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O DISCIPULADO DE JESUS:

EM MATEUS 28.19

CARLOS AUGUSTO RIBEIRO DE ARAÚJO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


APRESENTADO EM CUMPRIMENTO AS
EXIGÊNCIAS DO CURSO DE BACHAREL EM
TEOLOGIA, COMO REQUISISTO COMO A
OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM
TEOLOGIA ORIENTADO PELO PROFESSSOR:
JOSUÉ DA SILVA DE LIMA

BELÉM – PARÁ
2005
introdução
O presente trabalho, destina-se a abordar de uma maneira criteriosa o
discipulado de jesus com base em Mateus 28:19. É mister dizer que o homem
evoluiu grandemente, todavia, distanciou-se de Deus e fechou-se no mundo.
No século XIX e principalmente no século XX, a ciência deu um grande
avanço tecnológico, todavia, paralelo a este crescimento, trouxe consigo, a falta
de crença em Deus (ateísmo). Robustecido na ciência o ser humano tornou-
se, audaz, em seus desejos e anseios de progresso e modernidade; o resultado
é que muitos homens intelectuais, rejeitaram a Deus de suas vidas e neste
ínterim, a ciência aproveita-se para conquistar o lugar de Deus no coração do
homem.

O conhecimento tornou-se incontrolável em consequência da sua


expansibilidade, todavia, apesar da ciência ter se desenvolvido, ela frustrou o
homem. É indubitável dizer que toda esta revolução deu- se a nível do mundo
intrapsíquico não ocorreram. Isto trouxe grande avanço para o homem em
termos de conhecimento. Mas, não levou o homem a explorar o seu mundo
interior.

É exatamente aqui que entra a proposta de Jesus Cristo quando


recomenda a sua Comissão a ir e fazer discípulo de todas as nações. E é
exatamente neste fazer discípulos que o homem voltará para o seu interior,
porque na verdade este discipulado é o tratamento que ocorrerá dentro do
ser humano, moldando-o a imagem e semelhança de Deus

No decurso da história a humanidade tem se afastado de Deus, envolto


muitas vezes pelo seu materialismo, egocentrismo e valorizando muito mais o
ter em detrimento do ser. Por Conseguinte esquecendo os padrões divinos e
porque não dizer os ensinamentos do mestre Jesus Cristo, que através das suas
quatro biografias nos deixa um grande legado, principalmente no que
concerne ao discipulado e sua grande preocupação em formar Discípulos.
1.2 DATA E OCASIÃO DO EVANGELHO DE MATEUS

Existe uma grande probabilidade que o evangelho de Mateus tenha


sido escrito após a queda de Jerusalém em 70 d.C, todavia isto não pode ser
demonstrado, entretanto, esta data aproximada satisfaz melhor as evidências
e ilumina o estudo. O reconhecimento de fontes por Lucas (1:1-4) e o uso
quase certo que o evangelista Mateus fez delas indicam que estes dois
evangelhos pertencem aos cristãos da segunda geração, isto é o que propõem
Broadman: (1983, p.104)

1.3 DESTINATÁRIOS DO EVANGELHO DE MATEUS

Há indício de que o evangelista teria escrito esse evangelho para atender


as necessidades de crentes de sua própria região. Há de perceber-se
imediatamente o realismo dessa pressuposição caso aceitemos que Mateus
estava trabalhando em centros de grande população judaica, quer na Palestina
quer na Síria, haja vista que o livro deixa entrever um número tão grande de
aspectos judaicos; não é fácil imaginar que em sua mente o autor estivesse
procurando alcançar um grupo predominantemente gentílico. De acordo com
Broadman: (1983, p.89)

2 A CHAMADA AO DISCIPULADO E SEU SIGNIFICADO

Partindo do pressuposto de que discípulo (gr. Mathetés) no


sentido geral significa alguém que recebe instrução de um mestre
ou professor (Didaskalos), em sentido mais estrito discípulo é
aquele que adore uma determinada doutrina e vive conforme a
mesma. “É indubitável dizer que o discípulo era a palavra favorita
de cristo para aqueles cuja vida estava ligada entranhadamente com
a dele (1990, p.21)
2.1 SIGNIFICADO NO HEBRAICO

O conceito de compartilhar com outrem oque Deus está


compartilhando com você tem séculos de idade. Moise abriu o
seu coração e a sua vida para Josué. Mas a ideia de
compartilhamento não era natural para Moisés. Deus estabeleceu
um padrão de instrução, quando ordenou a Moisés que
compartilhasse a sua vida com Josué, anima-o e fortalece-o,
porque ele passara adiante deste povo”. Por que precisou Deus
ordenar a Moisés que se afastasse do padrão de ministração a
milhares para tocar apenas uma só vida? Porque a tendência
natural do homem e ver as necessidades de muitos em massa, em
vez de ver o potencial de uma só vida rendida s completa vontade
de Deus. Como disse certa vez Sam Shoemaker: “Os homens não
são lavrados por atacado, da mesma medíocre, mas por um.”

2.4 NA LÍNGUA PORTUGUESA

A palavra portuguesa discípulo vem do latim


discípulos, que significa “aluno” “aprendiz”. A raiz
verbal é discere, “ensinar”. Naturalmente, a
aprendizagem necessariamente subentende a prática
daquilo que alguém aprende: e é então que temos
discipulado. De acordo com o uso posterior entre os
hebreus, a palavra talmidin(discípulos ) veio ser usada
para indicar aqueles que seguiam alhum rabino
específico e a sua escola de pensamento. Houve
também o desenvolvimento do talmude(erudição), os
escritos que serviam para
Aclarar e expandir e as escrituras do Antigo
Testamento. Esse documento tem uma certa ilusão aos
talmidin ou discípulos de Jesus. Chaplim (1991, pg 180)
alude

A palavra discípulo está relacionada a ideia de “disciplina”. Isso


é muito instintivo, porque acima de tudo, dos verdadeiros
discípulos requer-se disciplina. Jesus não chamava homens
meramente para que o seguissem. Ele exigia que eles
renunciassem a tudo. Isso é assim porque o discipulado envolve
questões de vida e morte, por quanto o alvo do mesmo era a vida
eterna. A própria vida cristã é uma disciplina. Quando os
homens a reduzem algo menos que isso, isso o. cristianismo,
deixa de ser a religião que foi fundada por Deus é impossível a
existência de uma sociedade religiosa na qual que as pessoas se
reúnem e desfrutam da companhia umas das outras, e até
mesmo cumprem algumas boas obras, sem reterem a natureza
de um verdadeiro discipulado. Suponho que muitos aspectos da
maioria das denominações evangélicas refletem essa situação
em nossos dias.
2.5. NOS EVANGELHOS E EM ATOS DOS APOSTOLOS

No novo testamento a palavra “Discípulo” é


usada nos evangelhos e no livro de Atos, ocorre por
mais de 250 mil vezes. Ver jo 1.35, Mc 2;18, 10:24; Mt
11:2 22:16. A responsabilidade dos cristãos consiste em
fazer aumentar o número de discípulos de Jesus,
mediante a evangelização de alcance mundial (MT
28;19-20). No livro de Atos, o termo “discípulo” é o
vocábulo mais distintivo para indicar aqueles que
confiavam em cristo e procuravam seguir seu caminho.
Ver Atos 6:1,2,7;9:1;11:26,18;23,19:1;21:4,16. Apesar
de ser surpreendente que o próprio vocábulo não
aparece no Novo Testamento, após o livro de Atos, é
indiscutível que á ideia continua sendo usada, sendo
muito elaborada nas instruções dadas aos seguidores
sérios de Jesus Cristo.

É interessante observar que no século II d.C, Inácio


usou o termo para indicar a si mesmo, como para
indicar que o seu martírio seria a prova final de seu
discipulado cristão. Atualmente, muitos crentes
evangélicos não parecem interessados em provar seu
discipulado de qualquer maneira especial. Ver Inácio,
Eph.1.2. Moore (Op. Cit.1990,p .21-23)alude

No evangelho de João, Jesus define a palavra discípulo de três maneiras: 1- Discípulo


é um crente que está envolvido com a palavra de Deus de maneira contínua. “Dizia,
pois, Jesus aos Judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra,
verdadeiramente sois meus discípulos (Jó. 8:31). 2- Discípulo é alguém que dá a sua
vida aos outros. “Um novo mandamento vos dou: que amei uns aos outros; assim
como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. (Jó. 13;34,35). 3-
Discípulo é alguém que permanece diariamente em uma união frutífera com Cristo.
Jesus disse: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si
mesma não pode dar frutos, senão permanecer na videira, assim também vós, se não
permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece era
mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jó. 15:45)
2.6 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE UM DISCIPULADO

2.6.1. Um discípulo creu na doutrina de Cristo (JÓ 3;17ss; Atos


11:26)

2.6.2. Ele passou pela experiência de Novo Nascimento (Jó 3:3-5)

2,6,3. Ele renunciou a tudo (MC. 8;34). Notemos que nesse texto
Jesus chamou aos seus discípulos, dizendo-lhes que deveriam
renunciar ao mundo, a fim de obter a vida eterna, o que incluía a
tomar a cruz

2.6.4. O discípulo dedica-se a uma vida de sacrifício, a fim de


justificar o dom da vida eterna que recebeu (Lc. 14:26)

2.6.5. Ele dedica-se a vida disciplinada

2.6.6. Ele é um aprendiz, alguém que está interessado em avançar


na doutrina de Cristo (Heb. 6:1ss)

2.6.7. Ele se interessa por ajudar a aumentar o número dos


discípulos, em obediência a Grande Comissão.

2.7 DISCIPULADO: SACRIFÍCIO E RECOMPENSA

2,7,1 A promessa do evangelho


Receberá muitas vezes mais (Mt. 19:29). Algumas antigas
traduções, como KJ e AC dizem “cem vezes mais”. Todavia, a
palavra original em Mateus “Cêntuplo” ou “Cem vezes mais” é a
expressão original de Marcos (10:30). Lucas diz “muitas vezes mais”
(Lc. 18:20). Porém o sentido é o mesmo em todos os três casos.
Jesus não somente prometeu a recompensa na vida vindoura (A vida
eterna), mas para essa própria vida. Marcos descreve o caráter de
recompensa presente: O cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães,
filhos e campos, com perseguições. O sacrifício próprio ao discípulo
rompe com as relações humanas mais preciosas. O indivíduo
abandona o lar, o seu lar, os seus pais, ou seus amigos, os seus
irmãos, as suas irmãs, e até mesmo se for necessário for, sua terra
natal. Todas as suas relações com amigos e parentes se desfazem.
Porém, no ministério do evangelho, Deus restaura suas relações. Os
novos pais, os novos irmãos e irmãs não são parentes de
conformidade com a carne, e, sim, mediante a fé, nos vínculos do
amor de Deus. Goppelt (1982, p 490-491 alude)

De acordo com a comissão redacionada, pelo próprio Mateus no fim do


evangelho (28;29) a igreja surge quando o ressurrecto e glorificado envia seus
discípulos para fazerem discípulos de todas as nações. Matheteusate panta ta
ethne ( fazer discípulos de todas as nações ) esse é o teor da comissão decisiva.

Ao servi-se justamente nesse ponto do termo rabino Mathetés (talmid=


“discípulo”. “aluno”), Mateus acentua como nenhum dos demais autores
do Novo Testamento. Todos devem torna-se discípulos de Jesus, e não
discípulos de apóstolos ou mestres cristãos. Por isso a doutrina de Jesus
não deve ser transmitida a exemplo de algum rabino. Em Mateus 23:8-10
o evangelista introduz numa tradição de que a seguinte instrução : “Não
vos deixais chamar de Rabi, porque um só é vosso mestre, e vós todos
sois irmãos”. A principio, há “um só mestre” é o próprio Deus. Nela se
observará oque foi profetizado a respeito da igreja escatológica: todos
serão emsinados diretamente por Deus (Jr.31:31ss).
Mateus concebe a igreja como totalidade dos discípulos de Jesus. A esse
conceito corresponde ao fato de Mateus não prometer a igreja a vinda
do espírito Santo como acontece em Lucas, mas a permanente presença
de Jesus ( Mt.28:20; “ Eis que estou convosco todos os dias até a
consumação dos séculos”; 18:20; “ Onde dois, ou três estiverem
reunidos em meu nome, estarei no meio deles”). Essas citações
conhecidas são típicas para Mateus tanto em seu teor como significado.
O V.18,20 corresponde quase que literalmente a uma palavra dos
rabinos sobre a Schekhiná, a presença de Deus. Por conseguinte, a
presença de Deus. Por conseguinte, a presença de Jesus, não é
concebida na forma de um homem transfigurado,mas em forma divina.
Ele está com eles e entre eles de maneira a atuar neles como Deus.

2.8 A CHAMADA DOS DOZE DISCÍPULOS POR JESUS

Jesus chamou os doze para participarem de sua missão, tem


amplamente reconhecida como um ato simbólico na qual se
demonstra a continuidade entre seus discípulos e israel, pode
ser demonstrado pela atuação escatológica que lhes foi
atribuída. Eles devem sentar-se nos doze tronos, “ A julgar as
doze tribos de Israel” (Mt. 19:28 e Lc 22:30) De acordo com
Ladd(2001,p.102)

O reconhecimento de que os doze foram escolhidos para constituírem o núcleo


do verdadeiro Israel não exclui a perspectiva de que o número doze também
implica em uma vindicação de todo o grupo de seguidores como o Qahal de Jesus.
Os doze como número simbólico faz referência ao passado e ao futuro : Ao
passado para o antigo Israel, e ao futuro refere-se ao Israel escatológico.

2.9. O CHAMADO ENVOLVE OBEDIÊNCIA


“Soa o chamado, e imediatamente segue o ato obediente daquele que fora
chamado. A resposta do discípulo não é uma confissão oral da fé em Jesus, mas
sim um ato de obediência. Como é possível essa sequência imediata de chamado
e obediência ?” Bonhoeffer(2001,p.20)

Ser discípulo significa dar determinados passos. Logo o


primeiro passo que se segue ao chamado, separa o discípulo da sua
existência anterior. Assim o chamado ao discipulado cria imediatamente
uma nova situação. Permanecer na situação antiga e ser discípulo é
impossível. A princípio isso é bem evidente. O publicano por exemplo
teve que abandonar a coletoria. Pedro teve que largar as redes para seguir
Jesus. Aquele que era chamado comprendia que, para ele, só havia uma
possibilidade de fé em Jesus. Aquele que era chamado compreendia que,
para ele, só havia uma possibilidade de fé em Jesus, a saber, abandonar
tudo e ir com o filho de Deus feito homem.

Um Exemplo claro de rejeição ao chamado de Jesus é o do


Jovem rico. Ele diz “ Tudo isso tenho observado; que me falta
ainda?”. O evangelista Marcos acrescenta neste ponto: “ Mas Jesus
fitando-o, o amou” (Mc. 10:21). Jesus observa a maneira
desesperada com que aquele jovem se fecha a viva palavra de Deus,
observa como ele, com toda seriedade, com todo o seu ser, se revolta
contra o mandamento vivo, contra a obediência simples. Tanto
queria ajudar aquele jovem porque o amava; por isso dá-lhe uma
última resposta “ Se queres ser perfeirto, vai, vende os teus bens, dá
aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me.” O
jovem deve tê-lo percebido claramente ao ouvir o chamado de Jesus
ao discipulado. Não há mais possibilidade de se refugiar na mentira
do conflito ético. O mandamento é claro: “ Segue-me”!. “ A
existência do discipulado não consiste na veneração entusiástica de
um bom mestre, mas sim na obediência ao filho de Deus”,
Bonhoeffer (Ibid.,2001,p35).

2.10 O CHAMADO AO DISCIPULADO FAZ DO DISCÍPULO UM SER SOLITÁRIO


Quer queira, quer não, tem que se decidir, tem
que tomar sua decisão sozinho. Não é solitário
espontaneamente; Cristo é que faz do homem um ser
solitário. Cada qual é chamado individualmente, e tem
que ser discípulo sozinho. Com receio desta solidão, o
homem procura proteção junta as pessoas e coisas que o
cercam. Mas nesta hora, o homem chamado não pode
ocultar-se por detrás de pai e mãe mulher ou filhos, povo
e história. Cristo quer que o homem fique só, que nada
mais o enxergue senão aquele que o chamou

O rompimento com as coisas imediatas do mundo


nada mais é do que o reconhecimento de cristo como
filho de Deus e Mediador. Nunca é um ato involuntário
em que, por amor de qualquer ideal, um homem se
liberta dos laços em que o prendem do mundo, um ideal
que se troca por outro maior. Isso seria espirito
entusiasta, arbitrariedade, sim, uma vez mais, uma
relação imediata com o mundo. Somente o
reconhecimento do fato consumado que Cristo é o
Mediador, separa o discípulo de Jesus, do mundo dos
homens e das coisas.

Abraão constituiu-se no modelo para amabas as


possibilidades. Teve que abandonar suas amizades e a
casa paterna; Cristo colocou-se entre ele e seus parentes.
O rompimento teve que torna-se visível. Abraão tornou-
se forasteiro por amor a terra prometida. Foi esse o seu
primeiro chamado. Mais tarde, Abraão recebeu a ordem
de sacrificar o seu filho Isaque, Cristo ergue-se entre o
pai da fé e o filho da promessa. Foi aqui destruída não
somente a relação imediata natural, mais também a
própria relação imediata espiritual. Abraão precisava
saber que a promessa não dependia de Isaque, mais
exclusivamente de Deus. Ninguém toma conhecimento
deste chamado, nem mesmo os servos que
acompanharam Abrão até o local do Holocausto. Ele fica
completamente só. Uma vez mais, fica de todo solitário,
como quando saira da casa paterna “Aceita o chamado
tal como fora pronunciado; não procura interpreta-lo ou
espiritualizá-lo; aceita a palavra de Deus, e está pronto a
obedecer”. Bonhoeffer(Ibid.,2001,p 53.)
Então Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos e te
seguimos. Tornou Jesus: Em verdade vos digoque ninguém há que
tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe,ou pai, ou filhos, ou
campos, por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já
no presente o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos,
com perseguições; e no mundo por vir a vida eterna. Porem, muitos
primeiros serão últimos, e os últimos primeiros.”( Mc. 10:28-31)

Jesus está falando aqueles que ficaram solitários por amor dele,
que, a seu chamado, tudo abandonaram, e que pode afirmar a respeito
de si mesmos: “ Eis que nos tudo deixamos e te seguimos”. A estes é
dada a promessa de uma nova comunhão. De acordo com as palavras
de Jesus, receberão, já neste tempo, o cêntuplo do que abandonaram.

É indubitável dizer que o chamado ao discipulado e tão histórico


quanto o chamado ao arrependimento. Fala-se de duas maneiras de
discipulado, Jesus colocou homens, através de sua ordem peculiar “
Segue-me”, em uma comunhão de vida permanente consigo mesmo:
Mc. 1:17s par; Mt. 4;19; 2;14

O termo Akolouthein, seguir e empregado aqui sempre no


significado especial de ‘Seguir alguém”, que parte de uma concepção
veterotestamentário-judaica. Diziam-se a respeito dos discípulos que
haviam escolhido um rabi como mestre , “que andam após ele”. A
exortação de Jesus para que o seguissem, podia, pois ser compreendida
como um convite para ser seu discípulo. Através da maneira pela qual
Jesus realiza esta convocação, ele dá um novo sentido a locução e mostra
o alvo de sua atividade. De acordo com Gopped(2003, pg 220)

2.11. NATUREZA DO DISCIPULADO (MT.8:19-22 E


LC.9:57-62)
Nesta seção do Novo Testamento o primeiro homem a apresentar-
se como seguidor voluntário de Jesus exudava de autoconfiança faltava-
lhe a consciência de que o discipulado. envolve sofrimento. Já ao
segundo homem faltava o senso de urgência. Ir para casa afim de
sepultar o próprio pai teria custado dias de lamentação e purificação
cerimonial provavelmente significava permanecer em casa até que seu
pai falecesse. O discipulado, entretanto, é mais importante do que a
devoção aos pais. O terceiro homem, que primeiramente desejava
despedir-se de seus familiares, não possuía singeleza de propósitos. As
respostas de Jesus enfileiram três qualidades necessárias ao discipulado:
a) Um espírito disposto a sacrificar-se; b) A obediência imediata; c) A
dedicação incondicional.

2.12. A COMPAIXÃO DO DISCIPULO

Vendo Ele as multidões, compadeceu-se delas (...) (Mt. 9:36). Nem


todos os cristãos, mesmo no círculo evangélico, acreditam que todos os
homens e mulheres i sem Cristo estão perdidos. O universalismo, de
forma sorrateira, está ganhando espaço. Muitos acham que finalmente
o amor de Deus triunfará sobre sua ira, e ele então salvará todos os
homens.Em nenhum lugar as Escrituras declaram que os pagãos estão
perdidos simplesmente porque não ouviram o evangelho, mas pelo fato
de serem pecadoras por natureza e pela prática Sanders (1995, p. 92).
O apóstolo Paulo deixa isto bem claro: pois não há distinção. Porque
todos pecaram, destituídos estão da glória de Deus(Rom 3:22,23).

Cada discípulo do Cristo compassivo se preocupa em fazer com


que os milhões de pessoas não evangelizadas tenham uma oportunidade
para ouvir o evangelho. Foi exatamente quando Jesus viu a multidão
aglomerada a sua volta,sem esperança e sem Deus, que ele teve
compaixão deles.

Pelo que vimos, deve-se deduzir da tradição uma dupla intuição de


Jesus em relação a seus discípulos: O circulo dos discípulos, além do
significado primário do discipulado, deve apontar, como um sinal, para
o povo do Reino de Deus, que deve surgir no futuro, através de Jesus,
incluindo todos os povos. Este circulo também também deve continuar
a obra de Jesus, na função de enviado representantes. Ambas essas
instruções apenas são insinuadas e de maneira nenhuma são claramente
palpáveis.

3. O DISCIPULADO DE JESUS E A CRUZ


Discipulado sem cruz não é discipulado, quando Jesus chama ao
discipulado este mesmo discipulado envolve cruz ou seja o discípulo
passa por alguns sofrimentos. “Quando as Escrituras falam do
discipulado de Jesus, proclamam a libertação do homem de todos os
preceitos humanos, de tudo quanto oprime, sobrecarrega, provoca
preocupações e tormentos à consciência” Bonhoffer (Op. Cit., 2001,
p.4)

3.1. SIGNIFICADO DA CRUZ

A palavra que agora normalmente se traduz “cruz” represente em


Grego um instrumento de tortura e execução. Obteve significado
especial pela sua conexão com a morte de Jesus. Duas palavras se
empregam para o instrumento de execução no qual Jesus morreu:
Xylon(‘’madeira” “arvore” e Stauros (“estaca” “cruz”). Xylon significa,
originalmente, “madeira” e freqüentemente se emprega no Novo
Testamento para madeira como matéria. Através da sus conexão com
Dt. 21:23 (citado em Gl. 3:13, “Maldito todo aquele que for pendurado
em madeiro”’’) Xylon poderia virtualmente ser tratado como sinônimo
de Stauros. Nos evangelhos, stauros se emprega nas narrativas da
execução de Jesus, e, nas reflexões teológicas da literatura paulinas,
simboliza os sofrimentos e a morte de Cristo.

3.1.1. No Grego Secular (CL)-

Xylon se emprega comumente na literatura do CL. Para madeira como


material de construção, combustível, e material do qual se faz utensílios
e objetos cúlticos (e.g. Dem. 45,33; Hesiodo, Obras 808). Cacetetes,
maçãs, instrumentos de tortura e de castigo na forma de bastões, blocos
e colares para escravos, lunáticos e prisioneiros eram chamados Xylon.
Todavia, Xylon como árvore é raro. Seu emprego é atestado pela
primeira vez em Hdt., 3:46;7,65; Euripides, Cyclops, 572; e Xen. Anab.,
6,4,5.
3.1.2. No Antigo Testamento(AT).

A madeira se menciona na LXX como combustível (Gn. 22:3),


bomo material de construção (Gn 6:14; Ex 25:10;1 Rs 6:15), e como
instrumento de suplicio (o tronco, Jó 33:11). O significado “árvore” é
mais comum do que no grego secular, Xylon se emprega para indicar
árvores frutíferas, ciprestes e árvores plantadas ao lado de águas
correntes (Gn 1:11; Is 14:8; SI 1:3). De acordo com Gn 2:9 “Do solo
fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boa
para alimento, e também a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore
do conhecimento do bem e do mal”. O Jardim do Éden representa o
cuidado providencial de Deus. A árvore da vida representa o fato de que
tudo quanto é vida provém de Deus, como dádiva. A árvore do
conhecimento do bem e do mal, que aos homens é proibida, simboliza
a natureza benévola dos mandamentos de Deus (cf G.Von Rad, gênesis,
1961, ad. Loc.v. porém, D.Kidner, gênesis, E. Vida Nova, in loco, p.
58).

Na LXX, a madeira raramente se menciona como instrumento de


suplício e execução. Os criminosos, no entanto, eram enforcados numa
estaca e esposto para o público ver. “Se alguém houver pecado, passível
de pena de morte, e tenha sido morto, e o pendurares num madeiro, o
seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas
certamente o enterrarás no mesmo dia: porquanto o que for pendurado
no madeiro é maldito de Deus: assim não contaminarás a tua terra que
o SENHOR teu Deus te dá de herança” (Dt21:22-
23;Cf,Js10:26;Et5:14).999

3.1.3. No Novo Testamento(NT).

1) O Novo Testamento menciona a madeira como arma (bastões) e


material de construção em Mt. 26:47; Mc 14:43; e Ap 18:12. Jesus
perguntou figuradamente: “Porque, se em lenho verde fazem isto, que
será no lenho seco?”(Lc 23:31). Em I Co 3:12, menciona-se a madeira
metaforicamente no contexto de uma série de materiais que percorrem
a gama entre o ouro e a palha.
2) Os conceitos das árvore e da maldição, e da “árvore da vida” são
teblogicamente mais centrais. Pedro acusou os líderes judaicos de
matarem Jesus, “pendurando-o num madeiro” (At 5:30; cf. 10:39). A
expressão faz lembrar Dt. 21:23, e ressalta a vergonha da crucificação.
Isto porque Jesus, que fora pendurado num madeiro, estava sujeito a
maldição da lei, divina. Paulo tirou esta inferência em Gl 3:13 Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso
lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em
madeiro

A palavra stauros no grego secular é uma estaca reta e às vezes


pontiaguda. Pode também significar uma “estaca” às vezes pontiaguda,
sobre a qual o criminoso executado era publicamente mostrado como
sinal de vergonha, sendo esta um castigo adicional.

Então começou ele a ensinar-lhes que era necessário que o filho do


homem sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
principais sacerdotes e pelos escribas, fosse morto e que depois de três
dias ressuscitasse. E isto ele expunha claramente. Mas Pedro,
chamando-o à parte, começou a reprová-lo. Jesus, porém, voltou-se e,
fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro e disse: Arreda! Satanás,
porque cogitas das coisas de Deus, e, sim das dos homens. Então,
convocando a multidão e juntamente os seus discípulos, disse-lhes: Se
alguém quer vir após mig si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-
me.(Mc 8: 31-34).

3.2. O CHAMADO AO DISCIPULADO ENVOLVE


SOFRIMENTO

O chamado ao discipulado está, aqui, no contexto do anúncio da Paixão


de Jesus. Jesus está para sofrer e ser rejeitado. É esse o imperativo da
promessa de Deus, para que se cumpra as Escrituras. Paixão e rejeição
não são as mesma coisa. Jesus podia ser o Cristo festejado ainda na
paixão. Na sua paixão poderia concentra-se toda a piedade e admiração
do mundo.

A paixão como acontecimento trágico poderia ainda Ter valor próprio.,


honra e dignidade. Jesus, porém, é o Cristo rejeitado na Paixão. A
rejeição tira da paixão toda a dignidade e honra. Há que ser sofrimento
sem honra. Paixão e rejeição, eis em resumo a definição da cruz de
Jesus. Ser crucificado é sinônimo de sofrer e morrer rejeitado e
repudiado por força da necessidade divina. Bonhoeffer (Ibid., 2001, p.
43).
Jesus, portanto viu-se na contingência de esclarecer de modo insofismável, que
o imperativo do sofrimento era extensivo aos discípulos. Assim como o Cristo
somente é Cristo quando sofredor e rejeitado, assim também o discípulo
somente é discípulo

quando sofredor e rejeitado, crucificado com Cristo. O discipulado como união


com a pessoa de Jesus Cristo, coloca o discípulo sob a lei de Cristo, ou seja, sob a
cruz

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue”. Assim como
Pedro disse com relação a Cristo: “Não conheço esse homem, deverá o
discípulo dizer em relação a si mesmo. A auto- negação jamais pode
consistir de uma série, por longa que seja, de atos isolados de auto-
martírio ou de exercícios ascéticos auto- negação não é suicídio, porque
ainda a vontade do homem pode impor-se”. A auto- negação consiste
em conhecer apenas a Cristo, e não mais a si próprio; em ver somente
aquele que segue em frente sem olharmos o caminho que julgamos tão
dificil". Bonhoeffer (Ibid., 2001, p. 43)

“Tome a sua cruz”. Jesus, na sua graça, preparou os discípulos para


o impacto destas palavras, ministrando-lhes antes o ensino da auto-
negação. Só após termos esquecidos real e totalmente a nós próprios,
somente após não nos conhecermos mais a nós mesmos, é que
poderemos estar prontos a levar a cruz por amor a ele. Se o conhecemos
tão somente a ele, não mais conheceremos as dores da cruz, pois, só a
Jesus é que veremos. Se ele não nos tivesse bondosamente preparado
para ouvirmos estas palavras, não as poderíamos suportar. Todavia, ele
criou condições de aceitar estas duras palavras como manifestações da
sua graça. Tal palavra nos encontra na alegria do discipulado e nele nos
confirma. Bonhoeffer (Ibid.,2001, p.44)

A cruz não é desventurada nem pesado destino; é o sofrimento que


advém em resultado da união com Cristo. A cruz não é sofrimento
ocasional, mas sofrimento necessário. A cruz não é sofrimento
relacionado com a existência natural, mas sofrimento relacionado com
o fato de pertencermos a Cristo. A cruz não é essencialmente sofrimento
apenas, mas sim sofrimento e rejeição- rejeição no sentido rigoroso,
rejeição por amor de Jesus Cristo, e não em consequência de qualquer
outra atitude ou confissão.
Um cristianismo que não vinha tomando o discipulado a sério, que
transformara o Evangelho no consolo da graça barata, e para o qual
existência natural e existência cristã estão inseparavelmente misturadas,
tal cristianismo tem que considerar a cruz uma desventura diária, uma

tribulação e angústia da vida natural. Esqueceu-se que cruz significa


sempre também rejeição, que o opróbrio do sofrimento é inerente
a cruz. Ser rejeitado no sofrimento, desprezado e abandonado
pelos homens, como se lamenta tanto o salmista, eis a característica
essencial do sofrimento da cruz, que já não é acessível a uma
cristandade incapaz de distinguir entre existência natural e
existência crista. A cruz é a compaixão com Cristo, sofrer com
Cristo. Somente a união com Cristo, tal como esta se verifica no
discipulado, está de fato, sob a cruz de Cristo.
Bonhoeffer(Ibid.,2001,p.44)

A cruz é imposta a cada crente. O primeiro sofrimento com Cristo,


ao qual ninguém escapa, é o chamado que nos chama para fora das
ligações com o mundo. É a morte do velho homem no encontro
com Jesus Cristo. Quem entra no discipulado, entrega-se à morte
de Jesus, expõe a sua vida à morte. Isso é assim desde o princípio;
a cruz não é fim de uma vida piedosa feliz antes se encontra no
começo da comunhão com Jesus Cristo. Todo chamado de Jesus
conduz a morte. Quer devamos abandonar casa e profissão, como
o fizeram os primeiros discípulos, para o seguir, quer como Lutero,
abandonemos o convento para ingressar na vida secular, em ambos
os casos aguarda-nos a mesma morte, a morte em Jesus Cristo, a
extinção do velho homem no chamado de Jesus.O chamado ao
discipulado de Jesus, o Batismo em nome de Jesus, são morte e
vida. O chamado de Jesus Cristo, O Batismo, coloca o cristão em
luta diária contra o pecado e o Bonhoeffer (Ibid., 2001, p. 45).

“O sofrimento é, pois, a característica dos seguidores de Cristo. O


discípulo é “Passio Passiva” e sofrimento obrigatório, Por isso
também o Dr. Matinho Lutero incluiu o sofrimento no rol dos
sinais da verdadeira Igreja. Bonhoeffer(Ibid.,2001,p.46)

3.3. O DISCIPULADO É UNIÃO COM CRISTO


O discipulado é união com Cristo sofredor. Por isso nada há de estranho
no sofrimento do cristão, antes e graça, é alegria. Os protocolos dos
primeiros martirios da Igreja testemunham que Cristo transfigura o
momento extremo do suplicio com a certeza indescritível de sua
proximidade e comunhão. Assim nos tormentos mais atrozes sofridos
por amor a Cristo, os mártires experimentaram a máxima alegria e bem
aventurança da comunhão com Cristo. Suportar a cruz se Ihes revelou
como a única maneira de triunfar sobre o sofrimento, isto, porém,
aplica-se a todos quantos seguem a Cristo, porque tem sido igualmente
válido para ele. Bonhoeffer(Ibid.,2001,p.46),
3.4. AS CONDIÇÕES DO DISCIPULADO

Jesus, em Lucas 14, elabora mais minuciosamente o conceito de


discipulado, a apresenta algumas condições práticas para aqueles que
desejam segui-lo. Em Lucas 14:26, ele fala de o amarmos mais do que
o pai, mãe ou familia. Ele também iguala o discipulado com um amor
sem rivais por ele, até acima da própria vida. Quem não leva a sua cruz
e não me segue, não pode ser meu discipulo(Luc 14:27).

Para ser discipulo de Jesus, é necessário carregar a cruz. Este é o


instrumento de morte para o eu, que devemos carregar diariamente. O
verdadeiro discipulado reclama uma atitude de dedicação à vontade
revelada de Deus, vontade que considera todas as coisas que se colocam
em nosso caminho como algo enviado por suas mãos. Ao invés de nos
apegarmos firmemente às coisas terrenas, devemos estar dispostos a
abrir mão delas( levar a cruz), por causa dele.

A.W.Tozer disse que há três caracteristicas da pessoa crucificada com


Cristo:Ela não tem planos próprios, olha apenas em uma direção e não
se deixa vencer. Se queremos gozar de um relacionamento emocionante
e vivo com Cristo, diariamente, precisamos estar dispostos a pagar o
preço; requer-se disciplina pessoal. Pode haver solidão Pode haver falta
de popularidade, quando progredimos da morte de nossos sonhos e
planos para a gloriosa ressurreição de viver através da vida dele em
nós.Moore ((Apud) 1990, p.24-25). Moore alude:
Cristo insiste em que ele precisa ser o foco exclusivo de nossa vida.” Assim, pois, todo
aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu
discípulo” (Lc.14:33). Fazer uma entrega irrevogável a Cristo como Senhor é
essencial para o discipulado bíblico, mas não é suficiente. Essa entrega precisa ser
renovada todos os dias. Pois antes de Discipular alguém, faz-se necessário ser
primeiramente discípulo.
3.5.O SIGNIFICADO DE LEVAR A CRUZ
CONTINUAMENTE

“E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de
;mim”(Mt 10:38).Para entender o que Jesus quis dizer com esta com esta
ordem de tomar a cruz, devemos saber o que esta expressão significava
para as pessoas daqueles dias. De que cruz Jesus estava falando? Essas
palavras foram ditas antes que ele tomasse a cruz. Numa conversa
comum, as pessoas falam de algumas enfermidades físicas, algumas
fraquezas e alguns problemas familiares como sendo “sua cruz”. Sanders
(1995, p.22) vai aludir:
Estas não são circunstâncias que os judeus teriam associado a ideia de
levar a cruz. Essas coisas são circunstâncias normais da vida. A
crucificação era algo bem conhecido deles. Eles devem ter pensado na
cruz como um instrumento de sofrimento agonizante e eventual morte. O
que a cruz significava para Jesus? Foi algo que ele assumiu
voluntariamente e não algo que foi imposto sobre ele; a cruz envolveu
sacrifício e sofrimento. A cruz envolveu Jesus em renúncias pelas quais
ele pagou muito caro, pois eram símbolos da rejeição do mundo.

mesmo peso que as asas têm para os passarinhos. Se o


discípulo reluta em submeter-se a esta Segunda condição, Jesus diz:
Não pode ser meu discípulo. Sanders (Op. Cit. 1995, p.22).

Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto,


orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim esse cálice!
Todavia, não como eu quero, e, sim, como tu queres... Tornando a
retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar
de mim esse cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.(Mt
26:39 e 42).

Jesus pede ao Pai que faça passar aquele cálice; e o Pai ouviu
a prece do Filho. O cálice do sofrimento passaria; porém,
unicamente quando bebido. Isso Jesus o sabe perfeitamente ao se
ajoelhar pela Segunda vez no Getsemani; sabe que o sofrimento
passará quando suportado. Somente suportando-o é que o vencerá
e derrotará. A cruz é a sua vitória.”Sofrimento é afastamento de
Deus
Por isso é que aquele que se encontra na comunhão de Deus,
não pode sofrer. Justamente por essa razão é que ele toma sobre si
o sofrimento de todo o mundo vencendo-o Bonhoeffer (Op.
Cit.,2001, p.46).

3.6. O ESTADO CRISTÃO COMO


DISCIPULADO DO SOFRIMENTO

O sofrimento revela-se como o caminho mais seguro para


Deus, ou antes, no sofrimento Deus vem a nosso encontro (VI,
223,15ss) por isso o sofrimento deve ser considerado umm
santuário que santifica a pessoa, ou seja, separa a pessoa de suas
obras naturais para o serviço de Deus. Os sofrimentos são sinais
da Graça de Deus, prova de nossa filiação divina. Pois os olhos
de Deus estão voltados sempre para as profundezas, nada de
grande pode subsistir perante eles, quando, porém, uma pessoa
está oculta nessas profundezas, experimentará o maravilhoso,
salvifico poder criador de Deus.Ӄ verdade que o sofrimento dos
santos só acaba com o dia derradeiro ( V,352,20ss), seu sentido,
porém, não é castigo e destruição, ao contrário do que acontece
com o sofrimento dos impios, mas, sim, graça e purificação(
V,367,11ss”. Loewenich, (Op. Cit.1988, p.119).

A cruz de Cristo e a cruz do cristão formam uma unidade.


Com isso está excluído toda a ideia de mérito da pessoa, que ela
pudesse alcançar pelo sofrimento (XXXI, 2, 153, 29ss). Ao
carregarmos nossa cruz, não fazemos com isso nada de especial,
mas simplesmente demonstramos que estamos em comunhão
com Cristo. E também nem todo sofrimento pode reivindicar ser
discipulado da cruz (X, 3, 115, 15ss). A cruz de Cristo outra coisa
não é do que abandonar tudo e agarrar-se somente a Cristo pela
fé do coração, ou seja, abandonar tudo e crer isso é carregar a
cruz de Cristo.

De acordo com Lutero, ser crucificado com Cristo revela-


se ainda no fato de um verdadeiro cristão ter que atrair
necessariamente sobre sai a inimizade do mundo (X, 1, 1, 40,
19ss). A inimizade do mundo é sinal para a autenticidade do
discipulado (1, 214, 1 ss). Pois o próprio evangelho é um
escândalo para o mundo, em toda parte ele provoca discórdia e
luta. Por isso, como defensores desse evangelho, os cristãos são
considerados como ovelhas de corte (VI, 226, 3 ss.).
CONCLUSÃO

Jesus ao ser assunto aos céus deixou-nos um legado: de e fazei


discípulos de todas às nações (Mt. 28.19) e esta é nossa tarefa, uma
incumbência de todo aquele que é salvo por Jesus Cristo. E esta é a
forma de nos multiplicarmos fazendo discípulos de todas às nações.
É indubitável dizer que este chamado ao discipulado é função da
igreja e porque não dizer, é um privilégio e também
responsabilidade de todo o corpo de Cristo. Em primeiro lugar
obedecendo o chamado e posteriormente levando o evangelho ao
mundo todo.

Faz-se necessário não apenas conhecer profundamente os


princípios bíblicos para o discipulado. Todavia, o mais importante é
aplicar estes princípios à vida diária; isto é muito mais do que apenas
conhecê-los. O conhecimento sobre o discipulado tem que
transcender o conhecimento epitelial e atingir o visceral ou seja a
experiência com o Senhor Jesus Cristo não pode ficar a nível
superficial e sim atingir o mais profundo do coração do homem,
para que ele seja envolvido a tal ponto de não termos mais a sua vida
como preciosa.

O pesquisador compreende que para Discipular tem que


haver um bom preparo e é indubitável que a pessoa tenha sido
alcançado pelo Senhor Jesus Cristo, haja vista que ser discípulo
envolve dedicação, renúncia, carregar a cruz e amor a Deus acima
de tudo, portanto se não houver preenchimento destes requisitos,
automaticamente haverá desistência no que concerne ao
discipulado.

BIBLIOGRAFIA
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Comentário Bíblico Broadman: artigos gerais Mateus- Marcos. Rio de


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MOORE, Waylon B. Multiplicando Discípulo (o método


Neotestamentário para o crescimento da Igreja.3ed. Rio de
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