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ESCOLA SECUNDÁRIA GERAL DE MOCUBA

TRABALHO DE PESQUISA DE FILOSOFIA

TEMA: FILOSOFIA POLITICA NA IDADE MÉDIA

DOCENTE: DISCENTE:

dr. Muanaoba 1 . Elias Daissone Pei; Nº17

2 . Celso Américo Carlos;


Nº17

MOCUBA, OUTUBRO DE 2021


Indice

Introdução......................................................................................................................1

Objectivo Geral..............................................................................................................2

Objectivos especificos...................................................................................................2

Metodologia...................................................................................................................3

1. Idéias Politicas do Cristianismo na Alta Idade Media............................................4

2. Pensamento Politico em Santo Agostinho..............................................................5

3. Filosofia Politica em Santo Tomas de Aquino.......................................................8

4. Coclusão...............................................................................................................11

5. Bibliografia...........................................................................................................12

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Introdução
O presente trabalho de pesquisa está estruturado de acordo com a sequencia temática da
lição “ Filosofia politica na idade Média” Como sabe, em termos cronológicos,
depois da época antiga vem a época Média (ou medieval). No contexto histórico, sabe-
se que a Idade Média foi uma época que mais durou em relação às outras idades. É por
isso mesmo que tudo estava centrado em Deus. E como se sabe, ao longo deste estudo,
os filósofos fluentes que apareceram nesta época, são também ligados à religião. O que
reforça ainda mais este pensamento, é o facto de que os seus nomes recebem o título de
santo. Portanto, os filósofos desta época que você vai estudar chamam-se Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino.

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Objectivo Geral
Compreender a filosofia politica na idade média

Objectivos especificos
 Explicar o pensamento político de Santo Agostinho
 Explicar o pensamento político de São Tomás de Aquino.
 Identificar as obras em que se encontra o pensamento político destes filósofos.
 Relacionar a Igreja e o Estado no pensamento político em Santo Agostinho e
São Tomás de Aquino.

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Metodologia
Visto que a pesquisa é de caráter exploratório e de suma importância para o sucesso do
objetivo final, adotou-se a revisão de literatura, relacionada com o objeto de estudo,
caracterizado por uma pesquisa bibliográfica documental ou de fontes secundárias.
Marconi e Lakatos (2002 p. 58) comentam que:
“... as fontes secundárias possibilitam não só resolver os problemas já
conhecidos, mas também explorar novas áreas onde os problemas
ainda não se caracterizam suficientemente. Assim, a pesquisa
bibliográfica propicia a investigação de determinado assunto sob um
novo enfoque ou abordagem.”

No presente estudo, adotou-se como principais fontes de pesquisa: livros, trabalhos


acadêmicos, artigos científicos e avulsos, bem como consultas à internet, cujo aporte
técnico direcionou a operacionalização do conhecimento.

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1. Idéias Politicas do Cristianismo na Alta Idade Media

Durante a Idade Média, na Europa Ocidental os cristños vivenciavam uma conce ño


comum de mundo: as formas de saber e de verdade estavam expostas no Novo
Testamento, nas Escrituras Sagradas e nos ensinamentos dos Padres da Igreja. Tanto a
filosofia politica quanto as outras Areas da cultura e do conhecimento cientifico
estavam sob o controle e sob a ingeréncia da teologia oficial e das doutrinas da Igteja
Romana. Porém, a heranqa da antigaidade classica nño havia sido abandonada ou
esquecida, pots se fez presente na interpreta$io e na obra dos grandes pensadores
KnStaos que souberam adaptar para a teologia cristii a obra de Platâo, Aristoteles,
Séneca, Cicero, Plonno e outros.

A Alta Idade Média tern a fase mais representativa de seus fundamentos filosdficos no
periodo conhecido como Patrfstica (que se estende do século 11 ao século VI). A
Patristica expressa o momento em os Padres Apologistas, conhecedores do pensamento
antigo, mas voltados para um modo santo de viver, uma postura intelectual ortodoxa e
uma in corpora ño rigida a tutela da I greja, buscam desenvol ver, sistematicamente,
uma doutrina apologética (com implica§ñes na Sociedade, na Politica, no Direito e na
Etica) que sirva de fundamento filosñfico a teologia, procurando criar novas verdades
para a religiao cristñ, impondo e explicando dogmas que regulamentam e
institucionalizam a fé catolica.

Tendo ficado clara a origem do poder e o dever de obediéncia a autoridade revestida


pela vontade de Deus, avan a-se na questao da dualidade e na coexisténcia de poderes.
Assim sendo, escreve Sabine:

“o cristianismo postulou um problems desconhecido no


mundo antigo — o problema da Igreja e do Estado (...). A novidade da
posi§ño crista residia na suposi§ao da dualidade de natureza no homem
e do controle sobre a vida humana (...). A distin9ao entre coisas
espirituais e temporais constituia a esséncia da evidente opiniao crista.
(...) o cristfio estava inevitavelmente obrigado a cumprir um duplo
dever, situagio essa inteiramente desconhecida da antiga ética paga.
Devia ele nao apenas dar a Cesar o que era de Cesar, mas a Deus o que
era de Dens; contudo, se entrassem em conflito, nño havia duvida de
que devia obedecer a Deus e nño ao homem.”

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Em suma, essas asser ñes memorñveis de Sao Paulo acerca da obediéncia civica
transformada em louvada retidño oficializavam igualmente uma fidelidade dividida,
pois ao cristao cabia saber con viver com o poder espiritual (Igreja, Papa e bispos) e
com o poder temporal (Estado, Imperador e reis). A defesa da supremacia do poder
espiritual e da autoridade eclesiastica sobre a laica proclamada por doutores, canonistas
e Padres da Igreja, na Alfa Idade Média, desencadeara numa etapa posterior (séculos
XII e XIII) um crescente processo de lutas interminaveis entre o Papado e os
Imperadores'. Ta is lutas favorecem a emergéncia de doutrinas politicas que
justificavam a hegemonic do poder religioso sobre o poder civil, a natureza e os
fundamentos das formas de govemo, a institucionalizapño politica das rela3ñes pessoais
de fidelidade e hierarquia, e, por finn, a pulveriza§ño do feudalismo sobre a no9ño de
soberania".

2. Pensamento Politico em Santo Agostinho


Possivelmente, o mais destacado pensador cristiio da Patristica e de toda a primeira fase
da Idade Média foi Santo Agostinho. Sua obra reproduz uma sintese admirñvel da
cultura classica antiga com o legado judaico-cristao através da interpreta ao pauliniana.
Além disso, na sua juventude, antes de sua conversâo ao Cristianismo (relatada em suas
Confis.sñes), recebeu influéncias do ncoplatonismo (Plotino), do ceticismo e do
maniqueismo", revelando-se, ao longo de sun vasta produçâo (acima de 200
cartas, mais de 500 sermfies e 113 tratados), um profundo e eloquente filñsofo- teñlogo.
A filosofia de Platño c os cnsinamcntos ale S‹ao Paulo foram decisivos para a
estruturaqao filosñfica de sua doutrina teol ñgica. Seas principais idéi as se tornarain
repositdrio inesgotâvel que scr viu dc orienta§iio filosofica c cspiritual para todo o
pensamento cristño (doutrinas da predestinaqao e da sal vap‹io), quer entre pensadores
catñl icos, quer entre autores protestantes. Seus trabal how mai.s conhccidos c dc I ortc
present a em todo o pensamento medieval foram: As Coiifissâes e A Cidade cfc
Deus. Em suas célebres Confissâes, Santo Agostinho narra a trajettiria de sua
infdncia, ju vcntudc, maturidade, forinaqao intelectual, rela§ñes com a progetiitora
Monica e fundamental mente sua con versño e autopeniténcia diante has seduqfics,
devassidñcs c incertezas do mundo pagao" .

Em seu iivro maior, A Cidade de Deus, cscrito entre 412 e 427, procura de- fender o
cristianismo da acusaq ao feita pet os pagaos de ter sido respo ns3 vel, ao abandonar a
prote§ño dos deuses antigos, pela tomad a c saquc dc Roma (41(1), feita por Alarico.

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Santo Agostinho arguments que a fragilidade e a desgrapa do Império Romano frente
aos godos se devia muito mais ii dissoiu ao dos costumes e ao cut to do polite'i smo
'2 .

A refiexiio proposta pelo Bispo de H ipona em sun ma is signi ficativa obra e u de


que a historic human a tern percorrido um eterno dualisms cntrc a c idadc de De us
[Civitcis Dri, Ci+'itas coelestis‘), fundada por A bet e inte gril a por entes libertos mo
pecado, em peregrina ao ao céu e mm to prñx iinos do ser div trio, e a cidade terrena
(por ve zes chamada de civitas diabol i), formada por homens descendentes de Cairn,
marcados pet o pecado, que nao vivem na fé, comungam com os valores e exigéncias
do mundo pagao. Ass inn, est a presente no pensamento agustiniano o dual is mo
maniqueista da cidade celestial que, corporificada pela Igreja, se ocupara dos interesses
esp irituais e reinara soberana sobre scus inimi gos, e da cidade civil identl ficada com
o Estado temporal que se encarregara das coi sas materials'" . As dnas cidades
existem, lado a lado, e continuarño até o final dos tempos, quando entao a cidade dc De
us subsistira para constituir a eternidade dos santos. Tal distin âo das dnas cidadcs que
parti lham a ex isténcia human a entre s i fica bcm cx pressa quando ele divide a
humanidade “cm dois grandes grupos: um, o dos que vivem segundo o homem; o outro,
o daqueles que vivem segundo Deus. Misticamente, damos aos dois grupos o nome de
cidades, que é o mesmo que dizer sociedades de homens. Uma del as csta predestinada a
reinar eternamente com Deus; a outra, a sofrer eterno supl icio com o diabo.”"

Em outra passages, Agostinho descreve as dnas modalldades de amor que edificaram as


cidades: “(...) o amor-proprio, que leva ao desprezo por Deus, fez a cidade terrena; o
amor a Deus, que leva ao desprezo por si proprio, erigiu a cidade celestial”'”. A inda
que Agostinho nao tenha sido um teorico on filñsofo da politica, sua obra oferece ricos
subsidios para a interpreta§ño sobre as rela§ñes entre Estado e Igreja, os fundamentos
da let natural e da lei positive, a questao da legitimidade do poder dos governantes, a
formula§iio crista da idéia de justi a e a discussao acerca do significado da guerra justa.
Portanto, as idéias agustinianas de matiz politica devem ser buscados numa leitura
atenta da eloqiiente, dcterminista e apologética “A CiJude dcc Deus”.

Certamente, essa notavel obra ‹Jo século V, que aglutina teologia, filosofia, histñria c

politica, e se revel a “ardente e grandiosa”, no dizcr de lean Touchard,

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“nño exp0e propriamente uma doutrina; toda ela é rechcada de sentimentos
contraditñrios; represents acima de ludo a medita ao apaixonada de um adepto do
cristianismo, romano pela cultura, que, ante o desmoronamento de um império
agonizante, se sente dilacerado entre a desorientaqao, o desejo de enfrentar as
contingéncias imediatas e a certeza profundo de que tal derrocada in originar algo de
eterno. Esta meditaqño acerca da historic universal encontrou um duradouro eco, mas
deformante, em toda a Idade Média. Serviu para alicerpar uma doutrina politica que,
(...) prograrnatlZara a absor§3o do Direito do Estado pelo da Igreja.”"

Desse modo, a teologia politica agostiniana traqa os marcos inicials de uma doutrina do
Estado e fornece os elementos teoricos para a justificaq ao politica da Igreja ocidental.
Nao so o Estado apresenta limites que a Igreja nño conhece, como so podera integrar-se
a Cidade de Deus subordinando-se a Igreja em todos assuntos ou gestñes espirituais" .

A respeito das consideraqñes dc Santo Agostinho sobre lei natural e lei positive,
convém lembrar que sfio retomadas a tradi ño da antiguidade class ica (os sofistas,
Séneca e Cicero) e as interpreta3ñes dos primeiros autores cristños (Sño Paulo,
Clemente de Alexandria, Origenes, Tertuliano, Lactancio e Sao Jerñnimo). Superando o
panteismo greco-romano e a pouca sistematicidade de seus predecessores da
Patristica, o Bispo dc Hipona, elabora uma doutrina unitâria c coesa que pcrmite
harmonizar o cristianismo com as idcias de lei ctcrna, natural c humana. Dessc modo, a
lei priirieira é a lei etcrna que expressii a “razao ‹livina e a vontade dc Deus”. J. a lei
natural que se manit’esta na consciencia, n'ao e $CflaO “il J.1NiC i/a§ao da criatura
racional na ordem divina do univei‘so (...). A lci eterna, quc tent Deus por autor e se
man ifcsta na intiinida‹le da consciéncia humana como lei ética natural, é o fundamento
das leis liumanas ou temporais, de ta1 sorte, nada nessus c justo e legitimo, que mo
dcrive dac}uela. Em uma palavra: o Direito positivo se bascia no Direito n atural. que a
sua vez é um aspecto da let cterna.” "

O Direito mo se fundamenta pura c siinp les nor natrtreza humana (como sc propunha
nil £lntigiiidade), pois a natures.i, sendo cingida pet o pecado, faz com que a
legitimidadc da legalidade tem/Ofill seja buscada numa ordcm divina do mundo.

Tendo presence o “pess i inismo antropologico” dc Santo Agostinho, cont - preendcm-


se suas idéias sobre lei, justi(a, governo e guerra justa. Natural mentc, a concept ao de
just i§a verdadeira so se efei iva no ambito do cristianismo, vivenciado pelas prâticas do

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amor e da caridade. Na reinterprcta9âo do conccito, Agostinho assinilJ.i que a justi§a
“results numa qual idade quc abrange dcvosao. Crcr, venerar e adorar a Deus c dar 5 sua
Igreja o luear que 1 he compete ua comunidadc, tudo isso cell agora incluido no
conceilo de Justi;a” “’

O “agrtstinismo politico” cngcndrado na Ci‹lci‹le cle D‹•ns deféiidc uma concepp3o


teocr5t ica de podcr, em que a Igreja Cristâ ten todu a lcgitimidade tle jiirisdi§"ao sobre

‹i Sociedadc pol ftica. Por consepuinte, a autoridade quc cxerce o podcr terreno so ser5
per feita se for um governance crist3o. No contexto de uma mundialidadc irarcada pclo
pecado, qualquer que scja a forma dc ser do govei no, estc dcverfi contribuir na “tarcfa
espii rural de ajudar a I greja na sua I vita contra a maldade inata do homem, poi meio
de orclcns e castigos” .

3. Filosofia Politica em Santo Tomas de Aquino

Uma nova etapa da Idade Mcdia na Europa Ocidental se descortina entre o.s séculos XI
e XIV. O século X I comet a a registrar uma certa crise c decli’nio do feudalismo, novas
ordens relig iosas sao criadas, a Igreja R oinana passa por pFOfHHdil rct“orma, tendo
passado pclo Cixinri rh Orieiite (a Igreja Orient‹il rompe com a 1 gi eja Ocidcntal) e
pela dispute conhccida como a “qi«•i/ño ‹fa.i lni!esticltira.s” (controversiaentre
Gregñrio VII eo Sacro Império Romano-Germanico). No século XII, além do confiito
permanente entre o papado eo império ocorrem também as primeiras cruzadas e emerge
a Escolastica. O apogeu cultural da Baixa Idade se efetiva no século XIII, periodo que
corresponde ao enfraquecimentoda nobreza feudal, ao crescimento da populaqao, â
expansiio do comércio, ao desenvolvimentodas cidades livres e das associaq0es
mercantis. Enquanto a Igreja Catolica (através do Papa Gregñrio IX) criava o Tribunal
da Santa Inquisi§ño (para combater o surto das heresias), as grandes sinteses filosñficas
universais comeqavam a ser celebradas na Universidade de Paris, destacando-se o
ensino da dialética e da teologia22 .

E, contudo, no século XIV que come§a a dissolu§ño das instituiqñes até entño
hegemñnicas (Igreja e Sacro Império), o aumento do poder real com o aparecimento das
monarquias nacionais (Frank a, Inglaterra), o desgaste e eclipse do papado, a
emergcncia do reformismo filosofico e da seculariza9ao na politica.

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Se a Patristica for o momento cultural mais significativo da primeira fase da Idade
Média Ocidcntal, a Escolastica representou o apice da produ§ño intelectual, filosofica e
teolégica da Europa crista nos séculos XII e XIII. Como corrente filosofica hegemonica
dominada pela forte presenta dos dominicanos,

“(...) seu principal objetivo era demonstrar, por um raciocinio logico formal, a
autenticidade dos dogmas cristaos. A filosofia devia desempe-nhar um papel auxiliar na
realizaqao deste objetivo; por isso, a tese de que filosofia esta ao serviqo da teologia’ foi
o principio bâsico da Escola3tica. Esta procurava, também, utilizar para a fundamento
ño dos dogmas cristios, as teorias dos pensadores antigos, em especial de Aristételes
que, a partir do século XII, chega a ser uma autoridade iflaQ8livel, na fi losofia e na
ciéncia. Deste modo, a Escolastica medieval procurava col ocar um fundamento
filosñfico sob todo o edificio da fé.”'

Santo Tomas de Aquino, dominicano nascido na Italia, for nio so o nome mais
expressivo da Escolastica, como, sobretudo, um dos mais importantes pensadores do
Ocidente Medieval. Apñs estudar com seu mestre Alberto Magno e tornar-se professor
de teologia em Paris, Santo Tomas procurou realizar a grande sintese entre a cultura
pagñ antiga (a “razño” aristotélica) e os ensinamentos e os dogmas da Igreja Catñlica (a
teologia crista da “revelaq3o” e da “fé”). Assim, “diante das idéias pre-crisias de
Aristñteles sobre Deus, o universo e o homem, Tomas de Aquino insistia que um born
pagao poderia mostrar que as opinioes do filñsofo nño conflitavam com as da Escritura.
Achava também que ele e sua gera9ao tinham muito o que aprender com Aristñteles.

Enquanto Santo Agostinho sc embasa cm Platiio e Sao Paulo, proclamando a “fc” como
instrumental de compreensao teolñgica, Santo Tomas recupera Aristoteles através das
versñes arabes c judaicas, apregoando a qualidade e o uso humano da “r‹iz'‹io”.
Distancia- se da visao pessimista agustiniana sobre a natureza humana, pois mesmo que
o homcm tenha car do no pecado é capaz de disccrnir o bem e o mal, c guiado pela
razao (inspirada na luz div ina) habilita-se a conhecer a verdade e praticar a virtude2'.

Ainda que se tenha consagrado como teslogo e t’ilñsofo, Santo Tom5s dc Aquinti nño
dei x ou de ser também um competence pensador politico que, ao scguir e truzcr para o
cristianismo as formula§ñes aristotélicas da natureza politica do homem, discorre com
profundidade sobrc uma teori a do poder, do Estado e do bem comum, uma teori a da
nature za das leis, uma teori a da resisténcia a injusti9a e, por finn, uma teoria das

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formas de govemo. Nesse ponto, suas principals idéias politicas aparecem com destaque
na monumcntal Senna Teolñ,gica c no ens:iio inacabado Do Reitio ou do Goi!erno do.i
Prlncipe.s no Rei de Chipre” . Na verdade sua obra é numeros8, lTlilS il JHtna Teol‹›g
ica (Sumvio Theelm z tea) expressa a sistematicidiide de uma ciéncia filosofica c
teolfigica, fonte inspiradora de grandc parfe da Idade Média cristñ e do inicio dos
tempos modcmos. Com acuidadc e rigor trata metodologicamentc de matérias como
logica, inctafisica, antropol og ia, ética, teologia c politica (cm que examina e cxpñe
com riqueza dc conhecimento questoes sobre a natureza das leis).

Partindo de premisses aristotélicas, Santo Tomas constroi uma doutrina tcolSgiCil

do poder e do Estado. Primeiramentc, compreende que a natureza humana tern fins


terrenos e necessita dc uma autoridade social, Se o poder cm sua esséncia tern uina
origem divina, é captado e se realize através d;i propria naturcza do homem, capaz de
seu exercicio e sun aplicapño. Certamente, tanto o poder temporal quanto o poder
espiritual foram “instituidas por Deus. Dcus é o criador da naturcza humana c, como o
Estado e a Sociedade sao coisas naluralmente necessarias, Deus é também o autor e a
fonte do podcr do Estado.

O Estado nño é uma necessidade do pecado original”. Enquanto o homem necessita do


Estado, cste deve servir a comunidade dos cidaddos, promovendo a moralidade e o ben -
estar ptiblicos, cfetivando sua plena miss3o de incentivar uma vida verdadciramente boa
c virtuoso, e criando as condi§fis satisfatorias do bem-comum™ . Por consectuéncia,
os fins do Estado euro fins morais (o bem-cstar de toda comunidadc), sendo que os
cidadiios csiao comprometidos com um finn temporal (rcpresentado pela autoridade
estatal) e com um finn espiritual (corporificado pela Igreja, que atua como instancia
maior)" . O poder do Estado nño fica subordinado de forma absolute ao poder da lgreja
(como defendia Santo Agostinho), mas sim de modo relativo; a autoridade da Igreja é
superior cm matéria espiritual.

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4. Coclusão

Como se procurou descrever neste trabalho de pesquisa, o pcriodo medieval na Europa


abarca um largo tempo, con vcncionalirente fixado cntrc a queda do linpério Romano no
século V e a tomada de Constantinople pelos turcos em 1453. Nesse contexto dii Alt a c
da Baix‹i Idade M édia, os li ir itcs est'ao con t igurados cm l’atos como o ad vento
do C rist i an is In o, a s u bsl i t ui§ ao do I m péri o R o mano pet a I g rej a C‹ito1 i ca
c a institucionalizap.o do fcudalisino. Trata-sc cle uma sociedade fragincnt‹ida c
senliorial num q uadro de ordc ns, dc hierarquias e de rel:iiñcs pessoais.

Ao pri vilei;iar :i historicidade das idé ias c do pensamento pol itico medics:il, n'ao se
pode dei xar dc rclacionar o poder, o Estado, as l‘ormas de governo e a legitinaidadc
alas leis cotn u cultura c lcrical e corn a valorapiii› cxtrcmada das fork as religius:is. E
ess.i cspccificidade prot‘undanaentc religioso eclesiâstica da lil osofia politica medie\’il
que a di ferencia do pensamcnto poli’tico antigo (iaattirrtl istico, pantei’sta e c ivico) e
do moderno (secul ari zado, antropocéntric‹i c racionalista). Dois mementos cultura is
‹lc relc vância para influenciar as idé ias poiiticas s'ao a Patristica c a Escolastica,
tendencies engendradas no bojo da Filosol ia e da TeolO iit. A ind‹i que priirordios de
idéias politicas possair ser cncontrados nas epistol as de S‹IO Pile O, a molivapao por
que4t0es politicas n3o era apreciada pelos scguidores da Igreja Cristii primitive nos
primeiros tempos cla cristandade. Soinentc com a proclamapao do CriStianisiro como i
eligi5o oficia! do Estado (Constantino, cm 3) é que comet a ideologicairente seu
processo de po1itizapso, tornanflo a Igreja Romana podcrosa e influente.

Na pri we ira partc da Idade Média as fontcs dc inspiraqao e embasamento (contribui;


oes dcsi guais e di fusas) para o pcnsaincnto politico estao presented nas
Escrituras Sagradas, nas interpreta§ñes dos doulorcs da lgi cja c nos ensinamentos dos
Paclres Apologctas. Nessa etapa, a contribuipâo dc Santo Agostinho é indiscutive1,
oferecendo subs idios, com sua eloqiiénci‹i c conhecimento, par a que :i Igreja Crist. se
torn as.se licrdcira universal do I inpério Romano.

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5. Bibliografia

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