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A virtude da modéstia

 43ª atitude: Cenáculo COM é lugar de preparar-nos para a luta.


 "Porquanto esta é a vontade de Deus, que vos santifiqueis: que eviteis a
impudicícia, que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em
santidade e honra” (I Ts 4, 3-4)

 De acordo com S. Tomás de Aquino, a noção de modéstia no vestir, no


falar e no modo de se comportar deriva da noção de moderação, de
fazer algo de uma maneira adequada, bem equilibrada, e que observe
um meio entre os extremos (cf. STh II-II 168; 169). No caso em exame,
os extremos são, por um lado, a indecência (de longe muito mais
comum nos dias de hoje) e, por outro, uma afetação de virtude e uma
inibição maldosa.

Como todas as virtudes morais, o hábito da modéstia não só capacita a


pessoa para querer e escolher o que é certo a esse respeito, mas também
a impele a fazê-lo; a modéstia torna-se uma segunda natureza, uma
disposição a agir.

São Tomás nos recordaria, também, que essa virtude nos ajuda a apreciar os
bens corporais em seu devido lugar. Quando o exigem as pessoas, o lugar e
a ocasião, as paixões do apetite concupiscível são boas, instrumentos de
ação virtuosa queridos por Deus.

 A pessoa modesta é aquela cujas ações e aspecto externo


consistentemente refletem autodomínio, bom juízo do que seja
apropriado, um controle firme dos próprios sentimentos, bem como
uma habilidade serena de expressar a si mesmo e de “ser” quem se é
sem necessidade de alarde.

Por isso, a verdadeira modéstia começa na alma para só depois chamar a


atenção dos olhos ou dos ouvidos alheios. Essa modéstia interior consiste em
regular toda a própria vida de uma maneira que seja calma, gentil, reverente e
pura. Vestir roupas modestas ou evitar danças imodestas é algo que
simplesmente “transborda” dessa condição interior.

 Todo o mundo quer ser amado como pessoa, não como coisa; como
um “quem”, não como um “quê”. A virtude da modéstia é uma proteção
contra um sem número de perigos; desprezá-la, porém, um convite a
uma multidão de pecados.
 A virtude da modéstia é essencial, e não opcional, à vida cristã. Ela
está longe, é fato, de ser a virtude mais importante; mas, ainda
assim, vivê-la é uma proteção contra um sem número de perigos,
enquanto desprezá-la é um convite a uma multidão de pecados.

Como a modéstia surgiu na vida do homem?

 Em um primeiro momento, quando Deus criou Adão e Eva, os dois


estavam em estado de graça e haviam recebido da bondade divina o
dom da integridade - a exposição do corpo entre eles não era motivo
para nenhum desejo ou ato desordenado. Tanto que eles estavam nus e
não se envergonhavam (Gn 2,25)
Todavia, nossos primeiros pais cometeram o pecado original e, em
consequência, a razão e a inteligência se revoltaram contra Deus, e as
paixões, que se encontravam plenamente submissas à razão, revoltaram-se
contra ela. Nisto, “os olhos de ambos se abriram e tendo conhecido que
estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram para si cinturas” (Gn 3, 7). E
estas ainda não foram suficientes, pois Deus em seguida os cobre com pele
(Gn 3, 21).
 Segundo São João Paulo II, essa nudez vai além da nudez do corpo –
ela manifesta o homem destituído da participação no Dom, alienado
daquele Amor que tinha sido a fonte do dom original, fonte da plenitude
do bem destinado à criatura (Teologia do Corpo, catequese n.27). O
homem, se vê, portanto, despido de Deus e de Seu Amor. Longe de
Dele, o olhar, janela da alma, se torna impuro, porque a alma também
passa a ser impura.

Qual a diferença entre pudor e modéstia?


 E é a partir daí o pudor e a modéstia se tornam necessários para nos
impelir a cobrir nosso corpo, a fim de não provocar nos outros maus
pensamentos.
Ambas as virtudes tratam das mesmas coisas e são virtudes ligadas a virtudes
cardeal da temperança (CCE 1809).

 Contudo o pudor volta-se mais internamente ao corpo e a modéstia


mais externamente ao mesmo – o pudor nos leva a agir de forma
modesta. (CCE 2521,2522)
Segundo Santo Tomás de Aquino, “o pudor ordena a castidade”, o que
conduz a pessoa para uma plena realização no amor na vivência da pureza.
E se o pudor ordena a castidade, a modéstia, que o externa, é sua guardiã.
Eles favorecem o entendimento de que o corpo não é um objeto a ser usado e
depois descartado, mas um lugar sagrado, pois “acaso ignorais que vosso
corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus?”
(1 Cor 6,19).

Por que ferimos o Sagrado Coração de Jesus ao usar roupas


imodestas?

Como colocado há pouco: “acaso ignorais que vosso corpo é templo do


Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus?” (1 Cor 6,19).

Com isso, espera-se que o corpo seja considerado e tratado como tal: templo
de Deus. E é por isso que as vestes imodestas ofendem ao Sagrado Coração
de Jesus e que dizemos no Ato de Desagravo ao Sagrado Coração: “queremos
nós hoje desagravar-vos, particularmente da licença dos costumes e
imodéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência

A modéstia está somente relacionada ao modo como nos


vestimos?
 Contudo a modéstia é muito mais do que ter uma aparência modesta,
consiste em refletir em nossa vida – no modo de falar, de vestir, de
olhar, de ouvir – aquilo que está em nosso interior, a busca pela pureza.

 Por isso, a verdadeira modéstia nasce de nossa experiência com Deus,


de nossa oração de intimidade com Ele, do desejo de ser Sua imagem e
semelhança. Neste sentido, Santo Tomás afirma também que “a
modéstia é o ápice da perfeição nos movimentos afetivos, cujo resultado
é que todas as ações exteriores convenham ao decoro da pessoa e se
acomodem às circunstâncias, estado e situação, de forma que nada
destoe, senão que resplandeça em tudo a mais perfeita harmonia”.

A forma modesta como devo me vestir é a mesma em todos os lugares


e ocasiões

I- vestirmo-nos com pudor e dar dignidade ao corpo não é tudo. A


modéstia também está na forma como nos portamos, falamos, mais
uma série de expressões dos nossos comportamentos que vão além da
nossa vestimenta. O tipo de linguagem que costumamos usar, se é
cheia de palavrões e gírias, se falamos demasiadamente alto, se
expomos a própria opinião de forma agressiva, se somos indelicados ou
inconvenientes, não estamos sendo modestos.
Podemos, inclusive, relacionar a modéstia com a mansidão e humildade, bem
como com a elegância – ela deve fazer ressonância com a vivência de todas
as outras virtudes encarnadas em nossas vidas. Segundo o número 2522 do
CCE: “O pudor é modéstia. Inspira a escolha do vestuário, mantém o silêncio
ou o recato onde se adivinha o perigo duma curiosidade malsã. O pudor é
discrição.”

II- São Francisco de Sales ensinava que: “[N]o tocante à matéria e à forma
dos vestidos, a decência só se pode determinar com relação às
circunstâncias do tempo, da época, dos estados ou vocações, da
sociedade em que se vive e das ocasiões.” (Filoteia, III, cap. XXV) Seja
na Missa ou na piscina, somos todos chamados a nos vestir
modestamente, de acordo com as circunstâncias e de acordo com
nosso estado de vida, pois o que usamos retrata aos outros quem
somos e o que estamos fazendo.

 Seja na Missa ou na piscina, somos todos chamados a nos vestir


modestamente, de acordo com as circunstâncias e de acordo com nosso
estado de vida, pois o que usamos retrata aos outros quem somos e o
que estamos fazendo.

Como relacionamos a modéstia com a XII coluna da nossa


espiritualidade?

 Podemos relacionar a modéstia com a XII coluna da nossa


espiritualidade. Santo Tomás explica que é imodesto ter um apego
excessivo ao que usamos.

Por exemplo, se gastamos mais dinheiro em roupas do que deveríamos,


independentemente de serem necessárias; se gastamos muito tempo
pensando e prestando atenção em como nos vestimos e como nos vemos. Não
podemos estar muito preocupados se nossas roupas estão na moda ou ser
completamente preguiçosos em nos vestir. É uma cortesia para com os demais
vestir-se apropriadamente.
 Devemos ter humildade na forma em que nos vestimos, não buscando
exagerar ou decrescer, mas estar conformes com nossa forma de vestir
de acordo com nossos meios, e não desejar mais do que temos ou
necessitamos. Santo Tomás cita Santo Ambrósio, expressando que “o
ornato do corpo não seja exagerado, mas natural; simples negligente de
preferência a rebuscado; não se usem de vestes preciosas e alvejantes,
mas, de roupas comuns, de modo a não faltar nada do que exige a
honestidade ou a necessidade, sem se cair no exagero. Logo, pode
haver virtude e vício em matéria de vestuário”.

 É importante aqui ressaltar que roupa modesta não é sinônimo de


roupas feia. Podemos usar roupas bonitas, elegantes, mas não aquelas
que são caras demais, extravagantes, luxuosas.
PALAVRAS DO SERVO FUNDADOR:
“O nosso corpo destina-se a participar, um dia, da felicidade e da glória da
alma pela ressurreição. A pureza cristã não se baseia no desprezo do corpo,
mas, pelo contrário, na grande estima de sua dignidade. É lógico que aquele
que considera o corpo como uma "roupa estranha", destinada a ser
abandonada aqui embaixo, não tem os mesmos motivos do cristão para cuidar
do mesmo. São Paulo conclui um de seus discursos sobre a pureza com o
convite apaixonado: “Glorificai, portanto, a Deus em vosso corpo.” (1Cor 6, 20).
O corpo humano, portanto, é feito para a glória de Deus e exprime esta glória
quando o ser humano viva a própria sexualidade e sua inteira corporeidade em
obediência amorosa à vontade de Deus, isto é, em obediência ao sentido
próprio da sexualidade, à sua natureza intrínseca e originária, que não é
vender-se, mas doar-se. Minha bênção!” Pe. Alexandre Paciolli. (MEDITATIO
28/03/2017)

METANOIA
Durante esta semana, revisar o guarda-roupa para analisar se ainda tenho
roupas que atentem contra a virtude da modéstia e fazer uma "limpa‘’. Fazer
também um exame de consciência das vezes que não tive pureza de olhar ou
que quis provocar um olhar impuro e levar para próxima confissão.

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