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catolicismo 

nos dias primeiro e dois de novembro respectivamente.[1][2]


A festividade que se tornou o Dia dos Mortos era comemorado no nono mês do calendário
solar asteca, por volta do início do mês de agosto, e era celebrado por um mês completo.
As festividades eram presididas pela deusa Mictecacíhuatl, conhecida como a "Dama da
Morte" (do espanhol: Dama de la Muerte) - atualmente relacionada à La Catrina,
personagem de José Guadalupe Posada - e esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino
dos mortos. As festividades eram dedicadas às crianças e aos parentes falecidos.
É uma das festas mexicanas mais animadas, pois segundo relatos, os mortos vêm visitar
os parentes. Esta é celebrada com comida, bolos, festa, música e doces preferidos dos
mortos, os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar. Segundo a crença
popular, nos dias 1 e 2, chamados de Días de Muertos, os mortos têm permissão divina
para visitar parentes e amigos. Por isso, as pessoas enfeitam suas casas com flores, velas
e incensos, e preparam as comidas preferidas dos que já partiram. As pessoas fazem
máscaras de caveira, vestem roupas com esqueletos pintados ou se fantasiam de morte.

História
Morte entre os astecas

Os quatro pontos cardeais ou reinos do universo horizontal descritos no Codex borgiade.

Para os antigos mesoamericanos, a morte não tinha as conotações morais da religião


cristã, nas quais as ideias do inferno e do paraíso servem para punir ou recompensar. Pelo
contrário, eles acreditavam que os cursos destinados às almas dos mortos eram
determinados pelo tipo de morte que tiveram, e não pelo seu comportamento na vida.
As principais civilizações representativas da área mesoamericana, asteca e maia
desenvolveram um rico ritualístico em torno da adoração dos ancestrais e da própria
morte, que foi o precedente do atual Dia dos Mortos, no qual a visão de mundo desses
povos ainda sobrevive parcialmente.[5]
Os astecas acreditavam que a vida exterior do falecido poderia ter quatro destinos:

 Tlalocan ou paraíso de Tláloc, deus da chuva. Este local era chefiado por
aqueles que morreram em circunstâncias relacionadas à água: os afogados,
aqueles que morreram de raios, aqueles que morreram de doenças
como gota ou hidropisia, sarna ou boubas, bem como crianças sacrificadas ao
deus. O Tlalocan era um lugar de descanso e abundância.
 Omeyocán,paraíso do sol, presidido por Huitzilopochtli, o deus da guerra.
Apenas os mortos em combate, os cativos que se sacrificaram e as mulheres
que morreram no parto chegaram aqui. O Omeyocan era um lugar de alegria
permanente, onde o sol era celebrado e acompanhado de música, canções e
danças. Os mortos que foram para o Omeyocan, depois de quatro anos,
voltaram ao mundo, transformaram-se em pássaros de belas penas
multicoloridas.
 Mictlán,destinado àqueles que morreram de morte natural. Este lugar era
habitado por Mictlantecuhtli e Mictecacíhuatl, senhor e senhora da morte. Era
um lugar muito escuro, sem janelas, do qual não era mais possível sair
 Chichihuacuauhco, onde as crianças mortas foram antes de sua consagração
à água onde havia uma árvore cujos galhos o leite estava pingando, para se
alimentar. As crianças que vieram aqui voltariam à Terra quando a raça que a
habitava fosse destruída. Desta forma, a morte renasceria.
O caminho para o Mictlán era muito tortuoso e difícil, porque para alcançá-lo as almas
tinham que viajar por lugares diferentes por quatro anos. Depois desse tempo, as almas
chegaram a Chicunamictlán, onde as almas dos mortos descansavam ou desapareçam.
Para trilhar esse caminho, o falecido foi enterrado com um cão chamado Xoloitzcuintle,
que o ajudaria a atravessar um rio e chegar a Mictlantecuhtli, a quem ele deveria dar,
como oferenda, amarrado com chás e bucos de perfume, algodão (ixcátl), fios vermelhos e
cobertores. Aqueles que foram ao Mictlán receberam, como oferenda, quatro flechas e
quatro chás amarrados com fio de algodão.
Os enterros pré-colombianos, eram acompanhados por oferendas contendo dois tipos de
objetos: aqueles que, em vida, tinham sido usados pelos mortos, e aqueles que ele
poderia precisar em seu trânsito para o submundo. Dessa forma, a elaboração de objetos
funerários foi muito variada: instrumentos musicais de argila, como ocarinas, flautas,
timbales e sonajas na forma de crânios; esculturas representando os deuses mortuários,
crânios de vários materiais (pedra, jade, vidro), braseiros, incensários e urnas.

A data fora do México


Estados Unidos

Europa

Pessoas decorando as sepulturas

Observa-se que o Dia dos Mortos ao estilo mexicano se espalhou também pela Europa.
Em Praga, na República Tcheca, por exemplo, os moradores celebram o Dia dos Mortos
com máscaras, velas e caveiras de açúcar. O evento, que recebe apoio da Embaixada
Mexicana, é realizado pelo teatro Alfred Ve Dvore'.[10]
Em vários outros países com uma herança católica, o Dia de Todos os Santos e o Dia dos
Fiéis Defuntos são feriados onde as pessoas vão aos cemitérios com velas e flores e dão
presentes às crianças, normalmente doces e brinquedos. Em Portugal e Espanha,
oferendas são feitas neste dia. Na Espanha, a peça Don Juan Tenorio é tradicionalmente
apresentada.
Na Espanha, Portugal, Itália, Bélgica, Países Baixos, França e Irlanda, as pessoas trazem
flores para as sepulturas dos parentes mortos e fazem orações pelos mesmos. Na Polônia,
[11]
 Eslováquia, Hungria, Lituânia,[12] Croácia,[13] Eslovênia, Romênia, Áustria, Alemanha, Sué
cia e Noruega, a tradição é acender velas e visitar os túmulos dos parentes falecidos. Na
região do Tirol, bolos são deixados sobre a mesa e a sala é mantida quente para o
conforto dos mortos. Na Bretanha, as pessoas vão aos cemitérios ao anoitecer para
ajoelharem-se perante as lápides de seus entes queridos e ungirem-nas com água benta
ou fazerem libações de leite nela. Na hora de deitar, o jantar é deixado na mesa para as
almas.

América Latina

Calaveras feitas de alfenim.

Celebrações guatemaltecas do Dia dos Mortos são marcadas pela construção, e uso, de


pipas gigantes, além das tradicionais visitas aos túmulos dos ancestrais. O consumo
de fiambre - uma comida típica da Guatemala - também é um grande acontecimento, pois
é o único dia em que é preparado durante o ano.[14]
O feriado brasileiro de Finados é celebrado no dia 2 de novembro. Similar ao Dia dos
Mortos, as pessoas vão aos cemitérios e igrejas, com flores, velas e orações. A festa tem
intenção de ser positiva, para celebrar os que estão mortos.
No Haiti, tradições vudu misturam-se com as observâncias católicas do Dia dos Mortos,
como, por exemplo, barulhentos tambores e músicas são tocados por toda a noite em
celebrações pelos cemitérios para acordar Baron Samedi, o senhor dos mortos, e seu
descendente, o Gede.
Dia de los ñatitas (do espanhol, Dia das Caveiras) é um festival celebrado em La
Paz, Bolívia em 9 de novembro. Nos tempos pré-colombianos, indígenas andinos tinham o
costume de partilhar um dia com os ossos de seus antecessores no terceiro ano após o
sepultamento, contudo, somente as caveiras são usadas atualmente. Tradicionalmente, a
caveira de um ou mais membros da família são mantidas em casa para tomar conta da
família e protegê-la durante o ano. No dia 9 de novembro, a família coroa a caveira com
flores frescas, às vezes também as vestindo com peças de roupa, e fazendo oferendas de
cigarros, folhas de coca, álcool, e vários outros itens em agradecimento pela proteção
durante o ano. As caveiras também são, por vezes, levadas ao cemitério central em La
Paz para uma missa especial e bênçãos.[15][16]

Ásia
Nas Filipinas, o feriado chamado Araw ng mga Patay (Dia dos Mortos), Todos los
Santos ou Undas (os últimos dois devido aos fato de serem celebrados em 1 de
novembro), tem uma atmosfera mais de reunião familiar. As tumbas são limpas ou
repintadas, velas são acesas e flores são oferecidas. Famílias inteiras acampam em
cemitérios, e às vezes passam uma noite ou duas junto às tumbas de seus parentes.
Jogos de cartas, comidas, bebidas, cantos e danças são atividades comuns no cemitério.
É um feriado de muita importância para os filipinos (depois do Natal e da Semana Santa),
e dias de folga são normalmente adicionados ao feriado, mas apenas o dia 1º é
considerado um feriado regular.[17]

Tradições similares em outras culturas


Muitas outras culturas ao redor do mundo têm tradições similares a respeito de um dia
especial para visitar as sepulturas dos familiares falecidos. Muitas vezes, estas tradições
estão inclusas em festas, algumas com comidas e bebidas, além de orações e
recordações sobre os que já morreram.
Em Wellington, Nova Zelândia, o Dia dos Mortos mexicano também pode ser encontrado
com altares homenageando os falecidos com flores e presentes.[18]
O Bon Odori (em japonês O-bon お盆 ou simplesmente Bon 盆), é um
feriado budista japonês em honra aos ancestrais mortos. Este festival tem se tornado um
reunião familiar na qual as pessoas dos grandes centros voltam à suas cidades de origem
para visitar e limpar as sepulturas de seus ancestrais. Tradicionalmente inclui danças
típicas. Este festival já existe no Japão por mais de 500 anos.
Na Coréia, o Chuseok - também conhecido como Hankawi (한가위,中秋节) (do coreano
arcaico ótimo meio) é um dos principais feriados tradicionais. As pessoas vão para onde
os espíritos de seus ancestrais estão consagrados e fazem cultos pela manhã; eles visitam
as tumbas de seus ancestrais imediatos para podar as plantas e limpar a área ao redor da
tumba, e fazerem ofertas de comida e bebida para seus ancestrais.
O Festival de Ching Ming (do chinês tradicional 清明節; chinês simples 清明节; pinyin īng
míng jié) é um festival tradicional chinês que acontece normalmente por volta de 5 de
abril no calendário Gregoriano. Juntamente com o Festival do Duplo Nove (no chinês
tradicional 重陽節; pinyin: Chóngyángjié; e no chinês simplificado 重九, pinyin: Chóngjiǔ)
no nono dia do nono mês do calendário chinês, é uma época que os chineses cuidam dos
túmulos de seus ancestrais. Além do que, pela tradição chinesa, o sétimo mês no
calendário chinês é chamado de mês fantasma (chinês simplificado: 中元节; chinês
tradicional : 中元節; pinyin: zhōngyuánjié), no qual os fantasmas e espíritos saem do além
para visitar a terra.
Durante o feriado nepalês do Gai Jatra (festival da vaca), toda família que tenha perdido
um membro durante o ano anterior faz uma construção de bambus, panos, papéis
decorativos e retratos dos falecidos, chamado de gai. Tradicionalmente, uma vaca guia o
espírito do morto no outro mundo. Dependendo dos costumes locais, uma vaca viva, ou
uma réplica, são usadas. O festival também é a época de se fantasiar, incluindo temas
tanto de manifestos políticos como de sátiras.[19]
Em algumas culturas da África, visitas às tumbas dos ancestrais deixando comidas,
presentes e pedindo por proteção fazem parte de importantes rituais tradicionais. Um
exemplo são os rituais que ocorrem antes do início da temporada de caça.[20]

Patrimônio da Humanidade
Em cerimônia realizada em Paris, França em 7 de novembro de 2003,
a UNESCO distinguiu a festividade indígena do Dia dos Mortos como Obra Mestra do
Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade. A distinção por considerar a UNESCO que
esta festividade é:[21]
"... uma das representações mais relevantes do patrimônio vivo do México e do mundo, e
como uma das expressões culturais mais antigas e de maior força entre os grupos
indígenas do país".
Além disso, no documento se destaca:
"Esse encontro anual entre as pessoas que celebram e seus antepassados, desempenha
uma função social que recorda o lugar do indivíduo no seio do grupo e contribui na
afirmação da identidade..."
Além de:
"...embora a tradição não esteja formalmente ameaçada, sua dimensão estética e cultural
deve ser preservada do crescente número de expressões não indígenas e de caráter
comercial que tendem a afetar seu conteúdo imaterial".

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