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QUANDO DEUS SE REVELA AO HOMEM

1. TEXTO DE REFERÊNCIA:
JÓ 1:1-3
Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem
íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.
E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas
juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os
servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que
todos os do oriente.

JÓ 1:8
E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque
ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a
Deus, e que se desvia do mal.

JÓ 38:1-4
Depois disto o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo:
Quem é este que escurece o conselho com palavras sem
conhecimento?
Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me
ensinarás.
Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens
inteligência.

JÓ 42:1-3
Então respondeu Jó ao SENHOR, dizendo:
Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser
impedido.
Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso
relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e
que eu não entendia.

2. INTRODUÇÃO AO LIVRO DE JÓ:


- Jó é apresentado;
- Deus testifica a respeito de Jó;
- Vem a calamidade sobre Jó;
- Mulher de Jó;
- Jó recebe a visita de Sues amigos (Elifaz, Bildade, Zofar e Eliu);
- O Senhor se revela a Jó;
- O cativeiro de Jó é revertido.

3. DEBATES TEOLÓGICOS NO LIVRO DE JÓ:


3.1. O LIVRO DE JÓ É MARCADO PELOS DIÁLOGOS:
- Dois deles entre Deus e Satanás (Jó 1.6 - 2.13);
- Dois entre Deus e Jó (Jó 38.1 - 42.6);
- Dois entre Jó e seus amigos (Jó 3.1 - 31.40);
- Além de quatro discursos de Eliú (Jó 32.1 - 37.24).
- Esses diálogos, principalmente entre Jó e seus amigos, revelam a teologia que cada
um deles sustentavam.

3.2. TEOLOGIA DE ELIFAZ:


- Elifaz acreditava que o sofrimento indicava pecado (teologia baseada na causa e
efeito);
- Elifaz declara que o Senhor não permite que aconteçam problemas ao inocente,
querendo dizer que Jó deveria estar em pecado:
“[...] Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso
mesmo” (Jó 4.8).
- Com essas palavras Elifaz acusa Jó de pecado.

3.3. TEOLOGIA DE BILDADE:


- Bildade entendia que se há sofrimento, há pecado oculto:
“Acaso Deus torce a justiça? Será que o Todo-poderoso torce o que é direito? Quando
os seus filhos pecaram contra ele, ele os castigou pelo mal que fizeram” (Jó 8.3-4).
- A argumentação de Bildade se resume da seguinte maneira: Deus não pode ser
injusto, logo Jó e sua família estão sofrendo por causa do pecado.
- Então se houver um pedido por misericórdia o Senhor perdoaria a Jó (Jó 8.5,6).

3.4. TEOLOGIA DE ZOFAR:


- Ele não acreditava no sofrimento do justo, o que obviamente representava mais uma
acusação de que Jó estava em pecado (Jó 11.2,3).
- Zofar chegou a afirmar que Jó estava sofrendo menos do que de fato merecia (Jó
11.1-6).
- Para Zofar a restauração de Jó dependia do arrependimento e confissão do pecado
(Jó 11.13-20).
- A tese que Zofar defende é a de que o justo não passa por tribulação. Ou seja, para
ele, se houver tribulação é porque não há justiça na vida da vítima (Jó 20,4,5,29).

3.5. TEOLOGIA DE ELIÚ


- Mesmo sendo o mais jovem entre os amigos de Jó, ele expõe com segurança a sua
concepção em relação a aspectos da natureza divina e de seus atributos;
- Em resposta àquilo que Eliú entendia como sendo reclamações de Jó, de que Deus
parecia injusto, Eliú lembrou que:
(a) Deus é santo demais para fazer qualquer coisa errada (Jó 34.10),
(b) justo em lidar com as pessoas (Jó 34.11,12),
(c) poderoso (Jó 34.13,14) e imparcial (Jó 34.19,20),
(d) juiz de todos (Jó 34.23) e o soberano que age como lhe apraz a fim de evitar
o mal (Jó 34.24-30).
- Eliú não tentou provar que Jó estava sofrendo devido a pecados cometidos, mas sim
que sua imagem de Deus era incorreta.
- Eliú introduziu um novo elemento à discussão: Deus não envia o sofrimento
necessariamente para nos castigar por nossos pecados, mas sim para evitar que
pequemos (Jó 33.18,24) e para nos aperfeiçoar (Jó 36.1-15).
- O Senhor não age arbitrariamente, mas permite o sofrimento como uma maneira de
conduzir a pessoa a se submeter a Ele (Jó 33.23), e Deus permite e utiliza-se do
sofrimento para o benefício espiritual dos seus servos (Rm 8.28; Gn 50.20).

4. DEUS SE REVELA A JÓ;


- Deus então, no capítulo 38, se revela a Jó por meio de uma teofania (redemuinho) e
começa a apresentar-lhe seu poder e atributos.

5. DEFINIÇÃO DO TERMO REVELAÇÃO NA BÍBLIA:


- O hebraico bíblico possui diversas palavras que correspondem ao termo revelação na
língua portuguesa. Contudo, o vocábulo “gālâ” é usado com o significado de
“desnudarse ou revelar-se" (Gn 35.7).
- A Septuaginta (versão grega do AT) traduz o vocábulo na passagem citada por
“epephánē”, que significa: “manifestação, aparição, revelação”.
- O grego ainda emprega a palavra “apokalypsis” com o sentido de “revelar, tirar o véu
ou desvendar” (Lc 2.32).
- Em seu aspecto geral ou particular, revelação sempre estará atrelada aos conceitos
de “manifestar, tornar claro, tirar o véu, dar a conhecer” (Rm 16.25).
- A doutrina da revelação de Deus nas Escrituras descreve a comunicação, revelação e
manifestação sobrenaturais de Deus ao homem, revelando sua mensagem, propósitos
e decretos.

6. COMO DEUS SE REVELA AO HOMEM:


- A palavra “revelar” tem o sentido de “tirar o véu”.
- Portanto, tudo o que conhecemos sobre Deus foi porque Ele revelou-se aos homens.
- Vejamos, então, as duas principais revelações de Deus:
6.1. A REVELAÇÃO GERAL:
- Foi a maneira que Deus se fez conhecido a todas as criaturas inteligentes, de modo
geral e acessível a todo ser humano.
- Ela é encontrada na natureza, na história, na experiência pessoal e na consciência.

6.1.1. A revelação de Deus na natureza:


- A natureza, chamada de “revelação não verbal” bem como toda a criação, revela, não
apenas a existência de Deus, mas também seu poder, sua sabedoria e bondade para
com os homens (Is 40.28; Cl 1.16; Ap 10.6).
- O salmista disse:
“Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”
(Sl 19.1)
- O apóstolo Paulo diz aos romanos:
“Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho
manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu
eterno poder, como a sua divindade, se entende, e claramente se veem pelas coisas
que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”
(Rm 1.18-20)

6.1.2. A Revelação de Deus na história:


- A Bíblia revela claramente como Deus intervém na História, pois Ele é soberano, e
tem o poder sobre os filhos dos homens (Dn 5.21).
- Ele empobrece e enriquece; abate e exalta a quem quer (1Sm 2.7). Como disse o
profeta Daniel ao rei Nabucodonosor:
“E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá
sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos”
(Dn 2.21);

6.1.3. A revelação de Deus através da experiência pessoal:


- A Bíblia registra diversos exemplos de pessoas que puderam desfrutar de uma
profunda comunhão com o Senhor, como:
- Enoque e Noé (Gn 6.9), que “andaram” com Deus;
- Adão, Abraão, Isaque, Jacó, e tantos outros, que falaram com Ele (Gn 3.8);
- Principalmente Moisés, que o Senhor lhe falava “cara a cara” (Nm 12.8).
- No entanto, devemos entender que esta revelação não está restrita aos tempos
bíblicos, pois ainda hoje, é possível desfrutar de uma comunhão íntima e pessoal com
o Senhor (Tg 4.8).

6.1.4. A revelação de Deus na consciência do homem.


- O homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada por conceitos do
bem e do mal.
- Ele reconhece que há um caminho reto que deve seguir e um caminho errado que
deve evitar. Esse conhecimento chama-se "consciência".
- Ao fazer o bem, a consciência o aprova; ao fazer o mal, ela o condena. Vejamos o que
o apóstolo Paulo diz sobre este assunto:
“Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; Os quais mostram a obra da lei escrita
em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos,
quer acusando-os, quer defendendo-os”
(Rm 2.14,15)
- Mas, quem criou esses dois conceitos do bem e do mal? Deus, o Justo Legislador!

6.2. A REVELAÇÃO ESPECIAL:


- Chamamos de “revelação especial” a maneira que Deus se fez conhecido em
momentos especiais e a povos específicos.
- Este tipo de revelação ocorreu através da Bíblia, do Espírito Santo, e, principalmente,
através de Jesus. Vejamos:
6.2.1. A revelação de Deus através das Escrituras:
- A Bíblia é a revelação escrita de Deus aos homens. Através dela Ele se fez conhecido e
revela a sua vontade para com a humanidade.
- É por isso que ela é chamada de Palavra de Deus (Hb 4.12);
- Os profetas podiam dizer: “Assim diz o Senhor” (Is 43.1);
- O Senhor Jesus disse: “A tua palavra é a verdade” (Jo 17.17) e “a Escritura não pode
falhar” (Jo 10.35);

6.2.2. A revelação de Deus através do Espírito Santo:


- Quando Jesus ressuscitou e voltou para o céu, ele enviou o Espírito Santo para
ensinar cada crente pessoalmente;
- O Espírito Santo nos revela Deus diretamente, nos capacitando para entender e
aplicar a Bíblia em nossas vidas (Jo 14.15-17).
- O Espírito Santo nos revela a mente de Deus e como Ele vê o mundo (1Co 2.11-12).
- Através do Espírito Santo, Deus também pode falar diretamente ao crente, se revelar
em sonhos ou visões, ou fazer milagres em sua vida.

6.2.3. A revelação de Deus através de Jesus Cristo:


- O Senhor Jesus é a mais perfeita revelação de Deus aos homens. Ele mesmo disse:
“Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). E, o escritor aos Hebreus disse (Hb 1.1).
- Em suas epístolas, o apóstolo Paulo diz que Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1.15),
e nEle habita toda plenitude da divindade (Cl 2.9).
- Por isso, seu nome é Emanuel, que traduzido é: “Deus conosco” (Mt 1.23).

7. PORQUE DEUS SE REVELA AO HOMEM:


- A Bíblia nos mostra que Deus é um ser que se dá a conhecer e se comunica com o
homem (Gn 12.1-3; Êx 3.14).
- O Deus verdadeiro sempre quis, e quer ser conhecido do ser humano, de forma
pessoal, para demonstrar seu amor, cuidado e salvação.
- Eis algumas razões porque Deus se revela e se dá a conhecer ao homem:

7.1.1. Deus se revela para se dar a conhecer:


- O Deus apresentado nas Escrituras Sagradas não tem prazer em se envolver num jogo
de “esconde-esconde” com os seus filhos.
- Um dos propósitos da “auto-revelação” de Deus é se fazer conhecido.
- Ele quer que saibamos mais a respeito da sua pessoa, da sua vontade para a nossa
vida, dos seus propósitos para o seu povo e dos seus atributos (Jr 9.24; Ez 20.5).
- A vida eterna que recebemos consiste no conhecimento que temos dele (Jo 17.3) e
por sua vez, a morte é exatamente o resultado do desconhecimento (Os 4.6).

7.1.2. Deus se revela para relacionar-se


Um dos objetivos de Deus ao se fazer conhecido é estabelecer um relacionamento com
o seu povo (Êx 6.7; Lv 26.12; 2Co 6.16).
- A Bíblia não apresenta um Deus impessoal, pelo contrário, ele é “tripessoal”.
- Desde o início da criação vemos a iniciativa de Deus em desenvolver um
relacionamento (Gn 3.8).
- Deus deseja se revelar ao ser humano (Jr 29.13; Tg 4.8).

7.1.3. Deus se revela para ser glorificado


- Deus se manifesta aos seus filhos proporcionando-lhes o conhecimento a respeito de
si e se relacionando com eles.
- Esses, em atitude de reconhecimento, respondem glorificando-o (Sl 104.24).

7.1.4. Deus se revela para mostra que é vivo


- Diferente dos ídolos mudos que muitos de nós antes reverenciávamos, agora
servimos ao Deus que fala (1Ts 1.9).
- Ele é um Deus vivo (Jr 10.10; Dn 6.26).
- É deste Deus que a alma humana tem sede (Sl 84.2).

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