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POÉTICOS
LIÇÃO 1
O LIVRO DE
JÓ
Introdução
Através da dolorosa experiência de Jó,
ricas e profundas lições nos são
ensinadas sobre o sofrimento dos justos e
seu propósito. Portanto, nesta série de
lições extraídas do seu livro,
verificaremos que é perfeitamente
possível ao crente permanecer adorando
ao Senhor, mesmo estando sob o calor das
mais duras provações; aliás, quando o
verdadeiro crente atravessa o sombrio
vale da sombra e da morte, ou enfrenta o
calor da fornalha da aflição, para ele, a
adoração se torna uma espécie de refúgio
através da qual recebe refrigério para a
alma. O conteúdo do livro de Jó é realmente
de um valor sem igual, a sua importância
para a história da literatura, foi abordada
com as seguintes expressões:
“O livro de Jó é talvez a maior
obra-prima do espírito humano”
Victor Hugo
“Denomino este livro, à parte de todas as teorias a
seu respeito, uma das maiores coisas que já se
escreveram. É nossa primeira e mais antiga
declaração sobre o problema interminável: O
destino do homem e a maneira de Deus tratá-lo, aqui
na terra. Penso que nada existe escrito de igual
valor literário. Seja qual for o juízo dos críticos
sobre ele, é uma das mais grandiosas obras que se
têm escrito.”
Thomas Carlyle
“Ergue-se como pirâmide na história da literatura, sem
precedente e sem rival”
Philip Schaff
A importância deste livro se prende ao
fato de ser inspirado por Deus, e da
discussão filosófica apresentada com
uma linguagem altamente poética acerca
do sofrimento humano. Um número sem
conta de pessoas não conseguem
entender como que um Deus de bondade
pôde fazer um mundo, onde há tanto
sofrimento; onde parece sofrer mais quem
menos merece. Embora não temos
explicações para muitas coisas que
acontecem, de uma coisa não temos
dúvidas, que o pecado original é a
principal razão para as queixas dos
homens, Lm 3.39, além disso, hoje temos
uma forte razão para entendermos tudo
isso, pois o próprio Deus desceu até nós na
Pessoa de Jesus Cristo, e participou de
nossos sofrimentos. Portanto Ele não criou
os homens para depois simplesmente
deixa-los ao sabor dos seus sofrimentos,
como ensina o deísmo, (doutrina que,
apesar de admitir a existência do Supremo
Ser, ensina não estar Ele interessado no
curso que a história toma, ou venha a
tomar, ou seja, Deus limitou-se tão
somente a criar-nos, abandonando-nos a
seguir à própria sorte.) Entretanto, o fato
de Jesus, o Filho de Deus, ser o maior justo
e ao mesmo tempo, o maior sofredor deste
mundo, ilustra muito bem como Deus se
importa com a sua criação; porquanto, a
história de Jesus, remove as dificuldades
que o homem tem para entender que através
do sofrimento dos justos, Deus tem sempre
um propósito bom, ainda que a princípio a
mente humana não consiga compreender.
Finalmente, ao ressuscitar dos mortos, Jesus
nos deu garantia de uma vida futura, onde
todos os mistérios serão desvendados e,
todas as injustiças serão ajustadas. Glória a
Jesus!!!
Quem era Jó
Jó era um homem abastado; era o
maior ou o mais rico do Oriente, Jó 1.3 Era
um homem que amava muito os seus
filhos, pelos quais buscava ao Senhor,
oferecendo holocaustos, Jó 1.5; com
certeza absoluta, era um crente fiel e
inteiramente devotado a Deus. Jó foi um
servo que teve um privilégio singular, pois
o próprio Deus deu testemunho da sua
fidelidade, Jó 1.8; as Escrituras o
consideram como um dos três homens
mais piedosos, Ez 14.14, porquanto, era
respeitado pelo povo da sua comunidade,
como um sábio conselheiro e, como um
homem bom e honrado que socorria os
pobres, Jó 29.7-25. O seu nome significa
“Voltando sempre para Deus”. Embora os
teólogos liberais declaram que a sua
história não passa de uma ficção literária,
Jó era um personagem real, a Bíblia
comprova a sua historicidade através do
profeta Ezequiel e de Tiago, o meio irmão
do Senhor, conforme podemos constatar
em Ez 14.20; Tg 5.11.
“Sobre a época em que viveu”
Seja como for, o livro respira a
atmosfera de tempos muito primitivos, e
como o livro não faz qualquer menção aos
pais da nação israelita e nem à destruição
de Sodoma e Gomorra, infere-se que Jó
tenha vivido numa época entre o dilúvio e
dilúvio há menção em seu livro, Jó 22.16.
Assim sendo, Jó não descende de Abraão, e
a relação do seu nome com Jobabe, o
segundo rei de Edom não passa de uma
hipótese. Alguém tem sugerido que Jó teria
aproximadamente 60 anos quando passou
pelo fogo da provação. Se ele tinha essa
idade na época da provação, deve ter
morrido com uns 200 anos. Abraão, seu
possível contemporâneo, faleceu com 175
anos.
“Sobre a autoria do livro”
Sobre a autoria do livro, há opiniões de que
tenha sido escrito por Moisés, Esdras,
Salomão, Eliú ou o próprio Jó; porém há um
consenso geral entre os estudiosos de que
o livro tenha sido escrito por Moisés,
enquanto esteve no deserto de Midiã, Ex
2.15, pois Midiã servia de limite ao país dos
edumeus; e por conseguinte, Moisés deve
ter ouvido a história de Jó dos lábios dos
seus descendentes imediatos; ou mesmo
do próprio Jó, se realmente se confirma a
hipótese de que a sua origem tem relação
com Edom; neste caso, é bem possível que
ainda estivesse vivo em seus dias. A antiga
tradição judaica atribui a sua autoria a
Moisés. Se de fato Jó era descendente de
Abraão, naturalmente Moisés pode
reconhecê-lo como estando dentro do
círculo da revelação divina.
“Sobre a teologia de Jó”
O livro de Jó é uma antiga obra
doutrinária, divinamente inspirada; fala da
doutrina de Deus, do homem, de Satanás,
do pecado, da justiça, da disciplina, da fé,
da criação e outras. No livro de Jó temos a
revelação de fatos divinos e sobrenaturais,
pois aborda fatos essenciais sobre Deus e
o seu favor para com os seus filhos, e o seu
controle sobre Satanás. Neste livro temos
a resposta à intricada pergunta:
“Por que o justo sofre enquanto os ímpios
gozam de saúde e prosperidade?”
Porquanto, sua mensagem mostra a
recompensa que tem aqueles que
perseveram na fidelidade a Deus. O livro
pode ser dividido em quatro partes:
1. O problema do sofrimento.
2. As razões falsas apresentadas pelos homens quanto
ao sofrimento.
3. As razões incompletas.
4.A explicação da parte de Deus sobre o sofrimento.
O patriarca Jó não foi apenas um grande
sábio, naturalmente, foi em seus dias, um
teólogo de raríssima profundidade;
portanto, a sua teologia se reveste de uma
importância sem igual para a igreja
hodierna. Muito antes da própria era cristã,
Jó defendia os pontos fundamentais da fé
cristã, como segue:
1. A fé no Único e Verdadeiro Deus, a quem ,
por 31 vezes, chama de El-Shaday, isto é, o
Todo-Poderoso.
2. O reconhecimento da soberania divina,
“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos
pode ser impedido.” Jó 42.2.
3. Alimentava a viva esperança da vinda de
Cristo:
“Porque eu sei que o meu redentor vive, e que por fim se
levantará sobre a terra” Jó 19.25
4. Cria na justificação pela fé, pois em sua
resposta referendando o ensino de
Bildade sobre a justiça de Deus, disse:
“Na verdade sei que assim é; porque como se justificaria
o homem para com Deus? Jó 9.2
A Prosperidade de Jó
Devido as imensas possessões e o
grande número de pessoas ao seu serviço,
Jó foi considerado o maior do Oriente, Jó
1.3, entretanto, não deixou-se levar pela
prosperidade financeira, pois a sua
confiança estava depositada em Deus, Jó
31.24-28. Tudo indica que Jó deixava a
lavoura e os seus animais aos cuidados
dos seus muitíssimos servos, e residia na
cidade, onde era respeitado pelos anciãos
e príncipes, Jó 29.7-9. Portanto, o patriarca
desfrutava de um status digno de um rei, Jó
29.25, contudo, conservava a sua
integridade moral e espiritual, não
deixando que a sua riqueza, sua fama e o
seu poder exercessem influência sobre a
sua personalidade. Apesar de ser o mais
rico do Oriente, e naturalmente, o maior
empregador da região, o seu verdadeiro
tesouro não estava na terra, e sim, no céu.
Jó é um exemplo para os crentes que
possuem muitas propriedades, pois
sabiamente conciliava a riqueza material
com a espiritual, administrava os bens
materiais, sem, contudo, sofrer prejuízos
na vida moral e espiritual. Apesar da sua
muitíssima riqueza, e conseqüentemente
da sua muita ocupação, encontrava tempo
para adorar a Deus, Jó 1.5; e não somente
isto, mas encontrava tempo também para
ouvir o clamor do órfão e das viúvas, de
forma que era o olho do cego e os pés do
coxo, se constituindo o pai dos
necessitados, Jó 29.12-16.
O Testemunho de Deus a respeito de Jó.
Embora Jó fosse imperfeito como
todos os demais mortais, o seu caráter
sobressaía entre todos os seus
contemporâneos. A respeito deste
extraordinário homem, o Senhor
testemunhou:
“Ninguém há na terra semelhante a ele.” Jó
1.8. Interessante que esse incontestável
depoimento divino foi dirigido ao
acusador, o qual de dia e de noite acusa
aos servos de Deus, Ap 12.10. Porquanto, o
próprio Deus testemunhou que Jó era um
homem sincero, reto, temente a Deus, e
desviava do mal, Jó 1.8. Analisemos as
virtudes que caracterizava o seu ilibado
caráter:
“Sincero” – A etimologia da palavra
sincero é sem cera, isto é, sem disfarce,
sem alteração, sem dissimulação, sem
malícia, sem hipocrisia, que diz com
franqueza o que sente. Segundo a Bíblia,
ser sincero, é o primeiro requisito para
quem quer ser verdadeiro cidadão do céu,
diz o texto sagrado que habitará no
tabernáculo do Senhor e morará no seu
santo monte, aquele que anda em
sinceridade, e pratica a justiça, e fala
verazmente segundo o seu coração, Sl
15.1,2. O termo “sincero” vem da antiga
Roma, onde os atores entravam em cena
trazendo máscaras de cera, porquanto, o
homem sincero é aquele que não esconde
atrás de uma falsa aparência; na vida
espiritual há muitos que fazem o papel de
crente, usando uma máscara
representativa, porquanto, a sinceridade
se verifica ao tirar a máscara artificial,
caindo na realidade. Ser sincero é ser leal,
íntegro, puro, etc. Horácio, o poeta latino,
disse: “Se o vaso não está limpo, tudo o que
nele derramares se azeda.” Ora, se o vaso
para o uso comum deve estar limpo a fim
de não azedar o que nele se derrama,
imagine o quanto deve ser puro o vaso que
Deus usa.
“Reto” - A qualidade de reto é retidão,
significa integridade de caráter, justiça,
legalidade, lisura no procedimento. Jó era
um homem justo, imparcial, direito.
Significa que Jó não era corrupto e nem
corruptor, mas justo em seus negócios.
Porquanto, era respeitado não somente
por causa da sua riqueza material, mas
muito mais, devido a sua riqueza moral e
espiritual.
“Temente a Deus” – O temor a Deus é o
princípio da sabedoria, Pv 9.10. Jó
acreditava em Deus e o reverenciava.
Tremia diante da sua absoluta verdade e
da imarcescível santidade. Naturalmente o
patriarca tinha consciência de que o
Senhor está no seu santo templo; no seu
trono nos céus; e que os seus olhos estão
atentos, e as suas pálpebras provam os
filhos dos homens. Ele prova o justo, mas a
sua alma aborrece o ímpio e o que ama a
violência, Sl 11.4,5.
“Que se desvia do mal” – Jó não somente
tinha aversão ao pecado, como também
fugia dele. Ele fugia da tentação, porque
apesar de ser um homem espiritual
sentia-se impotente diante do astuto inimigo
dos justos. Na verdade, não há ninguém tão
espiritual, que não necessite fugir da
tentação. Se aquele de quem o próprio
Senhor testemunhou dizendo que não havia
ninguém semelhante a ele na terra, Jó 1.8,
desviava-se do mal, quem ousará enfrentar a
tentação? A vitória espiritual somente é
possível se o crente saturado da Palavra de
Deus, Sl 119.11, sujeitar-se a Deus, Tg 4.7; e
fugir do mal, I Co 6.18; 10.18; I Tm 6.11; II Tm
2.23.
UM PAI DE FAMÍLIA EXEMPLAR
Aprendemos que Jó não era do tipo de
pai que se preocupa somente com
alimentação, saúde, educação e profissão
dos filhos; ele se preocupava também com
o bem-estar espiritual dos seus filhos, Jo
1.4,5. Ele tinha consciência de que o pai
deve atuar também como sacerdote na sua
família. Quando os seus filhos se reuniam
para festejarem o aniversário de cada um,
convidava as suas três irmãs e faziam
grandes banquetes; e como líder espiritual
que era, Jó se preocupava pensando na
possibilidade dos filhos terem blasfemado
do Todo-Poderoso, devido a euforia dos
festejos; então o patriarca se levantava de
madrugada para oferecer holocaustos e
interceder a Deus por eles.
Verdadeiramente, para que a família seja
bem sucedida, se faz necessário que cada
um dos seus membros cumpra os seus
deveres. Por se descuidarem do
cumprimento dos sagrados deveres da
família, muitos pais têm fracassado na
edificação do lar. O ilustre pregador Jorge
Truett contou que foi convidado, certa vez
a realizar uma cerimônia fúnebre.
Querendo ele saber algo da vida da jovem
que havia falecido com apenas dezesseis
anos de idade, a mãe da moça respondeu:
Irmão Truett, era ela a única filha. Sim,
disse o pregador, mas a irmã não se
entristeça como fazem os demais que não
esperança. Disse a mãe: Mas é justamente
isso mesmo que sentimos; não temos mais
esperança. Nossa filha não era crente. Ao
dizer isso, a mãe, vencida de tristeza, caiu
em pranto convulsivo e, chorando
amargamente, acrescentou: Apesar de o
pai dela e eu sermos membros da igreja
desde antes dela nascer, nossa querida
que está naquele caixão, nunca ouviu uma
oração de nossos lábios. Nunca se
converteu, faleceu perdida e seu sangue
está sobre nós. Infelizmente há pais que
não se preocupam com a vida espiritual
dos seus filhos; não ensinam o caminho
em que devem andar; não dão exemplo de
verdadeiros cristãos para eles; não se
preocupam com quem eles andam; com a
literatura que lêem; com o filme que
assistem; com o lugar que freqüentam;
com quem namoram; e porque não se
preocupam também não intercedem por
eles.
Mas todos os pais devem saber que são os
representantes de Deus na família. E se Deus
lhes perguntasse agora: Onde estão os seus
filhos? Qual seria a sua resposta? Não sei?
Será que eles não estão prestes a cair no
abismo da prostituição, das drogas, do
homossexualismo, dos vícios e dos crimes?
Creia no poder da oração intercessória, faça
como Jó, interceda a Deus por eles. Cuidar
espiritualmente dos filhos é um
mandamento divino, leia Dt 11.18-21.
AS CALAMIDADES DE JÓ
Num determinado dia em que os filhos de
Jó se encontravam reunidos na casa de seu
irmão primogênito, o mundo de Jó desmoronou-
se. O texto sagrado relata-nos como o seu céu
principiou a turbar-se:
“E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam e
bebiam vinho na casa de seu irmão primogênito, que veio um
mensageiro a Jó e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas
pasciam junto a eles; e eis que deram sobre eles os sabeus, e os
tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e eu somente
escapei, para te trazer a nova. Jó 1. 13-15
Os sabeus eram descendentes de Sebá,
neto de Cão e bisneto de Noé, Gn 10.7, ou de
Sabá, descendente de Sem e neto de Éber,
Gn 10.25,28. Era o povo de Sabá. Os sabeus
eram notáveis por suas riquezas e suas
mercadorias, Is 45.14; Jr 6.20; Ez 27.22.
Segundo nos informa Orlando Boyer, os
sabeus eram governados por reis
sacerdotais, Sl 72.10; as ruínas da sua
capital, Marebe, testificam da sua
grandeza.
A Rainha de Sabá era notável entre seus
monarcas, o texto de II Cr 9.1-12, narra a
visita que ela fez a Salomão; uma viagem
de 2000 km com grande comitiva de
camelos carregados de especiarias, de
ouro em abundância e pedras preciosas.
Cristo se referiu a longa e árdua viagem
que a rainha fez para ouvir a sabedoria de
Salomão, Mt 12.42. Ao ver as
deslumbrantes riquezas do rei dos
hebreus, essa rainha acostumada com
toda a forma de esplendor, “ficou como
fora de si.” Depois de gozar da sua
hospitalidade, voltou para a Arábia.
Conforme a tradição, ela depois se tornou
uma esposa de Salomão e lhe deu um filho,
Meneleque. A família real da Abissínia,
afirma que é descendente de Salomão e a
Rainha de Sabá. Consta que eram homens
de grande estatura; e consta também que
de quando em quando invadiam os reinos
de Canaã a fim de roubar.
Até então, as propriedades de Jó estavam
como que cercadas de sebe, Jó 1.10, porém
com a permissão do Todo-Poderoso,
ficaram como que desprotegidas, e o
maligno os incitou para que fizessem uma
incursão roubando-lhe os bois e as
jumentas, matando ao fio da espada os
empregados que cuidavam dos rebanhos,
escapando somente o mensageiro que lhe
trouxe a notícia. Depois foi a vez dos
caldeus se dividirem em três bandos, para
roubar os camelos e matar os moços que
cuidavam dos mesmos, escapando tão
somente o mensageiro, Jó 1.17.
Calamidades Sobrenaturais
“Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de
Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os
consumiu; e só eu escapei, para te trazer a nova.” Jó 1.16
Embora a expressão usada pelo
mensageiro indicava algo vindo de Deus,
sabemos que se tratava de uma operação
satânica, levada a efeito devido a
permissão divina. A Bíblia diz que com a
permissão de Deus o maligno faz grandes
sinais, de maneira que até fogo faz descer
do céu à terra, à vista dos homens, Ap
13.13,14. O servo de Jó presenciou o
fenômeno sobrenatural, e o descreveu
como o fogo de Deus que caiu do céu; era
uma espécie de raio ou combustão que
acabou por destruir o rebanho de ovelha
que ainda restava ao patriarca. E além de
um número sem conta de animais, Jó
perdeu também a maioria absoluta dos
empregados encarregados de cuidar e
proteger o rebanho; a única exceção foram
os pouquíssimos servos que escaparam
para lhe trazer a notícia.
Calamidades Meteorológicas
“Estando ainda este falando veio outro e disse: Estando teus filhos e
tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito,
eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro
cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu
escapei, pata te trazer a nova.” Jó 1.18,19
Não bastasse os sofrimentos causados
pelos prejuízos financeiros, e pela perda
dos seus funcionários, o maligno causou-
lhe um sofrimento ainda maior, pois desta
feita, desferiu um golpe realmente
indescritível, pois, matou todos os seus
filhos de uma só vez; os filhos que o
patriarca tanto amava e pelos quais tanto
se preocupava. O tufão que atingiu
violentamente a casa do seu filho
primogênito, assemelhava aos furacões
que no Oriente Médio, nascem no deserto e
numa rapidez incrível alcançam as áreas
habitadas, deixando com a sua passagem,
um rastro de destruição e morte. Segundo
a narrativa bíblica, o vento impetuoso
atingiu em cheio a casa do seu filho mais
velho, onde se encontravam reunidos num
banquete, todos os seus demais filhos e
filhas; não resistindo a fúria do vento, a
casa caiu sobre eles, matando todos eles
de uma só vez, e não somente eles, mas
também os servos que estavam a serviço
deles, escapando tão somente o
mensageiro que lhe trouxe a notícia.
Sabemos que todas as forças da natureza
estão sob o controle de Deus, porém o
episódio ocorrido na família do patriarca,
não foi um fenômeno natural, e sim,
sobrenatural, mas somente subtraiu os
seus filhos devido a permissão do Todo-
Poderoso. Contudo, é oportuno dizer que o
fato de sermos crentes não impede que
nos tornemos vítimas de acidentes e
desastres naturais. Sabemos que Deus
pode nos livrar, mas as vezes permite que
servos piedosos sofram em conseqüência
de acidentes, de secas, de geadas, de
enchentes, de terremotos, etc. Não são
poucos os crentes sinceros, que em
decorrência de calamidades naturais,
perdem grandes colheitas, grandes
rebanhos, e até mesmo, a vida de seus
queridos, que muitas das vezes são
ceifadas em meio às vicissitudes terríveis
que ocorrem por permissão de Deus.
Porém, mesmo em meio as mais terríveis
lutas, o cristão deve ter em mente que
Deus está no controle da situação, e não
permitirá que nenhum dos seus filhos seja
provado acima da sua resistência. Deus
deve ser glorificado não somente quando
tudo vai bem em nossa vida, mas também
quando o nosso mundo desaba, porque
quando o crente glorifica ao Senhor em
meio as tempestades que subtrai os seus
bens e até mesmo pessoas que lhe são
queridas, como fez Jó; ele está dizendo que
o amor que devota a Deus está acima da
estima que tem pelos bens e pelas
pessoas que lhe são queridas. Jó provou
que os seus bens não era o seu Deus.
Calamidades Física e Psicológica
Mesmo após sofrer de súbito todos os
contundentes golpes em seus negócios,
como também na sua família, Jó
demonstrou que de fato era um homem
íntegro; porque apesar de sofrer ataques
que vieram de todas as direções,
deixando-o totalmente impotente, ele
ainda encontrou forças para plantar no
jardim da fé, uma das mais belas lições de
submissão à vontade de Deus. A dor pôde
modificar o seu semblante, mas não pôde
arrancar a sua fé, na hora mais escura da
sua vida pôde ainda bendizer a Deus. A
Bíblia diz:
“Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a
sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou, e disse: Nu
saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o
Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do
Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus
falta alguma.” Jó 1.21-23
O que fazer quando nada se pode
fazer? Ao prostrar-se diante do Senhor, Jó
responde a esta pergunta. Portanto,
quando nada podemos fazer devemos em
atitude de adoração, nos prostrar diante
do Senhor, em cuja mão está o controle de
todo o Universo. Ao glorificar a Deus na
hora mais escura da sua vida, ele derrotou
o maligno, que recusou admitir o seu erro
em relação à sua sinceridade, e o maligno
não se deu por vencido, alegando que
aquela sua atitude de adoração era devido
a sua vida saudável, ele deixou claro que
se Jó ficasse enfermo certamente
blasfemaria de Deus na sua face. A Bíblia
diz:
“E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó?
Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem
sincero e reto, temente a Deus, desviando-se do mal, e
que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu
incitado contra ele, para o consumir sem causa. Então,
Satanás respondeu ao Senhor e disse: Pele por pele, e
tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende,
porém, a tua mão, e toca-lhe nos ossos e na carne, e
verás se não blasfema de ti na tua face!” Jó 2.3-5
O maligno insinuou pela segunda vez
que Jó era um adorador interesseiro, isto é,
que Jó somente adorava a Deus porque
isto lhe rendia alguma coisa,
materialmente falando; insinuou também
que a provação não foi suficientemente
forte, radical; e que Jó era um homem
insensível que estava pronto a dar a pele
dos outros, o gado, a vida dos servos e dos
próprios filhos, contanto que não
tocassem na dele. Mas para Deus Jó
acabava de passar pelo fogo do seu
cadinho, e o seu caráter emergia das
aflições mais puro que nunca. Portanto,
conhecendo a estrutura espiritual do seu
servo, o Senhor aceitou pela segunda vez o
desafio, desde que não fosse ceifada a sua
vida. Diz o texto sagrado que saiu Satanás
da presença do Senhor, e feriu a Jó de uma
chaga maligna, desde a planta do pé até ao
alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço
de telha para raspar com ele as feridas,
assentou-se no meio da cinza.” Jó 2. 7,8. Até
mesmo para os especialistas tem sido
difícil definir a doença que acometeu o
homem mais piedoso da terra. Alguns
sugerem que Jó foi acometido de uma
espécie de furunculose estafilocócica
generalizada, uma doença angustiante,
exasperante e deprimente. Outros pensam
que Jó foi acometido de uma horrível
modalidade de lepra, complicada com
elefantíase, uma das mais repelentes e
dolorosas moléstias que se conhecem no
Oriente.
E há quem sugere que seja a elefantíase,
uma hipertrofia da pele e do tecido
subcutâneo, isto é, uma doença que
provoca um aumento de tamanho da pele e
do subcutâneo, chegando a obstruir a
circulação linfática devido a forte
infecção. Uma enfermidade que evolui de
forma crônica, atingindo principalmente
as pernas e a genitália externa. Seria uma
espécie de lepra em seu mais adiantado
estágio, deixando a pele inchada, criando
uma crosta supurante, de forma a deixar a
pessoa praticamente irreconhecível; tudo
isto, sem falar da grande dor e do mal
hálito que esta doença causa. No auge da
doença, Jó se queixou dizendo:
“O meu bafo se fez estranho a minha mulher; e a minha súplica, aos
filhos do meu corpo. Até os rapazes me desprezam, e, levantando-me
eu, falam contra mim. Todos os homens do meu secreto conselho me
abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim. Os meus
ossos se apegaram à minha pele e à minha carne, e escapei só com a
pele dos meus dentes. Compadecei-vos de mim, amigos meus,
compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou.” Jó 19.17-21
A Bíblia afirma que quando os seus três
amigos chegaram não o reconheceram; e
porque viam que a dor que sentia era
muito grande, rasgaram os seus vestidos,
e sobre a cabeça lançaram pó ao ar, e
assentaram na terra com ele durante sete
dias e sete noites, sem lhe dirigir uma
palavra sequer, Jó 2. 11-13. A chaga maligna
era algo pior do que tudo o que podemos
imaginar. Segundo o relato do professor F.
Davidson, em sua obra intitulada,
“ O Novo Comentário da Bíblia”, a cinza é
uma referência ao vazadouro público que
se situava fora dos muros da cidade. Aí se
queimavam, a intervalos regulares, as
imundícies e o lixo da terra. Era o ponto de
encontro dos cães e do rapazio sem eira e
sem beira; aqueles ávidos dos restos de
carne que pudessem ainda encontrar
agarrada às carcaças que para ali se
atiravam; estes sempre prontos a
desenterrar e a aproveitar o que outros
haviam lançado fora. Foi aí, nesse lugar de
miséria e de refugo, que se sentou aquele
que fora o maior de todos do Oriente, Jó 1.3
LIÇÃO 2
O LIVRO DE
SALMOS
COMPARAÇÃO DOS LIVROS POÉTICOS
PENSAMENTOS ASSUNTOS
LIVROS
CHAVES CHAVES
A SABEDORIA E OS
PROVÉRBIOS SABEDORIA FRUTOS NA VIDA DO
LIVROS JUSTO
DIDÁTICOS A BUSCA DOS
ECLESIÁSTES FUTILIDADE OBJETIVOS DA VIDA
AS PROVAÇÕES DO
JÓ PROVAÇÕES JUSTO
MEDITAÇÕES E
SALMOS ADORAÇÃO LOUVORES DO JUSTO
LIVROS
DEVOCIONAIS CANTARES AMOR UNIÃO E COMUNHÃO
Introdução
O livro dos Salmos é o mais extenso
das Escrituras e é formado por uma
coleção de poemas de louvores ao Senhor.
É uma obra literária que tem como alvo
principal o engrandecimento do nome do
Senhor. Seus cânticos expressam os
sentimentos da alma dos seus escritores
em reverente culto ao Todo-Poderoso. Os
salmos foram escritos há muitos séculos,
porém, continuam sendo de grande
edificação para a Igreja do Senhor no
século XXI. O homem de hoje é
basicamente o mesmo dos tempos de Davi
e Asafe, ainda que tenha progredido
socialmente através dos séculos. Ele
continua sendo um ser que sente alegria,
tristeza, dor, que se preocupa com as
coisas da vida e que sempre precisa de
Deus. Os altos e baixos da vida fazem parte
dele como faziam em relação a Israel nos
dias em que os diversos salmistas
compuseram os salmos. Não temos
dúvidas de que a adoração a Jeová não
porá fim a todos os nossos problemas, mas
nos ajudará a suportar e a compreender,
em parte, as tentações e perseguições que
sofremos. O livro de Salmos talvez seja o
mais terapêutico da Bíblia, porque, se
aplicado, traz consolação, bênção e paz. Se
fizermos do louvor a Deus uma prática
constante em nossa vida, a murmuração
será substituída pelo canto e a tristeza
pela alegria.
O CENÁRIO HISTÓRICO DO LIVRO DE SALMOS
Título
„Salmodiar‟ significa literalmente no
grego, cantar com acompanhamento
musical. No hebraico o título do livro dos
Salmos era “sefer tehillim”, que significa
“livros dos louvores”, às vezes somente era
chamado “tehillim” ou “louvores”.
Na Septuaginta, antiga versão grega,
temos a palavra “salmo”, e em certos
manuscritos: “saltérion” que significa
“poemas ou cânticos acompanhados por
instrumentos de corda”. Deste termo veio o
vocábulo “saltério” que é um hinário ou
uma coleção de hinos ou cânticos. Até
hoje, em certas denominações, há
hinários, chamados “saltérios”, bastante
antigos e geralmente compostos de
salmos, com instrumentos musical.
DATA
Os Salmos foram escritos por vários
autores, durante muitos anos. Mais de
1.000 anos desde Moisés (1.500 a.C.) até
Esdras (450 a.C.). É geralmente aceito que
Esdras, o escriba, reuniu e classificou os
Salmos em ordem temática, conforme
abordaremos neste estudo.
AUTORES
Davi ......................................................73 Salmos
Asafe ...................................................12 Salmos
Os Filhos de Coré ......................... 9 Salmos
Salomão ........................................... 2 Salmos
Etã.......................................................... 1 Salmo
Hemã ................................................... 1 Salmo
Moisés ................................................ 1 Salmo
e outros de autores desconhecidos.
TEMA
“Louvor, adoração e exaltação ao Senhor”,
enfatizando o Messias, a Lei, a Criação, o
Futuro de Israel, etc.
O salmista exclama e louva ao Senhor
porque ele é digno, é bom, é
misericordioso, é justo e porque o tem
resgatado das garras dos seus inimigos,
da força dos seus adversários, da prisão,
da escravidão e do cativeiro.
PROPÓSITOS
São três os propósitos do Livro de
Salmos:
1º) Revelar o espírito de devoção do povo
de Deus, através de vários acontecimentos
e incidentes ocorridos nas suas vidas.
2º) Divulgar as profecias messiânicas cujo
cumprimento os judeus tanto aguardavam.
3º) Convidar outros povos a se unirem aos
filhos da promessa a fim de juntos
prestarem culto ao Senhor.
AS EPÍGRAFES DOS SALMOS
Você notará na sua Bíblia que há
títulos ou epígrafes que precedem à
maioria dos Salmos. Os títulos falam do
tema principal do poema e nos dão outras
informações, como por exemplo:
Instruções musicais, a autoria do cântico,
o tipo de salmo, e o acontecimento que
levou o autor a escreve-lo. Estes títulos e
informações fazem parte do texto sagrado
no original hebraico, e nos oferecem
certos pormenores úteis que nos ajudam a
melhor compreender a razão de cada
salmo escrito. Exemplos: 63, 3, etc.
O Termo “Selá”
Este termo ocorre 71 vezes em 39
salmos. Exemplos na versão ARC. O sentido
original de “selá” é desconhecido, mas
parece significar “levantar”. Talvez
transmitindo a idéia de elevar as vozes
durante o canto. Outro sentido discutido é
o de “pausa”, ou “silêncio musical”.
Outros termos:
Tome duas Bíblias, uma da versão ARC e outra da
versão ARA e compare as epígrafes ou títulos de alguns dos
Salmos:
ARC ARA
Cantor-Mor Mestre do canto (Sl 4,22,77)
Instrumento de Corda (Sl 4;54,76,
Neginote
etc.)
Masquil Salmo didádico (sl 52-55, etc.)
Jedutum (aparentemente o nome
Jedutum dum dos diretores musicais (Sl 39;
62; 77)
Gitite Os lagares (Sl 8;81;84)
Nota:
É bom observar que acima de alguns
Salmos há dois títulos. O de baixo é o mais
importante, pois faz parte do texto original
hebraico. O de cima, na Bíblia ARC em
letras itálicas e na Bíblia ARA com letras
em negrito, somente resume o conteúdo
do Salmo, mas não faz parte do texto
original.
O PARALELISMO DA POESIA HEBRAICA
A característica mais distinta da
poesia hebraica é o paralelismo de idéias.
No sentido em que é usado aqui,
paralelismo se refere à relação vista entre
cada dois ou mais versos da poesia, sem
qualquer preocupação com a rima,
palavras e sons. Os hebreus ligavam mais
para o conteúdo, o âmago, os princípios e
conceitos da poesia do que para o seu
mecanismo literário.
Há vários tipos de paralelismo poético
bíblico, dentre os quais destacaremos os
três seguintes:
1. Sinonímico – O segundo verso repete
com sinônimos o pensamento do
primeiro, Sl 20,2,3; Pv 24,25.
2. Antitético – O segundo verso é uma
antítese do primeiro, Sl 71.7; Pv 12.1,2.
3. Sintético – O segundo verso amplia a
mensagem do primeiro, Sl 119.97,103; Pv
23.23
Outros tipos de paralelismo são: analítico,
progressivo, introvertido, climático, etc.
Exemplo:
No segundo versículo do Salmo 1,
“antes tem o seu prazer na lei do
Senhor e na sua lei medita de dia e
de noite”. O fato de ter prazer na lei do
Senhor é demonstrado na meditação na lei
do Senhor de dia e de noite.
SINONÍMICO ANTITÉTICO SINTÉTICO
O LIVRO DE
PROVÉRBIOS
Introdução
Apesar do nome, o livro de Provérbios
é mais que uma coletânea de provérbios.
Os capítulos de 1-9 contêm alguns
discursos longos, e o livro termina com um
poema de louvor à mulher virtuosa, Pv
31.10-31. Entretanto, grande parte do livro é
preenchida por ditados e provérbios pelos
quais é mais conhecido. Provérbio é um
ditado curto, sentencioso e axiomático,
cuja vivacidade está na antítese ou
comparação. São inteiramente
desconexos. Destinaram-se em primeiro
lugar aos jovens. O método oriental de
ensino consistia em constante repetição
de pensamentos sábios ou práticos, de
modo a fixarem-se na mente.
ASSUNTOS OU TEMAS
Sabedoria; Retidão; Temor a Deus;
Entendimento; Moralidade; Castidade;
Diligência; Domínio Próprio; Confiança em
Deus; Dízimos; O uso próprio das riquezas;
Considerações aos pobres; O domínio da
língua; A generosidade com os inimigos; A
escolha de companheiros; A abstenção de
mulheres más; O louvor das boas mulheres;
A educação dos filhos; O trabalho; A
honestidade; A abstenção da ociosidade; O
pecado da preguiça; A justiça; a
prestimosidade; O contentamento; A
Jovialidade; O respeito; O bom senso.
DATA E AUTORIA DE PROVÉRBIOS
A autoria é atribuída a Salomão, filho
de Davi, Pv 1.1; 25.1. Contudo, há também as
palavras de Agur, Pv 30, e palavras do rei
Lemuel, Pv 31. Há quem diga que Agur e
Lemuel são pseudônimos de pessoas que
nos são familiares; mas, o mais provável é
que sejam sábios sobre os quais não
temos nenhuma informação. Já que não
conhecemos a identidade dos demais
autores, não temos como saber a data da
composição dos mesmos. Entretanto, há
outro motivo para datar o livro, pois
conhecemos a identidade de Salomão, o
seu principal autor, e também de Ezequias,
que viveu aproximadamente entre 716-687
a.C. Portanto, entende-se que o livro de
Provérbios surgiu entre 970 a 700 a.C.
O Principal Autor:
Salomão quando moço, teve uma
paixão absorvente pela ciência e pela
sabedoria, I Rs 3.9-12. Veio a ser o prodígio
literário do mundo. Suas realizações
intelectuais foram a maravilha da época.
Dos confins do mundo, reis foram ouvi-lo.
Fazia preleções sobre botânica e zoologia.
Além de cientista, governador político e
homem de negócios, à frente de vastas
empresas, I Rs 9, era também poeta,
moralista e pregador.
A NATUREZA DA LITERATURA PROVERBIAL
Toda cultura possui seus provérbios e
sua sabedoria tradicional. Aliás, o estudo
da sabedoria e dos provérbios era uma
atividade prezada pelos antigos escribas e
mestres. Ainda hoje há escritos que
preservam essa sabedoria antiga do Egito,
da Mesopotâmia e da Grécia. Na
antigüidade, coletâneas de sabedoria
tradicional serviam de texto para
educação de jovens da aristocracia. Os
provérbios muitas vezes dão a entender
que foram escritos para jovens, tendo em
vista objetivos semelhantes. Por exemplo,
muitas vezes o leitor é tratado por “meu
filho”, Pv 2.1; 3.1,11; 4.1,10; 5.1; 6.1 e é
aconselhado a evitar prostitutas, Pv 5.3-6;
6.20-35. Ainda que a leitura de Provérbios
seja útil para todos, sua interpretação é
facilitada quando temos em mente os
primeiros destinatários para os quais foi
escrito. Provérbios tem outros aspectos
em comum com os escritos de sabedoria
de outras nações do antigo Oriente
próximo. A exemplo deles, Provérbios é
muito prático. O livro trata mais de
questões corriqueiras da vida que de
grandes conceitos filosóficos. Sua
estrutura e organização são também em
muitos sentidos semelhantes às de outros
escritos de sabedoria, especialmente os
do Egito.
Mas a sabedoria israelita é diferente da de
outras nações por afirmar que Deus é o
ponto de partida na busca da verdadeira
sabedoria: “O temor do Senhor é o
princípio do saber”, Pv 1.7; 9.10; Sl 111.10. Do
começo ao fim, Provérbios lida com
preocupações práticas do indivíduo que
conhece a Deus. O livro ensina o fiel a viver.
Nesse sentido, mesmo quando trata de
questões humanas comuns, Provérbios
jamais é “secular”
A ESTRUTURA DE PROVÉRBIOS
Provérbios é, na realidade, uma
coletânea de vários livros:
Provérbios de Salomão (Pv 1-24). Essa obra
inclui um título e prólogo, Pv 1.1-7 e um
texto principal dividido em discursos, Pv
1.7-9.18, ditados proverbiais, Pv 10.1-22.16,
trinta “provérbios dos sábios, Pv 22.17-
24.22 e outros “provérbios dos sábios”, Pv
24.23-34.
Provérbios de Salomão transcritos pelos
homens de Ezequias (Pv 25-29). Essa
coleção não tem prólogo; trata-se
simplesmente de um apanhado de vários
provérbios.
Palavras de Agur (Pv 30). Essa coletânea
contém vários ditados numéricos, Pv 30.7-
9, 15a, 15b-16, 18-19, 21-23,24,29-31 e
diversos provérbios. Os versículos 2-9
podem ser considerados um prólogo.
Palavras do rei Lemuel (Pv 31). Esse livro
dividido em duas partes trata das
responsabilidades do rei, Pv 31.2-9 e traz
um elogio à mulher virtuosa, Pv 31.10-31.
A seguir será exibido um alto-relevo de
pedra de Susã, na Mesopotâmia, mostra uma
mulher com um fuso na mão esquerda e um fio
na direita. Provérbios 31.19 retrata a mulher
virtuosa como alguém diligente, o que em
tempos bíblicos, incluía o trabalho da fiação de
lã para confecção de roupas.
A TÉCNICA DA ABORDAGEM DOS ASSUNTOS
O escopo do livro é inculcar virtudes
sobre as quais se insiste em toda a Bíblia.
Repetidamente, nas Escrituras, de
maneiras multiformes e métodos diversos,
Deus forneceu ao homem instrução
abundantíssima, linha sobre linha,
preceito sobre preceito, um pouco aqui,
um pouco ali, quanto ao modo de vida que
ele deseja para nós, de sorte que não haja
desculpa se errarmos o alvo. Os ensinos
deste livro de Provérbios não se exprimem
sob a fórmula: “Assim diz o Senhor”, como
na Lei de Moisés, onde as mesmas
verdades são ensinadas por meio de
ordens diretas de Deus; antes são
ministrados com base na experiência de
um homem que experimentou e provou
plenamente quase tudo aquilo a que a
humanidade se possa entregar. Moisés
dizia: são estes os mandamentos de Deus.
Salomão diz aqui, que o que Deus mandou,
prova-se, pela experiência, ser melhor
coisa para o homem; a essência da
sabedoria humana é o temor de Deus e a
observância dos seus mandamentos. O
livro de Provérbios tem sido chamado de: