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 Um resumo dos capítulos anteriores antes de afundarmos no

cap. 3.

Capítulo 1
Paulo escreveu esta epístola aos crentes romanos. Ele é apóstolo
de Jesus Cristo e devedor a todos a fim de que deve lhes pregar o
evangelho. O evangelho é o poder de Deus para salvação de todos
que crêem; todavia, do céu a ira de Deus se manifesta sobre todo
pecado dos homens, porque embora a própria criação revele o
eterno poder e divindade de Deus, os homens detêm esta verdade
em injustiça, sem glorificar a Deus nem dar-lhe graças. Deus,
portanto, os entregou a desejos pecaminosos e paixões infames; ou
seja, deixou-lhes seguir este caminho até seu próprio fim. O
resultado era e é grande idolatria e imoralidade neles por causa dos
pecados vergonhosos que cometem. Eles conhecem o juízo de
Deus, sabendo que são dignos de morte, mas ainda cometem
pecado e, além disso, consentem aos que o cometem. (Isso é
ilustrado graficamente em Êxodo 32.)

Capítulo 2
Deus não considerará nem a religião nem a nacionalidade do
homem, mas justamente julgará cada um segundo as suas obras,
revelando, pela sua consciência, que rejeitou a revelação de Deus
na natureza, sendo entregue aos seus desejos pecaminosos. Os
judeus confiavam na sua possessão da lei de Deus,
especificamente o rito da circuncisão; porém, Paulo enfatiza que a
justificação não vem por possuir a lei, mas por praticá-la. Por fim,
ser aceito por Deus não vem da religião (ser circuncidado
fisicamente) nem da nacionalidade (ser filho biológico de Abraão),
mas sim, de um coração obediente. Paulo, então, explica que a
verdadeira circuncisão é a do coração.
A CULPABILIDADE DO HOMEM
vs
A JUSTIFICAÇÃO DE DEUS.
“Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na
obediência à lei, pois é mediante a lei que nos tornamos plenamente
conscientes do pecado”. - Romanos 3:20

Para que possamos entrar no cap. 3 em diante precisamos


deixar amarrados FUNDAMENTOS INABALÁVEIS das quais
JAMAIS devemos negociar ou abrir mão.

 Deus é fiel
 Deus é Justo
 Deus julgará e castigará todos os injustificados e pecadores,
provando sua fidelidade e caráter justo.
 Deus é verdadeiro. Ele é a própria verdade.
 A glória é de Deus.

O cap. 3 é dividido em três partes:

 A arrogância dos judeus (cont... do cap. 2);


 Toda a raça humana;
 A justificação pela fé em Jesus, O Cristo.

A ARROGÂNCIA DOS JUDEUS (CONT...


DO CAP. 2);
Paulo continua com suas refutações frente a dois grupos
opostositores aos adeptos de Cristo, os moralistas e os judeus.

Não é difícil imaginar a reação dos judeus, pelo menos alguns


dos leitores de Paulo. Eles devem ter reagido a ele com um misto
de incredulidade e indignação, pois essa tese seria para eles uma
ultrajante destruição daquilo que se constitui nas próprias bases do
judaísmo, a saber, o caráter de Deus e a sua aliança.
Para enfrentar as objeções dos judeus aos seus
ensinamentos, Paulo faz uso de uma “diatribe", que, conforme já
vimos, era uma convenção literária bastante conhecida dos filósofos
no mundo antigo onde de forma dissertativa as objeções e criticas
de uma obra ou autor eram expostas de modo severa e mordaz.
Nela um professor desenvolvia um diálogo com os seus
críticos ou com seus alunos, primeiro colocando e depois
respondendo as suas próprias perguntas.
Não é preciso supor que o seu adversário no debate seja
imaginário e o seu debate fictício. Parece mais provável que ele
esteja reconstruindo os verdadeiros argumentos que os judeus já
haviam usado contra ele durante as suas evangelizações nas
sinagogas. Para que a “diatribe” fosse possível precisaria de
alguém para ouvir os argumentos e contra argumentos e neste
caso, o interlocutor de Paulo não era nenhum ser fictício, como
podem pensar alguns, e pode até ser que não estivéssemos muito
longe da realidade se concluíssemos que o interlocutor de Paulo
era ele mesmo — Paulo, o fariseu inconverso, expressando
atitudes que o apóstolo lembrava tão bem como sendo suas!
Assim, teríamos "Paulo, o Fariseu" e "Paulo, o Cristão"
debatendo um com o outro.

(ler o Cap. 3.1-8)

Com base nesta passagem (3.1-8), vemos que Paulo não se


contentava em meramente proclamar e apresentar o evangelho.
Além disso, de forma apologética, ele argumentava em favor de
sua veracidade e racionalidade, defendendo-o também contra
distorções e más interpretações. Ele fazia assim por que sabia
que o caráter de Deus estava em jogo. Por isso reafirmava o
valor permanente da aliança divina, a fidelidade de Deus às suas
promessas, a justiça de Deus como juiz e a verdadeira glória de
Deus, que só é proporcionada para o bem e nunca para o mal.

Nós também, em nossos dias, temos de incluir a apologética


em nosso processo evangelístico.
Precisamos:
 Antecipar as objeções que as pessoas farão ao evangelho
 Ouvir cuidadosamente os seus problemas,
 Responder-lhes com a devida seriedade
 Proclamar o evangelho de tal maneira a afirmar a bondade de
Deus
 Anunciar a sua glória.
É uma pregação em forma de diálogo, que tem nesta passagem
um poderoso antecedente apostólico.

TODA A RAÇA HUMANA


Para dar continuidade ao raciocínio dos argumentos já
expostos, Paulo pergunta: “O que concluiremos então?” (9a).

Como se em uma galeria, ele foi exibindo todos os quadros,


um por um:
 A escandalosa depravação de grande parte do mundo
gentílico da época (1.18-32),
 A justiça hipócrita dos moralistas (2.1-16)
 E a arrogância do povo judeu, marcada pela anomalia de
gabar-se da lei de Deus e ao mesmo tempo quebrá-la (2.17—
3.8).
 E agora ele traz a juízo toda a raça humana.

É curioso que Paulo pergunta no verso 1 deste cap. Se há algum


privilegio em ser judeu e ele responde que sim, e muitos. Mas aqui,
no verso 9 ele pergunta se há alguma vantagem nisto. E ele
responde que não, não há. Será uma contradição? Como
respondemos a isso?
Existe ai duas explicações. Se Paulo se refere a “vantagens”
como privilégios e responsabilidades, sim, os judeus têm muito. Se,
porém ele se refere a favoritismo, conclui-se que não, pois Deus
não isenta os judeus do julgamento futuro. Isso já foi exposto no
cap. 1 e cap. 2 e a conclusão está no verso 9 “Já demonstramos
que tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado.”

É quase como se Paulo personificasse o pecado,


apresentando-o como um tirano cruel que mantém a raça humana
cativa na culpa e debaixo de julgamento. O pecado está em cima
de nós, pesa sobre nós e é um fardo esmagador.

Para demonstrar quão destruidor é o pecado na raça humana,


Paulo apresenta uma sequencia de sete citações do AT com o
objetivo de confirmar sua teologia quanto à universalidade do
pecado. A primeira citação, provavelmente de Eclesiastes, seguem-
se cinco dos Salmos e outra de Isaías, todas elas testemunhando
de diferentes maneiras a realidade da injustiça humana.
Paulo segue aqui uma pratica rabínica comum que liga uma
passagem a outra, como num colar de perolas no pescoço de uma
mulher.

 (Ec 7.20)
 (SI 14.1-3 = SI 53.1-3)
 (SI 5.9)
 (SI 140.3)
 (SI 10.7)
 (Is 59.7s; cf. Pv 1.16)
 (SI 36.1)

Duas características estão presentes aqui:

 A ausência de Deus na vida que é marcada pelo pecado –


quando as pessoas renunciam a Deus, elas tendem a atirar-
se despreocupadamente no pecado, enquanto que, quando
temem a Deus, elas se desviam do mal.2 Muito mais do que
isso, é uma declaração de que as Escrituras identificam a
essência do pecado como sendo impiedade (cf. 1.18). A
reclamação de Deus é que na verdade nós não o "buscamos",
visando a sua glória ou propósito supremo, 3 que não o
colocamos diante de nós,4 que não existe lugar para ele em
nossos pensamentos6 e que não o amamos com todo o
nosso ser. Pecado é a revolta do eu contra Deus, é destronar
Deus na intenção de entronizar a própria pessoa. Em suma, o
pecado é a auto-deificação, a atrevida determinação de
ocupar o trono que pertence somente a Deus.

 Essa cadeia de versículos do Antigo Testamento destaca


a natureza destruidora do pecado – o pecado tem a
capacidade que ele tem de infestar a nossa vida, pois ele
afeta todas as partes da constituição humana, todas as
nossas faculdades e funções, inclusive as nossas mentes,
emoções, sexualidade, consciência e vontade. Nos versículos
13-17 há uma listagem intencional de diferentes partes do
corpo. Esses membros e órgãos do nosso corpo foram
criados e dados a nós para que, através deles, pudéssemos
servir às pessoas e glorificar a Deus. Em vez disso, porém,
são usados para ferir pessoas e em forma de rebelião
contra Deus.

(ler as partes do corpo em 13-18).


O versículo 19 tem se constituído um verdadeiro quebra-cabeça
para os comentaristas. O seu propósito é claro, a saber, que toda
boca se cale e todo o mundo esteja sob o juízo de Deus (19b). Mas
como é que se chega a essa conclusão? A explicação mais
provável é que os judeus, ao lerem a série de citações do Antigo
Testamento, iriam pressupor que elas se aplicavam àqueles
gentios pervertidos e sem lei. E é lógico que o juízo de Deus cairia
sobre eles. Mas Paulo lembra aos judeus o que tanto eles como o
apóstolo sabem: sabemos que tudo o que a lei diz (lei, aqui,
significando o Antigo Testamento em geral), o diz àqueles que
estão debaixo dela (19a, literalmente, "dentro da lei") — ou seja,
eles mesmos, como judeus; de forma que eles também serão
incluídos no julgamento. Dessa maneira toda boca é calada, toda
desculpa silenciada e o mundo inteiro, tendo sido declarado
culpado, está sujeito ao juízo de Deus.
Como se em um réu, na corte, é dado a ele a oportunidade de
pronunciar-se em defesa de si próprio, e, dado os pesos irrefutáveis
das provas que o condenam, fica sem fala, calado, e não existe
mais nada a esperar a não ser o pronunciamento da execução de
sua sentença.

Este é, portanto, o ponto para o qual o apóstolo vinha


persistentemente se direcionando. Os idolatras e imorais gentios
são "indesculpáveis" (1.20). Assim como todo crítico moralista, seja
judeu ou gentio, é igualmente "indesculpável" (2.1). O fato de ser
judeu — e por isso "especial"— não exonera ninguém. Na verdade
todos os habitantes do mundo inteiro (3.19), sem exceção, são
indesculpáveis (hypodikos) perante Deus, isto é, encontram-se
"sob acusação, sem possibilidade de defesa." E a essa altura o
motivo está claro: todos têm (por meio da Escritura, no caso dos
judeus, ou através da natureza, através dos gentios) algum
conhecimento de Deus e do que é moral, mas todos eles
desconsideraram ou mesmo reprimiram o seu conhecimento
para poderem seguir os seus próprios caminhos.
Consequentemente todos são culpados e condenados diante
de Deus.
A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ EM JESUS, O
CRISTO
Todos os seres humanos, de todas as raças e classes sociais,
de todos os credos e culturas, tanto judeus como gentios, imorais e
moralistas, religiosos e ateus — todos, sem exceção, são
pecadores, culpados, indesculpáveis e sem defesa diante de Deus!
Eis o quadro terrível e desolador com que Paulo descreve a
situação da raça humana em Romanos 1.18—3.20. Sem um
raiozinho de luz, nenhuma fagulha de esperança, sem a mínima
perspectiva de socorro.

esta é a situação de uma raça humana diante de um Deus


Fiel, Justo, Verdadeiro e Glorioso (fundamentos).

"Mas”— Paulo interrompe de súbito — o próprio Deus


interveio. Depois da longa e escura noite, raiou o sol, amanhece um
novo dia e o mundo é inundado de luz. "Mas agora se manifestou
uma justiça que provém de Deus, independente da lei..." (21a). É
uma revelação totalmente nova, centralizada em Cristo e sua cruz,
se bem que dela "testemunham a Lei e os Profetas" (21b) em
previsões e prefigurações parciais. E assim Paulo contrasta a
injustiça de uns e autojustificação de outros com a justiça de Deus.
Em contraposição à ira de Deus sobre quem pratica o mal (1.18;
2.5; 3.5) ele anuncia a graça de Deus, que envolve os
pecadores que crêem. Diante do julgamento, apresenta-nos a
justificação.

Os versículos 21-26 são, para muitos estudiosos o bloco mais


incisivo de toda a obra, chamada por alguns de “O centro e o
Cerne” de todo que constitui a parte principal da carta. Sua
expressão chave é "a justiça de Deus", expressão já considerada
por nós quando ela ocorreu a primeira vez, em 1.17. Aqui, em 3.21,
a tradução da NVI refere-se a uma justiça que provém de Deus,
frisando dessa maneira a iniciativa salvadora que ele tomou a fim
de conceder aos pecadores a condição de justos aos seus
olhos. Os dois versículos (1.17 e 3.21) dizem que essa justiça foi
"revelada" ou "manifestada". Os dois a apresentam como algo
inovador, ao dizerem que ela se dá a conhecer ou "no evangelho"
(1.17) ou independente da lei (3.21). Ambos, no entanto, a
representam como um cumprimento das escrituras do Antigo
Testamento, o que demonstra que não se trata de uma elaboração
posterior da parte de Deus. E os dois afirmam que podemos ter
acesso a ela pela fé.

3:22 - Havendo revelado que todos os seres humanos (tanto


judeus como gentios) são naturalmente ímpios (tendem
espontaneamente à pratica do mal – 1.18 – 3.20), Paulo apresenta
a “boa notícia” de que Deus – presente – está oferecendo
gratuitamente um (e único) meio de justificação para cada indivíduo
da raça humana que, de forma voluntária, pessoal e sincera, nele
crer de todo o seu coração: Jesus Cristo, o Filho de Deus, o
Messias prometido.

3:23 - Ao pecar (palavra que em hebraico tem o sentido de


“errar o alvo”), o ser humano se encontra em falta perante o ideal
para o qual Deus o criou (Is 43.7). A glória que o homem possuía e
desfrutava antes da Queda (Gn 1:26 -28; Sl 8.5, 6; Ef 4.24; Cl 3.10),
o cristão sincero voltará a ter por intermédio de Jesus Cristo
(Hb 2:5 -9)."

3:24 – Justificação e Redenção


Justificação é um termo legal ou jurídico, extraído da
linguagem forense. O contrário de justificação é condenação.

Os versículos 24-26, Paulo ensina três verdades básicas


sobre a justificação: primeiro, a sua fonte, de onde ela se origina;
depois, a sua base, em que ela se sustenta; e, em terceiro lugar, o
meio pelo qual ela é recebida.

 A fonte de nossa justificação: Deus e a sua graça - Nós


somos justificados gratuitamente por sua graça (24). Uma
verdade fundamental no evangelho da salvação consiste em
que a iniciativa da salvação deve-se, do início ao fim, a Deus
o Pai. Qualquer formulação do evangelho que tire a iniciativa
de Deus e a atribua a nós, ou mesmo a Cristo, já não é mais
bíblica. Quem deu o primeiro passo, portanto, foi Deus o Pai,
e a nossa justificação nos veio gratuitamente (dõrean, "como
um presente") por sua graça, por seu favor absolutamente
gratuito e completamente imerecido.
 A base de nossa justificação: Cristo e sua cruz - Se Deus
justifica gratuitamente os pecadores por sua graça, por que
ele faz isso? Baseado em quê? Como é que esse Deus justo
pode declarar justo o injusto, sem comprometer a sua própria
justiça nem condescender com a injustiça deste? Esta é a
nossa pergunta. A resposta de Deus é a cruz.

 O meio de justificação: a fé - Por três vezes neste parágrafo


Paulo ressalta a necessidade da fé: mediante a fé em Jesus
Cristo para os que crêem (22); mediante a fé pelo seu sangue
(25) (ou, mais provavelmente, "pelo seu sangue a ser
recebido pela fé"); e Deus é justificador daquele que tem fé
em Jesus (26). De fato, a justificação é "pela fé somente", sola
fide, um dos grandes slogans da Reforma.

A justificação (cuja fonte é Deus e sua graça, cuja base é Cristo


e a cruz e cujo meio é somente a fé, completamente à parte das
obras) constitui o cerne do evangelho e é uma característica
singular do cristianismo. Através do sacrifício redentor de Jesus, o
Filho; Deus, o Pai, remove o pecado do seu povo, não virtualmente
ou simbolicamente como se dava nos rituais do passado (Lv 16),
mas agora, em plena realidade físico-espiritual, eliminando
definitivamente toda a culpabilidade humana perante Deus – o
Supremo Juiz – e limpando completamente a consciência de cada
indivíduo que aceita o sacrifício do Senhor como salvação para sua
vida e, a partir dessa constatação, nasce de novo.

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