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Os livros Poéticos Os livros Poéticos

O LIVRO DE JÓ hesitação às lendas que apresentam-no como um rei


antigo.
Jó, visitado por três amigos, Elifaz, Bildade e
A PESSOA DE JÓ Zofar, semelhantemente membros do grupo dos sábios,
e tão ricos e de posição tão alta quanto Jó. Quando
Jó (em hebraico., ‫ – )בויא‬À parte do livro que tem
viram sua situação, compartilharam da opinião popular
o seu nome, e das referências passageiras a ele em Ez
e somente puderam ficar assentados em silêncio
14.14,20 e Tg 5.11, não temos qualquer informação
juntamente com Jó no montão de lixo, fora do portão
digna de confiança sobre Jó. É impossível demonstrar
da cidade, durante sete ( 7 ) dias de lamentação por um
que as lendas judaicas, cristãs e islamitas acerca de Jó
homem que valia tanto quanto um morto. A explosão de
(estas últimas sumarizadas por Stevenson, The Põem of
agonia de Jó provocou uma longa e veemente
job, capítulo 6) possuem quaisquer raízes firmes numa
discussão, terminando com uma prolixa interrupção
forma pré-bíblica da história. À parte da tradição sobre
por parte de um jovem, Eliú. Tudo isso tão somente
a localização da terra onde Jó vivia, que talvez não seja
revelava a bancarrota da sabedoria e da teologia
mais que dedução inteligente tirada da própria Bíblia,
tradicionais, quando enfrentadas com um caso
temos a impressão que todo testemunho extra-bíblico
excepcional semelhante ao de Jó. Embora a falta de
não passa de fantasia popular piegas. (“piegas” =pessoa
compreensão quase tenha levado Jó à distração, isso
que se embaraça com ninharias-Dicionário).
também o fez voltar-se para Deus e o preparou para a
Se identificarmos o Daniel de Ez 14.14, não com
revelação sobre a soberania divina, que lhe outorgou
o Daniel do exílio, mas com a pessoa mencionada nas
paz. E a multidão ficou confusa com sua cura, com
inscrições ugaríticas, podemos, com confiança, datar
suas riquezas duplamente maiores do que antes, e
todos os três nomes em Ez 14.14 como pertencentes a
como outros dez filhos que lhe nasceram.
uma data muito recuada. Se não aceitarmos essa
indicação, não teremos qualquer outra indicação
referente à sua data. A localização da terra de Uz , onde O LIVRO DE JÓ ( Um rápido comentário )
Jó vivia, é incerta. A tendência moderna é reputar que
se tratava de alguma região fronteiriça com Edom, pois Autoria e Data - O livro é anônimo. A
certas indicações no livro são reputadas como tradição talmúdica “oficial”, seguida por muitos
edomitas; porém, as tradições que a colocam no Haurã escritores cristãos anteriores, diz que o livro foi escrito
(basã) são muito mais prováveis. Jó era homem de por Moisés, mas a continuação da passagem e outras
grande riqueza e alta posição social, mas o livro de tal declarações mostram que isso é meramente um
modo diz respeito ao fato que Jó deve ser situado entre pronunciamento piegas, presumivelmente baseado num
os sábios que não se importa em fornecer detalhes senso de propriedade, mas que não pode ser
precisos; entretanto, podemos rejeitar sem a menor considerado seriamente.

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O fato simples é que não temos qualquer evidência Já vimos que o castigo é, às vezes, para
puramente objetiva para guiar-nos quer sobre a questão aperfeiçoamento e correção. Há um sofrimento que os
da autoria, quer sobre a questão da data. A evidência cristãos precisam suportar por amor a Cristo e ao
em favor de uma data bem recuada para o livro evangelho.
depende principalmente do fato que não existe no O livro de Jó é um comentário de I Co 11.31, 32;
mesmo, menção de qualquer detalhe sobre a história de Hb 12.7-11; Lc 22.31,32, I Co 5.5. O assunto principal
Israel, ainda que isso possa ser explicado pelo desejo do de Jó é o enigma de todos os tempos: “por que os justos
autor de discutir o problema central fora do arcabouço sofrem?” Mas ele trata de uma vasta esfera de
da aliança. Outras evidências, tais como a menção dos conhecimentos – o poder de Satanás, falando da sua
caldeus como assaltantes nômades (1.17) e o uso do força e do limite da sua autoridade; o fato da
termo arcaico qesitâ (42.11), salientam meramente a ressurreição, e muitas das últimas descobertas
antiguidade da história, e não a antiguidade de sua científicas.
atual forma escrita. Os eruditos modernos têm variado O livro de Jó fala-nos muito sobre o sofrimento
em seu cômputo da data, desde os tempos de Salomão humano. Os amigos de Jó, como milhares ainda hoje,
até cerca de 250 A.C., sendo que as datas entre 600 e cometem o erro de pensar que todo sofrimento era o
400 A.C. são as mais populares, ainda que exista uma modo de Deus punir o pecado. Eles perguntavam:
tendência crescente de favorecer datas mais antigas. Acaso já pereceu algum inocente? (Jó 4.7).
Uma data salomônica, aceita por Franz Delitzsch e E. J. Você conhece alguma pessoa boa hoje em dia que
Young,é a mais recuada que se pode adotar está sofrendo? Sem dúvida que sim. Deus permitiu que
razoavelmente. Estevão fosse apedrejado (At 7.59) e Paulo tinha um
“espinho” na carne que o castigava (II Co 12.7). Mesmo
OBSERVE ATENTAMENTE; Jesus conheceu o sofrimento.
Os amigos de Jó concluíram que ele devia ter
O Salvador e o Sofrimento - O Novo pecado grandemente, para estar sofrendo de modo tão
Testamento lança muita luz sobre o problema do excepcional.
sofrimento, especialmente a cruz de Cristo. Vemos aqui -Vamos ver o que Deus provou:
o Homem mais justo do mundo sendo o maior sofredor  Qual foi a atitude de Jó para com Deus?
do mundo. Sabemos agora que o justo sofre com o Primeiro, teve acesso a Deus através do sangue
ímpio por causa do pecado que enche o mundo de do sacrifício (Jó1.5). Depois andou com Deus em
miséria. Sabemos que há conseqüências naturais do integridade de coração e de vida.
pecado, tanto para o homem piedoso como para o  Jó tinha a consciência limpa para com Deus. Ele
pecador. sabia que seu coração era verdadeiro e por isso
podia aceitar as acusações dos amigos.

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Finalmente, pôde mostrar-lhes que suas 1.14). Como Judas entre os apóstolos, Satanás aparece
conclusões estavam erradas e que os ímpios entre os anjos em algum lugar nas regiões celestiais.
muitas vezes prosperam neste mundo (Jó 24.6). Deus apresenta Jó como um homem perfeito e
temente a Deus, um que tem fugido à corrupção do
Deus confiava em Jó, por isso lhe deu este grande mundo. Satanás admite isto, mas impugna o motivo de
problema do sofrimento. Porque amava a Jó, permitiu Jó. Sua contestação é que Jó serve a Deus por
que ele fosse castigado, porque o Senhor corrige a quem conveniência, porque isto lhe trás prosperidade. Ao
ama (Hb 12.6). Quando Jó estava no meio da angústia, caluniar Jó, Satanás também ataca a Deus, porque
compreendeu que só o ouro resiste ao fogo. Qualquer suas palavras insinuam que Deus não pode ganhar o
outra coisa seria consumida. Tiago disse: Tende por amor desinteressado da parte do homem. Deus,
motivo de toda a alegria o passardes em várias desejando justificar o seu próprio caráter e de seu
provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma servo, tem apenas a alternativa de sujeitar Jó a uma
vez confirmada, produz perseverança (Tg 1.2,3). prova. É um consolo saber que a aflição dos filhos de
Enquanto Jó era próspero e íntegro e caridoso, Deus por Satanás só tem lugar com a permissão divina.
corria o perigo da autoconfiança e podia facilmente De 1.21 a 2.10 vemos que Jó justificou a confiança que
esquecer que só possuía essas coisas como mordomo Deus tinha nele.
de Deus. Deus não nos dá grandes “dons” só para
nosso proveito próprio., É preciso aplicar na Obra do JÓ E SEUS AMIGOS (Jó 2.11-31.40)
Senhor. Vimos a causa das aflições de Jó sob o ponto de
vista divino. Agora veremos as opiniões de seus amigos
CONTEÚDO a respeito da causa das suas dificuldades. Devemos
lembrar que as suas palavras em si mesmas não são
I - O ATAQUE DE SATANÁS CONTRA JÓ (1.1-2.10) inspiradas, porque o próprio Senhor as acusou de
II - JÓ E SEUS AMIGOS (2.11-31.40) ERRO (Jó 42.8). É o registro dessas palavras que é
III - A RESPOSTA DE ELIÚ (32-37) inspirado. Embora estes homens dissessem muitas
IV - A RESPOSTA DE DEUS (38-42.6) coisas certas, não disseram a verdade completa.
V - CONCLUSÃO (42.7-17) -Veja os seguintes pontos que resumem os discursos
dos amigos de Jó:
O ATAQUE DE SATANÁS (Jó1.1-2.10) 1. Afirmam que o sofrimento é o resultado do
Os “filhos de Deus” mencionados em Jó 1.6 são pecado. Assim sendo, se alguém está aflito, deve
evidentemente os anjos que vinham à presença de Deus concluir por certo, que haja pecado;
em determinadas ocasiões, possivelmente adorá-lo ou
trazer algum relatório de seus queridos da terra (Hb

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2. A medida da aflição indica o grau do pecado. aqueles que, quando em angústia, proferem
Argumentam que sendo Jó o homem que mais queixas contra Deus.
sofria, deve ser ele o maior dos pecadores;
3. Dizem a Jó que se ele arrepender-se de seus A RESPOSTA DE ELIÚ (Jó 32-37)
pecados, Deus restaurar-lhe-á a felicidade. -Veja resumidamente o discurso de Eliú:
Avisam-no de que se procurar justificar-se a si 1. Disse a Jó que fez mal em vangloriar-se da sua
mesmo, isto retardará a sua restauração; integridade (33.8-13), e de fazer parecer que Deus
4. Admitem que algumas vezes os ímpios lhe deva recompensas. Deus não é devedor de
prosperam, mas dizem que esta prosperidade é ninguém ( 35.7). Por mais justo que seja Jó, não
transitória, que logo passará, e a retribuição tem o direito de exigir nada de Deus, porque
divina lhes sobrevirá. todos os homens são pecadores ante sua vista;
2. Admite que as calamidades são castigos pelos
-Veja agora as respostas de Jó a seus amigos: pecados cometidos, mas ao mesmo tempo são
1. Jó afirma que é possível o justo ser afligido, corretivas. Podem ser infligidas àqueles que são
considera uma crueldade da parte de seus relativamente mais justos do que outros. Se o
amigos acusarem-no de pecado por causa de fim da aflição for alcançado e a falta reconhecida
suas aflições. Ele mesmo não compreende o pelo aflito, Deus o abençoará com uma felicidade
propósito de Deus em afligi-lo. Aceita como fato maior do que antes (33.14-33). Depois ele expõe a
que Deus, ao distribuir o bem e o mal, não majestade e a perfeição de Deus na criação,
considera o mérito nem a culpa, mas que age reprovando Jó por discutir com ele em vez de
como agrada à sua soberania. Crê que haja casos humilhar-se e confessar sua culpa (caps 36,37).
em que aquele que sofre tem o direito de
justificar-se a si mesmo e queixar-se das ordens
de Deus; A RESPOSTA DE DEUS (38.1-42.6)
2. Mais tarde, Jó retira algumas de suas afirmações Deus fala com Jó somente para iniciar a
extravagantes, admitindo que Deus aflige discussão. Ele não discute com ele mas proporciona-lhe
geralmente os ímpios e abençoa os justos. Insiste revelações das mais eficientes, pelas quais desafia Jó
ainda que há exceções à regra, como por exemplo: nas suas próprias premissas erradas. Primeiro desafia
a aflição do piedoso. Por causa destas exceções, é o erro de Jó em questionar o todo-poderoso. Ao julgar a
injusto chegar à conclusão de que o homem é Deus, Jó assumiu autoridade igual à pessoa daquele
pecador devido aos seus sofrimentos; que media, a saber, ao eterno Criador de todas as
3. Jó crê ser nosso dever adorar a Deus embora coisas. Nos capítulos 38, 39, Deus desafia a capacidade
estejamos sofrendo calamidades não merecidas; de Jó para julgar, como se este estivesse direta e
mas devemos abster-nos de julgar duramente
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pessoalmente familiarizado com todas as coisas desde o Sua Autoria - Nada menos que setenta e três
princípio delas. Isso faz calar Jó, um homem de (73) salmos são atribuídos a Davi. Outros autores
existência e conhecimento original tão curtos. Deus nomeados nos títulos são: Asafe (50; 75-83), os filhos
então revela a Jó sua surpreendente habilidade em de Core (42-49; 84; 87), Salomão (72 e 127), e Hemã
criar, e governar de uma maneira benévola os monstros (88), Etã (89), ambos ezraitas, e Moisés (90), a cada um
mais espantosos do mundo antigo, o beemote, o leviatã, dos quais é atribuído um salmo. A autoria davídica de
o “hipopótamo” e o “crocodilo” do Nilo evidentemente muitos dos salmos tem sido freqüentemente negada,
servem como ilustrações simbólicas de sua perícia de principalmente à base da alegação que o Davi salmista
criar, por assim dizer, e governar, de uma maneira da crença popular não tem qualquer semelhança com o
benévola, as mais espantosas dificuldades que um Pai Davi guerreiro dos livros de Samuel e de Reis. Sabemos,
onisciente e amoroso possa permitir ao ‘leão que ruge’ entretanto, que Davi era músico (I Sm 16.14 e segs.), e
infligir. Jó agora rompe o silêncio em adoração e poeta (II Sm 1.17 e segs; 3.33 e segs.).
humilhação perante Deus. Confessa que o que havia As tentativas feitas por alguns eruditos,
aprendido dele teoricamente antes de receber a certeza procurando provar que Davi não foi autor dos Salmos
da sabedoria e bondade divinas, é agora para ele uma que lhe são atribuídos em II Sm 22.1 e segs.; 23.1-7, e
bendita realidade. Esta certeza satisfaz e regozija o seu procurando extirpar as palavras ‘como Davi’ de Am 6.5
coração de tal maneira que qualquer idéia de sustentar (onde a tradição de Davi e sua música e cânticos é
seus próprios méritos, sob qualquer providência de referida trezentos (300) anos depois de seu falecimento),
Deus, fica excluída para sempre. até o momento não têm tido qualquer sucesso. A
própria tradição aponta para a forte possibilidade que
CONCLUSÃO (42.7-17) existem salmos no saltério que saíram diretamente da
Os últimos versículos de Jó ilustram Tiago 5.11: pena de Davi.
“Tendes ouvido da paciência de Jó, e vistes que fim o Sua Organização - O saltério do Velho
Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna Testamento, conforme atualmente o possuímos,
misericórdia, e compassivo”. Isto, é visto na questão do consiste de cinco (5) livros. Essa divisão recua até à
tratamento de Deus com Jó, a manifestação de sua versão da Septuaginta, que teve início em tempos tão
compaixão e ternura. recuados como 300 a.C. Cada seção é facilmente
reconhecida porque uma doxologia encerra cada livro.
O LIVRO DOS SALMOS Essa doxologia são breves, excetuando aquela que
encerra o livro V; ali um salmo inteiro é dedicado à
doxologia final. As cinco (5) divisões do saltério são
LIVRO – Uma palavra inicial como segue:
 Livro I ( Sl 1-41)

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 Livro II ( Sl 42-72) exemplo, 2.12,20; 4.14,18) e em muitas declarações de


 Livro III ( Sl 73-89) Cristo (por exemplo, Mt 7.13,14, 24-27), de que os
 Livro IV ( Sl 90-106) homens dividem-se em dois tipos ou classes – os
 Livro V ( Sl 107-150) piedosos e os ímpios.
O comportamento de qualquer homem deve, pois,
Muitos têm visto nessa quíntupla divisão uma tentativa seguir uma de duas direções e aproximar-se de um dos
para imitar a divisão da Torah em cinco (5) livros, o dois padrões. A diferença entre eles, em forma e valor, é
Pentateuco. expressa nas figuras da árvore e da moinha: a
O primeiro livro consiste, em sua maior parte, de divergência do seu caráter e do seu destino é declarado
salmos atribuídos a Davi. Então os Sl 42-83 incluem em termos de uma edificação constante ou de completa
composições originais principalmente em três fontes – ruína. É, em parte, por esta razão que o segundo
os filhos de Core, Davi e Asafe. Então os Sl 90-150 Salmo se considera muitas vezes associado com o
contêm salmos que são quase todos anônimos. primeiro, ambos sendo considerados como
Provavelmente também muitos desses salmos tinham a introdutórios porque ambos tratam de um assunto
intenção de ser usados no Templo: cf., por exemplo, os básico no Saltério, o comportamento e o destino dos
Sl 95-100 e 145-150. Há igualmente uma breve coleção homens bons e dos maus. O Salmo 1 apresenta o tema
de salmos (120-134 que são freqüentemente chamados como um assunto pessoal; O Salmo 2 encara-o como
de ‘Cânticos dos Degraus’ . Esses salmos, quase uma questão nacional.
certamente eram coleções separadas e originais, e é Salmo 2 (revolta e contra-revolta) - Este
possível que elas provejam a chave para a compreensão Salmo é geralmente considerado como messiânico, mas
dos estágios que conduziram à formação do saltério, foi baseado, pode-se dizer quase que com toda a
conforme este chegou até nós. certeza, numa ocasião histórica como a que nos é
narrada em II Sm 5.17; ou em II Sm 10.6 e seguintes.
O LIVRO – O Comentário Uma situação semelhante é comemorada no Sl 83.5-8,
mas a característica distintiva do Salmo 2 está no seu
discernimento da crise cósmica por detrás de um
1º LIVRO DO SALTÉRIO (SL 1- 41) acontecimento de caráter nacional.

Salmo 1 (as alternativas da vida) - Este A CONFERÊNCIA MUNDIAL Sl 1-3


Salmo, provavelmente, foi composto como uma  O furor das nações não é a fúria da ira
Introdução ao Saltério. Cristaliza a crença, que tão concertada, mas o tumulto que resulta da
freqüentemente é expressa na coleção de poemas que disputa ruidosa entre gentes que;
se seguem, como também no livro de Provérbios (por

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imaginam coisas vãs, isto é, que se rebelam e Salmo 4 (uma oração da noite) - O verso 8
fazem projetos vãos e ineficazes; mostra que esta é uma oração da noite, provavelmente
A CONFIANÇA CELESTIAL Sl 4-6 um desenvolvimento do verso 4 do salmo anterior. Mais
 Então, (vers 5) tem uma força peculiar. Significa tarde foi adaptado à música para fins litúrgicos:
o fim do tempo da aparente liberdade do Neginote, no título, significa “acompanhado por
homem e o estabelecimento, na terra, do instrumentos de corda”.
propósito divino; Salmo 5 (uma oração matinal) - Este
A SUA AUTORIDADE REAL Sl 7-9 Salmo é companheiro do anterior. As circunstâncias
 Tu és meu Filho. Diz respeito historicamente à são semelhantes, mas, o verso 3 faz dele uma oração
Salomão, porém, profeticamente fala de Nosso matinal.
Senhor ‘nos dias da sua carne’ – veja Hb 1.5; Salmo 6 (uma oração de angústia) - A
 Hoje te gerei. Primeiro na eternidade, segundo, primeira parte do título (Sl 4) refere-se ao regente dos
nos dias de seu nascimento (Jesus) no ventre de instrumentos de corda. A outra frase, sobre Semimite,
Maria. que significa “em tom de oitava” (I Cr 15.21), refere-se
A AÇÃO RAZOÁVEL Sl 10-12 provavelmente a uma marcação que era uma oitava
 Sede prudentes... Servi ao Senhor... beijai ao inferior à usual.
Filho; porque, de outro modo, não poderá haver A ansiedade e a tristeza reduziram Davi à
escape do desastre que está por vir; paralisia do desespero próprio em que o seu único
 O Salmo não descreve o resultado real, porque remédio é uma confiança implícita na misericórdia de
é um resumo de toda a história, com o estranho Deus. A ocasião pode ter coincidido com II Sm 15.1-6.
poder do tempo que se manifesta em renovadas Salmo 7 (um apelo ao julgamento) -
crises. Esta é outra oração por proteção divina contra a
Salmo 3 (a oração modifica as coisas) - crueldade e a calúnia. Cush ‘Cusi’ (ver o título) não é
Os Salmos 3, 4 e 5 estão relacionados como sendo citado nas crônicas do templo. O Talmude identifica-o
orações da manhã e da tarde. O título deste Salmo com Saul; pode ter sido um dos fanáticos da linhagem
indica que o mesmo foi escrito quando Davi fugia de da casa de Saul, com Simei (II Sm 16.5). Entende-se,
Absalão, o usurpador. A parte restante do Salmo geralmente, que o poema pertence ao período das
distingue-se do sumário precedente da situação pela perseguições que Saul moveu contra Davi. Ver a
palavra selah, que sempre parece indicar uma introdução ao Sl 52.
mudança no modo, uma pausa no cântico, para uma Salmo 8 (o homem, um paradoxo) - Este
reflexão. Esta palavra foi inserida algum tempo depois poema, não se assemelhado aos salmos imediatamente
do poema ser composto com o fim de o adaptar para o precedentes e seguintes, de caráter suplicatório, é
uso nos serviços do templo. meditativo, e filosófico e apresenta a fragrância lírica

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dos primeiros anos de Davi. Sobre Gittith (ver título) idéia tradicional de que é uma composição separada e
pode significar um tom associado com o trabalho no posterior, embora escrita de modo a condizer com a
lagar de vinho, ou pode referir-se a um instrumento ou outra.
melodia de Gate. Salmo 11 (Um cântico de constância) –
A primeira e a última frases são idênticas e O tema da confiança serena em Deus, mesmo em
constituem a estrutura de idéias profundas acerca do presença do perigo, é o mesmo que caracterizou o Sal. 7
ser essencial de Deus e do Seu trabalho na terra. e é um tópico freqüente no Saltério. Este poema reflete
Salmo 9 (a base do louvor) - A palavra a atitude de Davi na ocasião em que alguns amigos o
Muth-labben, no título, é habitualmente traduzida por aconselharam a fugir da inveja chocante de Saul
“morte do filho”, mas isto é incongruente com a nota de mesmo antes de terceira e mais séria tentativa contra a
louvor do cântico. Pode ter sido o título de um cântico sua vida (Sl 18.11; 19.10). O corpo do Salmo, isto é, os
mas uma alternativa ligeira do hebraico alteraria o versos 1b-6, expressa dois pontos de vista diferentes; a
significado para “morte do campeão”. Se, como o Dr. conclusão do Salmista é dada no verso 7 e a sua
Thirtle tem sugerido, a parte musical dos títulos dos afirmação pessoal de fé é feita no início (1).
salmos pertencia originalmente ao fim do Salmo Salmo 12 (A mentira contra a Verdade)
precedente (como em Hc 3.19), então o título musical – Embora este Salmo pertença ao vasto grupo dos
do Sal 9 pertence ao Sl 8, que podia, nesse caso, lamentos perante o sucesso dos que praticam o mal (Sl
considerar-se como celebrando a morte do campeão 7, 10, 17, 25, 37), o tema respectivo é mais
Golias, morto por alguém que ele desprezaria como “um especializado do que o de alguns.
bebê de mama” (Sl 8.2); I Sm 17.33,42). A atividade dos ímpios é primariamente sentida
Salmo 10 (A urgência da Petição) – pelos inocentes e pelos piedosos como desenvolvendo-
Alguns manuscritos hebraicos, bem como a versão dos se no domínio da fala, isto é, uma falsificação e
Setenta, mostram este Salmo simplesmente como uma perversão do dom divino da linguagem. Pelo que a
continuação do nono. Como prova disto, verifica-se que intervenção de Deus deve ser não só por meio de atos
do verso 12, em diante, há um recomeço da estrutura mas também por palavras. O poema expressa a pureza
alfabética. real da palavra de Deus em oposição às plausíveis
Além disso, os primeiros onze versículos reivindicações de lábios vãos.
constituem um desenvolvimento da oração com que Salmo 13 (desânimo e abatimento
termina o Sal. 9, de modo que se verifica uma certa
mudados em confiança) – Enquanto que o Salmo
semelhança de tema, nomeadamente, um descanso
12 era um lamento por causa da degeneração da
extremo em Deus a fim de alcançar o livramento da
sociedade, o Sal 13 é um grito pessoal e lancinante. A
pressão dos homens maus. Contudo, as diferenças
forma como principia é caracterizada por frustração
entre os dois Salmos são suficientes para justificar a
tediosa e paciência causada. Mas o simples ato em

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apelar para Deus estimula a esperança do salmista de exigências da vida peregrina), e pelo Seu santo monte
modo que a parte final é marcada por uma apreciação ou Monte de Sião (o símbolo histórico do Seu propósito
alegre do trabalho e do propósito de Deus na sua vida. efetivo entre as vicissitudes da política nacional).
Salmo 14 (Esboço duma sociedade Por outro lado, consiste em ter uma segurança
corrupta) – Esta descrição de homens degenerados e duradoura no meio das circunstâncias aparentemente
injustos refere-se primariamente à humanidade como casuais de modo que, como homem justo, ele nunca
um todo e não meramente a um período de extrema seja movido pela malícia urdida pelos obreiros do mal.
decadência moral em Israel. Isto é confirmado pelo uso Salmo 16 (O caminho da Fé) – A palavra
dos três primeiros versículos em Rm 3.10-12. O Salmo Michtam, que aparece no título, tem um significado
foi escrito de novo, anos mais tarde, e reaparece como incerto. Alguns têm-na relacionada com a palavra
Sl 53, de modo que a alusão ao cativeiro, no v.7, hebraica Kethem, que significa “ouro”, e tomam-na
dificilmente pode referir-se ao exílio. como significado “Um poema de ouro”. Esta seria uma
A frase hebraica traduzida por fizer voltar os descrição muito adequada do Sl 16 que é uma das
cativos do v.7 pode também ser traduzida por pedras preciosas do Saltério, mas é menos aplicável aos
“restaurar a fortuna de” (Jó 42.10. Podia aplicar-se ao Sl 56-60, que também têm a palavra Michtam como
período do poder de Absalão ou a uma ocasião de título. O Salmo é atribuído a Davi (At 2.25;13.35, 36), e
grande desgraça. O poema adota alternadamente o contém um número de expressões que se adaptariam
ponto de vista da Terra e do Céu. perfeitamente bem ao período da vida de Davi em que
Salmo 15 (as Qualificações para a ele era um proscrito.
comunhão com Deus) – Este breve poema Salmo 17 (a Oração de um homem justo
expressa sucintamente os ideais que o salmista em sua defesa) – Há três ( 3 ) Salmos com o título “A
acreditava que Deus esperaria da parte dos seus oração de Davi” (17, 86, 142), mas este é o mais
hóspedes. O caráter irrepreensível, assim retratado, é espontâneo deles; pode bem expressar o seu clamor
medido apenas pela conduta pessoal e social: isto é, o fervente na situação desesperada em Maom (I Sm
padrão é puramente ético. Todavia, infere-se do verso 23.26), especialmente porque Davi estava muito
41 que o homem descrito teme a Deus. Uma descrição confiante na sua integridade naquela ocasião (I Sm
em termos similares acha-se em Sl 24.3-5 e em Is 24.11). A intensidade e a urgência da sua oração não se
33.14-16; Lc 1.6; 2.25; At 10.2 e vers.35; Hb 12.14. expressam apenas na impressão geral de ansiedade e
Os versos 1 e 5 apresentam o tema do poema, dogmatismo mas também nas três facetas do seu apelo.
isto é, a aspiração mais alta do homem piedoso. Por um Salmo 18 (o Cântico da vitória de Davi) –
lado, consiste em ter liberdade de acesso à presença de Parece tratar-se de uma versão de II Sm 22
Deus – tipificada pelo Seu tabernáculo ou tenda (o ligeiramente revisto para torná-lo apropriado ao uso
emblema tradicional da Sua presença entre as geral.

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O título indica as circunstâncias desta ação de Davi mas escritos em seu nome e provavelmente sobre
graças jubilante. A sua libertação de todos os seus a sua vigilância. O emprego dos pronomes pessoais
inimigos (ver o título) pode sugerir o período depois de II “te”, “eu”, e “nós”, indicam as três seções do Salmo.
Sm 8, quando a sua vida foi coroada por sucessos Salmo 21 (Ação de graças pelo Rei
quase ininterruptos. As palavras do servo do Senhor depois da batalha) – A relação com o Salmo
não se encontram em II Sm 22. A frase é altamente anterior resume-se primorosamente comparando 20.4
honrosa e, excetuando duas referências a Josué, é com 21.2. A linguagem de 4, 6 e 9 é talvez indicativa da
quase sempre aplicada a Moisés ou usada altivez resultante da vitória, mas pode haver um reflexo
profeticamente a respeito do Messias. de fatos ou acontecimentos reais (Sl 8,9; II Sm
Salmo 19 (as Duas Testemunhas de 12.30,31). Contudo, o poema foi tradicionalmente
Deus) – Excluindo a oração final v.14, o Salmo divide- interpretado como messiânico.
se, obviamente, em duas partes, versos 1-6 e 7-13, Salmo 22 (Salvação em crise extrema) –
sendo a mudança absoluta abrupta. Cada parte trata Para os cristãos este Salmo está inseparavelmente
de uma fonte da qual ou por meio da qual o homem associado com a crucificação (como também o salmo
pode adquirir ou receber o conhecimento de Deus; 69), não só porque as palavras iniciais foram citadas
primeiro por influência do Cosmos visível e em segundo pelo Senhor, mas também porque a primeira parte do
lugar pelas instruções recebidas da Torah. Estas são poema parece descrever a sua condição física e a sua
respectivamente as esferas material e moral, uma experiência emocional. Todavia, o significado primário
infinita e impressiva em grandeza, a outra interior e do poema deve-se buscar nos dias da sua composição,
direta no seu modo de operar. embora o espírito de Deus, indubitavelmente, tenha
Sem a luz física do sol e a luz espiritual dos constrangido o salmista a estruturar de tal modo a sua
Mandamentos divinos, toda a vida fracassaria (notar o expressão, que imediatamente adquiriu um significado
contraste do v.5) e tornar-se-ia falsa (precipitada no para além do ambiente da sua própria vida (ver At
erro escondido através de um entendimento 2.30,31). Por outras palavras, a intenção cristológica do
obscurecido, versos 12 e 13). poema tem por base a experiência de Davi.
Salmo 20 (Oração pelo Rei antes da Que experiência foi essa que não pode dizer-se
batalha) – Este Salmo e o seguinte constituem um com precisão: Alguns exegetas pensam que o Salmista
par, que descreve a intercessão e a ação de graças por está a falar dos sofrimentos da comunidade de Israel
parte do povo antes e depois de uma batalha em que foi representada pela figura de um homem (Is 40 e segs) “o
conduzido pelo rei. Uma possível ocasião é a derrota servo”. É mais correto pensar nos sofrimentos de nosso
que Davi infligiu aos amonitas e aos sírios (II Sm 10.14- Senhor.
19). Considerando a forma pública e litúrgica dos O Salmo divide-se em duas partes distintas cujo
poemas, é provável que não tenham sido compostos por modo e perspectiva apresentam um contraste: o ponto

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de transição é o verso 1, “salva-me da boca do leão, sim após a declaração de Sua soberania final sobre tudo
ouve-me, desde as pontas dos unicórnios”. O título (v.10; Tg 2.1; Ap 5.11-14; 17.14).
provavelmente é uma alusão ao nome da melodia usado Salmo 25 (uma Oração Pessoal) – Os
quando o salmo foi entoado. Salmos 25 e 34 formam um par. Ambos são arranjados
Salmo 23 (Pastor e Anfitrião) – O conceito em acróstico, com duas irregularidades idênticas e,
dominante é o de Deus na qualidade de guia e protetor embora um consista de uma oração extremamente
através das vicissitudes da vida. A sugestiva imagem de pessoal e o outro seja um louvor público, ambos são
um pastor, aplicada ao Senhor recua até os dias da litúrgicos e contêm muitos pensamentos semelhantes.
função pastoril dos patriarcas (Gn 48.15) e desde então O poema expressa uma alteração da fervorosa
foi constantemente enriquecida (Sl 78.53-54; Is 40.11; petição e sóbria meditação, o que geralmente
Ez 34.1-23; Jo 10.1-18). Um segundo conceito é caracteriza a alma que espera no Senhor. Há três
introduzido no v.5 – o do Senhor na qualidade de disposições nessa oração, mas estão intimamente
anfitrião de ilimitada benevolência. Essa imagem que ligadas.
apresenta o homem como hóspede surpreso em vista da Salmo 26 (o Caminho do adorador) –
suntuosidade da festa que lhe foi provida por Deus é, Este Salmo não pode ser facilmente atribuído a
igualmente, uma parte integral de todo o panorama qualquer período particular da vida de Davi. Expressa a
bíblico, tirado do simbolismo de José como provedor de inquietação de qualquer alma devota quando
alimento (Gn 43.34), do milagre da multiplicação dos mergulhada numa sociedade ímpia.
pães aos cinco mil (Mt 14.19) e das parábolas da Salmo 27 (um Cântico de Libertação) –
grande ceia (Lc 14.15-24) e da festa da boda do Noivo De acordo com a Septuaginta este Salmo foi composto
(Mt 22.1-14; Ap 19.9). antes de Davi ser ungido; ele, foi ungido em três ( 3 )
Salmo 24 (Cântico referente a ocasiões (I Sm 16.13; II Sm 2.4; 5.3). Este cântico se
investidura de Jerusalém) – A grande ocasião da adapta melhor a última dessas unções.
vida de Davi, quando ele trouxe a arca do Senhor, da A diferença entre a primeira e a segunda metade
casa de Obede-Edom para a capital dos jebuseus, do Salmo é muito óbvia, e a alteração, depois do v.6, de
recentemente capturada, foi alegremente celebrada por exuberante louvor para ansiosa petição, pode parecer
diversos hinos e salmos (I Cr 15.15-23). Este Salmo foi uma inversão de sentimento. Os v.7-12, entretanto,
um dos primeiros a ser usado, pois era entoado fazem um retrospecto e são inseridos entre passagens
enquanto a procissão se aproximava da antiga cidade. que descrevem o encorajamento derivado da liberação
Este Salmo é maior que a ocasião festejada, e tem divina. Esse artifício de inversão literária pode ser visto
sido geralmente interpretado como uma expressão claramente em Êx 15, onde o Cântico de Moisés e Miriã
profética sobre a ascensão de Cristo após a Sua vitória descreve o triunfal livramento das mãos de Faraó (15.1-
sobre a morte e o pecado (v.8; Cl 2.15; Hb 2.14,15) e

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5) antes de descrever a perseguição e o desastre (15.8- (I Cr 21.18-27), e a terrível experiência da morte


10). iminente, que é mencionada no Salmo, seria a
Salmo 28 (um Apelo por retribuição) – pestilência que se aproximava de Jerusalém (I Cr
Este Salmo foi composto originalmente em algum 21.7,13). Alternativamente, pode referir-se ao palácio de
momento de perigo, às mãos de homens maus. Embora Davi, que ele estava impedido de ocupar, a princípio,
não intensamente subjetivo como o Salmo 22, contém por causa da grande invasão dos filisteus que chegou
uma transição abrupta semelhante da oração para o até Belém (II Sm 5.11,18,22; 23.13-17). Uma terceira
louvor. V.6 e (Sl 22.22). Seus temas principais são um possibilidade é que a frase pode ter sido adicionada ao
apelo por retribuição ao malvado e agradecimento pela título quando o Salmo foi usado na dedicação do
intervenção do Senhor. Ambas as partes do poema segundo templo, no qual caso o poema, em sua origem,
possuem uma seção pessoal e outra associada. é um registro pessoal de livramento de alguma severa
Salmo 29 (O Trovão de Deus) – Este aflição.
cântico sobre uma tempestade é ouvido no interior do O fundo da experiência é descrito nos v.6-10, e o
auditório do Céu, e os anjos (filhos de Deus) são conseqüente regozijo, por causa do livramento, não é
convocados para se ajuntarem ao louvor e à adoração a limitado ao verso final, mas compreende até mesmo o
Deus. Na beleza da santidade ( 2 ), (Êx 28.2; Sl 29.3-9), prefácio vs.1-5.
o âmago do poema, descrevem a passagem de uma Salmo 31 (Sondagem e Confiança) – Este
tempestade vinda das águas do mar ocidental que Salmo tem o motivo familiar da “aflição do inocente”.
atravessou as colinas cobertas de florestas do norte da Apesar de que talvez se baseie um tanto sobre a
Palestina e chegou aos lugares áridos de Cades, nas experiência de Davi, que fugia de Saul (I Sm 23.26), é
fronteiras extremas de Edom (Nm 20.16). Tal de maior interesse para nós o fato que,
acontecimento é apresentado não como demonstração subseqüentemente, tal motivo foi tão freqüente na
de poder natural, mas como uma sinfonia de louvor ao mente de Jeremias. As palavras, terror por todos os
Criador, que realmente participou com uma voz de lados (13) ocorrem em Jr 6.25; 46.5; 49.29 e não são
trovão (Sl 18.13). traduzidas em 20.3, permanecendo como Magor-
A porção descritiva do poema se divide em três (3) Missabibe em algumas versões, mesmo em português.
estrofes iguais que correspondem com a formação, o De fato, parte do v.13 é em realidade citada em Jr
assalto e a passagem da tempestade; porém, a 20.10. A comparação de um vaso quebrado (12) era
subordinação dos fenômenos naturais às forças uma expressão favorita de Jeremias (Jr 18.4; 19.10,11;
espirituais é constantemente salientada. 22.28), e ele tinha absolvido completamente o espírito
Salmo 30 (de lamento em Dança) – A deste poema. A segunda porção deste Salmo (vs 9-24) é
alusão, no título, “Cântico da dedicação da casa” uma expansão dos oito versos anteriores. A situação é
provavelmente se refere à decisão sobre a eira de Orna primeiramente descrita conforme é contemplada pela

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fé; e em segundo lugar como foi realmente experiências íntimas da confiança e da esperança; isto
experimentada em sua seqüência de aflição e é, há um movimento da adoração objetiva para a
libertação. relação pessoal.
Salmo 32 (a Alegria do Perdão) – Este O corpo do Salmo se divide em duas seções: vs 4-
Salmo pode ser associado ao de número cinqüenta e 11 e vs 12-19, cada uma das quais trata dos temas
um ( 51 ). O pano de fundo de ambos os salmos se fundamentais de todo o saltério, ou seja, Deus, a
encontra na história de II Sm 11, 12. Este Salmo trata natureza, o homem e a história.
da bênção que é experimentada quando o pecado é Salmo 34 (Testemunho) – Este é um poema
perdoado fornece discernimento quanto ao que está acróstico, mas, tal como no Salmo 25, o alfabeto
envolvido, psicológica e religiosamente, no pecado e sua hebraico não está completo. O título associa este hino à
remoção. fuga de Davi de Gate para Adulão (I Sm 21.10-22.1).
Salmo 33 (um Cântico de Adoração – Ver introdução ao Salmo 52. Abimeleque mui
Este poema, que não tem título, retoma parte da provavelmente era o título do rei de Gate, da mesma
sentença final do Salmo anterior, mas, diferentemente maneira que “Faraó” era um título usado no Egito e
dele, não é um registro de experiência pessoal. Mas é “Agague” era empregado entre amalequitas (Gn 20.2;
uma expressão conjunta de louvor e adoração marcada 26.1). Em I Sm seu nome é dado como Aquis.
por um equilíbrio de pensamento e simetria de O espírito de exuberante confiança no Senhor é
estrutura. de maior importância que qualquer estrutura lógica do
A introdução (1-3) e a conclusão (20-22) são poema. Muitas de suas frases se têm tornado uma
claramente distintas do corpo principal do poema. Os porção essencial do vocábulo da adoração devocional. À
primeiros três ( 3 ) versos descrevem o entusiástico parte da introdução e da conclusão, existem duas
canto de um coro que está sendo acompanhado por um seções principais neste Salmo.
conjunto musical de harpas grandes e pequenas. Os Salmo 35 (uma Ladainha) – Este forte grito
últimos três ( 3 ) versos descrevem a fervorosa fé dos de angústia data do período quando Davi estava sendo
adoradores que estão rodeados pela proteção e perseguido por Saul, e provavelmente se originou nas
misericórdia do Senhor. A simetria e a seqüência experiências da caverna de Em-Gedi, quando Davi
dessas idéias são significativas. O cântico de louvor poupou a vida do rei, que dormia. Pode ser considerado
torna-se a oração da fé; o grupo de coristas (...ó este Salmo como elaboração de I Sm 24.15. Naquela
justos...) é substituído pela consciênca íntima (nossa, ocasião, a mente de Davi estava extremamente agitada
nosso, nós), isto é, outras pessoas passaram para o por causa de seus inimigos na corte de Saul, da
segundo plano, e nós mesmos é que ocupamos a cena instabilidade de caráter do rei, do horrendo escopo da
final. Verifica-se igualmente a mudança das ingratidão e do ódio humanos e dos detalhes ilusórios
exterioridades da música e do canto para as dos propósitos de Deus, que em si mesmos eram claros,

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apesar de contraditórios (I Sm 24.6,20). Essa oração de do ponto de vista espiritual e não do ponto de vista
julgamento contra seus adversários não era expressão material. O poema não possui estrutura óbvia à parte
de malícia secreta contra Saul, pois não havia Davi de sua linha principal de confiança na futura obra de
poupado a sua vida? Mas é um apelo pela Deus; isso liga as diversas declarações e é
demonstração visível da justiça essencial. particularmente simbolizada nas palavras repetidas
Este Salmo está dividido em três seções, cada possuirão a terra (9,11,22,29,34).
uma das quais termina com a expectativa de ações de Salmo 38 (Contrição quando assaltado
graças devido à libertação. Alguns consideram que a por dentro e por fora) – Esta oração solicitando o
última seção (19-28) foi adicionada por Ezequias. auxílio divino foi motivada por grande angústia física e
Salmo 36 (a Bondade de Deus) – O tema moral. Os detalhes descritivos dos vs 1-8 podem ser
central deste Salmo é a benignidade de Deus (5.7,10). metafóricos (Is 1.5,6), mas o pronunciado elemento de
Em agudo contraste é apresentado o quadro de um experiência pessoal, nesses versos sugere alguma
homem perverso (1-4). O Salmo termina com uma enfermidade física. Provavelmente perplexidade moral e
oração pedindo livramento, e a certeza, mediante a fé, aflição corporal corriam paralelas, conforme no caso de
da queda dos perversos (10-12). Jó, que também experimentou o ostracismo por parte
Salmo 37 (uma Meditação sobre a de seus amigos (11), bem como humilhação por causa
Prosperidade do perverso) – Este Salmo é do sucesso dos indignos (19,20). A frase, no título, em
composto baseado num acróstico do alfabeto hebraico e memória, representa uma palavra técnica que
consiste de uma série de pensamentos geralmente provavelmente era associada com certas ofertas dos
expressos de modo proverbial. Por exemplo, compare-se levitas perante a arca (I Cr 16.4, onde a palavra
o v.1 com Pv 24.19; o v.5 com Pv 16.3; o v.16 com Pv hebraica traduzida como “celebrar” é a mesma que a
16.8; o v.23 com Pv 16.9. Também existem algumas usada aqui).
semelhanças com declarações feitas no livro de Jó. Salmo 39 (profundo Conflito) – A ligação
Compare-se o v.6 com Jó11.17; o v.10 com Jó7.10; o deste Salmo com o anterior é óbvia; pode mesmo ser
v.13 com Jó18.20; o v.19 com Jó5.20. Considerado considerado este Salmo como uma expansão de Sl
como um todo, o ponto de vista do salmista é uma 38.13,14. Porém, a lamentação tem raízes mais
modificação daquele que tão veementemente foi profundas que a angústia pessoal. Ver, por exemplo, os
apresentado pelos amigos de Jó (exemplo, Zofar, em Jó vs 5,6 e 11. O tema de repressão e confissão (v.1 e 3) é
20.5). O salmista certamente estava perturbado pela semelhante ao de Sl 32.3-5.
prosperidade e poder dos homens ímpios, mas As circunstâncias de um reto ideal para a vida,
acreditava que isso fosse apenas uma reversão uma poderosa e humilhante experiência, um período de
temporária dos reais valores. O poema deveria ser lido intensa reflexão e introspecção, e a ausência de
paralelamente com o Sl 73, onde a questão é vista (17) qualquer esperança de alívio para sua angústia, são

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todas circunstâncias paralelas ao caso de Jó, e não é de O poema certamente expressa sua consciência de
surpreender que este poema tenha muitos pontos de completa dependência do Senhor (13, 17) bem como de
semelhança com aquele livro. seu deleite nEle (1-5) e de seu ansioso serviço a Ele
O subtítulo, Ao mestre de canto, Jedutum, se prestado (6-10).
refere a um notável líder do coro do templo (I Cr Salmo 41 (Abuso e Segurança) – A
16.41,42; 25.1-6). Ele também aparece nos títulos dos acusação contra até o meu amigo íntimo (9) liga este
Sl 62 e 77. poema com o Sl 55 (ver vs.13, 14 e 20,21). A inferência
Salmo 40 (Liturgia de um coração usual é que Aitofel foi o amigo infiel (II Sm 15.12 e 31).
Pleno) – É bem possível que os sentimentos Não há menção de que Davi estivesse enfermo naquela
contrastantes, refletidos neste poema, tenham sido ocasião seja razoável supor que uma longa enfermidade
ocasionados pelas circunstâncias relatadas no fim do tivesse contribuído para a frouxidão de administração
primeiro livro de Samuel. O lamento sobre a destruição que Absalão explorou e que ajudou a provocar a fuga
de Ziclague (I Sm 30.16-20), e a notícia da vitória dos precipitação do rei, anteriormente famoso por sua
filisteus, em Gilboa, e da morte de Saul, com tudo o coragem e desembaraço. O Sl 38 provavelmente se
que isso envolvia no caso de Davi, ocorrido dentro do originou no mesmo período da enfermidade física. Este
período de três ( 3 ) ou quatro ( 4 ) dias (II Sm 1.1). poema, obviamente, pertence a um tempo subseqüente
A perda e recuperação de sua família, a à descoberta da traição de Aitofel e reflete a angústia de
satisfação pelos sucessos militares, a aquisição do mente e de corpo de Davi. Ele foi capaz de perceber os
grande despojo, a morte de Jônatas, o término da motivos por detrás de algumas das primeiras atividades
perseguição movida por Saul, a sorte de um povo sem de seus companheiros não amigáveis.
líder, e o conflito com os filisteus, entre os quais ele
possuía amigos, tudo se combinou para perturbar o 2º LIVRO DO SALTÉRIO (SL 42-72)
coração de Davi.
Este poema, pois, pode ser a expressão de seu Salmos 42, 43 (Anseio pelo Santuário de
livramento de um exílio perigoso, onde adquirira grande
Deus) – Enquanto que no primeiro livro dos Salmos,
confiança no Senhor (1-3), bem como a expressão de
nenhum outro autor além de Davi é mencionado
sua prontidão para assumir a esperada função de líder
(quatro são anônimos), no segundo livro, apenas
do povo (7), e de sua dedicação àquela obra (8), de seu
dezoito dos trinta e um poemas lhes são atribuídos. Os
reconhecimento que nem todos os seus adversários
Salmos 42 a 49 são inscritos “dos filhos de Coré” (Nm
haviam morrido em Gilboa (14-16), e que muitos de
26.11; I Cr 6.22,31). Além disso, o verso final (72.20)
seus feitos, no período de animosidade de Saul agora
declara que os cânticos de Davi terminaram.
eram relembrados com dolorosas conseqüências (12) se
Os Salmos 42 e 43 constituem um único poema:
o exilado se tornasse rei.
em diversos manuscritos hebraicos aparecem juntos, e

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pode-se observar que o Salmo 43 é o único poema, no nas Escrituras, a saber, que a relação do matrimônio
segundo livro, que é destituído de título. O tema, em humano é um eco, ou pelo menos uma alegoria, da
ambos esses Salmos, é a profunda tristeza provocada relação de aliança entre Deus e Seu povo. A mesma
pela exclusão dos salmistas do repleto santuário do idéia básica é transportada para o Novo Testamento
Senhor, que se acha em Seu santo monte. Sl 43.5 é onde a Igreja é descrita como a Noiva de Cristo (II Cr
virtualmente idêntico a Sl 42.5 e 11. 11.2; Mt 22.2; 25.1; Ap 19.6-9).
Salmo 44 (a Perplexidade de um povo Salmo 46 (Fortaleza segura é nosso
piedoso) – Este Salmo é o primeiro de diversos Deus) – Este é o primeiro de um grupo de três poemas
poemas nacionais do Saltério, que usualmente são que têm um tema comum. Deus é exaltado e adorado
retrospectivos e geralmente têm a tonalidade de por ter conduzido Seu povo através de uma grande
súplica. Ver, por exemplo, os Sl 83 e 106. Em cada caso crise militar, que ameaçara tornar-se uma calamidade
o motivo subjacente é o intenso desejo de conhecer os nacional. A ocasião motivadora é incerta. Mas,
caminhos de Deus, e especialmente de ver como Suas compare-se o estranho livramento de Jerusalém, da
ações, na história humana, podem ser justificadas. ameaça de Moabe e Amom, nos dias de Josafá (II Cr
O ponto de vista usual, considerava as angústias 20.1-28) e o súbito abandono do cerco de Jerusalém
ou desastres nacionais como resultados diretos de má por parte de Senaqueribe (II Rs 18.19).
conduta do povo. Deus controlava sua vida nacional Salmo 47 (Nosso Deus é o Exaltado Rei)
pelo método simples de recompensas e punições, – Este hino festivo elabora as palavras “sou exaltado na
concedendo vitória e prosperidade em períodos de terra”, que ocorrem no fim do Salmo anterior. O
piedade, e enviando derrota e seca quando as práticas conceito principal é que Deus, tendo descido do céu,
pecaminosas dominavam a nação. Ver, por exemplo (Jz em poder e grande força , para livrar Seu povo, agora
2.16-23; Sl 106). está retornando ao Seu trono.
Salmo 45 (Um Cântico de Matrimônio Salmo 48 (Regozija-te, pois o Senhor
real) – Este cântico de matrimônio real quase está no Monte) – O primeiro poema neste grupo
certamente foi causado pela cerimônia do casamento de celebrava a libertação da nação de um perigo; o
um rei hebreu com alguma princesa estrangeira. A segundo exaltava o poder e a majestade dAquele que
identidade desse rei é incerta, pois suas atividades operou sua salvação; e este terceiro poema descreve a
guerreiras (3,5) dificilmente se coadunam com Salomão glória da cidade que Deus tem tão maravilhosamente
(I Rs 3.1), e seu caráter devoto (6,7) não está de preservado. A palavra hebraica traduzida como
conformidade com o caráter de Acabe – pelo menos “grande”, no verso primeiro, também se encontra em
depois de seu casamento com Jezabel (I Rs 16.31). 47.9 e 46.1 (onde é traduzida por “gloriosamente” e
Este cântico foi incluído no saltério porque “bem presente”, respectivamente). E essa palavra liga
ilustrava uma idéia que é freqüentemente empregada

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os três Salmos. Deus ajuda grandemente, deve ser derrubados, quando os sacrifícios cessaram (Ne 1.3; Sl
grandemente exaltado, e deve ser grandemente louvado. 102.16,17; 147.2).
Salmo 49 (a Morte desvenda o É possível que, após a volta do exílio, este Salmo
verdadeiro valor de um Homem) – Este Salmo, tenha sido adaptado para ser usado como confissão dos
tal como o Salmo 47, é endereçado a “povos todos”, e o pecados nacionais, e que esses dois versículos tenham
quanto está incluído nessa expressão, e indicado por sido adicionados para que o poema se tornasse mais
sua tríplice elaboração, que cobre todos quantos estão próprio para a adoração pública.
vivendo neste presente mundo da sociedade humana; Salmo 52 (a Condenação que aguarda o
aqueles que pertencem a todas as camadas da homem poderoso e ímpio) – Este é um dos oito
humanidade, nobres e plebeus igualmente; e todas as Salmos associados, por seus títulos, às experiências de
pessoas, indiferentemente às suas possessões (1,2). Davi como fugitivo e exilado de Saul. Os outros são os
Salmo 50 (o homem é acusado no Salmos 7 (referente a Cuxe); 59 (Saul procura matar
Tribunal Celeste) – Este é o primeiro de doze Davi); 56 (Davi volta-se para os filisteus, em Gate); 34
salmos intitulados “de Asafe” – um proeminente líder do (Davi na corte de Abimeleque); 57 (Davi foge para a
coro de Davi. Seu nome aparece nos Salmos 73 a 83, caverna de Adulão); 142 (uma oração na caverna); e 54
mas alguns deles não podem ter sido escritos por um (Davi quase é traído pelos habitantes de Zife).
homem que tenha vivido no tempo de Davi, como por O Salmo 52 é um dos mais antigos poemas.
exemplo os Salmos 74 e 79, que estão associados à Relata a fuga de Davi para o tabernáculo, em Nobe, que
destruição de Jerusalém pelos babilônios. Por esse ficava no declive norte do monte das Oliveiras. A ajuda
motivo a expressão “de Asafe” não parece referir-se que lhe foi prestada pelo sacerdote Aimeleque foi
tanto à autoria dos Salmos, mas antes, a um certo referida a Saul. Desejando-se a história completa e o
estilo ou escola na composição dos Salmos. massacre dos sacerdotes que se seguiu, veja-se I Sm
21.1-9; 22.9-23.
Salmos 51 (a Oração de um Penitente) –
Este Salmo expressa a justa indignação de Davi
A declaração explícita do título associa este Salmo com
por causa da traição de Doegue contra si mesmo e
a notável acusação de Natã contra Davi (II Sm 12.1-13).
contra aimeleque.
Como expressão de um coração dominado pela
vergonha, humilhado e alquebrado pela culpa, ainda Salmo 53 (Opressão, passada e
que salvo do desespero mediante a fé penitente na presente) – Este Salmo é uma edição revisada do Sl
misericórdia de Deus, este poema é inigualável. 14 (veja a introdução). As duas principais diferenças
Os versos 18 e 19 parecem ter sido adicionados entre eles são, primeira a eliminação do tetra-grama de
alguns séculos depois da época de Davi. Pressupõem Deus, onde designa o seu nome (‫)הוהי‬. Quaisquer que
um tempo quando os muros da cidade foram sejam as razões que expliquem essa alteração, é

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sugerido um escopo mais universal para o poema do 22.1). O Sl 34 foi composto pouco depois de haver
que ficou implicado no título do Deus da aliança. escapado dos filisteus, mas o Sl 56 expressa suas
Salmo 54 (Deus é o Sustentador de apreensões enquanto estava realmente debaixo da mão
minha Alma) – Pouco depois de Abiatar ter-se de Aquis. Quando Davi retornou algum tempo mais
reunido a Davi, em Queila, havendo aquele sacerdote tarde, tinha seiscentos ( 600 ) homens consigo e
escapado do massacre de Doegue, em Nobe (Sl 52), permaneceu ali por dezesseis meses (I Sm 27.1-7).
Davi ouviu dizer que Saul estava avançando contra a Salmo 57 (nenhum desespero, apesar do
cidade a fim de sitiá-la. Embora Davi tivesse salvado a perigo) – Conforme indicado no título, este Salmo foi
cidade do ataque dos filisteus, ele foi avisado do fato composto pouco depois de Davi haver escapado de Gate
que os habitantes da cidade não eram dignos de (I Sm 22.1) e se assemelha ao Salmo anterior tanto
confiança, pelo que ele e seus homens fugiram em quanto ao tema como quanto ao estilo. Ambos
direção ao leste, antes da chegada de Saul (I Sm 23.5,6 começam com palavras semelhantes, dividem-se em
e 13). duas partes seguidas por um estribilho (Sl 57.5 e 11),
Salmo 55 (Perplexo e sobrecarregado, falam sobre perigos semelhantes (56.1 e 2; 57.3), e
mas sustentado) – Esta é a expressão de um expressam a mesma profunda confiança em Deus. O
coração, profundamente ferido pela infidelidade de um Salmo inteiro pode ser comparado com II Cr 4.7-11.
amigo, que se volta para Deus em súplica e confiança. Salmo 58 (“Há um Deus que julga) – Al-
Este Salmo tem sido tradicionalmente associado à taschith (ver o título) significa “não destrói”, e se refere
rebelião de Absalão, mas, nesse caso, deve ter à melodia com a qual seria tocada no louvor do templo.
precedido a fuga de Davi de Jerusalém, e A apaixonada denúncia contra a corrupção que
provavelmente se seguiu à deserção de Aitofel. (ver se mascara como justiça não pode ser facilmente
introdução Sl 41). associada a qualquer período do reinado de Davi,
Este poema deveria ser considerado como uma embora talvez possa ser um reflexo do aparecimento de
expressão do coração e da mente de Davi, quando as juízes nomeados por si mesmos como auxiliares de
cortinas da ilusão e do segredo estavam sendo Absalão, possivelmente (II Sm 15.3-5).
afastadas para desvendar-lhe uma cena inesperada, em Deve-se notar que a causa da veemência do
cuja realidade ele teve dificuldade de acreditar. salmista não dependia de algum agravo pessoal, mas
A luz da verdade ainda não havia raiado na prática geral dos falsos princípios, que eram
perfeitamente; o pior ainda estava para vir. inimigos da propagação da piedade.
Salmo 56 (“Se Deus é por mim, quem Salmo 59 (Protegido em meio aos
será contra mim?”) – O título se refere à primeira terrores emboscados da Noite) – Este Salmo nos
vez em que Davi jornadeou em Gate, quando estava, proporciona introspecção referente à tensão da vida de
evidentemente, sob alguma perseguição (I Sm 21.13; Davi enquanto esteve na cidade de Saul, Gibeá

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(exemplo, I Sm 15.34): embora casado com a filha do experiências de Davi durante sua fuga e exílio. Visto
rei, ele sabia que era perseguido por homens que o deserto, no título mencionado, era na Judéia, isto
comissionados por Saul para assassiná-lo (I Sm 19.1 e é, ao oeste do rio Jordão, a primeira passagem de Davi,
9-18). A oração tem dois movimentos principais, vs.1- por ele, deve ter sido em meio de pressa e perturbação
10 e vs11-14, que demonstram certo paralelismo de (II Sm 15.28; 17.16). O valor essencial deste poema
pensamento. Cada qual consiste de duas partes, sendo reside em sua expressão de contínua comunhão com
que a divisão é demarcada pela palavra “Selá” (5,13). Deus, ainda que o salmista tenha sido cortado dos
Salmo 60 (um Lamento por causa da meios de graça exteriores e visíveis.
derrota) – O título associa este Salmo à guerra entre Salmo 64 (Conluio e Castigo) – Trata-se de
Davi e os siros da Mesopotâmia e de Zobá (este último, uma oração que solicita que os planos e conluios de
território entre Damasco e o alto Eufrates). Ver II Sm homens sem escrúpulo, que procuram derrubar
8.3-6. Evidentemente, enquanto as forças armadas de aqueles que são justos e piedosos, não apenas sejam
Davi estavam afastadas no nordeste, os inimigos feitos em vão, mas que provoquem a condenação de tais
hereditários de Israel – Edom e Moabe – invadiram o sul praticantes da iniqüidade.
de Judá. Foi feita uma brecha nas fronteiras nacionais Salmo 65 (Cântico de Louvor por causa
e a situação foi enfrentada com súbita apreensão. Davi da Colheita) – Embora intitulado Salmo e cântico de
mandou buscar Joabe para que cuidasse da Davi, este poema não pode ser facilmente associado
emergência (I Cr 19.6-9). Este Salmo transmite o senso com qualquer acontecimento correspondente em sua
de humilhação nacional resultando de um insucesso vida; talvez tenha sido feito seguindo seu modelo, ainda
militar completamente imprevisto. que composto mais tarde, possivelmente durante o
Salmo 61 (oração de um rei Exilado) – reinado de Ezequias, depois da retirada dos assírios
Um poema de solidão, parecido com o Sl 42 e (ver a referência ao templo, no v.4 – átrios). Em tais
provavelmente associado ao mesmo período de circunstâncias, a primeira boa colheita no período de
ausência forçada de Jerusalém, por causa de Absalão. alguns anos seria especialmente bem recebida (Is
Salmo 62 (Só Deus é meu Refúgio) – 37.30). A alusão a alguma preservação nacional do
Trata-se de um cântico de confiança, no qual o salmista assalto de poderes estrangeiros (simbolizados pelo
não pode encontrar palavras suficientemente profundas vocábulo mares, 7) parece referir-se à fracassada
e significativas para descrever a absoluta segurança e tentativa de Senaqueribe de capturar Jerusalém (Sl 46).
inalterável poder de Deus, que lhe é acessível (Sl Salmo 66 (Cântico de Libertação) – Este
18.1,2; 59.16,17). O poema provavelmente pertence ao Salmo, obviamente, foi composto para servir na
período da rebelião de Absalão. adoração pública a fim de celebrar algum livramento
Salmo 63 (Deus é minha Alegria) – De nacional, provavelmente a queda do exército assírio sob
conformidade com o título, este Salmo se originou nas o mando de Senaqueribe.

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Salmo 67 (Jubilate Deo) – Este cântico Apesar de não estar explicitamente associado a
festivo é considerado por alguns comentaristas como algum episódio da vida de Davi, quase certamente foi
um hino de louvor em tempo de colheita. Essa escrito para celebrar a transferência da arca do Senhor,
conclusão se baseia no v.6, mas, no total, tal suposição da casa de Obede-Edom para o novo tabernáculo que
parece improvável: menos é dito aqui sobre as colheitas Davi preparara para a mesma, no monte Sião (II Sm
feitas do que é dito em Sl 65.9-13 sobre a espiga que se 6.2-18).
desenvolve. Salmo 69 (Desespero transformado em
Este Salmo tange a todas as nações, todas as Louvor) – Este Salmo é paralelo ao Salmo 22; ambos
extremidades da terra (7), e a incomensurável bênção tratam do sofrimento não-merecido que em grande
com que Deus nos abençoará (6,7). Além disso, o ter parte se deve à perseverante lealdade a Deus. O tema
sido este Salmo inserido entre dois grandes hinos de também pode ser encontrado nos Sl 35, 44 e 109.
louvor público, cada qual com uma perspectiva Embora o título deste Salmo o atribua a Davi, ele não
excepcionalmente geral sobre as nações e a história, pode ser facilmente ligado a qualquer episódio
sugere que sua composição está enraizada em algum conhecido de sua vida.
fenômeno maior que a ocorrência de uma boa colheita. A experiência que jaz do pano de fundo do Salmo
O primeiro verso é um eco da bênção sacerdotal relembra o sofrimento de Jeremias (Jr 38.6). Note-se,
de Nm 6.24-26, e é bem possível que esta bênção fosse igualmente, as semelhanças com o terceiro capítulo do
pronunciada pelo Sumo Sacerdote antes que o povo Livro de Lamentações (exemplo v.2 com Lm 3.54; v.12
reunido respondesse com as palavras deste Salmo. com Lm 3.14; v.21 com Lm 3.15).
Os vs.3 e 5, portanto, parecem ser estribilhos, Salmos 70 (uma Oração urgente
entoados pela multidão, com ênfase especial, e as
pedindo Livramento) – Estes cinco versos são a
mesmas palavras talvez fossem repetidas após o v.7,
porção final do Sl 40,13-17 que foram deslocados para
pelo Sumo Sacerdote, quando ele concluía a extensa
serem usados separadamente nos cultos do templo
bênção (veja a dupla bênção em Lv 9.22,23).
associados às ofertas de manjares (ver o título, e o
Salmo 68 (um Hino Processional) – Este é título do Sl 38, e Lv 2.2). Algumas poucas palavras
um dos mais significativos hinos de triunfo de todo o foram alteradas aqui e acolá, e o nome de Deus,
Antigo Testamento. Seu dramático comentário a [Jeová?], algumas vezes foi alterado para “Elohim”.
respeito de um memorável acontecimento, sua larga Este fragmento foi colocado no saltério, nesta
perspectiva de pensamento e linguagem, seu espírito de altura, provavelmente como espécie de pós-escrito ao
fé invencível em Deus, e sua apresentação do passado Salmo 69, com o qual concorda em certo número de
histórico e do futuro contemplado, se combinam para pontos. Ambos se iniciam com uma nota de urgência,
tornar este poema uma das porções notáveis do ambos invocam julgamento contra os opositores da
saltério. justiça (Sl 70.2,32, confira com Sl 69.23-27), e ambos

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apelam a Deus à base de necessidade pessoal (Sl 70.5, a Asafe (Sl 73 a 83; veja o título do Sl 50), que foi um
confira com Sl 69.29). dos principais do tempo de Davi. Nem todos os salmos
Salmo 71 (a confiança de uma Fé deste grupo de onze podem ser atribuídos ao período do
madura) – Este Salmo não tem título, ainda que a reinado de Davi, e é muito provável que Asafe tenha
Septuaginta o atribua a “Davi”, aos filhos de Jonadabe, fundado uma escola particular de composição de
e àqueles que primeiramente foram levados cativos, o salmos (II Cr 29.30).
que parece ligá-lo com os primeiros anos do exílio (Jr O Salmo 73 trata do mesmo tema que o Salmo 37
35). Trata-se da oração de um homem idoso (9,19), e (ver também Sl 49 e 94). O problema é o da aparente
existe certa doçura e serenidade nela que é a inversão de moralidade e sucesso: na existência deste
característica de uma longa vida passada na mundo, os homens ímpios prosperam enquanto que os
dependência de Deus (5,17). Porém, não há indicação homens piedosos geralmente caem em sérias angústias
sobre a autoria, excetuando a familiaridade do escritor e necessidades.
com muitos outros salmos, especialmente os Sl 22.5,6; Salmo 74 (um Lamento devido à
31.1-3; 35.13, 14, e 19. destruição do Santuário) – Este é um dos
Salmo 72 (o Fundador ideal da Dinastia diversos agudos lamentos que foram expressos por
justa) – Se este Salmo (isto é, vs.1-17) foi realmente ocasião da destruição de Jerusalém e dos começos do
escrito por ou a respeito de Salomão é assunto incerto; exílio babilônico (Lm e Sl 79).
porém, em vista da anotação de pé da página, feita pelo Salmo 75 (“Deus é o Juiz”) –
compilador, no v.20, é bem possível que este poema Diferentemente do Salmo anterior, este poema não põe
tenha sido composto por Davi para a ocasião da em dúvida a bondade de Deus, mas antes, exulta em
entronização de Salomão (I Rs 1.30...). Sua soberania e equidade. Há um certo segundo plano
Muitas das expressões que nesta versão de calamidade (8), bem como um senso de livramento
aparecem com um sentido futuro ou profético (tempo de sério perigo recente.
verbal futuro empregado mais de trinta vezes) Quanto a esse particular, este Salmo é paralelo
igualmente poderiam ser interpretadas em sentido de aos Sl 46 a 48, e provavelmente pertence ao mesmo
desejo ou oração (isto é, no tempo verbal subjuntivo). período (Is 36,37).
Salmo 76 (um Cântico de livramento) –
3º LIVRO DO SALTÉRIO (SL 73-89) As mesmas circunstâncias por detrás do Sl 75 formam
o pano de fundo deste poema também: celebra uma
vitória sobre os inimigos.
Salmo 73 (o mistério da Prosperidade
Salmo 77 (a Base histórica da
da impiedade) – O terceiro livro do saltério (Sl 73 a
89) consiste quase exclusivamente de salmos atribuídos Esperança) – Este grito angustioso é lavrado em
termos de experiência pessoal, mas expressa
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obviamente um senso conjunto de perplexidade e Esses três aspectos da oração são entrelaçados
angústia. juntamente, por todo o Salmo, ainda que sejam
O Salmo nada fala sobre perigo, perseguição, salientados, cada um por sua vez, em suas três seções.
dificuldade, enfermidade, ou coisas semelhantes Salmo 80 (uma eleição por Israel) – A
(contrastar com Sl 143). A raiz dessa angústia, que semelhança entre este Salmo e o anterior (cfr. Sl 80.1
aflige o salmista, é simplesmente a contínua ausência com 79.13; 80.4 com 79.5; 80.6 com 79.4) é
de qualquer sinal de compaixão divina (7-9). compensada por uma diferente imagem e por um
Salmo 78 (a Mão de Deus na história) – diferente assunto. Provavelmente trata-se de uma
Este é um dos quatro grandes hinos nacionais no oração do reino de Judá a favor das tribos do norte no
saltério, enquanto que os outros são: Sl 105, 106 e 136. exílio, embora somente os descendentes de Raquel
Em cada caso o tema dominante é a experiência da sejam realmente mencionados (2). A Septuaginta
libertação de Israel da escravidão no Egito. adiciona ao título as palavras “concernentes aos
No Salmo 78 esse assunto parece excluir tudo assírios”.
mais, ainda que obviamente tenha sido composto Salmo 81 (Hino e Homília da Colheita) –
depois dos tempos de Davi (70). O propósito deste Este Salmo é tradicionalmente associado à festa judaica
Salmo, portanto, é repassar o princípio da história da dos Tabernáculos, embora alguns comentaristas o
nação a fim de que as gerações futuras possam ser liguem (com menor probabilidade) à Páscoa, baseando-
advertidas contra a repetição dos fracassos passados se na referência feita ao Egito, no v.5 Gittith (ver título).
(1-11; I Co 10.1-11; Hb 2.1-4; 3.7; 4.1; etc). Ver anotação introdutória ao Sl 8.
Salmo 79 (Jerusalém se torna um Salmo 82 (Juízes injustos impedidos
montão de Ruínas) – Este Salmo é companheiro do por Deus) – O primeiro versículo é sujeito a diversas
Sl 74 (ver introdução); mas, enquanto que aquele era interpretações: uma tradução literal seria: “Deus
um lamento por causa da destruição do templo, este (Elohim) está na congregação de Deus (EL); no meio dos
poema é uma elegia por um povo espalhado. Assim é juízes Ele julga”. “Congregação de Deus” pode significar
que, sendo eles teu povo e ovelhas de teu pasto (13) este qualquer assembléia convocada pelo Todo-poderoso (Mq
Salmo, necessariamente, toma a forma de uma oração. 6.1; Is 41.1) ou, mais particularmente, Israel (exemplo,
Seu apelo, solicitando restauração divina, se baseia em Nm 27.17; Js 22.16). “No meio dos juízes” talvez
três fundamentos: primeiro, a agonia e a angústia de signifique “No meio dos anjos”, isto é, uma comissão
Seus santos (2); segundo, a compassiva natureza e celestial perante a qual os tribunais de justiça terrenos
ternas misericórdias de Deus (8); terceiro, a ignomínia e são convocados. Porém, o restante deste Salmo parece
a desonra que as outras nações ligariam ao nome de indicar outra interpretação, a saber, Deus como
Deus se Ele deixasse desolados aqueles que são Seus supremo Juíz, no meio dos corrompidos governantes e
servos e representantes (10).

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juízes de Israel, a fim de repreendê-los e condená-los este Salmo tenha sido assim chamado por tratar-se,
(Ex 45.9; Am 5.12; Mq 7.3). quase completamente, de uma compilação de
Salmo 83 (grito de Socorro contra uma fragmentos tirados dos salmos davídicos e de outros.
confederação do Mal) – Israel geralmente corria Para qualquer adorador do templo, familiarizado
perigo devido a vizinhos armados e ambiciosos. Não com o primeiro e o segundo livros dos Salmos, esta
obstante, nenhuma aliança tão vasta de estados compilação deve ter sido extremamente rica em
adjacentes à Palestina, como a descrita nos vs.6-8, é associações de idéias. Principalmente, trata-se da
mencionada no Antigo Testamento. A maior expressão de uma alma devota que busca a comunhão
aproximação a uma tal situação foi a coligação contra asseguradora e a graça fortalecedora do Senhor
Jeosafá (II Cr 20.1-12). É possível que, ao apresentar . A petição por ajuda contra certos adversários
esse urgente apelo pedindo socorro, o escritor esteja (14) não enraíza necessariamente o poema numa
passando em revista ataques que foram lançados em particular situação histórica. Uma característica
diferentes ocasiões por diferentes nações. Talvez que notável deste Salmo é que cada petição é acompanhada
Jaaziel (II Cr 20.14) tenha sido o autor deste poema. por um motivo pelo qual a oração deve ser atendida.
Salmo 84 (Regozijando-se no Santuário) Salmo 87 (Sião, Mãe de todos os
– Diferentemente dos onze salmos anteriores, este traz homens) – Este curto Salmo é uma expansão do Sl
o título “para os filhos de Coré”. É companheiro do Sl 86.9. Talvez se tenha originado na situação histórica
42 (também para os filhos de Coré), e talvez tenha sido referida em II cr 32.23, mas é essencialmente profético
composto pelo mesmo autor. Mas, enquanto que o Sl (Is 2.2; 44.5; 66.23; Zc 2.11).
42 é um lamento por estar o autor exilado da casa de A visão de Sião como metrópole de um reino de
Deus, este é um cântico de alegria porque ao salmista âmbito mundial, governado por Deus, não deve ser
foi permitido reassumir sua adoração nas habitações do interpretada geograficamente e, sim, espiritualmente
Senhor dos Exércitos. (Hb 11.10).
Salmo 85 (uma Oração pedindo Salmo 88 (um Grito de Aflição) – Este
lamento é único no saltério, por causa da melancolia e
Reavivamento) – Quando os primeiros exilados
senso inabalável de miséria destituído até mesmo de
retornaram da Babilônia para a Judéia, sua excitação e
esperança. Contraste-se as conclusões dos Sl 22 e 31
júbilo foram esfriados pela pobreza e miséria da terra
com os vs. 15-18. Sua autoria é incerta. O principal
pátria (Ne 1.3). Este Salmo reflete os três pensamentos
músico levita , no tempo de Davi, era Hemã, neto de
dominantes dos homens piedosos que enfrentaram o
Samuel, e um homem sábio, na época de Salomão, era
trabalho e o labor da reconstrução.
conhecido pelo mesmo nome, veja (I Rs 4.31).
Salmo 86 (Volta-te para Mim!) – Embora Apesar de que o exílio talvez expresse a angústia
intitulado de Oração de Davi (Sl 72.20), é possível que nacional durante o exílio. Parece ser uma elegia feita

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por alguém que, à semelhança de Jó, foi prensado entre Moisés certamente se sentia cada vez mais
uma confiança inabalável em Deus, como a única fonte isolado em espírito, enquanto aqueles antigos membros
de sua salvação, e uma experiência intensamente da congregação iam deixando seus ossos no deserto.
perplexa, que parecia negar o fundamento de toda Salmo 91 (Refúgio para uma Alma
aquela confiança, veja tais experiências conforme divinamente orientada) – Este Salmo é
relatadas em II Rs 20.1-4; II Cr 26.21; Jr 38.6. geralmente considerado como acompanhante do
Salmo 89 (a firma Aliança de Deus e a anterior, cujo título pode ser aplicado a ambos. Em
angústia de Israel) – O último Salmo do terceiro apoio a essa relação, pode ser observado que ambos são
livro do saltério, pode ser considerado como um desenvolvimento da frase de Dt 33.27, e que a
companheiro do primeiro, o Sl 73. Ambos tratam de mensagem de segurança, mediante comunhão íntima
certas questões que o homem piedoso tem de entregar com o Senhor, no Sl 91, é o equivalente do tema da
nesta existência terrena. Por um lado, há o problema insignificância e desesperada necessidade, no Sl 90.
da prosperidade do ímpio (73), e por outro lado, há o O Salmo 91 começa com uma asseveração da fé
mistério de como Deus é fiel à sua Palavra, quando os humana (1) e termina com uma declaração da
acontecimentos parecem mostrar que Ele a aborrece fidelidade divina (14-16), em que o elemento impessoal
(89). é substituído por Deus, que dirige suas promessas
pessoalmente ao crente.
4º LIVRO DO SALTÉRIO (SL 90 – 106) Salmo 92 (um Hino sabático) – O título
lembra-nos que este Salmo era cantado todos os
Salmo 90 (Réquiem por uma Geração sábados, na adoração do templo, depois de os judeus
retornarem da Babilônia. Os Targuns atribuem-no a
desobediente) – O título apresenta Moisés como
Adão, na manhã do sétimo dia da criação, mas essa é,
autor. Isso faria com que este fosse o Salmo mais
obviamente, uma alusão metafórica. A associação
antigo do saltério. Note-se sua completa independência
deste cântico ao sábado provavelmente se deve ao seu
de alusões a outros salmos, como também a
espírito de alegre louvor e ao seu ponto de vista a
semelhança de linguagem e pensamento com Dt 33. O
respeito de um mundo livre de pecadores e praticantes
âmago do poema, vs 7-12, parece ter um fundo
da iniqüidade. Nesse último sentido, este Salmo pode
histórico definido – os três últimos meses das
antecipar o descanso sabático eterno, dos filhos de
vagueações de trinta e oito anos pelo deserto, quando a
Deus, que em sua plenitude ainda é algo futuro (Hb
geração adulta que saíra do Egito estava agora
4.9).
rapidamente desaparecendo (Nm 14.21-23; Sl 95. 8-11;
Hb 3.17). Salmo 93 (a Eterna soberania do
Senhor) – Este Salmo, que é uma expansão de Sl
92.8, é prólogo da grande antífona de louvor em Sl 95 a

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100. O conceito sobre o trono de Deus, estabelecido Salmo 97 (Envergonhados fiquem os


desde a eternidade (2), isto é, desde antes de haver que não servem a Deus) – Este majestoso Salmo
tempo, que sobrevive a todas as tentativas para abalá- expande o conceito de Deus como Rei universal,
lo, pelo que Ele permanece rei para sempre (Sl 29.10; conceito esse já em Sl 96.4 e 10. É um mosaico de
33. 13,14; 47), não é o mesmo como aquela crença que frases tiradas de outros salmos prefaciados (como é o Sl
o contempla a governar de Sião (Sl 24.46; 48.1,2; 99) com o exultante grito da entronização do Senhor.
68.16,17).
Salmo 98 (o Mundo inteiro invoca a
Salmo 94 (apelo por causa da demora do
Deus, o Rei) – Este Salmo tem início e fim com a
Juízo de Deus) – O tema deste Salmo é o secular mesma frase, como o Sl 96, e demonstra considerável
problema para reconciliar o que acontece no mundo semelhança com aquele de princípio a fim.
com a bondade e o poder de Deus. Sua relação para Em sua descrição sobre o livramento de Israel, do
com o Salmo anterior é demonstrado de dois modos: o domínio de outras nações, e sobre a jubilação de uma
tríplice protesto (94. 3,16 e 20) é feito à base da eterna criação aperfeiçoada, o salmista está realmente
soberania de Deus (Sl 93), e o gosto pela repetição de preocupado com a inter-relação entre Deus e o mundo.
frases é uma característica de ambos os poemas.
Salmo 99 (Cântico do privilégio
Este Salmo expressa primariamente a imediata
reação do homem natural à afirmação de fé, em Sl 93 e sacerdotal de Israel) – O alegre clamor da nação,
95 a 100. por ocasião da entronização de seu Rei, forma a frase
inicial deste Salmo, tal como do Sl 97. Também se
Salmo 95 (Louvai o Poder e a Paciência
encerra com um pensamento semelhante concernente à
do Criador) – Trata-se de uma descrição litúrgica da santidade do Senhor. O corpo do poema, entretanto,
aproximação de um grupo de adoradores que se dirigia segue o tema de Sl 95.
ao templo. Note-se como a voz de um sacerdote ou
Salmo 100 (Louvor pela permanente
profeta irrompe no fim do v.7. Quanto ao Senhor na
qualidade de a rocha (1), ver (Sl 89.26; 71.3; 62.2; Fidelidade de Deus) – Este é o mais curto dos
18.1). salmos do grupo, mas é o de visão mais ampla.
Excetuando o espírito de regozijo no culto e adoração
Salmo 96 (Regozija-te, ó Terra, pois teu
de Deus, os temas essenciais são: a soberania e a
Rei Vem) – A citação inicial é tirada de Is 42.10; todo unidade de Deus (Dt 6.4; I Rs 18.39).
este Salmo é virtualmente para a instalação da arca em O reconhecimento que Ele tanto nos criou e nos
Sião (I Cr 16.23-33). Seu nome (2); isto é, Sua auto- fez o que somos como também nos escolheu como Seu
revelação em Seus grandes atos, especialmente para rebanho (Is 43.1; Ef 2.10; I Pe 2.25).
com Israel.
Salmo 101 (o Ideal Davídico) – Este Salmo
de Davi apresenta os princípios sobre os quais ele

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tencionava agir durante seu reinado em Sião, cidade do comentário poético sobre o primeiro capítulo de
Senhor (8). A pureza de coração de sua própria parte (Sl Gênesis.
17.1-5; 26) não era bastante. Salmo 105 (Louvor a Deus pelo
Ele viu quão desejável era uma casa que fosse cumprimento de sua Promessa) – Este é o
perfeita, uma corte na qual não havia nada de perverso, segundo dos quatro grandes cânticos sobre a história
e um povo no qual fossem totalmente destruídos a de Israel (Sl 78, 106, 136). Trata do concerto de Deus
inveja, o orgulho, a ilusão e a falsidade. com Abraão, a respeito da terra de Canaã e repassa os
Salmo 102 (uma Oração do Aflito) – O acontecimentos que levaram à sua ocupação pelos
título afixado a este Salmo é peculiar devido ao fato que filhos de Jacó.
não fala em instrução musical, nem dá indicação sobre A ênfase, em todo o Salmo, recai sobre a
o autor, mas descreve apenas o caráter do poema e misericórdia e a fidelidade do Senhor, conforme
sua aplicabilidade a qualquer sofredor que deseje orar. declaradas em todas as suas maravilhas (2; cfr.v.5).
Devido à alusão à poeira de Sião e aos soluços dos Note-se a constante repetição de “ele” (por exemplo, “ele
prisioneiros, este Salmo pode ser atribuído, com fez”, “ele lembra-se”, “ele confirmou”, “ele chamou”,
considerável confiança, aos anos finais do exílio. etc). Os pronomes “ele”, “dele”, “seu”, etc., ocultos ou
O escritor escreve não apenas de sua própria não, ocorrem mais de quarenta ( 40 ) vezes nos vs.5-45.
experiência angustiosa, mas também como participante Salmo 106 (uma Saga de Pecados e
e representante das tristezas de seu povo.
Salvação) – Há certa semelhança com o Sl 78 no fato
Salmo 103 (em Louvor ao Deus de toda que este Salmo também descreve a história de Israel
Graça) – Este e o Salmo seguinte formam um duplo depois do êxodo, como uma série de alternâncias entre
hino de louvor. Cada um deles começa e termina com a a bondade e o poder de Deus e a infidelidade e a
frase Bendize ó minha alma, ao Senhor, e juntos cobrem fraqueza do povo escolhido.
as bases que deram origem a essa irrestrita adoração Hinos nacionais que tratam de pecados nacionais
ao Senhor. Visto que o poema mais longo e mais são excepcionais, e a composição e a preservação
descritivo trata do terreno físico objetivo, é colocado em destes dois Salmos podem ser atribuídos semente a
segundo lugar, depois daquele que trata do terreno uma esperança inesquecível e a uma fé irreprimível no
pessoal subjetivo. Deus da Aliança.
Salmo 104 (Louvor ao Deus de toda a Os últimos dois versos do Salmo são repetidos no
Criação) – Esta é uma das notáveis descrições feitas fim da antífona atribuída a Davi quando a arca foi
pelas Escrituras acerca da glória do mundo natural; transportada para Jerusalém (I Cr 16.35, 36). O v.48 é
alinha-se juntamente com Jó38, 39. Ver também Sl 8 3 uma adição a esses, pois é a doxologia que marca o fim
29; Hc 3. Este Salmo pode ser considerado como um do quarto livro do saltério (Sl 41, 72 e 89).

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referência a Edom, nos vs.9 e 10 é apropriada em vista


5º LIVRO DO SALTÉRIO ( SL 107-150 ) da ajuda dos edomitas a Nabucodonosor (Ob 8-12).
Salmo 109 (Maldição e Bênção) – Dois
Salmo 107 (O Cântico dos Redimidos) – salmos anteriores (35 e 69) se salientam em sua
O quinto livro do saltério, que é também o último, tem declaração sobre o grande tema “dos homens justos
início com um poema pertencente ao grupo sofredores” (Sl 22 e 40), mas o Sl 109 é mais franco que
retrospectivo ou histórico, do qual o Salmo anterior é ambos.
também um excelente exemplo. Os salmos históricos O título atribui o poema a Davi, e nada é
mais notáveis são 78, 105, 106, 135 e 136. Ver também conhecido a respeito de qualquer antagonista poderoso
porções de Sl 44, 68, 74, 77, 80, 81, 83, 89, 95-100, e injusto contra Davi, senão Saul e Doegue.
114. Todos esses (com exceção de Sl 83 e 89) olham As três seções principais são um apelo à ajuda
para o passado livramento de Israel da escravidão no divina, por causa de um ataque que inteiramente falso
Egito. O Salmo 107 pertence ao período pós-exílico e injustificável contra o salmista (1-5), uma maldição
imediato. Isso é subentendido pelos vs.2 e 3, extensiva invocada sobre certo homem que se vestira de
especialmente em vista de que a frase os redimidos do maldições (6-20), e uma oração pedindo a proteção
Senhor parece ser uma citação de Isaías (exemplo, 62. divina e o julgamento contra adversários (21-31).
12). Além disso, esses versos introdutórios estão Salmo 110 (Rei e Sacerdote para
obviamente relacionados à oração do Sl 106.47; isto é, sempre) – A autoria davídica e a inspiração divina
que a oração foi respondida. O povo fora salvo das deste Salmo são mantidas no Novo Testamento, onde é
nações e do meio delas foi reunido; portanto, pode dar mais freqüentemente citado que qualquer outro Salmo.
graças ao Seu santo Nome. Tinha uma significação messiânica no tempo do
Salmo 108 (Antífona de Vitória) – Este Evangelho (Mt 12.36; Lc 20.42) e depois lhe foi dada
Salmo foi composto de dois fragmentos mais antigos, a uma interpretação Cristológica (At 2.34, 35; I Co 15.25;
saber, Sl 57.7-11 e 60. 5-12; isso explica o título Hb 1.13; 5.6; 7.17, 21; 10.12,13).
‘Cântico e Salmo de Davi”. Evidentemente esses A exaltação de Cristo na qual Ele está “assentado
fragmentos eram reunidos para uso na adoração no à mão direita de Deus”, é freqüentemente referida
templo, presumivelmente depois do retorno do cativeiro. noutros lugares (Mt 26.64; Hb 1.3; 8.1; 12.2; I Pe 3.22).
Ambos os salmos originais estavam associados às Salmo 111 (a Obra do Senhor) – Este e o
deprimentes experiências na vida de Davi, mas, quem Salmo seguinte formam um par: ambos consistem de
quer que tenha compilado este Salmo selecionou dez versículos, e cada poema contém vinte e duas
apenas aquelas porções que expressam esperança, frases que são arranjadas como um acróstico, cada
confiança e fé no Senhor. Há diversas leves variações frase começando sucessivamente com as letras do
no texto, mas nenhuma de qualquer significação: a alfabeto hebraico.

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Além disso, em sua forma original, quase cada Nenhum acontecimento conhecido da
frase consiste de apenas três palavras hebraicas e em humanidade era mais apreciado, entesourado e
ambos os poemas os dois últimos versos contém três reverenciado em Israel que sua libertação do Egito:
frases e não duas, como no caso dos outros versos. incorporava sua eleição e expressava o grande poder de
Essas características apontam para uma origem Deus. Até mesmo na volta do cativeiro pôde ser
pós-exílica (Sl 119) e bem pouca dúvida pode haver que considerada como um evento secundário, uma
sua intenção era servir de prefácio ao grupo seguinte de repetição da experiência miraculosa anterior da nação.
salmos litúrgicos (113-118), conhecidos como o “Halel Salmo 115 (“Não a nós, Senhor”) – A
Egípcio”, assim como o Sl 119 pode ser considerado estrutura de antífona e os temas duplos desta série de
como um prólogo aos ‘Cânticos dos Degraus” dos salmos atinge seu clímax neste poema central. No que
peregrinos (Sl 120-134). diz respeito à sua estrutura é mais provável que a
Salmo 112 (o Caminho do Homem bom) primeira e a última porções do mesmo (1-8 e 16-18)
– O tema do verso final do Sl 111 é desenvolvido, e uma eram cantadas ou entoadas por um coro completo de
descrição sobre a vida de um homem temente a Deus é sacerdotes e, possivelmente, pela congregação também.
dada (Jó29 e 31), que obedece porque se deleita em A porção central (9-15) parece ter sido
obedecer (Sl 111.2). parcialmente cantada pelo chantre (9,11,14) e
A referência a uma bênção sobre seus parcialmente pelos sacerdotes (10) ou pela congregação
descendentes (2) é um eco da bênção abraâmica (Sl (15) ou por ambos (12,13); o cântico responsivo é
37;25,26; Pv 8.18; I Rs 3.13) confrontar com v.3. Sua mencionado em Ed 3.11.
justiça (3) permanece porque pertence ao Senhor (Sl Salmo 116 (‘Não a mim, ó Deus”) – A
111.3; 24.5), e a luz que brilha sobre ele (Sl 34.5) lhe inclusão deste cântico peculiarmente pessoal, num
proporciona os atributos mesmos de Deus (note-se II grupo de salmos litúrgicos, aponta para a natureza
Co 3.18; 4.6; cfr At 7.55...). essencialmente interna da adoração oferecida por
Salmo 113 (Louvai a Deus) – A estrutura indivíduos que são impulsionados pelas suas próprias
deste Salmo é como segue: Que todos os homens experiências.
(sempre e em todos os lugares) louvem ao Senhor que O autor desconhecido de Sl 116 fala de um tempo
está nas alturas. Quem é como o Senhor nas alturas, de enfermidades e desânimo severos, do qual foi tirado
em todas as raias da experiência (pobreza e realeza) que pelo Senhor. Ele estava bem familiarizado com os
produzem as gerações de homens? salmos davídicos, especialmente o Sl 18.
Salmo 114 (Cântico do Êxodo) – A Salmo 117 (todas vós, Nações) – Esta
estrutura de antífona que provavelmente se encontra doxologia é paralela ao Sl 100. Seu lato escopo
no Salmo anterior se encontra inequivocamente neste contrabalança a oração individual de Sl 116. Todas as
breve e belo poema do êxodo. nações; isto é, todos os gentios, cada um (note-se Rm

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15.11). Grande para conosco; “tem prevalecido e tem-se de ação; preceitos (piqudim), regras particulares de
provado poderoso a nosso favor”. conduta.
Salmo 118 (sua Misericórdia dura para A vontade de Deus não é tanto observada e
Sempre) – Este hino, que expressa o júbilo descrita como é expressa, e essa expressão se deriva de
escessional entoado por diversas vozes. Os vs.19, 20, uma rica experiência. A vida do salmista é apresentada
26, 27 apontam para um grupo festivo que se como entrelaçada com a verdade, irrespectivamente de
aproximava das portas do templo bem como para uma seu sentimento.
subseqüente entrada no átrio dos sacerdotes até Não se sabe quem escreveu este poema, embora
defronte do altar das ofertas queimadas. O motivo pareça haver diversas alusões pessoais nele.
dessa festividade não pode ser precisamente Provavelmente foi escrito por um íntimo aderente de
determinado, mas parece corresponder às celebrações Esdras, o escriba. Entretanto, não é um Salmo
particularmente jubilosas descritas em Ne 8.13-18, principalmente biográfico, nem seu comprimento dá a
quando o regozijo, que era costumeiro, por ocasião da entender uma seqüência cronológica de sentimento.
festa dos tabernáculos, foi intensificado pelo sucesso da Salmo 120 (livra minha Alma) - A oração
comunidade sobre os samaritanos, ao completarem os solicitando alívio foi motivado por uma atmosfera
muros da cidade de Jerusalém (Ne 6.16). generalizada de inverdade e enganos; trata-se do grito
Salmo 119 (Amor pelo Senhor e sua Lei) de um homem (ou de uma comunidade) que está
espiritualmente exilado e que se sente como a Verdade
– Este extraordinário poema é uma meditação
se sentiria em meio a uma sociedade de mentirosos e
elaborada, engenhosa e apaixonada sobre a lei do
perjuros (Jo 8.43-46)
Senhor. Essa lei não deve ser confundida com qualquer
código legal. O termo hebraico é torah [ ‫] הרות‬, que
Salmo 121 (Deus, meu ajudador) – Este
cântico implica numa situação de incerteza, mas
significa, principalmente, “instrução” ou “ensino”.
qualquer possibilidade de perigo é contrabalançada
Equivale aqui à vontade de Deus conforme conhecida
pela confiança ilimitada e indubitável no poder e na
por Israel.
vigilância do Senhor. Os primeiros versos deveriam ser
É dominada pela figura de Moisés, mas não
lidos: “Elevarei meus olhos para os montes”, isto é, em
confinada a seus ensinamentos originais. O Salmo tem
redor de Jerusalém (Sl 125.2), como uma sentinela que
um padrão acróstico; cada uma das vinte e duas letras
está vigiando por causa de um perigo possível: “De
do alfabeto hebraico aparece como letra inicial de oito
onde me virá o socorro?” E então segue-se a resposta
versos sucessivos, perfazendo 176 versos ao todo. A
confiante: “ O meu socorro vem do Senhor, que fez
característica principal, entretanto, é a melodiosa
montes e tudo mais”.
repetição de oito sinônimos da vontade de Deus, a
saber: LEI, a TORAH; testemunhos, os princípios gerais Salmo 122 (a Casa de Deus) – Esta
saudação à cidade de Sião é melhor compreendida se

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for considerada como tendo sido proferida dentro do Trata-se de uma declaração, em meio às
recinto do templo. O poema expressa um senso de dificuldades temporais, da realidade e da relevância do
cumprimento, tanto pessoal como coletivo, o clímax de reino invisível onde Deus se encontra e pratica o bem.
uma peregrinação, e da finalidade inseparável dos Este Salmo foi composto em Jerusalém, durante
propósitos de Deus na casa de Deus e na casa do algum período de inquietação e tédio. Evidentemente
Senhor. essa situação havia vencido muitos dos desanimados
As palavras de Davi no título, não aparecem na entre os membros da comunidade, pelo que se voltaram
Septuaginta, nos Targuns, e em muitas versões antigas. para fazer como faziam outros obreiros da iniqüidade, e
Salmo 123 (Sê gracioso para conosco) – seriam impelidos para um julgamento semelhante ao
Nenhum dos salmistas se assentou na roda dos daqueles.
escarnecedores (Sl 1.1), mas em muitas de suas Salmo 126 (Semeando e colhendo) –
orações demonstraram estar bem conscientes da Cada grupo de três cânticos (excetuando o último
sociedade de homens orgulhosos e arrogantes. grupo) é introduzido por um lamentoso poema. Este é
A humilhação dos piedosos, pelos pecadores, é notável porque dele fazem parte o riso, a alegria, o
um tópico freqüente no saltério (Sl 17.10,11; 22.6-8; regozijo e o cântico em caráter proeminente, ainda que
35.19-26; 44.13-16; 69.4-12; 102.3-10). o poema, como um todo, transmita um senso de choro
Salmo 124 (um Cântico de Livramento) mesclado com desilusão.
– Este Salmo é uma série de quadros a apresentar Certamente pertence ao período quando o
livramentos do perigo. Pode referir-se à primeira reação cativeiro babilônico havia terminado e as esperanças
dos exilados em vista das notícias que os judeus dos fiéis tinham crescido quase até o êxtase, ao
tinham recebido permissão de voltar, ou em vista da preverem o mundo inteiro maravilhado por causa da
derrota final de Sambalate e Tobias, quando a admirável operação do Senhor.
restauração da cidade e do templo foi consumada (Ne Salmo 127 (Cântico do trabalho e da
6.15,16), ou em vista de algum outro alívio de uma família) – Muitos declaram que este Salmo é
grande ameaça, tal como o livramento, no tempo de composto, isto é, trata-se de dois salmos reunidos em
Ezequias, quando Senaqueribe levantou o cerco de um só. Os temas, nas duas porções, são certamente
Jerusalém (Is 37.33...) diferentes, pois os v.1 e 2 falam da indispensável
Salmo 125 (Permanente Segurança) – necessidade do favor de Deus, enquanto que os v. 3-6
Uma profunda convicção de segurança e do inalterável falam das bênçãos de uma numerosa família. Porém,
poder e fidelidade do Senhor busca expressão neste mesmo que originalmente estivessem separados,
cântico. quando assim reunidos se adaptam como uma
unidade.

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O Salmo exala o espírito de trabalho árduo e de Salmo 132 (o Juramento de Davi e o


consciência social, o que é característica de todos os Juramento do Senhor) – Este cântico é diferente
estabelecimentos pioneiros. dos cânticos anteriores dos degraus, não meramente
Salmo 128 (as recompensas de uma quanto à sua extensão, mas em seu apelo a dois
vida Piedosa) – Este Salmo se divide em duas concertos históricos e em seus temas de tabernáculo e
partes, descrevendo as bênçãos do homem temente a trono.
Deus, primeiramente em seu trabalho e lar (1-3) e Salmo 133 (As bênçãos de irmãos
então na prosperidade nacional e da família (4-6). habitando em União) – Este é um poema sobre
Se o retorno dos exilados vindos da Babilônia simpatia comunal e gentileza fraternal. É usualmente
podia ser considerado como um segundo êxodo do Egito assumido que a habitação conjunta, aqui falada, se
(Sl 124), assim também o restabelecimento na Judéia refere ao ajuntamento do povo nas primeiras
podia ser tomado como uma repetição da reocupação, festividades.
por Noé, de um mundo destroçado. Portanto, o tema
Salmo 134 (uma saudação sob oração e
deste cântico é a bênção sobre aqueles que emergiram
de seu cativeiro na arca: (“Frutificai e multiplicai-vos e graciosa resposta) – Esta doxologia encerra o
enchei a terra” (Gn 9.1,7). saltério em miniatura dos Cânticos dos Degraus (Sl
150). Os dois primeiros versos (entoados pela
Salmo 129 (a aflição de Israel e o
congregação que se retirava) são uma bênção sobre os
desbaratamento de seus inimigos) – Não existe poucos sacerdotes e auxiliares que permanecem no
indicação sobre um evento histórico específico nesta templo durante a noite (I Cr 9.33).
“ladainha da aflita Israel”. As frases introdutórias
Salmo 135 (Bendizei ao Senhor) –
abrem uma perspectiva que recua até à escravidão no
Embora esta antífona não esteja incluída na antologia
Egito (“desde a minha mocidade”; cfr Os 11.1) com suas
anterior de cânticos empregados pelos peregrinos que
chicotadas dos superintendentes (Êx 3.7; 5.14; 6.9).
jornadeavam até Jerusalém, ela tem uma óbvia
Salmo 130 (tirado das Profundezas) – associação com os Cânticos dos Degraus e com outros
Este Salmo se divide em duas partes: a oração baseada salmos de louvor coletivos.
na misericórdia de Deus (1-4) e a fé expectante Pode ser considerado este Salmo como uma
vivificada pela espera em Deus (5-8). expansão do cântico final do grupo, pois o Sl 134 é
Salmo 131 (treinado na Humildade) – virtualmente repetido nos vs.1,2 e 21.
Este hábito de verdadeira humildade tem alguma Salmo 136 (Misericórdia e Majestade) –
semelhança com o Salmo anterior no fato que é Tal como o Sl 135 é um desenvolvimento da conclusão
intensamente pessoal excetuando o verso final, onde do Sl 134, assim também o Sl 136 pode ser considerado
Israel é mencionado.

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como resposta a Sl 135.19,20. Realmente os dois


salmos estão mui intimamente relacionados. Salmo 142 (“Deus seja comigo”) – A referência à
Salmo 137 (Jerusalém, Edom e caverna (ver título) pode ser comparada com a
Babilônia) – Este lamento, a princípio pungente mas referência no título do Sl 57. “Masquil” provavelmente
finalmente indignado, expressa a reação dos exilados se refere a um tipo de acompanhamento musical.
judeus quando retornaram esperançosamente a Sião, Os tempos verbais, em todo este Salmo, estão no
na primeira leva, somente para ficar chocados com sua presente e não no passado, como aparecem nesta
condição de desolamento. versão.
Salmo 138 (Cântico de Ação de graças) – Salmo 143 (“Senhor, ouve a minha
Os oito poemas, de 138 a 145, são intitulados de Davi, Oração”) – Há uma íntima semelhança em
mas a sua autoria não é perfeitamente clara. A sentimento e fraseado entre este Salmo e o Salmo
Septuaginta adiciona “de Ageu e Zacarias” ao título do anterior. Há um considerável empréstimo de outros
Sl 138, o que sugere uma revisão no período da salmos, especialmente nos vs. 5-9.
restauração. Salmo 144 (do perigo para a
Salmo 139 (Independência ou Prosperidade) – Este alegre hino contém um grande
identificação) – Este é um dos mais lindos poemas número de frases derivadas de outros salmos. É
do saltério; é notável tanto teológica como davídico quanto ao estilo; mas, embora o título, dado
psicologicamente. Sua estrutura literária é simples, na Septuaginta, associe o cântico com a derrota de
quatro estrofes de seis versos cada. Porém, o padrão de Golias, existe pouca evidência interna para sustentar
pensamento é mais complexo ser assemelhado a uma tal período.
parábola, pois há um movimento de ida e volta; a lenta Este Salmo conta com duas partes principais: a
crise ocorre no centro do poema e a conclusão inverte o primeira, que é a mais extensa, é um cântico composto
início. de louvor e perigo. A nota dominante no Salmo inteiro é
Salmo 140 (Livra-me dos iníquos) – Esta de alegria.
oração pedindo proteção divina contra inimigos Salmo 145 (em Louvor a Deus, o Rei) –
maquinadores tem muito em comum com o espírito dos Este Salmo é um prefácio ao grupo final de salmos que,
Sl 58 e 64, e pode ter sido composto com aqueles juntos, constituem a grande conclusão do saltério
modelos davídicos em mente. interiro. O exuberante louvor deste poema é paralelo à
Salmo 141 (Dedicação à Retidão) – Esta é bênção geral de Sl 150.
uma oração solicitando fortaleza de propósito em meio Salmo 146 (Deus é meu ajudador) – Aqui
às dificuldades. O salmista sente que está em perigo o salmista dedica sua vida inteira (durante a minha
devido a forças ocultas que fogem a seu controle.

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vida... enquanto eu viver) ao louvor ao Senhor (2; cfr Sl O louvor é oferecido em primeiro e em último
104.33). lugar a “JÁ” nome esse que aparece na última sílaba do
O principal estímulo para essa ação é a futilidade termo “Aleluia”, mas que nesta versão aparece como
de confiar em qualquer homem que porventura esteja louvai ao Senhor, JÁ é o Deus que fez aliança com Israel
em posição de ajudar. (Sl 68.4; Êx 6.3).
Salmo 147 (Deus de Amor e Poder) – As
exortações para que se louve ao Senhor, nos vs.1, 7 e O LIVRO DE PROVÉRBIOS
12, indicam três aspectos de Sua glória. Embora os
louvores do salmista comecem e terminem no terreno INTRODUÇÃO
da vida humana, especialmente de Israel (vs.2, 3, 19, Estão lembrados do que o Rei Salomão escolheu
20), preocupam-se principalmente com a atividade de quando, em sonhos, o Senhor lhe perguntou o que mais
Deus na dimensão inteira da ordem natural. desejava no mundo? Desejava ele “um coração sábio e
Salmo 148 (Céus e Terra, louvai ao compreensivo”. Deus lhe concedeu esse desejo. E, por
Senhor) – Este hino desenvolve e estende diversas causa da sua fama de grande sabedoria, a tradição
idéias do Salmo anterior. A associação da palavra judaica veio a considerar Salomão como o autor do Livro
divina, enviada como neve, ainda que nutrindo a de Provérbios, que é um livro de sabedoria e um
semente (Sl 147.15 e 8), com a subseqüente jubilação coletânea de sentenças dos sábios. Todavia, neste
de montanhas e florestas (148.8,9), se encontra mesmo livro vemos que outros – Agur, o Rei Lemuel, os
também em Is 55.10-13. homens de Ezequias – também escreveram e reuniram
Salmo 149 (Tua é a Glória e o Poder) – O muitos conceitos.
quarto poema deste grupo de cinco desenvolve o tema Na verdade, sempre houve, em Israel, homens
estabelecido no fim do Salmo anterior. Porém, este sábios, e o povo judeu sempre deu muito valor à
Salmo se distingue dos outros devido a sua nota de sabedoria.
vitória e pela sombra de uma condenação estendida
sobre as nações. O LIVRO
Salmo 150 (Louvor Supremo) – Não se O Livro de Provérbios responde a algumas
sabe se esta esplêndida doxologia foi escrita perguntas importantes e dificílimas: como deve uma
especialmente para marcar o fim do saltério, ou se já pessoa praticar sua religião nas atividades diárias em
tinha uma existência prévia e independente. Seus doze casa, na escola, no mercado? Como cumprir suas
“Halel” (louvores) refletem a unidade das tribos de obrigações para com as crianças, os pais e os vizinhos?
Israel, e a única frase que não é precedida por essa Como vencer as tentações da vida quotidiana?
palavra (vs.6) é a última e a mais compreensível de Acreditavam os homens de Israel que a sabedoria vinha
todas.

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de Deus, a fim de auxiliar a Humanidade a escolher contrastes. Especialmente dignos de nota são os
entre uma conduta certa e uma errada. capítulos 10-15, onde quase todo versículo distingue-se
Um provérbio é um volume considerável de pela palavra “mas”.
sabedoria, primordialmente reunido numa linguagem Na primeira seção, os capítulos 1-9, também
atraente, e que diz muito em poucas palavras. “Um foram empregados contrastes – entre o bem e o mal. O
passo dado a tempo, vale por nove” é um provérbio bem bem nesta seção está indicado por diversas palavras –
conhecido. Seriam necessárias muitas frases para sabedoria, instrução, entendimento, justiça, juízo,
explicar sua rica e útil sabedoria. equidade, conhecimento, discernimento, saber,
O Livro de Provérbios está repleto de sentenças conselhos – mas especialmente sabedoria, que aparece
instrutivas, escritas durante séculos por sábios homens dezessete (17) vezes nesta porção e vinte e duas (22)
de Israel (na Inspiração do Espírito Santo, é claro). vezes no restante do livro.
Esses homens sábios eram profundos Peculiar a esta seção de Provérbios é a
observadores da vida. Nos provérbios, empregaram personificação da sabedoria como se fosse uma mulher.
humor e amável crítica. Gostavam de estabelecer o Pela primeira vez aparece em Pv 3.15. Provérbios 7.4
contraste entre o sábio e o tolo, o rico e o pobre, o abre o caminho à personificação: “Dize à sabedoria: Tu
ocioso e o diligente. Condenavam o orgulho, a ira, o és minha irmã”. Ela se completa nos capítulos 8 e 9,
furor, o egoísmo e a ambição. Louvavam a confiança no onde a Sabedoria convida os tolos a a participarem de
Senhor, e a obediência aos pais, o controlar a língua, a sua festa. Só em Provérbios e só nesta primeira parte a
caridade, a honestidade e o bom caráter. sabedoria foi assim personificada.
Os provérbios aqui encontrados são apenas um É essencial à compreensão desta primeira parte
punhado dentre muitas centenas. Foram organizados que se reconheça esta personificação. Considerando
em torno de idéias, como o amor à sabedoria, deveres que “sabedoria” em hebraico é um substantivo
para com a família e para com aqueles com quem feminino, é natural e prontamente personificada em
convivemos diariamente, e as atitudes segundo as uma mulher. Mais do que isto, o autor aqui contrasta a
quais deve um bom cidadão da comunidade pautar sua “sabedoria”, uma mulher virtuosa, com a prostituta, a
vida. No entanto, neste livro [Provérbios] os provérbios mulher estranha. E tal como a sabedoria representa
não estão dispostos dessa maneira. Ali, são como todas as virtudes, provavelmente a mulher estranha
montes de jóias cintilantes dentro de uma arca de tipifica e inclui todo o pecado.
TESOURO, cada qual espargindo seu próprio brilho. O contraste é estudado e artístico. A Sabedoria
clama nas ruas (8.3). Seu convite é: “Quem é simples,
OS SEUS ENSINAMENTOS (Doutrina) volte-se para aqui” (9.40. Em contraste, a mulher tola,
A essência do Livro dos Provérbios é o ensino da que convida às águas roubadas e cujos convidados
moral e dos princípios éticos. A peculiaridade deste estão nas profundezas do inferno (9.17, 18), faz um
livro é que ele ensina principalmente por meio de convite idêntico: “Quem é simples, volte-se para aqui”
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(9.16). A Sabedoria chama os simples a abandonarem o prudência comum, mas sim, baseada no temor do
pecado; a prostituta os chama à indulgência para com Senhor (1.7).
ele. Esta seção, Provérbios 1 a 9, contrasta portanto o Podemos assim, resumir o seu tem: sabedoria
pecado com a justiça. As palavras “sabedoria”, prática, tendo como fonte e base o caráter religioso. “O
“instrução, “entendimento”, etc., através de toda esta temor do Senhor é o princípio do saber”.
passagem, não se referem simplesmente à inteligência
e capacidade humanas; mas antes contrastam com AUTORES
aquilo que é mau. O próprio Salomão escreveu a maioria dos
A sabedoria conforme usada aqui é portanto uma provérbios (I Rs 4.32; Ec 1.13; 12.9). Da referência em
qualidade moral. Deve-se notar que este é um uso certos lugares às “palavras do sábio”, crê-se que além
especial. Na maior parte do Velho Testamento, a de seus próprios provérbios, Salomão tenha
sabedoria é simplesmente capacidade ou sagacidade. colecionado alguns conhecidos no seu tempo,
Até no Eclesiastes, onde a sabedoria também foi incorporando-os aos seus.
enfatizada, é apenas inteligência humana e, portanto, Os provérbios dos últimos dois capítulos foram
foi colocada ao lado da loucura como vaidade (Ec 2.12- escritos por Agur e Lemuel, autores que a Bíblia não
15). Só em Jó28 e em certos salmos (37.30; 51.6; menciona em outra parte.
91.12; 111.10) é que se nota o conceito proverbial da
sabedoria. Mesmo a sabedoria pela qual Salomão se CONTEÚDO
tornou famoso nos livros históricos não era exatamente -Damos a seguinte análise:
esta sabedoria. Ele ficou famoso por sua capacidade na I - Um discurso sobre o valor e a aquisição da
ciência natural (I Rs 4.22), na jurisprudência (I Rs verdadeira sabedoria (Pv 1-9)
3.16-28) e por sua grande inteligência (I Rs 10.1-9). II - Provérbios intitulados “Os Provérbios de
Provérbios acrescenta ao conceito da acuidade Salomão” (Pv 10.1-22.16)
mental a retidão moral, a única que dá mérito à III - Admoestações reiteradas sobre o estudo da
inteligência. sabedoria intituladas “As palavras dos sábios” (Pv
22.17-24.34)
TEMA IV - Provérbios de Salomão colecionados pelos
O Livro de Provérbios é uma coleção de homens de Ezequias (Pv 25-29)
expressões curtas e concisas que contém lições morais. V - As instruções sábias de Agur aos seus
O propósito do livro é declarado logo no princípio, a discípulos, Itiel e Ucal, e as lições ensinadas ao
saber: dar sabedoria aos jovens (Pv 1.1-7). É o livro rei Lemuel por sua mãe (Pv 30,3l)
prático do Antigo Testamento, que aplica os princípios
de justiça, pureza e piedade à vida diária. A sabedoria O LIVRO DE ECLESIASTES
ensinada em Provérbios, não é meramente carnal, ou
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muitas recompensas. Além disso, se cumprirmos com a


INTRODUÇÃO nossa obrigação à medida que surge, Deus não nos
Quando as coisas não saem como desejamos, e faltará, pois Ele é bom.
ficamos desapontados, muitas vezes é aconselhável “Teme a Deus”, aconselha, “e guarda os seus
exercitar a paciência e decidir tirar o melhor partido mandamentos; pois este é todo o dever do homem”.
das limitadas oportunidades que a vida oferece. Isso,
pelo menos, é o que nos ensinaria o sábio Livro de O LIVRO
Eclesiastes. Em hebraico, o Livro de Eclesiastes é chamado
A maior parte da Bíblia revela uma atitude alegre, Kohelet, que significa “O Pregador”. Supõe-se que o Rei
prazenteira, confiante em relação à vida. Entretanto, o Salmomão o tenha escrito na sua velhice (Ec 1.12).
Livro de Eclesiastes é triste e infeliz, por vezes até “Eclesiastes” é lido na Sinagoga na Festa dos
fúnebre. Seu autor foi um homem amável e bondoso, Tabernáculos (Sucot), festa da colheita, ocasião de
grandemente intrigado e perplexo com o que lhe alegria e felicidade para os judeus, como para recordar
acontecia. Como Jó e muitos outros, aturdia-se diante em meio aos prazeres físicos, da gravidade da vida.
do mistério da vida. Nem o prazer, nem a riqueza, nem Talvez que a sua leitura tenha sido, também, sugerida
a sabedoria lhe traziam permanente satisfação. pela estação do ano, pois os homens se sentem
Cansou-se de tudo. inclinados à melancolia, quando chegam os dias
Nada no mundo parecia torná-lo inteiramente cinzentos e tristes do outono, quando as folhas caem
feliz. E resumiu todo o seu desalento em palavras que das árvores, os dias ficam mais curtos, e o ano
ficaram imortais – “Vaidade de vaidades, tudo é envelhece, fatigado, para logo morrer nas neves do
vaidade”. Ou seja, tudo parece vão e despido de real inverno. Mas passados esses dias, voltará a primavera.
valor; nada vale verdadeiramente a pena. Como diz
Eclesiastes, todo o esforço é “só correr atrás do vento”. CONTEÚDO
Todavia, Eclesiastes não foi um homem sem
religião. Esse bondoso filósofo judeu tinha úteis I - A Futilidade do prazer e da sabedoria humana (1,2)
conselhos a dar aos seus semelhantes igualmente II - A felicidade terrestre, seus obstáculos e meios de progresso
(3-5)
desiludidos. Por isso, os sábios (judeus) incluíram o seu III - A verdadeira sabedoria e prática (6.1-8.15)
livro no Cânon das Escrituras, embora alguns não o IV - A relação entre a verdadeira sabedoria e a vida do homem
quisessem. Em poucas palavras, este é o conselho que (8.16-10.20)
nos dá Eclesiastes: Freqüentemente, podemos ficar V - Conclusão (11.1-12.14)
decepcionados e até sofrer com o que nos acontece. Ao ler o Eclesiastes o aluno encontrará muitos
Com efeito, talvez não compreendemos o que nos ensinamentos sábios; e muitos que contrariam as
revoltar, nem ficar desanimados. Devemos aproveitar a doutrinas da Bíblia (Leia 1.5; 2.24; 3.3, 4, 8, 11, 19, 20;
vida enquanto a temos, pois a vida é boa e oferece 7.16, 17; 8.15). Deve recordar-se que o livro é o registro
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Os livros Poéticos Os livros Poéticos

inspirado das palavras não inspiradas do homem felicidade (6.1,2), porque mesmo aqueles que possuem
natural, arrazoando sobre experiências humanas e a riquezas, não alcançam o gozo verdadeiro e duradouro
providência divina. (vv 1-6), e nunca escapam do sentimento de sua
Da mesma maneira a Bíblia contém muitas futilidade e da incerteza do futuro (vv 7-12).
palavras proferidas pelos ímpios. As palavras não A verdadeira sabedoria consiste no desprezo do
inspiradas, mas o registro delas é inspirado. mundo e das vãs concupiscências (7.1-7), num espírito
A Futilidade do Prazer e da Sabedoria quieto e resignado (vv 8-14) e num fervoroso temor de
Humana (1,2) – Em 1.1-3, Salomão estabelece o Deus e sincero reconhecimento do pecado (vv 9-15).
tema de seu discurso: a futilidade de todos os esforços Esta sabedoria deve ser conservada apesar das
humanos. Todo esforço é vão, porque o espírito que concupiscências mundanas (7.23-29), apesar das
investiga os segredos da vida não está satisfeito. tentações de deslealdade e rebelião (8.1-8), e apesar das
Os homens vêm e vão sem descobrir a solução opressões e injustiças (vv 9-15).
dos problemas da vida, mas o mundo continua a existir A Relação entre a Verdadeira Sabedoria
com os seus mistérios não resolvidos. (1.4-18). e a Vida do Homem (8.16-10.20) – A maneira de
A Felicidade Terrestre, seus Obstáculos Deus tratar o homem Às vezes é misteriosa (8.16-9.6),
e Meios de Progresso (3-5) – Salomão argumenta mas isso não deve impedir que o sábio tome parte ativa
que, a fim de alcançar a felicidade, o homem deve na vida; antes, ele deveria gozar da vida e usá-la de
regozijar-se nos benefícios dela e fazer o devido uso reto uma maneira proveitosa (9.7-10). Embora o resultado
desses benefícios (cap 3). do trabalho humano seja às vezes incerto, o homem
Na melhor das hipóteses, a felicidade humana é não deve desanimar na procura de sabedoria (vv 11.16).
limitada, porque todas as ações e todos os esforços Na presença da insolência, orgulho e violência de
humanos são restritos por uma lei superior e insensatos afortunados, o sábio deve conservar a sua
inalterável, e dependem dela. Em outras palavras, tudo paz espiritual por meio do silêncio e modéstia (9.17-
o que acontece, seja bom ou mau, tem de acontecer, 10.20).
porque todas as coisas têm o seu tempo. Conclusão (11.1-12.7) – Depois desses
O homem não pode alterar essa ordem; assim raciocínios, alguns verdadeiros, outros parcialmente
sendo, deve submeter-se a ela extraindo da vida toda a verdadeiros e outros falsos, Salomão tira suas
felicidade possível (vv 1-15). A felicidade humana está conclusões, que representam o melhor que o homem
restrita por causa da ignorância humana acerca das natural consegue obter, à parte da revelação, na
coisas da vida futura. procura da felicidade e do favor de Deus. São as
A Verdadeira Sabedoria e Prática (6.1- seguintes:
 A fidelidade na benevolência e na vocação (11.1-6);
8.15) – A verdadeira sabedoria não consiste em  Gozar desta vida de uma maneira tranqüila e feliz (11.7-10);
esforçar-se para descobrir as fontes terrestres da
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Os livros Poéticos Os livros Poéticos

 O temor de Deus para jovens e velhos, em vista de um juízo em Deus, à confissão de culpa, ao grito de
vindouro (12.1-7); arrependimento, e à oração de esperança de que, um
 O temor de Deus e a observância dos seus mandamentos
dia, Israel poderia voltar à sua herança ancestral.
(12.13, 14).
O Livro das Lamentações é lido na Sinagoga no
Nono dia do mês de Ab (Tishah b’Av), dia em que, de
O LIVRO DE CANTARES acordo com a tradição, o Primeiro e o Segundo Templos
foram destruídos.
INTRODUÇÃO
O poderoso exército da Babilônia invadiu a TÍTULO
Palestina no ano 586 A.C., e seu comandante, o O nome deste livro na Bíblia hebraica é “Cântico
Imperador Nabucodonosor, tomou e saqueou dos Cânticos” chamado evidentemente assim, pelo fato
Jerusalém, incendiou o Templo, matou a flor da de ser este cântico o principal de todos os Cânticos de
mocidade judia, e levou os chefes, os sacerdotes, os Salomão (I Rs 4).
príncipes e os mais destacados cidadãos para o que
veio a ser conhecido como o Cativeiro na Babilônia. TEMA
Os que ficaram na terra desolada suportaram Cantares de Salomão é uma história de amor,
terror, vergonha, miséria e morte. que glorifica o amor puro e natural e focaliza a
O Livro das Lamentações consiste em poemas de simplicidade e a santidade do matrimônio.
dor e de tristeza por causa da destruição de Jerusalém. O significado típico desta história pode inferir-se
Esses poemas tristes são chamados elegias, ou do fato de que sob a figura da relação matrimonial se
endechas, ou lamentos . O Livro das Lamentações descreve o amor de Deus para com Israel (Os 1-3; Is
contém cinco desses poemas, que descrevem as 62.4), e o amor de Cristo para com a Igreja (Mt 9.15; II
desgraças, as calamidades e as aflições por que o povo Co 11.2; Ef 5.25; Ap 19.7; 21.2).
judeu passou quando sua Cidade Santa foi destruída. Sugere-se o seguinte tema: o amor do Senhor para
Quatro deles são dispostos em acróstico, isto é, cada com seu povo é tipificado pelo amor da esposa e do
verso começa com letras sucessivas do alfabeto esposo.
hebraico. Tendo sido Jeremias o último profeta de Judá -Note. Ao ler este livro o estudante deve recordar-se de
e quem falou ao tempo da destruição da Comunidade que está lendo um poema oriental, e que os orientais
Judia, a tradição judaica o tem como autor das usam uma linguagem clara nas mais íntimas das
“Lamentações”. Outros afirmam que o autor é questões – uma clareza de linguagem estranha e
desconhecido. Em qualquer dos casos, foi ele profundo algumas vezes desagradável à maioria dos ocidentais.
amante do povo, como o prova cada palavra desse triste Por mais delicada e íntima que seja a linguagem
livro. Suas lágrimas estão quentes em cada uma de em muitas partes do livro, deve notar-se que não há
suas páginas. Deu voz, também, ao eterno brado de fé nada que ofenderia ao mais modesto oriental.
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a noiva (4.6); Salomão (4.7-16); a esposa (4.16);


AUTOR Salomão (5.1).
Seu autor é Salomão (Ec 1.1). No Palácio (5.2-8.4) – 1) A esposa relata um
sonho que teve referente a Salomão. Sonhou que ele
CONTEÚDO partiu, e que ao buscá-lo, ela foi maltratada pelos
De todos os livros do Antigo Testamento, guardas da cidade. No sonho ela pergunta por ele às
Cantares de Salomão é provavelmente o mais difícil de filhas de Jerusalém, e descreve sua formosura (5.2-6.3);
interpretar e analisar. Neste estudo limitar-nos-emos a 2) Salomão entra e a elogia (6.4-9); 3) Diálogo entre o
um breve esboço da história contida no cântico, e dos coro de donzelas e a esposa: coro (6.10); esposa (6.11,
diálogos entre Salomão e sua noiva. 12); coro e esposa alternadamente (6.13); coro (7.1-5);
“A história em que está entrelaçado este idílio 4) Entra Salomão e elogia a esposa (7.6-9); 5) A esposa
parece ser esta: o rei Salomão visita sua vinha no monte convida seu amado a visitar o seu lar (7.10-8.4).
do Líbano. Chega de improviso onde está uma formosa O Lar da Esposa (8.5-14) – Os habitantes do
donzela sulamita. Ela foge, mas ele vai visitá-la, país falam (8.5); Salomão (8.5); a esposa (8.6,7); seus
disfarçado de pastor e a persuade a casar-se com ele. irmãos (8.8); a esposa (8.10, 12); Salomão (8.13); a
Logo vem recebê-la como rainha. Encaminham-se para o esposa (8.14).
palácio real. Aqui começa o poema e relata a história de A BIOGRAFIA DE SALOMÃO
amor”. ( Um Teólogo ). Rei de Israel de cerca de 961 a.C. a 920 a.C., filho
A Noiva nos Jardins de Salomão (1.2- de Davi e de batsheva. Subiu ao trono antes da morte do
pai, graças às manobras de sua mãe e do profeta Nata.
2.7) – 1) A noiva pede um penhor de amor e elogia o Depois de consolidar sua posição, livrou-se do irmão mais
noivo (1.1-4); 2) Ela roga às filhas de Jerusalém que velho, Adonias, e de outras pessoas potencialmente
não desprezem a sua humilde origem, e pergunta onde perigosas e construiu o TEMPLO de Jerusalém, com a
pode encontrar o seu noivo. As donzelas respondem em ajuda de arquitetos e construtores enviados por Hirão de
uníssono (1.5-8); 3) Segue-se então uma conversa tiro.
A obra foi terminada no 11º ano do reinado de
amorosa entre Salomão e sua noiva (1.9-2.7). Salomão Salomão e assegurou a posição de Jerusalém como centro
fala (1.9-11); a noiva, (1.12-14); Salomão (1.15); a noiva do reino. Administrativamente, Salomão dividiu o país em
(1.16-2.1); Salomão, (2.2); a noiva (2.3-7). 12 distritos e construiu uma série de fortalezas, cidades
As Recordações da Noiva (2.8-3.5) – 1) celeiros e cidades para seus carros e cavalos.
A fim de desenvolver o comércio, construiu um
Recorda a visita de seu amado na primavera (2.8-17); 2) porto em eilat, no Mar Vermelho, e, juntamente com Hirão,
Recorda um sonho referente a ele (3.1-5). enviou grande frota (“navios de Tarshish”) à terra de Ofir.
As Núpcias (3.6-5.1) – 1) Os habitantes de Outra fonte de riqueza eram os presentes de monarcas
Jerusalém descrevem a chegada do rei e da noiva (3.6- estrangeiros, por exemplo, a Rainha de Sabá que foi ela
própria visitar Salomão, acompanhada de grande séqüito.
11); 2) Depois segue-se uma conversa: Salomão (4.1-5); Além disso, o comércio com os estados vizinhos prosperava.

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Grandes fornos de fusão no sul produziam cobre e


ferro. A casa e a corte real foram construídas com
magnificência oriental, e suntuosas construções alojavam Licença de Uso
a família real e o harém (que consistia de 1.000 esposas e
concubinas). Politicamente, Salomão repousou sobre os
feitos de Davi; o reino estendia-se do Egito ao Eufrates e era
o mais dinâmico de toda a região. Todos os Direitos são reservados. É proibida
No domínio cultural, desenvolveram-se as artes da a reprodução total ou parcial, por quaisquer
historiografia e da parábola e as formas elegantes de meios ou sistemas, para distribuição, quer
escrever. Vários escritos bíblicos (por exemplo o Cântico a título gratuito ou oneroso, sem a
dos Cânticos, o Eclesiastes, o Salmo 72) foram atribuídos
mais tarde a Salomão que, ele mesmo, alcançou grande
autorização prévia e por escrito.
fama por sua sabedoria. Não obstante todos esses
sucessos, os primeiros sinais da decadência do país
apareceram no seu reinado. A violação dos direitos autorais
O trabalho forçado ligado ao extenso programa de está sujeita às penalidades
construções empobreceu o país. Vários povos subjugados,
Legais de ordem civil e
como os edomitas e os arameus começaram a revoltar-se, e
há provas de descontentamento dentro do próprio Israel. Penal – Artigo 184
Esses problemas agravaram-se com a morte de Salomão, Código Penal.
rapidamente seguida por perdas territoriais e divisão
interna. Salomão foi chamado de JEDIDIAS, por Nata (II
Sm 12.25).
PARE!!!
Reprodução é Crime!
BIBLIOGRAFIA
CONSELHO:
Faça um concerto com Deus.
Myer Pearlman. Através da Bíblia, Editora Vida, 1996;
Bíblia Sagrada. Edição revista e Corrigida, 1981 – ED VIDA;
Bancroft, E. H. Teologia Elementar. Quinta edição, 1983 –
IMPRENSA BATISTA;
Shedd, R. P. O Novo Dicionário da Bíblia (2volumes), 1983 – ED
VIDA NOVA;
Dicionário folha da tarde.Aleixo Rosut, 1994 – MELHORAMENTOS;
Bíblias diversas;
Roth. Enciclopédia Judaica . 1964 – ED TRADIÇÃO;
O Escritor (Mebac).
Comentário Bíblico Moody, Imprensa Batista Regular

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Os livros Poéticos Os livros Poéticos

UMA PALAVRA DO REITOR Declaração Doutrinária – Cremos...

O
homem não age diretamente sobre as coisas. A FAETESP – Faculdade de Educação Teológica do
Sempre há um intermediário, um instrumento Espírito, professa sua Fé Pentecostal alicerçada
entre ele e seus atos. Isto também acontece fundamentalmente no que se seque:
quando faz ciência, quando investiga cientificamente. 1. Há um só Deus, poderoso, perfeito, santo e eternamente subsistente em três ( 3 ) pessoas: Pai,

Ora, não é possível fazer um trabalho científico, sem 2.


Filho e Espírito Santo;
As Escrituras Sagradas, compostas do Antigo e Novo Testamentos, são inteiramente
conhecer os instrumentos. E estes se constituem de inspiradas por Deus, infalíveis na sua composição original e completamente dignas de
confiança em quaisquer áreas que venham a se expressar, sendo também a autoridade final
uma série de termos e conceitos que devem ser 3.
e suprema de fé e conduta;
Jesus – o Cristo, nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria, é o verdadeiro Deus e a vida
claramente distinguidos, de conhecimentos a respeito eterna; é o único mediador entre Deus (o Pai) e o homem; somente Ele foi perfeito em
natureza, ensino e obediência;
das atividades cognoscivas que nem sempre entram na 4. Nosso Senhor ressuscitou fisicamente dentre os mortos; ascendeu aos céus, está assentado
à direita do Pai e voltará;
constituição da ciência, de processos metodológicos que 5. O Espírito Santo é o regenerador e santificador dos redimidos; o doador dos dons e frutos
espirituais; o Consolador permanente e Guia da Igreja;
devem ser seguidos, a fim de chegar a resultados de 6. Em Adão a humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus. Através da queda de
cunho científico e, finalmente, é preciso imbuir-se de Adão, a humanidade tornou-se radicalmente corrupta, distanciada de Deus e desintegrada
de seu coração. A necessidade premente do homem é a restauração de sua comunhão com
espírito científico. 7.
Deus, a qual o homem é incapaz de operar por si mesmo;
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do
Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do reino dos céus;
Nossas possibilidades de conhecimen- 8. No Perdão dos pecados, na Salvação presente e perfeita e na eterna Justificação da alma
to são muitas e até, tragicamente, pe- recebidos gratuitamente pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor;
9. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória
quenas. O que Sabemos é pouquíssi- e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do
mo e, aquilo que sabemos, sabemo-lo 10.
Espírito Eterno, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do Poder de Jesus Cristo;
No Batismo bíblico, efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome
muitas vezes superficialmente, sem do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou Nosso Senhor;
11. No Batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão
grande certeza. A maior parte de nosso de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a Sua vontade;
conhecimento somente é provável. 12. Na atualidade dos Dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua
edificação conforme a sua soberana vontade;
Existem certezas absolutas, incondici- 13. A tarefa da Igreja é ensinar a todas as nações, fazendo que o Evangelho produza frutos em
onais, mas estas são raras. cada aspecto da vida e do pensamento. A missão suprema da Igreja é a Salvação das
asmas. Deus transforma a natureza humana, tornando-se isto então o meio para a
redenção da sociedade.
14. Na Segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas: a primeira – invisível ao
Pr. Marcos Emmanuel mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da grande tribulação; a segunda –
visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil (1000)
BACHAREL EM LETRAS - pela Universidade anos;
Guarulhos/SP 15. Que todos os cristãos comparecerão ante ao Tribunal de Cristo para receber a recompensa
dos seus feitos em favor da causa de Cristo, na terra;
Bacharel em Teologia 16. No comparecimento de todos os ímpios desde Caim ao último infiel, mesmo no Milênio
perante o Juízo Final, onde receberão a devida punição final do Todo-Poderoso;
Mestre em Ciências da Religião e Antigo Testamento 17. Na punição eterna que sofrerá Satanás, seus demônios, a Besta, o falso profeta e todos
Professor de Língua Portuguesa aqueles que rejeitaram o Filho de Deus durante a sua existência na terra., onde serão
enviados ao Lago de Fogo e enxofre e serão eternamente separados de Deus.
Professor de Hebraico e Grego – Reitor da FAETESP 18. E na Vida Eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza para os infiéis.

Educador deUMA PALAVRA


Ensino DO PROFESSOR
Teológico.
NISSO CREMOS...

Elaboração: FAETESP Elaboração: FAETESP


II I
Os livros Poéticos Os livros Poéticos

FAETESP

Os Livros POÉTICOS

ÍNDICE

O Livro de Jó – Página 01
O Livro de Salmos – Página 09
O Livro de Provérbios – Página 66
O Livro de Eclesiastes – Página 70
O Livro de Cantares – Página 75

Aluno: _______________________________________________

Unidade: _______________________
Professor: _______________________

Elaboração: FAETESP Elaboração: FAETESP


III

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