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Dora Soares
Julho/2021 a Dezembro/2021
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta
duração – CP4 – Processos identitários, de acordo com o Catálogo Nacional de
Qualificações
............................................................................................................................................. 17
2.2.1.Mecanismos de motivação e realização pessoal e profissional e sua relação
com a produtividade ......................................................................................................... 17
2.2.2.Convergência entre os objetivos organizacionais e as motivações pessoais
............................................................................................................................................. 20
2.3.O papel da autonomia e da responsabilidade no planeamento e estruturação de metas
................................................................................................................................................. 22
3.Políticas públicas de inclusão ................................................................................................... 24
3.1.Dispositivos e mecanismos de concertação social............................................................ 24
Este manual foi concebido pela formadora Dora Soares. Pretende-se que seja usado como
elemento de estudo e de apoio ao tema abordado: Cidadania e Profissionalidade – Processos
identitários. O manual é um complemento da formação e do módulo, não substitui os objetivos
das sessões de formação, mas sim complementa-as.
Além disso, os conteúdos são aqui apresentados de forma simples, clara e objetiva e deve ser
usado exclusivamente no decorrer das sessões.
Conteúdos programáticos
Carga horária
50 horas
Domínio de referência
• 1 – Contexto Pessoal
Critérios de evidência
• Demonstra empatia e reação compassiva e solidária face ao outro
• Interpreta códigos deontológicos
• Relata princípios de conduta e emitir opinião fundamentada
Competência-chave
Códigos Institucionais e Comunitários
Conceitos-chave
• Igualdade diferença, unidade na diversidade; equidade; direitos civis;
direitos sociais; perspetividade.
Todas as pessoas são seres individuais que procuram, naturalmente, satisfazer os seus interesses
e bem-estar pessoal, como, por exemplo, ter uma casa, ter um bom emprego, se emigrante
noutro país, ter a sua situação regularizada para poder usufruir dos direitos que essa condição lhe
garante.
No entanto, as pessoas não vivem isoladas, mas inseridas numa comunidade ou num grupo
social onde a interação é inevitável entre todos os membros que a constituem.
Por isso, os indivíduos são, também, seres sociais. Enquanto seres sociais, os indivíduos sentem
a necessidade de satisfazer interesses coletivos da comunidade, como por exemplo, construir
pontes, estradas, infantários, escolas, jardins, preservar o ambiente.
Quando falamos de comunidade e de ser social, não podemos esquecer nunca o conceito de
bem comum, que é aquilo que pertence a um grupo ou que contribui para satisfazer as
necessidades desse mesmo grupo.
Temos uma responsabilidade para com os outros, para com o próximo que se encontra a nosso
cargo ou à nossa guarda, para quem é objeto do nosso cuidado, etc. Mas não só, a nossa
responsabilidade é bem mais abrangente.
Somos responsáveis pelo outro, não só devido à relação presente que temos com todos os que
nos rodeiam, com quem interagimos, mas também devido ao facto de usufruirmos, desde que
nascemos, dos benefícios da civilização e da sociedade.
Assim, relativamente à ideia de outro: O outro está presente desde o início na formação da
consciência de si, a identidade pessoal é construída num jogo de espelhos com os outros.
O outro possui uma dignidade própria que exige respeito, solicitude, cuidado, etc., isto é, exige
um conjunto de atitudes éticas.
O conceito de cultura define-se na sua forma mais simples, como o conjunto de crenças, saberes,
hábitos e costumes transversais a uma sociedade, que são adquiridos pelo homem enquanto
membro de uma sociedade.
A cultura é um fenómeno produzido pelas pessoas e que resulta da interação entre as pessoas.
Cultura é tudo aquilo que um grupo de pessoas compartilha, é o que faz com que um grupo se
veja como um grupo.
E cada grupo social possui o seu conjunto de crenças, valores, hábitos, tradições, conhecimentos
e experiências.
Portugal é hoje, de forma cada vez mais visível, um lugar de encontro, onde vivem e se cruzam
pessoas com uma grande diversidade de experiências e de histórias.
No nosso quotidiano, o contacto com outros modos de vida, outros valores e crenças coloca
desafios e questões, nem sempre de fácil resolução.
Comportamentos e formas de estar que parecem naturais e espontâneos são, por vezes,
interpretados de maneiras muito diversas, causando estranheza, desconfiança e, por vezes,
hostilidade.
Neste quadro de comunicação alargada que é o nosso, ‘lidar com a diferença’ significa em
primeiro lugar olhar as pessoas naquilo que elas são, não as fechando numa imagem mais ou
menos estereotipada da(s) cultura(s).
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos, e que cada um
pode prevalecer-se de todos os direitos e de todas as liberdades nela enunciados, sem
distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor ou de origem nacional; todos os homens são
iguais perante a lei e têm direito a uma igual proteção da lei contra toda a discriminação e
contra todo o incitamento à discriminação.
Neste sentido, a diferença é aquilo que nos torna, de certa forma, semelhantes: afinal, somos
todos diferentes, cada pessoa tem características que são apenas dela e que a identificam e
formam a sua identidade.
Mais recentemente, este conceito foi ampliado para incluir também a igualdade de direitos
entre géneros, classes, etnias, orientações sexuais etc.
Existem diversos significados para a palavra; contudo, o significado mais comum relaciona-se
com a discriminação sociológica: a discriminação social, racial, religiosa, sexual, por idade ou
nacionalidade, que podem levar a exclusão social.
Discriminação é uma ação de uma ou mais pessoas que pressupõe uma atitude ou
procedimento desigual em relação a um grupo.
O preconceito “nasce” na cabeça dos homens, sendo, nesse sentido, produto da cultura, que se
soma aos desejos inconscientes do indivíduo.
Além disso, o preconceito contém em seu âmago o medo: medo do Outro, do desconhecido, do
que “me é diferente”, a traduzir um Não à alteridade.
O racismo é uma ideologia que envolve comportamento discriminatório ou abusivo para com as
pessoas por causa da sua imaginada ‘inferioridade’.
É importante notar que ‘raça’ é agora considerada uma classificação social, não biológica. Não
foram encontrados traços físicos ou ligados aos genótipos que sejam comuns a uma ‘raça’ e não
partilhada por outra.
"Nós" (os locais) = o exemplo, os bons e os normais, o modelo que todos deveriam querer
alcançar/contra "Eles" (os estrangeiros) = os delinquentes, a ameaça, o distúrbio, os vagabundos,
os violentos, os ladrões, os invasores, etc.
Note-se que, enquanto nos países da Europa Oriental os principais alvos da xenofobia são, muito
provavelmente, os membros de grupos minoritários, em muitos países da Europa Ocidental, os
alvos são normalmente os imigrantes e os refugiados, incluindo aqueles que são oriundos dos
países europeus de leste.
A deficiência é definida como a condição que incapacita, como resultado de uma doença, de uma
lesão ou de uma deficiência física; a expressão é também utilizada como termo legal para a
desqualificação ou incapacidade.
O termo "incapacidade" (ou comumente utilizado, com necessidades especiais) reúne uma série
de diferentes limitações funcionais que ocorrem em qualquer população.
As pessoas podem estar incapacitadas por causa de uma diminuição física, intelectual, sensorial,
ou por causa de condições médicas ou doença mental. Estas diminuições, condições ou doenças
podem ser permanentes ou temporárias.
Apesar de todo o progresso atingido nos últimos anos em várias áreas, muitas pessoas
portadoras de deficiências enfrentam, ainda hoje, barreiras na igualdade de oportunidades e
na total participação na vida da comunidade.
Veja-se, por exemplo: o baixo nível educativo e de formação vocacional, a alta taxa de
desemprego, os baixos rendimentos, os obstáculos no seu ambiente físico, a exclusão social, a
intolerância, os clichés e os estereótipos, a discriminação direta ou indireta, a violência, os maus-
tratos e os abusos.
A homofobia pode ser definida como aversão ou ódio em relação aos gays ou às pessoas
homossexuais, ao seu estilo de vida ou à sua cultura ou, de uma maneira geral, às pessoas com
uma orientação sexual diferente.
Em várias partes do mundo, os indivíduos com uma orientação sexual diferente (diferente da da
maioria) são muitas vezes submetidos a atos discriminatórios que vão desde o insulto ao
assassinato.
Discriminação religiosa
De entre as várias religiões não cristãs, o Judaísmo é talvez aquela que, na história mundial, mais
sofreu com atos discriminatórios, em todo o continente europeu.
Dependendo do país onde estão instaladas, as várias comunidades podem passar por diferentes
formas de discriminação podendo, nalguns casos, a discriminação religiosa combinar-se com o
racismo.
De entre as religiões não cristãs, o Islão é a que tem mais seguidores na Europa. É a religião
maioritária em alguns países e regiões dos Balcãs e no Cáucaso e a segunda maior religião em
França, na Alemanha e em muitos outros países, tanto ocidentais como orientais.
A Islamofobia, que significa literalmente o medo do Islão, dos muçulmanos e dos assuntos que
lhes dizem respeito, não é um fenómeno novo.
De facto, é até uma antiga forma preconceituosa que recentemente se tornou num problema
devido ao efeito devastador que tem nas vidas dos muçulmanos, especialmente daqueles que
vivem em comunidades minoritárias.
Algumas formas mais comuns de discriminação são o não reconhecimento como religião, a não
permissão para a construção de mesquitas ou a falta de acesso a oportunidades ou a apoios para
as comunidades ou grupos religiosos muçulmanos.
Domínio de Referência
• 2 – Contexto Profissional
Critérios de evidência
Identificar pertença e lealdade em contextos vários.
• Explicitar situações profissionais de relacionamento com desafios
multiculturais.
• Expressar-se e agir face a pessoas, grupos ou organizações de âmbito
multicultural segundo uma lógica inclusiva.
Competência-chave
• Exprimir sentido de pertença e de lealdade para com o coletivo profissional
Conceitos-chave
• Motivação; ética; deontologia; organização; relações interpessoais;
multiculturalidade
O homem é um ser social, a sua vivência é convivência. Cada um de nós faz-se ser humano no
contacto, na interação com o outro.
É definido como a consciência individual de partilhar uma ou mais identidades coletivas e, assim,
de pertencer a um ou vários grupos de referência dos quais o indivíduo integra um certo número
de traços identitários (valores, modelos comportamentais e interpretativos, símbolos,
imaginário coletivo, saberes partilhados, etc.).
O indivíduo a partir do momento em que faz parte de um coletivo profissional deve basear e
fortalecer a sua relação com o grupo nas ideias de pertença e lealdade, tendo como argumento
que todos juntos, melhores resultados obterão.
Ética profissional é o conjunto de normas morais pelas quais um indivíduo deve orientar seu
comportamento profissional. A Ética é importante em todas as profissões, e para todo ser
humano, para que todos possam viver bem em sociedade.
O Código de Ética é um instrumento criado para orientar o desempenho das empresas em suas
ações e na interação com seus públicos.
A deontologia é uma ética profissional das obrigações práticas, baseada na livre ação da
pessoa e no seu carácter moral.
Regra geral, os códigos deontológicos têm por base as grandes declarações universais e
esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às
particularidades de cada país e de cada grupo profissional.
Para além disso, estes códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos
explícitos, para os infratores do mesmo.
Outro obstáculo que se encontra por vezes é a existência de algum racismo, e uma mentalidade
fechada à criatividade, inovação e à diversidade que outras culturas nos podem dar.
Já a heterogeneidade, apesar de não ter que ver propriamente com a cultura, também ela
encontra obstáculos na sua coexistência, pois estamos a falar de pessoas diferentes, com idades
diferentes, formas próprias de viver e de pensar, com experiências de vida diversificadas, o que
faz com que muitas vezes acha dificuldades nas relações entre as pessoas.
O que inicialmente se deve fazer para que não haja conflitos é tentar evitá-los, ou seja, fazer com
que não surjam mesmo que tenhamos de dar razão ao (s) outro (s), sendo necessário fazer um
esforço para os evitar.
As organizações são sistemas sociais constituídos por pessoas, aqueles que as administram têm
de compreender que não existe um padrão que se possa aplicar a todos os elementos que
compõem uma organização.
Através dela, é possível adotar uma abordagem inclusiva do ponto de vista financeiro, comercial
e social, conducente a uma estratégia a longo prazo.
Na base desta nova postura estão direitos humanos fundamentais consagrados na Constituição
da República Portuguesa e em convenções internacionais, como é o caso do princípio da
igualdade entre mulheres e homens, também designada igualdade de género, que significa a
igual visibilidade, poder e participação de homens e de mulheres em todas as esferas da vida
pública e privada.
Esta concentração das mulheres em certas profissões traduz-se numa pressão descendente
sobre os salários médios nessas profissões, desencorajando, assim, os homens a entrar nesses
empregos.
Em resultado disso, o salário médio das mulheres continua a ser geralmente mais baixo do que
o dos homens, em todos os países e para todos os níveis de educação, grupos etários e
profissões.
As mulheres e os homens têm o direito a receber uma remuneração igual por um trabalho de
igual valor (comummente referido como “igualdade salarial”).
Não apenas os homens e as mulheres devem receber um salário igual por fazerem o mesmo
trabalho ou um trabalho similar, mas também quando fazem um trabalho que é
completamente diferente mas que, com base em critérios objetivos, é de igual valor.
Uma empresa que integra a igualdade entre mulheres e homens ao nível dos seus princípios ou
valores e que pretende investir na construção de relações de género igualitárias, deverá definir,
ao nível da sua política de recursos humanos, objetivos concretos quanto à eliminação da
segregação profissional, designadamente promovendo a participação de mulheres em funções
de gestão e o favorecimento da integração dos homens em sectores predominantemente
femininos, entre outros.
Deverá incluir ainda objetivos ao nível da não discriminação que visem regular práticas e
decisões em áreas como o recrutamento e seleção ou a igualdade salarial.
Assim sendo, quanto maior for o grau de exigência do cidadão mais este contribuirá para fazer
diminuir determinados fatores que são responsáveis por atrasos estruturais da sociedade.
É portanto necessário que, nos diferentes sectores de atividade empresarial bem como na
prestação de serviços públicos e na sociedade em geral, haja uma cultura de rigor e exigência
instituída no sentido de aumentar os níveis de crescimento económicos e culturais.
Domínio de referência
• 3 – Contexto Institucional
Critérios de evidência
• Identificar a diversidade de políticas públicas na sociedade.
• Relacionar direitos políticos e associativos.
• Situar-se face à inclusão da população migrante.
Competência-chave
• Identificar e avaliar políticas públicas de acolhimento face à diversidade de identidades
Conceitos-chave
• Condição humana; fluxos migratórios; unidade e diversidade; educação para a cidadania;
organização política dos Estados democráticos
Por outro lado, a discriminação enquanto contraordenação ocorre quando uma pessoa é
impedida de exercer os seus direitos relacionados ao acesso a bens e serviços, ao emprego e
formação profissional, ao ensino e ao sistema de saúde públicos e privados, dentre outros.
Qualquer cidadão/ã confrontado/a com uma situação de discriminação, seja ou não ele/a a
vítima, pode denunciar a situação junto da entidade competente.
No caso dos crimes, tanto o crime de discriminação propriamente dito como os crimes de ódio
(homicídio e ofensas à integridade física qualificados) são considerados crimes públicos e,
portanto, qualquer pessoa pode denunciá-los às autoridades (Polícia ou Ministério Público).
Entidades internacionais
Entidades nacionais
No âmbito social e educacional, a diversidade cultural diz respeito a uma coexistência de várias
etnias e culturas dentro de uma mesma comunidade, sociedade ou país.
O tema da diversidade cultural é pertinente não só no âmbito das políticas sociais, mas também
nas filosofias de educação.
Uma educação multicultural, multirracial ou multiétnica tem vindo a ser defendida, sobretudo
nas sociedades ocidentais, para implementar uma evolução positiva da convivência entre as
diferentes culturas, não de assimilação ou subjugação por parte das culturas minoritárias da
cultura numérica e economicamente dominante, mas de respeito mútuo pela diferença e
defesa da diversidade.
Esta educação no respeito pela diversidade cultural pretende tornar legítima a pluralidade
social e étnica, eliminando os preconceitos e os ideais racistas.
Esta realidade está na base da reflexão ora em curso no quadro desta Organização,
perspetivando a relação entre as migrações e o desenvolvimento à escala global.
Este plano assenta numa visão estratégica para o futuro sustentável de Portugal, enquanto
país que realiza efetivamente os direitos humanos, assente no compromisso coletivo de todos
os setores na definição das medidas a adotar e das ações a implementar.
Eixos assumidos como as grandes metas de ação global e estrutural até 2030:
a) Integração das dimensões do combate à discriminação em razão do sexo e da
promoção da igualdade entre mulheres e homens, e do combate à discriminação em
razão da orientação sexual, identidade e expressão de género, e características sexuais
na governança a todos os níveis e em todos os domínios;
b) Participação plena e igualitária na esfera pública e privada;
c) Desenvolvimento científico e tecnológico igualitário, inclusivo e orientado para o
futuro;
d) Eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres, violência de género e
violência doméstica, e da violência exercida contras as pessoas LGBTI.
Portugal foi durante seculos um país onde a maior parte da sua população se viu forçada a
emigrar para poder sobreviver, o que em vários casos ainda continua a acontecer.
No entanto, nos últimos vinte anos, Portugal tornou-se também num destino para muitos
imigrantes. Até aos anos 90, foi sobretudo procurado por habitantes dos países lusófonos, mas
atualmente e também muito significativo o número de recém-chegados oriundos dos países
do Leste da Europa.
Para a população que os recebe, a vinda de estrangeiros para se fixarem e trabalharem no seu
país é, entre outros aspetos, marcada pela dimensão do seu número. Quando poucos, passam
despercebidos e, sobretudo, são facilmente integráveis.
Mas, quando são muitos, como é o caso atual em Portugal, não deixam de despertar reações
que se podem traduzir em sentimentos de ameaça.
Ameaça por uma possível diminuição dos empregos disponíveis, mas também pelo medo de
uma perda de identidade cultural.
É preciso promover uma conceção positiva da imigração a partir daquilo que a História nos
mostra: a imigração não constitui uma ameaça à identidade cultural dos povos, muito pelo
contrário.
Cada país de origem tem a sua especificidade, o seu padrão cultural, que evidencia as
diferenças entre cada um: se estas diferenças não forem vistas como uma barreira, mas sim
como um elemento de troca de ideias e conhecimentos, a integração dos imigrantes será
muito mais fácil e bastante vantajosa para ambas as partes.
Um aspeto que não pode ser esquecido é que os imigrantes ocupam, muitas vezes, áreas de
pouco interesse para os portugueses, pois em geral ocupam postos de trabalho com
remunerações mais modestas, apesar de em alguns casos apresentarem boas habilitações
literárias.
Isto pode levar a que as condições de vida destes imigrantes não melhorem, o que leva à
segregação social, criando potenciais problemas de integração.
Todos sabemos que um dos principais, e mais sérios, problemas das sociedades modernas é o
crescente envelhecimento da população.
Os imigrantes, que se caracterizam por taxas de natalidade mais elevadas, podem contribuir
para diminuir esta tendência.
Por fim, podemos ainda referir a importância que os imigrantes podem ter, no sentido de
atenuar a desertificação a que algumas regiões, nomeadamente no interior dos pais, estão
votadas.
Domínio de Referência
• 4 – Contexto macroestrutural
Critérios de evidência
• Refletir sobre as implicações sociais do património comum da humanidade.
• Discutir e avaliar o papel das/os cidadãs/cidadãos no mundo atual: relações
jurídicas no marco de integração supranacional e dimensão supranacional dos
poderes do estado face às/aos cidadãs/cidadãos.
• Expressar e demonstrar respeito e solidariedade pelas diferentes identidades
culturais.
Competência-chave
• Relacionar património comum da humanidade com interdependência e
solidariedade
Conceitos-chave
• Democracia; justiça; cultura; cidadania mundial; multiculturalidade; Direito
Internacional
Dai que a intensificação das relações internacionais seja nos dias de hoje uma realidade muito
mais premente, verificando-se por esse motivo uma independência cada vez mais estreita entre
os Estados.
Surgiu, assim, um grande espaço denominado comunidade internacional, formada por todos
os Estados e por todas as entidades que participam nas relações internacionais.
Contudo, essas normas adquirem mais forma e eficácia se forem aplicadas através destas
organizações.
Também a importância das organizações internacionais que têm por objetivo a preservação
da paz é por demais evidente, pois através da sua mediação tem-se conseguido dirimir alguns
conflitos e evitado outro.
A AGENDA 2030
A Agenda 2030 é uma agenda alargada e ambiciosa que aborda várias dimensões do
desenvolvimento sustentável (sócio, económico, ambiental) e que promove a paz, a justiça e
instituições eficazes.
O património cultural de uma localidade, região ou país representa um conjunto de valores que
a sociedade atual, perante o desafio da globalização, procura reivindicar como memória da sua
identidade cultural.
Assim sendo, o património cultural compreende todos os elementos que fundam a identidade
de um grupo e que o diferenciam dos demais, e que esse grupo reconhece e valoriza com o
objetivo de garantir a sua transmissão para as gerações futuras.
A nível mundial, o património é classificado pela UNESCO (Organização nas Nações Unidas para
a Cultura, Ciência e Educação).
1983 Convento de Cristo em 1988 Centro Histórico de Évora 1989 Mosteiro de Alcobaça
Tomar
1995 Paisagem Cultural de Sintra 1996 Centro Histórico do Porto 1998 Sítios Arqueológicos no
Vale do Rio Côa
Outros instrumentos
É, pois, este património cultural imaterial que a Convenção de 2003 pretende salvaguardar,
prevendo, entre outras medidas, que cada Estado Parte elabore inventários desse património.
Dos 584 bens inscritos nas Listas UNESCO do Património Cultural Imaterial da Humanidade de
131 Estados, 8 (oito) são manifestações dinamizadas em território português.
Essas expressões culturais são transmitidas através de atividades, bens e serviços culturais cuja
dupla natureza, económica e cultural, é reconhecida pela Convenção.
A circulação de pessoas no mundo tem permitido, cada vez mais, que na passagem de fronteiras
se transporte não só bens e mercadorias, mas também usos e costumes diferentes.
Assim, podemos dizer que a interculturalidade nos permite “sair de nossa casa” e “viver a
experiência do outro”: permite-nos tornar transparente a contribuição das diferentes culturas
e expressões da diversidade cultural para o património e os modos de vida dos diferentes
povos.
O tema da interculturalidade tem assumido ao nível dos Estados uma importância crescente,
em resultado dos inúmeros fluxos migratórios de e para os diversos países.
Neste sentido, em 2008, a União Europeia decidiu celebrar o Ano Europeu do Diálogo
Intercultural. A celebração teve como objectivos gerais:
A cidadania não é apenas um conjunto de direitos e deveres que os cidadãos devem cumprir e
respeitar. O exercício da cidadania é sobretudo uma atitude, um comportamento e uma certa
forma de ser e estar e de encarar os problemas da sociedade em que se está inserido.
A cidadania tem duas dimensões: a política (em que os cidadãos e cidadãs intervêm na sociedade
como membros da comunidade política) e a cívica (agindo enquanto membro da comunidade
civil).
Estes princípios são também os que regem as relações entre a Administração e os cidadãos
imigrantes, já que nada na lei ou na Constituição justifica a existência de qualquer desigualdade
de tratamento (v. art.º 15 da Constituição da República Portuguesa).
A Administração Pública deve, nas suas relações com os particulares, respeitar sempre diversos
princípios, dos quais se destacam:
Princípio da legalidade (deve obedecer à Lei e ao Direito);
Princípio da igualdade (é-lhe vedado favorecer ou desfavorecer alguém, por todas as
razões previstas no artigo 13.º n.º 2 da CRP);
A sociedade civil pode organizar-se em torno dos mais variados objetivos sociais e podem ser
de âmbito nacional, regional, local ou de bairro. Constituem um espaço importante de
aprendizagem das virtudes indispensáveis ao exercício de cidadania responsável.
A cidadania tem uma função integradora, na medida em que é partilhada. Nesta ótica também os
cidadãos imigrantes e seus descendentes, através das suas associações, beneficiam de um
reconhecimento de representatividade, que as habilita a serem representativas, junto das
instâncias oficiais.
Os cidadãos estrangeiros podem intervir na vida pública, através das suas associações, através
do Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração ou, ainda, através da Comissão para a
Igualdade e contra a Discriminação, para defenderem os seus direitos e garantias legalmente
protegidos.
Têm, ainda, garantido o acesso à justiça, como um direito, para a defesa dos seus direitos.
Além disso, alguns cidadãos estrangeiros podem participar nas eleições locais, votando, e alguns
podem não só eleger, como serem eleitos.
A União Europeia representa uma união de países democráticos europeus que partilham
valores comuns e que se encontram empenhados num projeto de paz e prosperidade.
A União funda-se nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia,
da igualdade, do Estado de direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos
das pessoas pertencentes a minorias. Estes valores são comuns aos Estados-membros, numa
sociedade caracterizada pelo pluralismo, a não discriminação, a tolerância, a justiça, a
solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres.
A UE tornou-se um grande mercado único com uma moeda comum, o euro. Aquilo que
começara como uma união puramente económica, converteu-se numa organização ativa em
inúmeras áreas, que vão desde a ajuda ao desenvolvimento até ao ambiente.
A UE baseia-se nos princípios do Estado de Direito. Isto significa que todas as medidas tomadas
pela UE assentam em tratados, que foram voluntária e democraticamente aprovados por
todos os países membros. Neles estão consagrados os objetivos da UE em numerosos
domínios de intervenção.
Um dos seus objetivos centrais é promover os direitos humanos tanto na UE como no resto do
mundo. A UE assenta nos valores da dignidade humana, liberdade, democracia, igualdade,
Estado de Direito e respeito pelos direitos humanos.
Em 2019, após um referendo interno, O Reino Unido decidiu sair da União Europeia, dando
início a um longo processo negocial conhecido como Brexit.
Cidadania Europeia
Nesse percurso, destacam‑se importantes documentos como a Carta Comunitária dos Direitos
Sociais Fundamentais dos Trabalhadores, adotada em 1989 e a Carta dos Direitos
Fundamentais da União Europeia, adotada em Nice em 2000.
O Tratado entrou em vigor em 24 de Julho de 1952, com uma vigência limitada a 50 anos. O
Tratado caducou em 23 de Julho de 2002.
O objetivo deste Tratado era contribuir, graças ao mercado comum do carvão e do aço, para a
expansão económica, para o aumento do emprego e para a melhoria do nível de vida.
Com vista à criação do mercado comum, o Tratado instaurou a livre circulação dos produtos,
sem direitos aduaneiros nem encargos.
Em 25 de Março de 1957, foram assinados dois tratados – o Tratado que institui a CEE e o
Tratado que institui a Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA ou EURATOM)
A CEE prevê o progresso dos seus Estados-Membros mediante uma acção comum que reduza
as desigualdades e assegure uma melhoria das condições de vida. Estabelece um mercado
nuclear e prevê a criação de empresas comuns neste domínio.
De acordo com o Tratado, a União assenta em três pilares: as Comunidades Europeias (primeiro
pilar) e duas áreas de cooperação adicionais (segundo e terceiro pilares): Política Externa e de
Segurança Comum (PESC) e Justiça e Assuntos Internos (JAI).
Características:
Na altura do Tratado de Amesterdão, e por falta de resultados positivos, ficou agendada uma
Conferência Intergovernamental para 2000 com vista a adaptação do funcionamento das
instituições europeias à entrada de novos Estados-Membros.
Prevê também diversas disposições destinadas a aproximar a União e as suas instituições dos
cidadãos, conferindo mais poder ao Parlamento Europeu e um papel de maior relevo aos
parlamentos nacionais dos Estados-Membros.
Por ser hoje inegável a importância da União Europeia como ator global, foram introduzidas
reformas para tornar mais eficaz e coerente o relacionamento da Europa com o mundo.
AA VV. Manual para o combate do discurso de ódio online através da educação para os direitos
humanos, Ed. Fundação Calouste Gulbenkian/ Conselho da Europa, 2016
AA VV., 44 Ideias Simples para promover a Tolerância e celebrar a Diversidade, Ed. AICIDI, 2007
AA VV., Cidadania, direitos e deveres cívicos: manual do formando, IEFP/ Projecto Delfim: Sub-
projecto igualdade de oportunidades, 2001
AA VV., Racista, eu? Coletânea de banda desenhada, Ed. Comunidades Europeias, 1998
AA VV., Referencial Dimensão Europeia da Educação para a Educação Pré-Escolar, o Ensino Básico
e o Ensino Secundário, Ed. DGE, Ministério da Educação, 2016
Cunha, Teresa e Silvestre, Sandra, Somos Diferentes, Somos Iguais – Diversidade, Cidadania e
Educação, Ed. Associação Justiça e Paz, 2008
Sites consultados