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LIVROS

POÉTICOS
LIÇÃO 1
O LIVRO DE

Introdução
Através da dolorosa experiência de Jó,
ricas e profundas lições nos são
ensinadas sobre o sofrimento dos justos e
seu propósito. Portanto, nesta série de
lições extraídas do seu livro,
verificaremos que é perfeitamente
possível ao crente permanecer adorando
ao Senhor, mesmo estando sob o calor das
mais duras provações; aliás, quando o
verdadeiro crente atravessa o sombrio
vale da sombra e da morte, ou enfrenta o
calor da fornalha da aflição, para ele, a
adoração se torna uma espécie de refúgio
através da qual recebe refrigério para a
alma. O conteúdo do livro de Jó é realmente
de um valor sem igual, a sua importância
para a história da literatura, foi abordada
com as seguintes expressões:
“O livro de Jó é talvez a maior
obra-prima do espírito humano”
Victor Hugo
“Denomino este livro, à parte de todas as teorias a
seu respeito, uma das maiores coisas que já se
escreveram. É nossa primeira e mais antiga
declaração sobre o problema interminável: O
destino do homem e a maneira de Deus tratá-lo, aqui
na terra. Penso que nada existe escrito de igual
valor literário. Seja qual for o juízo dos críticos
sobre ele, é uma das mais grandiosas obras que se
têm escrito.”
Thomas Carlyle
“Ergue-se como pirâmide na história da literatura, sem
precedente e sem rival”
Philip Schaff
A importância deste livro se prende ao
fato de ser inspirado por Deus, e da
discussão filosófica apresentada com
uma linguagem altamente poética acerca
do sofrimento humano. Um número sem
conta de pessoas não conseguem
entender como que um Deus de bondade
pôde fazer um mundo, onde há tanto
sofrimento; onde parece sofrer mais quem
menos merece. Embora não temos
explicações para muitas coisas que
acontecem, de uma coisa não temos
dúvidas, que o pecado original é a
principal razão para as queixas dos
homens, Lm 3.39, além disso, hoje temos
uma forte razão para entendermos tudo
isso, pois o próprio Deus desceu até nós na
Pessoa de Jesus Cristo, e participou de
nossos sofrimentos. Portanto Ele não criou
os homens para depois simplesmente
deixa-los ao sabor dos seus sofrimentos,
como ensina o deísmo, (doutrina que,
apesar de admitir a existência do Supremo
Ser, ensina não estar Ele interessado no
curso que a história toma, ou venha a
tomar, ou seja, Deus limitou-se tão
somente a criar-nos, abandonando-nos a
seguir à própria sorte.) Entretanto, o fato
de Jesus, o Filho de Deus, ser o maior justo
e ao mesmo tempo, o maior sofredor deste
mundo, ilustra muito bem como Deus se
importa com a sua criação; porquanto, a
história de Jesus, remove as dificuldades
que o homem tem para entender que através
do sofrimento dos justos, Deus tem sempre
um propósito bom, ainda que a princípio a
mente humana não consiga compreender.
Finalmente, ao ressuscitar dos mortos, Jesus
nos deu garantia de uma vida futura, onde
todos os mistérios serão desvendados e,
todas as injustiças serão ajustadas. Glória a
Jesus!!!
Quem era Jó
Jó era um homem abastado; era o
maior ou o mais rico do Oriente, Jó 1.3 Era
um homem que amava muito os seus
filhos, pelos quais buscava ao Senhor,
oferecendo holocaustos, Jó 1.5; com
certeza absoluta, era um crente fiel e
inteiramente devotado a Deus. Jó foi um
servo que teve um privilégio singular, pois
o próprio Deus deu testemunho da sua
fidelidade, Jó 1.8; as Escrituras o
consideram como um dos três homens
mais piedosos, Ez 14.14, porquanto, era
respeitado pelo povo da sua comunidade,
como um sábio conselheiro e, como um
homem bom e honrado que socorria os
pobres, Jó 29.7-25. O seu nome significa
“Voltando sempre para Deus”. Embora os
teólogos liberais declaram que a sua
história não passa de uma ficção literária,
Jó era um personagem real, a Bíblia
comprova a sua historicidade através do
profeta Ezequiel e de Tiago, o meio irmão
do Senhor, conforme podemos constatar
em Ez 14.20; Tg 5.11.
“Sobre a época em que viveu”
Seja como for, o livro respira a
atmosfera de tempos muito primitivos, e
como o livro não faz qualquer menção aos
pais da nação israelita e nem à destruição
de Sodoma e Gomorra, infere-se que Jó
tenha vivido numa época entre o dilúvio e
dilúvio há menção em seu livro, Jó 22.16.
Assim sendo, Jó não descende de Abraão, e
a relação do seu nome com Jobabe, o
segundo rei de Edom não passa de uma
hipótese. Alguém tem sugerido que Jó teria
aproximadamente 60 anos quando passou
pelo fogo da provação. Se ele tinha essa
idade na época da provação, deve ter
morrido com uns 200 anos. Abraão, seu
possível contemporâneo, faleceu com 175
anos.
“Sobre a autoria do livro”
Sobre a autoria do livro, há opiniões de que
tenha sido escrito por Moisés, Esdras,
Salomão, Eliú ou o próprio Jó; porém há um
consenso geral entre os estudiosos de que
o livro tenha sido escrito por Moisés,
enquanto esteve no deserto de Midiã, Ex
2.15, pois Midiã servia de limite ao país dos
edumeus; e por conseguinte, Moisés deve
ter ouvido a história de Jó dos lábios dos
seus descendentes imediatos; ou mesmo
do próprio Jó, se realmente se confirma a
hipótese de que a sua origem tem relação
com Edom; neste caso, é bem possível que
ainda estivesse vivo em seus dias. A antiga
tradição judaica atribui a sua autoria a
Moisés. Se de fato Jó era descendente de
Abraão, naturalmente Moisés pode
reconhecê-lo como estando dentro do
círculo da revelação divina.
“Sobre a teologia de Jó”
O livro de Jó é uma antiga obra
doutrinária, divinamente inspirada; fala da
doutrina de Deus, do homem, de Satanás,
do pecado, da justiça, da disciplina, da fé,
da criação e outras. No livro de Jó temos a
revelação de fatos divinos e sobrenaturais,
pois aborda fatos essenciais sobre Deus e
o seu favor para com os seus filhos, e o seu
controle sobre Satanás. Neste livro temos
a resposta à intricada pergunta:
“Por que o justo sofre enquanto os ímpios
gozam de saúde e prosperidade?”
Porquanto, sua mensagem mostra a
recompensa que tem aqueles que
perseveram na fidelidade a Deus. O livro
pode ser dividido em quatro partes:
1. O problema do sofrimento.
2. As razões falsas apresentadas pelos homens quanto
ao sofrimento.
3. As razões incompletas.
4.A explicação da parte de Deus sobre o sofrimento.
O patriarca Jó não foi apenas um grande
sábio, naturalmente, foi em seus dias, um
teólogo de raríssima profundidade;
portanto, a sua teologia se reveste de uma
importância sem igual para a igreja
hodierna. Muito antes da própria era cristã,
Jó defendia os pontos fundamentais da fé
cristã, como segue:
1. A fé no Único e Verdadeiro Deus, a quem ,
por 31 vezes, chama de El-Shaday, isto é, o
Todo-Poderoso.
2. O reconhecimento da soberania divina,
“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos
pode ser impedido.” Jó 42.2.
3. Alimentava a viva esperança da vinda de
Cristo:
“Porque eu sei que o meu redentor vive, e que por fim se
levantará sobre a terra” Jó 19.25
4. Cria na justificação pela fé, pois em sua
resposta referendando o ensino de
Bildade sobre a justiça de Deus, disse:
“Na verdade sei que assim é; porque como se justificaria
o homem para com Deus? Jó 9.2
A Prosperidade de Jó
Devido as imensas possessões e o
grande número de pessoas ao seu serviço,
Jó foi considerado o maior do Oriente, Jó
1.3, entretanto, não deixou-se levar pela
prosperidade financeira, pois a sua
confiança estava depositada em Deus, Jó
31.24-28. Tudo indica que Jó deixava a
lavoura e os seus animais aos cuidados
dos seus muitíssimos servos, e residia na
cidade, onde era respeitado pelos anciãos
e príncipes, Jó 29.7-9. Portanto, o patriarca
desfrutava de um status digno de um rei, Jó
29.25, contudo, conservava a sua
integridade moral e espiritual, não
deixando que a sua riqueza, sua fama e o
seu poder exercessem influência sobre a
sua personalidade. Apesar de ser o mais
rico do Oriente, e naturalmente, o maior
empregador da região, o seu verdadeiro
tesouro não estava na terra, e sim, no céu.
Jó é um exemplo para os crentes que
possuem muitas propriedades, pois
sabiamente conciliava a riqueza material
com a espiritual, administrava os bens
materiais, sem, contudo, sofrer prejuízos
na vida moral e espiritual. Apesar da sua
muitíssima riqueza, e conseqüentemente
da sua muita ocupação, encontrava tempo
para adorar a Deus, Jó 1.5; e não somente
isto, mas encontrava tempo também para
ouvir o clamor do órfão e das viúvas, de
forma que era o olho do cego e os pés do
coxo, se constituindo o pai dos
necessitados, Jó 29.12-16.
O Testemunho de Deus a respeito de Jó.
Embora Jó fosse imperfeito como
todos os demais mortais, o seu caráter
sobressaía entre todos os seus
contemporâneos. A respeito deste
extraordinário homem, o Senhor
testemunhou:
“Ninguém há na terra semelhante a ele.” Jó
1.8. Interessante que esse incontestável
depoimento divino foi dirigido ao
acusador, o qual de dia e de noite acusa
aos servos de Deus, Ap 12.10. Porquanto, o
próprio Deus testemunhou que Jó era um
homem sincero, reto, temente a Deus, e
desviava do mal, Jó 1.8. Analisemos as
virtudes que caracterizava o seu ilibado
caráter:
“Sincero” – A etimologia da palavra
sincero é sem cera, isto é, sem disfarce,
sem alteração, sem dissimulação, sem
malícia, sem hipocrisia, que diz com
franqueza o que sente. Segundo a Bíblia,
ser sincero, é o primeiro requisito para
quem quer ser verdadeiro cidadão do céu,
diz o texto sagrado que habitará no
tabernáculo do Senhor e morará no seu
santo monte, aquele que anda em
sinceridade, e pratica a justiça, e fala
verazmente segundo o seu coração, Sl
15.1,2. O termo “sincero” vem da antiga
Roma, onde os atores entravam em cena
trazendo máscaras de cera, porquanto, o
homem sincero é aquele que não esconde
atrás de uma falsa aparência; na vida
espiritual há muitos que fazem o papel de
crente, usando uma máscara
representativa, porquanto, a sinceridade
se verifica ao tirar a máscara artificial,
caindo na realidade. Ser sincero é ser leal,
íntegro, puro, etc. Horácio, o poeta latino,
disse: “Se o vaso não está limpo, tudo o que
nele derramares se azeda.” Ora, se o vaso
para o uso comum deve estar limpo a fim
de não azedar o que nele se derrama,
imagine o quanto deve ser puro o vaso que
Deus usa.
“Reto” - A qualidade de reto é retidão,
significa integridade de caráter, justiça,
legalidade, lisura no procedimento. Jó era
um homem justo, imparcial, direito.
Significa que Jó não era corrupto e nem
corruptor, mas justo em seus negócios.
Porquanto, era respeitado não somente
por causa da sua riqueza material, mas
muito mais, devido a sua riqueza moral e
espiritual.
“Temente a Deus” – O temor a Deus é o
princípio da sabedoria, Pv 9.10. Jó
acreditava em Deus e o reverenciava.
Tremia diante da sua absoluta verdade e
da imarcescível santidade. Naturalmente o
patriarca tinha consciência de que o
Senhor está no seu santo templo; no seu
trono nos céus; e que os seus olhos estão
atentos, e as suas pálpebras provam os
filhos dos homens. Ele prova o justo, mas a
sua alma aborrece o ímpio e o que ama a
violência, Sl 11.4,5.
“Que se desvia do mal” – Jó não somente
tinha aversão ao pecado, como também
fugia dele. Ele fugia da tentação, porque
apesar de ser um homem espiritual
sentia-se impotente diante do astuto inimigo
dos justos. Na verdade, não há ninguém tão
espiritual, que não necessite fugir da
tentação. Se aquele de quem o próprio
Senhor testemunhou dizendo que não havia
ninguém semelhante a ele na terra, Jó 1.8,
desviava-se do mal, quem ousará enfrentar a
tentação? A vitória espiritual somente é
possível se o crente saturado da Palavra de
Deus, Sl 119.11, sujeitar-se a Deus, Tg 4.7; e
fugir do mal, I Co 6.18; 10.18; I Tm 6.11; II Tm
2.23.
UM PAI DE FAMÍLIA EXEMPLAR
Aprendemos que Jó não era do tipo de
pai que se preocupa somente com
alimentação, saúde, educação e profissão
dos filhos; ele se preocupava também com
o bem-estar espiritual dos seus filhos, Jo
1.4,5. Ele tinha consciência de que o pai
deve atuar também como sacerdote na sua
família. Quando os seus filhos se reuniam
para festejarem o aniversário de cada um,
convidava as suas três irmãs e faziam
grandes banquetes; e como líder espiritual
que era, Jó se preocupava pensando na
possibilidade dos filhos terem blasfemado
do Todo-Poderoso, devido a euforia dos
festejos; então o patriarca se levantava de
madrugada para oferecer holocaustos e
interceder a Deus por eles.
Verdadeiramente, para que a família seja
bem sucedida, se faz necessário que cada
um dos seus membros cumpra os seus
deveres. Por se descuidarem do
cumprimento dos sagrados deveres da
família, muitos pais têm fracassado na
edificação do lar. O ilustre pregador Jorge
Truett contou que foi convidado, certa vez
a realizar uma cerimônia fúnebre.
Querendo ele saber algo da vida da jovem
que havia falecido com apenas dezesseis
anos de idade, a mãe da moça respondeu:
Irmão Truett, era ela a única filha. Sim,
disse o pregador, mas a irmã não se
entristeça como fazem os demais que não
esperança. Disse a mãe: Mas é justamente
isso mesmo que sentimos; não temos mais
esperança. Nossa filha não era crente. Ao
dizer isso, a mãe, vencida de tristeza, caiu
em pranto convulsivo e, chorando
amargamente, acrescentou: Apesar de o
pai dela e eu sermos membros da igreja
desde antes dela nascer, nossa querida
que está naquele caixão, nunca ouviu uma
oração de nossos lábios. Nunca se
converteu, faleceu perdida e seu sangue
está sobre nós. Infelizmente há pais que
não se preocupam com a vida espiritual
dos seus filhos; não ensinam o caminho
em que devem andar; não dão exemplo de
verdadeiros cristãos para eles; não se
preocupam com quem eles andam; com a
literatura que lêem; com o filme que
assistem; com o lugar que freqüentam;
com quem namoram; e porque não se
preocupam também não intercedem por
eles.
Mas todos os pais devem saber que são os
representantes de Deus na família. E se Deus
lhes perguntasse agora: Onde estão os seus
filhos? Qual seria a sua resposta? Não sei?
Será que eles não estão prestes a cair no
abismo da prostituição, das drogas, do
homossexualismo, dos vícios e dos crimes?
Creia no poder da oração intercessória, faça
como Jó, interceda a Deus por eles. Cuidar
espiritualmente dos filhos é um
mandamento divino, leia Dt 11.18-21.
AS CALAMIDADES DE JÓ
Num determinado dia em que os filhos de
Jó se encontravam reunidos na casa de seu
irmão primogênito, o mundo de Jó desmoronou-
se. O texto sagrado relata-nos como o seu céu
principiou a turbar-se:
“E sucedeu um dia, em que seus filhos e suas filhas comiam e
bebiam vinho na casa de seu irmão primogênito, que veio um
mensageiro a Jó e lhe disse: Os bois lavravam, e as jumentas
pasciam junto a eles; e eis que deram sobre eles os sabeus, e os
tomaram, e aos moços feriram ao fio da espada; e eu somente
escapei, para te trazer a nova. Jó 1. 13-15
Os sabeus eram descendentes de Sebá,
neto de Cão e bisneto de Noé, Gn 10.7, ou de
Sabá, descendente de Sem e neto de Éber,
Gn 10.25,28. Era o povo de Sabá. Os sabeus
eram notáveis por suas riquezas e suas
mercadorias, Is 45.14; Jr 6.20; Ez 27.22.
Segundo nos informa Orlando Boyer, os
sabeus eram governados por reis
sacerdotais, Sl 72.10; as ruínas da sua
capital, Marebe, testificam da sua
grandeza.
A Rainha de Sabá era notável entre seus
monarcas, o texto de II Cr 9.1-12, narra a
visita que ela fez a Salomão; uma viagem
de 2000 km com grande comitiva de
camelos carregados de especiarias, de
ouro em abundância e pedras preciosas.
Cristo se referiu a longa e árdua viagem
que a rainha fez para ouvir a sabedoria de
Salomão, Mt 12.42. Ao ver as
deslumbrantes riquezas do rei dos
hebreus, essa rainha acostumada com
toda a forma de esplendor, “ficou como
fora de si.” Depois de gozar da sua
hospitalidade, voltou para a Arábia.
Conforme a tradição, ela depois se tornou
uma esposa de Salomão e lhe deu um filho,
Meneleque. A família real da Abissínia,
afirma que é descendente de Salomão e a
Rainha de Sabá. Consta que eram homens
de grande estatura; e consta também que
de quando em quando invadiam os reinos
de Canaã a fim de roubar.
Até então, as propriedades de Jó estavam
como que cercadas de sebe, Jó 1.10, porém
com a permissão do Todo-Poderoso,
ficaram como que desprotegidas, e o
maligno os incitou para que fizessem uma
incursão roubando-lhe os bois e as
jumentas, matando ao fio da espada os
empregados que cuidavam dos rebanhos,
escapando somente o mensageiro que lhe
trouxe a notícia. Depois foi a vez dos
caldeus se dividirem em três bandos, para
roubar os camelos e matar os moços que
cuidavam dos mesmos, escapando tão
somente o mensageiro, Jó 1.17.
Calamidades Sobrenaturais
“Estando este ainda falando, veio outro e disse: Fogo de
Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os moços, e os
consumiu; e só eu escapei, para te trazer a nova.” Jó 1.16
Embora a expressão usada pelo
mensageiro indicava algo vindo de Deus,
sabemos que se tratava de uma operação
satânica, levada a efeito devido a
permissão divina. A Bíblia diz que com a
permissão de Deus o maligno faz grandes
sinais, de maneira que até fogo faz descer
do céu à terra, à vista dos homens, Ap
13.13,14. O servo de Jó presenciou o
fenômeno sobrenatural, e o descreveu
como o fogo de Deus que caiu do céu; era
uma espécie de raio ou combustão que
acabou por destruir o rebanho de ovelha
que ainda restava ao patriarca. E além de
um número sem conta de animais, Jó
perdeu também a maioria absoluta dos
empregados encarregados de cuidar e
proteger o rebanho; a única exceção foram
os pouquíssimos servos que escaparam
para lhe trazer a notícia.
Calamidades Meteorológicas
“Estando ainda este falando veio outro e disse: Estando teus filhos e
tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito,
eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro
cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram; e só eu
escapei, pata te trazer a nova.” Jó 1.18,19
Não bastasse os sofrimentos causados
pelos prejuízos financeiros, e pela perda
dos seus funcionários, o maligno causou-
lhe um sofrimento ainda maior, pois desta
feita, desferiu um golpe realmente
indescritível, pois, matou todos os seus
filhos de uma só vez; os filhos que o
patriarca tanto amava e pelos quais tanto
se preocupava. O tufão que atingiu
violentamente a casa do seu filho
primogênito, assemelhava aos furacões
que no Oriente Médio, nascem no deserto e
numa rapidez incrível alcançam as áreas
habitadas, deixando com a sua passagem,
um rastro de destruição e morte. Segundo
a narrativa bíblica, o vento impetuoso
atingiu em cheio a casa do seu filho mais
velho, onde se encontravam reunidos num
banquete, todos os seus demais filhos e
filhas; não resistindo a fúria do vento, a
casa caiu sobre eles, matando todos eles
de uma só vez, e não somente eles, mas
também os servos que estavam a serviço
deles, escapando tão somente o
mensageiro que lhe trouxe a notícia.
Sabemos que todas as forças da natureza
estão sob o controle de Deus, porém o
episódio ocorrido na família do patriarca,
não foi um fenômeno natural, e sim,
sobrenatural, mas somente subtraiu os
seus filhos devido a permissão do Todo-
Poderoso. Contudo, é oportuno dizer que o
fato de sermos crentes não impede que
nos tornemos vítimas de acidentes e
desastres naturais. Sabemos que Deus
pode nos livrar, mas as vezes permite que
servos piedosos sofram em conseqüência
de acidentes, de secas, de geadas, de
enchentes, de terremotos, etc. Não são
poucos os crentes sinceros, que em
decorrência de calamidades naturais,
perdem grandes colheitas, grandes
rebanhos, e até mesmo, a vida de seus
queridos, que muitas das vezes são
ceifadas em meio às vicissitudes terríveis
que ocorrem por permissão de Deus.
Porém, mesmo em meio as mais terríveis
lutas, o cristão deve ter em mente que
Deus está no controle da situação, e não
permitirá que nenhum dos seus filhos seja
provado acima da sua resistência. Deus
deve ser glorificado não somente quando
tudo vai bem em nossa vida, mas também
quando o nosso mundo desaba, porque
quando o crente glorifica ao Senhor em
meio as tempestades que subtrai os seus
bens e até mesmo pessoas que lhe são
queridas, como fez Jó; ele está dizendo que
o amor que devota a Deus está acima da
estima que tem pelos bens e pelas
pessoas que lhe são queridas. Jó provou
que os seus bens não era o seu Deus.
Calamidades Física e Psicológica
Mesmo após sofrer de súbito todos os
contundentes golpes em seus negócios,
como também na sua família, Jó
demonstrou que de fato era um homem
íntegro; porque apesar de sofrer ataques
que vieram de todas as direções,
deixando-o totalmente impotente, ele
ainda encontrou forças para plantar no
jardim da fé, uma das mais belas lições de
submissão à vontade de Deus. A dor pôde
modificar o seu semblante, mas não pôde
arrancar a sua fé, na hora mais escura da
sua vida pôde ainda bendizer a Deus. A
Bíblia diz:
“Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a
sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou, e disse: Nu
saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o
Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do
Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus
falta alguma.” Jó 1.21-23
O que fazer quando nada se pode
fazer? Ao prostrar-se diante do Senhor, Jó
responde a esta pergunta. Portanto,
quando nada podemos fazer devemos em
atitude de adoração, nos prostrar diante
do Senhor, em cuja mão está o controle de
todo o Universo. Ao glorificar a Deus na
hora mais escura da sua vida, ele derrotou
o maligno, que recusou admitir o seu erro
em relação à sua sinceridade, e o maligno
não se deu por vencido, alegando que
aquela sua atitude de adoração era devido
a sua vida saudável, ele deixou claro que
se Jó ficasse enfermo certamente
blasfemaria de Deus na sua face. A Bíblia
diz:
“E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó?
Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem
sincero e reto, temente a Deus, desviando-se do mal, e
que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu
incitado contra ele, para o consumir sem causa. Então,
Satanás respondeu ao Senhor e disse: Pele por pele, e
tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende,
porém, a tua mão, e toca-lhe nos ossos e na carne, e
verás se não blasfema de ti na tua face!” Jó 2.3-5
O maligno insinuou pela segunda vez
que Jó era um adorador interesseiro, isto é,
que Jó somente adorava a Deus porque
isto lhe rendia alguma coisa,
materialmente falando; insinuou também
que a provação não foi suficientemente
forte, radical; e que Jó era um homem
insensível que estava pronto a dar a pele
dos outros, o gado, a vida dos servos e dos
próprios filhos, contanto que não
tocassem na dele. Mas para Deus Jó
acabava de passar pelo fogo do seu
cadinho, e o seu caráter emergia das
aflições mais puro que nunca. Portanto,
conhecendo a estrutura espiritual do seu
servo, o Senhor aceitou pela segunda vez o
desafio, desde que não fosse ceifada a sua
vida. Diz o texto sagrado que saiu Satanás
da presença do Senhor, e feriu a Jó de uma
chaga maligna, desde a planta do pé até ao
alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço
de telha para raspar com ele as feridas,
assentou-se no meio da cinza.” Jó 2. 7,8. Até
mesmo para os especialistas tem sido
difícil definir a doença que acometeu o
homem mais piedoso da terra. Alguns
sugerem que Jó foi acometido de uma
espécie de furunculose estafilocócica
generalizada, uma doença angustiante,
exasperante e deprimente. Outros pensam
que Jó foi acometido de uma horrível
modalidade de lepra, complicada com
elefantíase, uma das mais repelentes e
dolorosas moléstias que se conhecem no
Oriente.
E há quem sugere que seja a elefantíase,
uma hipertrofia da pele e do tecido
subcutâneo, isto é, uma doença que
provoca um aumento de tamanho da pele e
do subcutâneo, chegando a obstruir a
circulação linfática devido a forte
infecção. Uma enfermidade que evolui de
forma crônica, atingindo principalmente
as pernas e a genitália externa. Seria uma
espécie de lepra em seu mais adiantado
estágio, deixando a pele inchada, criando
uma crosta supurante, de forma a deixar a
pessoa praticamente irreconhecível; tudo
isto, sem falar da grande dor e do mal
hálito que esta doença causa. No auge da
doença, Jó se queixou dizendo:
“O meu bafo se fez estranho a minha mulher; e a minha súplica, aos
filhos do meu corpo. Até os rapazes me desprezam, e, levantando-me
eu, falam contra mim. Todos os homens do meu secreto conselho me
abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim. Os meus
ossos se apegaram à minha pele e à minha carne, e escapei só com a
pele dos meus dentes. Compadecei-vos de mim, amigos meus,
compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou.” Jó 19.17-21
A Bíblia afirma que quando os seus três
amigos chegaram não o reconheceram; e
porque viam que a dor que sentia era
muito grande, rasgaram os seus vestidos,
e sobre a cabeça lançaram pó ao ar, e
assentaram na terra com ele durante sete
dias e sete noites, sem lhe dirigir uma
palavra sequer, Jó 2. 11-13. A chaga maligna
era algo pior do que tudo o que podemos
imaginar. Segundo o relato do professor F.
Davidson, em sua obra intitulada,
“ O Novo Comentário da Bíblia”, a cinza é
uma referência ao vazadouro público que
se situava fora dos muros da cidade. Aí se
queimavam, a intervalos regulares, as
imundícies e o lixo da terra. Era o ponto de
encontro dos cães e do rapazio sem eira e
sem beira; aqueles ávidos dos restos de
carne que pudessem ainda encontrar
agarrada às carcaças que para ali se
atiravam; estes sempre prontos a
desenterrar e a aproveitar o que outros
haviam lançado fora. Foi aí, nesse lugar de
miséria e de refugo, que se sentou aquele
que fora o maior de todos do Oriente, Jó 1.3
LIÇÃO 2
O LIVRO DE
SALMOS
COMPARAÇÃO DOS LIVROS POÉTICOS
PENSAMENTOS ASSUNTOS
LIVROS
CHAVES CHAVES
A SABEDORIA E OS
PROVÉRBIOS SABEDORIA FRUTOS NA VIDA DO
LIVROS JUSTO
DIDÁTICOS A BUSCA DOS
ECLESIÁSTES FUTILIDADE OBJETIVOS DA VIDA
AS PROVAÇÕES DO
JÓ PROVAÇÕES JUSTO
MEDITAÇÕES E
SALMOS ADORAÇÃO LOUVORES DO JUSTO
LIVROS
DEVOCIONAIS CANTARES AMOR UNIÃO E COMUNHÃO
Introdução
O livro dos Salmos é o mais extenso
das Escrituras e é formado por uma
coleção de poemas de louvores ao Senhor.
É uma obra literária que tem como alvo
principal o engrandecimento do nome do
Senhor. Seus cânticos expressam os
sentimentos da alma dos seus escritores
em reverente culto ao Todo-Poderoso. Os
salmos foram escritos há muitos séculos,
porém, continuam sendo de grande
edificação para a Igreja do Senhor no
século XXI. O homem de hoje é
basicamente o mesmo dos tempos de Davi
e Asafe, ainda que tenha progredido
socialmente através dos séculos. Ele
continua sendo um ser que sente alegria,
tristeza, dor, que se preocupa com as
coisas da vida e que sempre precisa de
Deus. Os altos e baixos da vida fazem parte
dele como faziam em relação a Israel nos
dias em que os diversos salmistas
compuseram os salmos. Não temos
dúvidas de que a adoração a Jeová não
porá fim a todos os nossos problemas, mas
nos ajudará a suportar e a compreender,
em parte, as tentações e perseguições que
sofremos. O livro de Salmos talvez seja o
mais terapêutico da Bíblia, porque, se
aplicado, traz consolação, bênção e paz. Se
fizermos do louvor a Deus uma prática
constante em nossa vida, a murmuração
será substituída pelo canto e a tristeza
pela alegria.
O CENÁRIO HISTÓRICO DO LIVRO DE SALMOS
Título
„Salmodiar‟ significa literalmente no
grego, cantar com acompanhamento
musical. No hebraico o título do livro dos
Salmos era “sefer tehillim”, que significa
“livros dos louvores”, às vezes somente era
chamado “tehillim” ou “louvores”.
Na Septuaginta, antiga versão grega,
temos a palavra “salmo”, e em certos
manuscritos: “saltérion” que significa
“poemas ou cânticos acompanhados por
instrumentos de corda”. Deste termo veio o
vocábulo “saltério” que é um hinário ou
uma coleção de hinos ou cânticos. Até
hoje, em certas denominações, há
hinários, chamados “saltérios”, bastante
antigos e geralmente compostos de
salmos, com instrumentos musical.
DATA
Os Salmos foram escritos por vários
autores, durante muitos anos. Mais de
1.000 anos desde Moisés (1.500 a.C.) até
Esdras (450 a.C.). É geralmente aceito que
Esdras, o escriba, reuniu e classificou os
Salmos em ordem temática, conforme
abordaremos neste estudo.
AUTORES
Davi ......................................................73 Salmos
Asafe ...................................................12 Salmos
Os Filhos de Coré ......................... 9 Salmos
Salomão ........................................... 2 Salmos
Etã.......................................................... 1 Salmo
Hemã ................................................... 1 Salmo
Moisés ................................................ 1 Salmo
e outros de autores desconhecidos.
TEMA
“Louvor, adoração e exaltação ao Senhor”,
enfatizando o Messias, a Lei, a Criação, o
Futuro de Israel, etc.
O salmista exclama e louva ao Senhor
porque ele é digno, é bom, é
misericordioso, é justo e porque o tem
resgatado das garras dos seus inimigos,
da força dos seus adversários, da prisão,
da escravidão e do cativeiro.
PROPÓSITOS
São três os propósitos do Livro de
Salmos:
1º) Revelar o espírito de devoção do povo
de Deus, através de vários acontecimentos
e incidentes ocorridos nas suas vidas.
2º) Divulgar as profecias messiânicas cujo
cumprimento os judeus tanto aguardavam.
3º) Convidar outros povos a se unirem aos
filhos da promessa a fim de juntos
prestarem culto ao Senhor.
AS EPÍGRAFES DOS SALMOS
Você notará na sua Bíblia que há
títulos ou epígrafes que precedem à
maioria dos Salmos. Os títulos falam do
tema principal do poema e nos dão outras
informações, como por exemplo:
Instruções musicais, a autoria do cântico,
o tipo de salmo, e o acontecimento que
levou o autor a escreve-lo. Estes títulos e
informações fazem parte do texto sagrado
no original hebraico, e nos oferecem
certos pormenores úteis que nos ajudam a
melhor compreender a razão de cada
salmo escrito. Exemplos: 63, 3, etc.
O Termo “Selá”
Este termo ocorre 71 vezes em 39
salmos. Exemplos na versão ARC. O sentido
original de “selá” é desconhecido, mas
parece significar “levantar”. Talvez
transmitindo a idéia de elevar as vozes
durante o canto. Outro sentido discutido é
o de “pausa”, ou “silêncio musical”.
Outros termos:
Tome duas Bíblias, uma da versão ARC e outra da
versão ARA e compare as epígrafes ou títulos de alguns dos
Salmos:
ARC ARA
Cantor-Mor Mestre do canto (Sl 4,22,77)
Instrumento de Corda (Sl 4;54,76,
Neginote
etc.)
Masquil Salmo didádico (sl 52-55, etc.)
Jedutum (aparentemente o nome
Jedutum dum dos diretores musicais (Sl 39;
62; 77)
Gitite Os lagares (Sl 8;81;84)
Nota:
É bom observar que acima de alguns
Salmos há dois títulos. O de baixo é o mais
importante, pois faz parte do texto original
hebraico. O de cima, na Bíblia ARC em
letras itálicas e na Bíblia ARA com letras
em negrito, somente resume o conteúdo
do Salmo, mas não faz parte do texto
original.
O PARALELISMO DA POESIA HEBRAICA
A característica mais distinta da
poesia hebraica é o paralelismo de idéias.
No sentido em que é usado aqui,
paralelismo se refere à relação vista entre
cada dois ou mais versos da poesia, sem
qualquer preocupação com a rima,
palavras e sons. Os hebreus ligavam mais
para o conteúdo, o âmago, os princípios e
conceitos da poesia do que para o seu
mecanismo literário.
Há vários tipos de paralelismo poético
bíblico, dentre os quais destacaremos os
três seguintes:
1. Sinonímico – O segundo verso repete
com sinônimos o pensamento do
primeiro, Sl 20,2,3; Pv 24,25.
2. Antitético – O segundo verso é uma
antítese do primeiro, Sl 71.7; Pv 12.1,2.
3. Sintético – O segundo verso amplia a
mensagem do primeiro, Sl 119.97,103; Pv
23.23
Outros tipos de paralelismo são: analítico,
progressivo, introvertido, climático, etc.
Exemplo:
No segundo versículo do Salmo 1,
“antes tem o seu prazer na lei do
Senhor e na sua lei medita de dia e
de noite”. O fato de ter prazer na lei do
Senhor é demonstrado na meditação na lei
do Senhor de dia e de noite.
SINONÍMICO ANTITÉTICO SINTÉTICO

O segundo verso O segundo verso O segundo


repete o primeiro diz o oposto do verso
em outras primeiro desenvolve o
palavras primeiro
Um detalhe que ajudará o aluno na
identificação do paralelismo, no estudo da
poesia hebraica é o seguinte: Em geral os
dois versos dos paralelos sinonímicos são
ligados pela conjunção “e”; e os dos
paralelos antitéticos são ligados pela
contração “mas”. No caso do paralelismo
sintético não há uma forma específica de
distingui-la, apenas existe uma
progressão clara quanto à verdade contida
no primeiro verso.
OS TIPOS DE SALMOS E DIVISÃO DO LIVRO
Tipos de Salmos:
1. Salmos didádicos, Sl 1,15,50,94, etc.
2. Salmos de gratidão e louvor, Sl
30,75,105,106,146,150, etc.
3. Salmos históricos, Sl 77,81,114,137, etc.
4. Salmos imprecatórios, Sl 35,58,59,109,
etc.
5. Salmos da Lei, Sl 19.7-14, 119.
6. Salmos messiânicos, Sl 2, 22, 24,45,50,
69, 72, 96,98,102,110.
7. Salmos da natureza, Sl 8,29, 104,etc.
8. Salmos penitenciais, Sl 6,38,51,102, etc.
9. Salmos de peregrinação, Sl 120-134.
10. Salmos de súplica, Sl 5,17,71,86, etc.
DIVISÃO DO LIVRO
Os Salmos, conforme se encontram no
hebraico, foram divididos em cinco livros,
conforme mostramos a seguir:
LIVRO I – Salmos 1-41. Quase todos são de
autoria de Davi, correspondem ao livro de
Gênesis por causa de sua ênfase sobre o
pecado do homem e sua necessidade de
Deus. O nome “Senhor” Jeová é salientado
nestes poemas.
LIVRO II – Salmos 42-72. Davi se destaca
como o principal escritor destes Salmos.
Correspondem ao livro de Êxodo por causa
dos seus temas sobre a salvação do
homem e libertação de Israel. O nome
“Deus Eloim” domina esta divisão.
LIVRO III – Salmos 73 -89. O principal autor
destes Salmos é Asafe. Correspondem a
Levítico e seus temas tratam do
Tabernáculo, da liturgia levítica e da
santidade de Deus. Os nomes Deus Eloim e
Senhor Jeová são enfatizados com
freqüência.
LIVRO IV – Salmos 90 – 106. É incerta a
autoria desses Salmos. Correspondem ao
livro de Números, por causa dos seus
temas concernentes aos perigos, bem
como a proteção durante a peregrinação
do povo de Israel no deserto. Vários destes
Salmos são proféticos e ressaltam o
tempo em que os judeus cessaram suas
peregrinações entre as nações gentílicas.
O nome “Senhor Jeová” é o mais destacado.
LIVRO V – Salmos 107-150. De autoria
variada, correspondem ao livro de
Deuteronômio, pelo fato de enaltecer a
Palavra de Deus, a Lei, e o louvor; o âmago
desta última divisão é o Salmo 119. O nome
do Senhor Jeová é predominante nestes
Salmos.
A semelhança do conteúdo entre
estes cinco livros e o Pentateuco é tão
impressionante que certos rabinos dos
antigos tempos chamavam os Salmos de
“O Pentateuco de Davi”
GÊNESIS ÊXODO LEVÍTICO NÚMEROS DEUTERONÔMIO
PECADO SALVAÇÃO ADORAÇÃO PEREGRINAÇÃO OBEDIÊNCIA
SALMOS SALMOS SALMOS SALMOS SALMOS
1-41 42-72 73-89 90-106 107-150
CURIOSIDADES:
Há cerca de 186 citações dos Salmos
no Novo Testamento, o que ultrapassa
qualquer outro livro do Antigo Testamento.
É fato claro que Jesus e os escritores do
Novo Testamento conheciam muito bem os
salmos, e que o Espírito Santo usou muitas
passagens do livro nos ensinos de Jesus,
bem como o Messias predito: Por exemplo,
o breve Salmo 110 com apenas sete
versículos é mais citado no Novo
Testamento do que qualquer outro
capítulo do Antigo Testamento. Ele contém
profecias sobre Jesus como Messias,
como o Filho de Deus e como sacerdote
eterno, segundo a ordem de
Melquisedeque. Outros salmos
messiânicos referentes a Jesus no Novo
Testamento são: 2; 8; 16; 22; 40; 41; 45; 68;
69;89;102;109 e 118, referem-se a Jesus
como profeta, sacerdote e rei;
Sua primeira e sua segunda vinda;
Sua qualidade de Filho de Deus e seu
caráter;
Seu sofrimentos e morte expiatória;
Sua ressurreição.
Salmos é o maior livro da Bíblia, e
contém o capítulo mais extenso, Sl 119.1-
176, o capítulo mais curto, 117.1,2. E o
versículo central da Bíblia Sl 118.8.
Cerca da metade dos Salmos consiste de
orações de fé em tempo de tribulação.
Muitos Salmos eram acrósticos (a letra
inicial de cada versículo era uma letra do
alfabeto, tais como os de números:
9;10;25;34;37;111;112; 119 e 145.
LIÇÃO 3

O LIVRO DE
PROVÉRBIOS
Introdução
Apesar do nome, o livro de Provérbios
é mais que uma coletânea de provérbios.
Os capítulos de 1-9 contêm alguns
discursos longos, e o livro termina com um
poema de louvor à mulher virtuosa, Pv
31.10-31. Entretanto, grande parte do livro é
preenchida por ditados e provérbios pelos
quais é mais conhecido. Provérbio é um
ditado curto, sentencioso e axiomático,
cuja vivacidade está na antítese ou
comparação. São inteiramente
desconexos. Destinaram-se em primeiro
lugar aos jovens. O método oriental de
ensino consistia em constante repetição
de pensamentos sábios ou práticos, de
modo a fixarem-se na mente.
ASSUNTOS OU TEMAS
Sabedoria; Retidão; Temor a Deus;
Entendimento; Moralidade; Castidade;
Diligência; Domínio Próprio; Confiança em
Deus; Dízimos; O uso próprio das riquezas;
Considerações aos pobres; O domínio da
língua; A generosidade com os inimigos; A
escolha de companheiros; A abstenção de
mulheres más; O louvor das boas mulheres;
A educação dos filhos; O trabalho; A
honestidade; A abstenção da ociosidade; O
pecado da preguiça; A justiça; a
prestimosidade; O contentamento; A
Jovialidade; O respeito; O bom senso.
DATA E AUTORIA DE PROVÉRBIOS
A autoria é atribuída a Salomão, filho
de Davi, Pv 1.1; 25.1. Contudo, há também as
palavras de Agur, Pv 30, e palavras do rei
Lemuel, Pv 31. Há quem diga que Agur e
Lemuel são pseudônimos de pessoas que
nos são familiares; mas, o mais provável é
que sejam sábios sobre os quais não
temos nenhuma informação. Já que não
conhecemos a identidade dos demais
autores, não temos como saber a data da
composição dos mesmos. Entretanto, há
outro motivo para datar o livro, pois
conhecemos a identidade de Salomão, o
seu principal autor, e também de Ezequias,
que viveu aproximadamente entre 716-687
a.C. Portanto, entende-se que o livro de
Provérbios surgiu entre 970 a 700 a.C.
O Principal Autor:
Salomão quando moço, teve uma
paixão absorvente pela ciência e pela
sabedoria, I Rs 3.9-12. Veio a ser o prodígio
literário do mundo. Suas realizações
intelectuais foram a maravilha da época.
Dos confins do mundo, reis foram ouvi-lo.
Fazia preleções sobre botânica e zoologia.
Além de cientista, governador político e
homem de negócios, à frente de vastas
empresas, I Rs 9, era também poeta,
moralista e pregador.
A NATUREZA DA LITERATURA PROVERBIAL
Toda cultura possui seus provérbios e
sua sabedoria tradicional. Aliás, o estudo
da sabedoria e dos provérbios era uma
atividade prezada pelos antigos escribas e
mestres. Ainda hoje há escritos que
preservam essa sabedoria antiga do Egito,
da Mesopotâmia e da Grécia. Na
antigüidade, coletâneas de sabedoria
tradicional serviam de texto para
educação de jovens da aristocracia. Os
provérbios muitas vezes dão a entender
que foram escritos para jovens, tendo em
vista objetivos semelhantes. Por exemplo,
muitas vezes o leitor é tratado por “meu
filho”, Pv 2.1; 3.1,11; 4.1,10; 5.1; 6.1 e é
aconselhado a evitar prostitutas, Pv 5.3-6;
6.20-35. Ainda que a leitura de Provérbios
seja útil para todos, sua interpretação é
facilitada quando temos em mente os
primeiros destinatários para os quais foi
escrito. Provérbios tem outros aspectos
em comum com os escritos de sabedoria
de outras nações do antigo Oriente
próximo. A exemplo deles, Provérbios é
muito prático. O livro trata mais de
questões corriqueiras da vida que de
grandes conceitos filosóficos. Sua
estrutura e organização são também em
muitos sentidos semelhantes às de outros
escritos de sabedoria, especialmente os
do Egito.
Mas a sabedoria israelita é diferente da de
outras nações por afirmar que Deus é o
ponto de partida na busca da verdadeira
sabedoria: “O temor do Senhor é o
princípio do saber”, Pv 1.7; 9.10; Sl 111.10. Do
começo ao fim, Provérbios lida com
preocupações práticas do indivíduo que
conhece a Deus. O livro ensina o fiel a viver.
Nesse sentido, mesmo quando trata de
questões humanas comuns, Provérbios
jamais é “secular”
A ESTRUTURA DE PROVÉRBIOS
Provérbios é, na realidade, uma
coletânea de vários livros:
Provérbios de Salomão (Pv 1-24). Essa obra
inclui um título e prólogo, Pv 1.1-7 e um
texto principal dividido em discursos, Pv
1.7-9.18, ditados proverbiais, Pv 10.1-22.16,
trinta “provérbios dos sábios, Pv 22.17-
24.22 e outros “provérbios dos sábios”, Pv
24.23-34.
Provérbios de Salomão transcritos pelos
homens de Ezequias (Pv 25-29). Essa
coleção não tem prólogo; trata-se
simplesmente de um apanhado de vários
provérbios.
Palavras de Agur (Pv 30). Essa coletânea
contém vários ditados numéricos, Pv 30.7-
9, 15a, 15b-16, 18-19, 21-23,24,29-31 e
diversos provérbios. Os versículos 2-9
podem ser considerados um prólogo.
Palavras do rei Lemuel (Pv 31). Esse livro
dividido em duas partes trata das
responsabilidades do rei, Pv 31.2-9 e traz
um elogio à mulher virtuosa, Pv 31.10-31.
A seguir será exibido um alto-relevo de
pedra de Susã, na Mesopotâmia, mostra uma
mulher com um fuso na mão esquerda e um fio
na direita. Provérbios 31.19 retrata a mulher
virtuosa como alguém diligente, o que em
tempos bíblicos, incluía o trabalho da fiação de
lã para confecção de roupas.
A TÉCNICA DA ABORDAGEM DOS ASSUNTOS
O escopo do livro é inculcar virtudes
sobre as quais se insiste em toda a Bíblia.
Repetidamente, nas Escrituras, de
maneiras multiformes e métodos diversos,
Deus forneceu ao homem instrução
abundantíssima, linha sobre linha,
preceito sobre preceito, um pouco aqui,
um pouco ali, quanto ao modo de vida que
ele deseja para nós, de sorte que não haja
desculpa se errarmos o alvo. Os ensinos
deste livro de Provérbios não se exprimem
sob a fórmula: “Assim diz o Senhor”, como
na Lei de Moisés, onde as mesmas
verdades são ensinadas por meio de
ordens diretas de Deus; antes são
ministrados com base na experiência de
um homem que experimentou e provou
plenamente quase tudo aquilo a que a
humanidade se possa entregar. Moisés
dizia: são estes os mandamentos de Deus.
Salomão diz aqui, que o que Deus mandou,
prova-se, pela experiência, ser melhor
coisa para o homem; a essência da
sabedoria humana é o temor de Deus e a
observância dos seus mandamentos. O
livro de Provérbios tem sido chamado de:

“A melhor norma que um


jovem pode seguir com
vistas ao sucesso”.
FORMAS DE ENSINO DE SABEDORIA
Mesmo uma leitura superficial revela
as muitas maneiras criativas pelas quais o
livro transmite suas lições. Provérbios não
é só interessante como leitura, seus
ensinos são também memoráveis.
Seguem-se algumas das principais formas
de expressão:
Provérbio. O provérbio é uma breve
observação ética, Pv 13.7, ou um
ensinamento cuidadosamente construído.
Admoestação. A admoestação é um
preceito escrito ou em forma de um
provérbio curto, Pv 16.3, ou como parte de
um discurso longo, Pv 1.10-19.
Ditado Numérico. O modelo numérico
relaciona elementos que tem alguma
coisa em comum depois de uma
introdução como esta: “Há três coisas
que... sim, quatro”, Pv 30.24-31.
Ditado do tipo “melhor é”. O ditado do tipo
“melhor é”segue o padrão “A é melhor que
B”, leia Pv 21.19.
Pergunta Retórica. A pergunta retórica é
uma pergunta com resposta óbvia que,
ainda assim, leva o leitor a uma reflexão
mais profunda, leia Pv 30.4.
Poema de sabedoria. Os poemas ou
cânticos de sabedoria ensinam uma série
de lições morais, como em Pv 30.10-31.
Esses poemas apresentam-se muitas
vezes em forma de acróstico.
História exemplar. A história exemplar tem
por objetivo ensinar uma lição moral, Pv
7.6-27.
Capítulo 1 (Objetivo do Livro)
Promover sabedoria, ensino,
entendimento, retidão, justiça, eqüidade,
prudência, conhecimento, discreção,
conselhos sãos, Pv 1.2-7. Que esplêndidas
palavras! O ponto de partida é o temor a
Deus, Pv 1.7. Depois, observância da
instrução dos pais, Pv 1.8,9. Segue-se
abstenção de más companhias, Pv 1.10-19. A
sabedoria, personificando-se, brada suas
advertências, Pv 1.20-33.
Capítulo 2
A sabedoria alcança-se se for
procurada de todo o coração. O
lugar onde encontra-la é a Palavra
de Deus, Pv 2.6. Vem depois uma
advertência contra a mulher
estranha, repetida muitas vezes.
Capítulo 3
Soberbo e lindo capítulo.
Bondade. Verdade. Vida longa.
Paz. Confiar em Deus. Honra-lo
com os nossos haveres.
Prosperidade. Segurança.
Felicidade. Bem-aventurança.
Capítulo 4
A sabedoria é a coisa
principal. Portanto, adquire
sabedoria. A vereda dos justos
vai brilhando mais; o caminho
dos ímpios, porém, cada vez
mais escurece.
Capítulo 5
A alegria e a lealdade
conjugais. Advertência contra o
amor livre. Salomão teve
muitas mulheres, porém, avisou
contra isso. Parecia que julgava
melhor a monogamia, Pv
5.18,19.
Capítulo 6
Adverte contra obrigações
comerciais duvidosas; contra a
preguiça, a hipocrisia ardilosa, a
altivez, a mentira, a provocação
de contendas, a
desconsideração dos pais e o
amor ilegítimo.
Provérbios 6.5 aconselha as pessoas a fugirem das dívidas como “a
gazela, da mão do caçador”. Acima, temos um alto-relevo bitita da Ásia
Menor em que se vê uma gazela fugindo de um caçador, que a persegue
sobre uma carruagem.
Capítulo 7
Adverte contra a adúltera, cujo
marido anda fora de casa. Os caps.
5,6,7 ocupam-se de mulheres
levianas. A julgar pelo espaço que
Salomão lhes dedica, deve ter
havido grande quantidade das
mesmas na época, leia também Ec
7.28.
Capítulos 8,9.
A sabedoria, personificada
numa mulher, convida a todos para
um banquete seu, onde serve
coisas excelentes; em contraste
com as mulheres voluptuosas que
chamam para a ingenuidade das
“doces águas roubadas”, Pv 9.13-18.
Capítulo 10
Contrastes breves entre
os sábios e os tolos, os retos
e os ímpios, os diligentes e
os preguiçosos, os ricos e
os pobres.
Capítulo 11
A balança falsa é
abominação para Deus. Como
jóia de ouro em focinho de porca,
assim é a mulher formosa,
porém, indiscreta. A alma liberal
prosperará. Aquele que ganha
almas é sábio.
Capítulo 12
A mulher digna é a glória do
seu marido. Os lábios
mentirosos são abomináveis a
Deus. A fortuna do homem é ser
diligente. Na senda do justo não
existe morte.
Capítulo 13.
Quem guarda sua boca,
guarda sua vida. A esperança
protelada faz enfermo o
coração. O caminho do
transgressor é duro. Anda com
os sábios e serás um deles.
Capítulo 14
Quem facilmente se zanga, fará
doidices; quem é tardo em irar-se é
de grande compreensão. O temor
de Deus é uma fonte de vida. A
tranqüilidade de coração é a vida
da carne. Quem oprime ao pobre
insulta aquele que o criou.
Capítulo 15.
A resposta branda desvia o
furor. Os olhos do Senhor estão em
todo o lugar. A língua gentil é árvore
de vida. A oração do justo é
deleitável a Deus. O de coração
alegre tem um banquete contínuo.
O filho sábio alegra a seu pai.
Capítulo 16.
O coração do homem planeja
como deve agir, mas o Senhor é
quem lhe dirige os passos. A
soberba precede a ruína. As cãs
são coroa de glória, se se acham
no caminho da justiça.
Capítulo 17
Quem gera um tolo, para sua
tristeza o faz. O coração alegre
é bom remédio. Até o tolo,
quando se cala, é reputado por
sábio.
Capítulo 18.
A boca do tolo é a sua própria
destruição. A morte e a vida estão
no poder da língua. O que acha uma
esposa acha uma coisa boa. Na
frente da honra marcha a
humildade.
Capítulo 19.
Uma esposa prudente vem de
Deus. Quem se compadece dos
pobres empresta ao Senhor, que lhe
pagará o benefício. Muitos
propósitos há no coração do
homem, mas o desígnio do Senhor
permanecerá.
Capítulo 20.
O vinho é escarnecedor. Honroso
é para o homem desviar-se de
contendas, mas todo tolo se
intromete nelas. Os lábios de
pessoas entendidas são jóia
preciosa. Duas espécies de peso, e
balanças enganosas, são
abomináveis ao Senhor.
Capítulo 21.
Melhor é morar num canto do
telhado, ou em terra deserta, do que com
mulher rixosa numa casa ampla. O que
tapa o seu ouvido ao clamor do pobre
também clamará e não será ouvido. O
que guarda a sua língua, guarda das
angústias a sua alma. O cavalo prepara-
se para a batalha, mas do Senhor vem a
vitória.
Capítulo 22.
Mais digno de ser escolhido é um
bom nome do que as muitas riquezas. O
rico e o pobre se encontraram; a ambos
fez o Senhor. Instrui o menino no
caminho em que deve andar, e até
quando envelhecer não se desviará dele.
O generoso será abençoado. Viste a um
homem diligente na sua obra? Perante
reis será posto.
Capítulo 23.
Não te canses para
enriqueceres. Ouve a teu pai e à tua
mãe; regozijem-se eles em ti quando
forem velhos. Para quem são os ais?
Para os que se demoram perto do
vinho. No seu fim morderá como a
cobra, e como o basilisco picará.
Capítulo 24.
Há segurança na multidão de
conselheiros. Não te aflijas por
causa dos malfeitores. Passei pelo
campo do preguiçoso; estava cheio
de cardos. Vendo-o, recebi instrução;
um pouco de sono, encruzando as
mãos outro pouco, para dormir, e
assim, e assim sobrevirá a pobreza.
Capítulo 25.
Como maçãs de ouro em salvas
de prata, assim é a palavra dita a
seu tempo. Se teu inimigo tiver
fome, dá-lhe de comer; se tiver
sede, dá-lhe de beber; e Deus te
recompensará, citado em Rm 12.20.
Dos capítulos 25 a 29, segundo aqui
se diz, foram transcritos pelos
homens de Ezequias, que viveu
mais de 200 anos depois de
Salomão. O manuscrito deve ter
ficado gasto pelo uso, ou escondido
num canto obscuro do templo. Um
dos pontos básicos da reforma de
Ezequias foi o renovado interesse
pela Palavra de Deus, II Rs 18.
Capítulo 26.
Tens visto a um homem que é
sábio a seus próprios olhos? Maior
esperança há no tolo do que nele.
Como a porta se revolve nos seus
gonzos, assim o preguiçoso na sua
cama. A língua mentirosa aborrece
aqueles a quem fere.
Capítulo 27.
Não te glories do dia de
amanhã; porque não sabes o
que ele trará. Mais
provérbios a respeito dos
tolos.
Capítulo 28,29.
Quem desvia seus olhos dos
pobres terá muitas maldições. O
tolo extravasa toda a sua ira, mas o
sábio reprime-a e silencia. Outras
dissertações sobre os tolos.
Salomão não gostava de tolos, pelo
que não se cansava de fustiga-los.
Capítulo 30. Provérbios de Agur.
Ensinamentos diversos. O ditado
numérico em Pv 30.18,19 está ligado ao
Pv 30.20. Uma águia no céu, uma
serpente sobre a rocha e um navio no
mar têm em comum o fato de se
moverem sem deixar rastro. Assim
também, os que cometem adultério
acham que o podem fazer sem deixar
nenhum rastro.
Capítulo 31.
Conselho de uma mãe a um soberano.
Ainda que sejam palavras do rei
Lemuel, na realidade vem de sua
mãe, Pv 31.1. Trata-se, portanto, de
uma passagem das Escrituras que
podemos atribuir, sem dúvida
alguma, a uma mulher.
Os que exercem autoridade não
devem aproveitar o poder para ser
indulgentes consigo mesmos ou
permitir a depravação, Pv 31.2-7.
Antes, devem dedicar-se a defender
os pobres e os fracos, Pv 31.8,9.
Provérbios 31.10-31.
Esse poema é um acróstico.
Embora o objeto de louvor seja a
mulher virtuosa, os destinatários
da mensagem eram, de novo, os
jovens. A pergunta introdutória em
Pv 31.10 implica que o leitor devia
encontrar tal esposa para si. A
mulher é digna de confiança, Pv
31.11, diligente, Pv 31.13-19,
inteligente, Pv 31.16,18
é bondosa, Pv 31.20. Ela acrescenta
dignidade à família, Pv 31.23,25 e é
muito previdente e prudente, Pv
31.21,26. Por tudo isso, é muito
amada pela família, sendo o
verdadeiro centro do lar, Pv 31.27-
29. Acima de tudo, ela teme a Deus,
Pv 31.30. O versículo final é
eloqüente ao falar contra a
tendência de considerar sua
função inferior em importância.
LIÇÃO 4
O LIVRO DE
ECLESIASTES
Introdução
A palavra “pregador” usada no primeiro
versículo deste livro vem duma raiz hebraica
que significa “aquele que chama” ou “aquele
que invoca”. A idéia é de um orador ou
pregador que reúne o povo a fim de lhe
dirigir apalavra ou mensagem. De acordo
com a homilética, o livro de Eclasiastes é
uma mensagem bem estruturada, com
introdução, tese, desenvolvimento da tese,
conclusão e aplicação.
A BUSCA DOS PROPÓSITOS DA VIDA
CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 7
Conhecimento Sobre a boa fama e
Humano moderação
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 2 E 3 CAPÍTULO 8 A Conclusão Final
Prazeres Sobre submissão e
injustiça
Teme a Deus, e
CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 9 E 10 guarda os seus
Competição Sobre a morte e a mandamentos;
sabedoria porque isto é o
CAPÍTULO 5 E 6 CAPÍTULO 11 dever de todo o
homem, Ec 12.13
Riquezas Sobre generosidade
e juventude
DATA
O livro foi escrito cerca de 935 a.C. e
parece ser a biografia de Salomão. Através
das suas tentativas de encontrar
respostas às perguntas da vida, o sábio rei
mostra-nos o descontentamento do
homem que vive sem Deus. Mas, ele
também mostra a necessidade do homem
aprender a se submeter a Deus e a seus
decretos.
TEMA
O tema de Eclesiastes é a vaidade de
tudo que há debaixo do sol. A conclusão,
porém, é: “Teme a Deus, e guarda os seus
mandamentos; porque é o dever de todo
homem”. O termo vaidade no livro de
Eclesiastes significa aquilo que é
passageiro, vazio, inútil. O livro ensina que
as coisas materiais ou terrenas são
passageiras, enquanto as espirituais são
permanentes.
Portanto, o tema deste livro é “vaidade de
vaidades; tudo é vaidade”. Encerra também
uma tentativa de resposta filosófica à
pergunta: “Como viver do melhor modo
possível num mundo onde tudo é vaidade?”
O livro contém muita coisa de majestosa
beleza e de transcendente sabedoria, mas o
seu tom predominante é indizivelmente
melancólico, muito diferente da alegria
vivaz dos Salmos.
Davi, pai de Salomão, em sua luta, longa e
árdua, por edificar o reino, sempre estava
a exclamar: “Regozijai-vos, daí brados de
júbilo, cantai, louvai ao Senhor. Salomão,
sentado segura e pacificamente no trono
que o pai erigira, tendo riquezas, honra,
esplendor e poder jamais sonhado, luxo
fabuloso, era o único homem no mundo a
quem os outros poderiam considerar feliz.
Contudo, emprega o incessante estribilho:
“Tudo é vaidade”; e o livro, produto que era
da velhice de Salomão, deixa-nos a
impressão clara de que ele não era um
homem feliz. A palavra “vaidade” ocorre 37
vezes.
Mas de um modo geral as lições do
livro são evidentemente de procedência
divina. Deus deu sabedoria a Salomão e
inigualável oportunidade de observar e
explorar todas as modalidades da vida
terrena. E, depois de muito rebuscar e
experimentar, Salomão concluiu que,
geralmente falando, a humanidade não
encontrava na vida uma felicidade muito
aceitável; e no seu próprio coração sentia
um desejo ardente de algo além de si
mesmo. Assim, este livro é como que uma
expressão do brado da humanidade por
um Salvador. Com a vinda de Cristo, a
“vaidade” da vida desapareceu. O brado foi
respondido. Já não era “vaidade”, senão
“gozo”, “paz” e “alegria”. Jesus nunca
pronunciou a palavra “vaidade”, mas falou
muito de seu “gozo”, mesmo sob a sombra
da cruz. “Gozo” é uma das palavras chaves
do Novo Testamento. Em Cristo, a
humanidade encontrou o desejo dos
séculos: Vida plena, abundante, alegre,
gloriosa e eterna.
AUTOR
Embora o seu nome não aparece no
livro, como ocorre no livro de Provérbios,
Pv 1.1; 10.1; 25.1 e também em Cantares, Ct
1.1; a mensagem do livro não deixa dúvida
que a autoria de Salomão é inquestionável.
O autor identifica-se como filho de Davi,
que reinou em Jerusalém, Ec 1.1,12.
Faz alusão a si mesmo como o governante
mais sábio do povo de Deus, Ec 1.16.
Se diz autor de muitos provérbios, Ec 12.9
Seu reino tornou-se conhecido por causa
das riquezas e grandezas, Ec 2.4-9.
Sem falar que a tradição judaica
também atribui a Salomão, a autoria de
Eclesiastes.
O livro de Eclesiastes é um dos cinco
rolos da terceira parte da Bíblia Hebraica,
os Hagiógrafos (Escritos Sagrados), cada
um dos quais era lido em público
anualmente numa das festas sagradas
judaicas. Portanto, Eclesiastes era lido na
festa dos Tabernáculos.
CAPÍTULO 1 E 2 – A INUTILIDADE DE TUDO
Salomão começa seu livro como um
homem natural, completamente
desiludido com a vida. Ele reclama que
nada é novo sobre a terra. Os dias
começam e terminam com o nascer e pôr
do sol. O vento continua soprando dum
lado para o outro. As águas continuam
correndo para o mar. Tudo existe e tem
existido da mesma forma desde a criação
do mundo. Nossos olhos não enxergam
coisas originais, nossos ouvidos não
ouvem novos sons. Debaixo do sol, tudo
permanece o mesmo.
O mundo, a vida em geral, é fútil e vazia,
pois vivemos num carrossel gigantesco
que passa sempre diante dos mesmos
cenários. Assim vê as coisas o homem
natural, raciocinando à parte de Deus.
Tudo é vaidade. Os alvos e os objetivos
são inatingíveis. Este ciclo vicioso a vida
torna-se uma aflição. Assim queixou-se
Salomão.
As palavras proferidas nos primeiros
onze versículos do capítulo 1 refletem uma
atitude de desânimo e desespero do seu
autor. São declarações ao homem natural,
derrotado, que perdeu a esperança.
Observe no trecho que se segue, nos
versículos 12-18, onde ele indica ter
investigado o sentido das coisas através
da sabedoria. Tem averiguado “tudo
quanto sucede debaixo do céu”. Salomão,
sendo rei e tendo sido abençoado por Deus
com um coração sábio e entendido, I Rs
3.12, teve respostas às perguntas da vida.
Ele aplicou o coração a esquadrinhar
todas as obras, mas a única coisa que
aprendeu, neste caso, foi que “na muita
sabedoria há muito enfado; e quem
aumenta em ciência, aumenta em tristeza”.
A conclusão da sua primeira investigação
foi que o homem terá aumentado os seus
problemas à medida em que multiplicar os
seus conhecimentos. Não que a ignorância
fosse a solução dos problemas, mas
aquele que muito estuda e cresce em
conhecimento sem entretanto crescer no
temor de Deus, notará logo que a
felicidade não consiste nisso. Será uma
pessoa intimamente infeliz, descontente,
vazia, frustrada. Jesus disse que a vida não
consiste nos bens que a pessoa venha a
possuir, Lc 12.15.
Estas experiências do pregador foram
baseadas na sua “busca natural”. Ele
alicerça as suas descobertas na sabedoria
do homem e não na de Deus.
EMPREENDIMENTOS EXPERIMENTAIS, Ec 2.1-11
O escritor, agora, decide provar várias
coisas para ver se acha nelas a felicidade.
Ele se entrega ao vinho, Ec 2.3, edifica
casas, planta vinhas, Ec 2.4, faz jardins e
pomares, Ec 2.5, açudes, Ec 2.6, compra
servos, servas, bois e aumenta suas
riquezas e o número das suas mulheres, Ec
2.8. Observe a repetição da frase “para
mim”. Na sua procura de alegria ele se
engrandeceu e se tornou o maior entre
todos os reis que viveram antes dele em
Jerusalém, Ec 2.9. O que ele viu e desejou,
adquiriu e fez, Ec 2.10. Em tudo, porém,
reteve a sua sabedoria, Ec 2.9, para que
pudesse avaliar os resultados das suas
investigações.
A única coisa gratificante desses
experimentos foi o trabalho árduo que ele
fez com suas mãos. Note o versículo 10:
“... Eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso
era a recompensa de todas elas”.
Se sentia contente com o trabalho que
tinha feito, mas não demorou muito para
que ele mesmo considerasse tudo isso
mera vaidade. No fim desta experiência,
ele percebe que as possessões, prazeres e
proezas puramente humanas não
produzem real felicidade.
Tudo tem o seu fim determinado, Ec 2.12-26
Neste trecho, Salomão amplia a sua
consideração acerca da sabedoria. Ele
chega à conclusão de que o sábio tem
vantagem somente sobre o louco, Ec 2.13,
mas conclui ao mesmo tempo que a
sabedoria humana não poderá dar vida
abundante e eterna ao homem. Todos, quer
sejam sábios ou ignorantes, morrerão. O
que temos adquirido para nós mesmos, o
nosso sucesso na vida, os nossos
investimentos, as nossas obras
monumentais, não são de valor algum
quando a vida terrena chegar ao fim.
Deixaremos tudo para outrem até para
aqueles que não se esforçam nesta vida,
Ec 2.21. Parece injusto, mas faz parte da
vaidade deste mundo.
O escritor, nos últimos três versículos,
porém, começa a ver a “vida abundante”
que provém unicamente de Deus. Por
instantes ele reflete sobre as bênçãos do
altíssimo, para aqueles que o temem e
nele confiam. Em seguida ele volta a
mergulhar nas suas averiguações sobre o
mundo e a vida. Retorna ao caminho da
futilidade procurando soluções nos
lugares errados. Leia Ec 2.24-26.
CAPÍTULOS 3 E 4 – O TEMPO E AS
TRIBULAÇÕES
Há Tempo Para Todo o Propósito, Ec 3.1-8.
Nesta passagem bem conhecida,
encontramos um comentário sucinto
sobre os ciclos da vida. Para tudo há um
tempo determinado. Há 14 frases nestes
versículos, que mostram os dois lados
extremos dos principais acontecimentos
da vida humana. No decorrer de nossa
existência, há tempo de plantar e arrancar
o que se plantou, tempo de matar e tempo
de curar, tempo de abraçar e tempo de
afastar-se de abraçar, etc.
Deus – Autor do Tempo, Ec 3.9-22
Deus estabeleceu o tempo de maneira
ordenada, Ec 3.11, a fim de realizar o seu
plano neste mundo. O tempo faz parte do
plano total de Deus. O homem, porém, não
tem condições de enxergar este plano no
seu todo. Ele vê só uma parte e isto o
frustra. Sendo finito, não pode
compreender o infinito. Sendo mundano
não entende o celestial. Sendo imperfeito,
não interpreta a perfeição. No seu estado
natural, como mero descendente de Adão
o homem jamais compreenderá os
propósitos do Senhor, seja ele o mais
sábio dos homens.
Outrossim, o verso em apreço, refere-
se a eternidade. Palavra que pode sugerir
o pensamento chave do livro. Este termo
no hebraico, ocorre sete vezes: Ec 1.4,10;
2.16; 3.11,14; 9.6; 12.5, traduzida de vários
modos: “Para sempre”, “séculos
passados”, “durará eternamente”, “eterna
casa”. “Deus pôs a eternidade no coração
deles” . No mais profundo de sua natureza,
o homem anseia pelo que é eterno, e a esta
ansiedade nada da terra pode satisfazer.
Mas, naquela época, Deus ainda não
revelara muito a respeito de coisas
eternas. Cristo é quem trouxe à luz a via e a
imortalidade mediante o Evangelho, II Tm
1.10.
CAPÍTULO 4 – TRISTEZAS – TOLICES
As expressões e injustiças têm
assolado o mundo desde o tempo de Caim
e Abel, leia Ec 4.1. A terra está cheia de
desonestidade. Nos versículos 4 e 6 vemos
que o trabalho, muitas vezes provém da
inveja, e que a rivalidade ambiciosa
sempre causa amargura e ódio.
Nos versículos de 1-12, Salomão destaca
a importância do companheirismo que
deve haver entre os homens, no
desempenho dos seus afazeres. Segundo
Salomão, a vantagem que duas pessoas
têm sobre uma só, é que:
 Tem melhor paga do seu trabalho, Ec 4.9
 Se um cair, o outro levanta, Ec 4.10
 Se aquentarão ao dormirem, Ec 4.11
 Resistirão ao adversário mais
facilmente, Ec 4.12
Sucesso e posição pouco valem para
aquele que os alcançou se este não abre a
sua mente para as sugestões e os
conselhos de outrem. Até o rei insensato
poderá perder o seu reino para um jovem
pobre e sábio, Ec 4.13-16. Verdadeiramente
riquezas, posições, e fama são inúteis se
forem adquiridas pela cobiça ou ambição
desonesta. Mesmo os bens ganhos
legalmente e por nosso esforço, não
constituem segurança contra o fracasso.
Nossa segurança salarial, nossos
negócios que rendem bem, nossa posição,
tudo é vaidade, isto é, tudo é passageiro. É
como correr atrás do vento, se tornamos
tudo isso mais importantes do que o nosso
andar com Deus.
CAPÍTULOS 5 E 6 – RELIGIÃO E PROSPERIDADE
Neste trecho, o escritor ressalta a
importância da religião verdadeira, que se
alicerça no temor de Deus, Ec 5.7. Somos
admoestados a tomar cuidado com a
hipocrisia. Devemos conduzir nossa vida
na certeza de que um dia daremos contas a
Deus. O pregador aborda também sobre
qual deve ser o nosso procedimento na
casa de Deus, Ec 5.1,2.
Diz Salomão que “dos muitos
trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar,
palavras néscias”, Ec 5.3. Sonhar demais,
falar demais, envolvimento com muitos
trabalhos, produzirá idéias tolas e
resultados fúteis. A preocupação
demasiada com os nossos objetivos, de
modo a impedir ou embaraçar a nossa vida
normal com Deus é insensatez desastrosa.
Quando o crente serve ao seu Mestre de
todo o coração verá que a verdadeira
felicidade está em Deus, quando o
amamos e o seguimos e o servimos.
Não devemos fazer votos impensados
ao Senhor. Quando tivermos de fazer um
voto perante o Senhor, devemos fazê-lo
com discernimento e decididos a cumpri-
lo, pois, “melhor é que não votes do que
votes e não cumpras”, Ec 5.4,5. Em suma,
qualquer religião que não tenha como
fundamento o temor de Deus, é espúria e
insincera, por isso mesmo indigna do
cristão.
Opressão aos Humildes, Ec 5.8,9.
“Se vires ... Opressão de pobres, não te maravilhes ...
Porque o que está no alto tem acima de si outro mais alto
que o explora e sobre estes há ainda outros mais
elevados que também exploram”, Ec 5.8
Salomão menciona a opressão infligida
pelos ricos aos pobres. O autor diz que isto
não deve nos espantar. Não deve nos
surpreender, porque infelizmente, é uma
realidade neste mundo alienado de Deus.
Como crentes em Jesus, devemos sentir o
sofrimento daqueles que são oprimidos,
procurando ajudá-los, mas estes meios
devem ser legais e devemos nisso ser
guiados pelo Espírito de Deus. Um dia,
porém, as injustiças deste mundo serão
julgadas e os sistemas opressivos serão
abolidos. Um novo sistema será
estabelecido, e Cristo reinará sobre tudo e
todos.
A Maldição das Riquezas, Ec 5.10-6.12.
„Quem ama o dinheiro, jamais dele se farta‟, Ec 5.10
Muitas vezes pensamos como seria
bom sermos ricos. Muitos de nós sabemos
o que é sofrer pobreza, de sorte que tem
sido difícil nos convencermos de que até o
homem rico tem problemas. Ser rico não é
pecado, mas é evidente que o homem que
se deixa dominar pela cobiça do dinheiro
estará atraindo maldição sobre si. Há um
provérbio árabe que diz:
“Deus tem castigado a muitos, permitindo que eles
adquiram riquezas”.
Salomão mesmo fala a respeito das
riquezas que seus donos acumulam para o
seu próprio dano, Ec 5.13. Se Deus tem te
concedido riquezas materiais, goza-as
como fruto do teu trabalho; lembrando-te
sempre que se nada trouxeste para este
mundo ao nascer, nada levarás contigo
para a eternidade ao morrer, Ec 5.15,16
Um outro mal que o escritor observa,
relaciona-se ao homem que tem tudo, mas
não pode comer bem, porque não tem boa
saúde, Ec 6.2; pode ter muitos filhos, sem
que estes o confortem, Ec 6.3. Isto é
futilidade e desespero.
CAPÍTULOS 7 E 8 – CARÁTER E CIVISMO
“Melhor é o Fim do Que o Princípio das
Coisas, Ec 7.1-14.
O autor escreve que a morte é melhor
do que o nascimento, Ec 7.1. A vida traz
tantos dissabores que a morte marca o fim
da nossa aflição. A mágoa e a tristeza são
melhores do que o riso, Ec 7.3, porque nos
ensinam compaixão e firmeza de
propósito.
É melhor ser paciente do que arrogante, Ec
7.8, pois a paciência acalma e suaviza, mas a
arrogância causa desgosto e rixas.
No primeiro versículo do capítulo sete,
encontramos o tema deste trecho:
“Estabelecer e desenvolver um bom nome, ou
boa fama”. A maturidade depende da nossa
aceitação destes conselhos, lembrando
sempre que o Senhor tem designado os
passos da nossa vida e que quando nos
submetemos a ele, o nosso caráter será
sempre melhorado.
Moderação, Ec 7.15-21
Seja uma pessoa equilibrada. Não seja
demasiadamente justo, isto é, não se deixe
influenciar por uma religião artificial e
sem genuíno zelo, Ec 7.16, pois tal conduta,
geralmente leva à hipocrisia e ao
legalismo desvirtuado. Não permita que o
pecado e as paixões lhe dominem.
Reconheça a sua fraqueza mas não se
lance ao pecado, antes faça das suas
fraquezas e limitações um constante apelo
à operação do poder e das possibilidades
de Deus, Ec 7.20. ande nas veredas do
Senhor e será uma pessoa moderada, de
temperamento estável, Is 30.21.
A Sabedoria Está Longe de Todos,
Ec 7.23-29
continuando a sua busca dos sentidos
da vida, o escritor confessa que a
sabedoria estava longe dele, Ec 7.23, e que
achou só um sábio entre cada mil homens,
mas nenhuma entre mulheres, Ec 7.28.
Quanto mais Salomão se aplicava e
investigava, mais a triste verdade
persistia: Há poucas pessoas justas sobre
a terra, porque Deus “fez o homem reto,
mas ele se meteu em muitas astúcias”,Ec
7.29. Salomão havia experimentado muitas
coisas más, pervertendo a sua alma. Agora
ele descobre que muitos outros estão
palmilhando os mesmos caminhos que ele
andara antes, à procura de solução para os
seus problemas.
Obediência e Submissão, Ec 8.1-9
Somos advertidos, aqui, a obedecer
àqueles que foram constituídos
autoridades sobre nós. Devemos ser bons
cidadãos e nos submetermos a eles.
Aquele que obedece aos seus superiores,
experimentará o bem e evidenciará
sabedoria em cumprir as ordens do rei, Ec
8.4,5. Devemos nos submeter àqueles que
têm autoridade sobre nós, reconhecendo a
Deus como autoridade final.
A Prosperidade dos Ímpios e a Miséria dos
justos, Ec 8.14-17.
Salomão salienta que os justos
sofrem as conseqüências das obras más
dos homens corruptos e que os ímpios
lucram do trabalho dos retos.
Evidentemente, isso é um contra-senso,
mas é exatamente assim que acontece
neste mundo sem Deus e sem salvação. O
rei, ao contemplar as obras de Deus, nota
que é inútil tentar descobrir os desígnios
do Senhor, Ec 8.17. Melhor então é
contentar-se com o que tem e gozar as
bênçãos que o Mestre tem concedido aos
seus, Ec 8.15. Esta é uma ótima
admoestação, pois se nos preocuparmos
com aquilo que não temos, ficaremos
frustrados e aborrecidos com o muito que
outros têm. A nossa vida sofrerá recaídas
espirituais e não desfrutaremos daquilo
que o Pai nos tem concedido.
CAPÍTULOS 9 E 10 – O FINAL DOS VIVENTES E
AS VANTAGENS DA SABEDORIA
O Destino de Todos, Ec 9.1-12.
“Tudo sucede igualmente a todos”, Ec 9.2. O
fim chega para todos. A humanidade
inteira caminha para a morte, sejam justos
ou injustos, puros ou impuros, salvos ou
pecadores, Ec 9.2. Enquanto estamos vivos,
podemos agir e reagir, mas quando o
coração para de bater, todos os nossos
sentimentos, todas as emoções, todos os
pensamentos cessam, Ec 9.6. O Senhor é
soberano em tudo e especialmente nas
coisas que concernem à vida e à morte.
Dentro dos seus propósitos, nós
nascemos, vivemos e morremos. Enquanto
estivermos neste mundo, sugere Salomão
que devemos nos esforçar para fazer o
bem, gozar, comer e beber com alegria, Ec
9.7-10.
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme
as tuas forças, porque no além para onde tu vais, não há
obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria
alguma”, Eclesiastes 9.10
Observe nos versículos acima que
Salomão está falando da morte física e não
da vida espiritual após a morte. A palavra
“além” deve ser traduzida “sepultura”,
conforme o original. Na sepultura não
haverá sabedoria, atividade, nem trabalho
algum.
No trecho que se segue, versículos 11 e
12, o escritor ressalta que o prêmio não é
dos ligeiros, nem a vitória dos valentes,
nem o pão dos sábios, nem a riqueza dos
prudentes e tão pouco o favor dos
entendidos. Isto mostra quão ignorante é o
homem quanto aos meios que Deus usa
para levar a cabo os seus planos.
A Sabedoria é Melhor do que a Força,
Ec 9.13-18.
O autor mostra nesta passagem, que a
sabedoria é melhor do que as armas e a
força dos grandes. Conforme ilustram
estes versículos, um pobre homem, mas
sábio, livrou a sua pequena cidade dum
poderoso rei com o seu exército
impressionante e armas terríveis.
Infelizmente, o pobre não foi honrado e a
sua sabedoria logo foi esquecida. Ainda
assim notamos que a sabedoria é mais útil
e valiosa do que governadores tolos ou
armas de guerra. Leia Ec 9.17,18.
Estas palavras devem encorajar a todos
aqueles cujos conselhos e admoestações
não foram atendidos. Quando outros
rejeitam a sabedoria e escarnecem do
nosso conhecimento espiritual, devemos
prosseguir a fazer o trabalho de nosso
Deus, porque mesmo assim, a sabedoria é
a melhor opção. Um dia, o Mestre honrará a
nossa prudência.
A Excelência da Sabedoria, Ec 10.1-20.
O triste contraste que o pregador faz
entre a sabedoria e a tolice, é tipificado
com uma mosca morta a estragar o
ungüento do perfumador, Ec 10.1. O tolo
trilha as suas veredas, causando desgraça
e devastação. Ele se inclina para a
esquerda, Ec 10.2, e para o mal. Já o sábio,
se inclina para a direita e para o bem.
Encontramos nestes versículos, exemplos
da tolice dos estultos e pensamentos
sobre o êxito dos sábios. O que Salomão
nos mostra é que o imprudente praticará a
loucura e pagará o preço das suas
maquinações e maldades. O sábio achará
favor e continuará progredindo nos
caminhos da ciência.
Recapitulação
Nos dois capítulos que acabamos de
comentar, podemos notar que a vida
raramente é aquela “festa” que desejamos
celebrar. A vida é dura e a morte uma
realidade, mas quando a vivemos no temor
do Senhor, gozamos da plenitude da graça
e amor de Deus. Seremos pessoas sábias e
usufruiremos das vantagens que a
sabedoria oferece.
CAPÍTULOS 11 E 12 – CONCLUSÃO: TEME A
DEUS
Encontramos três divisões nestes dois
capítulos:
1º) Conselhos gerais, Ec 11.1-8.
2º) Conselhos aos jovens, Ec 11.9-12.8
3º) Conclusão, Ec 12.9-14.
Lança o Teu Pão Sobre as Águas, Ec 11.1-8
A idéia chave deste primeiro versículo
é que devemos ser bondosos e generosos.
Se formos constantes na prática do bem,
seremos recompensados. Se formos
caridosos, mesmo durante tempos de
escassez, usufruiremos das nossas ações
nos dias futuros, Ec 11.1,2. O autor nos
admoesta a não nos preocuparmos tanto
com a chuva, a força da natureza, o vento.
Não fiquemos aguardando dias de sol para
proceder prudentemente. Façamos o bem
agora; não sejamos procrastinadores, Ec
11.3,4.
Certos mistérios ficarão em nossa
mente por toda a nossa vida, Ec 11.5, mas
nem por isso, devemos cessar de
trabalhar. Semeemos a boa semente e
confiemos que Deus é que fará surgir os
frutos. É possível que tenhamos uma
colheita farta, Ec 11.6. Aprecie a luz do dia,
Ec 11.7, e lembre-se que a eternidade é para
sempre, Ec 11.8. A implicação deste trecho
é que devemos não só viver uma vida boa e
aproveitar das vantagens da nossa
existência, mas também, ter em mente a
vida do porvir. Regozijemo-nos em todos os
nossos anos aqui, tendo sempre em
perspectiva o temor de Deus, porque
mesmo vivendo uma vida alegre no Senhor
neste mundo, tudo é futilidade em
comparação com a glória da vida eterna.
Alegra-te, Jovem, Ec 11.9,10.
Salomão admoesta o jovem a
desfrutar a mocidade e aproveitar as
atividades da juventude. Agrada o teu
coração com as maravilhas criadas por
Deus, adverte o pregador; satisfaz a tua
alma com deleites sadios. Continuando, diz
ele: “Enche os teus olhos com as belezas
do universo e elimina o desgosto e a dor
que são conseqüências de pecados
cometidos”.
A verdadeira alegria vem de Deus e de
comunhão real e constante com o Senhor.
Assim, o jovem que teme ao Senhor e vive
somente para ele, terá as bênçãos de Deus
na sua vida. A vida sem Deus será inútil e o
jovem que viver assim, cedo verá o
prejuízo que teve e que nada serviu assim
fazer.
Lembra-te do Teu Criador Enquanto és
Jovem, Ec 12.1-8.
Neste capítulo Salomão está falando
sobre a velhice, descrevendo as
conseqüências desta idade, e advertindo o
jovem a buscar a Deus enquanto estiver
gozando na primavera da vida. Observe a
descrição de uma pessoa velha nos
versículos 2-7. O propósito do escritor é
chamar os jovens a uma consagração total
a Deus antes que cheguem as tribulações
e as dores da velhice, leia Ec 12.1.
Conclusão, Ec 12.9-14
Depois de ter provado de tudo quanto
a vida oferece, Salomão chegou à conclusão
que o dever do homem é temer a Deus e
entregar-se corpo, alma e espírito a ele. O
escritor conclui que a única coisa que não é
vaidade neste mundo é o temor a Deus e o
guardar dos seus mandamentos.
“Demais, filho meu, atenta: Não há limite para fazer livros, e o
muito estudar é enfado da carne. De tudo o que se tem ouvido, a
suma é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque
isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo
todas as obras até as que estão escondidas, quer sejam boas,
quer sejam más”, Eclesiastes 12.12-14.
LIÇÃO 5
O LIVRO DE
CANTARES DE
SALOMÃO
Introdução
O livro de Cantares tem originado
controvérsias, discussões e debates.
Alguns mais imprudentes chegam a
duvidar da sua canonicidade. Infelizmente
muitos por falta de visão espiritual só
vêem o lado humano deste livro, não
percebendo os ensinos bíblicos profundos
através da descrição do amor conjugal de
que se ocupa o livro. Espiritualmente o
livro prefigura o amor que Deus tem para
com Israel ou de Cristo para com a sua
Igreja, ou para com cada crente
individualmente. Como o título do poema
indica, Salomão é o seu autor. Foi escrito
mais ou menos por volta do ano 960 a.C.
Outro consideração interessante
sobre Cantares é que os judeus
reverenciavam muito este livro. Eles
cantavam porções dele durante as
festividades da Páscoa ( a primeira e a
mais importante de todas as festas
judaicas anuais). Também, comparavam
Provérbios ao Pátio do Templo, Eclesiastes
ao lugar Santo e Cantares ao lugar Santo
dos santos, ou Santíssimo.
Há três escolas de interpretação
concernente a este livro:
1ª) A Alegórica – Esta escola interpreta
tudo simbolicamente, salientando
somente a união espiritual entre Deus e
Israel, ou Cristo e a sua Igreja.
2ª) A Literal – Esta escola interpreta o livro
simplesmente como um história ou
descrição de amor matrimonial.
3ª) A Tipológica – Esta, interpreta o livro
como a revelação do amor e da união que
devem haver entre Cristo e a sua Igreja.
Tomaremos este último ponto de vista,
como base de nosso comentário.
NAMORO
Texto: Cantares 1.1-3.5.
O Título, Ct 1.1
Cantares não é somente um cântico,
mas o cântico dos cânticos. Conforme I Rs
4.32, Salomão redigiu 1.005 cânticos. Este
porém, era o mais sublime de todos.
Conforme o Dr. Hass, citado no livro
“Através da Bíblia Livro por Livro”, de Myer
Pearlman, o rei Salomão foi visitar uma das
suas vinhas no Monte Líbano.
Lá chegando, se encontra com uma bela
jovem sulamita. Ela foge. Disfarçando-se de
pastor, o rei vai visitá-la e pede-a em
casamento. Regressa para Jerusalém, mas
depois volta para buscá-la como sua rainha.
Segundo o citado autor, este incidente é que
marca o início dos fatos narrados em
Cantares. Os principais personagens deste
livro são: O rei Salomão, a sulamita e a filhas
de Jerusalém possivelmente companheiras
ou servas da noiva.
Rosa de Saron, Ct 1.2-2.1
Encontramos neste trecho, o começo
do diálogo amoroso entre Salomão e a
sulamita. As descrições são feitas no
estilo próprio da linguagem oriental. Os
elogios de um para o outro refletem o
grande amor que pulsa nos seus corações.
Para a sulamita o amor do seu amado é tão
forte que ela o declara ser melhor do que o
vinho, Ct 1.2. Por ter trabalhado por muito
tempo nas vinhas sob o sol abrasador ela
chama “morena” a si mesma, Ct 1.5,6.
deslumbrado com a beleza de sua amada,
o rei diz que ela é a mais formosa entre
todas as mulheres. A comparação no
versículo 9, para nós hoje, vivendo noutra
cultura, parece um galanteio absurdo. Mas
para os dias de Salomão, era um elogio do
mais alto nível.
O escritor compara sua amada a uma bela égua, Ct
1.9,10. Aqui se vê parte de um auto-relevo de Corsabad, da
época do rei Sargão II da Assíria, répresentando dois cavalos
com “enfeites” (brincos, NVI) presos aos seus freios e
incrustados com jóias e pedras preciosas.
No início do capítulo 2, a noiva se
compara à rosa de de Saron e ao Lírio dos
Vales. A formosura dela era comparável a
da natureza dos campos floridos. Ela se
sentia parte do cenário das colinas, entre
os cabritos e as flores. Sua graça e beleza
eram acentuadas pelas cores vivas e
alegres das rosas e dos lírios.
O Estandarte do Amor, Ct 2.2-14a
Nos versículos que seguem, Ct 2.3-6, a
noiva relata o seu desejo de receber o
amor do seu noivo, de se banquetear com
ele, Ct 2.4,5 e de ser feliz com ele, Ct 2.6.
Contudo, deixa transparecer que o amor
conjugal deve ser desfrutado no momento,
lugar certo e com a pessoa adequada, leia
Ct 2.7;3.5.
Na sala do banquete, há um
estandarte, Ct 2.4. Esta bandeira ou faixa
era um estandarte militar, mostrando que
Salomão tinha conquistado o coração da
sulamita. O estandarte representava
proteção e segurança. Ela compara o seu
amado ao gamo e ao filho da gazela que na
sua alegria, pula e salta sobre os montes. A
felicidade dele é evidenciada pela
liberdade que goza, de correr e galgar os
morros do Líbano, Ct 2.8,9. A noiva se
alegra ao ver que inspira tanta alegria no
seu amado.
Vem Pomba Minha, Ct 2.10b-14.
Nesta passagem, o noivo está ansioso
para voltar a Jerusalém, para fazer
preparativos do casamento. É possível que
ele estivesse aguardando passarem o
inverno e as chuvas, Ct 2.11, antes de voltar
para Jerusalém.
As Raposas, Ct 2.15-17
A preocupação da noiva agora, é a de
evitar a ruína das vinhas de Salomão. As
raposas eram animais daquela região que
costumavam invadir as vinhas e causar
destruição. O convite da sulamita, Ct 2.15 é
para que ela e o rei, juntos, possam
preservar as vinhas. Podemos aplicar uma
analogia a este trecho. A jovem noiva não
deseja que qualquer coisa interfira com o
crescimento do seu amor. Ela anela fazer
seja o que for, para que as suas vinhas
possam florir e produzir lindos cachos de
uvas saborosas e suculentas.
Um Sonho, Ct 3.1-5.
Enquanto dorme, Ct 3.1, a sulamita
sonha que perdeu o seu amado e não o
pode achar. Perturbada, ela sai noite
adentro procurando por ele. Quando o
encontra, agarra-se a ele para não soltá-lo
mais. Faz com que o rei entre na casa de
sua mãe e apresenta-o como seu amado,
provando assim que o amor dos dois era
puro. A noiva não se envergonha do seu
amado. Contudo o versículo 5, é um apelo
da sulamita as filhas de Jerusalém, no
sentido de que não acordem ou despertem
o amor, até que este o queira. Em outras
palavras, seria como se dissesse: “Não
apressem ou despertem o amor, para que
tudo corra normalmente”. Lembremos que
o intercurso sexual somente é puro dentro
do casamento; se praticado antes,
constitui-se no pecado de fornicação.
CASAMENTO
Os Preparativos, Ct 3.6-11.
Salomão volta a Jerusalém. O coro
observa que ele “sobe do deserto, como colunas de
fumo, perfumado ... de toda sorte de pós aromáticos”, Ct
3.6. O rei faz uma carruagem para o dia do
Seu casamento. Este carro foi
ornamentado com madeira de cedro do
Líbano, Ct 3.9, com ouro, prata e púrpura, Ct
3.10. A palavra “desposório” do versículo
11, significa núpcias. A mãe do rei o tinha
coroado com uma coroa especial. Esta
coroa, conforme os historiadores, era uma
grinalda feita de ouro e prata. Observe o
convite do coro às filhas de Sião para
contemplarem o rei. Estão sendo
convidadas ao casamento, para
celebrarem o “dia de júbilo do seu
coração”, isto é, do rei.
Elogios Nupciais de Salomão à Sulamita, Ct
4.1-15.
As primeiras palavras do rei à sua
noiva quando ele a vê no dia do casamento,
são: “como és formosa, querida minha,
como és formosa”, Ct 4.1. ele continua com
um discurso que enaltece a elegância de
sua futura esposa. Os olhos dela brilham,
os cabelos dela descem ondulados, Ct 4.1.
Os lábios são como fio de escarlate; as
faces como romãs partidas, Ct 4.3. O
pescoço da jovem é comparado a uma
torre, toda decorada como broquéis dos
valorosos, Ct 4.4. No versículo 7, Salomão
prossegue salientando os ungüentos, Ct
4.10, e as especiarias, Ct 4.14 que
perfumam o corpo da sua amada. No fim do
discurso, o rei a compara com fontes,
águas vivas e torrentes, Ct 4.15 aludindo à
grande beleza da sua noiva. Salomão
deseja que ela se deleite totalmente nele,
esquecendo o passado, centralizando a
sua vida no relacionamento com o seu
amado. Ele declara o seu profundo amor a
ela.
“Arrebataste-me o coração, noiva
minha. Que belo é o teu amor,
quanto melhor ... Do que o vinho”,
Cantares 4.9,10.
O Jardim do Amor, Ct 4.16-5.1
No fim do capítulo 4, a noiva aceita o
convite do seu amado. Ela declara ser
completamente dele e pede que os ventos
espalhem seus aromas e que ele venha ao
seu jardim, Ct 4.16. O rei, então, entra no
jardim da sua noiva e desfruta do que lá
encontra, Ct 5.1. Ele convida os seus
amigos a comerem e beberem fartamente.
Essa é a festa nupcial, ou seja, a recepção
que se segue ao casamento. A alegria do
rei é evidente e ele deseja festejar com
todos a felicidade da ocasião. Um
banquete é preparado e o casamento de
Salomão e a jovem sulamita é celebrado.
VIDA CONJUGAL
Um segundo Sonho, Ct 5.2-7.
Neste trecho, a sulamita sonha pela
segunda vez. No sonho, ela ouve a voz do
seu esposo pedindo para entrar no seu
aposento, Ct 5.2; ela, porém, já está
deitada, mostrando indisposição de
atendê-lo, lhe informa que teria de se
vestir e sujar os pés recém-lavados, para
abrir-lhe a porta. Quando se decide
levantar, ele havia ido embora. Daí, aflita,
ela sai à procura dele. Não o acha e é
espancada e ferida pelos guardas da
cidade. Essa parte deve ser lida de
maneira simbólica, não literal. O objetivo
principal do texto é mostrar que a mulher
experimenta dor e não apenas prazer no
amor. É o que representam os guardas que
a espancam.
Os Elogios da Sulamita a Salomão, Ct 5.8-16
É provável que antes do sonho tenha
havido uma pequena contenda entre o rei
e sua jovem esposa. Depois de acordar do
seu sonho, a Sulamita procura fazer as
pazes com o seu marido. Prosseguindo ela
descreve poeticamente a formosura do
herói do seu coração. Salienta a sua
aparência alva e rosada, Ct 5.10, a sua
cabeça como ouro puro, Ct 5.11, os seus
olhos como os das pombas, Ct 5.12, as suas
mãos como cilindros de ouro, Ct 5.14, as
suas pernas como colunas de mármore, Ct
5.15, o seu doce falar, Ct 5.16. Ele é
totalmente desejável, conclui ela, Ct 5.16. A
Sulamita vê o seu amado como o mais
excelente entre todos. Não há um que se
compare a ele.
O Selo do Coração, Ct 6.1-8.14.
Resolvido o impasse, o rei retorna ao
seu jardim (ou à sua esposa). A sua amada
declara: “Eu sou do meu amado, e o meu
amado é meu”, Ct 6.3. Novamente fazem votos
de amor, selando o seu relacionamento.
Depois de restabelecidos os votos, os dois se
unem como nunca, e o amor agora
refloresce, mais forte do que antes. Após
esse reencontro, o casal continua a
palmilhar o caminho da vida a procura da
maturidade nupcial. Agora, disposto a
agradar a sua amada, ele a leva para visitar a
sua terra. O povo da Sulamita a recebe
observando sua chegada no Líbano, Ct 8.5.
A idéia inferida no versículo 6 é que o
verdadeiro amor é não apenas sentimento
mas também ação. O “selo no braço” fala
do direito de posse que o esposo tinha
sobre sua esposa. O amor dela era
exclusivamente dele. Esse selo significava
um anel de sinete que era usado na mão ou
pendurado ao pescoço dos monarcas, com
os quais selavam suas propriedades ou
documentos. O verdadeiro amor é forte
como a morte, Ct 8.6 e as muitas águas não
poderão afogá-lo, Ct 8.7. O livro de Cantares
termina com um convite da Sulamita ao
seu amado, lembrando os primeiros dias
felizes de vida em comum. O amor
constante, puro e fiel que une dois
corações, finalmente triunfa.
APLICAÇÃO ESPIRITUAL
Namoro – Apresentação a Cristo
A aplicação espiritual de cantares
aponta para a profunda comunhão que há
entre Cristo e o crente. Todos nós
andávamos errantes e longe de Deus, mas
quando ouvimos a voz e o convite do amante
de nossas almas, nos entregamos ao Senhor
Jesus Cristo. O infinito amor do Pai, do Filho e
do Espírito Santo tornou isso possível. O
estandarte do amor, Ct 2.4 simboliza a grande
compaixão de Deus pelo pecador. O amor de
Deus refrigera a alma cansada, faminta e
sedenta do pecador. Com grande ternura
Deus aponta o caminho da salvação e da vida
eterna ao pecador carente.
Casamento – União (Salvação)
O pecador, ao saber e sentir que Deus
o ama, apesar dos seus muitos pecados, é
atraído a Cristo e aceita-o como seu
Salvador. A decisão do pecador culmina
numa entrega total de si a Deus. Ele
convida o Senhor a entrar no seu jardim, Ct
4.16, e assim se torna membro da família
celestial.
Vida Conjugal – Comunhão
A comunhão segue-se a união. O
pecador, agora resgatado, perdoado e limpo
dos seus pecados passa a ter comunhão
com Cristo. Mesmo que o amor seja forte
como a morte, ele sabe que há certos
problemas a superar. Quando vierem as
provas e tentações, devemos perguntar
como o apóstolo Paulo: “Quem nos separará
do amor de Cristo?” Devemos vigiar para
que as raposas, o mundanismo, o
secularismo não roubem e destruam os
frutos da nossa vida com Cristo.
É o selo de Cristo que nos leva a uma
intimidade profunda com Deus. Fomos
selados por seu amor e por isso somos
propriedade sua. O selo aplicado era sinal
de posse do dono. Podemos, então,
terminar este estudo, fazendo nossas, as
palavras da sulamita:
“Eu sou do meu amado, e o
meu amado é meu ...”, Ct 6.3

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