advertência para a nossa geração.

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