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© 1984 Living Stream Ministry

Edição para a Língua Portuguesa


© 1993 Editora Árvore da Vida

Título do original em inglês:


Life-Study of Matthew

ISBN 0-87083-162

5ª Edição — Fevereiro/2001 — 5.000 exemplares

ISBN 85-7304-086-6

Traduzido e publicado com a devida autorização do Living Stream Ministry e todos os


direitos reservados para a língua portuguesa pela Editora Árvore da Vida.

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Impresso no Brasil

As citações bíblicas são da Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, 2 a


Edição, e Versão Restauração (Evangelhos), salvo quando indicado pelas abreviações:
lit. — tradução literal do original grego ou hebraico
IBB-Rev. — Imprensa Bíblica Brasileira, versão Revisada
VRC — Versão Revista e Corrigida de Almeida
MENSAGEM 1

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI (1)

UMA PALAVRA INTRODUTÓRIA


A Bíblia é o falar de Deus. Nela há duas seções.
Na primeira seção, o Antigo Testamento, Deus falou
pelos profetas, e na segunda seção, o Novo
Testamento, Ele falou no Filho (na Pessoa do Filho,
Hb 1:1-2). Esta seção é composta dos quatro
Evangelhos, o livro de Atos, as Epístolas e o livro de
Apocalipse. Enquanto estava em carne, o Filho
começou a falar nos quatro Evangelhos. Após Sua
ressurreição, Ele continuou a falar como o Espírito
por intermédio dos apóstolos (ver João 16:12-14).
Assim, o Novo Testamento é simplesmente o falar do
Filho a nós, ministrando a Si mesmo como vida e
tudo para nós a fim de que possamos nos tomar Seu
Corpo, Sua expressão, a igreja.
A Bíblia é um livro de vida. Essa vida é a Pessoa
viva de Cristo, nada menos que isso. No Antigo
Testamento Cristo é retratado como Aquele que
havia de vir. No Novo Testamento, Aquele cuja vinda
fora profetizada veio. Assim, o Novo Testamento é o
cumprimento do Antigo. Santo Agostinho disse certa
vez que o Novo Testamento está contido no Antigo, e
o Antigo Testamento é expresso no Novo. Esses dois
testamentos são, na verdade, um só, revelando uma
Pessoa que é nossa vida.

A PALAVRA DE ABERTURA DO NOVO


TESTAMENTO
Quase todos os cristãos são incomodados pela
primeira página do Novo Testamento. Ela tem
muitos nomes que são difíceis de pronunciar. Mas
essa página é a primeira parte do N ovo Testamento.
Em qualquer tipo de escrito, tanto a palavra de
abertura como a de conclusão são importantes.
Muitos cristãos, quando lêem o Novo Testamento,
passam por cima do capítulo 1 de Mateus e começam
a ler a partir do versículo 18. Parece que no Novo
Testamento deles não há tais parágrafos como
Mateus 1:1-17. Todavia, agradecemos a Deus por essa
rica porção da Palavra! Essa genealogia de Cristo é
um resumo de todo o Antigo Testamento. Ela inclui
tudo, exceto os primeiros dez capítulos e meio de
Gênesis. A fim de conhecermos o significado dessa
genealogia, precisamos conhecer todo o Antigo
Testamento.

UM RETRATO VIVO DE CRISTO


Precisamos dizer uma palavra concernente ao
Novo Testamento. O N ovo Testamento é
simplesmente um retrato vivo de uma Pessoa. Essa
Pessoa é maravilhosa demais. Ele é tanto Deus como
homem. Ele é o mesclar de Deus com o homem,
porque Nele a natureza divina e a natureza humana
estão mescladas. Ele é o Rei, e Ele é um escravo. Ele é
maravilhoso!
Nenhum ser humano jamais falou como Ele
palavras tão profundas, contudo, tão claras. Por
exemplo, Jesus disse: “Eu sou o pão da vida” (Jo
6:35), e “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8:12). Platão e
Confúcio foram dois grandes filósofos e as pessoas
apreciavam o que eles diziam, mas nenhum deles
poderia dizer: “Eu sou a luz do mundo”. Ninguém
mais poderia dizer: “Eu sou a vida”, ou “Eu sou o
caminho”, ou “Eu sou a verdade” (J o 14:6). Essas são
palavras simples e sentenças curtas-” Eu sou”, “Eu
sou o que sou”-, mas são excelentes e profundas.
Acaso poderia alguém dizer que é a luz do mundo ou
que é a vida? Se o fizéssemos, certamente seríamos
enviados para um hospício. Mas Jesus pôde dizer
essas coisas. Quão grande Ele é!

QUATRO BIOGRAFIAS DE UMA PESSOA


Jesus é todo-inclusivo. Nele há muitos aspectos.
Ninguém pode esgotar em palavras quem e o que Ele
é. Quem mais na história tem quatro biografias
excepcionais? Embora o Novo Testamento seja um
pequeno livro, ele começa com quatro biografias de
uma Pessoa, quatro livros narrando a vida de Cristo.
Cada um de nós tem quatro lados: o da frente e o
de trás, o direito e o esquerdo. Se você olhar para
mim de frente, poderá ver sete buracos em minha
face. Mas se voltar minhas costas a você, todos os
buracos desaparecem. No meu lado direito você pode
ver um pequeno buraco, e no esquerdo, um outro
pequeno buraco. Para fazer uma cópia exata da
minha imagem, você precisaria tirar uma fotografia
de cada lado. É exatamente isso que foi feito no
Antigo Testamento.
Por que temos quatro Evangelhos? Porque Cristo
tem pelo menos quatro aspectos principais. Cristo é
excelente! Ele é todo-inclusivo e insondavelmente
rico; por isso Ele precisa de várias biografias. Mateus,
Marcos, Lucas e João apresentam aspectos diferentes
de Cristo, porque cada escritor era um tipo diferente
de pessoa. Mateus, por exemplo, era coleto r de
impostos. Entre os judeus nos tempos antigos, um
coletor de impostos era uma pessoa desprezada.
Entretanto, Mateus escreveu a primeira biografia de
Cristo. Marcos era um homem comum, e Lucas era
médico e gentio. No início, João era um pescador
comum, mas finalmente tomou-se o apóstolo mais
maduro e experimentado. Cada qual escreveu uma
biografia diferente sobre o mesmo Cristo. Essa
Pessoa viva precisa de mui tas biografias.

A EXPANSÃO DE CRISTO
O livro de Atos registra a expansão dessa Pessoa
maravilhosa. É o propagar do Cristo todo-inclusivo.
Esse Cristo expandiu-se de uma Pessoa para milhares
e milhares de pessoas. Outrora Ele era o Cristo
individual, mas em Atos tomou-se um Cristo
corporativo. Após Atos, temos todas as Epístolas, que
dão uma completa definição desse Homem
maravilhoso, universal e vasto. Cristo é a Cabeça e a
igreja é o Corpo: esse é o Homem uni versal, Cristo e
a igreja. Finalmente, temos o livro de Apocalipse
como a consumação do Novo Testamento. Esse livro
nos apresenta uma figura completa do Cristo-Corpo,
o Cristo individual mesclado com todos os Seus
membros para se tomar a Nova Jerusalém.

A ORDEM DOS QUATRO EVANGELHOS


Voltemos aos quatro Evangelhos. Se fosse pôr
em ordem os quatro Evangelhos, eu poria primeiro o
Evangelho de João. Muitos cristãos quando lêem a
Bíblia começam com João e então passam a ler Lucas,
Marcos e Mateus. O conceito humano é exatamente o
oposto do divino. O conceito divino começa com
Mateus e segue até João; o pensamento humano
inicia com João e volta a Mateus. Muitos de nós
começariam lendo o Novo Testamento por João,
porque João é maravilhoso. É um livro de vida. Após
João, leríamos Lucas porque Lucas é um livro do
Salvador, falando-nos de muitos casos de salvação.
Então, é claro, iríamos a Marcos porque Marcos é
curto e simples. As pessoas lêem Mateus por último
porque Mateus é muito difícil, muito misterioso. Não
apenas o capítulo 1 é difícil de se entender; as
parábolas no capítulo 13 e as profecias nos capítulos
24 e e 25 também são difíceis. Os capítulos 5, 6 e 7, o
sermão da montanha, são especialmente difíceis.
Ninguém é capaz de praticá-los! Você me fere na face
direita, e eu lhe volto a esquerda. Você me obriga a
andar uma milha, e eu ando duas. Você me tira a
túnica e eu lhe dou também a capa. Isso é demais!
Apenas Jesus pode fazê-lo. Conseqüentemente,
muitos colocam Mateus por último. João é querido e
precioso. Em João, Jesus é tudo e não necessitamos
fazer nada. Portanto, gostamos de João, mas não de
Mateus. Talvez não o digamos abertamente, mas
temos tal sentimento em nosso coração. Entretanto,
a seqüência divina é melhor. Deus colocou Mateus
primeiro.

O ESBOÇO GERAL
Em cada livro da Bíblia precisamos de um
esboço geral. O esboço geral de Mateus é:

Cristo é Jeová Deus encarnado para ser o


Salvador-Rei que veio para estabelecer o
reino dos céus (o governo celestial),
salvando Seu povo do pecado (da rebelião)
por meio da Sua morte e ressurreição.
O PENSAMENTO CENTRAL
Em cada livro da Bíblia também precisamos
encontrar o pensamento central. O pensamento
central de Mateus é:

Cristo, como Jesus (Jeová, o Salvador) e


Emanuel (Deus conosco), é o Rei, o que
batiza, a luz, o Mestre, o que cura, o que
perdoa, o Noivo, o Pastor, o Amigo, a
sabedoria, o descanso, o templo. maior, o
Davi verdadeiro, o Senhor do sábado, o
Jonas maior, o Salomão maior, o Semeador,
a semente, o Alimentador, o pão, as
migalhas sob a mesa, o Cristo, o Filho do
Deus vivo, a rocha para a igreja, o Edificador
da igreja, o Fundador do reino, o Moisés
atual, o Elias atual, a principal pedra
angular, o Senhor, o Ressurreto, Aquele com
autoridade e o Sempiterno para Seu povo
em ressurreição.

Quão rico Cristo é no livro de Mateus, até


mesmo mais rico que em João. Como Jesus e
Emanuel, Ele é ainda outros trinta e três itens para
nós. Devemos desfrutá-Lo e participar Dele.
Precisamos experimentá-Lo em todos esses aspectos
em ressurreição, não no estado natural. Ele é o
Sempiterno. Mateus começa com “Deus conosco” e
finaliza com “E eis que estou convosco todos os dias
até a consumação do século”. Que maravilhoso!

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI

I. SUA GENEALOGIA
Dentre os quatro Evangelhos, apenas dois,
Mateus e Lucas, têm genealogias. Mateus nos diz que
Jesus é o descendente legítimo da família real, que
Ele é o herdeiro legal do trono real. Tal pessoa
certamente precisa de uma genealogia narrando-nos
sobre Sua origem e ascendência. Lucas apresenta
Jesus como um homem normal, legítimo. Jesus como
um homem verdadeiro também requer uma
genealogia. Em Marcos, Jesus é descrito como um
escravo, como alguém vendido à escravidão. Um
escravo não necessita de uma genealogia; assim,
Marcos não a inclui. João nos revela que Jesus é
Deus: “No princípio era o Verbo [Palavra]... e o Verbo
[Palavra] era Deus”. Com Ele não houve princípio
nem origem. Ele é eterno, sem princípio ou fim de
existência (Hb 7:3). No princípio era Deus! Se João
falasse da Sua genealogia, seria absurdo.
Qualquer outra pessoa, não importa quem seja
ou quantas biografias escrevam sobre ela, terá
sempre a mesma genealogia. Mas Jesus tem duas
genealogias. Mais tarde veremos como essas
genealogias, por fim, tornam-se uma. Mais uma vez
vemos que Ele é maravilhoso. Em cada aspecto, Ele é
maravilhoso.

A. A Genealogia de Cristo
Agora chegamos à genealogia de Jesus no
Evangelho de Mateus. Precisamos perceber quem é
Jesus. Quem é Jesus? Podemos responder dizendo
que Ele é o Filho de Deus, mas essa genealogia não
traz essa expressão. Antes, ela O chama de o filho de
Davi e o filho de Abraão. Por ser Jesus tão
maravilhoso é difícil dizer quem Ele é.
Jesus é o mesclar de Deus com o homem, o
mesclar da divindade com a humanidade. Essa é a
genealogia de Jesus. A genealogia de Jesus revela que
Ele é o mesclar, o maravilhoso mesclar. Nessa
genealogia temos o mesclar do Ser divino com tantos
seres humanos, com todos os tipos de pessoas. Não
devemos mais pensar que Mateus 1:1-17 é apenas
uma lista de nomes.
A genealogia de Cristo é composta de:

1. Os Patriarcas
Esses são os antepassados, pessoas notáveis.
Todos eles juntos somam catorze gerações (1 :2-6a).

2. Os Reis
Os reis, a nobreza, também somam catorze
gerações (1:6b-10).

3. Os Cidadãos Comuns
(os Capturados e os resgatados)
A genealogia de Cristo não inclui apenas pessoas
importantes, ela inclui também os cidadãos comuns,
os insignificantes, como Maria e José. Os pobres, os
desprezados, estão também incluídos na genealogia
de Cristo. Cristo foi contado não apenas com os
patriarcas e reis, mas também com um grupo de
cidadãos comuns. Ele não era apenas dos notáveis,
dos nobres, era também dos desprezados. Com esse
quadro da genealogia de Cristo, podemos ver que ela
inclui todos os tipos de pessoas.
Essa genealogia inclui ambos os chamados,
como Abraão, e os exilados no cativeiro. Nesse breve
registro, temos a palavra “desterro” (v. 17). Abraão
foi chamado de Babel, a origem de Babilônia. A
linhagem de Cristo inclui não apenas os chamados,
mas também os desviados. Talvez há cinco anos você
fosse um chamado, mas hoje pode ser um desviado.
Não fique desapontado. A genealogia de Cristo inclui
você. Essa genealogia inclui Jeconias, um rei que foi
destronado e exilado na Babilônia. Você já foi
destronado? Não pense que não. Em sua vida cristã
algumas vezes você foi destronado. Outrora era um
rei, mas perdeu seu reinado e tornou-se um desviado.
Nosso patriarca Abraão veio de Babilônia; contudo
você retomou para lá, não voluntariamente, mas foi
levado. Louvado seja o Senhor, porque a genealogia
de Cristo inclui até mesmo os derrotados.
Após o cativeiro houve a restauração. Portanto,
temos um outro nome, Zorobabel, o nome de
restauração. Muitos cativos retomaram com
Zorobabel. A genealogia de Cristo inclui todos os
tipos de pessoas: boas, más, chamadas, degradadas e
restauradas. Se lhe perguntasse de que tipo é, você
pode dizer que primeiramente era um chamado,
então um degradado e, finalmente, um restaurado.
Você era um Abraão, tomou-se um Jeconias, mas
hoje é um Zorobabel. Somos todos “Zorobabéis”.
Somos os chamados, os degradados e os restaurados.

4. As Quatro Mulheres Recasadas


De acordo com o costume judeu, o escritor de
uma genealogia jamais incluiria um nome feminino,
apenas nome de homens. Mas nessa breve genealogia
cinco mulheres são mencionadas. Essas cinco
mulheres são como os dedos da minha mão: quatro
formam um grupo e a outra fica só. Quatro dessas
cinco eram casadas mais de uma vez, e uma das
quatro era prostituta. É como se o relato divino aqui
não quisesse mencionar as boas, como Sara e Rebeca,
mas as más. Observe o registro divino: Davi gerou “a
Salomão, da que fora mulher de Urias” (1 :6). O
registro nem mesmo dá o nome dela; fornece apenas
a sua história a fim de lembrar-nos que tipo de
pessoa ela era.
Você conhece a história de Tamar? Ela era a nora
de Judá. Judá gerou gêmeos da nora (Gn 38:24-30).
Que terrível! A segunda mulher cujo nome é
mencionado é Raabe, aprostituta de Jericó, e a
terceira, Rute, uma moabita. Aos moabitas não era
permitido entrar na congregação do Senhor até a sua
décima geração (Dt 23:3). Eles são descendentes de
Moabe, que nasceu da união de Ló com a própria
filha. A quarta mulher era Bate-Seba, a esposa de um
cananeu chamado Urias a quem Davi assassinou.
Davi tomou-a por mulher e com ela gerou a Salomão.
Por que esse breve relato menciona todas essas
mulheres? Porque elas são nossas representantes.
Não pense que você é tão puro, que é mais puro que
essas mulheres. Descubra sua própria origem. Se o
fizer, perceberá de que maneira e de quem seu avô
nasceu, de que modo e de quem seu pai nasceu, e de
que maneira e de quem você nasceu. Somos piores.
Mas os piores também estão incluídos na genealogia
de Cristo! Louvado seja o Senhor! Ele é
verdadeiramente o Salvador dos pecadores.
O número quatro representa todas as criaturas,
incluindo toda a raça humana. A humanidade é
desprezível, ninguém é puro. Mas, graças ao Senhor,
estamos todos ligados a Cristo. Somos parte da
genealogia de Cristo.
Se fôssemos escrever uma biografia de Cristo e
não houvesse outra biografia Dele na Bíblia, não
ousaríamos escrevê-la dessa maneira. Ocultaríamos
todas essas mulheres impuras e apresentaríamos os
nomes das boas, tais como Sara e Rebeca. Mas o
Espírito Santo não fez menção de Sara, Rebeca ou de
outras boas mulheres; antes, propositadamente
incluiu as impuras. Se esse relato divino tivesse
relacionado os nomes das boas mulheres sem o nome
das impuras, eu estaria em dúvida sobre a atual
situação da igreja. Diria: “Olhe para a situação da
igreja hoje. Não muitos são realmente puros”. Não
pense que você é tão puro, tão limpo. Não somos
puros. Entretanto, a genealogia de Cristo inclui tanto
bons como maus. Na verdade, inclui maior número
de maus do que de bons.

5. A Única Virgem
Ao lado das quatro mulheres recasadas, destaca-
se uma virgem: Maria, a mãe de Jesus. Maria era boa,
pura e limpa. Isso indica que todos os mencionados
neste livro da genealogia são pecadores, exceto Jesus.
Com exceção de Jesus, todos são impuros.

B. O Filho de Davi
Cristo é o filho de Davi (Mt22:42, 45; Ap22:16).
Salomão, o filho . de Davi, era um tipo de Cristo em
três aspectos principais. Primeiro, ele era um tipo de
Cristo como o herdeiro do reino (2Sm 7:12b, 13; Jr
23:5; Lc 1 :32-33). Segundo, Salomão tinha sabedoria
e falava a palavra de sabedoria. Em Mateus 12, vemos
que Cristo também tinha sabedoria e falava a palavra
de sabedoria. Nesse capítulo Cristo referiu-se a Si
mesmo como o Salomão maior (v. 42). Alguém maior
que Salomão estava ali e falou palavras de sabedoria.
Nenhuma palavra humana é tão sábia como as
palavras de Cristo. Terceiro, Salomão edificou o
templo de Deus (2Sm 7:13). Como o filho de Davi,
Cristo edifica o templo de Deus, a igreja.

C. O Filho de Abraão
Cristo é também é filho de Abraão. Essa
genealogia diz que Cristo e o filho de Davi e o filho de
Abraão, não o filho de alguém mais. No Antigo
Testamento havia uma clara profecia que Cristo seria
filho de Abraão. Isaque era um tipo de Cristo. Com
Isaque, como um tipo de Cristo, também havia três
aspectos principais. Primeiro, Isaque trouxe a bênção
a todas as nações, tanto para Judeus como para
gentios (Gn 22:18a; G13:16, 14). Segundo, ele foi
oferecido a Deus como sacrifício e ressuscitou (Gn
22:1-12; Hb 11:17, 19). Terceiro, ele recebeu a noiva
(Gn 24:67). Esse é um tipo de Cristo como o
Prometido que trouxe a bênção a todas as nações,
que também foi oferecido como sacrifício, morreu e
foi ressuscitado e que, após Sua ressurreição,
receberá Sua Noiva (Jo3:29; Ap 19:7). Um dia o
Espírito Santo, prefigurado pelo servo de Abraão,
trará a Rebeca espiritual, divina, celestial para o seu
Isaque celestial. o filho de Abraão recebeu a noiva e o
filho de Davi edificou o templo. Com Cristo, a Noiva é
o templo, e o templo é a Noiva.
É por isso que Mateus 1:1 diz que Cristo é o filho
de Abraão e o filho de Davi. Ele ofereceu-se para
morrer e foi ressuscitado, agora Ele está edificando o
templo de Deus e no futuro Ele receberá a Noiva.
Cristo também falou palavras de sabedoria e trouxe a
bênção de Deus a todas as nações. É Ele que cumpre
todas essas coisas. Nos quatro Evangelhos, podemos
achar cada um desses seis aspectos. Os Evangelhos
revelam que Cristo veio para herdar o reino, que Ele
ofereceu-se para morrer e foi ressuscitado, que Ele
falou a palavra de sabedoria, que trouxe bênção a
todas as pessoas, que está edificando a casa de Deus e
que virá para receber a Noiva. Cristo é, sem dúvida, o
verdadeiro Isaque e o verdadeiro Salomão.
Como o filho de Davi, Jesus era uma grande
bênção para os judeus. Mas como o filho de Abraão,
Ele traz bênção a todos os gentios. Como o filho de
Davi, Ele é para os judeus; como o filho de Abraão,
Ele é para todos nós. Se Jesus fosse apenas o filho de
Davi, Ele nada teria a ver comigo. Louvado seja o
Senhor por ser Ele também o filho de Abraão! Todas
as nações são abençoadas na semente de Abraão, que
é Cristo. Essa bênção é a participação no Deus Triúno.
A bênção que Deus prometeu a Abraão é o Espírito
(Gl 3:14), e o Espírito é a consumação final e máxima
do Deus Triúno. Por meio de Cristo como o filho de
Abraão, temos o Espírito e participamos no Deus
Triúno. Aleluia!
MENSAGEM 2

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI


(2)

D. Abraão
A genealogia em Mateus começa com Abraão,
mas a genealogia em Lucas retoma a Adão. Mateus
não inclui Adão e seus descendentes, mas Lucas sim.
Que significa essa diferença? Lucas é um livro da
salvação de Deus, enquanto Mateus é um livro do
reino. A salvação de Deus é para a raça criada e caída
representada por Adão, mas o reino dos céus é
apenas para o povo escolhido de Deus, a raça
chamada, representada por Abraão. Portanto,
Mateus começa com Abraão, mas Lucas traça a
genealogia de volta para Adão.

1. Chamado
Nos primeiros dez capítulos e meio de Gênesis,
Deus tentou trabalhar na raça criada, mas não
conseguiu. A raça criada O frustrou. O homem caiu a
tal ponto que toda a humanidade rebelou-se contra
Deus ao extremo e edificou a torre e a cidade de
Babel para expressar sua rebelião (Gn 11:1-9). Então,
Deus desistiu da raça criada e caída, e chamou uma
pessoa, Abraão, para fora daquela raça a fim de ser o
pai de uma outra raça. De um lugar cheio de rebelião
e idolatria, onde todos eram um com Satanás, Deus
chamou um homem, Abraão (Gn 12:1-2; Hb 11:8).
Desde quando o chamou de Babel (mais tarde
Babilônia) para Canaã, Deus desistiu da raça adâmica
e investiu todo Seu interesse nessa nova raça, tendo
Abraão como cabeça. Essa é a raça chamada, a raça
transformada. Não é uma raça segundo a natureza,
mas segundo a fé.
O reino de Deus é para essa raça. Ele nunca
poderia existir com a raça caída. Assim, Mateus, ao
tratar do reino dos céus, começa com Abraão. Porque
o livro de Lucas diz respeito à salvação de Deus (e
certamente a salvação deve ser para a raça caída), sua
genealogia retrocede a Adão. Após sermos salvos em
Lucas, espontaneamente somos transferidos da raça
caída para a raça chamada. Éramos descendentes de
Adão; agora somos descendentes de Abraão. Gálatas
3:7 e 29 diz-nos que todo aquele que crê em Jesus
Cristo é filho de Abraão. De quem você é filho? De
Adão ou de Abraão? Somos os verdadeiros judeus
(Rm 2:29). Nosso antepassado é Abraão.
Pertencemos à mesma categoria que ele. Se não
fôssemos descendentes de Abraão, então não
teríamos participação no livro de Mateus. N em
mesmo teríamos parte no pequeno livro de Gálatas,
porque Gálatas foi escrito aos descendentes de
Abraão. Somente teremos participação em Gálatas se
formos descendentes de Abraão. Louvado seja o
Senhor por sermos os filhos de Abraão! “E, se sois de
Cristo, também sois descendentes de Abraão,
herdeiros segundo a promessa” (G13:29).
Abraão foi chamado por Deus. A palavra grega
para igreja, ekklesia, significa “os chamados para
fora” . Assim, na igreja somos também os chamados
para fora. Abraão foi chamado para fora de Babel, o
lugar de rebelião e idolatria, para a boa terra, que
prefigura Cristo. Nós também estávamos em Babel.
Estávamos caídos, em rebelião e adorávamos ídolos.
Hoje toda a raça humana está em Babel. Estávamos
lá, mas um dia Deus chamou-nos e colocou-nos em
Cristo, a terra elevada. Fomos chamados por Deus “à
comunhão [a participação] de seu Filho Jesus Cristo
nosso Senhor” (l Co 1:9). “Para os que foram
chamados (... ) Cristo [é], poder de Deus e sabedoria
de Deus” (1 Co 1:24).
2. Justificado por Fé
Abraão, como um chamado, foi justificado por fé
(Gn 15:6; Rm4:2-3). A raça caída confia em suas
obras, mas os chamados crêem na obra de Deus, não
em sua própria obra. Aos olhos de Deus nenhuma
pessoa pode ser justificada por obras (Rm 3:20).
Portanto, os chamados, tendo sido chamados por
Deus para fora da raça caída, não confiam em seus
próprios esforços; confiam na obra da graça de Deus.
Abraão e todos os outros crentes são iguais. “De
modo que os da fé são abençoados com o crente
Abraão” (G13:9). A bênção da promessa de Deus, “a
promessa do Espírito” (G13:14-VRC), é para os que
crêem. Por fé recebemos o Espírito, que é a realidade
e a percepção de Cristo (G13:2). Assim, tanto Abraão
como nós estamos ligados a Cristo e unidos a Ele por
fé. É por fé na obra da graça de Deus que o povo
chamado de Deus é justificado por Ele e participa em
Cristo, sua porção eterna.

3. Vivendo por Fé
Hebreus 11:8 diz que Abraão foi chamado e que
ele respondeu a esse chamamento por fé. Então, o
versículo 9 diz que ele viveu na boa terra também por
fé. Como o chamado de Deus, Abraão não apenas foi
justificado por fé, como também viveu por fé. Como
chamado por Deus, ele não deveria mais vi ver e
andar por si mesmo, mas vi ver e andar por fé. O fato
de Abraão viver e andar por fé significa que ele tinha
de rejeitar a si mesmo, esquecer de si mesmo, pôr a si
mesmo de lado, e viver por outra Pessoa. Tudo o que
ele tinha por natureza devia ser posto de lado.
Se comparamos Gênesis 11:31 e 12:1 com Atos
7:2-3, vemos que quando Deus chamou Abraão em
Ur dos caldeus, ele era muito fraco. Abraão não
tomou a iniciativa de deixar Babel; seu pai, Terá, é
quem o fez. Isso forçou Deus a tirar o pai de Abraão.
Em Gênesis 12:1 Deus o chamou novamente, dizendo
a ele para deixar não apenas sua terra (país) e sua
parentela, mas também a casa de seu pai, que
significava não levar ninguém consigo. Porém uma
vez mais Abraão, como nós, foi fraco e tomou Ló, seu
sobrinho (Gn 12:5).
Que é um Abraão? Um Abraão é uma pessoa que
foi chamada, que já não vive e anda por si mesmo, e
que abandona e esquece tudo o que tem de natural.
Essa é exatamente a mensagem do livro de Gálatas.
Gálatas 3 diz-nos que somos os filhos de Abraão e
que devemos viver por fé, não por obras. Gálatas
2:20 diz-nos que viver por fé significa “já não sou eu
quem vive, mas Cristo” . Eu, o eu natural que surgiu
da raça caída, fui crucificado e sepultado. Assim, não
sou mais eu, mas Cristo vive em mim. Isso é Abraão.
Se somos verdadeiros judeus, os legítimos
descendentes de Abraão, devemos deixar todas as
coisas e viver por fé. Devemos esquecer de tudo o que
podemos fazer e rejeitar tudo o que somos e temos
por natureza. Isso não é fácil.
Os cristãos apreciam muito Abraão. Entretanto,
não devemos ter Abraão em tão alta estima. Ele não
era tão excelente. Ele foi chamado, mas não ousou
deixar Babel; seu pai o tirou de lá. Isso forçou Deus a
remover seu pai. Então Abraão confiou em seu
sobrinho, Ló. Mais tarde, ele pôs sua confiança em
seu servo, Eliezer (Gn 15:2-4). É como se Deus
estivesse dizendo a ele: “Abraão, não gosto de ver seu
pai com você, não gosto de ver seu sobrinho com
você, não gosto de ver Eliezer com você. Não quero
que tenha ninguém em quem confiar. Você deve
confiar em Mim. Não dependa de nada mais ou de
qualquer coisa que tenha por natureza”. Isso é crer
em Deus, andar N ele e viver por Ele. É não mais eu,
mas Cristo vivendo em mim.
Se somos verdadeiros judeus, então somos
verdadeiros Abraãos. A fim de ser um Abraão,
devemos cremo Senhor. Crer no Senhor é tomar-se
unido a Ele. Abraão foi chamado para fora da raça
caída e tomou-se unido ao Senhor. Todos os filhos de
Abraão devem igualmente ser unidos a Cristo. “Se
sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão”.
Em outras palavras, se somos a descendência de
Abraão, pertencemos a Cristo e estamos unidos a Ele.
Se quisermos unir-nos a Cristo, devemos rejeitar a
nós mesmos e tomar Cristo como tudo. Isso é crer em
Cristo, e esse crer é justiça aos olhos de Deus. Não
tente fazer algo. Simplesmente creia em Cristo.
A raça caída sempre gosta de realizar algo,
trabalhar e fazer algum esforço. Mas Deus diz:
“Saiam daí. Vocês são a raça chamada. Não tentem,
não façam e não realizem nada mais! Esqueçam o seu
passado. Esqueçam o que vocês são, o que podem
fazer e o que têm. Esqueçam tudo e ponham toda a
sua confiança em Mim. Eu sou sua boa terra. Vivam
em Mim e vivam por Mim” . Esses são os verdadeiros
“Abraãos”, os verdadeiros gálatas. Como filhos de
Deus, eles confiam em Deus e esquecem de si
mesmos. Esses são os que compõem a linhagem de
Cristo. Todos devemos ser “Abraãos”, aqueles que
esquecem o passado, desistem do que são e têm, e
põem a confiança em Cristo, sua boa terra. Hoje
nosso andar e viver devem ser pela fé em Cristo. Se
assim for, então, como herdeiros da promessa de
Deus, como aqueles que herdam a promessa do
Espírito, participaremos de Cristo como a bênção de
Deus.
Certa vez o Senhor pediu a Abraão para oferecer
Isaque como holocausto, aquele a quem Deus,
segundo a Sua promessa havia lhe dado (Gn 22:1-2).
O Senhor dera Isaque a Abraão; agora Abraão tinha
de dar Isaque de volta ao Senhor. O Senhor já o tinha
incumbido de rejeitar Ismael (Gn 21 :10, 12); agora
Ele ordena-lhe matar seu filho Isaque.
Você seria capaz de fazer isso? Que lição difícil!
Entretanto, essa é a maneira de experienciar Cristo.
No mês passado ou na semana passada você pode ter
experienciado Cristo de uma certa maneira, mas hoje
o Senhor diz: “Consagre aquela experiência. Aquela
foi uma experiência real de Cristo, mas não a
guarde” . Novamente, a lição é nunca confiam o que
temos, nem mesmo no que Deus nos deu. Se Deus
deu algo a você, isso deve ser devolvido a Ele. Esse é
o andar diário pela fé. Andar na presença do Senhor
pela fé significa que não nos apegamos à coisa
alguma, nem mesmo às coisas dadas por Deus. Os
melhores dons, dados pelo próprio Senhor, devem
ser devolvidos a Ele. Não retenha nada como algo em
que possa confiar; confie apenas e sempre no Senhor.
Abraão fez isso. Finalmente ele viveu e andou na
presença de Deus simplesmente pela fé.
E. Isaque
Mateus 1:2 diz: “Abraão gerou a Isaque”. Qual é
o ponto importante aqui com respeito a Isaque? É
que Isaque nasceu pela promessa (Gl 4:22-26, 28-31;
Rm 9:7-9). Ele era o único herdeiro (Gn 21:10, 12;
22:2a, 12b, 16-18) e herdou a promessa de Cristo (Gn
26:3-4).
Deus prometeu a Abraão um filho. Sara,
pretendendo ajudar Deus a cumprir Sua promessa,
fez uma sugestão a Abraão. Sara parecia dizer: “Veja,
Abraão, Deus prometeu dar-lhe um descendente para
herdar essa boa terra. Mas olhe para você-tem quase
noventa anos! E olhe para mim-eu sou tão velha! É-
me impossível gerar uma criança. Devemos fazer
alguma coisa para ajudar Deus a cumprir o Seu
propósito. Tenho uma boa serva chamada Hagar.
Certamente você poderia ter um filho com ela” (Gn
16:1-2). Esse é o conceito natural, e é
verdadeiramente tentador. Muitas vezes nosso
conceito natural tem algumas sugestões para tirar-
nos do espírito. Freqüentemente nosso conceito
natural diz: “Eis aqui uma boa maneira de fazer isso.
Faça dessa maneira”. Mas tal proposta certamente
nos afastará da promessa de Deus.
Abraão aceitou a sugestão de Sara (Gn 16:2-4) e
o resultado foi Ismael (Gn 16:15). Esse Ismael terrível
ainda está aqui hoje! Agir de acordo com a sugestão
de Sara não ajudou Deus; antes, prejudicou Abraão
em realizar o propósito de Deus. Essa não é uma
questão insignificante.
A lição que extraímos daqui é que, como a raça
chamada, tudo quanto fazemos com nossos próprios
esforços resulta em um Ismael. O que quer que
façamos por nós mesmos na vida da igreja, mesmo
na pregação do evangelho, apenas produzirá um
Ismael. Não produza “Ismaéis”! Dê um fim em você
mesmo! Você não cruzou o grande rio, o Eufrates?
Quando foi chamado para fora de Babel, você
atravessou aquele grande rio e foi sepultado ali. Foi
terminado ali. Não viva por si mesmo ou faça algo
por si mesmo. Antes, deve dizer: “Senhor, eu não sou
nada. Sem Ti, nada posso fazer. Senhor, se Tu não
fizeres algo, então eu não farei também. Se Tu
descansares, eu descansarei. Senhor, deposito minha
confiança em Ti”. Isso é fácil de dizer, mas difícil de
praticar em nosso vi ver diário.
Lembre-se o que é um Abraão: um Abraão é um
chamado que nada faz por si mesmo. Deus tinha de
esperar até que Abraão e Sara fossem terminados
(Gn 17:17; ver Rm4:19). Ele esperou até que a energia
natural deles se extinguisse, até que viessem a
perceber que lhes era impossível gerar um filho.
Abraão queria manter Ismael e confiar nele, mas
Deus rejeitou Ismael (Gn 17:18-19). Também
gostamos de preservar nossa própria obra e depender
dela, mas Deus não a reconhece. Finalmente, Deus
exigiu de Abraão que expulsasse Ismael e sua mãe
(Gn 21:10-12). Foi difícil para Abraão fazer isso. Mas
ele tinha de aprender a lição de não vi ver por si
mesmo, a lição de desistir de seu próprio esforço e
não fazer nada por si mesmo. Ele tinha um filho, mas
devia desistir dele. Essa é a lição de Abraão e a lição
no livro de Gálatas.
Participar de Cristo requer que nunca confiemos
em nossos próprios esforços nem em nada que somos
capazes de fazer. Assim como Ismael era um
impedimento para Isaque herdar a promessa de Deus,
também nossos próprios esforços ou obras sempre
impedirão nossa participação em Cristo. Devemos
abandonar tudo o que somos e tudo o que temos a
fim de esperar na promessa de Deus. Devemos
renunciar tudo da nossa vida natural; caso contrário,
não podemos desfrutar Cristo. Após nossa força
natural ter-se esgotado, a promessa de Deus vem.
Após Ismael ter sido expulso, Isaque tinha a posição
correta para participar da bênção da promessa de
Deus. A terminação do nosso esforço natural, a
renúncia do que podemos fazer ou temos feito, é
“Isaque”, a herança da bênção prometida por Deus,
que é Cristo. Fomos batizados em Cristo (Gl 3:27).
Fomos terminados em Cristo, agora somos Dele, e O
temos como nossa porção. Assim, somos a
descendência de Abraão, a raça chamada de Deus, e
herdeiros segundo a promessa de Deus (Gl 3 :29).
Que é Isaque? Isaque é o resultado de viver e
andar por fé. Isso é Cristo. Isaque era um tipo
completo de Cristo herdando todas as riquezas do Pai.
Todos devemos experimentar Cristo de tal maneira;
não pelos nossos feitos, esforços ou diligência, mas
simplesmente por confiar Nele. Nossa confiança Nele
resultará em Isaque. Somente Isaque é o elemento
verdadeiro da genealogia de Cristo. Nem todos os
filhos da carne de Abraão são filhos de Deus; apenas
em Isaque Deus terá Seus filhos (Rm 9:7-8). Portanto,
Deus considerou Isaque como filho único de Abraão
(Gn 21:10, 12; 22:2a, 12b, 16-18), o único a herdar a
promessa a respeito de Cristo (Gn 26:3-4).
Embora sejamos a raça de Abraão hoje, estamos
trilhando o caminho de Ismael ou estamos vivendo à
maneira de Isaque? A maneira de Ismael é
cumprirmos o propósito de Deus pela nossa própria
energia e trabalho. A maneira de Isaque é colocar-
nos em Deus, permitindo-Lhe fazer por nós todas as
coisas para cumprir Seu propósito. Que enorme
diferença há entre essas duas maneiras! Ismael nada
tem a ver com Cristo. Tudo quanto fazemos, tudo
quanto tentamos realizar, nada tem a ver com Cristo.
Devemos ter Isaque. Se quisermos Isaque, devemos
rejeitar Ismael, interromper nossa obra, e colocar-
nos no próprio operar de Deus. Se Lhe permitirmos
cumprir Sua promessa em nosso lugar, então
teremos Isaque.

F. Jacó
O versículo 2 também diz que Isaque gerou a
Jacó. Isaque e Ismael eram irmãos por parte de pai,
mas com mães diferentes. Jacó e Esaú eram mais
próximos, eram gêmeos. Jacó significa suplantador.
Ele suplanta os outros, colocando-os sob ele e
elevando-se sobre eles. Quando ele e seu irmão mais
velho Esaú estavam saindo do ventre, Jacó agarrou o
calcanhar de Esaú. Jacó parecia dizer: “Esaú, não
saia ainda! Espere por mim. Deixe-me ir primeiro!”
Jacó era um verdadeiro segurador de calcanhar. O
significado do nome Jacó é o segurador de calcanhar,
o suplantador. Ele derrota outros. Ele os coloca sob
seus pés por qualquer meio enganoso. Isso é Jacó.
Porque Deus já escolhera Jacó, todo empenho
dele era vão. Jacó precisava de uma visão. Ele não
precisava suplantar os outros, porque Deus o
escolhera para ser o número um. Mesmo antes de os
gêmeos nascerem, Deus tinha dito à mãe que o mais
jovem seria o primeiro, e o mais velho seria o
segundo. Está escrito: “Amei a Jacó, porém me
aborreci de Esaú” (Ml 1:2-3; Rm 9:13).
Infelizmente, Jacó não percebeu isso. Se o
tivesse percebido nunca teria tentado fazer nada.
Antes, teria dito a Esaú: “Se quer sair primeiro pode
ir. Não importa quanto você tente ser o primeiro, eu
ainda serei o primeiro. Você nunca poderá vencer-me,
porque Deus me elegeu” . Jacó, entretanto, não sabia
disso. Mesmo quando ele cresceu ainda não percebia
isso. Assim, ele estava constantemente suplantando.
Aonde quer que fosse, ele suplantava. Ele suplantou
seu irmão (Gn 25 :29-33; 27:18-38), e suplantou seu
tio (Gn 30:37-31:1). Ele planejou e roubou seu tio,
Labão. Contudo, todo seu labor foi em vão. Deus
poderia dizer-lhe: “Jacó, seu tolo. Não precisa fazer
isso. Eu lhe darei mais do que você conseguiu obter” .
Mas Jacó continuou lutando. Embora fosse um
descendente de Abraão, pela sua luta e natureza, ele
era totalmente um descendente do diabo. Você
compreende isso? Posicionalmente falando, Jacó era
um descendente de Abraão, mas disposicionalmente,
ele era um filho do diabo.
Que precisava Jacó? Ele precisava do tratamento
de Deus. Por isso Deus levantou seu irmão, Esaú, e
depois seu tio, Labão, para tratar com ele. Deus
levantou até mesmo quatro esposas mais doze
ajudantes varões e uma ajudante. Havia muito
sofrimento na vida de Jacó, mas esse sofrimento veio
do seu próprio esforço, não da escolha de Deus.
Quanto mais ele lutava, mais sofria. Podemos rir de
Jacó, mas somos exatamente iguais a ele. Quanto
mais tentamos fazer algo, mais problemas temos.
Em Cristo, precisamos primeiramente da vida de
Abraão. Precisamos esquecer o que somos, viver por
Cristo e confiar Nele. Em segundo lugar, em Cristo
não temos necessidade de Ismael, nossos feitos;
precisamos de Isaque, os feitos de Deus. Em terceiro
lugar, não precisamos de Jacó, mas de Israel. Não
precisamos do Jacó natural, mas do Israel
transformado, o príncipe de Deus.
Você percebe que absolutamente não depende de
você? Ao ouvir isso, você pode dizer: “Se não depende
de mim, mas inteiramente de Deus, então pararei
minha busca” . Muito bom. Se você puder parar sua
busca, encorajo-o a fazê-lo. Diga a todo o universo
que você ouviu que isso depende Dele, e que parou
sua busca. Se puder pará-la, ela deve ser parada. Mas,
asseguro-lhe, quanto mais você parar, melhor.
Quanto mais parar, mais Ele se levantará. Tente.
Diga ao Senhor: “Senhor, eu paro minha busca!” O
Senhor dirá: “Isso é maravilhoso! Sua pausa abre a
porta para que Eu faça algo. Eu queimarei você. Você
pode parar sua busca, mas Eu o deixarei queimando!”
Todos fomos escolhidos. Em certo sentido, fomos
capturados. Que podemos fazer? Nunca podemos
escapar. Isso é absolutamente devido à misericórdia
do Senhor. Não escolhemos esse caminho. Eu
certamente não o escolhi, mas aqui estou. Que posso
fazer? Porque Deus nos escolheu, nunca podemos ir
embora.
Se lermos Romanos 9, descobriremos que
depende Dele, não de nós. Ele era e ainda é a fonte.
Louvado seja o Senhor que a Sua misericórdia
chegou a nós! Ninguém pode rejeitar Sua
misericórdia. Podemos rejeitar Seus feitos, mas não
podemos rejeitar Sua misericórdia (Êx33:19;
Rm9:15). Que misericórdia termos sido escolhidos
para estar unidos a Cristo e participar Dele como a
bênção eterna de Deus! Em certo sentido somos
Abraão, em outro, somos Isaque, e ainda em outro,
somos Jacó. Posteriormente, num quarto sentido,
seremos Israel. Assim, temos Abraão, Isaque e Jacó.
A genealogia de Cristo é uma questão do direito
de primogenitura, e o direito de primogenitura é
principalmente a união com Cristo e a participação
em Cristo. O suplantar de Jacó não era justificável,
mas sua busca pela primogenitura certamente foi
honrada por Deus. Esaú desprezou a primogenitura e
vendeu-a por um preço baixo (Gn 25:29-34). Assim,
ele a perdeu e não foi capaz de reavê-la, mesmo
tendo lamentado e chorado por ela (Gn 27:34-38; Hb
12:16-17). Ele perdeu a bênção de participar de Cristo.
Isso deve ser uma advertência para nós. Jacó honrou
e buscou o direito de primogenitura, e o alcançou. Ele
herdou a bênção prometida por Deus, a bênção de
Cristo (Gn 28:4, 14).

G. Judá
O versículo 2 também diz que Jacó gerou a Judá
e a seus irmãos. O primeiro filho de Jacó foi Rúben.
Rúben devia ter ficado com a porção do primogênito
que era o direito de primogenitura. A primogenitura
incluía três elementos: a porção dobrada da terra, o
sacerdócio e a realeza. Embora Rúben fosse o
primogênito ele perdeu a primogenitura por causa da
sua profanação (Gn 49:3-4; 1 Cr 5:1-2). Então, a
porção dobrada de terra foi para José. Isso deve ter
sido devido à pureza dele (Gn 39:7-20). Ele era o
filho mais apegado ao pai e o que era mais de acordo
com o coração do pai (Gn 37:2-3, 12-17). Cada um
dos dois filhos de José, Manassés e Efraim,
receberam uma porção da terra (J s 16 e 17). Assim
por intermédio dos dois filhos ele herdou duas
porções da boa terra.
A porção da primogenitura do sacerdócio foi
para Levi (Dt 33 :8-10). Levi era verdadeiramente
segundo o coração de Deus. Para cumprir o desejo de
Deus, ele esqueceu seus pais, seus irmãos e seus
filhos, e unicamente se importou com o desejo de
Deus. Assim, ele recebeu a porção da primogenitura
do sacerdócio.
A realeza, uma outra porção da primogenitura,
foi entregue a Judá (Gn 49:10; 1 Cr 5:2). Se lermos
Gênesis, descobriremos a razão para isso. Quando
José estava sofrendo sob a conspiração de seus
irmãos, Judá cuidou dele (Gn 37:26). Ele também
cuidou de Benjamim em tempos de sofrimento (Gn
43:8-9; 44:14-34). Por essa razão, creio, a realeza foi
para Judá.
Hoje somos a “igreja dos primogênitos” (Hb
12:23). Nossa primogenitura também é composta
desses três elementos: a porção dobrada de Cristo, o
sacerdócio, e a realeza. Estamos em Cristo e podemos
desfrutá-Lo em porção dobrada. Somos também
sacerdotes e reis de Deus. Entretanto, muitos cristãos
perderam sua primogenitura. Eles foram salvos e
jamais se perderão, mas perderam a porção extra de
Cristo. Se quisermos desfrutar a porção extra de
Cristo, devemos conservar nossa primogenitura.
Todos os cristãos renasceram como sacerdotes
(Ap 1:6). Mas hoje muitos perderam o sacerdócio.
Porque perderam a posição de interceder, para eles é
difícil orar. Para conservarmos nosso sacerdócio,
devemos ser como os levitas e esquecer nosso pai,
nossos irmãos e nossos filhos, e cuidar dos interesses
de Deus. O desejo de Deus, não nossa família, deve
estar em primeiro lugar. Se o desejo de Deus é
prioridade em nosso coração, então estaremos
próximos a Ele e o nosso sacerdócio estará seguro.
Todos os cristãos também são regenerados como
reis (Ap 5:10), mas muitos perderam sua realeza.
Quando o Senhor Jesus voltar, os santos vencedores
estarão com Ele para ser sacerdotes de Deus e co-reis
com Cristo (Ap 20:4-6). Ao mesmo tempo,
desfrutarão a herança dessa terra (Ap 2:26).
Hebreus 12:16-17 nos adverte a não perdermos
nosso direito de primogenitura como Esaú. “Por um
repasto” Esaú “vendeu o seu direito de
primogenitura” . Mais tarde, ele se arrependeu de tê-
lo vendido por tão pouco, mas não foi capaz de reavê-
lo. Todos precisamos estar alertas. Temos a posição
de possuir a primogenitura e já a temos, mas
preservá-la depende se guardamos ou não a nós
mesmos de ser profanos ou de nos corromper. Temos
visto que Esaú perdeu a sua primogenitura porque
era profano e Rúben por causa da sua impureza. Mas
José herdou a porção dobrada da terra por causa da
sua pureza; Levi obteve o sacerdócio por causa da sua
absoluta separação para o Senhor, e Judá recebeu a
realeza por causa de seu cuidado pelos irmãos em
sofrimento. Precisamos nos conservar puros para a
porção extra do desfrute de Cristo, precisamos
separar-nos absolutamente para o Senhor com um
cuidado amoroso pelo desejo do Senhor acima de
todas as coisas; precisamos cuidar carinhosamente
dos nossos irmãos que estão em sofrimento. Se
formos assim, certamente conservaremos nosso
direito de primogenitura. A porção extra do desfrute
de Cristo, o sacerdócio e a realeza serão nossos.
Mesmo hoje podemos desfrutar uma medida dobrada
de Cristo. Podemos orar, podemos governar e
podemos reinar. Então, quando o Senhor Jesus
voltar, estaremos com Ele desfrutando a herança
dessa terra. Seremos sacerdotes contatando Deus
continuamente e reis reinando sobre o povo.
Porque Judá ganhou a porção da primogenitura
da realeza, ele gerou o Cristo, o Rei (Gn 49:10), Cristo,
o Vitorioso (Ap5:5; Gn49:8-9). “Pois é evidente que
nosso Senhor procedeu de Judá” (Hb 7:14). Abraão,
Isaque, Jacó e Judá estão todos ligados a Cristo. Se
temos a vida dessas quatro gerações – a fé de Abraão,
a herança de Isaque, os tratamentos de Jacó e o
cuidado amoroso de Judá – e tão somos ligados a
Cristo em Sua genealogia.

H. Seus Irmãos
Quando essa genealogia menciona Isaque e Jacó,
não diz “e seu irmão”; apenas quando menciona Judá
é que diz “e seus irmãos”. Tanto o irmão de Isaque,
Ismael, e o irmão de Jacó, Esaú, foram rejeitados por
Deus. Mas todos os onze irmãos de Judá foram
escolhidos; nenhum deles foi rejeitado por Deus.
Judá e seus onze irmãos tomaram-se os pais das doze
tribos que formaram a nação de Israel como o povo
escolhido de Deus para Cristo. Conseqüentemente
todos os irmãos de Judá estavam relacionados a
Cristo. Por essa razão, a genealogia de Cristo também
os inclui.
MENSAGEM 3

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI


(3)
Tudo o que está registrado no Antigo
Testamento diz respeito a Cristo. Todo o Antigo
Testamento é um registro de Cristo, quer direta ou
indiretamente. Se quisermos entender a genealogia
de Cristo, devemos voltar ao Antigo Testamento e lê-
lo cuidadosamente. Se o fizermos, compreenderemos
que o Antigo Testamento é um registro de Cristo.
Isso prova que toda a Bíblia é uma revelação de
Cristo.
Vimos na genealogia de Cristo que Sua linhagem
inclui todos, os tipos de pessoas: humildes, nobres,
boas, más, patriarcas, reis, cidadãos do povo, cativos,
restaurados e até mulheres de má reputação.
Entretanto, devemos perceber que há aqui alguns
princípios governantes. Na vida de todas essas
pessoas, podemos descobrir certos princípios que
governam nossa ligação com Cristo. A linhagem de
Cristo inclui todo tipo de pessoa, mas não de
qualquer maneira. Não importa o que somos ou de
onde viemos, se satisfazemos os princípios, podemos
ser incluídos na genealogia de Cristo. Embora já
tenhamos visto isso, não o fizemos adequadamente,
porque há muito mais pessoas a incluir.

I. Tamar
A primeira que consideraremos é Tamar. Tamar
concebeu por meio de um incesto com o sogro dela
(Gn 38:6-27). Moralmente falando, isso foi
deplorável, e eticamente falando foi horrível.
Ninguém justificaria tal ato. Embora tenha estudado
Gênesis por muitos anos, meu coração ainda dói
sempre que leio o capítulo 38. Até certo ponto, o que
Tamarfez não foi nada bom. Todavia, ela era justa. A
falha não foi da parte dela, mas da parte do seu
sogro; Judá foi quem admitiu que ela era mais justa
que ele (Gn 38:26). Você pode dizer que não havia
desculpa para o que Tamar fez e que incesto sempre
envolve ambos os lados. Embora Tamar possa ser
considerada responsável até certo ponto, ela era justa,
e tinha um coração pela primogenitura.
Porque temos experiências passadas diferentes e
pouco entendimento do direito de primogenitura e de
seu significado para as pessoas naqueles dias, preciso
dizer uma palavra a esse respeito. No tempo de
Tamar, a primogenitura representava muito (Gn
38:6-8). Como enfatizei na última mensagem, a
primogenitura incluía uma porção dobrada da terra,
o sacerdócio e a realeza. A porção dobrada da terra
diz respeito ao desfrute dobrado de Cristo. A terra é
Cristo, e a porção dobrada da terra não é um desfrute
comum ou corriqueiro de Cristo, mas algo especial,
algo extraordinário. Tanto o sacerdócio como a
realeza estão também relacionados a Cristo. Para as
gerações após Abraão, a primogenitura era
inteiramente uma questão de herdar Cristo. Em
Efésios 2:12 nos é dito que quando incrédulos,
estávamos sem Cristo. Mas por crer no Senhor Jesus,
fomos introduzidos na primogenitura. Fomos
colocados em Cristo, Cristo tornou-se a nossa porção,
e Ele mesmo será nossa porção dupla. Por meio Dele,
Nele e com Ele temos o sacerdócio e a realeza. O
próprio Cristo é a nossa boa terra, nosso sacerdócio e
nossa realeza. Agora podemos entender por que
Tamar estava ansiosa para obter a primogenitura. Ela
sabia que se fosse excluída, estaria terminada quanto
à promessa de Deus. E a promessa de Deus era
simplesmente a promessa de ser Ele mesmo a porção
de Seu povo escolhido em Cristo. Tamar não estava
disposta a perder essa bênção.
Tamar era a esposa do primeiro filho de Judá.
Esse filho devia ter herdado a primogenitura. Mas o
marido de Tamar era perverso aos olhos do Senhor, e
o Senhor o fez morrer (Gn 38:7). O Senhor também
levou o segundo filho de Judá (Gn 38:8-1 O). De
acordo com os regulamentos antigos, Judá devia ter
providenciado para que seu próximo filho casasse
com Tamar a fim de que um filho pudesse ser gerado
para herdar a primogenitura. Judá, entretanto, não
cumpriu sua responsabilidade. De certo modo, Judá
trapaceou Tamar (Gn 38:11-14). Mas ela não desistiu;
antes, até mesmo usou um meio impróprio para
obter a primogenitura. Se a maneira foi inadequada
ou não, o fato é que Tamar fez tudo o que pôde para
obter aquele direito de primogenitura.
Obter a primogenitura é simplesmente ganhar
Cristo. Para isso, devemos estar prontos a tomar um
caminho que não parece ser o melhor. Deixem-me
contar-lhes uma história que ilustra isso, mas tentem
entender-me, não me interpretem mal. No passado,
alguns jovens na China foram inspirados pela minha
pregação, creram no Senhor Jesus e desejaram ser
batizados. Entretanto, seus pais, que eram budistas,
opuseram-se bastante. Quando tomaram
conhecimento de que os filhos estavam planejando
ser batizados, não os permitiram sair de casa. Os
jovens oraram acerca disso. Finalmente, disseram
aos pais que tinham de ir à escola por meio período.
Certamente aquilo era mentira, pois eles não foram à
escola; eles foram ao local de reunião da igreja para
ser batizados. Embora dissessem uma mentira, foi
uma mentira pura. A intenção deles ao falar aquela
mentira era muito agradável a Deus. Se quiser
ganhar Cristo, você não deve importar-se com a
maneira. Não seja religioso; não guarde regras e
regulamentos. Ganhe Cristo! Você precisa ganhar
Cristo. De qualquer maneira, alcance a
primogenitura.
Foi de uma maneira imprópria que Tamar
adquiriu a primogenitura. Mas no registro divino na
Bíblia, o nome de Tamar não é um nome ruim. Rute
4:12 indica que esse nome é sagrado. Nesse versículo
os anciãos disseram: “Seja a tua casa como a casa de
Perez, que Tamar teve de Judá”. O nome de Tamar é
sagrado porque ela não se importou com nada
pecaminoso; importou-se apenas com a
primogenitura. O significado disso para nós hoje é
que se desejamos Cristo e O estamos buscando,
qualquer que seja a maneira pela qual
verdadeiramente possamos ganhá-Lo é a maneira
correta.

J. Perez e Zerá
De Tamar chegamos ao filho dela, Perez (v. 3).
Tamar concebeu gêmeos (Gn38:27-30). Na hora do
parto, um menino, Zerá, tentou sair primeiro, mas
não conseguiu. Ele pôs a mão para fora e a parteira
marcou-o com uma fita escarlate, indicando que seria
o primogênito. Entretanto, Perez o precedeu sendo o
primogênito. Assim, o primeiro tomou-se o último e
o último tomou-se o primeiro. A parteira ficou
surpresa. Essa é uma boa ilustração de como ganhar
a primogenitura. Perez herdou a primogenitura. O
homem não o escolheu, mas Deus o enviou. Isso
prova que não depende do esforço do homem,
depende da escolha de Deus. A história da mãe nos
mostra um lado: que devemos estar desejosos pela
primogenitura, fazendo o máximo para obtê-la; a
história do filho nos revela o outro lado: que embora
possamos lutar para obter o direito de primogenitura,
T este é, na verdade, uma questão da escolha de Deus,
não dos nossos esforços (ver Rm 9:11).
Recordo-me de uma história de D. L. Moody.
Um dia, um estudante do seu Instituto Bíblico disse-
lhe: “Sr. Moody, lendo o Novo Testamento aprendi
que todos os salvos são escolhidos, predestinados por
Deus antes da fundação do mundo. Agora tenho um
problema. Se pregar o evangelho e convencer as
pessoas a crer, posso cometer algum erro e persuadir
alguém a quem Deus não escolheu. Que farei?”
Moody respondeu: “Meu filho, apenas vá em frente e
dê o melhor de si. Quando as pessoas entrarem pela
porta, verão escrito do lado de fora: 'Todos que
desejarem podem vir'. Mas uma vez que eles
entrarem e olharem para trás, verão escrito do lado
de dentro: 'Escolhidos antes da fundação do mundo'.
A história de Tamar significa: “Todos que desejarem
podem vir”. Tamar desejou e veio. Mas a história de
seu filho significa: “Escolhido antes da fundação do
mundo”. Talvez você seja a Tamar de hoje, lutando e
laborando para obter a primogenitura. Mas uma vez
que a conquista, olhará para trás e verá que foi
escolhido antes da fundação do mundo. O direito de
primogenitura não depende de nós, depende da
escolha de Deus.
K. Raabe
Prossigamos com Raabe (v. 5). Raabe era
prostituta em Jericó (Js 2:1), um lugar amaldiçoado
por Deus pela eternidade. Embora fosse prostituta
em tal lugar, tomou-se uma ancestral de Cristo.
Como poderia uma prostituta tornar-se ancestral de
Cristo? Para responder essa questão, precisamos
descobrir os princípios. Toda população de Jericó foi
destruída exceto Raabe, sua farru1ia e possessões.
Ela foi salva porque se voltou a Deus e ao povo de
Deus (Js 6:22-23, 25; Hb 11:31). Após voltar-se a
Deus e a Seu povo, casou-se com Salmom, um líder
no exército da principal tribo, a tribo de Judá, e um
dos homens enviados por Josué para espiar Jericó.
Naquela época, Salmom tornou-se conhecido de
Raabe e, de certo modo, a salvou. Finalmente, Raabe
casou-se com ele, e eles geraram um homem piedoso
chamado Boaz.
Agora devemos voltar toda nossa atenção aos
princípios que governam nossa ligação com Cristo. O
primeiro princípio é que, não importa qual seja o
nosso passado, devemos voltar-nos a Deus e ao povo
de Deus. Segundo, devemos casar-nos com pessoas
adequadas, não num sentido físico, mas num sentido
espiritual. Após ter-nos voltado a Deus e ao povo de
Deus, devemos ser unidos, edificados e envolvidos
com a pessoa adequada. Terceiro, devemos gerar o
fruto adequado. Então estaremos plenamente na
posição da primogenitura de Cristo.
Parece que muitos cristãos hoje perderam sua
primogenitura. Eles não têm Salmon e Boaz. Se
deseja ter um Salmom e um Boaz, você deve
envolver-se com os crentes adequados, com os
líderes adequados nas tribos principais. Então você
precisa gerar o fruto adequado, Boaz, que será um
antepassado de Davi. Devemos voltar-nos ao Senhor,
e devemos voltar-nos ao povo do Senhor, devemos
também tomar cuidado de como nos envolver com
outros. Se nos envolvermos com as pessoas
adequadas, certamente geraremos o fruto adequado.
Isso nos manterá no pleno desfrute do direito de
primogenitura de Cristo.

L. Boaz
Para conhecermos a história de Boaz, devemos
ler o livro de Rute. É uma boa história. Boaz é um
tipo de Cristo, e Rute é um tipo da igreja. O livro de
Rute nos conta que Boaz redimiu Rute; ele também
redimiu o direito de primogenitura para ela. Isso I. '\
,/
T significa que Cristo, como nosso Boaz
verdadeiro, redimiu tanto a nós como também ao
direito de primogenitura.
Boaz redimiu a herança de seu parente e casou
com a viúva (Rt 4:1-17); assim, ele tornou-se um
notável antecessor de Cristo. Como um irmão e um
Boaz, você deve cuidar da primogenitura de Cristo
para os outros, e não apenas da sua própria
primogenitura. Em outras palavras, você não deve
apenas cuidar do seu próprio desfrute de Cristo, mas
também dó desfrute de Cristo de outros.
Rute era nora de Noemi. Quando lemos essa
história, vemos que Rute e Noemi tinham perdido o
desfrute, a primogenitura, mas de acordo com o
regulamento de Deus havia uma maneira de reaver a
primogenitura, de redimi-la. Contudo essa redenção
tinha de ser feita por outra pessoa. O princípio é o
mesmo na vida da igreja hoje. Se eu perder a
primogenitura, os irmãos têm um modo de redimi-la
para mim. Muito freqüentemente, alguns queridos
irmãos perdem seu desfrute de Cristo. De certo modo,
tornam-se Noemi ou Rute. Sendo assim, você precisa
ser um Boaz, capaz de redimir a primogenitura
perdida e casar com a redimida.
Suponha que eu seja uma verdadeira Rute que
perdeu o marido. Perder o marido significa perder o
desfrute da primogenitura. Tenho a primogenitura,
mas perdi o seu desfrute. Assim, preciso de você,
como meu irmão, para redimir meu direito de
primogenitura. Mas você precisa ser um tanto rico
em Cristo. Precisa ter algumas riquezas com o que
redimir minha primogenitura. Então você paga o
preço para recobrar minha primogenitura, e também
casa-se comigo. Isso significa que você se envolveu
comigo. Esse tipo de envolvimento espiritual
produzirá Obede, o avô de Davi. Boaz tornou-se um
dos grandes antepassados de Cristo. Num sentido
espiritual, ele foi aquele que desfrutou a maior e a
mais rica porção de Cristo. Se um irmão torna-se um
Boaz para mim, ele será alguém com o mais excelente
desfrute de Cristo. Porque redimiu minha
primogenitura e tornou-se tão envolvido comigo,
nosso envolvimento no Senhor finalmente produzirá
um pleno desfrute de Cristo.
Na vida da igreja hoje precisamos ter vários
“Boazes”. O livro de Rute nos diz que havia um outro
parente que era mais próximo de Rute que Boaz. Mas
aquele homem foi egoísta; ele apenas cuidou de sua
própria primogenitura. Ele temia que cuidar da
primogenitura de outro pudesse danificar a sua
própria. Essa
é exatamente a situação de hoje. Alguns irmãos
deveriam cuidar de mim, a pobre Rute, mas são
egoístas no desfrute espiritual de Cristo. Até mesmo
nessa questão é possível ser egoísta. Entretanto, um
Boaz será generoso e pagará o preço para redimir
minha primogenitura. Tudo isso mostra que
deveríamos cuidar I não apenas da nossa própria
primogenitura, mas também da primogenitura de
outros. Dia a dia devemos cuidar do desfrute de
Cristo de outros. Quanto mais o fizermos, melhor.

M. Rute
Chegamos agora a Rute (1:5). Podemos dizer que
Rute certamente era uma boa mulher, mas ela teve
uma grande falta. Embora ela mesma não estivesse
envolvida em incesto, sua origem foi uma questão de
incesto. Rute pertencia à tribo de Moabe (Rt 1:4).
Moabe era filho de Ló, fruto da união incestuosa de
Ló com sua filha (Gn 19:30-38). De acordo com
Deuteronômio 23:3, os moabitas eram proibidos de
entrar na congregação do Senhor, até a décima
geração. Assim, Rute era uma excluída. Entretanto,
não apenas ela foi aceita pelo Senhor, mas tornou-se
uma pessoa maravilhosa que participou do desfrute
de Cristo.
Embora, como moabita, Rute fosse proibida de
entrar na congregação do Senhor, ela buscava Deus e
o povo de Deus (Rt 1:15-17; 2:11-12). Isso revela um
princípio muito prevalecente: não importa quem
somos nós ou qual é o nosso passado, contanto que
tenhamos um coração de buscar Deus e o povo de
Deus, estamos na posição de ser aceitos no direito de
primogenitura de Cristo. Rute casou-se com Boaz,
um homem piedoso entre o povo de Deus, e gerou
Obede, o avô do rei Davi.
A mãe de Boaz era Raabe, uma cananéia, e sua
esposa era Rute, uma moabita. Ambas eram gentias.
Entretanto, elas estavam ligadas a Cristo. Essa é uma
forte prova que Cristo está ligado não apenas aos
judeus, mas também aos gentios, mesmo aos gentios
de classe baixa e insignificante.
Você pode ser de origem pobre por nascimento e
ter um passado lamentável, mas não fique aborrecido
ou frustrado por isso. Esqueça! Nada pode ser pior
do que uma pessoa nascida de Moabe. Mas desde que
tenha um coração de busca a Deus e ao povo de Deus
e uma vez que se torne comprometido com a pessoa
adequada, tal como Boaz, você entrará na porção
dobrada do desfrute de Cristo.

N. Jessé
Prossigamos com Jessé (vs. 5-6). Embora a
Bíblia não tenha muito a dizer de Jessé, o que ela diz
sobre ele é importante. Isaías capítulo 11 fala duas
vezes a respeito de Jessé. Isaías 11:1 diz que Cristo
será o rebento que sai do tronco de Jessé e um
renovo que sai da raiz de Jessé. Cristo saiu dele.
Isaías 11:10 diz que Cristo é a raiz de Jessé, indicando
que Jessé saiu de Cristo. Jessé é um homem que saiu
inteiramente de Cristo; ele é também urna pessoa
que gerou Cristo. Cristo saiu dele, e ele saiu de Cristo.
Cristo era seu renovo. Cristo era também sua raiz.
Precisamos da luz do Senhor para entender essas
coisas. Que é um Jessé? Um Jessé é uma pessoa que
gera Cristo, que ramifica Cristo por estar enraizado
Nele. Quando você ramifica Cristo, não se esqueça
que Ele é não apenas seu ramo, mas também sua raiz.
Cristo ramifica de você e você provém de Cristo.
Cristo é nossa origem e Cristo é também nosso
produto. Isso significa que somos um com Cristo e
muito intimamente ligados a Ele. Estamos Nele e Ele
está em nós. Ele brota de nós e somos enraizados
Nele. Esse é o tipo de pessoa que desfruta a
primogenitura de Cristo.
Todos devemos ser um Boaz, uma Rute, um
Jessé e uma Tamar. Precisamos ser como tais
pessoas. Finalmente diremos: “Louvado seja o
Senhor por todos! A condição de todos é a mesma
que a minha. A condição de Tamar é também a
minha condição. As condições boas e as más são
todas iguais às minhas. Sou Tamar, sou Perez, sou
Raabe, sou Boaz, sou Rute e sou essé. Aleluia!” Após
Jessé, finalmente somos Davi.

O. Davi
Davi era o oitavo filho de seu pai, o mais novo.
Isso é significativo. Na Bíblia o número oito indica
ressurreição, um novo começo. O oitavo dia é o
primeiro dia da segunda semana; portanto, significa
algo novo, algo da ressurreição. Quando Samuel veio
ungir o rei do povo de Deus, Jessé apresentou seus
sete filhos a ele. Samuel olhou-os e disse: “O Senhor
não escolheu a estes”. Quando Samuel soube que
havia um oitavo, Davi, chamou-o e ungiu-o (1Sm
16:10-13). Isso significa que nós, os escolhidos e
salvos, não somos pessoas da primeira semana,
somos do primeiro dia da segunda semana. Somos o
oitavo filho.
Davi foi o último das gerações dos patriarcas,
que foram catorze gerações . Davi foi a conclusão da
seção dos patriarcas na genealogia de Cristo. Davi foi
também o primeiro das gerações dos reis. Nessa
genealogia, apenas de Davi se diz “o rei”, porque foi
por intermédio dele que foi introduzido o reino com a
realeza. Ele foi a conclusão de uma seção e o início da
seção seguinte. Ele foi o marco de duas eras. Ele foi o
término de uma e o início da outra, porque ele estava
no verdadeiro desfrute de Cristo. Se quisermos ter o
rico desfrute de Cristo, freqüentemente precisaremos
ser o fim de uma situação e o início de outra.
Entretanto, muitos queridos santos não são capazes
de ser nem o término nem o princípio. Por fim, eles
nada são. Na vida da igreja, precisamos de alguns
“Davis”, alguns que são mais fortes para concluir
certas situações e iniciar outras. Precisamos de
alguns que encerrem a geração dos patriarcas e
iniciem a geração dos reis. Devemos ser fortes;
devemos ser o oitavo filho, devemos ser Davi.
Davi era um homem segundo o coração de Deus
(1Sm 13:14). O próprio Deus disse a Saul que Ele o
substituiria, porque encontrara um homem segundo
o Seu coração. Em toda sua vida, Davi não fez nada
de errado, exceto uma grande coisa: ele assassinou
um homem e tomou sua esposa. Em um único ato
Davi cometeu dois grandes pecados, assassinato e
adultério. O próprio Deus condenou isso. A Bíblia diz
que Davi fez o que era reto aos olhos do Senhor todos
os dias da sua vida, exceto por essa única coisa (1 Rs
15:5).

P. A Esposa de Urias (Bate-Seba)


Davi assassinou Urias e tomou sua esposa, Bate-
Seba. Ela era a esposa de um heteu (2Sm 11:3). Ela
casou novamente em conseqüência de um adultério
(2Sm 11:26-27).
Q. Salomão
Depois que Davi cometeu assassinato e adultério
ele foi repreendido pelo profeta Natã, a quem Deus
enviou propositadamente para condená-lo (2Sm
12:1-12). Após ter sido condenado, Davi se
arrependeu. O Salmo 51 é o salmo de
arrependimento de Davi. Davi se arrependeu e Deus
o perdoou (2Sm 12:13). Houve arrependimento e
houve perdão. Ao todo temos aqui três itens:
transgressão, arrependimento e perdão. Se
colocarmos todos os três juntos, o resultado é
Salomão. Primeiro houve transgressão e
arrependimento mais perdão. Em seguida, houve
Salomão (2Sm 12:24), aquele que edificou o templo
de Deus. Salomão é o resultado não apenas de
transgressão e arrependimento, mas de transgressão,
arrependimento e do perdão de Deus. Aqui vemos
dois casamentos. O primeiro foi um casamento entre
Davi e Bate-Seba. O segundo foi um casamento
espiritual, o casamento da transgressão e
arrependimento de Davi com o perdão de Deus. O
perdão de Deus casou-se com a transgressão e
arrependimento de Davi. Esse casamento gerou um
homem chamado Salomão que edificou o templo de
Deus. A igreja é sempre edificada por esse tipo de
pessoa, Salomão, o resultado da transgressão e
arrependimento do homem mais o perdão de Deus.
Depois que Davi recebeu o perdão de Deus, e o
desfrute da sua salvação foi restaurado, ele orou por
Sião, pela edificação dos muros de Jerusalém, pelo
fortalecimento do seu reino (Sl51:18). Finalmente,
como conseqüência do perdão de seu pecado por
Deus, este lhe deu um filho para edificar o templo de
Deus para a Sua presença como o centro da cidade de
Jerusalém.
Espero que o Senhor lhe mostre o que palavras
humanas não podem dizer. Se você tem sido e ainda
é uma pessoa tipicamente boa que nunca matou
outros, que nunca transgrediu e que nunca precisou
se arrepender, então Deus não precisa perdoar-lhe.
Se esse é o caso, então nunca haverá um Salomão, e o
templo de Deus nunca será edificado. Como vimos, a
edificação do templo de Deus vem da transgressão do
homem e do arrependimento mais o perdão de Deus.
Um dia eu disse ao Senhor: “Senhor, minha
transgressão e arrependimento precisam do Teu
perdão. Mas, Senhor, Tu sabes melhor que eu que
Teu perdão também precisa da minha transgressão.
Minha transgressão precisa do Teu perdão, e Teu
perdão precisa da minha transgressão. Se não tenho
transgressão, então Tu não tens lugar para usar o Teu
perdão”. Quando falei isso ao Senhor, parece que Ele
disse: “Sim, por causa da sua transgressão e
arrependimento, Eu tenho uma oportunidade de usar
o Meu perdão. Estou feliz por isso”. Mas você nunca
deve dizer: “Façamos o mal para que venha o bem”.
Você deve esforçar-se ao máximo. Mas não importa
quão diligentemente você possa tentar fazer tudo
correto aos olhos do Senhor, cedo ou tarde algo
acontecerá. Repentinamente você irá assassinar,
tomará posse de outros, transgredirá. Entretanto,
após transgredir, haverá um caminho para se
arrepender. Se você se arrepender, Deus estará
pronto para perdoá-lo. Então você gerará um filho e
o chamará Salomão. O nome Salomão significa
“pacífico” (2Sm 12:24; 1 Cr22:9), mas Salomão
também tem outro nome: “Jedidias” (2 Sm 12:25),
que significa “amado do Senhor”. Para você, Salomão
significa “pacífico”, mas para o Senhor ele significa
“amado do Senhor”. Esse filho será aquele que
edificará a casa de Deus, a igreja de hoje.
Você precisa ser justo todo o tempo aos olhos de
Deus. Mas esteja certo de que o simples fato de você
ser justo não é bom para a edificação da igreja.
Entretanto, não deve dizer: “Cometerei erros!” Digo-
lhe, mesmo se tentar estar errado, você descobrirá
que não é capaz de cometer erros. Não sei que tipo de
soberania é essa. Mas um dia você fará algo terrível.
Todos os irmãos balançarão a cabeça, incapazes de
crer que você poderia ter feito tal coisa. Contudo,
você a fez! Então você precisa ler o Salmo 51, fazer
dele seu salmo, e ir ao Senhor, dizendo: “Senhor, eu
me arrependo. Contra Ti, contra Ti somente fiz esse
mal. Perdoa-me”. Após esse arrependimento, você
terá um outro casamento, o casamento da sua
transgressão e arrependimento com o perdão de
Deus. Isso gerará um Salomão, alguém que é pacífico
para você e amado do Senhor. Essa pessoa edificará a
igreja, o templo de Deus. Naquele tempo você será
muito útil na edificação da igreja.
Você pode dizer: “E quanto a hoje? Que faremos
esperar que aquele tipo de pessoa venha?” Não, não
espere. Sua espera de nada aproveitará. Devemos
unicamente andar na presença do Senhor e deixar o
Senhor agir. Como diz Charles Wesley em um de seus
hinos: “Tudo é misericórdia!” Sim, é absolutamente
uma questão da misericórdia de Deus. Esqueça sobre
seu passado, sua situação ou o que pode acontecer no
futuro. Você simplesmente precisa confiar na
soberana misericórdia do Senhor. Se você tem um
coração para Ele e para Seu povo, Ele realizará todas
as coisas. Ele lhe dará o pleno desfrute da
primogenitura de Cristo.
Esses versículos da genealogia de Cristo são
muito difíceis. Não são leite ou carne, são ossos. Se
usarmos uma ou duas horas orando sobre esses
versículos e acerca dos pontos incluídos nesta
mensagem, veremos algo mais. Veremos que
precisamos ser uma pessoa com um verdadeiro
coração de busca, um coração que busca Deus e o
povo de Deus. Então seremos o Boaz, a Rute, o
Obede, o Jessé, e o Davi de hoje, e finalmente o
Salomão de hoje, edificando a casa de Deus.
MENSAGEM 4

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI


(4)
Chegamos agora à última parte da genealogia de
Cristo de acordo com Mateus. Na mensagem anterior
disse que essa parte da Palavra não é leite ou
alimento sólido, mas ossos. Todos os pontos nesta
mensagem nos ajudarão a penetrar o osso e ver o .
que está dentro dele.

R. Davi, o Rei, Gera Salomão


Mateus 1:6 diz que o rei Davi, gerou a Salomão.
Compare essa afirmação ao registro que diz: “Natã,
filho de Davi” (Lc 3:31). Natã também era filho de
Davi. A genealogia em Mateus diz que o filho de Davi
era Salomão e a genealogia em Lucas diz que o filho
de Davi era Natã. Se lermos 1 Crônicas 3:1 e 5,
veremos que se trata de duas pessoas. Lucas registra
a genealogia do filho de Davi, Natã, que foi um
antepassado de Maria, enquanto Mateus registra a
genealogia do filho de Davi, Salomão, que foi um
antepassado de José. Uma genealogia é a linhagem
de Maria, a linhagem da esposa; a outra genealogia é
a linhagem de José, a linhagem do marido. Ambos,
Maria e José, eram descendentes de Davi, mas eram
de duas famílias descendentes do mesmo avô. Uma
família é a de Salomão; a outra é a de Natã. Pela
soberania de Deus, Maria e José, descendentes
dessas duas famílias, ficaram noivos e geraram Cristo.
Cristo pode ser considerado como descendente de
Davi tanto por meio de Salomão como por Natã. Essa
é a razão de Ele ter duas genealogias.
O parentesco de Salomão com Cristo não era
direto.
Rigorosamente falando, Salomão não era um
antepassado direto de Cristo. Seu parentesco com
Cristo era indireto, por meio do casamento de José
(seu descendente) com Maria, de quem Cristo nasceu
(Mt 1:16).
O Antigo Testamento não diz que Cristo seria
descendente de Salomão, mas profetizou
repetidamente que Cristo seria o descendente de
Davi (2 Sm 7:13-14, 16; Jr23:5). Embora Cristo não
fosse um descendente direto de Salomão, as profecias
do Antigo Testamento com respeito a Cristo foram
cumpridas.

S. Roboão
Prossigamos com Roboão, o filho de Salomão (v.
7). Com Roboão, o reino de Davi foi dividido (1 Rs
11:9-12; 12:1-17). Das doze tribos, uma foi preservada
por causa de Davi (1 Rs 11:13), isto é, por Cristo.
Cristo precisava do reino que pertencia à casa de
Davi porque tinha de nascer corno o herdeiro do
trono de Davi. Se todo o reino ti vesse sido eliminado,
nada teria permanecido para permitir Cristo nascer
como herdeiro real de Davi. Assim, Deus preservou
uma das tribos para Davi. Aparentemente ela foi
preservada para Davi; na verdade foi preservada para
Cristo.
Após essa di visão, o reino de Davi tinha duas
partes: a parte norte, chamada o reino de Israel, e a
parte sul, chamada o reino de Judá. A parte norte foi
denominada o reino de Israel, um nome universal,
porque era composto de dez tribos de Israel; a parte
sul era chamada o reino de Judá, um nome local,
porque era composto das duas tribos: de Judá e de
Benjamim. Quanto a nós, qual título tem o melhor
significado-o reino de Israel ou o reino de Judá?
Certamente eu preferiria o reino de Israel, porque é
algo universal, algo para a maioria. Nunca escolheria
Judá, porque Judá é tão local, tão limitado.
Entretanto, embora o reino de Israel fosse mais
universal que o de Judá, na genealogia de Cristo não
está incluído nenhum nome dos reis de Israel. Eles
eram uni versais, mas foram excluídos da genealogia
de Cristo. Foram excluídos porque não estavam
ligados com Cristo.
Essa figura, como todos os outros itens no
Antigo Testamento, foi escrita para nosso
aprendizado, e é um tipo dos acontecimentos na era
do Novo Testamento. Vemos a mesma coisa hoje. No
princípio, no início, a igreja era uma. Mas após certo
tempo, a igreja foi dividida, não em duas partes, mas
tal vez em mais do que duas mil partes. Alguns
podem dizer “os do reino de Israel não eram ainda o
povo de Deus?” Certamente eram. Eram o povo de
Deus, mas estavam fora da linhagem de Cristo. Que
isso significa? Estar fora da linhagem de Cristo
significa que, embora vocês sejam o povo de Deus,
vocês não são por Cristo. Vocês são por algo além de
Cristo. Considerem a situação hoje. Todos somos
verdadeiros cristãos e todos somos povo de Deus.
Mas somos exclusivamente, inteiramente,
completamente e essencialmente para Cristo ou
somos por algo além? Se você é por algo mais além
de Cristo, então está fora da linhagem de Cristo. Por
essa causa, nenhum dos reis do reino do norte, o
reino maior e mais universal, está incluído na
genealogia de Cristo.
T. Jorão Gerou a Uzias
O versículo 8 diz que Jorão gerou a U zias.
Compare esse registro com 1 Crônicas 3:11 e 12, que
diz, “de quem foi filho Jorão, de quem foi filho
Acazias, de quem foi filho Joás; de quem foi filho
Amazias, de quem foi filho Azarias” (que é Ozias ou
Uzias (2Rs 15:1, 13). Mateus omitiu três gerações que
são encontradas em 1 Crônicas Acazias, Joás e
Amazias.
Isso deve ter sido devido ao casamento maligno
de Jorão com a filha de Acabe e Jezabel, que
corrompeu seus descendentes (2Cr 21:5-6; 22:1-4).
Acabe era o rei do reino do norte e sua esposa Jezabel
era uma mulher iníqua que estava totalmente ligada
aos ídolos. Porque era uma com o diabo, ela
corrompeu o marido. Eles geraram uma filha, e Jorão,
um dos reis de Judá, casou-se com ela. Essa mulher
ensinou Jorão a adorar ídolos, a ser um com os ídolos.
Assim a família dele se corrompeu. De acordo com
Êxodo 20:5, as três gerações dos descendentes de
Jorão foram cortadas da genealogia de Cristo. Êxodo
20:5 diz que qualquer um que abandone a Deus e
adore ídolos corrompe a si mesmo e sofrerá a
maldição de Deus por três ou quatro gerações. Assim,
três gerações do rei Jorão foram cortadas da
genealogia de Cristo. Aqui devemos aprender uma
lição. Para sermos unidos a Cristo, nunca podemos
estar envolvidos com algo relacionado a ídolos. Deus
é um Deus ciumento e nunca tolerará idolatria.

U. Josias Gerou a Jeconias


O versículo 11 diz: “Josias gerou a Jeconias”.
Compare esse registro com “os filhos de Josias (...) o
segundo, Jeoaquim (...) Os filhos de Jeoaquim:
Jeconias” (1 Cr3:15-16). Uma geração Jeoaquim-foi
omitida da genealogia de Cristo. Isso deve ter sido
porque ele foi constituído rei por Faraó do Egito e
coletava impostos para Faraó (2 Rs 23:34-35).
Porque estava tão intimamente relacionado ao Egito,
ele foi excluído da genealogia de Cristo. O Egito
representa o mundo. Desses dois registros vemos que
qualquer pessoa que esteja relacionada c. om os
ídolos ou associada com o mundo será excluída da
genealogia de Cristo.

V. Os Cativos para Babilônia


Os que foram levados para Babilônia como
cativos (vs. 11-12) estavam indiretamente
relacionados a Cristo por meio do casamento do
descendente deles, José com Maria. Mesmo esses
cativos estão incluídos nesse registro sagrado da
genealogia de Cristo porque eles tinham um
parentesco indireto por intermédio de Maria, a mãe
de Jesus.

W. Jeconias
Jeconias não foi considerado como um rei nessa
genealogia porque ele nasceu durante o cativeiro efoi
levado como um cativo (2 Cr 36:9-10, Joaquim é
Jeconias). Segundo a profecia de Jeremias 22:28-30,
nenhum descendente de Jeconias herdaria o trono de
Davi. Todos os seus descendentes foram excluídos do
seu trono. Se Cristo tivesse sido um descendente
direto de Jeconias, Ele não estaria habilitado para o
trono de Davi. Embora Jeremias 22:28-30 diga que
todos os descendentes de Jeconias estão excluídos do
trono de Davi, o capítulo seguinte, versículo 5, diz
que Deus levantará a Davi um renovo, um rei que
reinará e prosperará. Esse Renovo é Cristo. Essa
profecia confirma que Cris to será o descendente de
Davi, contudo não um descendente direto de
Jeconias, e herdará o trono de Davi.

X. Jeconias Gerou a Salatiel e Salatiel Gerou a


Zorobabel
O versículo 12 diz: “Jeconias gerou a Salatiel, e
Salatiel a Zorobabel”. Compare esse registro com o de
1 Crônicas 3:17-19: “Os filhos de Jeconias (... )
Sealtiel (...) e Pedaías (...) os filhos de Pedaías:
Zorobabel” mostrando que Zorobabel era o filho de
Pedaías, irmão de Salatiel. Zorobabel não era filho de
Salatiel, mas seu sobrinho, que se tornou herdeiro
dele. Tal vez esse fosse um caso de acordo com
Deuteronômio 25:5 e 6, que diz que se um homem
morre sem filho como herdeiro, seu irmão deve
casar-se com sua esposa a fim de gerar um filho para
ser seu herdeiro. Sem esse caso, não podemos
entender porque há tal regulamento em
Deuteronômio 25. Certamente aquela palavra em
Deuteronômio está relacionada à genealogia de
Cristo.

Y. Zorobabel
Esdras 5:1 e 2 diz que Zorobabel era um dos
líderes que retomaram do cativeiro na Babilônia para
Jerusalém. Isso significa que ele era um líder na
restauração do Senhor. Essa é uma grande coisa. Ele
era também um líder na reedificação do templo de
Deus (Zc4:7-1O).
Sem esse retomo do cativeiro, teria sido
impossível para Cristo nascer em Belém. O Antigo
Testamento definitivamente prediz que Cristo, como
o descendente de Davi, nasceria em Belém (Mt2:4-6;
Mq 5:2). Suponha que ninguém do povo de Israel
tivesse retomado a Judá, e chegasse a época para
Cristo nascer em Belém. Ninguém estaria lá. Agora
podemos entender porque Deus ordenou que os
cativos retomassem. A ordem de Deus para que os
cativos retomassem não era apenas para a
reedificação do templo, mas também a preparação
para Cristo nascer em Belém.
Exatamente o mesmo ocorre hoje. Alguns podem
perguntar: “Qual a diferença entre permanecer em
Babilônia e retomar a Jerusalém? Desde que
adoremos a Deus e andemos no espírito, não é a
mesma coisa?” Para você pode estar tudo bem, mas
não para Cristo. Cristo precisa de algumas pessoas
para trazê-Lo a Belém. Você pode adorar Deus e
andar no espírito em Babilônia, mas esteja certo de
que Cristo nunca poderia nascer na humanidade por
seu intermédio. Isso requer um lugar específico. Você
deve retomar de Babilônia para Judá. Quando o
tempo chegou para o Senhor Jesus nascer, alguns
israelitas, descendentes dos cativos que retomaram,
estavam esperando em Judá. Naquela época, José e
Maria não estavam em Babilônia; estavam em Judá.
Para Cristo vir à terra, algumas das pessoas
capturadas por Ele tinham de retomar. Para Sua
segunda vinda, Cristo também precisa que algumas
das pessoas capturadas por Ele retomem do cativeiro
para a vida adequada da igreja.

Z. Jacó Gerou a José


A genealogia aqui diz: “E Jacó gerou a José” (v.
16); mas Lucas 3:23 diz: “José, filho de Heli”. José
era filho de quem? O registro de Lucas diz: “Era,
como se cuidava”. U ma tradução literal seria
“segundo a lei”. Isso indica que José não era na
verdade o filho de Heli, mas foi considerado como
seu filho segundo alei. José era genro de Heli, pai de
Maria. Esse pode ter sido um caso de acordo com
Números 27:1-8 e 36:1-12, no qual um regulamento
foi dado por Deus que se alguns pais tivessem
somente filhas como herdeiras, a herança deles
deveria ir para as filhas; as filhas então deveriam se
casar com um homem da sua própria tribo a fim de
manter a herança dentro daquela tribo. Se não
tivéssemos Mateus capítulo 1 poderíamos estranhar
por que existe tal registro. Agora vemos que isso não
é simplesmente o registro de um regulamento
qualquer; é um assunto relacionado a Cristo, porque
a filha virgem que gerou Cristo era um caso
semelhante. Cremos que os pais de Maria não tinham
filhos e que ela herdou a herança dos pais dela e
casou-se com José, um homem da mesma tribo, a
tribo de Judá. Certamente o regulamento em
Números 27 e 36 está relacionado à genealogia de
Cristo. Toda a Bíblia direta ou indiretamente é um
registro de Cristo.

AA. José, o Marido de Maria, da qual Nasceu


Jesus
A essa altura, o registro dessa genealogia não diz
“José gerou a Jesus”, como mencionado em todos os
casos anteriores; mas diz: “José, marido de Maria, da
qual nasceu Jesus” (v. 16). Jesus nasceu de Maria,
não de José, uma vez que foi profetizado que Cristo
seria a semente de uma mulher e nasceria de uma
virgem (Gn 3:15; Is 7:14). Cristo não poderia ter
nascido de José, porque José era um homem e um
descendente de Jeconias, cujos descendentes não
poderiam herdar o trono de Davi (Jr 22:28-30). Se
Cristo tivesse nascido de José, Ele teria sido excluído
do trono de Davi. Entretanto, Maria era uma virgem
(Lc 1:27) e uma descendente de Davi (Lc 1:31-32), a
pessoa certa de quem Cristo deveria nascer. O
casamento de José com Maria conduziu-o a um
parentesco com Cristo e reuniu em uma as duas
linhagens da genealogia de Cristo para gerar Cristo.
Agora precisamos examinar o gráfico (pág. 58)
que mostra que a genealogia de Cristo começa com
Deus e prossegue até chegara Jesus. O primeiro
nome é Deus e o último nome é Jesus. Prossegue de
Deus a Adão, de Adão a Abraão, de Abraão a Isaque e
Jacó até Davi. Após Davi, é dividido em duas linhas:
a primeira segue de Natã até Maria e a segunda de
Salomão até José. Finalmente, sob a soberania de
Deus, essas duas linhas são unidas pelo casamento de
Maria com José para gerar Cristo. Se gastarmos
tempo considerando esse gráfico, perceberemos quão
maravilhosa é a soberania de Deus.
Todos os casamentos estão sob a soberania de
Deus, especialmente aqueles relacionados a Cristo.
De Deus a Davi a genealogia era uma linha, e de Davi
a Jesus eram duas linhas; entretanto essas duas
linhas foram unidas por intermédio do casamento de
José e Maria. O Jesus que foi gerado por Maria
cumpre as profecias: a profecia com respeito à
semente da mulher (Gn 3:15); a profecia de uma
virgem que gera um filho (Is 7:14); a profecia de
Abraão que tem um descendente que abençoaria
todas as nações (Gn 22:18); a profecia para Isaque e
Jacó, que era a mesma profecia feita a Abraão (Gn
26:4; 28:14); a profecia feita a Judá de que Judá seria
a tribo real (Gn 49:10); e a profecia feita a Davi (2 Sm
7:12-13). Embora o nascimento de Jesus tenha
cumprido muitas profecias do Antigo Testamento,
Ele não era o descendente de Jeconias.
Aparentemente, os descendentes de Jeconias ainda
estavam na linhagem real. Mas de acordo com a
soberania de Deus, Maria, a mãe de Jesus, casou-se
com José, um descendente de Jeconias, que parecia
estar na linha da família real. Aparentemente, Jesus
era o descendente de Jeconias; na verdade, Ele não
era. Ele era o descendente de Davi. Apenas Deus
pode planejar coisa semelhante. Louvado seja Ele!
Se considerar sua história, a história da sua
salvação, você verá que o princípio é o mesmo. Não
pense que o casamento de José e Maria foi um
acidente. Não foi acidente; antes foi planejado pela
mão soberana de Deus. Semelhantemente, sua
ligação com Cristo-sua salvação-não foi um acidente;
também foi planejada pela mão divina. Algumas
vezes agradeço ao Senhor e digo a Ele: “Estou tão
feliz que Tu não me puseste na terra no ano 20 a. C. ,
mas no século vinte. Tu me puseste nessa terra num
lugar onde os missionários vieram com a Bíblia. Um
dia nasci de uma mãe cristã. Mais tarde, foi-me dada
a oportunidade de ouvir o evangelho e fui salvo.
Aleluia!” Isso não foi acidente. Nem a sua ligação
com Cristo foi um acidente. Deus cuidadosamente
planejou tudo. Deus preparou tudo isso para pessoas
insignificantes como nós. Essa não é uma questão
sem importância. Quando entrarmos na eternidade,
ficaremos emocionados. Gritaremos: “Louvado seja o
Senhor!”

BB. Maria
Chegamos agora a Maria, a virgem (1:16). Por ser
uma virgem, ela era diferente das outras quatro
mulheres mencionadas nessa genealogia. Maria era
pura e singular. Ela concebeu do Espírito Santo, não
do homem, para gerar Cristo (Lc 1:34-35; Mt 1:18b,
20b). Esse relato das quatro mulheres recasadas e
uma virgem prova que todas as pessoas mencionadas
nessa genealogia nasceram do pecado, exceto Cristo,
que nasceu em santidade.

CC. Aquele que É Chamado o Cristo


Mateus usa a frase: “Que se chama o Cristo” (v.
16). Na genealogia de Lucas, o título Cristo não é
mencionado. Lucas menciona o nome Jesus porque
Lucas prova que o Senhor veio para ser um homem,
não para ser o Ungido, o Rei, o Messias. Mateus, ao
contrário, prova que Jesus é o Rei, o Messias
profetizado no Antigo Testamento. Por essa razão, ele
adicionou a palavra “que se chama o Cristo”.

DD. Abraão, Davi e Maria


Abraão, Davi e Maria são três nomes amáveis na
Bíblia, nomes doces aos ouvidos de Deus (vs. 2, 6, 16).
Abraão representa urna vida pela fé, Davi representa
urna vida sob o tratamento da cruz, e Maria
representa urna vida de absoluta rendição ao Senhor.
Por intermédio desses três tipos de vida Cristo foi
gerado na humanidade.
O princípio é o mesmo hoje. Considere a questão
de pregação do evangelho. O propósito de pregar o
evangelho é trazer Cristo para a humanidade. Isso
requer muita fé, uma vida sob o tratar da cruz e uma
vida de absoluta entrega ao Senhor. Se temos esses
tipos de vida, certamente traremos Cristo para a
humanidade.

EE. Até Davi e desde Davi


Davi é o último das gerações dos patriarcas e o
início das gerações dos reis (v. 17). Ele foi uma pessoa
usada por Deus como um marco tanto para concluir a
seção dos patriarcas como para iniciar a seção dos
reis.

FF. Até ao Desterro e desde o Desterro


Na época da degradação, não havia uma pessoa
como um marco para dividir as gerações como
fizeram Abraão e Davi. Então, o próprio desterro
tornou-se um marco, um marco de vergonha.
Naquele tempo, o marco não era uma pessoa, era o
desterro para Babilônia. A Bíblia é cautelosa ao
mostrar-nos que ninguém prevaleceu como um
marco para aquela geração. Isso foi urna vergonha.

GG. Três Grupos de Catorze Gerações


o versículo 17 menciona três grupos de catorze
gerações. O número catorze é composto de dez mais
quatro. Quatro significa as criaturas. Em Apocalipse
4:6 ternos os quatro seres vi ventes; e em Apocalipse
7:1 temos “os quatro cantos da terra” e “os quatro
ventos”. O número dez significa plenitude.
Freqüentemente falamos de um dízimo, que significa
a décima parte do todo (ver Gn 14:20). Portanto, em
Mateus 25:1 ternos as dez virgens. Olhe para suas
mãos e para seus pés: temos dez dedos nos pés e dez
nas mãos. Assim, o número dez denota plenitude e o
número catorze representa todas as criaturas.
Três vezes catorze gerações indica que o Deus
Triúno mescla-se completamente com as criaturas.
Isso é muito significativo. As Pessoas do Deus Triúno
são o Pai, o Filho, e o Espírito. Essa genealogia possui
três seções: a seção dos patriarcas, a seção dos reis, e
a seção dos cidadãos comuns, incluindo os exilados e
restaurados. Deus o Pai se enquadra na seção dos
patriarcas, Deus o Filho se enquadra na seção dos
reis, e Deus o Espírito na seção dos cidadãos comuns.
Isso é maravilhoso! Portanto, três vezes catorze
gerações representa o mesclar do Deus Triúno com
Suas criaturas. Esse registro da genealogia de Cristo
indica o amalgamar do Deus Triúno com essas
criaturas humanas.
O Deus Triúno viajou através de Abraão e Isaque,
Jacó e Judá, Boaz e Obede, Jessé e Davi, e então por
muitas outras gerações, até Maria e José. Finalmente,
Jesus veio. Quem é Jesus? Jesus é o Deus Triúno
movendo-se por todas as gerações e surgindo corno o
mesclar da divindade com a humanidade. Três vezes
catorze é quarenta e dois. Quarenta é o número de
provações, tentações e sofrimentos (Hb 3:9; Mt 4:2;
1Rs 19:8). Cristo é a quadragésima segunda geração.
Quarenta e dois representa descanso e satisfação
após as provações. Números 33:5-48 mostra-nos que
os filhos de Israel passaram por quarenta e duas
paradas antes de entrar em Canaã, Segundo o
registro do Antigo Testamento, os israelitas sofreram
por todo o caminho nesses quarenta e dois lugares.
Eles foram julgados, tentados e provados. Eles não
tinham descanso. Entretanto, após passarem por
esses quarenta e dois lugares, eles entraram no
descanso. Isso não apenas ocorreu no passado, mas
acontecerá novamente no futuro. Em Apocalipse 13,
vemos que haverá quarenta e dois meses, três anos e
meio. Esses quarenta e dois meses será a parte
conclusiva dos sete anos finais, a última semana
mencionada em Daniel 9:24-27. Há setenta semanas:
as primeiras sete semanas, depois sessenta e duas
semanas e por fim a última semana, cada semana
representando sete anos. A segunda metade desses
últimos sete anos, um período de quarenta e dois
meses, será a grande tribulação, e
erá terrível. Haverá muitos julgamentos, provas,
tentações e sofrimentos. Mas quando esses quaren ta
e dois meses forem completados, o reino virá e
haverá descanso. De Abraão até Maria foi uma época
de sofrimentos, provas e tentações. Após todas as
gerações de julgamentos, tentações e sofrimentos,
Cristo veio como a quadragésima segunda geração
para ser nosso descanso e satisfação. Com Ele temos
completo descanso e satisfação total.
Se lermos a história em Crônicas, descobriremos
que de Abraão a Cristo foram, na verdade, quarenta e
cinco gerações. Por que então Mateus tem apenas
quarenta e duas? Deduzindo das quarenta e cinco
gerações as três gerações amaldiçoadas e a geração
inadequada, e representando Davi como duas
gerações (uma dos patriarcas e uma dos rei s), as
gerações perfazem quarenta e duas, que são divididas
em três períodos de catorze gerações cada um.
Lembre-se: esse não é apenas um estudo-vida.
mas também um estudo da Bíblia. Portanto,
precisamos de algum conhecimento. Precisamos ver
que o registro de Mateus não é um registro segundo a
história, mas segundo a doutrina. O registro de João,
ao contrário, é de acordo com a história, porque João
escreveu seu Evangelho conforme os eventos
históricos. De acordo com a história, foram quarenta
e cinco gerações, mas de acordo com o objetivo
doutrinário de Mateus, foram quarenta e duas
gerações. Mateus deve ter tido uma finalidade
doutrinária ao dizer que de Abraão a Davi foram
catorze gerações, de Davi ao desterro foram outras
catorze gerações e do desterro a Cristo foram ainda
catorze gerações. Não foi incorreto Mateus dizer isso.
Três gerações foram omitidas porque não estavam
qualificadas, e uma quarta geração foi desqualificada
e excluída. Mas houve uma pessoa maravilhosa, Davi,
o rei, que estava duplamente qualificado. Ele tornou-
se duas gerações, encerrando uma seção e abrindo
outra. Ele introduziu a realeza, pois, por intermédio
dele o reino foi estabelecido. Portanto, por ter sido
Davi contado como duas gerações, essa genealogia de
Cristo pode consistir de quarenta e duas gerações em
três seções, cada qual com catorze gerações.

HH. “Até Cristo”


Consideremos as palavras “até Cristo” (v. 17). O
registro de Lucas começa com Jesus e retoma a Deus,
um total de setenta e sete gerações. O registro de
Mateus prossegue de Abraão a Cristo. Lucas retoma e
sobe até Deus; Mateus vai adiante e desce a Cristo.
Todas as gerações foram direcionadas a Cristo e
geraram Cristo. Sem Cristo há somente quarenta e
uma gerações; não há meta, nenhuma realização,
nenhuma conclusão. Quarenta e um não é um bom
número; devemos ter o número quarenta e dois.
Cristo é o alvo, a consumação, a conclusão, a
completação e a perfeição de todas as gerações,
cumprindo suas profecias, resolvendo seus
problemas e satisfazendo suas necessidades. Cristo
veio para cumprir todas as profecias, as profecias de
Abraão, Isaque, Jacó, Judá e Davi. Sem a vinda de
Cristo, todas essas profecias teriam sido em vão.
Quando Cristo vem, luz, vida, salvação, satisfação,
cura, liberdade, descanso, conforto, paz e alegria vêm
todos com Ele.
Desse ponto em diante, o Novo Testamento
inteiro é uma completa exposição desse Cristo
maravilhoso. Os vinte e sete livros do Novo
Testamento-os Evangelhos, Atos, as Epístolas e
Apocalipse-contam-nos como Cristo cumpre todas as
profecias, soluciona todos nossos problemas e
satisfaz todas nossas necessidades e como Ele é tudo
para nós. Aleluia, Cristo veio!
MENSAGEM 5

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI


(5)

II. SEU NASCIMENTO


Nesta mensagem chegamos ao nascimento de
Cristo. Porque o nascimento de Cristo é muito
misterioso, é difícil falar sobre ele. Primeiro
precisamos considerar algumas questões
relacionadas à preparação para o nascimento de
Cristo.

A. Pela Soberania de Deus


O nascimento de Cristo foi preparado e levado a
cabo pela soberania de Deus (1:18; Lc 1:26-27). Em
Sua soberania, Deus uniu José e Maria em casamento
para gerar Cristo para ser o herdeiro legal do trono
de Davi. Casamento é um mistério. Não é fácil unir
duas pessoas, especialmente quando diz respeito ao
nascimento de Cristo. Não foi fácil unir José e Maria.
Olhe para a história. De acordo com a genealogia de
Cristo em Mateus, José era um descendente de
Zorobabel, um cativo que retomou. Zorobabel, um
líder da tribo de Judá e um descendente da família
real, levou os cativos de Babilônia para Jerusalém
(Ed 2:2). Finalmente, ele também tomou a liderança
em reedificar o templo (Ed 3:8; 5:2). José era
descendente dele. Se não houvesse nenhum retomo
dos cativos, onde José teria nascido? Ele teria
nascido em Babilônia. O mesmo teria ocorrido com
Maria, também descendente dos cativos que
retomaram. Se os antepassados de José e Maria ti
vessem permanecido em Babilônia e se ambos, Maria
e José, tivessem nascido lá, como Jesus poderia
soberanamente ter nascido em Belém?
Pela Sua soberania, Deus colocou ambos, José e
Maria, na mesma cidade, Nazaré (Lc 1:26; 2:4). Se
tivessem vivido longe um do outro, teria sido difícil
eles se unirem em casamento. José e Maria não
apenas eram descendentes dos cativos que
retomaram, como também viviam na mesma vila.
Isso os permitiu encontrar-se para casar.
funda mais, quando examinamos as genealogias
em Mateus e Lucas, descobrimos que José era um
descendente da família real, da linhagem de Salomão
(vs. 6-7), e Maria era uma descendente da linhagem
comum, a linhagem de Natã (Lc 3:31). Embora José e
Maria tenham se casado, Jesus nasceu de Maria, não
de José. Aparentemente, Ele nasceu de José; na
verdade, Ele nasceu de Maria (1:16). Isso foi
absolutamente uma questão da soberania de Deus.
Como vimos na mensagem anterior, a maldição
registrada em Jeremias desqualificou qualquer
descendente de Jeconias de herdar o trono de Davi
(Jr 22:28-30). Se, de fato, Jesus tivesse nascido de
José, Ele teria sido desqualificado para o trono de
Davi. Porque José ainda era da linhagem real, ele era
um descendente real aos olhos do homem. Pelo
casamento de Maria, mãe de Jesus, com José, Jesus
era aparentemente participante dessa linhagem real.
Novamente, vemos a soberania de Deus. Deus
encontrou uma jovem, também descendente de Davi,
para gerar Cristo. Jesus nasceu dela e era, de fato, a
semente de Davi qualificado a herdar o trono de Davi.
Por esse arranjo soberano, Jesus era tanto uma
pessoa comum como o herdeiro do trono real. Por
essa razão Ele tem duas genealogias, uma em Lucas,
mostrando-nos Sua posição comum, e outra em
Mateus, revelando-nos Sua posição real. Sua posição
comum veio de Maria e Sua posição real veio de José.
Assim Jesus nasceu pela soberania de Deus.
“Nenhum de nós nasceu debaixo de tal soberania de
Deus. Apenas Jesus estava qualificado a desfrutar tão
grande arranjo soberano.

B. Pela Submissão de Maria


De acordo com Lucas 1:26-38, o nascimento de
Cristo foi cumprido pela submissão de Maria. Aqui
eu diria uma palavra aos jovens. Não é fácil para uma
jovem virgem como Maria aceitar a comissão para
conceber um filho. Se fosse ela, eu diria: “Senhor, se
Tu me pedisses para fazer qualquer outra coisa, eu
faria. Mas conceber um filho! Isso não é
humanamente possível, não é moral nem ético. Não
posso aceitar!” Para nós essa passagem é fácil.
Entretanto, suponha que uma jovem irmã entre nós
receba tal comissão essa noite. Ela poderia aceitar?
Essa não é uma questão insignificante. Maria poderia
ter dito: “Gabriel, você não sabe que já estou
desposada com um homem? Como posso conceber
um filho?” Quem entre nós aceitaria tal comissão? Se
um anjo lhe falasse tal palavra, você poderia aceitar?
Após ouvir a palavra do anjo, Maria disse: “Eis
aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a
tua palavra” (Lc 1:38). Pode parecer simples, mas o
preço era extremamente alto. Para gerar Cristo,
Maria pagou um preço muito alto-o sacrifício de todo
o seu ser. Não é fácil gerar Cristo; não é barato. Para
gerar Cristo, devemos pagar um alto preço. Maria
pagou.
José reagiu imediatamente, planejando deixá-la
secretamente (v. 19). Assim, Maria estava em apuros.
Asseguro-lhe, sempre que aceitar a comissão de gerar
Cristo, você se encontrará em apuros. Todos os anjos
o compreenderão, mas nenhum ser humano o
entenderá. Não espere que alguém seja como o anjo
Gabriel. Todos irão compreendê-lo mal. De fato, até a
pessoa mais próxima de você poderá interpretá-lo
mal. Contudo, em grande parte, o nascimento de
Cristo foi realizado por meio da submissão de Maria.

C. Do Poder do Espírito Santo


Todavia, a concepção de Jesus não estava
diretamente relacionada à submissão de Maria.
Estava diretamente relacionada ao Espírito Santo (vs.
18, 20; Lc 1:35). Sem o Espírito Santo, a submissão
de Maria nada significaria. Não importa quanto
possamos nos submeter, sem o poder do Espírito
Santo nossa submissão nada significa. Não considere
sua submissão algo tão elevado. Nossa submissão
pouco significa; ela simplesmente proporciona a
oportunidade ao poder do Espírito Santo para vir e
realizar algo dentro de nós.

D. Com a Obediência e Coordenação de José


Embora houvesse a soberania de Deus, a
submissão de Maria e o poder do Espírito Santo,
ainda era necessário a obediência e coordenação de
José (vs. 19-21, 24-25). Que teria acontecido se José
tivesse insistido no divórcio? Ele estava planejando
isso. Entretanto, ele foi a pessoa escolhida por Deus
para o nascimento de Cristo. Assim, ele não foi tão
impetuoso e apressado; antes, foi ponderado e
cuidadoso. Porque naquela época José era um jovem,
tomo essa oportunidade para dizer uma palavra aos
jovens: Não tome decisões muito rápidas nem aja tão
depressa. Seja um pouco demorado e dê ao Senhor
uma oportunidade de vir. Ao menos, entregue a
questão ao Senhor por mais uma noite. Durante essa
noite, o anjo pode vir e falar com você. Isso aconteceu
com José. Enquanto pensava nessas coisas, o anjo do
Senhor apareceu-lhe em sonho (v. 20). José
obedeceu à palavra do anjo.
Suponha que estivesse comprometido com uma
jovem e descobrisse que ela estava grávida. Você
ainda a receberia? Aceitar uma mulher assim, sem
dúvida, seria uma vergonha. Portanto, não apenas
Maria pagou um preço, mas José também. Gerar
Cristo custou-lhe muito, causou-lhe vergonha.
Os pontos que tratamos até agora nesta
mensagem são simplesmente algumas questões
pequenas. Chegamos agora aos pontos principais.

E. Cumprindo as Profecias
O nascimento de Cristo foi um importante
cumprimento das profecias no Antigo Testamento. A
primeira profecia do Antigo Testamento está em
Gênesis 3:15. Não há profecias nos capítulos 1 e 2 de
Gênesis, mas no capítulo 3, após a queda do homem,
após a serpente introduzir-se no homem por
intermédio da mulher, Deus deu-lhe uma promessa.
Ao dar essa promessa, Deus parecia dizer: “Serpente,
você entrou por intermédio da mulher. Agora eu
tratarei com você pelo descendente dessa mulher”.
Assim, a promessa a respeito do descendente da
mulher foi a primeira profecia na Bíblia.
Em 1:22 e 23 essa promessa é cumprida por uma
virgem que concebeu uma criança. Essa criança veio
a ser a semente da mulher. Em Gálatas 4:4 Paulo diz
que Cristo nasceu sob a lei e também nasceu da
mulher. Cristo veio não apenas para cumprir a lei,
mas também para cumprir a promessa que a semente
da mulher esmagaria a cabeça da serpente.
De Gênesis prosseguimos a Isaías 7:14 onde há
outra profecia com respeito a Cristo. “Eis que a
virgem conceberá, e dará à luz um filho”. O
cumprimento dessa promessa trouxe Deus para
dentro do homem. Aleluia! Deus tornou-se homem!

F. Deus Tornou-se Carne


Entretanto, é difícil encontrar um versículo que
diz que Deus tomou-se homem. O que a Bíblia diz é
isso: “O Verbo (a Palavra) era Deus (...) e O Verbo
tornou-se carne” (101:1, 14). A palavra homem é boa,
mas carne não. Se eu lhe disser que você é um
homem, você ficará feliz. Mas se disser que é carne,
você não ficará satisfeito, porque a palavra carne não
é um termo positivo. Em 1 Timóteo 3:16 Paulo diz:
“Grande é o mistério (...) Aquele que foi manifestado
na carne”. Embora carne não seja uma boa palavra, a
Bíblia diz que Deus foi manifestado na carne.
Não é fácil entender o que a Bíblia quer dizer por
carne. Na Bíblia, a carne tem pelo menos três
significados. Primeiro, num bom sentido, significa a
carne do nosso corpo (Jo 6:55). Nosso corpo tem
carne e osso, sangue e pele. Isso é físico. Segundo, a
carne significa nosso corpo caído. Deus não criou a
carne caída; Ele criou um corpo. Quando o homem
caiu, o veneno de Satanás foi injetado no corpo dele e
o corpo foi corrompido e tomou-se carne. Por isso,
Romanos 7:18 diz: “Porque eu sei que em mim, isto é,
na minha carne, não habita bem nenhum”. Isso
indica que o corpo caído, o corpo do pecado (Rm 6:6),
é chamado carne. Todas as concupiscências humanas
vêm dessa carne. Por essa razão, o Novo Testamento
tem a expressão “os desejos da nossa carne” (Ef 2:3-
VRC). Terceiro, a carne, especialmente no Novo
Testamento, denota o homem caído. Romanos 3:20
diz: “Por isso nenhuma carne será justificada diante
dele por obras da lei.” Nesse versículo carne é o
homem caído.
Todavia, João 1:14diz: “O Verbo[que era Deus]
tornou-se carne”. Como vimos, carne significa o
homem caído. Como, então, interpretaremos João
1:14? O Verbo era Deus, e o Verbo tornou-se carne.
Grande é o mistério de Deus ter-se manifestado na
carne. A Bíblia diz que Deus se tomou carne e que
carne não é o homem criado, mas o homem caído.
Podemos dizer que Deus se torno um homem caído?
Certamente essa é uma questão difícil.
Entretanto, há dois versículos que podem
ajudar-nos. O primeiro é Romanos 8:3, que diz que
Deus enviou “o seu próprio Filho em semelhança de
carne pecaminosa”. Esse versículo não diz “a carne
pecaminosa”, diz “em semelhança de carne
pecaminosa”. O outro versículo é João 3:14: “E do
modo por que Moisés levantou a serpente no deserto,
assim importa que o Filho do homem seja levantado”.
A serpente levantada em uma estaca no deserto não
era de fato uma serpente com veneno; era uma
serpente de bronze feita em semelhança da serpente
verdadeira (Nm 21:9). João 3:14 é a palavra do
Senhor Jesus a Nicodemos. O Senhor disse-lhe que
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim
importava que Ele mesmo fosse levantado na cruz.
Quando Jesus estava na cruz, aos olhos de Deus, Ele
tinha a forma, a semelhança, de uma serpente. Mas,
assim como foi o caso com a serpente de bronze no
deserto, não havia veneno Nele, porque Ele não
nasceu de um homem caído. Ele nasceu de uma
virgem.
Agora devemos diferir claramente dois pontos.
Cristo foi concebido do Espírito Santo e Ele nasceu
de uma virgem. Sua fonte era o Espírito Santo e Seu
elemento era divino. Por meio da virgem Maria como
instrumento, Ele vestiu carne e sangue, a natureza
humana, assumindo a “semelhança da carne”, a
“semelhança de homens” (Fp 2:7). Entretanto, Ele
não tinha a natureza pecaminosa da carne caída. Ele
não conheceu pecado (2 Co 5:21) e Ele não tinha
pecado (Hb 4:15). Ele tinha carne, mas era a
“semelhança da carne do pecado”. Exteriormente Ele
foi feito segundo a forma de um homem caído, mas,
na verdade, não havia natureza caída dentro Dele.
Seu nascimento foi exatamente o mesmo em
princípio. Aparentemente Ele era o filho de José, na
verdade, Ele era o filho de Maria.
Por que o Senhor Jesus quando estava na cruz
foi visto por Deus na forma de uma serpente? Porque
desde o dia que o homem caiu (Gn 3:1), a serpente
tem estado no homem, e ela fez de cada homem uma
serpente. De acordo com Mateus 3:7 e 23:33, tanto
João Batista como o Senhor Jesus chamavam as
pessoas de “raça de víboras”, isto é, serpentes,
indicando que todas as pessoas caídas são
descendentes da serpente. Somos todos pequenas
serpentes. Não pense que você é tão bom. Antes de
ser salvo, você era uma serpente. Essa é a razão pela
qual o Senhor Jesus morreu na cruz para sofrer o
julgamento de Deus. Quando Jesus estava na cruz,
Ele não era apenas um homem, mas estava também
na forma de uma serpente. Aos olhos de Deus, por
causa de nós, pessoas serpentinas, Ele tomou a forma
de uma serpente e morreu na cruz. Tal vez você
nunca tenha ouvido que Jesus tomou a forma de uma
serpente, a semelhança da carne do pecado. Você
ouviu que Jesus é Deus e que Ele tomou a forma de
um homem, mas não que Ele também tomou a forma
de uma serpente. Quão maravilhoso Ele é!
Somos carne caída e Jesus entrou nessa carne
para introduzir Deus na humanidade. Nele, a Pessoa
divina de Deus foi mesclada com a humanidade. O
nascimento de Cristo não foi simplesmente para
produzir um Salvador, mas também para introduzir
Deus no homem. Embora a humanidade estivesse
caída, Deus não tomou qualquer parte dessa natureza
caída. Deus tomou apenas a semelhança da carne
pecaminosa, e por meio disso Ele mesclou-Se com a
humanidade. Não deveríamos pensar de Jesus da
maneira como muitos outros pensam. Devemos
perceber que Jesus é nada menos que o próprio Deus
mesclado com a humanidade caída, tomando a forma
da humanidade, mas sem a natureza pecaminosa do
homem. Esse foi o nascimento de Cristo.

G. Jeová Sendo Jesus


A Pessoa maravilhosa que nasceu dessa maneira
maravilhosa é Jeová. E Ele não é apenas Jeová-Ele é
Jeová com algo mais. O nome Jesus significa “Jeová,
o Salvador” ou “a salvação de Jeová” (Mt 1:21). Essa
Pessoa maravilhosa é a própria salvação que Jeová
apresenta às pessoas. Ele mesmo é a salvação.
Porque o próprio Jeová tornou-se a salvação, Ele é o
Salvador.
Não pense que quando chamamos Jesus estamos
apenas chamando o nome de um homem. Jesus não
é simplesmente um homem; Ele é Jeová nossa
salvação, Jeová nosso Salvador. Isso é simples,
contudo profundo. Quando invoca Jesus, todo
universo percebe que você está invocando Jeová
como seu Salvador, Jeová como sua salvação.
Os judeus crêem em Jeová, mas não em Jesus.
De certo modo, eles têm Jeová, mas não têm a
salvação ou o Salvador. Temos mais do que os judeus
têm, porque temos Jeová o Salvador, Jeová nossa
salvação. É por isso que temos tal sentimento
maravilhoso quando invocamos Jesus. Mesmo que
dissesse que odeia Jesus, ainda haveria um
sentimento dentro de você. Se você dissesse: “Eu
odeio Abraham Lincoln”, não haveria qualquer
sentimento. Se diz: “Eu odeio Jesus”, algum
sentimento há. Abraham Lincoln nada tem a ver com
você, mas Jesus tem. Muitos disseram: “Eu odeio
Jesus” e mais tarde foram capturados por Ele. Todo
aquele que invocar o nome de Jesus será salvo. Se
você tocar o nome de Jesus, você será tocado por Ele.
Quando pregamos o evangelho, é bom ajudar as
pessoas a invocar Jesus. Se eles invocarem Jesus,
algo acontecerá.
Jesus é um nome maravilhoso porque Jesus é
Jeová. Em Gênesis 1 não encontramos o nome Jeová.
Encontramos apenas o nome Deus: “No princípio
criou Deus”. Eloim-Deus-é o termo para o Deus da
criação. O nome Jeová, que não é usado até Gênesis 2,
é usado especialmente quando Deus se relaciona com
o homem. O nome Jesus é algo adicionado a Jeová,
isto é, Jeová nossa salvação, Jeová nosso Salvador.
Jesus é o verdadeiro Josué (Nm 13:16; Hb 4:8).
Josué é o equivalente hebraico de Jesus e Jesus é a
tradução grega para Josué. Moisés fez sair o povo de
Deus do Egito, mas Josué os introduziu no descanso.
Como nosso verdadeiro Josué, Jesus nos introduz no
descanso. Mateus 11:28 e 29 nos diz que Jesus é o
descanso e que Ele nos trouxe para Si mesmo como o
descanso. Hebreus 4:8, 9 e 11 também falam de Jesus
como nosso Josué verdadeiro. O Josué no texto do
Antigo Testamento torna-se Jesus no texto grego de
Hebreus. O Jesus mencionado em Hebreus 4 é nosso
Josué.
É difícil separar Jesus de Josué, porque Jesus é
Josué, e Josué é Jesus. Hoje, Jesus é nosso Josué
verdadeiro que nos conduz ao descanso, o descanso
da boa terra. Ele não é apenas nosso Salvador
salvando-nos do pecado, mas também nosso Josué
conduzindo-nos ao descanso, a boa terra. Sempre
que invocamos Seu nome, Ele nos salva do pecado e
nos conduz ao descanso, ao desfrute Dele mesmo. Há
um hino que fala acerca de clamar o nome de Jesus
mil vezes num dia. Quanto mais você diz: “Jesus”,
melhor. Devemos aprender a falar o nome de Jesus
todo o tempo. Jesus é nossa salvação. Jesus é
também nosso descanso. Todo que invocar o nome
do Senhor Jesus será salvo e entrará no descanso.

H. Deus Sendo Emanuel


Em 1:23 temos um outro nome maravilhoso-
Emanuel. Jesus foi o nome dado por Deus e Emanuel
era o nome chamado pelo homem. Emanuel significa
“Deus conosco”. Jesus o Salvador é Deus conosco.
Sem Ele não podemos encontrar Deus, porque Deus
é Ele, e Ele é Deus. Sem Ele não podemos encontrar
Deus, porque Ele é o próprio Deus encarnado para
habitar entre nós (Jo 1:14).
Jesus não é somente Deus; Ele é Deus conosco.
O “c0nosco” refere-se às pessoas salvas. Somos o
“conosco”. Dia após dia temos Emanuel. Em Mateus
18:20 Jesus disse que sempre que dois ou três
estiverem reunidos em Seu nome, Ele estará com eles.
Isso é Emanuel. Sempre que nós, cristãos, nos
reunimos, Ele está em nosso meio. Em Mateus 28:20,
o último versículo desse Evangelho, Jesus disse a
Seus discípulos: “E eis que estou convosco todos os
dias até a consumação do século”. Jesus como
Emanuel está aqui hoje. De acordo com Mateus,
Jesus veio, mas Ele nunca se foi. Ele foi sepultado no
túmulo por três dias, mas veio em ressurreição e
nunca partiu. Ele está conosco como Emanuel.
Quando invocamos Jesus, temos o sentimento
de que Deus está conosco. Invocamos Jesus, mas
temos Deus. Às vezes, nós cristãos somos muito tolos.
Invocamos Jesus e achamos Deus, contudo nos
perguntamos se Jesus é ou não Deus. Jesus é Deus!
Ele não é apenas Deus-Ele é Deus conosco. Quando
invocamos Jesus, temos Jeová, temos o Salvador,
temos a salvação e temos Deus conosco. Temos Deus
no próprio lugar onde estamos.

I. Jeová Deus Nasceu em Carne para Ser Rei


Esse Jesus, que é Jeová Deus, nasceu em carne
para ser Rei a fim de herdar o trono de Davi (1:20; Lc
1:27, 32-33). Mateus é um livro do reino com Cristo
como o Rei, o Messias. Quando você invoca Jesus,
você tem Jeová, o Salvador, a salvação, Deus, e
finalmente, o Rei. O Rei governa. Quando invocamos
Jesus, imediatamente temos Aquele que governa
sobre nós. Se você tem alguma figura ou foto
imprópria em sua parede e invocar Jesus, Ele será
seu Rei e dirá: “Livre-se disso!”
Jesus, o Rei, quer estabelecer Seu reino em você
e erigir o trono de Davi em seu coração. Quanto mais
invoca Jesus, mais o poder governante estará lá. Se
você não acredita em mim, convido-o a tentar.
Invoque o nome de Jesus por dez minutos e veja o
que acontece. O Rei governará sobre você e o
incomodará. N a primeira noite Ele pode dizer que
sua atitude para com os outros nunca foi muito boa,
especialmente para com seu marido ou sua esposa e
que você deve ser governado. Invoque Seu nome e
você será governado por Ele.
Jesus é uma Pessoa maravilhosa. Ele é Jeová,
Deus, o Salvador, e o Rei. O Rei nasceu e está aqui
hoje. Cada dia, manhã e noite, apreciamos Cristo
como nosso Salvador, como nosso Rei e como o Rei
dos reis.
Quando ninguém pode governar sobre você, esse
Rei dos reis será capaz de governar. Quando ninguém
mais pode controlar você-nem seus pais, seu marido,
sua esposa ou seus filhos-o Rei dos reis fará algo.
Simplesmente invoque o nome de Jesus. Se o fizer,
desfrutará Jeová, o Salvador, a salvação, a presença
de Deus, e também a realeza de Jesus. Jesus o Rei
nascerá em você, e Ele estabelecerá Seu reino em
você. Esse é o próprio Jesus Cristo encontrado em
Mateus.
O Cristo em Mateus é o Salvador-Rei e o Rei-
Salvador que estabelece o reino dos céus em nós e
sobre nós. Mateus 1 não apenas nos dá a origem
desse Rei, ele também nos dá a presença desse Rei. O
nome desse Rei é Jesus. Sempre que invocamos Seu
nome, temos o sentimento de que Ele está nos
salvando, governando-nos. Ele está estabelecendo o
reino dos céus em nós. Aleluia, esse é o nosso Cristo!
MENSAGEM 6

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI


(6)
Mateus 1 é um capítulo de nomes. Gastamos
considerável tempo com os nomes de Abraão, Isaque,
Jacó e até mesmo com os nomes de Tamar e Raabe.
Os últimos dois nomes, Jesus e Emanuel, entretanto,
são mais que maravilhosos. Embora a última parte de
Mateus 1 pareça ocupar-se com o nascimento de
Cristo, trata, na verdade, dos nomes de Jesus e
Emanuel. Nesta mensagem tenho encargo de dar a
vocês urna sugestão de corno habitar nesses nomes.

J. Jesus, o Nome Dado por Deus


Jesus foi o nome dado por Deus, enquanto
Emanuel foi o nome dado pelo homem. O anjo
Gabriel disse a Maria que a criança que ela
conceberia seria chamada Jesus (Lc 1:31). Mais tarde,
o anjo do Senhor apareceu a José e também lhe disse
para chamar a criança de Jesus (Mt 1:21, 25).
Portanto, Jesus foi um nome dado por Deus.

1. Três Elementos no Nome de Jesus

a. Jeová-”Eu Sou o que Sou”


o nome Jesus inclui o nome Jeová. Em hebraico,
o nome Deus significa o Poderoso, Deus, o Todo-
Poderoso; e o nome Jeová significa Eu sou-Eu sou o
que sou (Êx 3:14). O verbo “ser” em hebraico não
apenas se refere ao presente, mas também inclui
tanto o passado como o futuro. Assim, o significado
correto de Jeová é Eu sou o que sou, Aquele que é
agora no presente, que era no passado e que será no
futuro e na eternidade para sempre. Esse é o nome de
Jeová. Somente Deus é o Eterno. Da eternidade
passada à eternidade futura, Ele é o Eu sou. Portanto,
o Senhor Jesus podia dizer de Si mesmo: “Antes que
Abraão existisse, eu sou” (Jo 8:58). Ele também disse
aos judeus: “Porque se não crerdes que eu sou
morrereis nos vossos pecados” e “Quando
levantardes o Filho do homem, então sabereis que eu
sou” (Jo 8:24, 28). Devemos perceber que Jesus é o
grande Eu sou e devemos crer Nele como o grande
Eu sou.
Uma vez que o nome do Senhor é o Eu sou,
podemos dizer: “Senhor, Tu me disseste que Teu
nome é Eu sou. Então, que és Tu?” A resposta Dele
será: “Eu sou tudo o que você necessita”. O Senhor é
tudo o que necessitamos. Se precisamos de salvação,
Ele mesmo será salvação para nós. Temos um cheque
em branco assinado e podemos preenchê-lo com
tudo o que precisamos. Se precisamos de um real,
podemos colocar um real. Mas se precisamos de um
bilhão de reais, podemos colocar um bilhão de reais.
Se sentimos que precisamos de dez bilhões,
simplesmente preenchemos com esse valor. O cheque
cobre tudo o que necessitamos. O que você precisa,
Jesus é. Você precisa de luz, vida, poder, sabedoria,
santidade ou justiça? O próprio Jesus é luz, vida,
poder, sabedoria, santidade e justiça.
Tudo o que precisamos é encontrado no nome de
Jesus. Quão elevado e quão rico é esse nome
maravilhoso!

b. Salvador
o primeiro elemento incluído no nome de Jesus é
Jeová. O segundo é o Salvador. Jesus é Jeová-
Salvador, o que nos salva de todas as coisas
negativas: dos nossos pecados, do inferno, do
julgamento de Deus e da condenação eterna. Ele é o
Salvador. Ele nos salva de todas as coisas que Deus
condena e de tudo o que odiamos. Se odiamos nosso
temperamento, Ele nos salvará dele. Ele nos salva do
poder maligno de Satanás, de todos os nossos
pecados habituais no vi ver diário e de cada
escravidão e vício. Aleluia! Ele é o Salvador!

c. Salvação
Jesus não é apenas o Salvador, Ele mesmo é
também nossa salvação. Não peça a Ele para dar-lhe
salvação. Em vez disso, você deve dizer: “Senhor
Jesus, venha e seja minha salvação”. Jesus nunca lhe
dará salvação. Ele virá a você como salvação. Nós,
crentes, não percebemos o quanto precisamos ser
salvos. Cada dia, cada hora e até mesmo cada
momento temos algo do qual precisamos ser salvos.
N as mensagens de Gênesis 1 falamos sobre a
necessidade de crescermos em vida. Mas que
significa crescer em vida? Do lado positivo, crescer
em vida é entrar nas riquezas do que Cristo é. Do
lado negativo, é estar liberto de certas coisas ou
rejeitar certas coisas. Embora sejamos pequenos
homens, acumulamos muitas coisas negativas o
Provavelmente você não perceba quantas coisas
negativas tem acumulado. Aonde quer que vamos,
recolhemos coisas. Assimilamos muitas coisas
negativas e adquirimos uma quantidade de hábitos
dos quais precisamos ser salvos. Enquanto está lendo
isso, você pode não sentir que precisa ser salvo de
algumas coisas. Suponha, entretanto, que você fosse
subitamente arrebatado aos céus. Se fosse levado aos
céus agora, imediatamente você sentiria que precisa
muito de salvação. Crescer em vida é simplesmente
ser salvo de todas as coisas desnecessárias, de tudo o
que não é necessário para o nosso vi ver. Se você tem
a luz, a exposição da luz do quarto dia, dirá: “Senhor,
salva-me! “Nessas ocasiões percebemos que Jesus é
verdadeiramente Jeová como nosso Salvador e nossa
salvação.

2. O Nome de Jesus Está acima de Todo Nome


O nome de Jesus está acima de todo nome (Fp
2:9-10). Nenhum nome é tão elevado e tão exaltado
como o nome de Jesus. Se você odeia ou ama Jesus,
se é por Ele ou contra Ele, perceberá que o nome de
Jesus é um nome especial. A história nos mostra que
durante os últimos dois mil anos todos reconheceram
que Seu nome é o mais elevado, que é um nome
extraordinário. Meu encargo nesta mensagem é
enfatizar que o nome exaltado de Jesus é para que
façamos muitas coisas.

a. Para Crer Nele


Primeiramente, o nome de Jesus é para crermos
nele (Jo 1:12). Todos devemos crer no nome de Jesus.
Essa não é uma questão insignificante. Devemos não
apenas dizer que cremos no Senhor Jesus, mas
também declarar que cremos no nome de Jesus.
Quando pregamos o evangelho, devemos ajudar as
pessoas não apenas a orar, como também a fazer uma
declaração a todo o universo de que crêem no nome
de Jesus. Sempre que um pecador crê no Senhor
Jesus, deve declarar: “Hoje eu creio no nome de
Jesus”. Isso faz uma grande diferença.

b. Para Ser Batizado para Dentro Dele


O nome de Jesus é para sermos batizados para
dentro dele (At8:16; 19:5). Entre alguns cristãos há
uma controvérsia quanto ao nome no qual eles
batizam as pessoas. Alguns argumentam fortemente
que devemos batizar as pessoas apenas no nome de
Jesus. Outros insistem no nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Esses dois grupos argumentam,
discutem e lutam. Na verdade, não é uma questão de
no nome, mas de para dentro do nome. Batizamos as
pessoas para dentro do nome de Jesus. O nome
precisa da pessoa, e o nome é a pessoa. Sem a pessoa,
o nome nada significa. Ser batizado no nome de
Jesus significa ser batizado para dentro da Sua
Pessoa. Suponha que um certo jovem acabou de crer
no nome de Jesus. Que devemos fazer? Devemos
batizá-lo para dentro do nome de Jesus, isto é,
colocá-lo dentro de Jesus. Isso não é um ritual nem
uma cerimônia para aceitação de um membro
religioso. É um ato de fé em que tomamos alguém
que crê no nome de Jesus e o colocamos para dentro
desse nome, batizando para dentro da Pessoa de
Jesus. Romanos 6:3 diz que fomos batizados para
dentro de Cristo Jesus e Gálatas 3:27 diz: “Porque
todos quantos fostes batizados para dentro (lit. ) de
Cristo”. Essa é a realidade de ser batizado para
dentro do nome de Jesus.

c. Para Ser Salvo


O nome de Jesus é também para sermos salvos.
Atos 4:12 diz: “Porque abaixo do céu não existe
nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo
qual importa que sejamos salvos”. O nome de Jesus
foi dado a nós com o objetivo de sermos salvos. O
nome de Jesus é um nome que salva.

d. Para Ser Curado


Ao coxo que encontrou à porta do templo, Pedro
disse: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que
tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, anda!” (Atos 3:6). Imediatamente o
homem foi curado. Então Pedro disse ao povo: “Em
nome de Jesus Cristo, o Nazareno (...) em seu nome é
que este está curado perante vós” (4:10). Isso testifica
que o nome de Jesus é também um nome que cura.
Podemos invocar o nome de Jesus para a cura de
qualquer tipo de enfermidade.

e. Ser Lavado, Santificado e Justificado


O nome de Jesus foi dado a nós para que
possamos ser lavados, santificados e justificados (1
Co 6:11). Como pessoas corrompidas, fomos lavados,
santificados e justificados no nome de Jesus e pelo
Espírito de Deus. Li 1 Coríntios 6:11 por anos sem ver
um ponto crucial: no nome e pelo Espírito. O nome
está intimamente relacionado à Pessoa e ao Espírito.
Se o nome de Jesus fosse um nome vazio, como
poderia lavar-nos? Como poderia santificar-nos e
justificar-nos? Seria impossível, Porém, esse nome
está ligado ao Espírito. O Espírito é a Pessoa do nome
e a realidade do nome. Portanto, o nome pode lavar-
nos, santificar-nos e justificar-nos. O Espírito é um
com o nome. Jesus é o nome do Senhor e o Espírito é
a Pessoa do Senhor. Quando chamamos o nome de
uma pessoa real, aquela pessoa vem. O nome de
Jesus está ligado à Pessoa que nos lava, santifica e
justifica. Isso não é meramente doutrina ou teoria-é
realidade. Quando cremos no nome de Jesus e somos
colocados dentro do
Seu nome, somos colocados dentro de uma
Pessoa viva, isto é, no Espírito Santo. Esse Espírito
Santo lava-nos, santifica-nos e justifica-nos.

f. Para Invocar
O nome de Jesus é para invocarmos (Rm 10:13; 1
Co 1:2). Eu já era um cristão por pelo menos trinta e
cinco anos antes de descobrir o segredo de invocar o
nome de Jesus. Pensava que invocar o nome de Jesus
era o mesmo que orar. Finalmente, pelo registro da
Bíblia, descobri que orar é uma coisa e invocar é
outra. Cinqüenta anos atrás, eu fazia muitas orações,
a maior parte de joelhos. Não conhecia o segredo de
invocar o nome de Jesus nem sabia que invocar é
diferente de orar.
Muitos de nós têm experimentado orar, mas com
pouca inspiração. Entretanto, quando invocamos
Jesus por cinco minutos, somos inspirados. Tente!
Muitos de nós podem testificar que quando oram da
maneira antiga, algumas vezes oram para dormir.
Mas invocar o Senhor nunca nos faz dormir. Pelo
contrário, desperta-nos.
Atos 9:14 diz que Paulo, quando era Saulo de
Tarso, tentou destruir todos os santos. Ele pretendia
ir de Jerusalém para Damasco prender todos os que
invocavam o nome de Jesus. Esse versículo não diz
que ele estava interessado em prender todos os que
oravam a Jesus, mas todos os que invocavam Jesus.
Por esse único versículo podemos ver que os cristãos
primitivos eram os que invocavam Jesus. Sempre que
oravam, eles invocavam. Eles invocavam o nome de
Jesus e aquilo tomou-se uma marca de
reconhecimento.
A Bíblia não diz que todo aquele que ora será
salvo. Diz que todo o que invoca o nome do Senhor
será salvo (Rm 10:13). Suponha que eu seja um
pecador e que creio no Senhor Jesus.
Você ajuda-me a orar e eu digo: “Senhor Jesus,
sou um pecador. Tu és meu Salvador. Tu me amas.
Tu morreste na cruz por mim. Agradeço a Ti”.
Embora seja bom orar dessa maneira, orações como
essa dificultam a entrada do Espírito em nós.
Entretanto, se você me ajudasse a invocar: “Ó Senhor
Jesus” cada vez mais alto, isto faria uma grande
diferença. Quando prega o evangelho, não tente tanto
mudar o pensamento das pessoas. Antes, ajude-as a
abrir seu ser, seu coração e seu espírito, do mais
profundo interior, e a usar a boca para invocar o
nome de Jesus. Se você ajudar os novos crentes a
invocar o nome de Jesus dessa maneira, a porta se
abrirá completamente para o Espírito entrar. Não há
necessidade de orar com palavras vãs. Após invocar o
nome de Jesus dez vezes, você estará nos céus. Seus
pecados serão perdoados, seu encargo surgirá e você
terá vida eterna. Você terá todas as coisas.
Até mesmo para alguém que é crente há muitos
anos, a melhor maneira de tocar o Senhor Jesus,
desfrutá-Lo e compartilhar algo Dele, não é falar
muito, mas ir ao Senhor e clamar: “Jesus! Jesus!
Senhor Jesus!” Invoque o nome de Jesus e você
provará algo. “Uma vez que o mesmo é o Senhor de
todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm
10:12). Muitas vezes, nossas palavras são vãs demais.
É melhor apenas invocar “Jesus”. Se invocar Seu
nome, você O provará e O desfrutará. O nome de
Jesus é um nome maravilhoso. Todos precisamos
invocá-Lo.

g. Para Orar
Podemos também orar no nome de Jesus (Jo
14:13, 14; 15:16; 16:24). Isso não significa fazer uma
longa oração e concluir com as palavras “em nome de
Jesus”. Essa maneira é formal demais. Contudo, não
me oponho, porque tenho feito assim muitas vezes.
Preferivelmente, diria que em nossa oração é bom
invocar o nome de Jesus e dizer: Ó Jesus! Jesus!
Venho orar!” No nome de Jesus, você terá um
encargo verdadeiro de orar, e será muito fácil ter a
certeza de que sua oração foi ouvida e respondida. Se
invocarmos o nome de Jesus, temos a garantia de
que receberemos o que temos pedido.
Depois que o Senhor Jesus nos falou para
orarmos em Seu nome, prosseguiu dizendo que o
Espírito viria habitar em nós (Jo 14:13-17). Isso
indica que o Espírito que habita em nós tem muito a
ver com nossa oração no nome do Senhor Jesus. Para
orar no nome de Jesus, precisamos do Espírito.
Quando estamos no Espírito, estamos na realidade
do nome de Jesus no qual estamos orando.

h. Para Reunir-nos no Nome


o nome de Jesus é também para nos reunir nele
(Mt 18:20).
Sempre que nos reunimos, devemos fazê-lo no
nome de Jesus. Ainda que nos ajuntemos com a
finalidade de ler o Estudo-Vida, não nos reunimos no
Estudo-Vida, mas no nome de Jesus. Quando for a
uma reunião cristã, você deve perceber que está se
reunindo uma vez mais no nome. Fomos inseridos no
nome de Jesus, mas não estamos ainda muito
profundamente nele. Por essa razão, precisamos vir
muitas vezes para nos reunir no Seu nome. Todos
podemos testificar que após cada reunião temos tido
um profundo sentimento interior de que entramos
mais no Senhor. As reuniões cristãs nos levarão a
apreciar mais profundamente o nome de Jesus.

i. Para Expulsar Demônios


O nome de Jesus é bom também para expulsar
demônios (At 16:18). Para conhecer o poder do nome
de Jesus, use-o para expulsar demônios. Os
demônios conhecem o poder do nome Jesus melhor
do que nós. Os demônios são sutis. Das nossas
experiências na China, onde havia muitos casos de
possessão demoníaca, aprendemos que quando
expulsamos demônios devemos dizer-lhes que esse
Jesus não é o Jesus comum, mas que Ele é o Jesus
designado. Devemos dizer: “Demônio, venho no
próprio nome de Jesus, o Filho de Deus, que se
encarnou para ser um homem, que nasceu de uma
virgem em Belém, que cresceu em Nazaré, que
morreu na cruz pelos meus pecados e pelos pecados
dessa pessoa que está possuída; esse Jesus foi
ressuscitado dos mortos e ascendeu aos céus. Venho
no nome desse Jesus e ordeno-lhe que saia!”
Imediatamente, o demônio partirá. Entretanto, se
você disser: “Expulso-o em nome de Jesus”, o
demônio não te ouvirá. Os demônios conhecem o
poder do nome de Jesus. Ao expulsar um demônio,
não é necessário orar muito. Simplesmente diga:
“Venho no nome do Jesus designado e você deve
sair”. Quando Jesus chega, os demônios fogem.

J. Para Pregar
O nome de Jesus é para ser pregado (At 9:27).
Quando pregamos, devemos fazê-lo no nome de
Jesus. A pregação do nome do Senhor deve ser feita
no Espírito, porque o Espírito é a Pessoa do Senhor e
a realidade do Seu nome. Quando pregamos em Seu
nome, precisamos do Espírito para tomá-lo real.
Por meio de todas as coisas que podem ser feitas
no nome de Jesus, vemos que tudo o que fazemos e
tudo o que somos deve estar no nome de Jesus.
Jamais se esqueça do nome de Jesus. Seu nome é
doce, rico, poderoso; Seu nome salva, cura, conforta e
é acessível. Esse é o nome que é exaltado, honrado e
respeitado. E é o nome que o inimigo teme.

3. A Aversão de Satanás pelo Nome de Jesus

a. Ele Ataca Esse Nome


Satanás odeia o nome de Jesus. Em 1935 a igreja
em minha cidade natal foi reavivada, todos
recebemos o encargo de pregar o evangelho. Todas as
noites saíamos às ruas para pregar. Uma noite,
enquanto pregávamos numa esquina, um homem
com cerca de trinta anos foi muito atrevido em
escarnecer do nome de Jesus. Um irmão foi a ele de
uma maneira muito gentil e perguntou-lhe se
poderiam conversar um pouco. Ao concordar, o
irmão disse-lhe: “Você já teve um encontro com
Jesus?” Ele respondeu: “Não”. Então o irmão
indagou: “Você já ouviu falar de Jesus?” Novamente,
ele disse: “Não”. Após o que, o irmão perguntou:
“Jesus fez algum mal para você?” Ele disse: “Nunca”.
Então o irmão inquiriu: “Você nunca se encontrou
com Jesus e Ele nunca fez nada de mal para você. Por
que então O odeia?” Ele replicou: “Embora eu nunca
O tenha encontrado nem tenha sido prejudicado por
Ele, ainda assim eu O odeio”. O irmão perguntou:
“Por que você não odeia a mim?” O homem
respondeu: “Eu não odeio você; odeio Jesus”.
“Porquê?”, inquiriu o irmão. “Não sei”, disse o
homem. Então o irmão perguntou: “Sr. , posso
narrar-lhe um fato?” O homem consentiu e o irmão
disse-lhe: “Digo-lhe, você não odeia Jesus. É uma
outra pessoa que odeia Jesus. Por quê? Porque você
nunca se encontrou com Jesus. Não é você!” Quando
o homem perguntou ao irmão quem era que odiava
Jesus, este respondeu-lhe: “É o diabo que está dentro
de você que odeia Jesus”. Por tudo isso vemos que
Satanás utiliza as pessoas para atacar o nome de
Jesus (At 26:9).
Como crente, provavelmente você tem a seguinte
experiência. Quando está prestes a falar a alguém
sobre Platão ou Abraham Lincoln, você não se sente
envergonhado; mas sempre que fala às pessoas sobre
Jesus, um sentimento estranho toma conta de você.
Quando os chineses falam sobre Confúcio, sentem-se
honrados. Devemos também sentir-nos honrados
sempre que falamos de Jesus a alguém, mas muitas
vezes não temos tal sentimento. Em vez disso, temos
um sentimento estranho. Isso é diabólico! Neste uni
verso e nesta terra há um elemento diabólico que é
contra Jesus. Enquanto estiver falando sobre a
situação mundial, economia, ciência e tantas coisas,
você não terá problema, mas, uma vez que fale sobre
o nome de Jesus, sentirá algo estranho. Isso vem do
diabo. Porque Satanás e todos os seus demônios
odeiam o nome de Jesus, devemos proclamá-lo ainda
mais. Devemos ser ousados com esse nome e dizer:
“Satanás, Jesus é meu Senhor! Satanás, fique longe!”
Precisamos gritar o nome de Jesus.

b. Impedindo Falar Nesse Nome


Se ler o livro de Atos, verá que nos dias
primitivos os religiosos atacavam o nome de Jesus,
proibindo os crentes de pregar ou ensinar naquele
nome (At4:17-18; 5:40). Os fariseus advertiram
Pedro e João a não pregar no nome de Jesus, não
fazer ou dizer qualquer coisa em Seu nome. Era certo
pregar a Bíblia, mas não pregar no nome de Jesus.
Satanás odeia o nome de Jesus porque ele sabe que a
salvação de Deus está nesse nome. Quanto mais
pregamos no nome de Jesus e quanto mais oramos a
Jesus, mais pessoas serão salvas. É por essa razão
que Satanás odeia esse nome.

c. Sofrer por Esse Nome


Quando os apóstolos estavam sendo perseguidos,
eles se regozijavam porque eram dignos de sofrer
pelo nome de Jesus (At5:41). Isso não é maravilhoso?
Eles até mesmo arriscavam a vida por esse nome (At
15:26). Porque Satanás ataca o nome de Jesus com
todo o seu poder maligno, devemos aprender a sofrer
por esse nome.

d. Não Negar Esse Nome


Em Apocalipse 3:8 o Senhor Jesus louvou a
igreja em Filadélfia porque eles não negaram o Seu
nome. Jamais devemos negar o nome de Jesus.
Devemos negar todos os outros nomes, mas
conservar o nome de Jesus. Devemos testificar que
não pertencemos a qualquer pessoa ou facção, mas
que pertencemos simplesmente a Jesus. O nome de
Jesus é o único nome que possuímos.

K. Emanuel, o Nome Dado pelo Povo

1. Jesus como Emanuel Experimentado por


Nós
Agora chegamos ao segundo nome, Emanuel (Mt
1:23). Os anjos não falaram a José ou Maria desse
nome. Antes, Emanuel é o nome dado pelas pessoas
que têm tido certa experiência. Sempre que tem
alguma experiência de Jesus, você será capaz de dizer
que Ele é Deus. É Deus com você. Jesus é Deus
conosco, nada menos que isso. Esta é nossa
experiência. Deus nos falou que Seu nome é Jesus.
Mas quando O recebemos e O experimentamos,
podemos dizer que Jesus é Deus conosco. Isso é
maravilhoso.
Muitas vezes voltamos à nossa mente e
perguntamos: “Esse Jesus é o próprio Deus?”
Podemos estar certos de que Ele é o Filho de Deus,
contudo podemos não estar seguros de que Ele, de
fato, é o próprio Deus. Quando jovem, fui ensinado
por alguns mestres cristãos fundamentalistas a ser
cuidadoso em dizer diretamente que Jesus era Deus.
Fui ensinado que o Filho de Deus era diferente do
próprio Deus. Portanto, fui orientado a não dizer
diretamente que Jesus era Deus. Fui informado que
devo orar por intermédio de Jesus a Deus. Recebi um
ensinamento que se adaptava ao conceito humano.
Entretanto, após muito praticar, quanto mais orava,
mais percebia que esse Jesus era simplesmente Deus
comigo. Argumentar com base na teoria, é uma coisa;
experimentar o fato é outra. Com muita freqüência os
cristãos não vivem de acordo com suas experiências,
mas de acordo com seus conceitos.
Creio que todos os cristãos têm essa experiência.
No íntimo, segundo a sua experiência, você não tem o
sentimento que Jesus é Deus? Você tem, mas não
ousa dizer isso em doutrina. Entretanto, você não
deve considerar Jesus como alguém além de Deus.
Jesus é o próprio Deus. Ele não é apenas o Filho de
Deus, mas também o próprio Deus. Alguns bons
escritores têm dito que a fora Jesus não podemos
jamais encontrar Deus. Deus está com Jesus e Deus é
Jesus . No princípio era o Verbo [a Palavra], e o
Verbo não apenas estava com Deus, mas o Verbo era
Deus (Jo 1:1). Esse Verbo tornou-se carne e foi
chamado Jesus.
Quando experimentamos Jesus, Ele é Emanuel,
Deus conosco. Temos ouvido que Jesus é nosso
conforto, descanso, paz e vida. Jesus é muito para
nós. Se O experimentássemos, imediatamente
diríamos: “Este é Deus! Não Deus longe de mim ou
Deus nos céus, mas Deus comigo”. Sempre que
experimentamos Jesus de certa maneira, percebemos
que Jesus é Deus conosco. Jesus é nossa salvação.
Após experimentarmos essa salvação, dizemos: “Esse
é Deus conosco para ser nossa salvação”. Jesus é
nossa paciência. Mas quando O experimentamos
como nossa paciência, dizemos: ''Essa paciência é
Deus comigo”. Jesus é o caminho e a verdade, mas
quando O experimentamos como o caminho e a
verdade, dizemos: “Esse caminho e essa verdade são
exatamente Deus comigo.” Aleluia! Jesus é Deus
conosco! Em nossa experiência, Ele é Emanuel.

2. Conosco em Nossas Reuniões


Sempre que estamos reunidos em nome de Jesus,
Ele está conosco (Mt 18:20). Uma vez mais, Ele é
Emanuel; Deus conosco. A presença de Jesus em
nossas reuniões é, de fato, Deus conosco.

3. Conosco Todos os Dias


Jesus está conosco todos os dias, até a
consumação do século (28:20). “Todos os dias” inclui
hoje. Não se esqueça de hoje. Muitos cristãos pensam
que Jesus está presente todos os dias, exceto hoje.
Mas Jesus está conosco agora, hoje!

4. Conosco em Nosso Espírito


Jesus não apenas está entre nós; Ele está em
nosso espírito.
ASegundaEpístolaaTimóte04:22diz: “O Senhor
seja com o teu espírito.” Esse Jesus que está com o
nosso espírito é Emanuel, Deus conosco.

5. Sua Presença é o Espírito


Não podemos jamais separar o Espírito da
presença de Jesus. O Espírito é simplesmente a
realidade da presença de Jesus (Jo 14:16-20). Essa
presença é Emanuel, Deus conosco.

6. Receber o Espírito por Invocar o Nome de


Jesus
Quando invocamos O nome de Jesus, recebemos
o Espírito, que é a Pessoa, a realidade e a percepção
de Jesus. A Primeira Epístola aos Coríntios 12:3 diz:
“Ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo
Espírito Santo”. Sempre que dizemos “Senhor Jesus”
estamos no Espírito e recebemos o Espírito. Todos
temos sido influenciados pela tradição pensando que
devemos jejuar e orar antes que possamos receber o
Espírito. Entretanto, é simples receber o Espírito-
apenas invoque o nome de Jesus.

7. O Inimigo Tenta Tomar Posse da Terra de


Emanuel
De acordo com Isaías 8:7-8, o inimigo pode
tentar tomar posse da terra de Emanuel. Não pense
que essa palavra é apenas para os filhos de Israel.
Hoje nosso espírito é a terra de Emanuel. Assim, nós
mesmos somos a terra de Emanuel. O inimigo,
Satanás, com todo o seu exército fará tudo o que
puder para tomar essa terra de Emanuel, isto é,
tomar nosso espírito e nosso ser.

8. O Inimigo é Incapaz de Possuir-nos


Isaías 8:10 nos diz que porque Deus está conosco,
o inimigo nunca poderá tomar a terra de Emanuel.
Embora Satanás tentasse ao máximo possuí-lo, você
ainda está aqui. Tal vez na semana passada Satanás
tenha tentado vinte e uma vezes possuir você, mas
fracassou todas as vezes. Você ainda está aqui por
causa de Emanuel, por causa de Deus conosco. Esse
Emanuel é Jesus. Hoje podemos desfrutar Jesus e
experienciá-Lo de tal maneira verdadeira como nosso
Emanuel.
MENSAGEM 7

OS ANTECEDENTES E A POSIÇÃO DO REI (7)


Chegamos agora ao capítulo 2 de Mateus. Nas
mensagens anteriores tratamos da genealogia e do
nascimento de Cristo. Nesta mensagem
consideraremos a juventude de Cristo.

III. SUA JUVENTUDE

A. O Registro da Juventude de Cristo em


Mateus e Lucas
Se prestarmos atenção aos quatro Evangelhos,
veremos que em João e Marcos não há nenhum
registro da juventude de Cristo. João nos mostra que
Cristo é Deus. Para com Deus não há nem juventude
nem velhice. Deus é antigo, contudo imutável.
Portanto, para com Deus não há essa questão de
juventude. Em Marcos, Cristo é revelado como um
escravo. Ninguém se importa com a juventude de um
escravo. Em compensação, tanto Lucas como Mateus
registram a Sua juventude. De qualquer modo, corno
foi o caso das genealogias, há uma diferença entre
esses dois registros da juventude de Cristo.

1. O Registro de Lucas Comprova a


Humanidade de Cristo
O Evangelho de Lucas comprova que Cristo foi
um homem perfeito. Portanto, o registro de Lucas
testifica e demonstra a humanidade de Jesus (Lc
2:21-52). Os itens da juventude de Cristo registrados
por Lucas mostram que Jesus foi um homem
adequado, normal. Jesus foi circuncidado no oitavo
dia conforme alei dos judeus (2:21). Também,
segundo o costume dos judeus, Ele foi chamado
Jesus no oitavo dia, não no primeiro dia. Ele foi
oferecido a Deus com o sacrifício de um par de rolas
ou dois pombinhos (2:22-24). O fato de Maria e José
poderem dispor apenas de um pequeno sacrifício
mostra que eram pobres. Todavia, eles cumpriram as
exigências da lei. Além disso, Jesus foi levado a
Jerusalém todos os anos na época da festa da Páscoa
(2:41). Isso também estava de acordo com as
exigências da lei, que todo varão israelita
comparecesse às festas três vezes ao ano. Lucas
especificamente menciona que Jesus foi levado à
festa com doze anos (Lc 2:42). Lucas também
registra que Jesus cresceu fisicamente, que se tornou
forte em Seu espírito e que achou graça diante de
Deus e dos homens (Lc 2:40, 52). Todos esses itens
registrados por Lucas demonstram que Jesus era um
homem típico.

2. O Registro de Mateus Comprova a Realeza


de Cristo
O registro de Mateus demonstra que o jovem
Jesus era o Rei do povo de Deus (2:1-23). Lucas não
incluiu esse ponto, mas Mateus, ignorando todos os
pontos apresentados por Lucas, enfatiza-o. Com isso
vemos que a Bíblia tem urna intenção: em Lucas
comprovar que Jesus era um homem, em Mateus
mostrar que Jesus era um descendente da realeza.
Consideraremos agora o registro de Mateus para ver
corno Jesus era tal descendente real.
Não devemos tentar entender a Bíblia apenas
pelas letras pretas no papel branco. Devemos entrar e
achar algo de vida nela. Mateus 1 nos mostra que o
Antigo Testamento contém profecias com respeito a
Cristo e que o povo de Deus estava esperando pela
Sua vinda. Em Mateus 1 Jesus veio. Cristo foi
introduzido na humanidade, Ele foi manifestado na
terra. O capítulo 2 continua mostrando o caminho
para encontrar Cristo. Sua vinda foi profetizada, Ele
veio, e Ele está aqui. Entretanto, há o problema de
corno encontrá-Lo.

a. Achado em Belém por Homens Pagãos


Mateus 1 revela que Jesus, o Messias, veio. Se
tivesse sido um israelita naquele tempo, você teria
dito: “Você me diz que Jesus veio, mas corno posso
encontrá-Lo?” Agradeça ao Senhor que a questão de
encontrar Jesus não foi iniciada por nós, mas foi
iniciada por Deus.
Considere a situação da época. No tempo do
nascimento de Jesus havia urna religião chamada
judaísmo. Era urna religião fundamentalista, sólida,
escritural que foi formada, organizada e constituída
conforme os trinta e nove livros do Antigo
Testamento. Pelo registro de Mateus 2, vemos que o
judaísmo era bastante baseado na Bíblia. Entretanto,
dificilmente alguém naquela religião sabia que Cristo
havia vindo. Não encontramos nenhum registro no
Novo Testamento que mostre que alguma daquelas
pessoas religiosas foram encontrar Cristo. Pelo
contrário, há um registro de que alguns homens
pagãos, magos, foram encontrá-Lo (2:1-12). Isso, é
claro, foi iniciado por Deus, não por eles.

(1) GUIADOS PELA ESTRELA, A VISÃO


CELESTIAL
Deus deu aos magos uma estrela brilhante para
guiá-los (2:2). Essa estrela não apareceu na terra
santa. Apareceu a homens distantes-longe da terra
santa; longe da cidade santa; longe do templo santo e
da religião santa; longe da Bíblia santa, do povo
santo e dos sacerdotes santos. Longe de todas essas
coisas santas, a estrela que brilhava apareceu a
alguns pagãos em uma terra pagã. O brilhar daquela
estrela despertou esses sábios pagãos quanto ao Rei
dos judeus. Não sei como esses sábios foram
despertados em relação ao Rei dos judeus e não
quero supor nada. Já existem muitas fantasias com
respeito a esses sábios. De qualquer forma, eles
vieram do Leste, do Oriente, e compreenderam que a
estrela indicava o Rei dos judeus.
Os sábios tinham uma visão viva, a estrela
celestial, e os religiosos judeus tinham a Bíblia. Qual
você prefere ter: a Bíblia ou a estrela? O melhor é ter
ambos. Prefiro ter a Bíblia em minha mão e ver a
estrela nos céus. O melhor é ser ambos, tanto um
pagão como um judeu. Para a Bíblia, sou um judeu;
para a estrela, sou um sábio pagão.

(2) DISTRAÍDOS POR SEUS CONCEITOS


HUMANOS
Após os sábios experienciarem a visão da estrela
celestial, tiveram problemas. Esse problema veio do
conceito natural deles. Embora possamos ter a Bíblia
e a estrela, devemos reconhecer que os problemas
podem vir do nosso conceito natural. Os sábios
tiveram a visão e compreenderam que ela indicava o
Rei dos judeus, eles, então, presumiram que
deveriam ir a Jerusalém, a capital da nação judaica,
onde se deduzia que estava Ele (vs. 1-2). A decisão
deles de ir a Jerusalém não veio da luz da estrela.
Eles foram a Jerusalém porque foram distraídos do
caminho correto por seus conceitos naturais.
Jerusalém era o lugar errado; era a capital e a cidade
onde o templo estava localizado, mas não era o lugar
onde Jesus ia nascer. Por causa do seu engano, os
sábios causaram um problema sério e quase
provocaram a morte do menino Jesus. Se não fosse
pela soberania de Deus, por causa do erro deles, o
menino Jesus teria sido morto. O erro deles custou a
vida de muitas crianças (vs. 16-18). Cuidado: você
pode ter a Bíblia e a estrela, mas não siga seus
conceitos naturais.

(3) CORRIGIDOS PELAS ESCRITURAS


Muitas vezes você tem a visão, mas quando
considera a questão em sua mente, é distraído e
enganado pelos seus conceitos naturais. Seu conceito
humano o distrai do caminho certo. Sempre que é
distraído assim, você precisa da Bíblia. Após ter
chegado ao lugar errado, você precisa do livro certo.
Depois que os magos foram a Jerusalém, o lugar
errado, foram corrigidos pelas Escrituras. Delas eles
aprenderam que o lugar correto era Belém, não
Jerusalém (vs. 4-6). Se não tivessem sido enganados
por seus conceitos naturais, a estrela certamente os
teria levado diretamente a Belém, o lugar onde Jesus
estava. Mas eles foram distraídos e extraviados.
Assim, eles precisavam ser corrigidos pelo
conhecimento da Bíblia. Quando foram corrigidos
pelas Escrituras, os magos deixaram Jerusalém e
recuperaram o caminho certo, então, a estrela
apareceu novamente (v. 9). A visão viva sempre
caminha junto com as Escrituras.
Entretanto, nenhum dos religiosos em
Jerusalém foi a Belém com os magos. Isso é muito
estranho. Se fosse um daqueles sacerdotes, você não
teria ido com os sábios para ver se Jesus, de fato,
havia nascido em Belém? Se estivesse lá, eu
certamente teria ido averiguar por mim mesmo se o
Cristo havia ou não, de fato, nascido. Mas nenhum
deles foi. Eles tinham conhecimento e podiam falar
às pessoas que o Messias nasceria em Belém;
contudo, nenhum deles foi. Embora tivessem
interesse pelo conhecimento da Bíblia, não estavam
interessados pela Pessoa viva do Messias.
E quanto à situação de hoje? Muitos são
verdadeiramente escriturais, mas se importam
apenas com as Escrituras, não com o Cristo vivo. Se
os religiosos judeus tivessem se importado com
Cristo, teriam ido a Belém, que não era longe de
Jerusalém mesmo pelo método antigo de viagem.
Embora Belém não fosse longe, nenhum dos escribas,
anciãos ou sacerdotes deram-se ao trabalho de ir.
Isso prova que você pode ter o conhecimento da
Bíblia sem ter um coração pelo Cristo vivo. Ter a
visão é uma coisa, ter o conhecimento da Bíblia é
outra coisa, e ter um coração pelo Cristo vivo é ainda
outra questão. Todos precisamos orar: “Senhor, dá-
me um coração por Ti. Quero ter a visão e quero
conhecer a Bíblia. Mas ainda mais, quero ter um
coração que Te busca”.

(4) GUIADOS NOVAMENTE PELA ESTRELA


PARA ENCONTRAR CRISTO E ADORÁ-LO
Depois que os magos viram a estrela novamente,
a estrela guiou-os ao lugar onde Cristo estava (vs. 9-
10). A estrela conduziu-os não apenas à cidade de
Belém, mas ao ponto exato onde Jesus estava.
Muitas vezes os cristãos dizem que para
conhecer o Senhor é suficiente ter apenas a Bíblia.
Em certo sentido, concordo com isso. Entretanto, em
outro sentido-digo isso cuidadosamente-não
concordo totalmente. Embora tenhamos a Bíblia,
ainda precisamos de uma visão viva. A Bíblia diz que
Cristo nascerá em Belém, mas não diz onde, em que
rua ou em que casa. A estrela viva guiou os sábios
para a cidade de Belém e ainda exatamente para a
rua e a casa onde estava o menino. Naquele lugar, a
estrela parou (v. 9). Os magos não precisaram bater
em todas as portas; eles sabiam onde estava Jesus.
Isso prova que todos precisamos de uma visão nova e
clara que nos leva diretamente ao lugar onde está
Jesus.
Os magos não apenas acharam Cristo; eles
também O adoraram (v. 11). Entre os israelitas, não
era permitido a ninguém receber adoração. Era
considerado um insulto a Deus, uma blasfêmia
contra Ele. Segundo eles, apenas Deus era digno de
adoração. Mas os sábios adoraram uma criança, e
aquela criança era Deus. Isaías 9:6 diz: “Um menino
nos nasceu (...) e seu nome será (...) Deus Forte”. O
menino encontrado pelos magos era chamado de
Deus Forte. Os sábios O adoraram e ofereceram a Ele
ouro, incenso e mirra (Mt 2:11).
Precisamos conhecer o significado do ouro, do
incenso e da mirra. Na tipologia da Bíblia, ouro
significa a natureza divina. Isso indica que o menino
Jesus tinha a natureza divina. Ele era divino. Incenso
significa a fragrância da ressurreição. De acordo com
a nossa mentalidade religiosa natural, a ressurreição
de Jesus aconteceu apenas após a Sua morte.
Entretanto, antes de Ele morrer, Jesus disse a Maria
e Marta que Ele era a ressurreição e a vida (1011:25).
Assim, antes mesmo de Ele morrer, Ele era a
ressurreição. A vida que Cristo viveu nesta terra era
uma vida de ressurreição. Lucas 2:52 nos diz que
mesmo em Sua infância Ele achou graça diante de
Deus e dos homens. Isso não era algo natural; era a
vida de ressurreição. O registro em Lucas 2 revela
que o menino era extraordinário. Ele era singular
porque era um menino em ressurreição. Em toda a
Sua vida e viver humano havia a fragrância, a doçura
da ressurreição. A morte não poderia detê-Lo ou
mesmo tocá-Lo. Ele era não apenas a vida-Ele era a
ressurreição.
A mirra significa a morte e também a fragrância
da morte. Entre a raça humana, a morte não tem
fragrância; entretanto, com Jesus havia a fragrância
da morte.
Quando os sábios apresentaram o ouro, o
incenso e a mirra, não creio que soubessem o
significado dos presentes oferecidos. Certamente eles
ofereceram seus presentes sob a inspiração do
Espírito Santo. Apresentaram o ouro, o incenso e a
mirra, significando que o menino Jesus tinha a
natureza divina, que Sua vida seria uma vida de
ressurreição, cheia da fragrância da mirra, e que Sua
vida seria cheia da fragrância da morte.
Quando tinha doze anos, Jesus foi a Jerusalém
com Seus pais (Lc 2:42). Ele queria ver o que as
pessoas estavam fazendo na casa do Seu Pai, o
templo, por isso ficou em Jerusalém após a festa
(2:43). Maria e José não O compreenderam. Eles O
procuraram e finalmente O encontraram no templo
(vs. 44-48). De certo modo, Maria O reprovou. Se
fosse Jesus, eu a teria repreendido. Teria retrucado e
dito: “Você não sabe o que estou fazendo aqui? Por
que vem incomodar-Me?” Se lermos o relato de
Lucas, veremos que Jesus disse algo a eles: “Não
sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (v.
49). Após dizer isso, Ele os acompanhou e retomou
com eles a Nazaré. Isso foi para Ele um verdadeiro
matar. A intenção Dele foi morta, e nisso podemos
sentir o aroma da mirra. Aquilo não era a fragrância
do incenso, mas era o doce aroma da mirra.
Se lermos os quatro Evangelhos, as biografias de
Jesus, veremos que o ouro, o incenso e a mirra foram
muito prevalecentes na Sua vida. Ele sempre vivia a
vida de ressurreição e estava constantemente sob o
mortificar da cruz. Ele não esperou até que os trinta e
três anos e meio se passassem antes de ir à cruz e ser
crucificado. Em toda Sua vida Jesus foi
continuamente crucificado.
Assim, Ele tinha não apenas a fragrância da
ressurreição, como também a doce mirra da cruz.
Os sábios encontraram o nobre menino Jesus em
Belém, a qual Miquéias 5:2 chama de “pequena
demais para figurar como grupo de milhares de
Judá”. Ele nasceu nessa cidade humilde, em tal
circunstância modesta. Entretanto, devido à visão
que veio pela estrela, os sábios prestaram as mais
elevadas honras à nobre criança, sem se importar
com o lugar. Assim, ofereceram a Jesus três itens
preciosos. Cada um desses itens representa algum
elemento precioso da vida e natureza do Senhor
Jesus. Em quase todas as páginas dos quatro
Evangelhos, vemos a preciosidade da humanidade do
Senhor, a fragrância da Sua vida de ressurreição e o
doce aroma da Sua morte sacrificatória. Mesmo nos
primeiros dias de vida, logo após o nascimento do
Senhor, os sábios fizeram tal coisa apropriada. Isso
combinava exatamente com a vida e natureza do
Senhor. A oferta deles certamente foi apresentada
sob a inspiração do Espírito Santo.
Pode ser que esses tesouros preciosos oferecidos
pelos magos tenham proporcionado a viagem do
Senhor da Judéia ao Egito e do Egito a Nazaré. A
adoração e ofertas dos sábios verdadeiramente
realizaram algo.

(5) ADVERTIDOS POR DEUS A RETORNAR


POR OUTRO CAMINHO
Após os sábios terem encontrado Cristo,
adorado-O e oferecido a Ele esses tesouros preciosos,
foram advertidos por Deus a retomar por outro
caminho (Mt 2:12). Esse outro caminho, não o
original, era o caminho correto. Sempre que
descobrimos Cristo e O encontramos, é-nos revelado
para não retomar pelo caminho original. Descobrir
Cristo e encontrá-Lo sempre nos faz voltar por outro
caminho.
A situação de hoje é exatamente a mesma.
Temos a Bíblia e Cristo está vindo, mas como O
descobriremos? O princípio básico não está com a
Bíblia. Embora a Bíblia ajude, o princípio básico está
com a estrela viva, a visão celestial.
Agora devemos ver como podemos ter essa
estrela, como podemos ter essa visão celestial. A
Bíblia nos fala que a estrela viva é Cristo. Foi
profetizado que Cristo seria a estrela (Nm 24:17), Ele
veio como a estrela (Mt 2) e Ele continua como a
estrela (Ap 22:16). Ele está brilhando. Como
podemos ter Cristo como a estrela? De acordo com 2
Pedro 1:19, a estrela está ligada à Bíblia. Pedro nos
fala para atender à “confirmada palavra profética”. Se
atendermos a essa palavra segura, o dia clareará em
nós e a estrela da alva nascerá em nosso coração.
Atender à palavra infalível é atentar à Palavra viva.
Não é apenas ler a Palavra; é entrar na Palavra até
que algo nasça dentro de nós. A isso podemos
chamar alvorecer ou estrela da alva. Em 2 Pedro 1:19
a estrela da alva é, na verdade, a estrela da manhã. A
palavra em grego é phosphoros, uma substância que
carrega luz. Um fósforo pode brilhar nas trevas.
Cristo é o verdadeiro fósforo resplandecendo nas
trevas de hoje. Todavia, a Palavra não pode
resplandecer sobre você a menos que atente para ela.
Você deve atentar até que algo comece a brilhar
dentro de você. Esse brilhar tornar-se-á o fósforo em
seu coração. Então você terá a estrela da manhã. Será
como os sábios e algo dos céus resplandecerá sobre
você.
Cristo é a estrela. A Bíblia diz que os seguidores
de Cristo são estrelas também. Apocalipse 1:20 nos
diz que todos os líderes da vida da igreja adequada
são estrelas, porque são os que brilham. Daniel 12:3
diz que os justos brilharão como estrelas. Os que
conduzem outros à justiça e os convertem do
caminho errado para o certo, brilharão como estrelas.
Hoje há apenas duas maneiras de a estrela
brilhar sobre você. De acordo com a primeira
maneira, você deve ir à Palavra confirmada e abrir
todo seu ser a ela-boca, olhos, mente, espírito e
coração-até que algo nasça e brilhe sobre você. Isso é
Cristo. A segunda maneira é vir aos santos que estão
brilhando, os seguidores de Cristo. Se vier a eles,
receberá luz. Também receberá alguma liderança,
porque eles o levarão ao lugar onde Cristo está.
Ambas as maneiras de se ter a estrela estão
ligadas ao Espírito e à igreja. Imediatamente após
Apocalipse 22:16, que diz que o Senhor Jesus é a
estrela da manhã, o versículo seguinte diz: “O
Espírito e a noiva dizem”. Isso prova que, como a
estrela da manhã, o Senhor Jesus está ligado ao
Espírito e à igreja, que é a Noiva. Apocalipse 3:1 diz
que o Senhor Jesus tem os sete Espíritos e as sete
estrelas, e Apocalipse 1:20 diz que as sete estrelas são
os anjos das igrejas. Esses versículos mostram que as
estrelas estão ligadas não apenas ao Espírito, mas
também às igrejas. Para termos a estrela viva ou as
estrelas vivas, precisamos do Espírito e da igreja.
Pelo Espírito e por intermédio da igreja, será fácil
termos a visão celestial de modo que possamos
descobrir Cristo e apresentar nossa apreciação a Ele.

b. A Fuga para o Egito


Cristo foi achado em Belém. Essa descoberta
criou problemas. Deus usou esse problema para levar
o menino de Belém para o Egito (Mt 2:13-18). Oséias
11:1 profetizou que Jesus seria chamado do Egito. Se
não fosse o problema que ocorreu após Jesus ter sido
descoberto em Belém, não haveria oportunidade para
Ele fugir para o Egito.
Isso é muito significativo. Os sábios cometeram
um grande erro, mas isso proporcionou a Deus a
oportunidade para cumprir
Sua profecia. Mas não erre propositadamente.
Isso não funcionará. Esmere-se por fazer tudo
corretamente. Entretanto, a despeito de quão
diligentemente você tente ser correto, finalmente
cometerá um erro tão grande como os sábios. Nunca
diga: “Façamos o mal para que nos venha o bem”. Se
fizer o mal, o bem não virá. Todavia, se tentando ser
correto cometer um erro, aquele erro dará a Deus
uma oportunidade para cumprir Seu propósito.
Porque José fugiu com Maria e Jesus para o
Egito, o menino Jesus escapou do primeiro martírio,
o martírio causado pelo erro dos sábios. Satanás está
sempre ativo, esperando por uma oportunidade para
causar um martírio. Mas Deus é soberano sobre
todos, até mesmo sobre Satanás, para preservar Seus
amados dos ardis do inimigo. Pela soberania de Deus,
o menino Jesus foi preservado.

c. Criado em Nazaré
A essa altura preciso apresentar uma pequena
história. Embora a conheça, você precisa ainda de
mais luz. Maria concebeu uma criança em Nazaré (Lc
1:26-27, 31). De acordo com a profecia em Miquéias
5:2, entretanto, Cristo tinha de nascer em Belém. Sob
o arranjo soberano de Deus, César Augusto ordenou
o primeiro censo do Império Romano (Lc 2:1-7). Isso
forçou todas as pessoas a retomarem a seus lugares
de origem. Maria e José foram forçados a retomar a
Belém, sua cidade natal. Imediatamente após
chegarem a Belém, o menino Jesus nasceu. O erro
dos magos fez surgir o ódio e o ciúme do rei Herodes,
que ficou irado porque um menino real tinha nascido.
Então José recebeu uma orientação em sonho para
levar o menino para o Egito (M t 2:13-15). Isso
possibilitou a Deus cumprir a profecia de Oséias 11:1.
Após Herodes ter morrido, José recebeu uma palavra
em outro sonho para retomar à terra santa (Mt2:19-
20). Quando José retomou e viu que Arquelau, o filho
de Herodes, estava no poder, temeu ficar no
território ao redor de Belém. Assim, foi para Nazaré,
onde Jesus cresceu (vs. 21-23). Por essa razão Jesus
foi chamado Jesus de Nazaré.
Que significa tudo isso? Significa que quando
Jesus nasceu na raça humana, Ele apareceu de uma
maneira um pouco secreta, não de uma maneira
pública ou evidente. Algumas vezes até mesmo usei a
palavra “sorrateiro” para descrever isso. Todos O
chamavam Jesus de Nazaré, porque Ele era um
nazareno. Mas a Bíblia diz que Cristo nasceria em
Belém. A maneira oculta do nascimento de Cristo
incomodou todos os religiosos. Quando Filipe
encontrou Jesus, percebeu que Ele era o Messias.
Então foi a Natanael e disse-lhe que tinha achado o
Messias e que era o filho de José, um homem de
Nazaré. Imediatamente Natanael disse: “De Nazaré
pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1:45-46). Filipe deu
a Natanael a informação errada? É difícil dizer. Filipe
apenas sabia que Jesus era o filho de José e que Ele
era um nazareno. Embora Jesus fosse de Nazaré e
fosse um nazareno, Ele não havia nascido em Nazaré,
mas em Belém. Natanael estava perturbado.
Entretanto, Filipe não argumentou com ele;
simplesmente disse: “Vem e vê” (Jo 1:46).
Em outra ocasião, Nicodemos, que havia vindo
conhecer Jesus, tentou argumentar com os fariseus
com respeito a Ele. Os fariseus lhe perguntaram:
“Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia?”
(Jo 7:52). A Galiléia era uma região gentia, e a Bíblia
diz: “Galiléia dos gentios” (Mt4:15). Os fariseus
pareciam dizer a Nicodemos: “Você é da Galiléia?
Sabemos que Jesus veio da Galiléia. Mas da Galiléia
não se levanta profeta”. Aparentemente Jesus era da
Galiléia, de Nazaré; na verdade, Ele nasceu em Belém.
Essa foi Sua maneira um tanto oculta e secreta de
aparecer às pessoas.
O princípio é o mesmo hoje. Menciono-lhes a
figura do tabernáculo. O tabernáculo era coberto com
pele de animais marinhos, com pêlos e áspera; do
lado de fora, isto não parecia ser muito atrativo. Do
lado de dentro, entretanto, era de linho fino, ouro e
pedras preciosas. O princípio espiritual da igreja é o
mesmo. Não olhe para o exterior da igreja. Você
precisa vir para o interior da igreja. Tenho certeza de
que se o apóstolo Paulo viesse visitá-lo, você se
surpreenderia e perguntaria: “Você é o irmão Paulo?
Pensei que o apóstolo Paulo fosse como um anjo
resplandecente. Mas que é você? Apenas um pequeno
homem sem uma aparência atrativa”.
Nunca devemos fazer uma exibição de nós
mesmos, tampouco conhecer os outros segundo a
aparência exterior. Devemos conhecê-los segundo o
espírito interior. Em aparência, Jesus era um
nazareno, mas dentro Dele havia ouro, incenso e
mirra. Dentro Dele havia a glória de Deus. A Segunda
Epístola aos Coríntios 5:16 diz que não devemos
conhecer Cristo ou a qualquer homem segundo a
aparência exterior. Antes, devemos discernir a
realidade interior de Cristo.
Devemos conservar esse princípio hoje. Para
achar Cristo devemos ter a estrela brilhando; não nos
guiando pela aparência exterior, mas segundo o que
está no interior. Se quiser conhecer a igreja ou os
santos, então não se incomode com a aparência
exterior. Não dê qualquer valor às coisas exteriores,
tais como catedrais imensas, templos grandes ou
órgãos de tubo. Esqueça tudo isso. Jesus não tinha
nenhum atrativo exterior. Ele era um pequeno
nazareno que cresceu em uma província chamada
“Galiléia dos gentios” e foi criado em uma cidade
desprezada pelas pessoas-”De Nazaré pode sair
alguma coisa boa?” Mas se você “vem e vê”, e entra
Nele, você O apreciará e será capturado por Ele. Do
mesmo modo, você precisa vir para a igreja e estar
com a igreja por algum tempo. Se o fizer, encontrará
algumas coisas preciosas. O mesmo é verdade quanto
aos santos sedentos. Quanto mais buscam o Senhor,
mais eles ocultam suas experiências de coisas
espirituais. Você precisa ir a eles e estar com eles.
Então entrará neles e encontrará as riquezas que
estão dentro deles. Verá o incenso, a mirra e muitos
outros tesouros preciosos. Então você será atraído e
capturado. Essa é a maneira de descobrir Cristo e
apreciar tudo o que Ele é e todos os Seus itens
preciosos, o ouro, o incenso e a mirra.
Mateus 2:23 diz: “Ele será chamado Nazareno”.
Alguns supõem que essa palavra nazareno refere-se a
“nazireu” em Números 6:2. Outros supõem que ela se
refere à palavra hebraica para rebento, netzer, em
Isaías 11:1. Mas não acho que temos de pensar
demais. Sabemos que em aparência Jesus era um
nazareno. Isso foi dito pelos profetas.
MENSAGEM 8

A UNÇÃO DO REI (1)


Mateus 3:1-4:11 trata da unção do Rei. Essa
seção do Evangelho de Mateus é dividida em três
partes: a apresentação do Rei (3:1-12), a unção do Rei
(3:13-17) e o teste do Rei (4:1-11). Nesta mensagem e
na seguinte trataremos da apresentação do Rei.

I. APRESENTADO

A. O Apresentador
Mateus capítulo 3 trata da apresentação e a
unção do Rei.
Nesse capítulo primeiramente o próprio
apresentador do Rei, João Batista, é apresentado.
Mateus 3:1 diz: “Naqueles dias apareceu João
Batista”.

1. Nascido Sacerdote
João Batista nasceu sacerdote (Lc 1:5, 13). No
Estudo-Vida de Gênesis vimos que o direito de
primogenitura incluía três itens: a porção dobrada de
terra, o sacerdócio e a realeza. Rúben, o primogênito
de Jacó, deveria ter recebido todos os três itens da
primogenitura. Entretanto, por causa da profanação,
ele perdeu a primogenitura. Como resultado, a
porção dobrada de terra foi para José, o sacerdócio,
para Levi, e o reinado, para Judá. A principal função
do sacerdócio é levar as pessoas a Deus e a da realeza
é trazer Deus às pessoas. De acordo com a Bíblia, os
sacerdotes levavam pessoas a Deus a fim de que elas
pudessem obter bênção de Deus. Esse é o serviço
sacerdotal. Os reis eram os que representavam Deus
e traziam Deus às pessoas. Assim, a realeza é o
ministério que traz Deus aos outros para que possam
obtê-Lo. Mediante esse tráfego de vir e ir, homem e
Deus, Deus e homem, têm uma comunhão verdadeira,
genuína. Por fim, o homem e Deus tomam-se um.
Esse é o ministério do sacerdócio e da realeza.
O primeiro ministério do Antigo Testamento foi
o sacerdócio. Após o sacerdócio veio a realeza. Em
todos os livros que antecedem 1 Samuel havia o
sacerdócio. Mas iniciando 1 Samuel na segunda seção
do Antigo Testamento há a realeza. Nesse livro,
Samuel representa o sacerdócio e Davi, a realeza.
Samuel, o sacerdote, introduziu Davi, o rei. O
sacerdócio introduz a realeza. É o mesmo que ocorre
hoje na igreja. Se somos genuínos sacerdotes, então
também nos tomaremos reis, porque o sacerdócio
sempre introduz a realeza. Primeiro somos
sacerdotes trazendo os outros à presença de Deus.
Então nos tomamos reis levando Deus a eles.
Todo verdadeiro evangelista é um rei. Se não
somos um rei, não estaremos qualificados a pregar o
evangelho. Em Mateus 28:18 e 19 o Senhor Jesus, o
Rei do reino, disse: “Toda a autoridade me foi dada
no céu e na terra, Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações”. Aqui o Senhor disse aos discípulos
para irem com a Sua autoridade. Os que vão com essa
autoridade são reis no reino dos céus. Sem dúvida,
Ele compartilha conosco essa autoridade. Portanto,
devemos ir e discipular as nações, isto é, pregar o
evangelho para subjugar os rebeldes. Quando vamos
pregar o evangelho, devemos ser reis.
Muitos cristãos não conhecem o segredo de Deus
em Sua economia. Quando é comissionado a pregar o
evangelho, você deve primeiro executar a função de
sacerdote. Ao pregar o evangelho você deve primeiro
ir a Deus como um sacerdote e levar outros a Ele.
Mediante o sacerdócio você será autorizado e ungido,
e então sairá da presença de Deus para ser um rei. A
pregação adequada do evangelho é o resultado de
uma ordem real. É a declaração de um mandato real.
Considere a pregação de Pedro no dia de Pentecoste.
Embora fosse um jovem pescador galileu, ele era um
rei. Todo evangelista adequado deve ser um rei.
Vimos que o sacerdote introduz o rei. A primeira
vez que isso aconteceu foi quando Samuel introduziu
o rei Davi. Em Mateus 3 vemos outro Samuel, João
Batista, que nasceu sacerdote da tribo de Levi.
Mateus 3 testifica a consistência da Bíblia, porque
aqui vemos alguém da tribo sacerdotal, a tribo de
Levi, apresentando alguém da tribo real, a tribo de
Judá. Em Mateus 3 João apareceu como Samuel e
Jesus como Davi. Lá no deserto João estava levando
pessoas a Deus. Assim, ele era um sacerdote genuíno.
Enquanto estava levando os outros a Deus, o Rei veio,
e João introduziu-O. Esse Rei trouxe Deus aos
homens. João levou os outros a Deus e Jesus trouxe
Deus aos homens.
Como pecadores viemos a Deus por intermédio
do ministério de João. Pelo arrependimento
entramos na presença de Deus. Esse era o ministério
do sacerdócio, o ministério de João Batista. Todos
temos entrado na presença de Deus por intermédio
de João. Foi João que nos levou de volta a Deus.
Então o novo Rei Davi, Jesus Cristo, trouxe Deus a
nós. Mediante o ministério de arrependimento de
João e o ministério de dispensar vida de Jesus, fomos
feitos sacerdotes e reis. Hoje somos a continuação
tanto do sacerdote, João Batista, como do Rei, Jesus
Cristo. Se é um cristão adequado, então você é
primeiramente o João de hoje e em segundo lugar, o
Jesus de hoje. Jovens, ao irem às universidades,
vocês devem ser sacerdotes reais. Vocês precisam
dizer: “Senhor, tem misericórdia dessas pessoas. Ó
Senhor, lembre-se de todos esses jovens. Eu os trago
a Ti”. Esse é o sacerdócio, o ministério de João
Batista. Após levar pessoas a Deus, imediatamente,
de certo modo, você se tornará Cristo trazendo Deus
a elas a fim de que possam obtê-Lo. Esse é o
sacerdócio e a realeza de hoje.

2. Rejeitou a Posição Exterior do Sacerdote


Embora João Batista tenha nascido sacerdote,
ele rejeitou a postura exterior do sacerdote. Pela
posição exterior do seu nascimento, ele não era um
sacerdote de fato, mas um sacerdote em figura, um
sacerdote em sombra. Em 3:1 João veio pregar no
deserto como sacerdote verdadeiro. A pregação de
João Batista foi a iniciação da economia de Deus do
Novo Testamento. Ele fazia sua pregação não no
templo santo dentro da cidade santa, onde os
religiosos e as pessoas cultas adoravam a Deus
segundo as suas ordenanças escriturais, mas no
deserto, de uma maneira “selvagem”, não guardando
nenhum regulamento velho. Isso indica que a velha
maneira de adorar a Deus de acordo com o Antigo
Testamento foi repudiada e que uma nova maneira
estava para ser introduzida. O deserto aqui indica
que o novo caminho da economia de Deus do Novo
Testamento é contrária à religião e à cultura.
Também indica que nada velho foi deixado e que algo
novo está para ser edificado.
A dispensação da lei foi terminada pela vinda de
João Batista (Mt 11:13; Lc 16:16). Após o batismo de
João, a pregação do evangelho da paz começou (At
10:36-3 7). A pregação de João foi o início do
evangelho (Me 1:1-5). Assim, a dispensação da graça
começou com João.
Nem João, o novo sacerdote, nem Jesus, o novo
Rei, estavam na velha maneira. Segundo a velha
maneira, os sacerdotes ficavam no templo santo na
cidade santa, vestiam as vestes sacerdotais, comiam a
comida sacerdotal e observavam os rituais
sacerdotais. Mas com a vinda de João Batista, tudo
aquilo foi terminado. Aquela não era a realidade; era
uma sombra. Agora com João Batista, o genuíno
sacerdote, a realidade veio. Como o verdadeiro
sacerdote, João veio para trazer as pessoas de volta a
Deus. Esse era o ministério dele.

3. Viveu de uma Maneira Contrária à


Religião e à Cultura
João realizou seu ministério vi vendo de uma
maneira absolutamente contrária à religião e à
cultura e fora de ambas. Mateus 3:4 diz: “Usava João
vestes de pêlos de camelo e um cinto de couro; a sua
alimentação era gafanhotos e mel silvestre”. De
acordo com os preceitos da lei, João, que nasceu
sacerdote, deveria vestir a veste sacerdotal, que era
feita principalmente de linho fino (Êx28:4, 40-41;
Lv6:10; Ez44:17-18) e alimentar-se da comida
sacerdotal, que era constituída especialmente de fina
flor de farinha e da carne dos sacrifícios oferecidos a
Deus pelo Seu povo (Lv 2:1-3; 6:6-18, 25-26; 7:31-34).
Entretanto, João fez totalmente diferente. Ele se
vestia de pêlos de camelo e usava um cinto de couro,
e comia gafanhotos e mel silvestre. Todas essas
coisas não são civilizadas ou culturais nem são de
acordo com as ordenanças religiosas. Um sacerdote
vestir-se de pêlos de camelo era um golpe muito forte
para a mente religiosa, porque o camelo era
considerado impuro pelas ordenanças levíticas (Lv
11:4). Além disso, João não vivia em um lugar
civilizado, mas no deserto (Lc 3:2). Tudo isso indica
que ele tinha abandonado totalmente a dispensação
do Antigo Testamento, a qual caiu numa espécie de
religião misturada com cultura humana. A intenção
dele era introduzir a economia do Novo Testamento,
que é constituída unicamente de Cristo e do Espírito
da vida.
Vimos que na época de João, ser um sacerdote
era uma questão de religião, de usar veste sacerdotal,
alimentar-se de comida sacerdotal e habitar num
edifício sacerdotal. Quando alguém procedia como
um sacerdote, todos o consideravam como uma
pessoa religiosa, uma pessoa na religião. Mas aqui
em Mateus 3 vemos um sacerdote de fato. Em vez de
estar no templo, ele foi ao deserto, para um lugar
selvagem onde não havia nem religião nem cultura.
Lá no deserto ele viveu de uma maneira “sel vagem”,
comendo gafanhoto e mel silvestre. Seu mel não era o
mel cultivado e processado como é vendido hoje nas
lojas. Era um mel selvagem. João era um verdadeiro
sacerdote vivendo de tal maneira “selvagem”.
Entretanto, se tentar imitá-lo, você será falso.
João estava realmente fora da religião e da
cultura. Ele não apenas comia coisas selvagens, mas
também vestia-se de pêlos de camelo. Note que a
Bíblia não diz que ele vestia pele de camelo, o que
teria sido um tanto regular, mas pêlos de camelo, que
certamente deveriam ser desalinhados. Ainda mais,
seu cinto de couro provavelmente não era muito
“elegante”. João era, verdadeiramente, “selvagem”.
Entretanto esse sacerdote genuíno foi o apresentador
do Rei.
De João Batista até hoje, muitas pessoas foram
levadas de volta a Deus pelo ministério de João.
Sempre que dizemos a outros que se arrependam
devemos lembrar-nos de João Batista.
O ministério de João Batista estava fora tanto da
religião como da cultura. Quando João nasceu, em
Jerusalém havia duas coisas principais – a
religião hebraica e a cultura greco-romana. João,
todavia, não ficou em Jerusalém onde seus pais, sem
dúvida, moravam. Ele deixou Jerusalém e foi para o
deserto onde não havia nem religião nem cultura,
mas onde tudo era natural. João ministrou no
deserto levando pessoas a Deus; ele também
introduziu o Rei, o que representa Deus diante das
pessoas. Essa era uma forte indicação de que, na
época de João, a era estava mudando da velha para a
nova dispensação, da dispensação das sombras e
figuras para a dispensação da realidade. Aqueles
sacerdotes que usavam vestes sacerdotais, comiam a
comida sacerdotal e ficavam no templo sacerdotal
queimando o incenso e realizando as funções
sacerdotais, nunca levavam alguém a Deus. Mas esse
João “selvagem”, irreligioso e sem cultura levou
centenas a Ele. E também trouxe o Rei a eles. Esse
Rei foi Aquele que trouxe Deus às pessoas
arrependidas.
Quando esse Rei foi trazido às pessoas e elas
foram verdadeiramente levadas de volta a Deus, o
reino estava imediatamente presente. O Rei com o
povo é o reino. O reino estava lá, porque tanto o Rei
como as pessoas estavam lá. O Novo Testamento
começa com o sacerdócio genuíno introduzindo a
realeza genuína. O sacerdote verdadeiro introduz o
Rei verdadeiro. Essa introdução anuncia o reino.
A mensagem de João era: “Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3:2). As
pessoas tinham de se arrepender porque o reino
estava vindo e porque o Rei estava lá. Também
precisamos nos arrepender para que o Rei possa nos
ganhar e para que sejamos Seu povo. Após nos
arrependermos, o Rei nos conquista e nós O
conquistamos. Por esse conquistar mútuo, nós e o
Rei nos tomamos o reino. O reino vem
imediatamente após o Rei. Se vocês recebem o Rei e
Ele os toma como Seu povo, o reino está
instantaneamente presente. Por que o reino não veio
ainda? Porque vocês não receberam o Rei e Ele ainda
não os conquistou. Porque ainda estão longe Dele, o
Rei não foi capaz de conquistá-los, Portanto, o reino
ainda não está aqui. Ele está fora, em algum lugar,
esperando pelo seu arrependimento. Se se
arrependerem, o Rei conquistará vocês, e vocês a Ele,
e o reino estará aqui.
Muitos cristãos que estão pregando o evangelho
hoje não conhecem os princípios divinos na
economia de Deus. Se desejamos ser verdadeiros
evangelistas e pregadores do evangelho, devemos
primeiramente ser João Batista. Isso significa que
devemos ser sacerdotes, não na forma, em sombra,
mas sacerdotes genuínos, em realidade. Depois,
então, devemos também ser Jesus Cristo. Devemos
ser o Rei que traz Deus aos outros. Quando vamos a
Deus para orar pelas pessoas, somos sacerdotes
levando-as a Deus. Mas quando saímos da presença
de Deus e vamos às pessoas, somos reis trazendo
Deus a elas. Se fizermos assim, elas se arrependerão
para o Rei, e Ele as conquistará e o reino estará
presente.
A vida adequada da igreja hoje é o reino. Ternos
nos arrependido, o Rei nos conquistou e O
recebemos. Agora somos um com o Rei e o reino está
aqui conosco. Aleluia! o reino está aqui agora! Tudo
isso depende daquele que apresenta.
Meu encargo nesta mensagem é enfatizar a
questão do apresentador. Você é um apresentador de
Cristo hoje? Se é, então, precisa verificar se ainda
está ou não na religião e cultura. Todos devemos
estar no deserto, num ambiente que é “selvagem”,
não religioso ou cultural. O ambiente apropriado é
fora da religião e cultura, mas está cheio da presença
de Deus.
Quando João estava no deserto, ele era um
grande ímã atraindo para si grande número de
pessoas. Por essa razão, o versículo 5 diz: “Então
saíram a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda
a circunvizinhança do Jordão”. Por esse seu poder de
atração, muitos vinham a ele. Espero que os jovens
que vão às universidades estejam lá como ímãs. Se é
tal ímã, as pessoas afluirão a você. Primeiro você será
o sacerdote indicado por Deus para levar outros à
Sua presença. Então será capaz de apresentar o Rei
dos céus a elas. Naquele tempo, você não apenas
apresentará o Rei às pessoas, mas na verdade você
será o Rei. Assim, você ordenará a outros e muitos
voltarão a Cristo. Dessa maneira, Cristo conquistará
as pessoas e elas O conquistarão. Então,
imediatamente, o reino aparecerá nas universidades.
Essa é a maneira correta de levar a cabo a pregação
dó evangelho.

B. O Lugar de Apresentação
Vimos que o lugar de apresentação não foi a
cidade santa nem o templo santo, mas o deserto. O
versículo 1 diz que João Batista veio pregar no
deserto, e o versículo 3 diz: “Porque este é o referido
por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama
no deserto”. Foi segundo a profecia que João Batista
começou seu ministério no deserto. Isso indica que a
introdução da economia de Deus do Novo
Testamento por João não foi acidental, mas
planejada e profetizada por Deus por intermédio de
Isaías, o profeta. Isso implica que Deus desejava que
Sua economia do Novo Testamento começasse de
uma maneira absolutamente nova.
Se traçar a história de alguns séculos atrás, verá
que muitos reavivamentos prevalecentes
aconteceram em algum tipo de “deserto”. Quando
John Wesley e George Whitefield foram levantados
há dois séculos como evangelistas, suas pregações
eram feitas principalmente nas esquinas. De acordo
com a biografia dele, George Whitefield
freqüentemente pregava nos montes dos desertos.
Não obstante, naquele tempo, a Igreja da Inglaterra
tinha regulamentos proibindo a exposição da Palavra
Santa fora do “santuário”. Conforme esses
regulamentos, qualquer um que pregasse ou
ensinasse a Bíblia tinha de fazê-lo no “santuário”.
Todavia, Deus levantou George Whitefield e John
Wesley guiando a pregação deles para fora do
“santuário”. O princípio deve ser o mesmo hoje. Mas
isso não significa que devemos copiar João Batista na
forma exterior. Significa que não devemos tomar a
maneira religiosa nem a cultural. Antes, devemos
seguir a maneira que é cheia da presença de Deus.
Não devemos estar na cidade santa ou no templo
santo, mas num lugar fora da religião e cultura,
porém pleno da presença de Deus. Espero que os
jovens levem essa questão ao Senhor e orem: “Senhor,
faça-nos João Batista de hoje. Senhor, leva-nos ao
deserto e mostra-nos como ser sacerdotes genuínos
para levar pessoas a Ti e apresentar-Te a elas como
Rei delas”.
O Evangelho de Mateus é absolutamente
diferente do Evangelho de João. O Evangelho de
João é um livro de vida, enquanto o Evangelho de
Mateus é um livro do reino. Em João, Jesus é vida,
mas em Mateus Ele é o Rei. De acordo com o livro de
Mateus, o Jesus que recebemos é o Rei. Ao
considerarmos o Evangelho de Mateus, devemos ser
inteira e profundamente impressionados pelo fato de
que estamos agora no reino. Todas as coisas escritas
nesse livro estão relacionadas ao reino. Portanto,
devemos olhar para esse livro do ângulo do reino,
enxergando cada capítulo e até mesmo cada versículo
da perspectiva do reino.
O arrependimento exigido no capítulo 3 é para o
reino. Você deve arrepender-se porque não está no
reino, porque não está sob a autoridade de Deus.
Você deve arrepender-se porque ainda não se
submeteu à autoridade de Cristo nem está sob Sua
realeza. Embora não sinta que seja um pecador, uma
vez que não está no reino, você é um rebelde. Se nada
tem a ver com a realeza de Cristo, você está em
rebelião e deve arrepender-se. Arrependa-se de não
estar no reino! Os cristãos genuínos de hoje são
salvos, contudo muitos deles ainda não estão no
reino. Até mesmo esses cristãos devem arrepender-se.
Desde que não está sob a realeza de Cristo, você deve
arrepender-se. Se não está realmente no reino dos
céus nem sob o governo celestial, você deve
arrepender-se. Não importa quão espiritual, santo ou
bom você seja. A única coisa que conta é se você está
ou não debaixo do governo celestial. Caso contrário,
isso significa que você não está no reino e deve
arrepender-se. Se não está no reino, você está em
rebelião. Você se considera escritural,
fundamentalista e santo, mas, na verdade, é rebelde.
Mesmo sua espiritualidade é um tipo de rebelião
contra a realeza de Cristo. Você se importa com sua
espiritualidade, não com a realeza de Cristo. Isso
indica que está em rebelião, que não está no reino.
Arrependa-se da sua rebelião! Arrependa-se de não
estar no reino e de não estar debaixo da realeza e
autoridade de Cristo. Esse é o pensamento básico do
Evangelho de Mateus.
Não pense que Mateus é apenas para os
incrédulos, estranhos ou gentios. Muitos de nós
nunca ouviram o Evangelho de Mateus. Não sei que
tipo de evangelho você tem ouvido, mas sei que
precisa ouvir o Evangelho de Mateus, o evangelho do
reino que exige que você se arrependa de não estar
sob a realeza de Cristo. Todos devemos arrepender-
nos diante do Senhor e dizer: “Senhor, perdoa-me.
Mesmo hoje estou ainda em rebelião. Não estou
debaixo do Teu senhorio, Tua autoridade, Teu
governo celestial. Senhor, confesso que tenho sido
governado só por mim mesmo. Senhor, conceda-me
um arrependimento verdadeiro pela minha rebelião,
por eu não estar debaixo da Tua autoridade”. Todos
precisamos arrepender-nos. Louvado seja o Senhor
porque João Batista e esse ministério do sacerdócio
estão ainda conosco! Por um lado, esse sacerdócio
nos leva a Deus, e, por outro, apresenta o Rei celestial
que traz Deus a nós. Quando recebemos esse Rei, Ele
nos conquista e o reino está aqui. Esse é o Evangelho
de Mateus.
MENSAGEM 9

A UNÇÃO DO REI (2)


No Antigo e no Novo Testamento há dois
ministérios fundamentais que constituem o reino de
Deus: o sacerdócio e a realeza. Na Bíblia há também
um terceiro tipo de ministério, o ministério do
profeta. O ministério profético, no entanto, não é um
ministério fundamental; antes é um suplemento para
o sacerdócio e a realeza. Quando o sacerdócio ou a
realeza estão fracos, os profetas vêm fortalecê-los. De
acordo com o Antigo Testamento, o sacerdócio estava
com a tribo de Levi. Por fim, esse sacerdócio
consumou-se em João Batista, um descendente dessa
tribo. Do mesmo modo, Jesus era a consumação da
realeza do Antigo Testamento, a qual estava com a
tribo de Judá. Jesus veio como um descendente de
Judá para ser a consumação da realeza. Por um lado,
João Batista e Jesus Cristo concluíram o sacerdócio e
a realeza do Antigo Testamento; e por outro, fizeram
brotar o sacerdócio e a realeza do Novo Testamento.
Em outras palavras, eles concluíram a dispensação
do Antigo Testamento e iniciaram a dispensação do
Novo Testamento.
Quando o sacerdócio leva pessoas a Deus e a
realeza traz Deus às pessoas, há o domínio, o governo
celestial. Esse domínio celestial é o reino, que hoje é
a vida adequada da igreja. A vida da igreja hoje é o
reino com o sacerdócio e a realeza. Essa vida da
igreja continuará até o milênio. No reino milenar
ainda haverá o sacerdócio e a realeza. Por um lado,
nós, os vencedores, seremos sacerdotes, e, por outro,
seremos reis. Assim, no reino milenar, o sacerdócio e
a realeza serão ainda mais fortes do que hoje. E
sustentarão o reino de Deus na terra para que o Rei
possa conquistar as pessoas e para que elas possam
conquistar o Rei. Após o milênio não haverá mais
necessidade do sacerdócio. Na eternidade haverá
apenas a realeza, porque no novo céu e na nova terra
com a Nova Jerusalém todos estarão na presença de
Deus. Naquele tempo Deus estará com o homem.
Assim, não será mais necessário que o sacerdócio
leve as pessoas a Deus. Na eternidade a presença de
Deus eliminará o sacerdócio. Todavia, a realeza
permanecerá a fim de que os que estiverem na Nova
Jerusalém possam reinar sobre as nações ao redor da
cidade. Esse é um resumo da Bíblia à luz do
sacerdócio e da realeza.
Na mensagem anterior consideramos o
apresentador João Batista. Nesta mensagem
consideraremos a mensagem de apresentação de
João.

c. A Mensagem de Apresentação

1. Arrependimento para o Reino dos Céus


A mensagem de apresentação de João é curta,
mas é crucial e todo-inclusiva. Mateus 3:2 diz:
“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos
céus”. A primeira palavra significativa nesse versículo
é “arrepender-se”. João iniciou seu ministério com
essa palavra. Arrepender-se é ter uma mudança de
mente resultando em pesar, é ter uma mudança de
propósito. No grego a palavra traduzi da para
arrependimento significa ter uma mudança de mente.
Arrepender-se é ter uma mudança em nosso
pensamento, nossa filosofia, nossa lógica. A vida do
homem caído é absolutamente de acordo com o seu
pensamento. Tudo o que ele é e faz é segundo a sua
mente. Enquanto caído, você era dirigido por sua
mente. Sua mentalidade, lógica e filosofia
governavam sua maneira de vida. Antes de sermos
salvos, todos estávamos sob a direção da nossa
mentalidade caída. Estávamos longe de Deus e nossa
vida estava em direção oposta à Sua vontade. Sob a
influência da nossa mentalidade caída, nós nos
afastávamos cada vez mais de Deus. Mas um dia
ouvimos a pregação do evangelho que nos dizia para
arrepender-nos, ter uma mudança em nosso
pensamento, filosofia e lógica.
Essa foi exatamente a minha experiência quando
fui salvo. Eu era como um potro correndo em minha
própria direção. Na verdade, não estava tomando
minha direção, mas a direção do diabo, porque ele
estava me dirigindo por meio da minha mentalidade
caída, conduzindo-me para longe de Deus. Mas um
dia ouvi o chamado para me arrepender-ter uma
mudança em minha filosofia, ter uma mudança em
minha lógica e pensamento. Louvado seja o Senhor!
passei por uma grande mudança! Estava me
movendo em uma direção, mas quando ouvi o
chamado para me arrepender, fiz meia-volta. Creio
que todos fizemos esse tipo de volta, que é a chamada
conversão. Quando nos convertemos, voltamos as
costas para o passado e voltamos a face para Deus.
Isso é o que significa se arrepender, experimentar
uma mudança da nossa mente.
Cada doutrina é uma filosofia que dirige a vida
de alguém. Quase todo partido político tem uma
doutrina que é virtualmente um deus. Mas não temos
uma doutrina-temos o Senhor. Temos Deus. Outrora
estávamos sob a direção de certas doutrinas, mas
agora estamos sob a direção de Deus. Nossa mente
foi radicalmente mudada. Costumávamos ser
liderados em certa direção, mas agora somos
liderados em direção oposta. Tivemos uma volta em
nosso pensamento, em nosso conceito.
A segunda palavra crucial no versículo 2 é reino.
Na pregação de João Batista, o arrependimento,
como a abertura da economia de Deus do Novo
Testamento, era para haver uma conversão ao reino
dos céus. Isso indica que a economia de Deus do
Novo Testamento está focalizada em Seu reino. Por
isso devemos arrepender-nos, mudar nossa mente,
ter uma mudança. em nosso objetivo de vida. O alvo
da nossa busca tem sido outras coisas; agora nossa
busca deve dirigir-se para Deus e Seu reino, que é
especificamente e propositadamente chamado de
reino dos céus em Mateus (cf. Me 1:15). O reino dos
céus, conforme todo o contexto do Evangelho de
Mateus, é diferente do reino Messiânico. O reino
Messiânico será o reino de Davi restaurado (o
tabernáculo de Davi reedificado-At 15:16), composto
dos filhos de Israel, terreno e físico em natureza;
enquanto o reino dos céus é constituído dos crentes
regenerados e é celestial e espiritual.
Em sua mensagem, João Batista disse ao povo
que se arrependesse para o reino. Ele não disse que
se arrependessem para que pudessem ir ao céu ou
mesmo para obter a salvação. Ele disse que deveriam
arrepender-se para o reino. O reino denota um tipo
de domínio, governo. Antes de sermos salvos, não
estávamos sob qualquer governo. Se não houvesse
política, autoridade ou tribunal de justiça para nos
dizer o que fazer, teríamos feito tudo o que nos
agradava. Entretanto, quando ouvimos a pregação do
evangelho, nos voltamos de uma condição sem
governo para outra de total governo. Assim, estamos
agora no reino. Antes de sermos salvos, não
tínhamos um rei. Mas após nos voltarmos ao Senhor,
Ele se tornou nosso Rei. Agora estamos todos sob o
governo desse Rei. O Rei tem a realeza, e essa realeza
é o reino. Hoje estamos no reino desse Rei.
A terceira palavra crucial no versículo 2 é céus.
João disse para nos arrependermos para o reino dos
céus. O termo “os céus”, uma expressão hebraica, não
se refere a algo plural em natureza; mas ao mais alto
céu, o qual, segundo a Bíblia, é o terceiro céu, o céu
acima do céu. O terceiro céu é chamado os céus. O
reino dos céus não denota um reino no ar, mas um
reino acima do ar, um reino no céu acima do céu,
onde está o trono de Deus. Nesse reino há o governo,
o domínio do próprio Deus. Portanto, o reino dos
céus é o reino de Deus no terceiro céu onde Ele
exerce Sua autoridade sobre todas as coisas criadas
por Ele. Esse reino dos céus deve descer à terra. Esse
domínio ce1estial deve descer para ser a autoridade
sobre a terra.
De acordo com a palavra de João no versículo 2,
“está próximo o reino dos céus”. Isso claramente
indica que antes da vinda de João Batista, o reino dos
céus não estava aqui. Mesmo após sua aparição, em
sua pregação, o reino dos céus ainda não estava lá;
apenas havia se aproximado. Nessa época o Senhor
iniciou Seu ministério e até mesmo enviou Seus
discípulos a pregar que o reino dos céus ainda não
havia vindo (4:17; 10:7). Por isso, na primeira
parábola do capítulo 13:3-9, a parábola do semeador,
que indica a pregação do Senhor, Ele não diz: “O
reino dos céus é semelhante.”. Somente na segunda
parábola, a parábola do joio (v. 24), que indica o
estabelecimento da igreja no dia de Pentecoste, é que
o Senhor disse isso. O fato de Mateus 16:18 e 19 usar
o termo a “igreja” e o “reino dos céus”
permutavelmente prova que o reino dos céus veio
quando a igreja foi estabelecida.
Quando João Batista veio, o reino dos céus
apenas havia se aproximado. Ele estava se
aproximando, chegando, mas ainda não havia vindo.
Isso prova que no Antigo Testamento não havia o
reino dos céus. Mesmo na época de Moisés e Davi o
reino dos céus não estava lá. João disse que o reino
dos céus estava a caminho, não disse que havia
chegado. Quando o Senhor Jesus iniciou Seu
ministério, Ele também disse: “Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus” (4:17). Isso
indica que mesmo quando o Senhor Jesus iniciou Seu
ministério, o reino dos céus ainda não havia chegado.
Na sua mensagem, João Batista disse às pessoas para
se arrependerem para o reino dos céus, o qual,
naquele tempo, estava a caminho. O reino dos céus
chegou em Jerusalém no dia de Pentecoste. Isso
significa que ele chegou no exato momento em que a
igreja veio à existência. Hoje todos os que têm uma
mudança em sua filosofia e voltam-se a Deus,
imediatamente estarão no reino dos céus. Aleluia!
estamos no reino dos céus! Ternos um Rei e estamos
sob Seu governo.
Muitas vezes o governo do Rei, dentro de nós,
toma desnecessário que sejamos controlados pelos
policiais ou por um tribunal de justiça. Esse Rei
interior tira o emprego dos advogados. Contudo,
aqueles que não se arrependem e não se voltam a
Deus não estão sob o Rei. Em vez disso, eles violam a
lei constantemente. Por essa razão, muitos são
convidados para o tribunal de justiça. Mas nós, o
povo do reino, estamos sob o Rei do reino dos céus.
Esse Rei veio para dentro do nosso ser. Nesse exato
momento Ele está habitando em nosso espírito.
Quando fala a nós, Ele diz principalmente uma
palavra: “não”. De acordo com a minha experiência,
Sua palavra favorita é “não”. Temos um governo de
“não” dentro de nós. Agradeça ao Senhor por essa
pequena palavra, porque ela nos livra de muitos
problemas. O falar do “não” interior é o governar
íntimo do Rei. Talvez hoje você tenha ouvido o “não”
do Rei várias vezes. Se o povo do reino não se
importar com esse “não”, eles se tomarão
reincidentes. Por que estamos no reino dos céus, o
Rei governa-nos na maioria das vezes falando a
palavra “não”.
Consideremos agora corno João Batista foi capaz
de levar as pessoas ao reino. O ministério de João era
levar pessoas a Deus (Lc 1:16-17). João Batista, um
sacerdote genuíno, era “cheio do Espírito Santo, já do
ventre materno” (Lc 1:15). Não há dúvida de que
enquanto cresceu da infância à idade adulta, à idade
de trinta anos, ele foi continuamente imerso no
Espírito Santo. Porque estava inundado e saturado
do Espírito Santo, ele pôde ser ousado. É uma
questão séria colocar-se contra o curso da era.
Requer muita ousadia. Como João Batista poderia
ser tão corajoso a ponto de colocar-se contra a
religião judaica e a cultura greco-romana? Ele foi
ousado por causa dos trinta anos em que esteve
imerso no Espírito Santo. Ele era uma pessoa
inteiramente saturada do Espírito. Portanto, quando
saiu para ministrar, foi no Espírito e com poder. Sim,
ele vestia pêlos de camelo como sinal de seu repúdio
à velha dispensação. Mas aquilo era meramente um
sinal exterior. Havia também realidade dentro dele e
aquela realidade era o Espírito e o poder. A realidade
em João não era apenas a presença de Deus, mas
também o Espírito de Deus.
João estava imerso no Espírito, saturado e
impregnado do Espírito Santo. Espontaneamente
isso fez dele um grande ímã. Ele era um ímã porque
havia sido completamente enchido com o Espírito.
Ano após ano e dia após dia, ele foi enchido com o
Espírito. Por isso, em seu ministério, ele era um
poderoso Ímã. João tinha o Espírito e o poder de
atração. Portanto, como Lucas 1:16 diz, ele converteu
muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. (O
Senhor aqui é o equivalente a Jeová). O fato de João
ter convertido muitos dos israelitas ao Senhor indica
que a nação de Israel tinha se desviado de Deus.
Senão, não haveria necessidade de João Batista
convertê-los. Até mesmo aqueles sacerdotes que
serviam a Deus no templo acendendo as lâmpadas e
queimando o incenso tinham se desviado de Deus e
estavam longe Dele. Em outra parte no Novo
Testamento nos é dito que muitos sacerdotes se
converteram a Deus (At 6:7). Assim, mesmo os
sacerdotes, os que serviam a Deus, precisavam de
uma conversão a Deus. Portanto, João Batista foi
usado para converter muitos ao Senhor.

2. A Necessidade de a Natureza Ser Mudada


A palavra de João aos fariseus e saduceus que
vieram a ele revela nossa necessidade de ter nossa
natureza mudada. Mateus 3:7 diz: “Vendo ele, porém,
que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo,
disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir
da ira vindoura?” Os fariseus eram a facção religiosa
mais severa dos judeus (At26:5), formada em mais
ou menos 200 a. C. Eles se orgulhavam de sua
superior santidade de vida, devoção a Deus e
conhecimento das Escrituras. Na verdade, eles
estavam degradados a uma conduta pretenciosa e
hipócrita (Mt23:2-33). Os saduceus eram outra
facção no judaísmo (At 5:17). Eles não criam na
ressurreição nem nos anjos nem nos espíritos (Mt
22:23; At 23:8). Tanto os fariseus como os saduceus
foram denunciados por João Batista e o Senhor Jesus
como raça de víboras (Mt 3:7; 12:34; 23:33). Os
fariseus consideravam-se os ortodoxos e os saduceus
eram os modernistas naquela época.
Em Mateus 3:8 e 9 João diz: “Produzi, pois, fruto
digno do arrependimento; e não comeceis a dizer
entre vós mesmos:
Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo
que destas pedras Deus pode suscitar filhos a
Abraão”. Devido à impenitência dos judeus, tanto
essa palavra como a do versículo 10 foram cumpridas.
Deus cortou-os e suscitou os crentes gentios para
serem filhos de Abraão na fé (Rm 11:15, 19-20, 22; Gl
3:7, 28-29). A palavra de João nesse versículo indica
claramente que o reino dos céus pregado por ele não
é constituído dos filhos de Abraão por nascimento,
mas dos filhos de Abraão pela fé. Assim, esse é um
reino celestial, não o reino terreno do Messias.
Os fariseus e os saduceus eram os líderes dos
filhos de Israel. Quando vieram a João Batista, com
um tom de repreensão, ele os chamou de raça de
víboras. Víboras são serpentes venenosas. João falou
essa palavra aos judeus, a raça escolhida. Os filhos de
Israel não eram porcos pagãos. Eles
consideravam os gentios como porcos e a si mesmos
como o povo santo. Mas quando os líderes desse
povo santo vieram a João, ele não disse: “Bem-vindos.
Quão bom é que vocês venham ao meu ministério.
Que honra é para mim que vocês, os líderes dos filhos
de Israel, façam-me uma visita”. João não falou como
os pastores no cristianismo de hoje. Ele não
agradeceu aos fariseus e saduceus pela visita deles
nem dirigiu-se a eles como líderes; antes, chamou-os
de raça de víboras. Você crê que os filhos de Israel, os
descendentes de Abraão, os chamados, poderiam ter-
se tomado tão maus?
João também disse a eles que não se atrevessem
a dizer que tinham Abraão por pai, porque Deus era
capaz de suscitar das pedras filhos a Abraão. João
parecia dizer: “Não se atrevam a nada. Não
presumam que vocês são filhos de Israel tendo
Abraão como pai. Deus é capaz de suscitar filhos
dessas pedras”. A palavra de João era uma forte
indicação e mesmo uma profecia do fato de que a era
havia mudado. Porque a era havia mudado, não era
mais uma questão de nascimento natural, mas do
segundo nascimento, o nascimento espiritual.
Embora possam ter nascido uma pedra sem vida,
Deus é capaz de fazê-los Seus filhos vivos. Aleluia!
isso é exatamente o que Ele fez conosco! Precisamos
recordar nossa condição antes de sermos salvos. No
que diz respeito à vida, éramos pedras sem vida. Mas
quanto ao pecado, estávamos cheios e ativos no
pecado. Louvado seja o Senhor que no dia do nosso
arrependimento cremos no Senhor Jesus, e Deus nos
fez Seus filhos vivos.
Pela palavra de João aqui, vemos que Deus
estava preparado para rejeitar essa raça de víboras,
Seu povo escolhido anteriormente, e procurar outro
povo. Ele estava pronto para abandonar os filhos de
Israel e voltar às pedras, que eram principalmente os
gentios. Embora fossem pedras sem vida, os gentios
foram destinados a tomar-se os filhos de Deus. Isso
prova que Deus é verdadeiramente capaz de fazer de
cada pedra sem vida um filho de Deus.
No versículo 10 João disse aos fariseus e
saduceus: “Já está posto o machado à raiz das
árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto,
é cortada e lançada ao fogo”. João parecia estar
dizendo: “Raça de víboras, o machado está agora
cortando a raiz da árvore. Se vocês são uma boa
árvore produzindo bom fruto, tudo lhes estará bem.
Senão, serão cortados e lançados ao fogo”. Como
veremos, o fogo mencionado nesse versículo é o fogo
no lago de fogo.

3. Cristo, O que Batiza


O versículo 11 diz: “Eu vos batizo com água, para
arrependimento; mas aquele que vem depois de mim
é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou
digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo
e com fogo”. Neste versículo João parecia estar
dizendo: “Eu vim batizar vocês com água, para dar-
lhes um fim, para sepultá-los. Mas Aquele que vem
após mim é mais poderoso do que eu. Ele os batizará
com o Espírito e com fogo. Se Ele batizará com o
Espírito ou com o fogo dependerá de se
arrependerem ou não. Se vocês se arrependerem, Ele
os colocará no Espírito. Mas se continuarem a ser
uma raça de víboras, certamente Ele os batizará no
lago de fogo. Isso significa que Ele colocará vocês no
fogo do inferno”.
De acordo com o contexto, o fogo aqui não é o
fogo em Atos 2:3, que está relacionado ao Espírito
Santo, mas o mesmo fogo dos versículos 10 e 12, o
fogo do lago de fogo (Ap 20:15), onde os incrédulos
sofrerão perdição eterna. A palavra de João aqui aos
fariseus e saduceus significa que se eles, de fato, se
arrependessem e cressem no Senhor, Ele os batizaria
no Espírito Santo para que tivessem a vida eterna;
caso contrário, o Senhor os batizará no fogo,
colocando-os no lago de fogo para punição eterna. O
batismo de João era unicamente para
arrependimento, anunciando ao povo a fé no Senhor.
O batismo do Senhor é ou para vida eterna no
Espírito Santo ou para perdição eterna no fogo. O
batismo do Senhor no Espírito Santo deu início ao
reino dos céus, levando para lá Seus crentes,
enquanto Seu batismo no fogo dará fim ao reino dos
céus, colocando os incrédulos no lago de fogo.
Portanto, o batismo do Senhor no Espírito Santo,
baseado na Sua redenção, é o início do reino dos céus,
enquanto Seu batismo no fogo, baseado no Seu
julgamento, é Sua conclusão. Portanto, nesse
versículo há três tipos de batismo: o batismo na água,
o batismo no Espírito Santo e o batismo no fogo. O
batismo na água realizado por João introduziu as
pessoas no reino dos céus. O batismo no Espírito
Santo por Jesus deu início e estabeleceu o reino dos
céus no dia de Pentecoste e continuará até a sua
consumação no final desta era. O batismo no fogo
realizado pelo Senhor, conforme o julgamento do
grande trono branco (Ap 20:11-15), finalizará o reino
dos céus.
Alguns cristãos, pensando que o fogo no
versículo 11 refere-se às línguas de fogo no dia de
Pentecoste, dizem que o Senhor batizará os crentes
com o Espírito Santo e com fogo. Mas devemos
atentar ao contexto desse versículo. Note que a
palavra fogo é encontrada nos versículos 10, 11 e 12.
No versículo 10 as árvores que não produzem bons
frutos são cortadas e lançadas no fogo. Certamente
esse fogo é o lago de fogo. O fogo no versículo 11 deve
também denotar o lago de fogo, porque é uma
explicação adicional do fogo citado no versículo
anterior. De acordo com o versículo 12, o Senhor
queimará a palha em fogo inextinguível. O trigo que é
ajuntado no celeiro do Senhor são aqueles que estão
colocados no Espírito. Todavia, a palha é queimada
com fogo. Certamente esse fogo é também o lago de
fogo. Portanto, o fogo mencionado nos versículos 10
a 12 refere-se, em todos os casos, ao mesmo fogo, o
fogo do lago de fogo. João parecia dizer aos líderes
judeus: “Vocês, fariseus e saduceus, podem ser
capazes de me enganar, mas não a Ele. Se de fato se
arrependerem, Ele os colocará no Espírito. Mas se
permanecerem na perversidade, Ele os porá no fogo”.
Esse é o entendimento correto desses versículos.
O versículo 12 diz: “A sua pá ele a tem na mão, e
limpará completamente a sua eira; recolherá o seu
trigo no celeiro, mas. queimará a palha em fogo
inextinguível”. Os que são prefigurados pelo trigo
têm a vida interior. O Senhor os batizará no Espírito
Santo e os ajuntará no Seu celeiro nos céus por meio
do arrebatamento. Os que são prefigurados pela
palha, como o joio em 13:24-30, não têm a vida. O
Senhor os batizará no fogo, colocando-os no lago de
fogo. Palha aqui refere-se aos judeus impenitentes,
enquanto o joio no capítulo 13 diz respeito aos
cristãos nominais. O destino eterno de ambos será o
mesmo perdição no lago de fogo (13:40-42).
Jesus, o Rei, exerce dois tipos de batismo: o
batismo no Espírito e o batismo no fogo. O batismo
no Espírito deu início ao reino dos céus, e o batismo
no fogo o concluirá. O início do reino dos céus foi no
dia de Pentecoste. Naquele dia Jesus, o Rei, batizou
os crentes no Espírito Santo. Por aquele batismo no
Espírito, o reino dos céus começou. O reino dos céus
será finalizado com o julgamento do grande trono
branco. Naquele tempo os incrédulos serão julgados
e lançados no lago de fogo. Esse será o batismo no
fogo. Esse batismo de fogo finalizará o reino dos céus.
O batismo na água praticado por João foi
preliminarmente para o reino dos céus. Foi a
preparação para a vinda do reino dos céus. Muitos
cristãos nominais foram batizados na água. Mas se
participarão no batismo do Espírito ou sofrerão o
batismo no fogo dependerá do seu arrependimento.
Se de fato se arrependerem, o Senhor Jesus os
colocará no Espírito. Senão, Ele, como o Juiz do
grande trono branco, os lançará no lago de fogo.
Portanto, na Bíblia há três tipos de batismo: o
batismo na água, o batismo no Espírito e o batismo
no fogo. O batismo na água de João foi a preparação
para o reino vir, o batismo no Espírito foi o princípio
do reino e o batismo no fogo será a terminação do
reino. Não devemos continuar a ser raça de víboras;
nem devemos ser a palha no capítulo 3 nem o joio no
capítulo 13. Antes, devemos nos tornar o trigo, os
filhos vivos de Deus. Para nos tornarmos os filhos de
Deus, devemos ser batizados pela água para dentro
do Espírito. Desse modo somos regenerados.
Portanto, temos dois tipos positivos de batismo, o
batismo na água e o batismo no Espírito. Mas não
temos nada a ver com o batismo no fogo.

D. A Maneira de Apresentar
Vimos o apresentador e a mensagem de
apresentação. Agora devemos considerar a maneira
de apresentar.

1. Batizar as Pessoas na Água


O primeiro aspecto da maneira de João
apresentar foi batizar as pessoas na água. Os
versículos 5 e 6 de Mateus 3 revelam que muitos
foram batizados por ele no rio Jordão, confessando
seus pecados. Batizar as pessoas é imergi-las,
sepultá-las na água, significando morte. João Batista
fez isso para indicar que alguém que se arrepende
não serve para nada mais senão para ser sepultado.
Isso também representa a terminação da velha
pessoa, para que um novo início possa ocorrer em
ressurreição, para ser levado a Cristo como o doador
de vida.
Portanto, após o ministério de João, Cristo veio.
O batismo de João não apenas dava um fim àqueles
que se arrependiam, ele também os conduzia a Cristo
para a vida. Batismo na Bíblia implica morte e
ressurreição. Ser batizado na água é ser introduzido
na morte e ser sepultado. Ser levantado da água
significa ser ressuscitado da morte.
Foi no rio Jordão que doze pedras,
representando as doze tribos de Israel, foram
sepultadas e foi dele que outras doze pedras,
representando as doze tribos, foram ressuscitadas e
erigidas (Js4:1-18). Portanto, batizaras pessoas no rio
Jordão implicava o sepultamento do velho ser delas e
a ressurreição do novo. Assim como o cruzar do rio
Jordão introduziu os filhos de Israel na boa terra, ser
batizado introduz as pessoas em Cristo, a realidade
da boa terra.
Sempre que alguém se arrependia na presença
de João, ele o colocava na água. De acordo com o
Novo Testamento, imergir alguém na água
primeiramente significava enterrá-lo, e em segundo
ressuscitá-lo. Assim, do lado negativo, o batismo
significa morte e sepultamento; e do lado positivo,
ressurreição. Em sua mensagem de apresentação,
João indicou que Deus suscitaria filhos vivos de
pedras mortas. Ao batizar os arrependi dos, João
indicou que eles e todo seu passado foram
terminados e sepultados. Sepultamento, entretanto,
não era o fim, porque resulta sempre em ressurreição.
Assim, por um lado, sepultamento é terminação, mas,
por outro, é também germinação. Aqueles a quem
João terminou no batismo foram ressuscitados, não
nele, mas Naquele que vinha após ele. O batismo de
João era um indicador de que Alguém estava vindo
para ressuscitar os mortos.
O batismo significa que nosso ser natural e todo
nosso passado devem ser terminados. Nosso ser e
nosso passado são bons apenas para serem
enterrados. Portanto, quando João, o sacerdote
genuíno, estava levando os outros a Deus e
introduzindo-lhes o Rei, ele terminava e sepultava
todos que vinham a ele em arrependimento,
indicando por meio disso que os que foram
sepultados por ele seriam levantados pelo Ressurreto.
Essa é a maneira de apresentar o legítimo caminho
para levar os arrependi dos ao Rei que os
ressuscitaria.
No Novo Testamento há dois ministérios: o
ministério de João e o ministério do Senhor Jesus. O
ministério de João é levar os outros a Deus
terminando-os e sepultando-os. Esses terminados e
sepultados necessitam da ressurreição que apenas
Cristo pode proporcionar. Por isso, Cristo veio após
João para ministrar vida para os mortos e sepultados.
Essa é a razão por que precisamos renascer, para ser
batizados na água e no Espírito. Ser batizado na água
é ter nossa vida natural e nosso passado terminados.
Ser batizado no Espírito é ter um novo começo sendo
germinados com a vida divina. Essa germinação é
possível apenas por meio de Cristo como o Espírito
que dá vida.
Alguém que é levado a Deus deve ser terminado
em Sua presença. Por um lado, é maravilhoso ser
introduzido na presença de Deus. Mas, por outro,
significa que você deve ser terminado. Se não for
terminado, você será morto. Por isso, ser introduzido
na presença de Deus é maravilhoso e sério, porque
significa que seremos terminados ou mortos. Os dois
filhos de Arão, Nadabe e Abiú, vieram à presença de
Deus, mas foram mortos pelo fogo (Lv 10:1-2).
Estarmos dispostos a ser terminados na presença de
Deus significa que estamos prontos a ser germinados,
ressurretos, a ter um novo início. Essa terminação é a
genuína maneira de apresentação. É o caminho de
preparação para levar-nos à presença do Rei a fim de
que Ele nos dê um novo início em ressurreição. Em
Mateus capítulo 3 temos urna forte terminação e
uma germinação prevalecente. Por meio dessa
terminação e germinação, o Rei conquista um povo e
o povo recebe o Rei.

2. Preparar as Pessoas para Receber Cristo


O versículo 3 diz: “Porque este é o referido por
intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no
deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as
suas veredas”. Este versículo revela que João Batista
foi alguém que preparou o caminho do Senhor e
endireitou as Suas veredas. Preparar o caminho do
Senhor e endireitar as Suas veredas é mudar a mente
das pessoas, converter a mente delas ao Senhor e
fazer reto o coração delas, fazer com que cada parte e
avenida seja endireitada pelo Senhor mediante o
arrependimento para o reino dos céus (Lc 1:16-17).
João Batista preparou o caminho e endireitou as
veredas. Isso indica que o caminho era acidentado,
cheio de montanhas e vales. Em alguns lugares era
muito baixo, e em outros muito alto. Mas João veio e
pavimentou o caminho, aplainando os montes,
preenchendo as brechas e tornando o caminho
regular e plano. João também endireitou as veredas
que eram cheias de curvas. O fato de João haver
pavimentado o caminho e endireitado as veredas
significa que seu ministério trata com a mente e o
coração.
Considere seu passado antes de ser salvo. Não
havia um caminho irregular dentro de você?
Certamente o caminho em sua mente estava cheio de
montanhas e vales. Antes de ser salvo, minha mente
era repleta de altos e baixos. Nada era plano. Ainda
mais, nas alamedas do seu pensamento, emoção,
vontade e desejo, havia muitas curvas. Um dia você
dizia que sua esposa era um anjo, no dia seguinte que
era um demônio. Isso mostra que sua emoção era
cheia de curvas. Antes de se arrepender, todas as
veredas dentro de você eram curvas; nada era reto.
Quando João Batista veio, ele ordenou às
pessoas que se arrependessem. O arrependimento
genuíno prepara o caminho e endireita as veredas.
Antes de me arrepender, minha mentalidade era
acidentada. Mas, pela misericórdia do Senhor, no dia
do meu arrependimento, todo meu ser interior
tornou-se aplainado. Desde a época do meu
arrependimento, cada avenida, alameda e vereda em
meu ser tem sido endireitada. Isso é para preparar-
nos para receber o Senhor, para preparar o caminho
para o Senhor e endireitar as Suas veredas. O
caminho para preparar as pessoas para receber o
Senhor é ajudá-los a se arrependerem. João Batista
parecia estar dizendo: “Vocês, filhos de Israel, estão
muito longe do Senhor. Sua mente é um caminho
acidentado, e sua emoção, vontade, desejo e intenção
são veredas curvas. Vocês precisam se arrepender e
endireitar cada avenida dentro do seu ser para que o
Senhor possa entrar”. Quando muitos ouviram a
palavra de João, eles se arrependeram e seu caminho
foi pavimentado e suas veredas endireitadas.
Portanto, o Rei pôde entrar. Esse é o verdadeiro
arrependimento. O genuíno arrependimento prepara
o caminho para o Senhor entrar como Rei. Posso
testificar que ao longo desse caminho pavimentado e
nessas veredas endireitadas, continuamente eu
desfruto o Senhor. Meu caminho está pavimentado, o
Senhor Jesus está andando dentro de mim, e junto à
minha vereda endireitada sempre tenho o Senhor
Jesus comigo. Esse é o caminho para preparar-nos
para receber Cristo, o Rei.
MENSAGEM 10

A UNÇÃO DO REI (3)

Nesta mensagem chegamos finalmente à unção


do Rei (3:13-17).

II. UNGIDO

A. Por Intermédio do Batismo


O versículo 13 diz: “Por esse tempo, dirigiu-se
Jesus da Galiléia para o Jordão, a fim de que João o
batizasse”. As duas palavras cruciais desse versículo
são Galiléia e Jordão. Esse versículo não diz que
Jesus foi de Belém a Jerusalém para ser santificado.
Diz que Ele veio da Galiléia ao Jordão para ser
batizado. Precisamos considerar o significado da
frase “da Galiléia para o Jordão”. Não é fácil ver por
que Jesus não veio de Belém, mas da Galiléia, e não
foi a Jerusalém, mas ao Jordão. Também precisamos
ver porque Ele foi a João, que era uma pessoa
“selvagem”, e não ao sumo sacerdote que deveria ser
uma pessoa culta e religiosa. Ainda mais, precisamos
saber por que Ele veio para ser batizado, não para ser
santificado.

1. Veio da Galiléia
No Novo Testamento, a Galiléia, uma região
desprezada, significa rejeição. Jesus não veio de
Belém porque naquele tempo Belém era um lugar de
honra e benquisto. Se você viesse de Belém, todos o
honrariam e lhe dariam boas-vindas calorosas. Mas
se viesse da Galiléia, todos o desprezariam e
rejeitariam. Jesus veio de tal lugar desprezado e
rejeitado. Esse lugar não foi rejeitado por Deus, mas
foi rejeitado pela religião e cultura. Todos aqueles
que vem à restauração do Senhor não procedem de
Belém, antes, procedem da Galiléia. Não tente vir de
um lugar de honra e benquisto, mas venha de um
lugar que é desprezado e rejeitado pela religião e
cultura. Mesmo se o presidente de uma nação
tomasse o caminho da igreja, ele também teria de ser
alguém vindo da Galiléia para o Jordão. Por muitos
anos de atenção e observação, tenho visto que os de
classe social alta que se voltaram ao caminho da
igreja foram desprezados e rejeitados pela religião e
cultura presente. Estou convicto de que se você ainda
é honrado e saudado pela religião e cultura atual, não
está no caminho da Galiléia para o Jordão. O
caminho da Galiléia para o Jordão é o caminho
correto para a igreja. O caminho da vida da igreja
hoje não é o de Belém para Jerusalém; é o da Galiléia
para o Jordão.
O caminho da igreja é um caminho estreito.
Ainda que não houvesse oposição à restauração do
Senhor, antes uma grande apreciação de todas as
organizações cristãs, o número daqueles que se
voltariam ao caminho da igreja ainda seria quase o
mesmo de hoje, simplesmente porque o caminho da
igreja é um caminho estreito. Quando alguns
ponderam a respeito da igreja, podem dizer: “Esse é o
reino dos céus. Certamente esse caminho deve ser
muito elevado”. Embora esse caminho seja elevado,
não é de acordo com o seu conceito. Antes, é uma
estrada da Galiléia para o Jordão.

2. Veio ao Jordão
Como enfatizamos, o Jordão era um lugar de
sepultamento e ressurreição. Assim, o Jordão
significa terminação e germinação. Os filhos de Israel
viajaram pelo deserto por quarenta anos, e por fim
foram todos enterrados no rio Jordão. Portanto, o
Jordão terminou, finalizou a história deles de
peregrinação no deserto, e concluiu a era de
peregrinação. Mas o Jordão também deu-lhes um
novo início, fê-los brotar e conduziu-os à uma nova
era. Foi o Jordão que fez sair os filhos de Israel do
deserto e entrar na boa terra, que é Cristo. Esse é o
significado do Jordão.
Na vida da igreja hoje nosso caminho é o da
Galiléia para o Jordão, o caminho da rejeição à
terminação e ressurreição. Todos precisamos dizer
àqueles que nos desprezam e rejeitam: “Adeus. Não
tentarei mais ser bem recebido por vocês. Irei ao
lugar onde posso ser terminado e germinado”. Na
vida da igreja não há honra; antes, há terminação.
Dia após dia somos terminados. Na igreja temos uma
mútua terminação. Terminamos uns aos outros todos
os dias, até mesmo cada dia. Mas é bom ser
terminado. A terminação não é o fim, é o princípio,
porque a terminação sempre leva à germinação.
Portanto, podemos testificar que cada terminação
toma-se uma germinação.
Algumas vezes as irmãs dizem: “Irmão Lee, a
vida da igreja é maravilhosa, mas é muito difícil para
nós, irmãs. Sabemos que os irmãos são os cabeças e
que as irmãs devem submeter-se a eles. Os irmãos
são bons, mas são também muito fortes. Não
podemos suportá-los. Muitas vezes eles quase nos
matam”. Sempre que ouço isso, digo: “Isso não é
bom? Quão bom é ser terminado. Não é bom as
irmãs serem mortificadas pelos irmãos?”
Poucos anos atrás fui convidado por
determinada igreja. Os irmãos de lá me disseram que
as irmãs eram tão emocionais e cheias de opiniões
que estavam encontrando muita dificuldade para ter
comunhão com elas. Eles simplesmente não sabiam
como lidar com aquela situação. Alguns dias depois,
algumas das muitas irmãs em questão convidaram-
me para almoçar. O propósito delas ao fazer isso era
ter uma oportunidade de expressar sua opinião.
Disseram-me que sua paciência estava esgotada
porque os irmãos eram tão fortes. Elas queriam que
lhes desse a maneira de continuar. Alguns dias antes
eu havia sido pressionado pelos irmãos, mas agora
estava sendo pressionado pelas irmãs. Vi que aquela
era uma terminação terrível e séria tanto para os
irmãos como para as irmãs. Os irmãos e as irmãs
estavam sendo terminados. Mas aquela mútua
terminação é muito positiva. Você não ama ser
terminado? Se você nunca foi terminado na vida da
igreja, prepare-se. Asseguro-lhe que aqui todos
seremos terminados, porque estamos no caminho da
Galiléia para o Jordão.
Quando os novos irmãos vêm para a vida da
igreja, dizem: “Aleluia! Eu vi a vida da igreja! Que
maravilhoso!” Sempre que ouço isso, digo por
dentro: “Sim, é maravilhoso, mas espere por algum
tempo. Cedo ou tarde, essa maravilhosa vida da
igreja terminará você”. Na vida da igreja tenho sido
terminado dezenas de vezes. Experimentei pelo
menos dez grandes terminações. Fui terminado em
Chefoo, Xangai, Taipé, Manila, Los Angeles e
Anaheim. A esplêndida vida da igreja certamente é
uma vida de terminação. A maravilhosa vida da
igreja termina com todos nós. Prepare-se para ser
terminado. Os que estão na igreja por apenas um
curto período, provavelmente estão ainda na lua de
mel da igreja. A lua de mel é ótima. Mas como todos
os casais sabem, a lua de mel por fim transforma-se
em terminação. Quase todos os maridos terminaram
com a esposa, e todas as esposas terminaram com o
marido. Mas essa terminação é muito positiva porque
leva à germinação. Aleluia, terminação resulta em
ressurreição.
A vida da igreja realmente é maravilhosa, mas
não segundo os nossos conceitos. A maravilhosa vida
da igreja mais cedo ou mais tarde terminará com
todos nós. Ela terminará e germinará você. Asseguro-
lhe que tudo o que você é, tudo o que você tem e tudo
o que pode fazer será terminado. Pode levar dez anos
de história para completar isso. Os que estão na
igreja por dez anos podem testificar que cada parte
do seu ser tem sido terminada. Quanto mais tempo
estamos na igreja, mais somos terminados. A
princípio, a experiência de terminação é amarga. Mas
depois toma-se doce. Hoje para mim é doce ser
terminado. Após alguns anos sendo terminado na
vida da igreja, você ficará feliz por isso ocorrer. No
início quando é terminado na vida da igreja você se
sente envergonhado. Gradualmente, entretanto, isso
toma-se uma experiência doce. Estamos no caminho
da Galiléia para o Jordão, do lugar de rejeição ao
lugar de terminação.
É nesse lugar de terminação que encontramos o
Rei. Aqui, na vida da igreja, é onde O encontramos.
Desde quando vim para a vida da igreja, tenho sido
levado ao Senhor mais e mais. Dia após dia, a vida da
igreja leva-me a Cristo e traz Cristo, o Rei, a mim.
Finalmente, o reino está aqui. Essa é a razão porque a
vida da igreja é o reino.
Fui ensinado pelos Irmãos Unidos que o reino
foi suspenso até um tempo no futuro. Também que a
igreja hoje não era o reino. Mas em minha
experiência gradualmente percebi que todas as vezes
que fui terminado fui levado ao Rei e o Rei foi trazido
a mim. Em minha experiência essa era a realidade do
reino. Foi por intermédio da experiência que pela
primeira vez vim a conhecer que a vida da igreja é o
reino. Minha experiência me disse que o
ensinamento que recebi dos Irmãos Unidos com
respeito ao reino não era correto. De acordo com a
minha experiência, sabia que estava no reino. Cada
vez que era terminado, eu encontrava o meu Rei, e o
reino estava presente.
Isso não é uma questão de doutrina; é uma
questão de experiência. Mais tarde, estudando o
Novo Testamento, recebi luz nessa questão, e a
minha experiência foi confirmada. Agora posso
ousadamente dizer que de acordo com o Novo
Testamento o reino está aqui hoje. Porque não têm
sido terminados, alguns mestres cristãos dizem que o
reino foi suspenso até algum tempo no futuro. Eles
não foram levados ao Rei, e o Rei não foi trazido a
eles. Assim, em sua experiência diária, eles não têm o
reino. Entretanto, após vocês terem sido terminados
no caminho da Galiléia para o Jordão, o Rei e o reino
estarão presentes.

3. Batizado por João


O Senhor Jesus veio da Galiléia para o Jordão
para ser batizado por João. Como um homem, o
Senhor Jesus veio para ser batizado por João Batista
conforme a maneira de Deus no Novo Testamento.
Dos quatro Evangelhos apenas João não dá um
registro do Senhor sendo batizado, porque ele
testifica que o Senhor é Deus. Mateus 3:13 não diz
que Jesus veio a João para ser santificado; diz que
Ele veio para ser batizado. Embora muitos cristãos
gostem de ser santificados, ninguém gosta de ser
batizado no sentido de ser terminado e sepultado. Ser
batizado é ser terminado. Se lhe dissesse que a igreja
não o santificará, antes o terminará, você fugiria da
igreja e diria: “Não quero ficar aqui. Quero ser
santificado. Quero que a igreja faça-me mais santo”.
Mas a igreja primeiramente não o tornará mais santo,
ela o terminará mais e mais.
A igreja não é primeiramente uma igreja que
santifica, mas que batiza. Considere o caso do Senhor
Jesus. Ele era o verdadeiro Pastor. Um pastor sempre
toma a liderança. Como o Rei-Pastor, o Senhor Jesus
tomou a liderança de andar da Galiléia para o Jordão
a fim de ser batizado. Ele não veio ao

4. Para Cumprir Toda a Justiça


Jordão para ser entronizado, mas para ser
colocado na morte, para ser sepultado.
Os versículos 14 e 15 dizem: “Ele, porém, o
dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por
ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa
por enquanto, porque assim nos convém cumprir
toda a justiça. Então ele o admitiu”. João não
entendeu muito bem; ele se perguntou como Jesus
poderia ser batizado por ele, e achou que ele é que
deveria ser batizado por Jesus. Isso indica que João
estava ainda um tanto em sua vida natural. Embora ti
vesse sido saturado do Espírito Santo por mais de
trinta anos, algum elemento natural ainda
permanecia. Sua palavra no versículo 14 foi proferida
totalmente de acordo com o seu conceito natural.
Assim, ao responder-lhe, o Senhor parecia dizer:
“Você deve permitir-Me ser batizado. Não me frustre
por causa do seu conceito natural. Não pense que
porque sou mais poderoso não preciso ser batizado
por você. Permita-me ser batizado para que possa
cumprir toda justiça”.
Justiça é ser justo ao viver, andar e fazer as
coisas da maneira que Deus ordenou. No Antigo
Testamento, justiça era guardar a lei dada por Deus.
Agora Deus enviou João Batista para ordenara
batismo. Ser batizado é também cumprir a justiça
perante Deus, isto é, cumprir as exigências de Deus.
O Senhor Jesus veio a João, não como Deus, mas
como um homem típico, um verdadeiro israelita.
Portanto, Ele deve ser batizado para guardar essa
prática dispensacional de Deus; do contrário, Ele não
seria justo com Deus.
Justiça é uma questão de ser justo com Deus.
Suponha que Deus abra uma porta no teto de uma
sala e diga que aquela é a maneira apropriada de
entrar lá. Alguém que não entra na sala através
daquela porta não é justo com Deus. Tal vez você
diga: “Não concordo em entrar na sala através
daquela porta. De acordo com a minha concepção,
essa porta não está certa. A porta da frente ou a do
lado é a porta correta”. Sua maneira pode estar certa
aos seus olhos, mas não aos olhos de Deus. Justiça
não é uma questão da sua opinião; é uma questão da
ordenação de Deus.
Na época de João Batista, o batismo era a
maneira ordenada por Deus. Alguém que quisesse
entrar no reino dos céus tinha de passar pelo portão
do batismo de João. Nem mesmo Jesus Cristo
poderia ser uma exceção. Mesmo Ele teve de passar
por esse portão. Caso contrário, Ele teria faltado com
a justiça de passar por essa entrada. Depois que o
Senhor respondeu-lhe dessa maneira, João entendeu
e O batizou.
Ser batizado é ser justo aos olhos de Deus. A
terminação e a germinação são justiça diante de Deus.
Quem foi batizado, terminado, germinado, é justo
para com Deus. A economia de Deus é terminar
nosso homem natural e germinar-nos com uma nova
vida. Se quisermos ser justos para com Deus,
devemos ser terminados em nossa vida natural e
germinados com Sua vida divina. A terminação e a
germinação são a mais elevada justiça. O Senhor
Jesus, como o Rei do reino dos céus tomou a
liderança para ser terminado. Desse modo, Ele
cumpriu a justiça aos olhos de Deus. Assim, Ele era a
pessoa correta para estabelecer o reino dos céus.
O Senhor foi batizado não apenas para cumprir a
justiça segundo a ordenação de Deus, mas também
para permitir a Si me mo ser colocado na morte e
ressurreição para que pudesse ministrar, não de uma
maneira natural, mas em ressurreição. Ao ser
batizado Ele viveu e ministrou em ressurreição
mesmo antes da Sua efetiva morte e ressurreição três
anos e meio depois. Segundo o nosso entendimento,
o Senhor Jesus foi levado à morte na cruz e
ressuscitou no terceiro dia. Mas aos olhos de Deus e
de acordo com a percepção do Senhor, Ele foi posto
na morte três anos e meio antes da Sua crucificação.
Antes de iniciar Seu ministério, Ele já foi colocado na
morte e ressuscitou. Assim, Ele não ministrou de
uma maneira natural. Seu ministério foi
absolutamente em Sua vida de ressurreição. Por isso,
Ele entrou. pelo portão da justiça e percorreu a
vereda da justiça. Tudo o que Ele fez nesse caminho
foi justo.
Quando o Senhor Jesus voltar, muitos Lhe dirão:
“Senhor, Senhor! Porventura, não temos profetizado
em teu nome, e em teu nome não expelimos
demônios, e em teu nome não fizemos muitos
milagres?” (7:22). O Senhor dirá a eles: “Nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniqüidade” (7:23). O Senhor parecerá dizer: “Você é
um iníquo. Nunca o aprovei nem concordei com o
que fez, porque não fez em ressurreição. Todas as
coisas boas que realizou foram em seu homem
natural e em sua vida natural. Você não é justo; você
é iníquo”. Por intermédio do batismo, o Senhor Jesus
entrou pelo portão da justiça, então percorreu
continuamente o caminho da justiça. Portanto, Ele
era o Justo, a Justiça (At3:14; 7:52; 22:14).

B. Com o Espírito Santo


Mateus 3:16 diz: “Batizado Jesus, saiu logo da
água, e eis que se Lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre
Ele”. Jesus não apenas foi ungido por meio do
batismo, mas Ele foi também ungido com o Espírito
Santo.

1. Levantado da Água
Em Seu batismo o Senhor foi levantado da água.
Isso significa que após Sua morte e sepultamento, Ele
foi levantado da morte.

2. Os Céus Foram Abertos para Ele


O batismo do Senhor para cumprir a justiça de
Deus e para ser colocado na morte e ressurreição
trouxe-Lhe três coisas: os céus abertos, a descida do
Espírito de Deus e o falar do Pai. O mesmo deve
ocorrer conosco hoje.
Porque o Senhor Jesus foi batizado, cumprindo a
justiça de Deus, os céus foram abertos para Ele, o
Espírito Santo desceu sobre Ele e o Pai falou a
respeito Dele. O fato de ser batizado para cumprir a
justiça de Deus agradou a Deus. Assim, Seu batismo
abriu os céus, trouxe o Espírito Santo e abriu a boca
do Pai. O caminho para que tenhamos um céu aberto,
a descida do Espírito e o falar do Pai é ser terminado.
Muitos de nós podem testificar que sempre que
temos sido terminados, os céus têm sido abertos. Ao
contrário, sempre que fomos bem acolhidos e
honrados, os céus se fecharam. Quando somos
terminados na vida da igreja, os céus são abertos.
Ainda mais, cada terminação faz descer o Espírito
Santo e abre a boca do nosso Pai celestial. Nessa hora
o Pai dirá: “Meu amado”. Posso testificar que os
momentos mais doces do falar de Deus para mim
foram os momentos de terminação. Talvez estivesse
terminado em lágrimas, mas minha terminação abriu
a boca do Pai, que me falou uma palavra doce. Ele
apenas disse: “Meu filho amado”. Essa simples
palavra é suficiente. É cheia de misericórdia e graça.
Que alívio e força é Ele dizer: “Meu amado filho”. Na
vida da igreja temos muitas experiências como essa.
Porém, raramente tais coisas acontecem fora da
igreja. Na vida da igreja, quando somos terminados,
os céus são abertos, o Espírito vem e o Pai fala.
Temos um céu aberto, um Espírito ungindo e um Pai
falando.

3. O Espírito de Deus Desceu sobre Ele


O versículo 16 diz: “Batizado Jesus, saiu logo da
água, e eis que se Lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre
Ele”. Antes de o Espírito de Deus descer e recair
sobre Ele, o Senhor Jesus nasceu do Espírito (Lc
1:35), o que provava que Ele já tinha o Espírito de
Deus dentro Dele. Isso foi para o Seu nascimento.
Agora, para o Seu ministério, o Espírito de Deus
desceu sobre Ele. Isso foi para o cumprimento de
Isaías 61:1; 42:1 e Salm0 45:7, para ungir o novo Rei
e apresentá-lo a Seu povo.
Uma pomba é simples, e seus olhos podem ver
apenas uma coisa de cada vez. Portanto, a pomba
representa simplicidade e singeleza na visão e
propósito. Porque o Espírito de Deus desceu como
pomba sobre Ele, o Senhor Jesus ministrou em
simplicidade e singeleza, voltado unicamente à
vontade de Deus.
O Senhor Jesus foi concebido do Espírito Santo
(1:18, 20). Ele nasceu do Espírito Santo e foi
constituído Dele. a Espírito Santo era Seu
constituinte. Entretanto, Ele ainda precisava do
batismo do Espírito Santo, do Seu derramar. Quando
estava no ventre da virgem Maria, Ele foi constituído
com o Espírito Santo. Isso significa que Ele era uma
constituição do Espírito Santo. Aquilo era algo
interior. Exteriormente, Ele ainda precisava do
Espírito Santo para derramar-se sobre Ele.
Visto que o Espírito já estava em Jesus antes de
Ele ser batizado, por que o Espírito desceu sobre Ele?
São dois Espíritos? a Espírito de Deus não estava em
Jesus? Certamente estava. Então, por que o Espírito
ainda desceu sobre Ele? a Espírito que estava dentro
Dele era diferente do Espírito que desceu sobre Ele?
a Espírito que desceu sobre Ele é outro Espírito além
daquele que já estava dentro Dele? Se disser que
esses dois eram um Espírito, eu perguntaria como
esses dois Espíritos podem ser um. O mesmo Espírito
que já habitava no Senhor Jesus desceu sobre Ele.
Jesus tinha ou não o Espírito? Sim, Ele tinha. Por
que então o Espírito ainda desceu sobre Ele? Estou
aqui com você. Uma vez que estou aqui, como ainda
poderia vir a você? Embora não seja possível para eu
estar aqui e contudo ainda estar vindo, não é
impossível quanto à Pessoa divina. O Senhor é
maravilhoso. Ao mesmo tempo, Ele tanto pode estar
aqui como estar vindo. Cristo está em você ou Ele
está nos céus? Ele está tanto em nós como nos céus.
Assim, o Senhor tanto está aqui como está vindo.

4. O Pai Falou a Ele


O versículo 17 diz: “E eis uma voz dos céus, que
dizia: Este é o Meu Filho amado, em quem Me
comprazo”. Enquanto a descida do Espírito era o
ungir de Cristo, o falar do Pai era um testemunho
Dele como o Filho amado. Aqui está uma figura da
Trindade divina: o Filho saiu da água, o Espírito
desceu sobre o Filho e o Pai falou quanto ao Filho.
Isso prova que o Pai, o Filho e o Espírito existem
simultaneamente. Isso é para o cumprimento da
economia de Deus.
MENSAGEM 11

A UNÇÃO DO REI (4)

III. TESTADO
Nesta mensagem chegamos ao teste do Rei
recém-designado (4:1-11). Após ter sido ungido, o
Senhor foi testado. Na administração de Deus a
seqüência é sempre escolha, unção e teste. Há uma
ilustração disso na vida conjugal. Antes de se casar,
você certamente fez uma escolha. Entre os muitos
com os quais poderia ter casado, você escolheu um.
Após a escolha, veio a designação e após a designação
veio o teste. Quase todos os casais são malsucedidos
no teste conjugal. Embora sejamos bem-sucedidos na
designação, não o somos no teste.
Depois que o Rei celestial foi ungido e designado,
foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser
testado. Ele não foi ao deserto por Si mesmo; Ele foi
guiado até lá pelo próprio Espírito Santo que desceu
sobre Ele. Na vida conjugal, Deus também nos
conduzirá ao teste. Um bom número de irmãos e
irmãs jovens se queixam para Deus, dizendo:
“Senhor, antes de me casar eu orei tanto. Por fim Tu
me disseste que era Tua vontade que eu casasse com
essa pessoa, que era essa quem tinhas preparado
para mim. Senhor, Tu sabes que no início eu não
estava interessado, mas pela Tua soberania Tu
providenciaste para que nos uníssemos. Mas olhe
para a situação hoje. Olhe para essa pessoa que Tu
me deste. Tu erraste, ou eu?” Nem o Senhor nem
você errou. Esse é o teste do Senhor.
Creio que todos os casamentos são soberania, até
mesmo aqueles que parecem ser os mais errados.
Nada acontece aos filhos de Deus sem a Sua
permissão soberana. Sabemos que todas as coisas
cooperam para o nosso bem (Rm 8:28), incluindo até
aqueles casamentos aparentemente errados. Quem
sabe qual é o casamento certo? Tenho experiência de
muitos anos na vida conjugal. Quarenta e cinco anos
atrás, poderia falar a outros definitivamente,
claramente e enfaticamente qual era o casamento
certo. Mas se me perguntasse hoje, eu diria: “Não
posso sabê-lo até que entremos na eternidade. Após
tantos anos de experiência na vida conjugal,
sinceramente não sei o que é um casamento certo”.
Mas aprendi que todo casamento sob a soberania de
Deus é correto. Portanto, todos vocês têm o
casamento certo. Irmão, sua esposa é a esposa certa
para você. Irmã, seu marido é o marido certo para
você. Se crê nisso ou não, você não pode fugir da sua
situação. Depois de alguns anos de casado, os jovens
e os de meia-idade podem concluir que cometeram
um erro e que se pudessem fazê-lo de novo o fariam
diferentemente. Posso assegurar-lhe que mesmo se
pudesse fazer de novo muitas vezes, você ainda
sentiria que cometeu um erro. Quase todos aqueles
que estão para se casar pensam que fizeram a escolha
certa, mas após alguns anos por vezes sentirão que
cometeram um erro. A razão para isso é que Deus
testa-nos na vida matrimonial.
O Senhor nos testa não apenas na vida conjugal,
mas também na vida da igreja. No princípio
experimentamos uma lua-de-mel na vida da igreja.
Estávamos desfrutando a vida gloriosa da igreja e
tudo era maravilhoso. Contudo mais cedo ou mais
tarde seremos testados. Cada irmão que é posto na
liderança é testado, e o teste geralmente vem de
outros líderes. Talvez no início em sua localidade
você fosse oúnico líder. Você estava procurando por
alguns outros para ajudá10, e mais tarde dois foram
acrescentados. Após vários meses, os três foram
testados uns pelos outros. O Senhor permite isso. Na
economia de Deus, após sermos designados para
alguma coisa, sempre seremos testados. Se o Senhor
Jesus precisou de um teste, que dizer de nós?
Por muitos anos não fui capaz de entender
completamente esta porção da Palavra. Embora
tenha ouvido várias mensagens a respeito dessa
passagem, nenhuma delas verdadeiramente tocou o
ponto principal. Para termos um completo
entendimento precisamos ver que na economia de
Deus sempre seremos testados após termos sido
ungidos e designados para alguma coisa. Nem
mesmo o Senhor Jesus foi uma exceção. Como
veremos, em princípio, todos os testes são o mesmo.

A. Levado pelo Espírito


Mateus 4:1 diz: “Então foi Jesus levado pelo
Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo”.
Após ser batizado na água e ungido com o Espírito de
Deus, Jesus, como um homem, moveu-se conforme a
liderança do Espírito. Isso indica que Seu ministério
real em Sua humanidade estava de acordo com o
Espírito.
Antes de tudo, o Espírito liderou o Rei ungido
para ser tentado pelo diabo. Essa tentação era um
teste para comprovar que Ele estava qualificado para
ser Rei do reino dos céus. A palavra grega traduzida
para diabo é diabolos, que significa acusador,
difamador (Ap 12:9-10). O diabo, que é Satanás, nos
acusa diante de Deus e nos difama diante do homem.

B. Jejuou Quarenta Dias e Quarenta Noites


O versículo 2 diz que o Senhor jejuou quarenta
dias e quarenta noites. Esses quarenta d9:9, 18; 1Rs
19:8). O Rei recém ungido foi levado pelo Espírito
para jejuar por tal período para que pudesse assumir
Seu ministério real.

C. As Tentações do Tentador

1. Transformar Pedras em Pães


O primeiro teste foi na questão do vi ver humano,
na questão essencial do viver. Nossos parentes em
geral, especialmente os da geração mais antiga,
sempre se preocupam em como ganharemos a vida.
Eles podem dizer: “Está certo amar o Senhor, mas
não O ame de uma maneira tola. Você deve
considerar sua necessidade de ganhar bem a vida”.
Quando em 1933 fui encarregado pelo Senhor e
dirigido por Ele a deixar meu emprego, meus
parentes disseram: “Você tem um bom emprego. Está
ganhando um bom dinheiro para cuidar da sua
família e ajudar os outros. Você pode falar aos
domingos e se ocupar com reuniões à noite durante a
semana. Por que deve largar seu emprego? Muitos
desejam ansiosamente um emprego como esse, mas
não têm oportunidade de obtê-lo. Mas você o está
abandonando. Perguntamos como você será capaz de
sustentar-se. Não sabemos como cuidará da sua
esposa e filhos”. Eu não dei ouvidos ao conselho deles,
e eles não conseguiram desencorajar-me a deixar o
emprego para servir o Senhor em tempo integral.
Muitas vezes minha parentela até mesmo enviou seus
filhos pequenos para espiar nossa cozinha para ver se
tínhamos o que comer. Eles estavam preocupados
que pudéssemos estar morrendo de fome. A questão
do nosso viver toca-nos profundamente, e até mesmo
o Senhor Jesus foi testado quanto a isso.
O Senhor foi levado a jejuar por quarenta dias e
quarenta noites. Após esses quarenta dias e quarenta
noites, Ele estava fisicamente faminto, e o tentador
veio aEle e disse: “Se és Filho de Deus, manda que
estas pedras se transformem em pães” (v. 3). A essa
proposta o Senhor respondeu: “Não só de pão viverá
o homem, mas de toda palavra que procede da boca
de Deus” (v. 4). Muitos cristãos pensam que porque
estava jejuando nesse tempo o Senhor não comeu
nada. Entretanto, essa palavra revela que enquanto o
Senhor Jesus estava jejuando, Ele estava comendo.
Fisicamente Ele estava jejuando, mas
espiritualmente Ele estava comendo.
Aqui vemos um princípio importante. No
ministério e economia do Senhor, se não soubermos
como reduzir nossas necessidades físicas e cuidar da
necessidade espiritual, não estamos qualificados para
o Seu ministério. Para sermos qualificados no
ministério do Senhor, devemos ser testados.
Devemos renunciar às nossas exigências físicas. Uma
boa vida, boa comida, boas roupas e moradia
adequada são todos secundários. Comer o alimento
espiritual é primário. Imediatamente após Seu
batismo, o Senhor Jesus foi levado a uma situação
onde poderia declarar a todo o uni verso que Ele não
se importava com as necessidades físicas, mas que se
importava apenas com as necessidades espirituais.
Por quarenta dias e quarenta noites, Ele renunciou a
todo alimento físico, esquecendo-se das exigências
físicas. Todavia, Ele cuidou da necessidade espiritual.
Embora não tenha comido para nutrir Seu corpo, Ele
comeu muito para o sustento do Seu espírito. Satanás
estava absolutamente errado ao pensar que o Senhor
Jesus não comeu naqueles dias no deserto. Enquanto
estava jejuando do alimento físico, estava comendo
do alimento espiritual. Esse é o teste na questão do
nosso vi ver.
Muitas esposas não são capazes de resistir a esse
teste. Toda esposa é muito preocupada com sua
segurança. As esposas desejam ter uma boa
alimentação, roupa e moradia. Em outras palavras,
elas desejam uma boa vida. Isso tomou-se um
problema para muitos irmãos. Embora tivessem um
coração para tomar o caminho da igreja, suas esposas
não estavam dispostas a segui-los porque não havia
garantia de uma vida boa. Muitos de nós podem
testificar que, quando no início tomamos o caminho
da igreja, nossas esposas disseram: “E quanto ao
nosso futuro? E quanto ao nosso viver? E quanto à
nossa alimentação, roupa e moradia?” Esse é um
teste que devemos enfrentar se quisermos tomar o
caminho da igreja e andar no caminho da economia
de Deus.
O primeiro teste pelo qual devemos passar é o
teste com respeito ao nosso vi ver. Devemos nos
importar com o alimento espiritual mais do que com
o alimento físico. Se vivemos ou morremos é
secundário. Apenas nos preocupamos em que o
nosso espírito seja alimentado, que nosso espírito
deleite-se na Palavra de Deus, no próprio Deus.
Alguns pastores, missionários e mestres da
Bíblia viram o caminho da igreja e conversaram
claramente comigo sobre isso. Entretanto,
percebendo que esse caminho é estreito, ficaram
preocupados com o que aconteceria com sua vida se o
seguissem. As esposas de muitos desses amados
simplesmente não concordavam que o marido
tomasse esse caminho estreito. Sabiam que o padrão
de vida delas seria reduzido, caso seguissem o
caminho da igreja.
Há quarenta e cinco anos, na China, esse
caminho de fato era estreito e estávamos diariamente
sendo testados quanto ao nosso viver.
Freqüentemente apenas um dólar livrava alguns de
nós de nada ter para comer. A fim de tomar esse
caminho estreito, tínhamos de viver pela fé em Deus.
Embora fosse difícil, vivemos pela fé por muitos anos.
Posso testificar que banqueteamos em Deus e na Sua
Palavra naqueles dias de teste quando nosso padrão
de vida foi grandemente reduzido. Nossa experiência
era a mesma que a do Senhor Jesus no deserto. Ele
não escolheu ir ao deserto nem foi para lá pela Sua
própria preferência. Ele foi levado pelo Espírito
Santo. Semelhantemente fomos levados por Deus ao
deserto da vida da igreja. Cinqüenta anos atrás, a
igreja verdadeiramente estava no deserto. Quase
todos os dias éramos testados quanto ao que
comeríamos à noite. Mas aquela foi a época em que
desfrutamos um banquete na Palavra de Deus. Por
um lado, não tínhamos muito alimento físico para
comer, mas, por outro, banqueteamos na rica Palavra.
A princípio é o mesmo hoje na vida da igreja. Ao
tomar o caminho da igreja, o primeiro teste que
encontraremos é o de reduzir nosso padrão de vida.
Esse é o teste na esfera do nosso viver físico. Todos os
que tomarem o caminho da igreja serão testados
nessa questão do seu viver diário. Seremos testados a
mostrar a todo o universo que nossa preocupação
não está no alimento físico, mas no alimento
espiritual. Naqueles dias no deserto, Jesus não estava
preocupado com o Seu alimento físico, mas com a
Sua comida espiritual. Fisicamente Ele estava
jejuando, contudo estava se alimentando da Palavra
de Deus. No deserto Ele não vi via só pelo pão, Ele
vivia pela Palavra de Deus.

a. Tentado a Abandonar a Posição de


Homem para Admitir Ser o Filho de Deus
Agora chegamos ao ponto principal do primeiro
teste. Na época do batismo de Cristo, o Pai abriu os
céus e declarou: “Este é o Meu Filho amado” (3:17).
Uma voz do céu declarou que um pequeno homem de
Nazaré era o Filho amado de Deus, o Pai.
Imediatamente depois que essa declaração foi feita, o
Espírito Santo levou esse homem ao deserto a fim de
ser testado para ver se Ele se preocuparia com Sua
vida física ou com Sua vida espiritual. Então, baseado
na declaração de Deus, o Pai, o tentador veio tentar
esse homem, dizendo: “Se és Filho de Deus, manda
que estas pedras se transformem em pães” (v. 3).
Satanás parecia dizer: “Ouvimos, quarenta dias atrás,
a declaração de Deus, o Pai, que Você era o Filho
amado. Agora se Você é realmente o Filho de Deus,
faça algo para provar. Simplesmente diga: 'Pedras,
quero que se transformem em pães. Se é o Filho de
Deus, Você deve provar a Si mesmo e a mim e a todos
em todo o universo fazendo algo que ninguém mais
pode fazer”.
O Rei recentemente ungido jejuou em Sua
humanidade, mantendo-se na posição de um homem.
Entretanto, Ele era também o Filho de Deus, como
Deus, o Pai, havia declarado no Seu batismo. Para
realizar Seu ministério para o reino dos céus, Ele
tinha de derrotar o inimigo de Deus, o diabo, Satanás.
Isso Ele deve fazer como um homem. Portanto, Ele
permaneceu como um homem para enfrentar o
inimigo de Deus. O diabo, sabendo disso, tentou-O a
deixar Sua posição de homem e assumir Sua posição
como o Filho de Deus. Quarenta dias antes, Deus, o
Pai, declarou dos céus que Ele era o Filho amado do
Pai. O sutil tomou aquela declaração de Deus, o Pai,
como base para tentá-Lo. Se admitisse Sua posição
como o Filho de Deus diante do inimigo, Ele teria
perdido a posição para derrotá-lo.
Fazer pedras tornarem-se pães certamente seria
um milagre. Isso foi proposto pelo diabo como uma
tentação. Muitas vezes o pensamento de realizar um
milagre em certas situações é uma tentação do diabo.
A tentação do diabo ao primeiro homem, Adão, era
quanto à questão do comer (Gn 3:1-6). Agora sua
tentação ao segundo homem, Cristo, também é
quanto à questão de comer. Comer é sempre uma
cilada usada pelo diabo para enganar o homem.

b. Derrotou o Tentador por Permanecer na


Posição de um Homem
O versículo 4 diz: “Jesus, porém, respondeu:
Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de
toda palavra que procede da boca de Deus”. O
tentador tentou o novo Rei a tomar Sua posição como
Filho de Deus. Mas Ele respondeu com a Palavra das
Escrituras, “Homem”, indicando que Ele estava na
posição de homem para tratar com o inimigo. Os
demônios dirigiram-se a Jesus como o Filho de Deus
(8:19), mas os espíritos malignos não confessaram
que Jesus veio em carne (1Jo 4:3), porque se
confessassem Jesus como um homem, seriam
derrotados. Embora os demônios confessem Jesus
como o Filho de Deus o diabo não quer que as
pessoas creiam que Jesus é o Filho de Deus, porque
fazendo isso serão salvas (J 020:31).
A palavra “homem” falada pelo Senhor Jesus ao
tentador era uma palavra mortal. O Senhor parecia
estar dizendo: “Satanás, não Me tente a assumir
Minha posição como o Filho de Deus. Estou aqui
como um homem. Se Eu fosse apenas o Filho de Deus,
nunca poderia estar aqui, nunca poderia ser tentado
por você. Mas porque sou um homem, estou sendo
tentado. Satanás, sei que você não teme o Filho de
Deus, mas teme o homem. O primeiro homem, o
homem que Deus criou para derrotá-lo e cumprir o
Seu propósito, foi derrotado por você. Assim, Deus
enviou-Me como o segundo homem para derrotá-lo.
Agora você está Me tentando a deixar Minha posição
como homem para assumir Minha posição como o
Filho de Deus. Mas digo-lhe, Satanás, Eu estou aqui
como um homem”.
Embora os demônios gritassem “Filho de Deus”,
os espíritos malignos não confessavam que Jesus
veio como um homem. Eles admitem que Ele é o
Filho de Deus, mas não reconhecem que Ele é um
homem. A razão pela qual os espíritos malignos não
querem que alguém creia que Cristo é o Filho de
Deus é que quem o fizer será salvo. Mas eles não
ousavam reconhecer Jesus como um homem, porque
se o fizessem, seriam derrotados. Ao lidar com os
demônios, Jesus é o Filho do homem. Ao salvar-nos
como pecadores, Ele é o Filho de Deus. Quando
cremos Nele como o Filho de Deus, somos sal vos.
Mas se os demônios O reconhecessem como o Filho
do homem, seriam derrotados. Portanto, o Senhor
Jesus posicionou-se fortemente como um homem
para derrotar Satanás. Nesse primeiro teste, Satanás
foi derrotado porque Jesus tomou a posição de um
homem.
O Rei recém-ungido enfrentou a tentação do
inimigo não pela Sua própria palavra, mas pela
palavra das Escrituras, citando Deuteronômio 8:3.
Essa palavra indica que o Senhor Jesus tomou a
palavra de Deus nas Escrituras como Seu pão e viveu
por ela. A palavra grega traduzida para “palavra” no
versículo 4 é rhema. Rhema, a palavra instantânea,
difere de logos, a palavra constante. Nessa tentação,
todas as palavras citadas de Deuteronômio pelo
Senhor eram logos, a palavra constante nas
Escrituras. Mas quando Ele as citou, elas tomaram-se
rhema, a palavra instantânea aplicada à Sua situação.
Toda Escritura é soprada por Deus (2Tm 3:16).
Assim, as palavras nas Escrituras são as palavras que
procedem da boca de Deus.

2. Atirar-se do Pináculo do Templo

a. Tentado a Fazer uma Exibição para que


Deus O Protegesse
O versículo 5 diz: “Então o diabo O levou à
cidade santa e O colocou sobre o pináculo do templo”.
A primeira tentação do diabo ao novo Rei foi na
questão do vi ver humano. Derrotado I, nisso, ele
passou à segunda tentação, a da religião, tentando o
novo Rei a demonstrar que Ele é o Filho de Deus se
atirando do pináculo do templo. No versículo 6 o
diabo disse-Lhe: “Se és Filho de Deus, atira-Te
abaixo, porque está escrito: Aos Seus anjos ordenará
a Teu respeito: Eles Te susterão nas mãos, para não
tropeçares em alguma pedra”. Não havia necessidade
de o Senhor Jesus fazer isso. Era simplesmente uma
tentação mostrar que como o Filho de Deus Ele era
capaz de fazer algo miraculoso. Qualquer
pensamento de fazer coisas miraculosamente na
religião é uma tentação do diabo.
O segundo teste é uma questão de religião. Na
religião a coisa mais excitante são milagres. Segundo
o conceito humano, toda religião que não tem
milagres é sem poder; a religião mais poderosa é uma
religião de milagres. Por isso, Satanás levou o novo
Rei ao pináculo do templo e tentou-O a lançar-Se de
lá dizendo que os anjos O protegeriam. Não pense
que você nunca teve o pensamento de fazer esse tipo
de coisa. No início eu pensava em fazer coisas para
mostrar que era uma pessoa sobrenatural e que tinha
poderes sobrenaturais. Você não teve esse tipo de
conceito em sua vida cristã? Algumas vezes somos
testados quando há a necessidade de fazer algo, e em
outras vezes somos testados quando não há tal
necessidade. Nesse caso, não havia necessidade de
Jesus atirar-se do pináculo do templo.
Algumas vezes parece ser preciso realizar um
milagre. Certa vez meu cunhado mais novo ficou
seriamente doente. Naquele tempo fui tentado a fazer
uma auto-exibição, orando pela sua cura. Eu pensei:
“Agora é a hora para provar à minha parentela que
sou uma pessoa maravilhosa. Farei apenas uma
oração e meu cunhado será curado. A Bíblia não diz
que Jesus cura, que Ele é o mesmo ontem, hoje e
sempre, e que devemos orar pelos outros? Se fizer
esse milagre para meu cunhado, minha sogra será
convencida que sou uma pessoa sobrenatural. Aos
olhos dela sou tão religioso, diariamente falando
sobre Deus, Cristo e a fé. Imagine que aconteceria se
eu fosse ao meu cunhado e dissesse: 'Senhor Jesus,
cura-o', e imediatamente ele se levantasse! Não
apenas ele seria curado, mas eu seria reconhecido.
Que pessoa maravilhosa eu seria aos olhos da minha
sogra!” Aquela era a unção do Senhor, o Seu liderar e
orientação? ou era uma tentação? Certamente era
uma tentação. Você nunca teve tal tentação no
passado?
Muitos jovens cristãos têm conceitos peculiares
quanto à realização de milagres. Alguns podem dizer:
“Desde que eu seja um seguidor do Senhor e esteja na
Sua presença como meu Emanuel, devo fazer algo
para mostrar aos outros que Deus está comigo”.
Conheço um querido irmão que tinha tal pensamento.
Convencido de que o Senhor estava com ele, pediu ao
Senhor para dar-lhe duzentos mil dólares dentro de
alguns dias. Ele disse: “Senhor, Tu deves mostrar às
pessoas que és um comigo. Tu deves mostrar-lhes
que tudo quanto eu pedir em Teu nome, Tu me
concederás. Senhor, estou Te pedindo duzentos mil
dólares. Dentro de alguns dias, Tu deves dar-me”.
Esse irmão parou de comer e dormir e começou a
orar por essa quantia. Que tipo de oração era essa?
Era atirar-se do pináculo do templo para fazer uma
exibição de si mesmo. Em princípio temos feito isso
muitas vezes. Todo cristão tem sido tentado dessa
maneira.
Se o diabo não nos tentar na questão do nosso
viver, tentar-nos-á na questão da religião. Você pode
desejar ser “o grande” na religião, ser reconhecido
como uma pessoa poderosa. Todos os demais devem
descer do pináculo do templo, mas você, como uma
pessoa sobrenatural, que é mais poderosa que outras,
pode atirar-se. Fazendo isso você se tomará grande
no cristianismo. Todos os religiosos “importantes”
são os que se renderam à essa tentação. Se você
tomou-se famoso no cristianismo, se teve sucesso em
tomar-se reconhecido como uma pessoa sobrenatural
então você já se rendeu à essa tentação. Você já foi
derrotado pelo inimigo. Entretanto, se deseja
derrotar o inimigo nesse teste, você não deve atirar-
se do templo. Antes, deve descer dele o mais
vagarosamente possível. Deixe outras pessoas
pensarem que você é fraco e incompetente. Mas você
deve dizer a si mesmo: “Não estou andando em poder.
Estou andando em vida. Não me interesso por poder-
me interesso pela vida”. É fácil dizer isso, mas é
difícil praticá-lo. Quando a oportunidade se
apresenta, embora possa não se atuar do pináculo do
templo, você descerá correndo, pelo menos para
mostrar que é um bom corredor, capaz de correr
mais rápido do que os outros. Todavia, se quisermos
derrotar o inimigo, devemos ser um ninguém. Nunca
faça nada para provar que você é algo ou alguém.
Deixe os outros pensarem que você é nada. Na
verdade, eu sou nada, e meu Cristo é tudo. Se tomar a
posição de ser ninguém, você aniquilará o inimigo.
Você matará o tentador.

b. Derrotou o Tentador por não Tentar a


Deus
Quando o diabo tentou Jesus a atirar-se do
pináculo do templo, Ele lhe disse: “Também está
escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (v. 7).
Porque o Senhor Jesus derrotou-o a primeira vez
citando as Escrituras, o tentador imitou-O em sua
segunda tentação citando também as Escrituras,
porém de uma maneira sutil. Citar alguma coisa das
Escrituras sob um ponto de vista, exige que cuidemos
ainda mais do outro ponto de vista, a fim de sermos
guardados do engano do tentador. Isso foi o que o
novo Rei fez aqui para ir contra a segunda tentação
do tentador. Muitas vezes precisamos dizer ao
tentador: “Também está escrito”. o Senhor Jesus
derrotou Satanás na primeira tentação citando as
Escrituras. Então, na segunda, o próprio tentador
citou-as também. Ele parecia estar dizendo: “Jesus,
Tu citaste a Bíblia. Conheço a Bíblia também. Deixe-
me citar-Te um versículo”. Mas o Senhor Jesus disse:
''Também está escrito”. A palavra “também” é muito
forte. Não pense que você pode citar a Bíblia e que o
inimigo não. Satanás conhece mais a Bíblia que você.
Portanto, a melhor proteção é ter também uma
palavra de equilíbrio ou uma confirmação. Então, na
segunda tentação. o inimigo também será derrotado.
O Senhor Jesus disse a Satanás: “Não tentarás o
Senhor teu Deus” (v. 7). Não tente a Deus. Não vá ao
pináculo do templo e atire-se de lá. Se encontrar-se lá
por acaso, você deve encontrar uma maneira de
descer. Mas nunca vá lá propositadamente. Se for lá
por um erro, peça ao Senhor para perdoá-lo e ajudá-
lo a descer passo a passo. Mas não atire-se para fazer
uma exibição. Você é ninguém. O Senhor Jesus
venceu o tentador não aceitando sua proposta de
tentar a Deus.

3. Adorar o Diabo

a. Tentado a Obter os Reinos do Mundo e a


Glória Deles
Os versículos 8 e 9 dizem: “Levou-O ainda o
diabo a um monte muito alto e mostrou-Lhe todos os
reinos do mundo e a glória deles, e Lhe disse: Tudo
isto Te darei se, prostrado, me adorares”. Derrotado
em sua tentação na esfera religiosa, o diabo
apresentou sua terceira tentação ao novo Rei, dessa
vez na esfera da glória deste mundo. Mostrou a Ele
todos os reinos do mundo e a glória deles. A tentação
do sutil sempre vem desta maneira: primeiramente,
no viver humano; em segundo lugar, na-' religião; e
em terceiro, na glória do mundo. Em qualquer
tentação, todos esses três itens estarão presentes. A
terceira tentação é uma questão da glória do mundo,
promoção, ambição, posição e um futuro promissor.
Tudo isso é a glória do mundo.
Lucas 4:6 diz que o reino do mundo e a glória
dele foram entregues ao diabo; portanto, ele a dará a
quem quiser. Antes de sua queda, Satanás, como o
arcanjo, foi designado por Deus para ser o
governador do mundo (Ez 28:13-14). Por isso, ele é
chamado o príncipe deste mundo (Jo 12:31), tendo
todos os reinos do mundo e a glória deles em suas
mãos. Ele apresentou tudo isso ao Rei recém-ungido
como uma tentação a fim de receber adoração. O Rei
celestial venceu essa tentação, mas o anticristo
vindouro não vencerá (Ap 13:2, 4).
Essa tentação envolve a questão de ambição e
promoção. Mesmo entre os irmãos, há o desejo de ser
um líder. Esse é o desejo da glória do mundo. Sua
ansiedade por ser um líder é sua ambição. Essa é a
glória do mundo. Sempre que é tentado dessa
maneira, você deve perceber que por trás dessa
tentação está o tentador procurando ganhar a sua
adoração. Satanás disse ao Senhor Jesus que se Ele o
adorasse, ele Lhe daria todos os reinos do mundo e a
glória deles. Por trás de cada ambição há um ídolo
escondido. Se você ambiciona ter uma posição, uma
promoção ou um nome, há um ídolo por detrás dessa
ambição. Se não adorar algum ídolo, você nunca
realizará sua ambição. Para ter qualquer parte da
glória do mundo, você deve adorar algum ídolo. Sem
adorar ídolos é impossível ter uma posição. Sempre
que busca certa posição, no profundo do seu ser, você
sabe que está adorando um ídolo. Por essa razão, o
apóstolo disse que avareza é idolatria (Cl 3:5).
Suponha que alguns irmãos que entraram para a
vida da igreja quatro anos depois de você tomaram-
se líderes e você se sente ignorado. Se se queixar
sobre isso, perguntando porque eles foram feitos
líderes e você não, é uma prova que está buscando
glória do mundo. Talvez entre um grupo de dez irmãs,
três sejam designadas para tomar a liderança num
determinado serviço. Se as outras sete nada sentem
sobre isso, elas serão vitoriosas. Mas se se
questionam por que três foram designadas, indica
que estão buscando vanglória, a glória desta era.
Nessa questão, todos somos fracos. Se esse desejo
por ambição e posição pode ainda assim penetrar na
vida da igreja, então, quanto precisamos ser
guardados em outras coisas!

b. Derrotou o Tentador por Adorar a Deus e


Servir a Ele Somente
No versículo 100 Senhor Jesus disse: “Retira-te,
Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus
adorarás, e só a Ele servirás”. Satanás no grego
significa adversário. Ele não apenas é o inimigo de
Deus fora do reino de Deus, mas também o
adversário dentro do reino de Deus, rebelando-se
contra Ele. O novo Rei reprovou a proposta do diabo
e derrotou-o posicionando-se como um homem para
adorar a Deus e servir só a Ele. Adorar ou servir algo
além de Deus para obter alguma coisa é sempre a
tentação do diabo para conseguir adoração. O Senhor
parecia estar dizendo a Satanás: “Satanás, como um
homem, Eu, Jesus, adoro a Deus e sirvo a Ele
somente. Você é o inimigo de Deus, e nunca o
adorarei. Não me importo com a glória do mundo ou
com os reinos do mundo. Satanás, saia de perto de
mim!”
Se considerarmos nossa experiência, veremos
que todas as tentações estão incluídas nestes três
aspectos: a tentação na questão do nosso viver, a
tentação dos milagres religiosos e a tentação na
esfera da glória do mundo. Durante todo o dia somos
tentados nos aspectos do nosso viver, religião e
posição no mundo. Mas o Senhor Jesus venceu cada
aspecto da tentação do inimigo. Ele podia dizer:
“Meu viver é secundário. Não Me importo com
poderes religiosos. E a glória do mundo nada tem a
ver Comigo. Sei apenas da palavra de Deus e do
próprio Deus. Interesso-Me apenas por servir a
Deus”. Portanto, como Aquele que passou no teste, o
Senhor estava qualificado para ser o Rei do reino dos
céus.

D. O Resultado
o versículo 11 diz: ''Então O deixou o diabo, e eis
que vieram anjos e O serviam”. A tentação do diabo
para o primeiro homem, Adão, foi um sucesso; sua
tentação para o segundo homem, Cristo, foi um
fracasso absoluto. Isso indica que não haverá lugar
para ele no reino dos céus do novo Rei. Após o
Senhor Jesus ter derrotado Satanás, os anjos vieram
e ministraram ao Rei tentado, como um homem
sofrido (cf. Lc 22:43).
Não apenas o Rei, mas também todo o povo do
reino deve vencer a questão do seu viver diário,
poder religioso e glória do mundo. Se não pudermos
vencer essas três tentações, estamos fora do reino. Se
quisermos ser o povo do reino, essas três coisas
devem estar sob nossos pés. Ao aniquilarmos essas
três tentações, dizendo: “Não me preocupo com meu
viver, com poderes religiosos ou com posição do
mundo”, Satanás não será capaz de fazer nada para
nós.
Não devemos estar preocupados acerca do nosso
viver diário. Considere o exemplo do apóstolo Paulo.
Ele disse: ''Tanto sei estar humilhado, como também
ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já
tenho experiência, tanto de fartura, como de fome;
assim de abundância como de escassez” (Fp 4:12).
Paulo parecia estar dizendo: “Não me importo se
estou em pobreza ou em abundância. Posso vi ver em
escassez ou em abundância. A questão do meu viver
diário não me preocupa”. Ainda mais, em vez de nos
importarmos com poderes religiosos, devemos ser
fracos, assim como Jesus Cristo foi ao ser preso e
crucificado. Se Ele não tivesse sido fraco, quem
poderia tê-Lo prendido e posto na cruz? Quando foi
preso, tentado e crucificado, Ele não fez exibição do
Seu poder. Ele se recusou a exibir algum poder
religioso. Antes, foi fraco ao máximo. Paulo disse que
Cristo “foi crucificado em fraqueza”; ele também
disse: “Somos fracos nele” (2Co 13:4). Muitas pessoas
diabólicas desafiaram Paulo, dizendo: “Se é
realmente apóstolo de Cristo, você deve fazer algo
para provar”. Mas quando Paulo esteve na prisão, o
Senhor não fez alguma coisa miraculosa por ele.
A situação de Paulo era a mesma que a de João
Batista, que também foi aprisionado. Após certo
período na prisão, João enviou seus discípulos para
desafiar o Senhor, dizendo: “És Tu Aquele que havia
de vir ou devemos esperar outro?” (11:3). É como se
João dissesse: “Se você é Aquele que havia de vir, por
que não faz algo por mim? Não sabe que eu, Seu
precursor e apresentador, estou na prisão? Você não
é poderoso? Não é o Cristo, o Todo-poderoso? Se é,
faça algo por mim”. Em Sua resposta, o Senhor disse:
“E bem-aventurado é aquele que não achar em Mim
motivo de tropeço” (11:6). O Senhor parecia estar
dizendo: “Sim, Eu posso, mas não quero fazer algo
por você. Embora seja Meu apresentador, Meu
precursor, não estou preocupado em fazer algo por
você. Antes Eu preferiria que você fosse decapitado.
João, você tropeçará em Mim?” A experiência do
irmão Nee é uma ilustração atual disso. Ele esteve
preso de 1952 até 1972, quando morreu. N aqueles
vinte anos, o Senhor não fez algo por ele de maneira
miraculosa.
Como precisamos vencer esses três tipos de
tentação: a tentação do nosso viver, a tentação do
assim chamado poder religioso e a tentação da
vanglória. Se vencermos essas coisas, seremos
realmente o povo do reino seguindo nosso Rei
celestial. Aleluia! nosso Rei celestial venceu o
tentador e derrotou-o nessas três tentações!
MENSAGEM 12

O INÍCIO DO MINISTÉRIO DO REI


Chegamos agora a uma seção muito importante
do Evangelho de Mateus, a seção do ministério do
Rei (4:12—11:30). Nesta mensagem consideraremos o
início do ministério (4:12-25). Após ter sido ungido, o
Senhor foi testado para provar que Ele era
qualificado e, então, começou a ministrar.

I. INICIA O MINISTÉRIO
A. Após João Batista Ser Aprisionado Mateus
4:12 diz: “Ora ouvindo Jesus que João fora preso,
retirou-se para a Galiléia”. Embora João Batista
ministrasse no deserto, não no templo santo na
cidade santa, ele estava ainda na Judéia, não longe
das assim chamadas coisas “santas”. Pelo fato de o
povo rejeitar João, o Senhor Jesus retirou-se para
iniciar Seu ministério, longe do templo e da cidade
santa. Isso ocorreu soberanamente para cumprir a
profecia de Isaías 9:1 e 2.
De acordo com o conceito humano, Jesus
deveria ter iniciado o ministério a partir do templo
santo na cidade santa, Jerusalém. Mas veio a Ele a
notícia de que Seu precursor, João Batista, foi
aprisionado. Essa foi uma indicação para esse novo
Rei que Jerusalém tinha se tornado um lugar de
rejeição; portanto, Ele não deveria iniciar lá Seu
ministério real.
Em Sua economia, Deus desejava ter uma
completa mudança, uma mudança da velha para a
nova economia. A velha economia resultou numa
religião, num templo, numa cidade e num sistema de
adoração exteriores. Todas as coisas na velha
economia foram sistematizadas de uma maneira
exterior. Na nova economia de Deus, Ele abandonou
tudo aquilo e teve um novo início. O ambiente sob a
soberania de Deus combinou C0m essa mudança em
Sua economia. Por ter Jerusalém rejeitado o
apresentador do novo Rei, o Senhor Jesus sabia que
não deveria iniciar Seu ministério lá. Ele não era
bem-vindo em Jerusalém.
Embora o novo Rei fosse o Filho de Deus e
tivesse sido ungido com o Espírito de Deus, não nos é
dito aqui que Ele tenha orado a respeito de onde
deveria ir ministrar. Não nos é dito que Ele tivesse o
profundo sentimento que estava sendo conduzido ao
norte, para longe de Jerusalém. Ao contrário, o
Senhor considerou o ambiente e recebeu dele a clara
indicação de onde deveria ir. Não pense que podemos
ser tão espirituais a ponto de não precisar de
indicação do nosso ambiente. Mesmo o Rei do reino
celestial, o Filho de Deus ungido com o Espírito
Santo, moveu-se conforme as indicações do ambiente.
O pensamento do Senhor não era nem natural nem
religioso. Também não era segundo a história
passada. Segundo a história, como o Rei ungido, Ele
deveria ter ido à capital, Jerusalém, porque
Jerusalém é o lugar certo para o Rei. Todavia, porque
Seu precursor, Seu apresentador, foi lançado na
prisão, Ele foi para a Galiléia. Segundo a expectativa
humana, era ridículo para o Rei recém-ungido deixar
a capital e ir para uma região desprezada para
começar Seu ministério real. Ele nem mesmo foi ao
sul de Hebrom, o lugar onde Davi foi entronizado,
nem a Berseba, o lugar onde Abraão viveu. Ele foi
para a Galiléia.
Considerando o mover do Senhor após a prisão
de João Batista, devemos aprender a não tentar ser
espirituais de modo sobrenatural. Jesus não era
espiritual dessa maneira. Devemos também aprender
a não agir de acordo com a história passada ou o
entendimento humano. De acordo com a história e o
conceito humanos, o Rei dos judeus deveria estar em
Jerusalém sentado no trono. Entretanto, Jesus não se
moveu meramente conforme a liderança espiritual
nem conforme a história passada ou o conceito
natural. Antes, moveu-se de acordo com o ambiente
que correspondia à economia de Deus. Ao fazer isso,
espontaneamente cumpriu a profecia de Isaías 9:1 e 2.
Embora o Senhor se tenha movido aparentemente de
acordo com o ambiente em vez de seguir o Espírito,
Seu mover era um cumprimento da profecia nas
Escrituras.
Ao nos movermos com o Senhor, devemos evitar
dois extremos. O primeiro extremo é o sobrenatural.
Alguns dizem que não há necessidade de considerar o
ambiente em que estão porque eles têm o Espírito. O
outro extremo é prestar demasiada atenção à história
e à inclinação e entendimento natural. Mas em
Mateus 4 o novo Rei não se moveu apenas segundo a
assim chamada liderança espiritual nem segundo a
história ou inclinação natural. Antes, moveu-se com
a economia de Deus conforme as indicações do
ambiente. Ele foi à Galiléia, à região de Zebulom e
Naftali, para resplandecer como uma grande luz
sobre os que viviam em trevas e na região e sombra
da morte (4:15-16).
Nada do que aconteceu a João Batista ou ao
Senhor Jesus foi acidental. Quando João saiu para
ministrar aos trinta anos, ele era muito ousado. Isso
não foi muito antes de ser aprisionado. Você pode
achar difícil crer que João Batista poderia ser
aprisionado. Parece não haver motivo para isso.
Novamente, devido ao ambiente, ele foi preso. João
foi aprisionado por Herodes, o rei, não pelos líderes
judeus. Entretanto, o poder religioso e o político, a
religião judaica e o governo romano, colaboraram
para a realização do propósito de Deus. FOI de
acordo com a soberana economia de Deus que João
Batista foi aprisionado naquela época. A razão para
isso é que chega um momento quando todo
ministério de apresentação deve cessar. Se João
Batista não tivesse sido aprisionado, teria sido difícil
a ele parar seu ministério. Porque João era o
apresentador, seu ministério não deveria ter
continuado. Em João capítulo 3 vemos que os
discípulos de João Batista estavam competindo com
o ministério do novo Rei (v. 26). O ministério do
apresentador estava competindo com o do Rei.
Portanto, o ministério do apresentador tinha de
parar, e a melhor maneira de pará-lo era colocar o
próprio João na prisão e, mesmo, decapitá-lo.
Você pode dizer que Deus não seria assim tão
cruel. Mas Deus algumas vezes permite coisas como
essa. Sem dúvida, Ele gerou, preparou, constituiu e
qualificou você e, então, usou-o muito. Mas após tê-
lo usado, Ele pode dizer: “Vá para a prisão e espere lá
para ser executado”. Você é capaz de aceitar isso?
Você pode dizer: “Isso é absolutamente injusto. Jesus
não deveria permitir isso”. Mas no passado Deus
permitiu muitas coisas assim várias vezes, e creio que
permitirá novamente. Se Ele permitir que isso lhe
aconteça, você deve simplesmente dizer: “Amém”.
Não envie alguns dos seus discípulos para desafiar
Cristo, dizendo: “Tu és o Cristo, o Senhor Todo-
poderoso a quem sirvo? Se é, por que não faz algo
para livrar-me da prisão?” O Rei diria: “Não o livrarei
disso. Você deve morrer. Você deve ser terminado.
Deixe o novo Rei estar no trono”. João Batista e seu
ministério foram terminados porque o novo Rei
estava lá. Quando o novo Rei está aqui, não deve
existir qualquer competição.

B. Começa da Galiléia
O novo Rei começou Seu ministério na Galiléia,
no mar da Galiléia, não na cidade santa ou no templo
santo. Seu precursor ministrou à margem do rio, no
deserto, mas Ele iniciou Seu ministério pelo mar da
Galiléia. A Galiléia era um lugar de população mista
de judeus e gentios. Por isso, foi chamado de
“Galiléia dos gentios” e era desprezada pelos judeus
ortodoxos (Jo 7:41, 52). O Rei recém-designado
iniciou Seu ministério real para o reino dos céus em
tal lugar desprezado, longe da capital do país, a digna
Jerusalém, com seu templo sagrado, o centro da
religião ortodoxa. Isso implicava que o ministério do
Rei recém-ungido era para o reino celestial, diferente
do reino terreno de Davi (o reino Messiânico). João
Batista ministrou à margem do rio porque estava
preparado para enterrar todos os que fossem a ele em
arrependimento. O novo Rei ministrou ao redor do
mar da Galiléia. Na Bíblia, o rio Jordão representa
sepultamento e ressurreição, terminação e
germinação. Mas o mar da Galiléia representa o
mundo corrompido por Satanás. Assim, o Jordão era
um lugar de sepultamento e o mar da Galiléia era o
mundo corrompido.
Nessa porção da Palavra há quatro discípulos
que foram chamados por Jesus: Pedro, André, Tiago
e João. Você sabe onde e quando esses quatro foram
salvos? A resposta a essa pergunta está em João
capítulo 1. Enquanto João Batista estava ministrando,
André foi levado ao Senhor Jesus (Jo 1:35-37, 40).
André, então, encontrou Pedro, seu irmão, e levou-o
ao Senhor (vs. 40-42). Quando o Senhor viu Pedro,
mudou seu nome de Simão para Cefas, que significa
uma pedra (Jo 1:42). Portanto, em João capítulo 1,
Pedro e André encontraram o Senhor Jesus. Creio
que eles foram salvos naquela época à margem do rio
Jordão. O mesmo aconteceu a Tiago e João. Dos dois
discípulos de João Batista mencionados em João 1:35,
um era o apóstolo João. Esse João também trouxe
seu irmão Tiago ao Senhor. Portanto, os quatro
discípulos mencionados em Mateus 4 foram
terminados, germinados e salvos à margem do
Jordão em João capítulo 1. Entretanto,
provavelmente eles não entenderam claramente o
que lhes aconteceu.
Creio que tudo isso aconteceu antes da tentação
do Senhor, enquanto João ainda estava ministrando
próximo ao Jordão. Depois disso, eles retomaram à
Galiléia para continuar a pescar. Provavelmente
tenham esquecido o que lhes acontecera à margem
do rio. Eles simplesmente retomaram às suas antigas
ocupações nas proximidades do mar. Mas o Senhor
não os esqueceu. Após Sua tentação, Ele iniciou Seu
ministério e procurou por eles. O mesmo aconteceu
com muitos de nós. A primeira vez que viemos ao
Senhor, Ele fez muitas coisas por nós, mas não
percebemos o seu significado. Talvez sua margem do
rio fosse o Brasil ou a China. Após encontrar o
Senhor à margem do rio, você foi ao mar da Galiléia
para ganhar seu sustento, para seu emprego de
pescador, esquecendo o que o Senhor havia feito
próximo à margem do rio. Muitos de nós
simplesmente esqueceram o que o Senhor havia feito
por nós no passado próximo à margem do rio Jordão
e fizemos o máximo para ganhar dinheiro
trabalhando ao redor do nosso mar da Galiléia, no
mundo maligno, demoníaco e corrompido de Satanás.
Mas um dia, para muito espanto nosso, Aquele que
nos salvou próximo à margem do rio veio ao nosso
mar da Galiléia como o Rei recém-designado para,
propositadamente, nos encontrar.

C. Como uma Grande Luz que Resplandece


nas Trevas
Quando o Senhor veio a nós próximo ao nosso
mar da Galiléia, havia algo diferente Nele. Em João
capítulo 1, o apresentador de Cristo declarou: “Eis o
Cordeiro de Deus”. Quando João declarou que Cristo
era o Cordeiro de Deus, dois dos seus discípulos,
André e o apóstolo João, seguiram o Senhor Jesus.
Finalmente, corno vimos, o irmão de André, Pedra, e
o irmão de João, Tiago, foram também levados ao
Senhor e sal vos por Ele. Embora fosse maravilhoso
ser salvo, mais tarde eles se esqueceram da sua
experiência. Muitos de nós fizeram o mesmo. Talvez
você tenha dito: “Que aconteceu lá próximo à
margem do rio Jordão? Aquilo foi uma tolice! Fornos
colocados na água e encontramos um Nazareno que
era chamado o Cordeiro de Deus. Mas agora
precisamos ganhar o sustento. Voltemos ao nosso
trabalho. Temos muito a pescar e redes a remendar”.
Todavia, o Rei tem Seu objetivo, e Ele precisa de você,
assim corno precisou de Pedro, André, Tiago e João.
Assim, repentinamente' o Cordeiro de Deus apareceu
no lugar exato onde esses quatro homens foram
trabalhar para obter o sustento. Mas nessa hora Ele
não veio como o Cordeiro-veio como urna grande luz.
O versículo 16 diz: “O povo que estava sentado
em trevas viu grande luz, e aos que estavam sentados
na região e sombra da morte, raiou-lhes a luz”. João
Batista era uma lâmpada que ardia e iluminava (Jo
5:35). Mas esse novo Rei era a luz. Na verdade, Ele
não era apenas a luz, mas uma grande luz. Pedro,
André, Tiago e João não perceberam que estavam
nas trevas quando foram trabalhar para ganhar a
vida próximo ao mar da Galiléia. Eles estavam na
sombra da morte. Essa é uma figura da situação de
hoje. Muitos cristãos encontraram o Senhor Jesus em
alguma margem do rio e foram salvos. Mas depois
não se importaram com aquela experiência, antes,
preocuparam-se em obter o sustento. Por isso, eles
foram ao mar da Galiléia. Ao agirem assim, sem
saber, eles entraram nas trevas e na sombra da morte.
Todos aqueles que lutam para ganhar a vida nas
grandes cidades corno São Paulo, Rio de Janeiro e
Porto Alegre estão nas trevas e na região e sombra da
morte. Louvado seja o Senhor, o novo Rei não ficou
em Jerusalém! Ele veio ao mar da Galiléia, e Ele
ainda hoje está vindo ao mar da Galiléia, andando
pela margem tentando nos alcançar. Nessa hora, Ele
vem não como um pequeno Cordeiro, mas como uma
grande luz. Quando Pedro e André foram lançar suas
redes no mar, essa grande luz brilhou sobre eles.
Enquanto estava lá resplandecendo sobre eles, Ele
pode ter dito: “Pedro e André, que vocês estão
fazendo aqui? Não se lembram que os encontrei
próximo à margem do rio Jordão? Pedro, você se
lembra que Eu mudei seu nome?” Naquele dia,
próximo ao mar da Galiléia, uma grande luz estava
resplandecendo sobre eles.
Nossa experiência foi a mesma que a deles.
Fomos sal vos às margens do Jordão. Mas depois
esquecemos o que aconteceu conosco e fomos ao mar
da Galiléia ganhar a vida. Enquanto estávamos
trabalhando lá pelo nosso viver, Aquele a quem
encontramos como o Cordeiro de Deus próximo à
margem do Jordão, veio como uma grande luz para
resplandecer sobre nós. Enquanto estava
resplandecendo sobre nós, Ele perguntou: “Que você
está fazendo aqui?” Posso testificar que isso
aconteceu comigo um dia. Eu estava trabalhando
próximo ao mar da Galiléia ganhando o sustento;
repentinamente, uma luz resplandeceu sobre mim e
o Senhor disse: “Que você está fazendo aqui? Não se
recorda o que ocorreu com você próximo à margem
do rio? Você pode não se lembrar disso, mas Eu me
lembro”. Então o chamamento aconteceu, “Siga-Me”,
e eu O segui. Creio que, em princípio, a maioria de
nós teve esse tipo de experiência. Você foi salvo na
margem do rio pelo Cordeiro de Deus, mas foi
chamado próximo ao mar da Galiléia pelo
resplandecer de uma grande luz. Embora possa ser
fácil esquecer o que aconteceu próximo à margem do
rio, não pode esquecer a hora que a grande luz
resplandeceu sobre você próximo ao mar da Galiléia.
Apesar de o registro ser muito simples, a história
na verdade não é tão simples. Não foi uma questão
simples para o Senhor chamar você. Primeiramente,
Ele teve de encontrá-lo em alguma margem do rio.
Mais tarde, Ele teve de vir a você em algum litoral.
Um dia, enquanto estava trabalhando, a sala onde
estava sentado foi iluminada, uma grande luz
resplandeceu sobre você e o Senhor perguntou: “Que
está fazendo aqui dia após dia?” Quando isso
aconteceu a alguns irmãos, eles jogaram as canetas e
disseram: “Que estou fazendo aqui?” Então o Senhor
perguntou: “Não se lembra o que fiz a você à margem
do rio? Agora você deve seguir-Me”. Não leia o
registro de Mateus 4 de uma maneira meramente
objetiva. Devemos ler esse capítulo e até mesmo toda
a Bíblia de maneira subjetiva, aplicando-a a nós.
Louvado seja o Senhor por muitos de nós termos tido
as experiências de dois lugares-à margem do rio e
litoral!
O ministério do novo Rei para o reino dos céus
começou não com o poder terreno, mas com a luz
celestial, que era o próprio Rei como a luz da vida,
resplandecendo na sombra da morte. Quando o
Senhor iniciou Seu ministério como luz, Ele não fez
exibição de poder e autoridade. Ele andou à beira
mar como uma pessoa comum. Mas quando veio aos
quatro discípulos no mar da Galiléia, Ele
resplandeceu sobre eles como uma grande luz,
brilhando nas trevas e na região da sombra da morte.
Naquela situação, Pedro, André, Tiago e João foram
iluminados e atraídos. Já enfatizamos que João
Batista era um grande ímã. Mas o Senhor Jesus é o
maior ímã de todos. Quando resplandeceu sobre os
quatro discípulos, eles foram atraídos e capturados.
Imediatamente abandonaram suas ocupações e
seguiram esse pequeno Nazareno.
Em Mateus 4 não há registro, como em Lucas 5,
de algum milagre sendo feito pelo Senhor quando
Pedro foi chamado. Entretanto, nesse capítulo, havia
uma grande luz que atraiu os primeiros quatro
discípulos. Essa atração não veio do que o Senhor
Jesus fez; veio do que Ele era. Ele era uma grande luz,
um grande ímã, com o poder para atrair as pessoas e
capturá-las. Dessa maneira, Ele atraiu e capturou os
primeiros quatro discípulos. Ninguém que segue o
Senhor pelo que Ele faz pode ser digno de confiança
ou fiel. Os dignos de confiança são os que são
capturados pelo que o Senhor é. Pedro, André, Tiago
e João foram atraídos e capturados no litoral, não por
ver o que o Senhor fez, mas por perceber o que o
Senhor era. Porque foram atraídos e capturados, eles
tomaram-se fiéis seguidores do Senhor até o fim. Por
fim, todos eles foram martirizados porque seguiram o
Rei do reino celestial.
Ainda mais, quando o Senhor Jesus chamou
esses quatro discípulos, Ele não começou um
movimento ou uma revolução. Antes, Ele atraiu os
discípulos para Si para o estabelecimento do reino
dos céus.

D. Prega o Arrependimento para o Reino dos


Céus
O versículo 17 diz: “Daí por diante,
passouJesusaproc1amar e a dizer: Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus”. O novo Rei
deu continuidade à pregação do Seu precursor, João
Batista, isto é, à pregação de arrependimento para o
reino dos céus como uma preliminar para o
evangelho do reino.

E. Chama os Quatro Discípulos

1. Pedro e André
O versículo 18 diz: “Caminhando junto ao mar
da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro,
e André, seu irmão, que lançavam rede ao mar,
porque eram pescadores”. O ministério do novo Rei
não foi na capital, mas junto ao mar. O ministério do
Seu precursor começou à margem do rio e consistia
em enterrar os religiosos e terminar com a religião
deles. O ministério do novo Rei começou no litoral e
consistia em capturar homens que não eram tão
religiosos, que viviam ao redor do mar e não no lugar
santo, e fazê-los pescadores de homens para o
estabelecimento do reino dos céus.
Os versículos 19 e 20 dizem: “E disse-lhes: Vinde
após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens. E
eles deixando imediatamente as redes O seguiram”.
Quando jovem, ao ler essa porção da Palavra, não
podia entender por que esses pescadores,
repentinamente, seguiram um Nazareno que lhes
disse: “Segue-Me”. Pensei que eles estavam fora de si.
Entretanto, após vários anos lendo a Palavra e
considerando minha experiência, comecei a entender.
André, um dos dois discípulos de João Batista, havia
levado Pedro ao Senhor, no lugar onde antes João
pregava (J o 1:35-36, 40-42). Aquela foi a primeira
vez que eles encontraram o Senhor. Aqui o Senhor
encontrou-os pela segunda vez, desta vez no mar da
Galiléia. Eles foram atraídos pelo Senhor como a
grande luz nas trevas da morte e O seguiram para o
estabelecimento do reino dos céus na luz da vida.
Quando Pedro e André foram chamados pelo
Senhor, estavam lançando redes ao mar. O Senhor
chamou-os para segui-Lo e prometeu fazê-los
pescadores de homens. Eles deixaram a rede e
seguiram o Rei do reino dos céus para serem
pescadores de homens. Por fim, Pedro tomou-se o
primeiro grande pescador para o estabelecimento do
reino dos céus no dia de Pentecoste (At 2:37-42; 4:4).

2. Tiago e João
O mesmo (4:21-22). Quando foram chamados
pelo Senhor, estavam remendando suas redes no
barco. Quando o Senhor os chamou, eles deixaram o
barco e seu pai e seguiram-No. João e seu irmão,
como Pedro e André, foram atraídos pelo Senhor e O
seguiram. Por fim, João tomou-se um verdadeiro
remendador, remendando os danos na igreja por
meio do seu ministério de vida (ver suas três
Epístolas e Apocalipse capítulos 2 e 3).
O chamamento dos quatro discípulos foi no
início do ministério real do Rei recém-ungido. Foi o
próprio fundamento para o estabelecimento do reino
dos céus. Esses quatro discípulos tornaram-se os
primeiros quatro dos doze apóstolos. Pedro e André
foram o primeiro par, e Tiago e João foram o
segundo. Portanto, os primeiros quatro discípulos
capturados pelo Senhor tornaram-se as primeiras
quatro pedras de fundamento do reino de Deus, que
são quatro dos doze fundamentos da Nova Jerusalém
(Ap 21:14).

F. Atrai Grandes Multidões

1. Percorre Toda a Galiléia


O versículo 23 diz: “Percorria Jesus toda a
Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, pregando o
evangelho do reino e curaria toda sorte de doença e
toda sorte de enfermidade entre o povo”. Jesus
expandiu Seu ministério percorrendo inteiramente
toda a Galiléia.
2. Ensina nas Sinagogas
O versículo 23 diz que Jesus ensinou nas
sinagogas da Galiléia. Uma sinagoga é um lugar para
os judeus lerem e aprenderem as Escrituras (Lc 4:16-
17; At 13:14-15). O Rei celestial agarrou a
oportunidade para ensinar lá.

3. Prega o Evangelho do Reino


Desde o início do Seu ministério, o Rei celestial
pregou o evangelho do reino. O evangelho nesse livro
é chamado de o evangelho do reino. Ele inclui não
apenas o perdão dos pecados (cf. Lc 24:47) e o
dispensar da vida (cf. Jo 20:31), mas também o reino
dos céus (Mt 24:14) com o poder da era vindoura (Hb
6:5) para expulsar os demônios e curar enfermidades
(Is 35:56; Mt 10:1). O perdão dos pecados e o
dispensar da vida são para o remo.

4. Cura Toda Enfermidade e os Possuídos por


Demônios
Enquanto o Senhor percorria toda a Galiléia, Ele
curava toda enfermidade e perturbação das pessoas.
O Senhor Jesus propagou Seu ministério realizando
quatro coisas: percorrendo, ensinando, pregando e
curando. No trabalho do evangelho hoje, também
devemos percorrer, ensinar, pregar e curar.
Precisamos de todos esses quatro itens; não devemos
ignorar nem menosprezar a questão de curar. Não
devemos tampouco seguir a prática do cristianismo
fundamentalista, que tem muito pouca cura, ou a do
cristianismo pentecostal, que dá muita ênfase a esse
assunto, tendo até mesmo falsas curas que são mera
representação teatral. Em vez de seguir esses dois
extremos, devemos andar nas pegadas do Senhor
Jesus que percorreu, ensinou, pregou e curou. Não
pense que não cremos em milagres. Definitivamente
cremos neles. Seguimos a liderança do Senhor para
percorrer, pregar e curar.
Ao resplandecer como uma grande luz, o Senhor
capturou quatro jovens pescadores para ser Seus
discípulos. Esses quatro discípulos percorreram com
o Rei toda a Galiléia enquanto Ele ensinava, pregava
e curava. O resultado foi que “numerosas multidões
O seguiam” (v. 25) para o reino dos céus. Isso foi o
início do fundamento do reino dos céus. Foi
absolutamente diferente da maneira do mundo. O
Senhor não deu início a um movimento ou fundou
um partido político. Ele não realizou nenhum tipo de
movimento. Na pregação do evangelho não devemos
seguir a maneira política ou da religião. Devemos
seguir a maneira do Senhor Jesus para resplandecer
sobre os outros e para atraí-los pelo que somos.
Então devemos percorrer, ensinar, pregar e curar.
Isso atrairá uma multidão.
MENSAGEM 13

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(1)
Nesta mensagem chegamos ao decreto da
constituição do reino registrado nos capítulos 5 a 7.
Ao longo dos anos, esses três capítulos têm sido mal-
interpretados ou mal-usados por muitos cristãos. Nas
mensagens desses capítulos esperamos que todos
vejamos o verdadeiro significado dessa seção da
Palavra.
Uma das coisas mais difíceis para os crentes
entenderem é o reino dos céus. O reino dos céus não
corresponde a qualquer conceito natural ou religioso.
Como veremos, refere-se a algo muito específico.
Para entender o reino dos céus, todos devemos livrar-
nos dos conceitos tradicionais recebidos do nosso
passado no cristianismo. Nenhum dos ensinamentos
com respeito ao reino dos céus recebido no passado
estava de acordo com a pura Palavra. Estudamos essa
questão do reino dos céus repetidamente por mais de
cinqüenta anos. O primeiro livro que publiquei sobre
esse assunto foi editado em 1936. Desde então, todos
os anos, temos permanecido nesse assunto. Por isso,
temos a plena segurança de que o que temos visto na
Bíblia com respeito ao reino dos céus está correto.
Entretanto, é um tanto diferente do conceito
tradicional sobre o reino. Assim, devemos gastar
tempo considerável nesses capítulos para ver muito
claramente esse assunto.
Mateus 5, 6 e 7 pode ser chamado de a
constituição do reino dos céus. Cada nação tem uma
constituição. Certamente o Evangelho de Mateus, o
livro do reino dos céus também deve ter uma
constituição. Nesses três capítulos-as palavras
faladas pelo novo Rei como a constituição do reino
dos céus vemos uma revelação do vi ver espiritual e
princípios celestiais do reino dos céus. A natureza é
singular, mas os princípios são plurais. A
constituição do reino dos céus é composta de sete
seções: a natureza do povo do reino (5:1-12); a
influência do povo do reino sobre o mundo (vs. 13-
16); a lei do povo do reino (vs. 17-48); os feitos justos
do povo do reino (6:1-18); o tratamento do povo do
reino com as riquezas (vs. 19-34); os princípios do
povo do reino ao tratar com os outros (7:1-12), e a
base do viver e obrado povo do reino (vs. 13-29). A
primeira seção, 5:3-12, descreve a natureza do reino
dos céus por meio de nove bênçãos. Isso desvenda o
tipo de pessoa que vive no reino dos céus. O povo do
reino deve também exercer uma influência sobre o
mundo. A natureza do povo do reino, a própria
natureza do reino, exerce uma influência sobre o
mundo. O povo do reino também tem uma lei. Essa
lei não é a velha lei, a lei de Moisés, os Dez
Mandamentos; é a nova lei do reino dos céus. O povo
do reino são os que realizam feitos justos e que têm a
atitude adequada com respeito às riquezas materiais.
Porque o povo do reino ainda está na terra na
sociedade humana, a constituição do reino dos céus
revela princípios pelos quais eles tratam com os
outros. Finalmente, na última seção dessa
constituição, vemos o terreno, a base do viver diário e
da obra do povo do reino. Todos esses aspectos do
povo do reino são tratados nas sete seções da
constituição do reino dos céus.
I. O LUGAR E A AUDIÊNCIA

A. No Monte
Mateus 5:1 diz: “Vendo Jesus as multidões, subiu
ao monte, e tendo se assentado, aproximaram-se
Dele os seus discípulos”. O novo Rei chamou Seus
seguidores no litoral, mas Ele subiu ao monte para
dar-lhes a constituição do reino dos céus. Isso indica
que precisamos ir mais alto com Ele para ter a
percepção do reino dos céus.
É muito significativo que a constituição do reino
dos céus tenha sido decretada sobre um monte. O
mar significa o mundo corrompido de Satanás.
Quando fomos capturados pelo Senhor, estávamos
no mundo corrompido de Satanás esforçando-nos
para ganhar a vida. Mas após o Senhor capturar-nos,
Ele levou-nos a um alto monte que representa o reino
dos céus. Isso indica que o reino dos céus não foi
estabelecido no litoral, mas no monte. Na Bíblia, um
monte algumas vezes representa o reino. Por
exemplo, de acordo com DanieI2:34-35, a pedra
cortada sem o auxílio de mãos quebrou a imagem em
pedaços e tornou-se uma grande montanha que
encheu toda a terra. Essa montanha representa o
reino milenar. Portanto, na Bíblia, uma montanha
representa o reino, especialmente o reino dos céus.
Ainda mais, ser levado ao monte Significa que se
quisermos ouvir o decreto da constituição do reino
dos céus, não podemos estar numa planície, mas
devemos subir num alto monte. Devemos estar num
nível alto para ouvir essa constituição. No litoral, o
Senhor simplesmente disse: “Segue-Me”. Mas para
decretar a constituição do reino dos céus, Ele I 'vou-
os ao cume de um monte. Seguir o Senhor pode ser
fácil, mas ou vir a constituição para o
estabelecimento do reino dos céus requer que
subamos ao cume de um alto monte.

B. Para Seus Discípulos


O versículo 1 diz: “E tendo-se assentado,
aproximaram-se Dele os Seus discípulos”. Quando o
novo Rei se assentou no monte, Seus discípulos, não
a multidão, vieram a Ele para ser a Sua audiência.
Por fim, não apenas os judeus que creram tomaram-
se Seus discípulos, mas também as nações
discipuladas (gentios, 28:19). Mais tarde, os
discípulos foram chamados cristãos (At 11:26).
Portanto, a palavra do novo Rei falada no monte nos
capítulos 5 a 7, com respeito à constituição do reino
dos céus, foi dita aos crentes do Novo Testamento,
não aos judeus do Antigo Testamento.
Nos versículos 1 e 2 vemos que o Senhor ensinou
os discípulos, não as multidões. As multidões que se
ajuntaram ao redor Dele eram o círculo externo, mas
Seus discípulos eram o círculo interno. Embora você
possa estar no monte, deve também estar no círculo
interno, porque a constituição não é para os do
círculo externo; é para os do círculo interno.
Por toda a história, tem havido um grande
debate quanto a quem esse decreto foi dado: aos
judeus, aos gentios ou aos crentes. Segundo o nosso
estudo, vimos que não foi dado nem aos judeus nem
aos gentios, mas aos crentes do Novo Testamento.
Não há dúvida de que os discípulos eram os crentes
judeus na época em que o decreto da constituição foi
dado. Entretanto, quando estavam lá no monte
ouvindo o decreto da constituição do reino, eles eram
representantes não do povo judeu, mas dos crentes
do Novo Testamento. Em 28:19, o Senhor disse aos
Seus discípulos para ir e discipular as nações, isto é,
os gentios. Isso significa que as nações seriam
convertidas em discípulos. Portanto, os crentes
judeus e gentios eram discípulos. A audiência do
monte era composta principalmente de judeus,
representando todos os discípulos.

II. QUANTO À NATUREZA DO POVO DO


REINO
Agora chegamos à primeira seção da
constituição, a seção com respeito à natureza do povo
do reino. Provavelmente não muitos cristãos têm
visto que 5:1-12 revela a natureza do povo do reino.
Todos os cristãos devem ser o povo do reino.
Entretanto, a situação hoje não é normal. Muitos
cristãos não estão no alto nível do povo do reino. O
povo do reino são os vencedores. Na economia de
Deus, todo crente deve ser um vencedor. Ser um
vencedor não é ser algo especial; é ser normal.
Portanto, todo crente deve ser uma parte do povo do
reino.
Esses versículos descrevem nove aspectos da
natureza do povo do reino. Eles são pobres em
espírito, choram pela situação presente, são mansos
ao sofrer oposição, têm fome e sede de justiça,
exercem misericórdia para com os outros, são puros
no coração, têm paz com todos os homens, sofrem
perseguição por causa da justiça e sofrem sendo
injuriados e difamados. Cada aspecto começa com a
palavra “Bem-aventurados”. Por exemplo, o versículo
3 diz: “Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos céus.” A palavra
portuguesa “Bem-aventurados” não traduz
adequadamente a palavra grega aqui, porque essa
transmite o significado de bem-aventurado e feliz.
Várias versões usam a palavra feliz em vez de bem-
aventurado. Entretanto não devemos usar a palavra
feliz de maneira leve. A bem-aventurança e a
felicidade aqui não são uma coisa leve, antes são algo
de peso. Quando ouvirem as palavras “Felizes são os
pobres em espírito” vocês não devem gritar ou pular.
Ser feliz nesse versículo é algo profundo.

A. Pobres em Espírito para Receber o Reino


dos Céus
No versículo 3 o novo Rei disse: “Bem-
aventurados os pobres em espírito, porque deles é o
reino dos céus”. Embora muitos falem sobre as bem-
aventuranças desses versículos, não tenho ouvido
ninguém falar sobre o espírito no versículo 3. A
tradução do versículo 3 para a versão chinesa é muito
pobre. Ela diz: “Bem-aventurados são os humildes no
coração”. Embora os estudiosos que traduziram a
versão chinesa, em geral, tenham feito um trabalho
muito bom, não viram a diferença entre o coração e o
espírito. Outro versículo nesse capítulo, versículo 8,
fala acerca de ser puro no coração. Portanto, a
tradução chinesa fala do humilde decoração e do
puro de coração. Antes de vir para a igreja, muitos de
nós não viam a diferença entre o coração e o espírito.
O reino dos céus está primeiramente relacionado ao
nosso espírito.
O espírito no versículo 3 refere-se não ao
Espírito de Deus, mas ao espírito humano, a parte
mais profunda do nosso ser, o órgão para
contatarmos Deus e percebermos as coisas
espirituais. Ser pobre em espírito não significa ter um
espírito pobre. Nosso espírito nunca deve ser pobre.
Ter um espírito pobre seria lamentável. Mas se
somos pobres em nosso espírito, somos bem-
aventurados. Ser pobre em espírito não é apenas ser
humilde, mas é também estar esvaziado em nosso
espírito, nas profundezas do nosso ser, não nos
apegando às coisas antigas da velha dispensação,
mas desembaraçados para receber coisas novas, as
coisas do reino dos céus. Precisamos ser pobres,
esvaziados e desembaraçados nessa parte do nosso
ser para que possamos perceber e possuir o reino dos
céus. Isso indica que o reino dos céus é uma questão
espiritual, não material.
Precisamos esvaziar nosso espírito de todas as
coisas velhas que nos têm enchido. Os mais enchidos
em espírito são os muçulmanos. Não há
absolutamente nenhum espaço vazio no espírito
deles. Por isso, é muito difícil falar com eles sobre o
evangelho. O diabo encheu totalmente o espírito
deles. Porque o espírito deles é tão ocupado, é difícil
a algum muçulmano crer no Senhor Jesus. Os judeus
também estão cheios em seu espírito. O espírito deles
está completamente carregado com as coisas da sua
religião. Os gregos são enchidos em seu espírito com
a filosofia deles. Certa vez trabalhei com um grego
que se gabava acerca da linguagem e filosofia gregas.
Embora a mente e o espírito dos gregos estejam
cheios, segundo a minha experiência com eles, é mais
fácil os gregos serem esvaziados. Eles não são tão
obstinados como os muçulmanos. Hoje muitos
cristãos estão também enchidos em seu espírito. Se
falar aos que estão nas denominações, descobrirá que
o espírito deles está cheio. Quase todos os cristãos
hoje são enchidos em seu espírito com algo além de
Deus.
Quando o Senhor Jesus veio pregar:
“Arrependei-vos porque está próximo o reino dos
céus” (4:17), não muitos puderam receber Sua
palavra porque o espírito deles estava enchido com
outras coisas. A melhor bebida estava sendo
oferecida, mas o recipiente deles já estava cheio. Por
isso, eles não tinham sede. Quando nosso espírito
está cheio, não temos capacidade em nosso recipiente,
nem mesmo para a melhor bebida. Portanto, quando
o Senhor falou aos discípulos no monte, a palavra de
abertura do Seu decreto era que devemos ser pobres
em espírito, que o nosso espírito deve estar vazio de
todas as coisas.
Muitos anos atrás visitei nesse país algumas
assembléias dos Irmãos Unidos. Quando olhei para
as pessoas, meu coração ficou dolorido e meu espírito,
quebrado. Quanta morte havia ali! Todos estavam
secos. No primeiro lugar a que fui convidado, dei
uma palavra dizendo a eles que não precisavam de
ensinamentos. Disse-lhes que tinham ensinamentos
suficientes e que o que precisavam era da vida e do
espírito. Minha palavra os ofendeu. Eles não ouviram
o que eu disse acerca da vida e do espírito; apenas
ouviram o que eu disse sobre a doutrina.
Imediatamente após a mensagem, o líder veio a mim
e repreendendo-me disse: “Irmão Lee, seu
ensinamento certamente está errado. Você há pouco
nos disse que não precisamos de doutrina.
Certamente precisamos de doutrina. A Bíblia não é
um livro de doutrina?” Não disse uma palavra, mas
pensei: “Pobres pessoas, se vocês gostam de doutrina,
vão a ela e morram lá”. Mais tarde fui convidado para
falar numa outra assembléia dos Irmãos Unidos. A
situação e a reação foram as mesmas. Tal reação
aconteceu porque eles não estavam pobres em
espírito. Antes, o espírito deles foi enchido com todas
as assim chamadas doutrinas dos Irmãos Unidos.
Todas essas doutrinas eram como galhos secos, bons
apenas para mortificá-las.
Todos precisamos atentar à palavra do Senhor
sobre ser pobre em nosso espírito e dizer: “Senhor,
esvazia-me. Encha meu espírito. Não quero
armazenar nada em meu espírito. Senhor, quero que
todo o espaço em meu espírito esteja disponível para
Ti”.
O versículo 3 diz que os pobres em espírito são
bem-aventurados porque deles é o reino dos céus.
Muitos cristãos estão ansiosos para ir aos céus, mas
dificilmente alguém desej a estar no reino dos céus. É
um erro estar ansioso acerca do céu. O coração de
Deus não está nos céus; está no reino dos céus. Os
pobres em espírito são bem-aventurados, porque
deles é o reino dos céus.
O reino dos céus é um termo específico usado
por Mateus, indicando que o reino dos céus difere do
reino de Deus, o termo usado nos outros três
Evangelhos. O reino de Deus se refere ao domínio de
Deus de uma maneira geral, da eternidade passada à
eternidade futura. Abrange a eternidade sem
princípio antes da fundação do mundo, o paraíso de
Adão, os patriarcas escolhidos, a nação de Israel no
Antigo Testamento, a igreja no Novo Testamento, o
reino milenar vindouro com seu governo celestial (a
manifestação do reino dos céus), e o novo céu e a
nova terra com a Novo Jerusalém sem fim pela
eternidade. O reino dos céus é uma seção especial
dentro do reino de Deus, composta apenas da igreja
hoje e da parte celestial do reino milenar vindouro.
Por isso, o reino dos céus, uma seção do reino de
Deus, é também chamado o reino de Deus no Novo
Testamento, especialmente nos outros três
Evangelhos. Enquanto o reino de Deus já existia de
uma maneira geral no Antigo Testamento com a
nação de Israel (21:43), o reino dos céus ainda não
veio de uma maneira específica, mas apenas se
aproximou quando João Batista veio (3:1-2; 11:11-12).
De acordo com Mateus, há três aspectos a
respeito do reino dos céus: a realidade, a aparência e
a manifestação. A realidade do reino dos céus é o
conteúdo interior do reino dos céus em sua natureza
espiritual e celestial, como revelado no monte pelo
novo Rei nos capítulos 5 a 7. A aparência do reino dos
céus é a condição exterior do reino dos céus em nome,
como revelado pelo Rei, no litoral, no capítulo 13. A
manifestação do reino dos céus é a vinda prática do
reino dos céus em poder, conforme desvendado pelo
Rei no Monte das Oliveiras nos capítulos 24 e 25. A
realidade e a aparência do reino dos céus estão com a
igreja hoje. A realidade do reino dos céus é a vida da
igreja adequada (Rm 14:17), que está dentro da
aparência do reino dos céus, conhecida como
cristandade. A manifestação do reino dos céus será a
parte celestial do reino milenar vindouro, que é
chamada o reino do Pai em 13:43. A parte terrena do
reino milenar será o
reino Messiânico, que é chamado o reino do
Filho do Homem em 13:41 e que será o tabernáculo
restaurado de Davi, o reino de Davi (At 15:16). Na
parte celestial do reino milenar, que será o reino dos
céus manifestado em poder, os crentes vencedores
reinarão com Cristo por mil anos (Ap 20:4, 6). Na
parte terrena do reino milenar, que será o reino do
Messias na terra, os remanescentes salvos de Israel
serão os sacerdotes, ensinando as nações a adorar a
Deus (Zc 8:20-23).
Se somos pobres em espírito, o reino dos céus é
nosso. Já estamos em sua realidade agora na era da
igreja e compartilharemos de sua manifestação na
era do reino.
De acordo com o ensinamento dos quatro
Evangelhos, há uma diferença crucial entre o reino
dos céus e o reino de Deus. Se quiser entender
Mateus, você deve diferenciar o reino dos céus do
reino de Deus. O reino de Deus é simplesmente o
governo divino. É o governo de Deus da eternidade
passada à eternidade futura. Assim, o reino de Deus
refere-se à autoridade divina, o governo de Deus.
Entre a eternidade passada e a eternidade futura
temos o paraíso de Adão, os patriarcas, a nação de
Israel, a igreja e o milênio. O milênio é dividido em
parte superior e parte inferior. A parte superior é
chamada o reino do Pai, e a parte inferior é chamada
o reino do Filho do Homem e o reino do Messias, que
é o reino restaurado de Davi. Todas as coisas desde o
paraíso de Adão até a Nova Jerusalém estão incluídas
no reino de Deus que se estende de eternidade a
eternidade.
O reino dos céus é uma parte do reino de Deus,
assim como São Paulo é uma parte do Brasil. Porque
o reino dos céus é parte do reino de Deus, é algumas
vezes chamado de o reino de Deus. Por exemplo, o
Estado de São Paulo, parte do Brasil, é algumas vezes
chamado de Brasil. Quando alguém do exterior vem a
São Paulo, pode dizer que veio ao Brasil. Embora São
Paulo possa ser chamado de Brasil, Brasil não pode
ser chamado de São Paulo. Da mesma maneira,
embora o reino dos céus possa ser chamado de reino
de Deus, o reino de Deus não pode ser chamado de
reino dos céus.
Mateus 21:43 indica que o reino de Deus seria
tirado de Israel. O reino de Deus ser tirado de Israel
indica que ele já estava com Israel. Se ele não
estivesse com Israel, como poderia ter sido tomado?
Embora o reino de Deus já estivesse lá, João Batista
disse: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino
dos céus” (3:2). Por um lado, o reino de Deus estava
lá; por outro, o reino dos céus ainda não estava.
Mesmo quando o Senhor falou aos judeus no capítulo
21 com respeito ao reino de Deus sendo tirado de
Israel, o reino dos céus ainda estava apenas próximo.
Isso não aconteceu até o dia de Pentecoste, quando o
reino dos céus veio. Por isso, na primeira parábola do
capítulo 13, a parábola do semeador, o Senhor Jesus
não disse: “O reino dos céus é semelhante a um
semeador”, porque Ele já era o Semeador antes do
dia de Pentecoste. O Pentecoste era o cumprimento
da segunda parábola, a parábola do joio. Assim, na
introdução daquela parábola o Senhor Jesus disse:
“O reino dos céus é semelhante a” Por tudo isso,
vemos que o reino de Deus já estava presente antes
de o reino dos céus vir.
O reino dos céus é composto de duas seções. A
primeira seção é a igreja, e a segunda é a parte
superior do milênio. Todos os cristãos genuínos estão
na igreja hoje. Mas apenas os vencedores estarão na
parte superior, a parte celestial do milênio. O que
temos na igreja hoje é a realidade do reino dos céus,
não a manifestação. A manifestação do reino não
acontecerá até o milênio. A manifestação do reino
dos céus será vista na parte superior do milênio.
Os pobres em espírito são bem-aventurados,
porque deles é o reino dos céus. (Note que o Senhor
não diz “porque deles é o reino de Deus.”) Quando
nos tornamos pobres em nosso espírito, estamos
prontos para receber o Rei celestial. Quando Ele vem,
Ele traz o reino dos céus com Ele. Imediatamente
após receber o Rei celestial, estamos na igreja, onde a
realidade do reino dos céus está. Se somos
vencedores, na Sua vinda o Senhor nos introduzirá
na manifestação do reino dos céus. Ter o reino dos
céus é primeiramente participar da vida normal e
adequada da igreja e, em segundo lugar, herdar a
manifestação do reino dos céus na parte superior do
milênio. Esse é o significado das palavras “porque
deles é o reino dos céus”. Os cristãos desviados
perderão a realidade do reino dos céus nesta era e a
manifestação do reino dos céus na era vindoura. Que
bênção é ser pobre em espírito! Se somos pobres em
espírito, o reino dos céus é nosso. Aleluia pela
primeira bem-aventurança.e pelo reino dos céus!
Quão bom é ser pobre em nosso espírito!
MENSAGEM 14

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(2)
O reino dos céus está absolutamente relacionado
ao nosso espírito. A primeira bem-aventurança no
capítulo cinco é uma bem-aventurança em nosso
espírito: “Bem-aventurados os pobres em espírito”
(5:3). Por isso, o primeiro aspecto do reino dos céus
tratado nesse capítulo diz respeito ao nosso espírito.
Há algumas traduções muito pobres do versículo
3, tais como: “Felizes são os de disposição humilde” e
“Bem-aventurados são os humildes no coração”.
Muitos cristãos não compreendem a que o Senhor
Jesus estava se referindo quando falou de ser pobre
em espírito. Além disso, eles não sabem que o reino
dos céus é totalmente uma questão do nosso espírito.
Se não conhecermos o nosso espírito, estamos
terminados para o reino dos céus porque o reino dos
céus está relacionado ao nosso espírito.
Enquanto o Senhor Jesus estava falando lá no
monte, Ele conhecia a situação real da sua audiência,
uma audiência composta de galileus. Aqueles galileus
estavam cheios do conceito tradicional da religião.
Até mesmo a mulher samaritana imoral, em João 4,
tinha vários conceitos religiosos. A conversa dela com
o Senhor Jesus expôs esse fato. Se até mesmo tal
mulher de baixo nível estava cheia de conceitos
religiosos, certamente os pescadores galileus também
estavam. Três vezes ao ano eles subiam a Jerusalém
para as festas e permaneciam lá por pelo menos uma
semana. Esse único fato mostra que os pescadores
galileus não eram recipientes vazios. Enquanto o
Senhor Jesus esteve na terra, todas as pessoas, quer
fossem judeus, romanos ou gregos, estavam cheias.
Os judeus estavam cheios dos conceitos tradicionais
religiosos, do conhecimento espiritual e dos
ensinamentos da lei. Eles sabiam tudo sobre a cidade
santa, o templo santo, e sobre o sagrado sistema de
serviço sacerdotal. Eles conheciam o altar, os
sacrifícios, as festas, as ordenanças e os
regulamentos, os quais consideravam bênçãos
exteriores. Não há necessidade de mencionar os
gregos e os romanos, porque até mesmo os judeus
que estavam diante do Senhor Jesus estavam cheios
dos conceitos tradicionais deles.
O Senhor Jesus veio como o novo Rei para
iniciar uma nova dispensação. Com a vinda do novo
Rei, Deus iniciou uma nova economia. A nova
dispensação de Deus está comprometida com uma
Pessoa maravilhosa. Falando de maneira figurada,
essa nova economia é simplesmente essa Pessoa. Não
considere o reino dos céus como algo à parte de
Cristo. Não, ele é o próprio Cristo. Sem o Rei, não
poderíamos ter o reino. Não podemos ter o reino dos
céus sem Cristo. Quando os fariseus interrogaram o
Senhor Jesus sobre quando viria o reino' de Deus, Ele
respondeu: “Porque eis que o reino de Deus está no
meio de vós” (Lc 17:21). A palavra do Senhor aos
fariseus indicava que Ele mesmo era o reino. Onde
Jesus está, aí está também o reino. O reino é
simplesmente a Pessoa do Rei. Portanto, quando
temos o Rei, temos também o reino.
Quando Pedro, André, Tiago e João foram a
Jerusalém para as festas, João Batista estava
ministrando no deserto fora de Jerusalém. Sem
dúvida, esses quatro foram atraídos a ele. Por fim,
encontraram o Senhor Jesus e foram salvos à
margem do Jordão. O Senhor Jesus foi batizado no
Jordão, onde estavam esses quatro discípulos, e Ele
foi ungido lá. Após a unção do Senhor Jesus, houve
um período de quarenta dias quando Ele foi testado.
Aqueles quarenta dias foram também um teste para
esses quatro discípulos recém-salvos. O Senhor
passou no teste, mas os discípulos fracassaram,
esquecendo-se de sua experiência de salvação à
margem do Jordão e retomando ao mar da Galiléia
para obter o sustento. Dois foram pescar e dois,
remendar as redes. O fato de terem voltado ao mar
da Galiléia para pescar e remendar as redes mostra
que foram derrotados. Embora tenham sido salvos,
retomaram à sua velha situação. Portanto, eles
fracassaram.
O novo Rei foi levado ao deserto e lá foi vitorioso
sobre o inimigo. Após vencer a batalha contra
Satanás, Ele foi ao mar da Galiléia, para o espanto de
Pedro, André, Tiago e João. Lá no mar da Galiléia, o
Senhor Jesus teve o segundo contato com eles. Como
vimos na mensagem 12, a primeira vez que esses
quatro discípulos foram levados ao Senhor, eles O
viram como o Cordeiro de Deus. Mas na segunda vez,
o Senhor concedeu-lhes uma graciosa visitação como
a grande luz. A Bíblia é muito econômica em sua
descrição do chamamento desses quatro discípulos.
Pedro e André estavam pescando, e Tiago e João
estavam remendando suas redes. Subitamente,
Aquele com quem eles haviam encontrado há mais de
quarenta dias apareceu como uma grande luz
resplandecendo sobre eles. Eles perceberam que esse
era o Cordeiro de Deus e foram atraídos a Ele.
Entretanto, dessa vez o Cordeiro de Deus era a
grande luz resplandecendo sobre eles. Após
resplandecer sobre eles, o novo Rei disse: “Segue-
Me”, e esses quatro discípulos O seguiram.
Finalmente, os quatro influenciaram outros a seguir
o Senhor Jesus, e multidões foram atraídas a Ele.
Quando o Senhor Jesus subiu ao cume do monte,
Seus discípulos foram até Ele para formar o círculo
interno, a audiência mais próxima para o decreto do
novo Rei. A primeira coisa que Ele disse foi: “Bem-
aventurados os pobres em espírito”. Essa palavra era
a continuação da pregação do Senhor em 4:17, onde
Ele disse: “Arrependei-vos, porque está próximo o
reino dos céus”. Em Sua pregação o Senhor tratou a
mente, os pensamentos. Ele parecia estar dizendo:
“Vocês devem arrepender-se. Devem ter uma
mudança em seus pensamentos, em sua mentalidade.
A mente de vocês precisa mudar”. Sem dúvida, Pedro,
André, Tiago e João tiveram uma mudança genuína
em seu entendimento. Na época em que estavam no
círculo interno para serem a audiência mais próxima
para o decreto do novo Rei, não havia problema
quanto à mente deles. Os seus pensamentos já
tinham passado por uma mudança.
Voltar a nossa mente nos proporciona um
caminho para entrar no reino e para o reino entrar
em nós. A mente não é nem o receptor nem o
compartimento interior; é a porta. O receptor, a
câmara interior, é o nosso espírito. Assim, nossa
mente é a porta e nosso espírito é o compartimento
interior. Devemos colocar a palavra do Senhor em
4:17: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino
dos céus”, com a Sua palavra em 5:3: “Bem-
aventurados os pobres em espírito, porque deles é o
reino dos céus”. A mente que se voltou é a porta pela
qual o reino dos céus vem a nós. Quando o reino vem,
ele é implantado em nosso espírito. Ele entra pela
porta de nossa mente e alcança o nosso espírito. É
nosso espírito, não nossa mente, que recebe o reino e
o retém. Portanto, nosso espírito é o receptor e o
recipiente do reino dos céus.
Os evangelistas que conhecem o segredo do
evangelho, em suas pregações tratam primeiramente
da mente das pessoas.
Então prosseguem tratando do espírito delas. A
pregação do evangelho deve tratar da mente das
pessoas, com sua maneira de pensar. Isso é para
produzir nelas arrependimento, para terem uma
mudança em seu pensamento e maneira de vida. Tão
logo alguém se arrependa, o pregador adequado do
evangelho lhe pedirá para orar e invocar o nome do
Senhor. Isso não é lidar com a mente, mas lidar com
o espírito . Depois que uma pessoa exercita seu
espírito para orar e invocar o nome do Senhor, Ele
imediatamente entrará em seu espírito, atravessando
a porta da mente e alcançando o seu espírito.
O próprio Senhor Jesus, que entrou em nosso
espírito por meio da nossa mente, é o Rei. O reino
está com Ele. Quando o Rei entra no espírito de
alguém, significa que o reino também entra em seu
espírito. Daquele dia em diante, o Rei e o reino
permanecem em seu espírito. No ensinamento do
cristianismo degradado de hoje, poucos enfatizam
que o Cristo que entra em nosso espírito é o próprio
Rei com o reino. Quando Ele entra em seu espírito, o
reino vem com Ele. Agora em nosso espírito não
apenas temos o Salvador; temos também o Rei com o
reino.
Por muitos anos, temos enfatizado a importância
de 2 Timóteo 4:22: “O Senhor seja com o teu
espírito”. Sempre aplicamos isso à questão da vida.
Entretanto, agora devemos ver também que sempre
que dizemos que o Senhor Jesus está com o nosso
espírito, significa que o reino está com o nosso
espírito. Esse Senhor Jesus não é apenas o Salvador e
a vida, mas também o Rei com o reino. Hoje
podemos declarar: “Em meu espírito tenho o
Salvador, a vida, o Rei e o reino!” Quando nos
arrependemos e cremos no Senhor Jesus como o
Salvador, a vida e o Rei com o reino, Ele entrou em
nosso espírito e foi implantado ali. Assim, em nosso
espírito agora temos o Salvador, a vida e o Rei com o
reino. Recebemos tal Pessoa em nós nos
arrependendo em nossa mente e sendo pobres em
espírito. Quando estava numa condição caída
andando longe de Deus, fui enchido com filosofia e
religião. Não apenas andava numa direção errada,
mas também estava cheio de conceitos e
pensamentos indignos. Quando ouvi a pregação do
evangelho, tive uma mudança em minha mente;
minha mente foi mudada. Entretanto, ainda estava
cheio de muitos conceitos filosóficos e religiosos.
Assim, não apenas precisava ter uma mudança na
mente, mas também tornar-me pobre em espírito.
Ser pobre em espírito é esvaziá-lo; é abrir-se das
profundezas do nosso ser e ser desembaraçado de
todas as outras coisas para que o Senhor Jesus seja
capaz de entrar em nosso espírito. Quando Ele
entrou em mim, veio como o Rei com o reino.
Portanto, se você é pobre em espírito, seu é o reino
dos céus. Você pode ter dado “meia-volta” em sua
vida e está agora face a face com o Senhor, mas, e
quanto ao seu espírito? Seu espírito está aberto a Ele
ou está cheio de outras coisas? Você está ainda cheio
de conceitos filosóficos e religiosos? Os gregos podem
estar cheios da filosofia de Platão, os chineses, dos
ensinamentos de Confúcio e os judeus, dos
ensinamentos de Moisés. Para que o Rei e o reino
entre em você, você deve ser pobre em seu espírito.
Isso significa que deve abrir-se das profundezas do
seu ser e lançar fora todos os conceitos, opiniões e
pensamentos que o têm enchido. Quando estiver com
seu espírito vazio, o Rei com o reino virão para
dentro de você. Então o reino dos céus é seu.
Por favor, prestem muita atenção ao tempo do
verbo no versículo 3. Ele não está no futuro, mas no
presente. Esse versículo não diz: “Deles será o reino
dos céus,” mas diz: “Deles é o reino dos céus”.
Quando você se abre das profundezas do seu ser, isto
é, do seu espírito, e desembaraça-se e esvazia seu
espírito, o Rei como o Espírito que dá vida entrará
pela porta da sua mente arrependida e virá ao seu
espírito para ser seu Rei com o reino. A partir de
então, o reino está dentro de você, e o reino dos céus
é seu. Essa é a salvação de acordo com o Novo
Testamento.
Entretanto, o cristianismo degradado de hoje
perdeu isso.
Quando recebeu o Senhor Jesus, percebeu que
uma espécie de governo veio para dentro de você?
Esse governo é o reinar do reino. Não temos apenas o
Salvador e a vida, mas também o Rei. Esse Rei
exercita Sua autoridade de dentro do nosso espírito.
Mesmo que tenha sido salvo hoje, você já tem o reino
dentro de si. Embora eu tenha sido salvo há mais de
cinqüenta anos, não tenho nada mais do que tem
alguém que acabou de ser salvo. Quem está dentro de
nós é o nosso Salvador, nossa vida e nosso Rei com o
reino. Quão rico e elevado Ele é! Porque O recebemos
em nosso espírito, nosso é o reino dos céus. O reino é
nosso e o reino está em nosso espírito.
Agora devemos compreender o significado do
versículo 3: “Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos céus”. Precisamos trocar o
pronome e dizer: “Bem-aventurados são os pobres
em espírito, porque nosso é o reino dos céus”. Uma
vez que entendemos o significado deste versículo,
vemos que é um erro ensinar que o reino está
suspenso até o milênio. A palavra “é” neste versículo
prova que o reino dos céus é nosso agora mesmo.
Como somos bem-aventurados! Que bem-
aventurança é ser pobre em espírito! Se somos
pobres em espírito, nosso é o reino dos céus. Se
tomar essa palavra, você nunca mais será o mesmo.
Esse único versículo é melhor do que cem mensagens.
Aleluia! o reino dos céus é nosso! Somos
verdadeiramente bem-aventurados e felizes. Bem-
aventurados e felizes são os pobres em espírito,
porque nosso é o reino dos céus.

B. Os que Choram Serão Consolados


Embora devamos estar muito felizes em ouvir
que estamos no reino dos céus hoje, já no próximo
versículo o Senhor Jesus disse-nos para chorar. O
versículo 4 diz: “Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados”. Não parece lógico dizer
que os que choram são bem-aventurados e felizes.
Entretanto, se orarmos por certo tempo com um
espírito cheio com o Rei e o reino, começaremos a
chorar pela situação negativa atual. Toda a situação
do mundo é negativa em relação à economia de Deus.
Satanás, o pecado, o ego, as trevas e o mundanismo
predominam entre todas as pessoas na terra. A glória
de Deus é insultada, Cristo é rejeitado, o Espírito
Santo é frustrado, a igreja está desolada, o ego está
corrompido e o mundo todo é maligno. Portanto,
Deus quer que choremos por tal situação. Porque o
reino está em nós, somos subjugados, controlados e
governados pelo Rei que habita interiormente. Se,
enquanto estamos sob esse governo, olharmos para o
ambiente e a situação do mundo, nós lamentaremos
e choraremos.
Esse choro, entretanto, é uma bem-aventurança,
porque o Senhor disse que os que choram “serão
consolados”. Se chorarmos segundo Deus e a Sua
economia, seremos confortados sendo
recompensados com o reino dos céus. Veremos o
governo celestial de Deus sobre todas as situações
negativas. Muitas vezes tive a experiência de chorar e
ser confortado. Não fique desapontado. Devemos
chorar, contudo estar cheios de esperança. O Rei está
vindo, o inimigo será derrotado e a terra será
governada por Cristo. Mais cedo ou mais tarde,
seremos consolados. Não é um consolo ver tantos na
restauração do Senhor buscando-O e a Seu reino?
Que conforto isso é para mim! Se nunca
experimentou chorar em seu espírito, então você não
percebe quão doce e confortante é ver tantos que se
importam apenas com o reino do Senhor. Por essa
razão, amamos todos os queridos santos na
restauração do Senhor. Todas as igrejas com todos os
santos sedentos são um verdadeiro consolo para cada
espírito que chora.

C. Os Mansos Herdarão a Terra


A seqüência desses versículos é muito
significativa. Primeiramente somos pobres em
espírito para receber o Rei com o reino e contê-Lo.
Então, choramos pela situação miserável e somos
consolados. A seguir, temos uma palavra sobre os
mansos. O versículo S diz: “Bem-aventurados os
mansos, porque herdarão a terra”. Alguns tradutores
dizem que a palavra grega para “terra” deve ser
“território”. Mas quer seja terra ou território, isso se
refere ao mundo vindouro subjugado. Hoje a terra é
um reino mundano sob o governo de Satanás. Mas
dia virá quando o Senhor, o Rei, reinará neste mundo.
Apocalipse 11:15 diz: “O reino do mundo se tomou de
nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos
séculos dos séculos”. O mundo citado em Apocalipse
11:15 éa terra em Mateus 5:5.
Em Mateus 5:5 o Senhor disse que os mansos
herdarão a terra. Os pobres em espírito no versículo
3 e os que choram no versículo 4 são agora os mansos
no versículo 5. Mui tos cristãos não entendem o que
significa ser manso. Não significa simplesmente ser
gentil, humilde e submisso. Ser manso não significa
resistir à oposição do mundo, mas significa sofrê-la
voluntariamente. Ser manso significa não lutar ou
resistir. Se somos mansos, dispostos a sofrer a
oposição do mundo nesta era, herdaremos a terra na
era vindoura, como revelado em Hebreus 2:5-8 e
Lucas 19:17, 19.
Hoje, os que lutam são os que ganham a terra. Se
não lutar, você não receberá qualquer território. Essa
é a razão pela qual há tantas guerras. As nações
promovem guerras umas contra as outras a fim de
ganhar mais territórios para si. A maneira humana é
ganhar a terra lutando por ela, mas a maneira do
reino dos céus é ganhá-la sendo manso. Não há
necessidade de lutar, mas há necessidade de ser
manso. Alguns jovens têm proclamado algumas
frases sobre tomar a terra. A maneira de tomar a
terra não é por frases, aclamações ou lutas. A
maneira é por meio da mansidão. Bem-aventurados
são os mansos, porque herdarão a terra. Você é um
lutador ou um manso? Se quiser herdar a terra, deve
ser manso. Quando o Senhor Jesus voltar, Ele
dominará a terra. Entretanto, quando foi preso,
traído e crucificado no Gólgota, Ele foi manso.
Enquanto estava pregado na cruz, Ele não resistiu.
De todas as maneiras Ele foi manso, manso até o fim.
Por fim, a terra será conquistada não pelos que lutam,
mas pelos mansos. Algumas semanas atrás um
opositor disse a um dos nossos irmãos: “Vamos deter
vocês!” O tempo dirá quem vai deter quem. Os que
lutam serão detidos, mas os mansos não. Antes, eles
herdarão a terra. Satanás está sempre lutando, mas o
Senhor Jesus nunca luta. Ao contrário, Ele é manso.
Nisso vemos que a economia de Deus é oposta à
economia do homem. Se você quer conquistar a terra,
deve ser manso. Se não tem recebido qualquer
território, isso pode indicar que você ainda não é
manso o suficiente. Os jovens devem ser mansos nas
universidades. Percebo que essa é uma linguagem
celestial. O Senhor Jesus não disse: “Bem-
aventurados os que lutam, porque conquistarão a
terra. Os que lutam tomarão a terra!” Não digam:
“Vamos tomar a terra lutando por ela”. Não, pelo
contrário, devemos dizer: “Tomemos a terra sendo
mansos”. Você pode pensar que mansidão está
relacionada a coisas materiais. Entretanto, se
considerar a questão cuidadosamente, verá que
mansidão não está relacionada a coisas materiais
exteriores. Antes, está relacionada a algo interior,
que está em nosso próprio ser.

D. Os Famintos e Sedentos de Justiça Serão


Fartos
No versículo 6 o Senhor disse: “Bem-
aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão fartos”. Justiça aqui é ser justo em
nosso comportamento. Essa justiça está relacionada
ao que somos interiormente. Isso está indicado pelo
fato de nos ser dito para termos fome e sede de
justiça a fim de que sejamos fartos.
Para entender o versículo 6 devemos também
considerar o versículo 20 que diz: “Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no
reino dos céus”. Nos versículos 3 e 20 vemos dois
aspectos do reino dos céus. No versículo 3 o verbo
está no presente e no versículo 20 está no futuro. Por
um lado, o reino dos céus é nosso; por outro, nós
entraremos no reino dos céus. Se somos pobres em
nosso espírito, a realidade do reino dos céus é nossa
hoje. Mas ainda precisamos entrar na manifestação
do reino dos céus. Lembre-se dos dois aspectos do
reino dos céus: a realidade na igreja hoje e a
manifestação na parte superior do milênio no futuro.
Se somos verdadeiramente pobres em espírito,
buscando Cristo, a realidade do reino dos céus é
nossa. Então na época do milênio, entraremos na
manifestação do reino dos céus. Entretanto, para
entrarmos na manifestação do reino dos céus
precisamos da justiça excedente, a justiça que excede
a dos escribas e fariseus. Precisamos ter fome e sede
dessa justiça, tentar alcançar tal justiça, a fim de que
possamos entrar no reino dos céus (vs. 6, 10, 20). Se
tivermos fome e sede de justiça, Deus nos fartará
com a própria justiça que buscamos. Se buscamos
essa justiça que excede, ela nos será dada. Justiça é
ser justo não apenas com Deus, mas também com o
homem. A justiça dos escribas e fariseus era
insuficiente porque era a justiça segundo alei. Nossa
justiça não deve ser conforme a velha lei, mas
conforme a nova lei. Como veremos, a nova lei é
muito mais elevada do que a velha. A velha lei diz:
“Não matarás”. Mas a nova diz: “Todo aquele que
[sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento” (v. 22). Por esse único exemplo vemos
que nossa justiça deve estar em um nível mais
elevado do que a justiça dos fariseus. Não devemos
nos preocupar apenas em não matar, mas até mesmo
em não estar irado com nosso irmão. Essa justiça
está no plano mais elevado.
Nossa vida natural não é capaz de satisfazer a
essa justiça. Essa justiça interior subjetiva deve ser
Cristo. Apenas Cristo pode cumprir as exigências da
nova lei. Ao ler Mateus 5 quando jovem, fiquei
desapontado e disse: “Simplesmente não posso
praticar isso. Terei de desistir”. Mas quanto mais
tenho crescido, mais tenho percebido que posso
praticá-la porque tenho uma vida dentro de mim que
é capaz. O Rei com Seu reino dentro em mim pode.
Entretanto, esse Rei precisa da nossa cooperação.
Cooperamos sendo famintos e sedentos. Cooperamos
dizendo:-ó Senhor Jesus, estou faminto e sedento de
Ti. Senhor, quero ser enchido Contigo”. Se for
faminto e sedento dessa maneira, você será farto.
A justiça no versículo 6 é simplesmente Cristo. É
a justiça que excede, a justiça no plano mais elevado,
que apenas pode ser a1cançada por Cristo. Porque
Ele é quem produz essa justiça mais elevada,
devemos buscá-Lo. Precisamos orar: “Senhor, faz-me
faminto. Conceda-me um apetite por Ti. Conceda-me
o apetite para buscar a justiça que excede”. Se buscá-
la de tal maneira, você será satisfeito. Receberá o que
tem buscado.

E. Os Misericordiosos Alcançarão
Misericórdia
O versículo 7 diz: “Bem-aventurados os
misericordiosos porque alcançarão misericórdia”. Ser
justo é dar a alguém o que ele merece, enquanto ser
misericordioso é dar mais do que ele merece. Para o
reino dos céus, precisamos não apenas ser justos,
mas também misericordiosos. Receber misericórdia é
termais do que merecemos. Se somos
misericordiosos com os outros o Senhor nos
concederá misericórdia (2Tm 1:16, 18),
especialmente no Seu trono de julgamento (Tg 2:12-
13).
Ser justo é tratar consigo mesmo de uma
maneira estrita. Devemos ser justos ao tratar conosco.
Não devemos dar a nós mesmos qualquer desculpa.
Para com os outros, entretanto, devemos ser
misericordiosos. Se somos diligentes em buscar a
justiça que excede, por fim nos tomaremos
misericordiosos com os outros. Em nossa busca
descobriremos que nosso homem natural é fraco e
que somos propensos a falhar. Se não perceber a
condição miserável do seu homem natural, você
nunca terá misericórdia dos outros. Em vez de
demonstrar misericórdia com eles, você os condenará
quando caírem ou fracassarem. A razão por que os
condena é que você não conhece a si mesmo. Se se
conhecer, sempre que alguém fracassar, você dirá:
“Senhor, tem misericórdia de mim e do meu irmão.
Somos todos vasos fracos e não podemos cumprir
Tuas exigências. Senhor, mesmo que meu irmão
tenha me ofendido, eu ainda desejo ser
misericordioso com ele”. Se nunca fracassou, você
nunca será misericordioso. Se sempre obtém êxito
em sua busca pela santidade e perfeição, você não
terá compaixão dos outros quando falharem. Você
sempre os condenará. Mas se conhece quão fraco
você é e quantos erros tem cometido, será
misericordioso com os outros.
Há uma promessa para nós no versículo 7. A
promessa é que os que são misericordiosos
alcançarão misericórdia. Se julga seu irmão sem
misericórdia hoje, você não receberá qualquer
misericórdia no trono de julgamento de Cristo.
Porque julga outros sem misericórdia, Cristo julgará
você sem misericórdia. Mas se tem misericórdia de
seu irmão, o Senhor terá misericórdia de você no Seu
trono de julgamento. Assim, o povo do reino é justo
em tratar consigo mesmo, mas muito misericordioso
em tratar com os outros. Uma vez mais, essa não é
uma questão exterior, mas relacionada ao nosso ser
interior.

F. Os Puros de Coração Verão a Deus


O versículo 8 diz: “Bem-aventurados os puros de
coração, porque verão a Deus”. Ser justo é para tratar
com nós mesmos; ser misericordioso é para lidar
com os outros; e ser puro de coração é para
relacionar-nos com Deus. Conosco, devemos ser
estritos e não permitir desculpas. Com os outros,
devemos ser misericordiosos, dando-lhes mais do
que merecem. Mas com Deus devemos ser puros de
coração, não buscando nada além Dele. A
recompensa para quem é puro de coração é ver a
Deus. Deus é a nossa recompensa. Nenhuma
recompensa é maior do que o próprio Deus. Nós a
obtemos sendo estritos, justos com nós mesmos,
misericordiosos com os outros e puros de coração
para com Deus.
Ser puro de coração é ser simples em propósito,
ter como único alvo realizar a vontade de Deus para a
Sua glória (1Co 10:31). Isso é para o reino dos céus.
Nosso espírito é o órgão para receber Cristo (101:12;
3:6), enquanto o nosso coração é o solo onde Cristo
como a semente da vida cresce (Mt 13:19). Para o
reino dos céus precisamos ser pobres em espírito,
vazios em nosso espírito, para que possamos receber
Cristo. Todos precisamos ser puros e simples em
nosso coração, para que Cristo possa crescer em nós
sem frustração. Se somos puros de coração ao buscar
a Deus, nós O veremos. Ver a Deus é uma
recompensa para esses. Essa bênção é para hoje e
para a era vindoura.

G. Os Pacificadores Serão Chamados Filhos


de Deus
O versículo 9 diz: “Bem-aventurados os
pacificadores, porque serão chamados filhos de
Deus”. Satanás, o rebelde, é o instigador de toda
rebelião. Por causa do reino dos céus, debaixo do seu
governo celestial, devemos ser pacificadores entre os
homens (Hb 12:14).
Em todas as primeiras sete bem-aventuranças
vimos que não deveríamos ser pessoas que brigam ou
que causam problemas; antes, devemos ser
pacificadores, sempre promovendo a paz com os
outros. Se somos pacificadores, seremos chamados
filhos de Deus. Os filhos do diabo criam problemas,
mas os filhos de Deus promovem a paz. Como o Filho
de Deus, o Senhor Jesus fez paz com Deus e com o
homem. Agora, como os filhos de Deus, devemos
segui-Lo fazendo a paz. Então seremos chamados os
filhos de Deus.
Nosso Pai é o Deus de paz (Rm 15:33; 16:20),
que tem uma vida pacífica com uma natureza pacífica.
Como os nascidos Dele, se quisermos ser os
pacificadores, devemos agir em Sua vida divina, de
acordo com a Sua natureza divina. Assim,
expressaremos Sua vida e natureza, e seremos
chamados filhos de Deus.

H. Os Perseguidos por causa da Justiça Terão


Parte no Reino dos Céus
Mateus 5:10 diz: “Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
reino dos céus.” O mundo todo jaz no maligno (1Jo
5:19) e está cheio de injustiças. Cada aspecto do
mundo é injusto. Se somos sedentos e famintos de
justiça, seremos perseguidos por causa da justiça.
Precisamos pagar um preço pela justiça por causa do
reino dos céus. Se somos justos, seremos condenados,
perseguidos e sofreremos oposição. Assim,
sofreremos perseguição. Muitos santos que fizeram o
máximo para ser justos sofreram perseguição como
conseqüência. Em seu ambiente, negócios ou
trabalho havia muitas coisas injustas. Porque
desejavam ser justos naquela situação, eles sofreram
perseguição dos outros.
Esse versículo diz que os perseguidos por causa
da justiça são bem-aventurados “porque deles é o
reino dos céus”. Se buscamos a justiça a todo custo, o
reino dos céus toma-se nosso: estamos em sua
realidade agora e seremos recompensados com sua
manifestação na era vindoura. Temos enfatizado que,
de acordo com o versículo 20, a fim de estar no reino
dos céus precisamos da justiça que excede, a justiça
no plano mais elevado. Para entrarmos na
manifestação do reino dos céus precisamos desse tipo
de justiça. Portanto, precisamos ter fome e sede dela
e sofrer perseguição por sua causa.

I. Os Injuriados, Perseguidos e Difamados


por causa Dele Receberão o Grande Galardão
nos Céus
No versículo 11 o novo Rei disse: “Bem-
aventurados sois quando, por Minha causa, vos
injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo
mal contra vós”. A perseguição no versículo 10 é por
causa da justiça, por causa da nossa busca de justiça,
enquanto a perseguição no versículo 11 é diretamente
por causa de Cristo, o novo Rei, por seguirmos a Ele.
Quando vivemos uma vida para o reino dos céus em
sua natureza espiritual e de acordo com seus
princípios celestiais, somos injuriados, perseguidos e
difamados, principalmente pelos religiosos, que se
apegam aos seus conceitos tradicionais. Os religiosos
judeus fizeram todas essas coisas aos apóstolos nos
primeiros dias do reino dos céus (At 5:41;3:8). Isso é
também verdade hoje. Se estiver verdadeiramente
buscando Cristo, muitos nas denominações se
levantarão contra você. Isso é o que estamos sofrendo
agora. Estamos sofrendo injúrias e perseguição, e
boatos maldosos circulam a nosso respeito.
Recentemente uma reputada editora publicou um
livro nos associando com o hinduísmo. Que boato
maligno! Essa injúria e perseguição vem a nós
porque não nos importamos com a tradição, mas com
Cristo e a pura palavra da Bíblia.
No versículo 12 o Senhor Jesus dá uma palavra
de encorajamento aos que são perseguidos por Sua
causa: “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o
vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos
profetas que viveram antes de vós”. Esse galardão da
nona bem-aventurança indica que todos os
resultados das oito bem-aventuranças anteriores
também são recompensas. Esse galardão é grande e
está nos céus, uma recompensa celestial, não terrena.
MENSAGEM 15

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(3)
Para se ter uma boa nação ou reino, deve-se ter
um bom povo. Um país adequado precisa de pessoas
adequadas. Por isso, na constituição do reino
celestial, o Senhor Jesus primeiramente revela o tipo
de pessoa que vive no reino dos céus.

O SER INTERIOR DO POVO DO REINO


As nove bem-aventuranças em 5:3-12 estão
todas relacionadas à natureza do povo do reino. O
tipo de pessoa que somos depende da nossa natureza.
Cada aspecto dessas nove bem-aventuranças trata
principalmente do nosso ser interior, não com coisas
materiais exteriores. Além do nosso ser interior,
esses versículos também tratam um pouco da
expressão exterior. Tome o exemplo da justiça. Se ler
esses versículos cuidadosamente, você verá que
justiça aqui não é meramente uma questão de
comportamento exterior. Antes, é o fluir do nosso ser
interior, a expressão do que somos interiormente.
Portanto, a primeira seção da constituição (5:1-12)
trata o ser interior do povo do reino.

NOVE PALAVRAS CRUCIAIS


Ao considerar a natureza do povo do reino como
revelada nesses versículos, precisamos relembrar
nove expressões cruciais, uma para cada uma das
nove bem-aventuranças: pobre em espírito, que
chora, manso, faminto e sedento pela justiça,
misericordioso, puro, pacífico, perseguido e injuriado.
Essas palavras revelam que tipo de pessoa o povo do
reino deve ser. Devem sempre estar pobres em
espírito, tristes pela situação presente, mansos ao
enfrentar oposição, justos consigo mesmos,
misericordiosos com os outros, puros para com Deus,
pacíficos com todos os homens, perseguidos por
causa da justiça e injuriados por causa de Cristo. A
soma dessas nove expressões é a natureza do povo do
reino.

POBRES EM ESPÍRITO E TRISTES


A seqüência desses versículos é muito
significativa. Primeiramente devemos ser pobres em
espírito e, então, podemos chorar. Se não somos
pobres em nosso espírito, não temos lugar para que o
Rei venha estabelecer Seu reino dentro de nós. Se
não temos o reino celestial formado em nós, não
podemos perceber quão negativo e miserável é o
mundo inteiro. Entretanto, quando o Senhor Jesus
encontra caminho para estabelecer Seu remo em nós
e quando todos os lugares do nosso ser, e mesmo as
profundezas do nosso ser, o nosso espírito, estão
disponíveis para Ele, percebemos que a terra está em
trevas, corrompida e cheia de pecado.
Espontaneamente choraremos por essa Situação
triste. Por isso, o Senhor Jesus não falou
primeiramente sob:-e chorar e, então, de ser pobre
em espírito. Ele colocou a questão de ser pobre em
espírito antes. Apenas quando somos pobres em
espírito é que podemos chorar.

CHORO E MANSIDÃO
Se formos pobres em espírito e chorarmos pela
situação miserável dos outros, espontaneamente
seremos mansos. Mesmo se sua sogra estiver em uma
condição miserável, não diga isso a ela. Igualmente a
condição de sua querida esposa pode não ser muito
positiva aos olhos do Senhor. Se o coração e os
interesses dela não são pelo Senhor, e ela não se
importa com o Seu reino, a situação dela é
lamentável. Você tem o Senhor Jesus com o reino
celestial em seu espírito, mas e quanto a sua esposa?
Você pode estar no mais alto céu, mas ela pode estar
no mais profundo inferno. Além disso, considere seus
filhos. Você pode amar o Senhor ao máximo, mas
eles podem não amá-Lo de jeito nenhum. Portanto,
você deve chorar pela sua sogra, esposa e filhos. Deve
também chorar pelos seus parentes, colegas e
vizinhos. Onde está quem realmente é pelo Senhor?
Olhe para a condição deplorável do mundo, incluindo
a da cristandade. Os comerciantes se importam
apenas com o dinheiro, os estudantes, com a
educação deles, e os que trabalham se importam
apenas com promoções e posições. Quando somos
pobres em espírito, certamente prantearemos por
toda a situação. Lamentaremos pelo nosso ambiente
e pelas pessoas ao nosso redor.
Por chorarmos pelos outros, nunca
contenderemos com eles. Em vez disso,
espontaneamente seremos mansos com eles. Se você
ainda não é manso com sua esposa, é um sinal de que
não foi possuído pelo reino dos céus. É uma
indicação que outras coisas estão ainda ocupando
você. Se foi completamente ocupado no seu interior
pelo reino dos céus, você chorará por sua esposa e
será manso com ela. Você será manso com todas as
pessoas que estão em situação lamentável. Se é um
estudante, você será manso com seus professores e
colegas. Será manso com os outros porque tem um
profundo sentimento interior acerca da situação
lamentável deles. Porque orou por eles chorando,
sempre que os contatar, você será manso.

UMA PALAVRA SOBRE A MANSIDÃO


Deixe-me dizer uma palavra adicional sobre a
mansidão. O Novo Testamento nos fala que não
lutamos contra carne e sangue, mas contra o diabo,
contra o inimigo de Deus. Devemos lutar contra o
diabo, o inimigo de Deus, dia e noite. Entretanto não
lutamos contra pessoas nem mesmo contra quem se
nos opõe. Em relação a todos os homens, inclusive os
adversários e opositores, devemos ser mansos.
Embora lutemos contra Satanás e as potestades no ar,
não lutamos contra pessoas. Antes, amamos a todos.
Jovens, não vão às universidades lutar contra os
estudantes. Nunca diga: “Derrotaremos os
estudantes e tomaremos a terra!” Não vão às
universidades para lutar-vão para serem mansos.
Precisamos ser tão mansos que, mesmo se um
perseguidor bater-nos na face direita, voltaremos a
ele a face esquerda. Ser manso significa não resistir
ou lutar. Entretanto, quando voltamos a face
esquerda ao perseguidor, devemos orar: “Senhor,
amarre os poderes das trevas!” Enquanto somos
mansos com outras pessoas, devemos lutar contra os
poderes das trevas. O inimigo não é as pessoas, é
Satanás e seus anjos, os poderes malignos no ar.

FAMINTOS E SEDENTOS PELA JUSTIÇA


Enquanto somos mansos com os outros,
devemos ser famintos e sedentos pela justiça. Nós
mesmos devemos ser justos com todos. Devemos ser
justos com nossos pais, nosso marido ou esposa,
nossos filhos, nossos parentes e nossos vizinhos. As
pessoas do reino celestial são justas dessa maneira.
Não pense que, se choramos e somos mansos,
podemos permitir-nos ser negligentes. Não, devemos
ser famintos e sedentos pela mais elevada justiça.

JUSTOS COM NÓS MESMOS,


MISERICORDIOSOS COM OS OUTROS
Embora devamos ser estritos com nós mesmos
em justiça, devemos aprender a ser misericordiosos
com os outros e não colocar exigências sobre eles. Se
você é de fato estrito consigo mesmo, então saberá
como ser misericordioso com os outros. Não tente.
ser misericordioso com os outros sem primeiro ser
justo consigo mesmo. Toda pessoa desleixada é
misericordiosa com os outros porque ela já é
misericordiosa consigo mesma. Se dorme até mais
tarde todas as manhãs, ela será muito misericordiosa
com os que fazem o mesmo. Esse tipo de
misericórdia não é verdadeira misericórdia; isso está
absolutamente errado. Ninguém que é desleixado
sabe como ser misericordioso com os outros. Apenas
uma pessoa estrita e justa sabe como ser
misericordiosa. Se quiser ser misericordioso com os
outros conforme a quinta bem-aventurança, você
deve primeiro ser justo consigo mesmo de acordo
com a quarta bem-aventurança.
Devemos ser justos e estritos conosco, nunca
arranjando desculpas para nós mesmos. Mas quando
os outros nos ofendem, expondo suas próprias falhas,
devemos ser misericordiosos com eles. Todos os que
se justificam, condenam os outros e nunca os
perdoam. A palavra falada pelo Senhor no monte é
absolutamente diferente disso. Conosco, devemos ser
justos e estritos, sérios e sóbrios. Mas com os outros
devemos ser misericordiosos. Em si mesmo Deus é
justo. Entretanto, se Ele fosse justo ao máximo em
lidar conosco, todos estaríamos mortos. Embora
Deus seja justo em relação a Si mesmo, Ele é cheio de
misericórdia ao lidar conosco. Como pecadores
caídos, certamente precisamos da misericórdia de
Deus. Também devemos aprender a ser justos com
nós mesmos e misericordiosos com os outros. Essa
questão de ser justo conosco e misericordioso com
outros não é primariamente uma questão de
comportamento exterior, mas da nossa atitude
interior, do nosso ser interior.
Como um irmão que toma a liderança, quer
como líder na igreja ou como irmão na casa dos
irmãos, você pode achar difícil ser estrito com você
mesmo e ainda ser misericordioso com os outros.
Suponha que alguém tenha de estar em casa numa
certa hora. Chegar após essa hora não é justo.
Igualmente não é justo incomodar os outros.
Entretanto, quando alguns jovens chegam em casa,
eles gostam de jogar os sapatos em qualquer lugar.
Conheci um cooperador, um pregador e mestre da
Bíblia, que costumava atirar as meias sem qualquer
preocupação de onde elas iriam parar. Uma vez esse
irmão e eu ficamos hospedados em certa casa. Os
anfitriões, muito preocupados, conversaram comigo
sobre esse irmão desleixado. Que vergonha foi para
mim! Alguns dos irmãos que vivem nas casas de
irmãos agem da mesma maneira.
Outros irmãos ficam tristes porque foram
escolhidos para lavar os pratos; por isso, eles não os
limpam completamente. Isso não é justo. Nunca é
justo levar vantagem sobre os outros, violar os
direitos deles. Não lavar os pratos corretamente é
levar vantagem sobre os outros. Se é assim, você não
é uma pessoa justa. Se é um líder na casa de irmãos,
você deve ser estrito consigo mesmo acerca do tempo,
do falar excessivo, do barulho, de lavar os pratos, e de
muitas outras coisas. Não diga que isso é demais.
Pode parecer demais para você, mas não para o
Cristo que vive dentro de você. Em tudo o que faz,
você deve ser estrito consigo mesmo.
Entretanto, ao tomar a liderança na casa de
irmãos ou em algum aspecto da vida da igreja, você
deve ser também misericordioso. Algumas vezes um
irmão líder pode advertir um outro desleixado sobre
sua lavagem de pratos, dizendo: “Essa é a primeira
advertência sobre a maneira como lavar os pratos.
Após mais duas advertências, você terá de sair”.
Lembre-se da palavra do Senhor Jesus sobre quantas
vezes você deve perdoar seu irmão (Mt 18:21-22).
Ainda que certo irmão não limpe os pratos
totalmente depois que falou a ele várias vezes, você
ainda deve ser misericordioso com ele. Não expulse
nem mesmo tal irmão de condição fraca e desleixada.
Antes, seja misericordioso com ele. Isso não significa
que irá ao extremo oposto e dirá: “Aprendi que devo
ser misericordioso com esse irmão. Portanto, de
agora em diante, nunca mais lhe falarei sobre a
maneira como lavar os pratos. Que ele lave como
quiser. Terei realmente de tolerar isso a fim de
preservá-lo”. Essa atitude também não é justa. Você
precisa cuidar de tal irmão desleixado dia a dia. Faça
com que ele tenha uma mudança na lavagem de
pratos. Mas cada vez que fizer a mesma coisa, você
deve ser paciente e misericordioso com ele.
É fácil sermos estritos ou desleixados. Mas
devemos aprender a ser estritos por um lado e
misericordiosos por outro. Se damos a outros um
tratamento estrito, devemos imediatamente ser
misericordiosos com eles. Essa é uma lição
importante para os presbíteros aprenderem. As
pessoas do reino são justas e misericordiosas.
Quando são justas, devem ser absolutamente justas,
e quando são misericordiosas, devem ser muito
misericordiosas. Embora justiça e misericórdia sejam
dois pólos opostos, devem estar juntas em sua
experiência. Sua justiça deve caminhar junto com a
sua misericórdia.

PUROS DE CORAÇÃO E QUE VÊEM A DEUS


De acordo com a seqüência das bem-
aventuranças em Mateus 5, ser puro de coração segue
a manifestação de misericórdia para com os outros.
Isso também corresponde à nossa experiência. Se
não é justo consigo mesmo e misericordioso com
outros, você achará dificuldade em ser puro de
coração para com Deus. Para ser puro de coração
para com Deus, você deve ser estrito ao tratar
consigo mesmo e misericordioso ao tratar com os
outros. Segundo a lógica, não parece haver razão
para isso. Mas nossa experiência prática prova que
isso é assim. Se não é justo consigo mesmo e
misericordioso com outros, você nunca será puro
para com Deus. Creio que pelo menos alguns entre
nós nas igrejas têm experiência do que estou falando
aqui. Por anos, temos aprendido a lição de ser estrito
e não dar desculpas a nós mesmos. Mas também
temos aprendido a ser misericordiosos com outros,
especialmente com os que são mais fracos. Por isso, .
nosso coração é puro em buscar a Deus. Quando
somos justos conosco e misericordiosos com os
outros, vemos Deus. Mas quando somos relaxados
conosco e condenamos os outros, nossos olhos estão
absolutamente cegos e não podemos ver Deus. Se dá
desculpas para si mesmo, contudo faz exigência aos
outros, seu coração não é puro. Um coração puro
para com Deus vem unicamente de ser estrito
consigo mesmo e misericordioso com outros.
Mesmo na igreja, muitos santos sempre se
desculpam e fazem exigências a outros. Por exemplo,
eles podem se desculpar por acordar mais tarde
dizendo que a noite passada receberam um
demorado telefonema. Mas se ouvem que
determinado irmão não veio para a oração matinal,
podem dizer: “Por que ele não veio? Como um líder
na casa de irmãos, ele deveria levantar-se de
madrugada”. Os olhos de uma pessoa assim estão
cegos, indicando que seu coração não é puro.
Devemos ser estritos conosco e misericordiosos com
os outros. Se os outros são frouxos, preguiçosos ou
desleixados, podemos admoestá-los de uma maneira
adequada. Todavia, devemos ainda ser
misericordiosos com eles. Não importa quão estritos
precisamos ser as vezes ao tratar os outros, mas
ainda devemos demonstrar-lhes misericórdia. Se
somos estritos conosco e misericordiosos com os
outros, teremos um coração puro, um coração singelo
para com Deus. A recompensa de ter um coração
puro é ver a Deus. Posso garantir que se você praticar
ser estrito consigo mesmo e misericordioso com
outros, você verá a Deus.
PACIFICADORES
Você será também uma pessoa pacífica. Os
estritos consigo mesmos, misericordiosos com outros,
e puros com Deus são pacificadores. Eles não gostam
de ofender, machucar ou prejudicar alguém. Antes,
gostam de manter paz com todos. Ser um pacificador
não significa ser político. Ser político é falsidade e
hipocrisia. Devemos ser absolutamente justos, não
políticos. Lembre-se, a Nova Jerusalém é quadrada,
não redonda. Nós, cristãos, devemos ser assim.
Embora sejamos absolutamente justos, somos ainda
misericordiosos com os outros. Se somos tal pessoa,
espontaneamente seremos pacificadores. Em vez de
contender com os outros e magoá-los, sempre
manteremos paz com quem estamos envolvidos. Isso
é o que significa ser pacificador.

FILHOS DE DEUS
Os pacificadores serão chamados filhos de Deus.
Isso significa que os que estão ao nosso redor dirão:
“Essas pessoas não são apenas filhos de homens, mas
filhos de Deus”. Todos os filhos de homens lutam uns
contra os outros, mas os filhos de Deus, tal como seu
Pai celestial, são pacificadores e sempre mantêm paz
com os outros. Romanos 12:18 diz: “Se possível,
quanto depender de vós, tende paz com todos os
homens”. Entretanto, essa paz não deve ser
meramente um comportamento exterior. Isso é
política. Nossa paz deve provir da nossa natureza.
Temos uma natureza que nos faz estritos com nós
mesmos, misericordiosos com os outros e puros para
com Deus. Porque temos essa natureza,
espontaneamente teremos paz com outros. Isso não é
uma pacificação política; é o resultado espontâneo da
nossa natureza. Tal atitude levará os outros a dizer:
“Esses são verdadeiramente os filhos de Deus”.

SOFRER PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DA


JUSTIÇA
Se temos uma natureza que corresponde ao que
está revelado nesses versículos, algumas pessoas na
sociedade nos perseguirão. Essa perseguição será por
duas razões: pela justiça e por causa de Cristo. A
oitava bem-aventurança diz respeito à perseguição
por causa da justiça (v. 10), e a nona, à perseguição
por causa de Cristo (vs. 11-12). Porque outras pessoas
nos perseguiriam por causa da justiça e de Cristo?
Simplesmente porque somos pobres em espírito, tão
preocupados com a situação negativa do mundo atual
que choramos por ela, mansos com os opositores e
com os que nos atacam, justos com nós mesmos,
misericordiosos com os outros, puros com Deus e
mantendo paz com todos. Por isso, a sociedade
maligna não concordará conosco. Porque desejamos
ser justos, eles nos perseguirão por causa da justiça.
Porque queremos ser verdadeira e honestamente
justos, eles nos perseguirão. Se sofrermos
perseguição por causa da justiça, nosso é o reino dos
céus. Sofrer por causa da justiça é uma condição para
participar no reino dos céus. Se não permanecemos
na justiça, estamos fora do reino. Mas se somos
justos, estamos no reino, porque o reino é
absolutamente uma questão de justiça. No reino não
há nada errado, injusto ou obscuro; tudo é justiça e
luz. Essa é a natureza do reino. Quando somos
pobres em espírito, o reino dos céus chega a nós. Mas
quando estamos em justiça, o reino dos céus
permanece em nós. Em ambos os casos, nosso é o
reino dos céus. Se quisermos receber o reino dos céus,
devemos ser pobres em espírito, e se quisermos ter o
reino dos céus permanecendo em nós, devemos estar
em justiça. Mas se quisermos estar em justiça,
estejamos preparados para enfrentar perseguição.
Você será perseguido por causa da justiça.

INJURIADOS POR CAUSA DE CRISTO


o mundo todo, quer seja o político, o religioso, o
educativo, o comercial ou o industrial, é contra Cristo.
Portanto, se viver por Cristo, para Cristo e com Cristo,
você certamente será injuriado e difamado. As
pessoas espalharão muitos boatos a seu respeito.
Você pode trabalhar na esfera educacional, mas
algumas vezes recusar-se a cooperar com certas
coisas que acontecem lá, preferindo seguir a maneira
de Cristo. Alguns podem estar no campo econômico
ou comercial. Mas enquanto trabalham nessas
esferas, eles vi vem por Cristo e para Cristo e se
movem com Cristo. Os outros ao seu redor se
levantarão e o perseguirão, falando mentiras e
falsidades a seu respeito. Todavia, você deve sofrer
isso por causa de Cristo.

CRISTO COM O REINO


Cada uma das nove bem-aventuranças tem uma
recompensa. A recompensa da primeira é o reino dos
céus; da segunda, o consolo; da terceira, a terra; da
quarta, ser satisfeito; da quinta, misericórdia; da
sexta, ver a Deus; da sétima, ser chamado filho de
Deus; da oitava, o reino dos céus; e da nona, Cristo.
Se temos Cristo, temos o reino dos céus. Mas se não
O temos, não temos o reino dos céus. Assim, a
verdadeira bem-aventurança é Cristo com Seu reino.
Para compartilhar dessa bem-aventurança,
precisamos ser pobres em espírito, tristes pela
situação negativa, mansos ao enfrentar oposição,
justos conosco, misericordiosos com os outros, puros
de coração para com Deus, tendo paz com todos,
sofrendo perseguição pela justiça e injúrias por
Cristo. Essa é a natureza do povo do reino.
Finalmente, o povo do reino é a própria realidade do
reino. Isso é o reino, que é a vida da igreja hoje. A
igreja hoje é a realidade do reino.
MENSAGEM 16

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(4)
Nesta mensagem chegamos à segunda seção do
decreto da constituição do reino (5:13-16), que diz
respeito à influência do povo do reino dos céus sobre
o mundo. O povo do reino é sal para a terra
corrompida e luz para o mundo em trevas.

III. QUANTO À INFLUÊNCIA DO POVO DO


REINO SOBRE O MUNDO
Após revelar a natureza do povo do reino, esse
decreto prossegue para mostrar a sua influência. A
seqüência aqui é significativa. Se o povo do reino não
tivesse a natureza descrita em Mateus 5:3-12, não
poderia ter qualquer influência sobre o mundo. A
influência do povo do reino procede da sua natureza,
do que eles são. Se nós, o povo do reino, o povo da
igreja, somos pobres em nosso espírito, o reino dos
céus terá um lugar no mais profundo do nosso ser.
Então choraremos, seremos mansos, famintos e
sedentos pela justiça, misericordiosos, puros de
coração, pacificadores, sofreremos perseguição e
injúrias por Cristo. Se somos tal povo, certamente
exerceremos uma grande influência sobre as pessoas
mundanas ao nosso redor. Espontaneamente
influenciaremos a terra corrompida e o mundo em
trevas.
Porque a influência da vida da igreja adequada é
deficiente, o mundo todo está corrompido e em
trevas. Se viajar pelo mundo, estudando e
observando a situação em vários países, verá que dois
dos piores lugares são França e Suécia, países sem a
influência da vida adequada da igreja. Além do mais,
devido à predominância do catolicismo, na América
Central e do Sul 1 não há nada senão trevas. Onde
quer que o catolicismo prevaleça, há trevas e
corrupção. Hoje, como uma preparação para a volta
do Senhor, há a necessidade urgente de que todos
esses países corrompidos e trevosos sejam
conduzidos a estar sob a influência da vida: adequada
da igreja.
Em Mateus 5:13 o Senhor disse: “Vós sois o salda
terra”, e no versículo 14 disse: “Vós sois a luz do
mundo”. De acordo com o texto grego, o pronome
aqui é plural. O “vós” nesses dois versículos não se
refere a um indivíduo, mas a um povo corporativo.
Muitos leitores aplicam esses versículos aos
indivíduos. Os que têm as nove bem-aventuranças
apresentadas nos versículos 3 a 12 são um povo
corporativo, não indivíduos. Portanto, a palavra do
Senhor acerca do sal e da luz não diz respeito a
indivíduos. Individualmente, nenhum de nós pode
ser o sal ou a luz adequados. No versículo 14 o
Senhor assemelha-nos a uma cidade, não a pedras
individuais. Isso claramente revela que a palavra do
Senhor aqui não é dirigida para indivíduos, mas para
um povo corporativo edificado junto em um padrão
elevado. O Senhor não disse: “Vós sois as luzes do
mundo”. Ele disse: “Vós sois a luz do mundo”. O
plural “vós” é uma única luz.
Não considere a influência do povo do reino
sobre o mundo como uma questão individual. Se
tentar ser individualmente espiritual, você não terá
1
Referindo-se à situação da época em que estas mensagens foram dadas (1977). (N.T.)
sucesso. Mesmo se obtiver alguma espiritualidade
individual, isso será um câncer. Toda pessoa
espiritualmente individualista é um câncer que
absorve para si próprio o nutriente que é destinado
para todo o Corpo. O câncer não é causado por
germes; é causado por células que se separam do
corpo e se importam apenas com elas mesmas. Se
tentar ser espiritualmente individualista, você se
tomará um câncer. Todos precisamos ouvir essa
palavra de advertência.
Nos últimos vinte e cinco anos, vi que
espiritualidade não é uma questão individualista; é
absolutamente uma questão corporativa. Tome o
exemplo da saúde física. A saúde do nosso corpo não
é um assunto de membros individuais; é uma
questão corporativa. Não dizemos que nossos
ouvidos são saudáveis, mas que nosso corpo é
saudável. Se seus ouvidos não estão saudáveis, então
seu corpo também não deve estar. Assim, saúde é
uma questão de todo o corpo.
Quando jovem, tomei a palavra do Senhor nesse
versículo I sobre o sal e a luz de maneira
individualista, pensando que pessoalmente poderia
ser o sal e a luz. Mas agora vejo que ser sal é uma
questão corporativa. Precisamos ser impressionados
com o fato de que é como entidade corporativa que o
povo do reino é sal e luz. Se nos separamos da vida da
igreja, não mais podemos ser sal ou luz.
O sal e a luz se referem ao povo corporativo do
reino. Hoje o povo da igreja é o povo do reino.
Quanto à disciplina e exercício, somos o povo do
reino. Mas quanto à vida e a graça, somos o povo da
igreja. Nesses versículos há a questão de exercício e
disciplina; portanto, eles se referem ao povo do reino.
O povo do reino, como um todo, como um corpo
corporativo, é sal e luz.
No versículo 13 o Senhor fala da terra e no
versículo 14 Ele fala do mundo. Há uma diferença
entre a terra e o mundo; os termos não são
sinônimos. O que foi criado por Deus é a terra e o que
entrou por meio da corrupção de Satanás é o mundo.
Para a terra criada por Deus, o povo do reino é sal.
Mas para o mundo corrompido por Satanás, o povo
do reino é luz. Somos o sal da terra e a luz do mundo.

A. Ser o Sal da Terra

1. Para Matar e Eliminar da Terra os Germes


da Corrupção
Quando dizemos que somos sal, significa que
exercemos nossa influência sobre a terra criada por
Deus para preservá-la em sua condição original. A
terra, que foi criada por Deus, tornou-se caída. De
certo modo, tomou-se podre e corrompida. O sal
mata os germes e elimina essa podridão. Qualquer
médico pode dizer-lhe que o sal mata os germes,
elimina a podridão e preserva as coisas em seu estado
original. Por natureza, o sal é um elemento que mata
os germes da corrupção e os elimina. Por isso,
mediante a sua função de matar e preservar, o sal
devolve à terra sua condição original ou a preserva
em sua condição original. Portanto, a função do sal é
preservar o que Deus criou. Toda a terra está se
tornando cada vez mais estragada. Assim, devemos
exercernossa influência sobre esta terra corrupta.
Para a terra corrupta, as pessoas do reino dos céus
são o elemento que a preserva de ser completamente
estragada.
2. A Possibilidade de se Tornar Insípido
No versículo 13 o Senhor disse: “Ora, se o sal vier
a ser insípido, com que será salgado? Para nada mais
serve senão para ser lançado fora e pisado pelos
homens”. O povo do reino tomar-se insípido significa
que perdeu sua função de salgar. Eles tomaram-se o
mesmo que as pessoas da terra, sem nada que os
diferenciem dos incrédulos. Tomar-se insípido é
perder a distinção entre nós e as pessoas do mundo;
é tomar-se o mesmo que os do mundo. Ser o mesmo
que as pessoas do mundo é contrário à natureza
revelada nos versículos 3 a 12. Significa que não
somos mais pobres em espírito, os que choram pela
situação negativa, mansos, famintos e sedentos pela
justiça, misericordiosos, puros em buscar a Deus, que
promovem a paz, dispostos a ser perseguidos por
causa da justiça e dispostos a ser injuriados por
Cristo. Significa que vivemos, andamos e nos
comportamos como as pessoas do mundo. Se esse é o
nosso caso, tornamo-nos insípidos e o sal perdeu a
sua função.
A esposa de Ló é uma ilustração desse fato (Gn
19:26). Ela se tomou uma estátua de sal, indicando
que o sal perdeu sua função. Quando o sal toma-se
uma coluna, ele não tem função, principalmente
porque perdeu seu sabor. O fato de a esposa de Ló
ter-se tomado uma estátua de sal é uma forte
advertência para não perdermos a distinção entre
nós e o mundo. Nunca devemos perder nosso sabor,
mas conservar a nossa função de matar os germes,
eliminar a podridão e preservar as coisas na sua
condição original ou de devolvê-las à condição criada
por Deus.
Onde quer que as pessoas do reino estejam, elas
devem exercer uma influência salgada sobre os que
estão ao seu redor. Em nossa vizinhança devemos
exercer nossa função de matar os germes. Mas se nos
tornamos iguais às pessoas do mundo, perdemos
nossa função e nosso sabor. Porque perdemos nosso
sabor, não mais temos a habilidade de salgar e não
podemos cumprir nossa função “salgadora”. Se temos
a natureza do povo do reino revelada nessas nove
bem-aventuranças, seremos verdadeiramente
salgados. Seremos sal para nossos parentes. Se
somos pobres em espírito, se somos os que choram,
se somos mansos, justos, misericordiosos e puros ao
buscar a Deus, teremos a função de salgar. Não
haverá necessidade de repreender os outros ou
enfatizar seus erros e injustiças. Eles serão salgados
simplesmente pela nossa presença. Algumas vezes,
certas pessoas más fugirão de nós por sermos tão
salgados. Isso é o que significa matar os germes desta
terra estragada.
A intenção do Senhor é trazer a terra de volta à
sua condição original. Embora possamos não ver isso
na era presente, veremos na próxima era. Quando o
reino milenar vier, toda a terra será salgada. Todos os
germes serão totalmente mortos, e toda a terra não
apenas será reconquistada por Cristo, ela também
será conduzida de volta à sua condição criada por
Deus. Essa obra será feita pelo povo do reino.
No versículo 13 o Rei disse que o sal que perdeu
o sabor será lançado fora para ser pisado pelos
homens. Ser lançado fora é ser deixado de fora do
reino dos céus (Lc 14:3 5). Ser pisado pelos homens é
ser tratado como poeira inútil.
B. Ser a Luz do Mundo

1. Como a Cidade Sobre um Monte


Mateus 5:14 diz: “Vós sois a luz do mundo”. Luz
é o resplandecer da lâmpada para iluminar os que
estão nas trevas. Para o mundo em trevas, as pessoas
do reino dos céus são como luz que dissipa suas
trevas. Em natureza, elas são o sal que cura e, em
comportamento, são a luz que resplandece.
Como a luz que brilha, as pessoas do reino são
como a cidade sobre um monte. Tal cidade não pode
estar oculta. Isso é finalmente consumado na cidade
santa da Nova Jerusalém (Ap 21:10-11, 23-24). Por
muitos anos, fui incomodado pela ilustração usada
pelo Senhor da cidade situada sobre um monte. Até
vir para a vida da igrej a, não podia entender como a
luz poderia ser ilustrada por uma cidade edificada.
Depois que vim para a edificação prática da igreja, vi
que apenas sendo edificadas juntas é que as pessoas
do reino podem ser uma cidade situada no monte.
Essa cidade toma-se luz que resplandece. Em São
Paulo, os santos são agrupados de acordo com a
proximidade de sua casa. Se essa prática tomar-se
prevalecente e os santos forem edificados juntos,
cada grupo será uma parte da cidade resplandecente
situada no topo do monte.
Nesses três capítulos, o Senhor Jesus não usou o
termo “igreja”. Entretanto, o termo “reino”, usado
muitas vezes, na verdade, se refere à igreja. O reino
mencionado em Mateus 5, 6 e7 é o aspecto da igreja
referente à disciplina e exercício. A igreja é o aspecto
de graça e vida para o reino, e o reino é o aspecto de
disciplina e exercício para a igreja. Portanto, a
palavra do Senhor nesses capítulos com respeito ao
reino, na verdade, se refere ao exercício e disciplina
na igreja.
Como vimos, muitos cristãos entendem esses
capítulos de uma maneira individualista. A maioria
não viu que essa constituição não é para indivíduos,
mas para um povo corporativo. Sabemos que este
decreto é para um povo corporativo porque a luz não
é uma pessoa individual, mas uma cidade edificada.
Isso indica que o povo do reino precisa de edificação.
Se os santos na igreja em sua cidade não são
edificados, mas estão dispersos, divididos e
separados, não há cidade lá. Uma vez que não haj a
cidade, não há luz, porque a luz é a cidade; a luz não
é um crente individual. A luz é uma cidade
corporativa edificada como uma entidade para
resplandecer sobre as pessoas ao seu redor. É
impossível encontrar coisa semelhante no
cristianismo de hoje. Mas cada igreja na restauração
do Senhor deve ser uma cidade edificada.
No livro de Apocalipse as igrejas são candelabros
de ouro (Ap 1:20). O princípio da cidade e do
candelabro é o mesmo: nenhum deles é individual.
Ambos são corporativos. O candelabro, como a
cidade, não é um crente individual, mas a igreja. Se
está fora da igreja, você não é uma parte do
candelabro. Para ser parte do candelabro, você deve
ser edificado na igreja em uma cidade. A igreja numa
localidade, que é o candelabro, é comparada pelo
Senhor a uma cidade edificada no topo da montanha.
Se somos edificados em nossa cidade, estaremos no
topo da montanha. Mas se somos dispersos,
separados e divididos, estaremos em um vale
profundo. Em cada cidade deve haver apenas um
candelabro, a cidade edificada sobre o monte. Para
isso, devemos manter a unidade e permanecer uma
única entidade, um Corpo corporativo. Então
seremos capazes de brilhar. Mas se estamos divididos,
não haverá nenhum brilho. No cristianismo hoje não
há brilho porque há muita divisão. Há muitas
divisões no cristianismo. Na restauração do Senhor,
entretanto, devemos retomar à única unidade, que é
o Corpo corporativo. Quando verdadeiramente
formos edificados juntos, seremos a cidade no topo
do monte resplandecendo sobre os que estão ao
nosso redor.

2. Como uma Lâmpada no Candelabro


Mateus 5:15 diz: “Nem se acende urna lâmpada e
se coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro, e
alumia a todos os que se encontram na casa”. O
resplandecer da luz tem dois aspectos. No primeiro
aspecto, a luz é comparada a urna cidade iluminando
os que estão fora. No segundo, a luz é comparada a
uma lâmpada no candelabro iluminando os que estão
em casa. Vimos que a cidade é a igreja edificada, mas
que é a casa? Você pode pensar que a casa aqui
também se refere à igreja. Entretanto, não há
necessidade de interpretar a casa dessa maneira. De
acordo com o contexto, o ponto principal é que o
brilhar da luz tem dois aspectos: o aspecto exterior e
o interior. A luz como cidade na montanha
resplandece sobre os que estão do lado de fora,
enquanto a lâmpada acesa no candelabro
resplandece sobre os que estão na casa. Corno a
cidade, a luz brilha sobre as pessoas, mas corno a
lâmpada na casa, a luz brilha dentro das pessoas. Isso
indica que nossa influência sobre os outros não deve
ser apenas exterior, mas também interior.
Para resplandecer sobre os outros exteriormente,
precisamos ser edificados. Mas para resplandecer
sobre os outros interiormente, precisamos estar sem
qualquer cobertura. Tal corno a luz no monte, que
não pode ser escondida, também a luz da candeia no
velador não deve ser encoberta.
No versículo 15 o Senhor fala sobre colocar a
lâmpada sob o alqueire. Uma lâmpada acesa
colocada sob o alqueire não pode emitir luz. O povo
do reino, como a lâmpada acesa, não deve ser coberto
pelo (Mt 6:25) alqueire, antiga medida para
alimentos, que se refere à alimentação e é um
assunto que causa ansiedade. Nunca devemos ser
cobertos pelo alqueire; antes, devemos estar no
candelabro.
O Senhor sabiamente falou sobre não estar
coberto por um alqueire. Nos tempos antigos, um
alqueire, corno urna medida para grãos, era algo
relacionado ao comer e, portanto, dizia respeito à
questão de obter o sustento. Assim, esconder a
candeia sob o alqueire indica ansiedade quanto ao
nosso vi ver. Se nós, cristãos, somos ansiosos quanto
ao nosso viver e preocupados com quanto dinheiro
estamos ganhando, essa ansiedade se tornará um
alqueire cobrindo nossa luz.
O povo do reino primeiramente exerce urna
influência exterior sobre as pessoas que estão fora do
reino. Entretanto, ainda precisamos influenciá-las
por dentro. Quando a igreja, corno um todo, vive
junto corno uma cidade no topo do monte, os que
estão ao redor estarão sob o resplandecer de tal igrej
a edificada. Mas isso é meramente o brilho do lado de
fora. A igreja também precisa exercer outro tipo de
influência, a do brilhar interior que entra nas pessoas.
Assim, a cidade no monte significa o brilhar exterior,
e a lâmpada na casa representa o resplandecer
interior. Nosso brilhar não deve ser apenas exterior,
sobre as pessoas, mas também interior, para dentro
delas. Para resplandecer sobre os outros
exteriormente, devemos ser edificados como cidade
no cume do monte. Mas a fim de resplandecer sobre
eles interiormente, precisamos sair de debaixo da
nossa cobertura. Isso indica que o povo do reino vi ve
sem ansiedades e sem preocupação com sua
existência. Eles se importam apenas com Cristo e a
igrej a. Dia após dia eles são pessoas felizes, o povo
de louvor, o povo aleluia. Quando nossos vizinhos,
pais e colegas nos contatam, podem sentir que não
temos ansiedades. Não estamos preocupados com
nosso viver, com o que comeremos ou com o que nos
vestiremos. Dia após dia, manhã e noite, o povo do
reino se importa apenas com Cristo e a igreja.
Sabemos por experiência que nossa falta de
ansiedade toca os outros. Se todas as vezes que
alguém o contata, você está feliz e desfrutando o
Senhor, ele ficará profundamente tocado. Sempre
cheias de ansiedade e ocupadas com todos os tipos de
preocupações, as pessoas do mundo conversam sobre
o temor de perder seus empregos ou sobre as
dificuldades que têm com seus chefes. Mas o povo do
reino, o povo aleluia, os que não estão cobertos pelo
alqueire, se preocupam apenas com Cristo e a igreja.
Sendo tal povo, tocamos o coração dos outros e
resplandecemos no interior deles. Esse brilho
penetra neles.
O iluminar exterior do povo do reino é geral e
todos da sociedade podem vê-lo. A sociedade pode
ver um grupo de pessoas que são edificadas,
colocadas sobre o cume do monte e que brilham. O
iluminar interior, ao contrário, é particular. Um de
seus primos pode ser tocado por sua falta de
ansiedade e por sua face brilhante. Sempre que o
contata, nunca ouve você falar sobre como ganhar a
vida. Em vez disso, ele sempre o ouve louvar o
Senhor e dizer quão maravilhosa é a vida da igreja.
Isso será uma luz que penetra no ser dele e ilumina-o
interiormente. Através do brilhar dessa luz, ele será
convencido. Esse não é o resplandecer geral, do
exterior; é o resplandecer particular, do interior. Se
somos o povo adequado do reino, teremos esse duplo
brilhar. Seremos uma cidade no cume do monte
iluminando todos os que estão ao redor, e entre eles
seremos o povo aleluia, que não tem ansiedade, nem
se preocupa com esta vida e que ilumina o interior
deles. Esse iluminar interior penetra o íntimo das
pessoas e as convence.

3. Para Glorificar o Pai nos Céus


Finalmente, os dois aspectos do nosso
resplandecer darão glória ao Pai. O versículo 16 diz:
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a
vosso Pai que está nos céus”. O título Pai prova que
os discípulos, a audiência do novo Rei, eram filhos
regenerados de Deus (Jo 1:12; Gl 4:6). As boas obras
aqui são o comportamento do povo do reino por meio
do qual os homens podem ver a Deus e ser levados a
Ele. Nosso brilhar glorificará o Pai porque expressará
o que Deus é. Glorificar a Deus, o Pai, é dar a Ele a
glória. Glória é Deus expresso. Quando o povo do
reino expressa Deus em seu comportamento e boas
obras, os homens vêem Deus e dão glória a Ele.
Quando Deus está oculto, é Deus, mas quando Deus é
expresso, isso é a glória de Deus. Se, como as pessoas
do reino, temos tal luz resplandecendo, Deus será
expresso nesse brilhar, e todos aqueles ao nosso
redor verão a glória, Deus expresso. Quando outros
vêem Deus em nosso brilhar, isso é uma glória para
Deus. Nós, o povo do reino, somos a luz do mundo.
Como luz somos semelhantes à cidade no cume do
monte e corno a candeia brilhando em uma casa. Do
interior e do exterior, resplandecemos para expressar
Deus, para Ele ter a glória aos olhos dos outros. Que
possamos exercer influência sobre os que estão ao
nosso redor.
MENSAGEM 17

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(5)
O ensinamento e a pregação do reino dos céus
começou com arrependimento (Mt 3:2; 4:17).
Arrependimento significa uma mudança de mente.
Assim, o reino começa com a nossa mente. Da nossa
mente, prossegue para o nosso espírito (5:3).
Precisamos nos arrepender em nossa mente e ser
pobres em espírito. A seguir, devemos ser puros no
coração para ver a Deus (5:8). A mente, o espírito e o
coração são as três partes principais do nosso ser. Se
colocarmos Mateus 4:17 junto com 5:3-12, veremos
vários itens relacionados ao reino dos céus. Os três
primeiros, como vimos, são a mente, o espírito e o
coração. Em seguida, precisamos ter uma emoção
normal, apropriada e elevada. Isso é visto na questão
de chorar (5:4), que procede de uma emoção ajustada.
Também precisamos ser mansos, que requer uma
emoção forte, normal e adequada. Ter fome e sede de
justiça, conforme registrado em 5:6, é questão de ter-
se um desejo puro e adequado. Devemos desejar essa
justiça por causa do reino. Ser misericordiosos com
os outros envolve nossa atitude (5:7). Nossa atitude
para com os outros deve ser de misericórdia. Se
temos uma emoção, vontade, desejo e atitude
adequados, seremos capazes de promover a paz com
os outros. Assim, todo nosso ser-nossa mente,
espírito, coração, emoção, vontade, desejo e atitude-
precisam ser exercitados pela vida do reino. Quando
temos todas essas virtudes, estamos qualificados a
ser perseguidos. Caso contrário, você não será capaz
de suportar perseguição. Finalmente, os que são
qualificados por terem todas essas virtudes, não
apenas serão perseguidos por causa da justiça, mas
injuriados por causa de Cristo. Essa é a natureza do
povo do reino.
Cada uma das nove bem-aventuranças em
Mateus 5:3-12 tem um galardão. Por exemplo: se for
pobre em espírito, o reino dos céus é seu. Isso é uma
recompensa. Se chorar, será consolado e se for
manso, herdará a terra. Assim, o consolo e a terra
também são galardões. De acordo com o versículo 12,
o galardão é grande para os perseguidos, injuriados e
difamados por causa de Cristo. É difícil dar um nome
a essa recompensa. Se somos injuriados, perseguidos
e difamados por causa de Cristo, nosso galardão nos
céus é grande, tão grande que vai além do nosso
entendimento. Hebreus 13:13 e 1 Pedro 4:14 falam de
sermos injuriados por causa de Cristo. Hebreus 13:13
diz: “Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o
seu vitupério”. A Primeira Epístola de Pedro 4:14 diz:
“Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-
aventurados sois”. Essa questão de ser injuriado é
também mencionada em Romanos 15:3. Há um
grande galardão aguardando os injuriados por causa
de Cristo. Precisamos ser o povo do reino com a
natureza revelada nesses versículos. Então seremos
capazes de levar o vitupério por Cristo.

IV. COM RESPEITO À LEI DO POVO DO


REINO
Nesta mensagem chegamos à terceira seção da
palavra do Rei, no monte, em Mateus 5:17-48, que
diz respeito à lei do povo do reino dos céus. A
constituição do reino celestial certamente deve tratar
da questão da lei. Antes da época do Senhor Jesus, os
filhos de Israel tinham a lei de Moisés. Tinham
também os profetas. A profecia é sempre um auxílio
para a lei. Quando povo está sem força para cumprir
a lei, há a necessidade dos profetas para fortalecê-los
a guardá-la. Portanto, o cumprimento da lei precisa
do fortalecimento dos profetas. Por isso, no Antigo
Testamento havia a lei e os profetas. E por isso que o
Senhor falou da lei e dos profetas no versículo 17.

A. Não para Revogar a Lei e os Profetas, mas


para Cumpri-los
O versículo 17 diz: “Não penseis que vim revogar
a lei ou os profetas; não vim para revogar, mas para
cumprir.” Cumprir a lei aqui significa três coisas: que
Cristo guardou a lei do lado positivo; que, por Sua
morte substitutiva na cruz, Cristo cumpriu as
exigências da lei do lado negativo; e que Cristo
complementa a velha lei com a Sua nova lei nessa
seção, conforme Ele expressou continuamente pelas
palavras “eu porém, vos digo” (vs. 22, 28, 32, 34, 39,
44). '
Quanto à lei, há dois aspectos: os mandamentos
da lei e o princípio da lei. Os mandamentos da lei são
cumpridos e complementados pela vinda do Senhor,
enquanto o princípio da lei e substituído pelo
princípio da fé segundo a economia de Deus do N ovo
Testamento.
Antes de Cristo vir, havia a lei com o
fortalecimento dos profetas. Por que, então, havia
ainda a necessidade da lei do reino dos céus? A razão
é que as exigências da velha lei não eram elevadas o
suficiente. As exigências da velha lei não eram
completas. Tome o exemplo de matar. A velha lei
dizia-nos para não matar (Êx 20:13), mas não dizia
uma palavra acerca de se irar. Se matasse alguém,
você seria condenado pela lei de Moisés. Mas não
importava quão irado estivesse com uma pessoa,
contanto que não a matasse, você não seria
condenado pela lei de Moisés. Aqui vemos a
deficiência, a imperfeição da velha lei. Entretanto, a
exigência da lei do reino dos céus é muito mais
elevada que a da lei de Moisés. Segundo a lei do reino
dos céus, é-nos proibido irar com nossos irmãos. Nos
versículos 21 e 22 o Senhor disse: “Ouvistes que foi
dito aos antigos: Não matarás; e quem matar estará
sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo
aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a
julgamento”. Assim, a lei do reino dos céus é mais
elevada que a lei da velha dispensação.
Uma outra ilustração disso é a lei com respeito
ao adultério. A velha lei proibia cometer adultério,
mas a nova lei proíbe olhar para uma mulher com
intenção impura (vs. 27-28). Portanto, o princípio
básico da lei do reino dos céus é que ela é mais
elevada do que a velha lei. Não anulamos a velha lei,
nós a complementamos para tomá-la mais elevada.
Por isso, o Senhor Jesus disse que Ele não veio para
revogar a lei, mas para cumpri-la.
Muitos cristãos não entendem adequadamente o
significado da palavra “cumprir” no versículo 17. Por
muitos anos de estudo, observação e experiência,
vimos que a palavra “cumprir” nesse versículo
significa três coisas.

1. Guardar a Lei do Lado Positivo


Primeiramente significa que Cristo veio para
guardar alei do lado positivo. Enquanto viveu na
terra, Ele guardou cada aspecto da velha lei.
Ninguém jamais guardou os dez mandamentos; o
Senhor Jesus fê-lo completamente. Ele guardou a lei
da velha dispensação de uma maneira muito positiva.

2. Cumprir as Exigências da Lei do Lado


Negativo por meio da Morte Substitutiva na
Cruz
Porque Cristo guardou a lei, Ele tomou-se o
Perfeito. Sua perfeição qualificou-O a morrer na cruz
por nós. Esse é o guardar da lei num sentido negativo.
É a segunda maneira de Cristo cumprir a lei. Todos
nós quebramos e transgredimos a lei. Mas nossas
transgressões foram tratadas pela morte substitutiva
do Senhor. Na cruz Ele foi nosso substituto,
morrendo por nós para cumprir as exigências da lei
do lado negativo.

3. Complementar a Velha Lei com a Nova


Cumprir a lei também significa que Cristo
complementa a velha lei com a Sua nova lei. Isso é
expresso pela palavra “Eu, porém, vos digo” (vs. 22,
28, 32, 34, 39, 44). Por guardar alei, Cristo foi
qualificado a cumprir as exigências da lei por meio da
Sua morte substitutiva na cruz. Ao cumprir as
exigências da lei por meio da Sua morte substitutiva
na cruz, Cristo trouxe a vida de ressurreição para
complementar a lei, para completá-la totalmente. A
velha lei, alei inferior, com suas exigências de
observância e punição, já passou. O povo do reino,
como filhos do Pai, agora apenas precisa cumprir a
nova lei, a lei mais elevada, pela vida de ressurreição,
que é a vida eterna do Pai.
A morte substitutivade Cristo trouxe a vida de
ressurreição. Quando essa vida de ressurreição entra
em nós, ela é capaz de fazer a maravilhosa tarefa de
completar a lei. Ela nos capacita a cumprir a mais
elevada lei. Pela vida de ressurreição dentro de nós, é
possível sermos guardados não apenas de matar os
outros, mas até mesmo de nos irar com eles ou odiá-
los. Essa vida de ressurreição é muito mais elevada
do que a vida natural, porque é, na verdade, a vida
divina, a vida eterna, a vida no mais elevado plano.
Essa vida superior dentro de nós pode cumprir as
exigências da lei superior.
No Novo Testamento, Mateus, o livro do reino,
primeiramente traz as exigências. Então João, o livro
de vida, traz a vida para cumprir essas exigências.
Pela nossa vida natural, não somos capazes de
cumprir os requisitos de Mateus 5. Mas no Evangelho
de João temos a vida mais elevada que nos capacita a
cumprir as exigências mais elevadas. Todos os
cristãos amam João, mas não muitos amam Mateus.
Não creio que tenha ouvido um cristão dizer que ama
Mateus. Alguns de vocês podem dizer que o
Evangelho de Mateus é muito difícil e que João é
muito simples. João diz que no princípio era o Verbo
e o Verbo era Deus, e que o Verbo tornou-se carne,
cheio de graça e de verdade (Jo 1:1, 14). O Evangelho
de João tem muitos versículos preciosos, tal como
João 3:16. Neste Evangelho há muito poucas
exigências e requisitos, mas há o rico suprimento de
vida. Entretanto, no Novo Testamento, Mateus vem
primeiro, não João. Não podemos ignorar Mateus.
Entretanto, muitos cristãos têm sido instruídos a
fazer isso. Trinta e cinco anos atrás, eu pensava que
os novos crentes não deveriam ler Mateus. Eu mesmo
os instruía a não ler Mateus primeiro. Dizia que se
lessem primeiro Mateus capítulo 1, seriam frustrados
em sua leitura da Bíblia e pensariam ser muito difícil
lê-la. Assim, aconselhava os novos crentes a iniciar a
leitura deles com o quarto livro, o Evangelho de João.
Então dizia-lhes para ler Romanos ou algum outro
livro, mas não Mateus. Mas precisamos voltar a
Mateus. Mateus precisa de João, e João é para
Mateus. Mateus nos dá as mais elevadas exigências
do reino, exigências que podem ser cumpridas
apenas pela vida divina revelada em João. Para
cumprir as exigências do reino dos céus desvendadas
em Mateus, devemos receber o suprimento de vida
que está no Evangelho de João. Jesus, o novo Rei,
não veio abolir a lei de Moisés. Antes, veio elevar o
padrão da velha lei. Agora que a exigência foi muito
elevada, ela não é mais a velha lei, mas a nova lei do
reino dos céus. Cristo eleva o padrão da velha lei de
duas maneiras: complementando e mudando a velha
lei. Nos versículos 17 a30 vemos o complemento da
velha lei. A mudança da lei começa com o versículo
31. Nesta mensagem conseguiremos tratar apenas do
complemento da velha lei.
O versículo 18diz: “Porque em verdade vos digo:
Até que o céu e a terra passem, de modo algum
passará da lei um só i ou um só til até que tudo se
cumpra”. Após o reino milenar, o velho céu e a velha
terra passarão e o novo céu e a nova terra virão (Ap
21:1; Hb 1:11-13:10-13). Alei vai apenas até o fim do
reino milenar, enquanto os profetas vão até o novo
céu e a nova terra (Is 65:17; 66:22). É por isso que a
lei e os profetas, são citados no versículo 17, mas
apenas a lei, não os profetas, é mencionada no
versículo 18.
O cumprimento da lei continuará até o final do
milênio, em cujo tempo os céus e a terra passarão.
Antes que isso ocorra, nem um i ou til da velha lei
serão anulados. Entretanto, o que é compreendido
pelos profetas vai além do milênio. alcançando o
novo céu e a nova terra.
Cristo cumpriu a lei de três maneiras. Ele mesmo
guardou a lei. Entretanto, porque não a guardamos,
Ele morreu na cruz pelas nossas transgressões dalei.
Sua morte substitutiva trouxe a vida de ressurreição,
que foi dispensada para dentro do nosso ser. Pela Sua
vida de ressurreição somos capazes de cumprir as
exigências da lei nova e superior. Por esses três
passos, Cristo fez mais do que cumprir a velha lei. Ele
guardou-a, Ele morreu por nós e Sua morte trouxe-
nos a vida de ressurreição para fortalecer-nos a fim
de cumprirmos as exigências da nova lei. Hoje não
estamos tentando guardar a lei inferior; antes,
estamos cumprindo alei superior, elevada por
intermédio da vida elevada que está em nós. Agora
podemos cumprir a lei superior.

B. Guardar Até Mesmo o Menor dos


Mandamentos da Lei É a Condição para Ser
Grande no Reino dos Céus
O versículo 19 diz: “Aquele, pois, que anular um
destes mandamentos, ainda que dos menores, e
assim ensinar aos homens, será chamado o menor no
reino dos céus; aquele, porém, que os praticar e
assim ensinar, esse será considerado grande no reino
dos céus”. Os mandamentos aqui se referem à lei no
versículo 18. O povo do reino não apenas cumpre,
mas complementa a lei. Na verdade, eles não anulam
nenhum mandamento da lei, nem mesmo o menor.
Se seremos grandes ou pequenos no reino dos céus
dependerá de guardarmos ou não até mesmo o
menor dos mandamentos da lei. Nesse versículo
Cristo salientou o fato de que se não guardamos
todos os mandamentos da lei, inclusive os menores,
mas os anulamos e ensinamos outros a fazer o
mesmo, nos tomaremos o menor no reino dos céus.
Em outras palavras, Cristo parecia dizer: “Se quiser
ser grande no reino dos céus, você deve ter o mais
elevado padrão de moralidade. Se seu padrão de
moralidade não alcança o padrão da nova lei, você
será o menor no reino dos céus”. Nenhum outro povo
possui uma moralidade tão elevada como o povo do
reino. Nunca pense que nos importamos apenas com
vida e não com moralidade. A vida deve ter sua
expressão, e a vida mais elevada tem a expressão
mais elevada. Moralidade é simplesmente a
expressão da vida. Assim, se tem a vida mais elevada,
você certamente terá a mais elevada moralidade
como a expressão dessa vida. Precisamos orar:
“Senhor, conceda-me a mais elevada expressão da
vida. Conceda-me o mais alto nível de moralidade.
Senhor, não somos apenas o povo moral, mas o povo
do reino”.
Porque o padrão do reino é mais alto que o
padrão de moralidade, devemos fazer mais do que
guardar o padrão da velha lei. Segundo o padrão de
moralidade, não devemos matar ou adulterar. Se não
matamos ou adulteramos, somos pessoas morais.
Mas tal padrão é mais baixo do que o do reino. De
acordo com o padrão do reino dos céus, não
deveríamos ficar irados com nosso irmão ou olhar
para uma mulher com intenção Impura. Esse não é o
padrão de moralidade; é o padrão do reino que é
mais elevado do que o de moralidade. O padrão de
moralidade diz: “Olho por olho, dente por dente” (Êx
21:24; Lv 24:20; Dt 19:21). Mas o padrão do reino
nos diz para amar nossos inimigos, orar pelos que
nos perseguem e não resistir ao perverso (Mt 5:44,
39). Se alguém ferir-nos na face direita devemos
voltar-lhe também a outra (v. 39). Quão mais alto é
esse padrão do que o padrão de moralidade!
O ponto. crucial que Cristo salienta nesses
versículos é que o povo do remo deve ter o mais
elevado padrão de moralidade. Se virmos essa
questão, então seremos capazes de compreender
5:17-48. Temos a lei, a vida e o padrão mais elevado.
Pela vida mais elevada cumprimos a lei mais elevada
e temos o padrão mais elevado.

C. A Justiça Excedente É a Condição para


Entrar no Reino
No versículo 20 o Rei disse: “Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, de modo algum entrareis no reino
dos céus”. A justiça excedente é a condição para
entrarmos na manifestação do reino dos céus no
milênio. Guardando a lei superior com o mais
elevado padrão satisfazemos a condição para entrar
na manifestação vindoura do reino dos céus.
A justiça no versículo 20 não se refere à justiça
objetiva, que é o Cristo que recebemos quando
cremos Nele para que possamos ser justificados
diante 3:9; 1Co 1:33:26). Mas refere-se à justiça
subjetiva, que é o Cristo que habita interiormente
expresso por meio de nós como nossa justiça para
que possamos vi ver na realidade do reino hoje e
entrar na sua manifestação no futuro. Essa justiça
subjetiva não é obtida meramente pelo cumprimento
da velha lei, mas pela completação da velha lei por
meio do cumprimento da nova lei do reino dos céus,
a lei dada pelo novo Rei. Essa justiça do povo do
reino, de acordo com a nova lei do reino, excede a dos
escribas e fariseus que é conforme a velha lei. É
impossível para nossa vida natural alcançar essa
justiça excedente; ela apenas pode ser produzida por
uma vida superior, a vida de ressurreição de Cristo.
Essa justiça, que é comparada à veste nupcial (22:11-
12), nos qualifica a participar das bodas do Cordeiro
(Ap 19:7-8) e a herdar o reino dos céus em sua
manifestação, isto é, entrar no reino dos céus no
futuro.
Entrar no reino de Deus exige regeneração como
um novo início da nossa vida (Jo 3:3-5), mas entrar
no reino dos céus exige uma justiça excedente em
nosso viver após a regeneração. Entrar no reino dos
céus significa viver em sua realidade hoje e participar
de sua manifestação no futuro.

D. Com Respeito ao Homicídio

1. A Velha Lei-Não Matar


Mateus 5:21 diz: “Ouvistes que foi dito aos
antigos: Não matarás; e quem matar estará sujeito a
julgamento”. A velha lei era o mandamento para não
matar. O “ouvistes que foi dito” nos versículos 21, 27,
33, 38 e43 é alei da velha dispensação; enquanto o
“eu, porém, vos digo” nos versículos 22, 28, 32, 34,
39 e 44 é a nova lei do reino complementando alei da
velha dispensação.

2. A Nova Lei Complementada – Não se Irar,


Não Desprezar e Não Condenar o Irmão
No versículo 22 o Rei disse: “Eu, porém, vos digo
que todo aquele que se irar contra seu irmão estará
sujeito a julgamento; e quem disser a seu irmão:
Raca, estará sujeito ao julgamento do Sinédrio; e
quem lhe disser: Moré, estará sujeito à Geena de
fogo”. A lei da velha dispensação trata a ação de
matar, mas a nova lei do reino trata da ira, o motivo
de matar. Portanto, a exigência da nova lei do reino é
mais profunda que a exigência da lei da velha
dispensação. A palavra “irmão” no versículo 22 prova
que a palavra do Rei aqui é falada aos crentes.
A coisa mais difícil para nós é controlar nossa ira.
Alguns parecem ser muito gentis, mas quando
perdem a calma sua ira é come:> um cavalo selvagem.
Quando estamos irados, ninguém pode nos conter ou
controlar. Por vários anos não pude terminar o
estudo desse capítulo por causa do problema da
minha ira.
É também muito difícil não desprezarmos ou
condenarmos outros. No versículo 22 o Senhor fala
sobre dizer ao nosso irmão “Raca” ou “Louco”. A
palavra Raca é uma expressão de desprezo que
significa estúpido, inútil. Louco, isto é, tolo, é uma
expressão hebraica de condenação indicando um
rebelde (Nm 20:10). Essa expressão é muito mais
séria do que a expressão de desprezo, Raca. Quão
difícil é não condenar um irmão ou desprezá-lo!
Talvez não possa nem mesmo passar uma semana
sem condenar ou desprezar alguém. Quase todos os
dias condenamos ou desprezamos alguém. Os casais
desprezam e condenam um ao outro. Não creio que
haja alguma exceção. Toda esposa despreza e
condena o marido, e todo esposo faz o mesmo com a
esposa. Esse é um verdadeiro problema. Ao ler isso,
você ainda pode dizer que é vencedor, o povo do
reino? Não fique desapontado. Antes, seja encorajado.
Lembre-se, temos uma vida vencedora. Você não tem
o Rei no seu interior? Somos o povo do reino e temos
o Rei dentro de nós. Esse Rei é a vida real, vencedora.
Não olhe para si mesmo. Se o fizer, você será
desencorajado. Esqueça de si mesmo e olhe para a
vida real que está em você. É essa vida que nos faz o
povo do reino. Esqueça sua vida natural e siga essa
vida do Rei.
No versículo 22 há três tipos de julgamento. O
primeiro é o julgamento na entrada da cidade, que é
o julgamento distrital. O segundo é o julgamento pelo
Sinédrio, que é um julgamento mais superior. O
Sinédrio é um concílio composto do, s principais
sacerdotes, anciãos, mestres da lei e escribas. E a
corte . suprema dojudeus (Lc 22:66; A4:5-6, 15; 5:27,
34, 41). O terceiro é o julgamento de Deus pela Geena
de fogo, que é o julgamento mais elevado de todos.
Esses três tipos de julgamento foram mencionados
pelo novo Rei, usando figuras do passado judeu,
porque toda Sua audiência era judaica. Entretanto,
quanto ao povo do reino, os crentes do Novo
Testamento, todos esses julgamentos referem-se ao
julgamento do Senhor no trono de julgamento de
Cristo, como revelado em 2 Coríntios 5:10; Romanos
14:10, 12; 1 Coríntios 4:4-5; 3:1315; Mateus 16:27;
Apocalipse 22:12 e Hebreus 10:27, 30. Isso
claramente revela que os crentes do Novo
Testamento, embora perdoados por Deus para
sempre, ainda estão sujeitos ao julgamento do
Senhor, não para perdição, mas para disciplina, caso
pequem contra a lei do reino como descrito aqui.
Entretanto, quando pecamos contra a nova lei do
reino, se nos arrependermos e confessarmos nossos
pecados, seremos perdoados e limpos pelo sangue do
Senhor Jesus (1Jo 1:7, 9). No versículo 22 o novo Rei
fala da Geena de fogo. A palavra Geena é o
equivalente grego da palavra hebraica Ge Hinnom,
vale de Hinom. Esse era um vale profundo e estreito
próximo a Jerusalém, o lugar de refugo da cidade,
onde corpos de criminosos e todo tipo de imundícia
eram jogados. Foi também chamado de Tofete (2Rs
23:10; Is 30:33; Jr 19:13). Por causa do seu fogo
contínuo, ele tomou-se o símbolo do lugar de punição
eterna, o lago de fogo (Ap 20:15). Essa palavra
também é usada em Mateus5:29-30; 10:28; 18:9;
23:15, 33; Marcos 9:43, 45, 47; Lucas 12:5 e Tiago 3:6.

a. Antes de Ofertar a Deus, Reconcilie-se com


Seu Irmão
Os versículos 23 e 24 dizem: “Se estiveres
apresentando a tua oferta no altar, e ali te lembrares
de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali
perante o altar a tua oferta e vai primeiro reconciliar-
te com teu irmão; e, então, vem apresentar a tua
oferta”. O sacrifício, tal como o sacrifício pelo pecado,
é para lidar com o pecado, enquanto oferta é para ter
comunhão com Deus. O altar citado no versículo 23
era um móvel (Êx 27:1-8) no átrio do templo (1Rs
8:64), no qual todos os sacrifícios e ofertas eram
oferecidos (Lv 1:9, 12, 17). O Rei, ao decretar a nova
lei do reino, referiu-se aqui às ofertas e ao altar da
velha dispensação porque, no período transitório de
Seu ministério na terra, a lei ritual da velha
dispensação ainda não havia terminado. Nos quatro
Evangelhos, antes de Sua morte e ressurreição, nas
coisas concernentes às circunstâncias, o Senhor
tratou Seus discípulos como judeus segundo a velha
lei, enquanto nas coisas concernentes ao espírito e à
vida, Ele os considerou como crentes que compõem a
igreja conforme a economia do Novo Testamento. As
palavras “alguma coisa contra ti” no versículo 23
devem referir-se à ira ou insulto no versículo 22. De
acordo com o versículo 24, devemos primeiro ser
reconciliados com nosso irmão para que nossa
recordação da ofensa possa ser removida e a nossa
consciência esteja livre de ofensa. Então podemos vir
e levar nossa oferta ao Senhor para termos
comunhão com Ele com uma consciência pura. O Rei
do reino nunca tolerará que dois irmãos que não se
reconciliaram alegrem-se juntos no reino em sua
realidade, ou reinem em Sua manifestação. Se, ao
contatar o Senhor, você tem o sentimento de que um
irmão ou irmã tem alguma queixa contra você, você
deve parar sua comunhão com o Senhor e ir a ele
para ser reconciliado. Então . pode voltar para
continuar sua comunhão com o Senhor. Embora seja
algo pequeno, não é fácil fazer isso. Contudo,
devemos fazê-lo.

b. Antes que Você Morra, que Seu Adversário


Morra ou que o Senhor Volte
Mateus 5:25 e 26 diz: “Entra em acordo sem
demora com o teu adversário enquanto estás com ele
a caminho, para que o adversário não te entregue ao
juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas lançado na
prisão. Em verdade te digo: De modo algum sairás
dali, enquanto não pagares o último centavo”.
Precisamos entrar em acordo sem demora com o
nosso adversário antes que ele morra ou morramos
nós ou o Senhor volte, não havendo, então, mais
oportunidade para reconciliação. As palavras “a
caminho” significam que estamos ainda vi vendo
nesta vida. A questão de ser entregue ao juiz, ao
oficial de justiça e recolhido à prisão, acontecerá no
tribunal de Cristo quando Ele voltar (2Co 5:10; Rm
14:10). O juiz será o Senhor, o oficial de justiça, o
anjo, e a prisão será o lugar de disciplina. Sair dali,
isto é, sair da prisão é ser perdoado na próxima era, o
milênio.
O centavo romano mencionado no versículo 26 é
uma pequena moeda de bronze igual a um quarto de
um assanon, que é igual a um centavo. O significado
aqui é que até mesmo das menores coisas precisamos
fazer um completo acerto de contas. Isso mostra o
rigor da nova lei.
Precisamos ser reconciliados com nossos
adversários antes que morramos, antes que eles
morram ou antes de o Senhor voltar. Se não
cuidarmos de todas as questões agora, teremos de
tratá-las na era vindoura. Não espere pela próxima
era, porque o tratamento será mais difícil. Cuide de
cada problema agora, antes que você ou seu
adversário morra. Enquanto ambos ainda estão vivos,
você tem a oportunidade de ser reconciliado com ele.
Ainda mais, se você esperar, o Senhor pode voltar
antes que vocês se reconciliem. Por um lado, a volta
do Senhor será maravilhosa. Por outro, será bastante
séria, porque terminará a oportunidade para tratar os
problemas nesta era e nos obrigará a tratá-los na
próxima. Portanto, é muito melhor solucionar cada
problema antes da era vindoura. Isso significa que
devemos cuidar de cada problema antes de
morrermos, antes que a outra parte morra ou antes
de o Senhor voltar.

E. Com Respeito ao Adultério

1. A Velha Lei-Não Adulterar


Mateus5:27diz:” Ouvistes que foi
dito:Nãoadulterarás”. Essa é a velha lei,5:18).

2. A Nova Lei Complementada – Não Olhar


para Cobiçar
A nova lei complementada quanto ao adultério
está no versículo 28: “Eu, porém, vos digo que todo
aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, no
coração já adulterou com ela”. A lei da velha
dispensação trata a ação exterior do adultério,
enquanto a nova lei do reino trata a intenção do
coração.

a. Considerar a Seriedade de tal Pecado no


que Diz Respeito ao Reino
Devemos considerar a seriedade de tal pecado no
que diz respeito ao reino. A seriedade desse pecado é
indicada pela palavra do Senhor nos versículos 29 e
30 sobre arrancar nossos olhos e lançá-los de nós e
cortar nossas mãos e lançá-las de nós. Em ambos os
versículos o Senhor disse: “Pois te convém que se
perca um dos teus membros, e não seja todo o teu
corpo lançado na Geena”. Isso, entretanto, não deve
ser observado literalmente; pode apenas ser
cumprido espiritualmente, como revelado em
Romanos 8:13 e Colossenses 3:5. Sei de casos de
pessoas que aplicaram essa palavra literalmente. Um
desses casos era o de um jogador de cartas que
literalmente cortou a mão após ler essa porção da
Palavra. Finalmente ele descobriu que, embora a mão
ti vesse sido cortada, ainda havia dentro dele uma
mão interior desejando jogar. Ele aprendeu que
cortar a mão física não resolve, porque o problema
estava com a mão interior. Embora essa palavra não
seja para ser tomada literalmente, revela a seriedade
de tal pecado.
De acordo com a palavra do Senhor nos
versículos 29 e 30, é possível que as pessoas salvas
sejam lançadas na Geena. Isso significa que mesmo
as pessoas salvas podem sofrer dano da segunda
morte. Em Apocalipse 2:11 o Senhor Jesus disse: “O
vencedor, de nenhum modo sofrerá dano da segunda
morte”. Como enfatizamos, a Geena é um símbolo do
lago de fogo, que é a segunda morte (Ap 20:15). A
palavra do Senhor em Apocalipse 2:11 indica que é
possível aos crentes sofrerem dano da segunda morte.
A palavra do Senhor em Apocalipse 2:11 corresponde
à Sua palavra em Mateus 5:29 e 30. Como salvo se
não e seno em tratar esse tipo de pecado, algum dia
você sofrerá dano da segunda morte. Como o Senhor
Jesus diz aqui, você será lançado na Geena. Isso não
significa que você perecer:: significa que será
disciplinado. Além disso, a Geena de fogo não se
refere ao purgatório do catolicismo. Mas essa palavra
sobre Geena avisa-o que se você não é sério em tratar
esse pecado hoje, quando o Senhor Jesus voltar, Ele
exercerá Seu Julgamento sobre você. (Para uma
palavra adicional na questão de sofrer dano da
segunda morte, ver Estudo-Vida de Apocalipse,
mensagem 11).
Como vimos, os três tipos de julgamento
mencionados no versículo 22 se referem ao
julgamento de Cristo em Seu tribunal. Esse
julgamento não diz respeito aos não-salvos, que serão
Julgados no grande trono branco após o milênio (Ap
20:12, 15). Nenhuma pessoa não-salva estará
qualificada a estar diante do tribunal de Cristo em
Sua vinda. Todos aqueles que comparecerem nesse
trono de julgamento serão os salvos. Os crentes serão
julgados lá, não quanto à questão de salvação ou
perdição, mas pela recompensa ou punição.
A palavra dita pelo Senhor com respeito ao
julgamento e a ser lançado no Geena de fogo é uma
palavra séria. Tal palavra deve fazer-nos sóbrios e
não leves ao tratar esse tipo de pecado. Nunca
considere esse pecado como um assunto
insignificante. A situação de hoje quanto à fornicação
é lamentável. Nunca devemos ser leves a respeito
disso. A palavra do próprio Senhor nos mostra quão
sério isso é. Devemos ser sóbrios e tratar isso de uma
maneira muito séria. Entretanto, não tratemos os
nossos membros de uma maneira literal. Antes,
devemos mortificar nossos membros pecaminosos
pela cruz de Cristo. Como Romanos 8:13 revela, pelo
Espírito devemos “mortificar os feitos do corpo”, e
como Colossenses 3:5 diz, devemos mortificar nossa
“natureza terrena”. Essa é a maneira adequada de
tratar nossos membros pecaminosos.

b. Livrar-se da Motivação de Tal Pecado a


Qualquer Custo
Os versículos 29 e 30 também indicam que
devemos lançar fora a motivação de tal pecado a
qualquer custo. A intenção do Senhor aqui é fazer-
nos sóbrios para que nos livremos não apenas da
ação, mas também da motivação desse tipo de
pecado. Se falharmos em fazer isso, Ele nos porá na
Geena de fogo quando vier. Essa é uma palavra muito
sóbria.
MENSAGEM 18

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(6)
Nesta mensagem tenho encargo de dar uma
palavra adicional sobre a lei. Tem havido muitos
debates entre os mestres cristãos quanto a essa
questão da lei. Esses debates são principalmente
devido à falta da luz que vem da Bíblia com respeito à
lei. De acordo com a economia do Antigo Testamento,
o tratamento de Deus com Seu povo era baseado na
lei. Esse era o princípio da lei. Mas na economia do
Novo Testamento, Deus hoje lida com Seu povo, não
segundo a lei, mas segundo a fé. Assim, alei era o
princípio do tratamento de Deus com Seu povo no
Antigo Testamento, mas a fé é o princípio do Seu
tratamento conosco no Novo Testamento. Segundo a
economia do Antigo Testamento, era necessário
guardar á lei para ser aceitável a Deus. Mas hoje, ser
aceito por Deus é uma questão de fé.
O princípio da lei foi abolido, mas os
mandamentos da lei, não. Exatamente porque o
princípio da lei foi abolido, nunca pense que os
mandamentos da lei também o foram e que não há
necessidade de honrar nossos pais ou de não roubar.
Não, em lugar de serem abolidos, os mandamentos
da lei foram elevados. Embora nosso contato com
Deus não esteja baseado no princípio da lei, ainda
devemos observar os mandamentos elevados da lei.

NÃO É PRECISO GUARDAR O SÁBADO


A essa altura, os adventistas do sétimo dia
podem dizer: “Sim, devemos cumprir todos os
mandamentos da lei. Um desses é guardar o sábado.
Baseado no que disse sobre não abolir os
mandamentos da lei, afirmamos que devemos
guardar o sábado”. Embora os mandamentos de
Deus não tenham sido abolidos, um desses
mandamentos, a lei sobre guardar o sábado, não está
relacionado à moralidade. Antes, é uma lei ritual. Um
ritual é uma forma, uma sombra, que hoje não
precisamos mais observar. Por exemplo, não
precisamos mais oferecer sacrifícios de animais,
precisamos? Semelhantemente, não é mais
necessário guardar o sábado. No Antigo Testamento,
o período das sombras ou prefigurações, havia a
necessidade de sacrifícios e festas e de guardar o
sábado. Mas hoje é a era da realidade. Nosso
sacrifício não é um cordeiro ou um cabrito; é Cristo, a
realidade de todos os sacrifícios do Antigo
Testamento. Semelhantemente nosso descanso não é
um dia específico; também é Cristo. Porque Cristo, a
realidade, está aqui, todas as sombras se foram.
Porque o mandamento para guardar o sábado é um
mandamento ritual, não um mandamento moral, não
somos obrigados a guardá-lo hoje. Esse mandamento
não está relacionado à moralidade, mas à sombra, à
forma, que agora já se foi.

O PRINCÍPIO DA LEI
Precisamos ser impressionados com o princípio
da lei. O tratamento de Deus com Seu povo sempre
depende de um princípio. Por exemplo, os
tratamentos de Deus com Abraão eram baseados nas
promessas de Deus. Deus não deu a Abraão os
mandamentos da lei; Ele lhe deu apenas a promessa.
Assim, Deus lidou com ele de acordo com a Sua
promessa. A promessa dada por Deus a Abraão
tornou-se o princípio segundo o qual Deus tratou
com ele. Mais tarde, Deus deu a lei aos filhos de
Israel por intermédio de Moisés. A lei dada no monte
Sinai, portanto, tomou-se o princípio segundo o qual
Deus lidou com os filhos de Israel. Desse modo a lei
tomou-se o princípio para os tratamentos de Deus
com Seu povo no Antigo Testamento. Agora no Novo
Testamento Deus trata com os crentes segundo a fé,
não mais de acordo com a lei. Isso está
completamente desenvolvido no livro de Romanos e
Gálatas. Se ler esses livros, você verá que Deus trata
com os crentes em Cristo não segundo a lei, mas
segundo a fé. Na época do Antigo Testamento Deus
aceitava as pessoas segundo a lei. Se alguém quisesse
ser aceito por Deus: tinha de satisfazer o padrão da
lei. Mas hoje Deus nos aceita, não segundo a lei, mas
se cremos ou não em Cristo. Assim, a aceitação de
Deus hoje é baseada na fé.

OS MANDAMENTOS DE DEUS NÃO FORAM


REVOGADOS, FORAM ELEVADOS
O fato de Deus não mais lidar conosco, os
crentes, segundo o princípio da lei, não significa que
os mandamentos da lei tenham sido revogados. Por
exemplo, os primeiros dois mandamentos da velha
lei estavam relacionados com não ter outros deuses e
não fazer imagens. Dizer que o princípio da lei foi
revogado não significa que esses mandamentos
tenham sido revogados. Antes, de acordo com o Novo
Testamento, esses mandamentos foram acentuados,
reforçados e elevados. N O Antigo Testamento foi-
nos dito para não fazermos uma imagem física, mas
no Novo Testamento é-nos dito que mesmo nossa
avareza é uma forma de idolatria (C13:5). Ganância é
um ídolo. Por aqui vemos o elevar dos mandamentos
no que diz respeito à idolatria. Sim, o princípio da lei
foi revogado, mas não os mandamentos da lei. O
mandamento sobre honrar os pais nunca foi abolido.
N o Novo Testamento esse mandamento também é
repetido, reforçado e elevado. Devemos honrar
nossos pais muito mais hoje do que os filhos de Israel
faziam no passado.
Vimos que o Senhor Jesus também elevou os
mandamentos quanto à questão de matar e adulterar.
Porque os mandamentos do Antigo Testamento com
respeito a esses assuntos não eram adequados, o
Senhor complementou-os. O velho mandamento
sobre matar não incluía a questão do ódio ou ira.
Assim, o Senhor complementou a velha lei quanto ao
matar dizendo que quem se irasse contra seu irmão
estaria sujeito a julgamento. Ele também
complementou o mandamento no que diz respeito ao
adultério dizendo que se alguém olhasse para uma
mulher com lascívia no coração já teria adulterado
com ela. Por esses exemplos, vemos que as leis
morais nunca foram revogadas; antes, foram
elevadas. Todos os dez mandamentos foram
repetidos e elevados no Novo Testamento, exceto o
quarto mandamento, o mandamento sobre guardar o
sábado. Esse mandamento já passou porque não está
relacionado à moralidade. Ao contrário, ele é um
mandamento ritual.

UM PADRÃO SUPERIOR DE MORALIDADE


Agora chegamos ao encargo desta mensagem
propriamente dito. Sim, a salvação do Novo
Testamento está baseada no princípio da fé; não tem
nenhuma relação comalei. Todos fomos salvos por
intermédio da fé, não por guardar a lei. Mas após
sermos salvos, devemos viver uma vida que tenha um
padrão de moralidade mais elevado que o da velha lei.
Nunca pense que somos livres para ser negligentes,
desleixados ou mesmo imorais simplesmente porque
não fomos salvos por guardar a lei. Não pense que,
apenas porque Deus não lida conosco de acordo com
o princípio da lei, mas de acordo com o princípio da
fé, não deveríamos atentar aos mandamentos da lei.
Todos os que pensam assim foram drogados pelos
ensinamentos encontrados em parte do cristianismo
de hoje. Devemos ser sóbrios. Mais uma vez digo:
após termos sido salvos, precisamos viver uma vida
com um padrão muito mais elevado que o da velha lei.
N osso padrão deve ser mais elevado do que as
exigências da lei. A lei exige que não matemos. Mas
não deveríamos nem mesmo ficar irados com os
outros. Mesmo se dissermos ao nosso irmão “Raca”,
uma expressão de desprezo, ou Moré, uma palavra de
condenação indicando um rebelde, estaremos
correndo o risco de julgamento. Embora possamos
não matar nosso irmão, se o chamarmos de tolo ou
rebelde nos encontraremos em sérios problemas.

OS PROBLEMAS DE TEMPERAMENTO E
CONCUPISCÊNCIA
Em Mateus 5 o Senhor Jesus falou sobre matar e
adulterar. Matar refere-se ao nosso temperamento e
adulterar, à concupiscência, Nosso temperamento e
concupiscência constantemente nos prejudicam e
perturbam. Se fôssemos pedras, não seríamos
incomodados por essas duas coisas. Não importa
quanto você irrite, insulte ou ofenda uma pedra, ela
nunca reagirá, porque não tem qualquer
temperamento. Além disso, uma pedra não tem
lascívia. Portanto, ela nunca será tentada por isso.
Mas diariamente somos perturbados pelo nosso
temperamento ou tentados pela nossa lascívia. Como
nos é fácil ficar irritados e ofendidos! Alguns podem
ficar ofendidos pelo menos dez vezes num dia. Você
pode ser ofendido por seu esposo ou esposa, pelos
filhos, vizinhos ou parentes. Você pode até mesmo
ser ofendido pelos seus sapatos, pelo fogão ou
chaleira. Sei de algumas irmãs que foram ofendidas
pela sua cozinha. É como se a ira delas nunca
pudesse se esgotar. Outros são perturbados pela
lascívia. Por essa razão, enfatizei em uma das
mensagens do Estudo-Vida de Gênesis que nunca
devemos ficar sozinhos com alguém do sexo oposto
por longo tempo. Se ficar, você será tentado por sua
lascívia feroz.
Para viver num padrão moral mais elevado do
que o da velha lei, você deve vencer seu
temperamento e lascívia. Você pode dizer que isso
não é fácil de se fazer. Sim, não é fácil. É por isso que
precisamos de Cristo. É por isso que você precisa de
outra vida. Como precisamos permanecer com
Cristo! Devemos contatá-Lo não apenas dia a dia,
mas até mesmo hora a hora. Por causa do
temperamento e lascívia que estão em nós,
precisamos permanecer em constante comunhão
com Ele. Você deve reconhecer que não é nem
madeira nem pedra. Se fosse madeira ou pedra, não
precisaria se preocupar com a questão da ira ou
concupiscência. Mas porque é um ser vivo, você tem
essas duas coisas no seu interior. Você não tem o
temperamento e a concupiscência no seu interior? A
qualquer hora podemos tropeçar pelo nosso
temperamento ou ser tentado pela nossa
concupiscência. Esteja alerta! Esteja vigiando e
orando a respeito desses dois “demônios”, nosso
temperamento e lascívia. Após sermos salvos
segundo o princípio da fé, precisamos viver uma vida
elevada, uma vida com um padrão superior. Essa
vida com o mais alto padrão vence nosso
temperamento e lascívia.

UMA ADVERTÊNCIA QUANTO AO


JULGAMENTO DOS CRENTES
Semana após semana muitos são drogados pelos
ensinamentos do cristianismo. Esses ensinamentos
não advertem os cristãos nem dizem a eles a verdade.
Assim, muitos não são avisados que será motivo de
muitos problemas ficar irado e desprezar ou
condenar os outros ou entregar-se à lascívia.
Demonstrando apenas um pouco de desprezo pelo
nosso irmão, estaremos sujeitos a julgamento (Mt
5:22). Isso não significa que pereceremos. Não, uma
pessoa salva nunca perecerá, e ninguém que se tenha
perdido estará qualificado a comparecer diante do
trono de julgamento de Cristo. Apenas os que ti
verem sido salvos segundo o princípio da fé estarão
qualificados para estar lá. Mas não pense que é
impossível para você ter algum problema no tribunal
de Cristo. Você pode dizer ao Senhor: “Nunca roubei
um banco ou matei alguém. A única coisa que fiz foi
perder a calma”. Mas o simples ato de perder a calma
poderá levá-lo a julgamento.
Em 5:22 o julgamento dos crentes no tribunal de
Cristo é descrito por três tipos de julgamento,
conforme a história passada dos judeus: o
julgamento na entrada da cidade, o julgamento
diante do Sinédrio e o julgamento do Geena de fogo.
Todos esses três níveis de julgamento se referem ao
único julgamento no tribunal de Cristo. Nós, cristãos,
salvos de acordo com o princípio da fé, não seremos
julgados no trono branco citado em Apocalipse 20.
Antes, seremos julgados no tribunal de Cristo mil
anos antes do julgamento no trono branco. O
julgamento no grande trono branco será para os
incrédulos a respeito da perdição eterna deles. Mas o
julgamento no tribunal de Cristo será para os crentes
quanto a serem recompensados ou punidos.
Embora muitos de vocês tenham estado no
cristianismo por anos, provavelmente nunca ouviram
tal mensagem sensata. Vocês já ouviram um sermão
dizendo que, embora tenham sido salvos pela fé
mediante a graça, vocês ainda devem viver uma vida
que é de um padrão moral ainda mais elevado do que
aquele exigido pela velha lei? Foi-lhes dito que vocês
devem viver uma vida que nunca perde a calma ou
que não olha para uma mulher com desejo de
lascívia? A mais alta lei, a lei do reino dos céus, não
apenas toca as ações exteriores, mas também a
intenção no interior. Quão elevado é o padrão dessa
lei! A advertência do Senhor acerca do padrão dessa
lei é séria. Ela até mesmo fala de ser posto na Geena
de fogo, Digo novamente, isso não significa que os
crentes perecerão. O lamentável cristianismo
meramente diz às pessoas que elas irão para o céu ou
para o inferno. Mas a Bíblia diz claramente que após
sermos salvos segundo o princípio da fé, devemos
cumprir todas as exigências da nova lei. A lei não é
mais o princípio pelo qual somos salvos, antes, ela é o
padrão de moralidade que nos é ordenado guardar. O
princípio da lei foi revogado, mas a moralidade
exigida pelos mandamentos da lei permanece e foi
elevada. Não pense que não há necessidade de cuidar
da moralidade porque estamos debaixo da lei da
salvação. Isso é um conceito absolutamente errado. O
ponto crucial do decreto do Senhor com respeito à lei
é que não precisamos cumpri-la a fim de sermos
salvos, mas que devemos ter um padrão de
moralidade muito mais elevado que o da velha lei
após termos sido salvos pela fé.

CONSTRANGIDOS A PERMANECER COM


CRISTO
Após ouvir isso, você poderá dizer que não é
capaz de cumpri-lo, É bom falar assim, porque nesse
caso é necessário Cristo vir para dentro de nós. A
própria Pessoa que cumpriu totalmente a lei e
morreu em nosso lugar veio para dentro de nós em
ressurreição para ser a nossa vida. A advertência do
Senhor em Mateus 5 deve constranger-nos a
permanecer com Cristo. Devemos ter uma vida diária
cheia de temor e tremor. Precisamos dizer: “Devo
estar próximo ao Cristo ressurreto. Devo ser um com
Ele. Devo confiar e depender Dele. Porque o padrão
da moralidade do reino dos céus é elevado demais
para cumprir, devo permanecer com o Senhor. Se
apenas perder a calma com meu irmão, serei
queimado no fogo. Quão sério isso é!”
Quando alguns mestres cristãos ouvem isso,
podem dizer: “É heresia ensinar que os salvos serão
queimados no fogo”. Leia Mateus 5 novamente. Esse
capítulo não foi falado aos incrédulos, mas é uma
palavra dada aos discípulos, os salvos, os filhos de
Deus. Se não refrearem sua ira, eles serão lançados
no Geena de fogo. Alguns podem dizer: “Isso é o
Geena de fogo, não o lago de fogo”. Não argumente
sobre o que é o fogo, porque mesmo um pequeno
fogo pode causar muito sofrimento. Domingo após
domingo, tantos cristãos estão sendo enchi dos com
ensinamentos açucarados. Eles nunca ouviram uma
palavra sensata de Mateus 5. Agradecemos ao Senhor
pela Sua misericórdia e graça e pela fé que Ele nos
deu por intermédio da qual fomos sal vos. Quão
maravilhoso é ser salvo pela fé! Mas como salvos,
devemos ouvir uma palavra séria de advertência!
Mesmo perder a calma com nosso irmão pode levar-
nos a ser queimados no Geena de fogo.
Esse pensamento de ser queimado pelo fogo é
encontrado em 1 Coríntios 3 e Hebreus 6. Em 1
Coríntios 3:15 diz-se: “Se a obra de alguém se
queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será
salvo, todavia, como que através do fogo”. Embora tal
pessoa se salve, será através do fogo. Hebreus 6:7 e 8
dizem: “Porque a terra que absorve a chuva que
freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para
aqueles por quem é também cultivada recebe bênção
da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos
é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser
queimada”. Aqui os crentes são comparados à terra
na qual pode crescer vegetação aprovada por Deus ou
produzir espinhos e abrolhos que serão queimados.
Quão terrível seria passar por tal fogo! Além disso,
em Apocalipse 2:11 o Senhor disse: “O vencedor, de
nenhum modo sofrerá dano da segunda morte.” Essa
palavra implica que os cristãos derrotados sofrerão
dano da segunda morte, o lago de fogo (Ap 20:15).
Sofrer dano da segunda morte é ser tocado pelo lago
de fogo. Certamente nenhum de nós quer ser tocado
por esse fogo.

PUNIÇÃO DISPENSACIONAL
Essa questão de julgamento dos crentes e de
sofrer dano do fogo não é calvinismo ou
arminianismo. Segundo o calvinismo, uma vez salvos,
somos salvos para sempre e não haverá mais nenhum
problema. De certo modo, o calvinismo está correto,
porque uma vez salvos somos salvos por toda a
eternidade. Entretanto, não devemos dizer que não
haverá mais problemas. Há a possibilidade de ser
queimado no fogo. Segundo o arminianismo, alguns
podem ser sal vos de manhã e perder sua salvação à
noite. A salvação deles sobe e desce como um
elevador. Nem o calvinismo nem o arminianismo
estão de acordo com a pura palavra da Bíblia. A
Bíblia revela que somos salvos pela eternidade, mas
que após sermos salvos, precisamos vencer todas as
coisas pecaminosas. Caso contrário, seremos
disciplinados, punidos. Se não se arrepende e
confessa seus pecados, mas permanece em adultério,
na próxima era você será colocado no fogo e
queimado, não para perdição eterna, mas como uma
punição dispensacional.

FUGIR DO NOSSO TEMPERAMENTO E


LASCÍVIA
Nossa era é uma era de fornicação e adultério.
Cada país está cheio de imoralidade. Quanto a esse
assunto, tantos têm sido drogados pelo “alho” e
perdido a percepção desse pecado. Que essa palavra
possa nos tornar sóbrios! Devemos afastar-nos da
tendência imoral do mundo de hoje. Nada insulta
mais a Deus do que a fornicação, a qual danifica o
homem criado por Deus à Sua imagem. Todos
devemos fugir do nosso temperamento e lascívia.
Fuja do seu temperamento! Fuja da sua lascívia! Não
é uma coisa insignificante perder a calma ou
entregar-se à lascívia. Tolerar essas coisas pode
levar-nos a ser queimados. Assim, precisamos dar
ouvidos a essa palavra sóbria, que nos constrangerá a
permanecer perto de Cristo. Precisamos orar:
“Senhor, há raiva e lascívia dentro de mim. Mas,
agradeço-Te, Senhor pois tenho a Ti em meu espírito.
Senhor, não quero permanecer com minha lascívia
física ou com meu temperamento psicológico. Quero
estar Contigo em meu espírito, querido Senhor
Jesus”. Aqui está a nossa salvação, nosso livramento,
nossa santidade. Dia e noite devemos estar com o
Senhor Jesus em nosso espírito, olhar para Ele,
contatá-Lo e Nele confiar.
O temperamento, um problema para todo cristão,
é como cupim que está escondido, é sutil e
prevalecente. Devemos estar alertas sobre ele. A
lascívia é também um grande problema. Sinto dizer
que mesmo entre os santos têm havido vários casos
de fornicação. Que vergonha! Nada é mais
vergonhoso do que fornicação ou adultério entre os
santos. Isso danifica o povo criado por Deus, a vida
da igreja e o testemunho dela. Muitas vezes o
apóstolo Paulo nos adverte que nenhum fornicador
herdará o reino de Deus (1Co 6:9-10; 015:19-21; Ef
5:5). Os crentes que cometem adultério ou fornicação
estão acabados para o reino dos céus. O povo do
reino deve ter o mais alto padrão de justiça. Não
perca a calma nem olhe para uma mulher com desejo
de lascívia. Seja cuidadoso! Você precisa considerar
essas questões seriamente e tratá-las até a raiz. Essa
palavra não é uma ameaça; é uma advertência que
nos compele a estar junto de Cristo. Agradeço ao
Senhor por termos o Evangelho de Mateus e o
Evangelho de João. Precisamos confiar na vida
revelada no Evangelho de João. Aleluia! temos tal
vida! Essa vida é a vida de ressurreição, a vida
vencedora. Cristo já venceu e agora em ressurreição
Ele está vivendo em nós. Essa é a vida pela qual
cumprimos as mais elevadas exigências do reino dos
céus.

ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO


Devemos estar muito esclarecidos a respeito do
fato de que na verdade não estamos guardando a lei.
Antes, estamos andando segundo o espírito.
Romanos 8:4 diz que quando andamos segundo o
espírito, espontaneamente cumprimos todas as justas
exigências da lei. Não estamos tentando guardar a lei,
porque quanto mais tentamos guardá-la, mais a
transgredimos. Isso está totalmente revelado e
registrado em Romanos 7. Hoje não estamos sob a lei
nem obrigados a guardá-la. Estamos livres da lei e
agora estamos andando segundo o espírito. Dentro
do espírito há o Rei, Cristo, que é nossa vida de
ressurreição. Quando andamos segundo o espírito,
cumprimos até mesmo as exigências da mais elevada
lei.
Creio que agora temos clareza sobre a lei.
Podemos dizer aos outros que o princípio da lei já
passou, mas que os mandamentos da lei
permanecem e foram elevados! Embora não sejamos
capazes, de cumprir o padrão dessas exigências mais
elevadas, temos a vida de ressurreição em nosso
espírito. Portanto, não precisamos guardar a lei no
sentido de esforçar-nos em nós mesmos, mas
devemos andar segundo o espírito. Quando andamos
segundo o espírito, espontaneamente cumprimos
todas as exigências da lei e temos o mais elevado
padrão de moralidade. Esse é o testemunho de Jesus,
o testemunho da igreja. Essa é a vida adequada da
igreja, a realidade do reino dos céus.
MENSAGEM 19

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(7)
N esta mensagem chegamos a Mateus 5:31-48
que abrange quatro leis. Nos versículos 21 a 30 o
Senhor referiu-se a duas leis que foram
complementadas, a lei com respeito ao homicídio e a
lei com respeito ao adultério. Mas as quatro leis
dessa seção: sobre o divórcio, sobre juramentos,
sobre resistir ao perverso e sobre amar nossos
inimigos, todas foram mudadas. O que o Rei
decretou nos versículos 21 a 30 como a nova lei do
reino complementa a lei da velha dispensação,
enquanto o que o Rei proclamou nos versículos 31 a
48 como a nova lei do reino muda a lei da velha
dispensação.

F. Com Respeito ao Divórcio

1. A Velha Lei-Divorciar-se com uma Carta


Consideremos primeiramente a mudança da lei
com respeito ao divórcio. O versículo 31 diz:
“Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher,
dê-lhe carta de divórcio”. Segundo a velha lei, um
homem poderia di vorciar-se de sua esposa
simplesmente dando a ela uma carta de divórcio. A
lei da velha dispensação a respeito do divórcio foi
ordenada por causa da dureza do coração do povo,
não segundo o desígnio de Deus desde o princípio
(Mt 19:7-8). O novo decreto do Rei restabelece o
casamento ao que foi no princípio designado por
Deus (19:4-6).
2. A Nova Lei-Não se Divorciar Exceto em
Caso de Fornicação
Mateus 5:32 diz: “Eu, porém, vos digo que todo
aquele que repudia sua mulher, exceto por causa de
fornicação, faz com que ela cometa adultério; e
aquele que casar com a repudiada, comete adultério”.
O laço do casamento pode ser quebrado apenas pela
morte (Rm 7:3) ou fornicação. Conseqüentemente,
ter um divórcio por qualquer outra razão é cometer
adultério,
Conforme a palavra do Senhor Jesus, o único
motivo para divorciar-se é fornicação. Apenas duas
coisas podem quebrar o vínculo do casamento: a
morte de uma das partes ou fornicação, adultério. Se
uma ou outra parte comete adultério, o vínculo do
casamento é quebrado. Esse é o princípio. Portanto, o
Senhor Jesus disse que não deve haver divórcio
exceto em caso de fornicação. Mas não tire vantagem
disso como desculpa para casar de novo
simplesmente porque um ato de fornicação foi
cometido. Isso também é uma questão de intenção.
Se possível, o que ofendeu deve ser perdoado.
Entretanto, se a parte culpada recusa-se a se
arrepender e vive nesse tipo de pecado ou se casa
com alguém mais, o caso é diferente. Em tal situação,
o laço do casamento é quebrado e a outra parte está
livre.
Em Sua intenção original para o casamento,
Deus ordenou uma esposa para um marido. Mas
devido à fraqueza e dureza de coração dos filhos de
Israel, quando a lei foi dada, Moisés deu ao homem a
permissão para divorciar-se de sua esposa com uma
carta de divórcio. Mas agora, com a vinda do reino
dos céus, essa lei com respeito ao divórcio foi
mudada, e a questão do casamento é restaurada à
intenção original de Deus. No princípio Deus não
criou duas ou três Evas para Adão, de tal modo que
ele pudesse ter um ou mais divórcios. Não, havia
apenas um marido e uma esposa. Portanto, o Senhor
Jesus, como o Rei do reino celestial, traz a questão do
casamento de volta ao princípio.
Nesse ponto gostaria de dizer uma palavra aos
jovens. Nesse país há um grande número de divórcios
todo ano. Alguns até se casam várias vezes. Que
deplorável! Os filhos de Deus jamais devem ter um
divórcio. Isso é sério. Divorciar-se e casar-se
novamente significa cometer adultério. Nas
mensagens anteriores vimos quão sério é o adultério.
Por essa razão, quero falar uma palavra de
advertência aos jovens que ainda não estão casados:
não se lancem ao casamento de maneira leviana.
Você deve orar ao Senhor e esperar Nele por uma
clara liderança. Jamais seja levado por sua lascívia ou
desejo. Se o fizer, se arrependerá mais tarde, porque
a lascívia e o desejo não permanecerão. Antes de se
casar, seus olhos devem ser abertos para considerar o
assunto cuidadosamente. Mas após ter-se casado,
seus olhos devem ser fechados. Há um provérbio que
diz que o amor é cego, mas que o casamento abre os
olhos. Nós, entretanto, precisamos mudar esse
provérbio. Nossos olhos devem ser abertos antes do
casamento e fechados depois dele. Jovens, antes de
se casarem, peçam ao Senhor para dar-lhes olhos
para enxergar cada aspecto da situação. Mas após
ter-se casado, vocês devem fechar os olhos e ser
cegos. Seja uma esposa cega, seja um marido cego,
considerando sempre seu esposo ou esposa muito
preciosos. Se o fizer, não haverá divórcio.
Fico surpreso sempre que ouço sobre um irmão e
irmã que se casaram após conhecerem um ao outro
por apenas pouco tempo. Não se case de maneira
apressada ou precipitada. Nenhum casamento
precipitado é da direção do Senhor. Se há um assunto
que exige oração, é casamento. E se há algo pelo qual
você precisa apresentar-se ao Senhor, é pelo seu
casamento. Apresente-se a si mesmo e a outra parte
ao Senhor, oferecendo-se no altar como um
holocausto a Ele pelo seu casamento que virá. Após
apresentar-se ao Senhor, busque Sua liderança e
espere Nele por um tempo. Encorajo-o a esperar por
pelo menos mais um mês. Não tenha pressa. Como
um homem idoso com muita experiência, aconselho-
o a gastar seu tempo nessa questão. Mesmo se você
casar um ano depois, não fará muita diferença. Se o
seu casamento com determinada pessoa vem do
Senhor, Ele a preservará para você. Não precisa se
precipitar. Além disso, não faça sua própria escolha,
sua própria opção. Esteja satisfeito com o desejo do
Senhor e com o Seu tempo. Isso o livrará da
possibilidade de divórcio.
Novamente digo, uma vez que tenha se casado,
você deve ser cego. Bem-aventurados são os maridos
e esposas cegos. A esposa que tentar ser perspicaz a
respeito do seu marido sofrerá, mas a que não for,
desfrutará a vida. Para ela, o céu é azul, o sol está
brilhando e o ar está fresco. Ela não tenta achar todas
as falhas do marido. Ela simplesmente louva ao
Senhor por ele.

G. Com Respeito ao Juramento


1. A Velha Lei-Não Jurar Falso, mas Cumprir
para com o Senhor os Seus Juramentos
Mateus 5:33 diz: “Também ouvistes que foi dito
aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás
rigorosamente para com o Senhor os teus
juramentos”. Essa é a velha lei com respeito ao
juramento.

2. A Nova Lei-Não Jurar de Modo Nenhum


Nos versículos 34 a 36 vemos a nova lei do
Senhor com respeito ao juramento: não jurar de
modo algum. A nova lei do reino proíbe o povo do
reino de jurar de todos os modos, pelo céu, pela terra,
por Jerusalém ou por sua cabeça, porque os céus, a
terra, Jerusalém e a cabeça não estão sob seu
controle, mas sob o controle de Deus. Não devemos
jurar pelo céu ou pela terra, porque não são nossos.
Do mesmo modo, não devemos jurar por Jerusalém
porque, como a cidade do grande Rei, ela não é nosso
território. Não devemos nem mesmo jurar pela nossa
cabeça porque não podemos tornar um cabelo branco
ou preto. Todas essas coisas-céu, terra, Jerusalém e
mesmo os cabelos da nossa cabeça-não estão sob
nosso controle. Não somos ninguém e não
controlamos nada.
No versículo 37 o Senhor diz: “Seja, porém, a
vossa palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar,
vem do maligno”. As palavras do povo do reino
devem ser simples e verdadeiras: “Sim, sim; não,
não”, não convencendo os outros com muitas
palavras. Nossas palavras devem ser breves e claras.
Os honestos não falam muito. Mas tenha cuidado
com os tagarelas: eles podem ser mentirosos. Os
mentirosos são muito falantes, sempre dando muitas
razões e desculpas pelas coisas. Mas uma pessoa
honesta geralmente é breve. Além disso, devemos
perceber que o muito falar na presença de Deus não
deixa o Senhor feliz. Quando vamos ao Senhor,
devemos ir a Ele com honestidade, dizendo-Lhe
coisas de maneira breve.
No versículo 37 o Senhor diz que o que passar de
um sincero sim ou não vem do maligno. Aqui
chegamos a um ponto crucial: em nosso falar o
maligno pode estar presente. Quando falamos mais
palavras do que as necessárias, aquelas palavras não
vêm de nós, mas do diabo, o maligno. Isso indica que
em nosso falar o maligno está conosco. Isso é
especialmente verdadeiro na vida conjugal. Embora
possamos não falar muito com os outros, é fácil haver
excesso de falar entre marido e mulher. Se quiser
evitar um casamento infeliz, não permita um falar
frouxo entre você e sua esposa ou esposo. Esteja
alerta! Enquanto está falando, o maligno pode estar
com você. Essa não é a minha palavra, é a palavra do
Senhor. A palavra do Senhor nesse versículo é uma
forte indicação de que o maligno está buscando
oportunidade para expressar-se por meio do nosso
falar excessivo. Não fale tanto. Simplesmente diga o
que é necessário. Não diga algo além. Se for além do
necessário, o maligno será expresso. Se aceitar esse
conselho, você será um marido ou esposa muito feliz.
Entretanto, se falar demais, terá dificuldade. Isso
abrirá a porta do inferno e permitirá que os
demônios saiam. Devemos aprender a falar apenas o
que é necessário. Nunca tente convencer os outros
com muitas palavras. Palavras assim convincentes
não são confiáveis; antes, são falsidades que vêm do
maligno.

H. Com Respeito a Resistir ao Perverso

1. A Velha Lei-Olho por Olho, Dente por


Dente
Agora chegamos à terceira lei mudada pelo
Senhor, alei com respeito a resistir ao perverso. O
versículo 38 diz: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho,
dente por dente”. Essa é a velha lei.

2. A Nova Lei-Não Resistir


No versículo 39 O Senhor disse: “Eu, porém, vos
digo que não resistais ao perverso; antes a qualquer
que te fere na face direita, volta-lhe também a outra”.
A nova lei não é para resistir ao perverso. Nesse
versículo o Senhor disse que quando alguém nos ferir
na face direita, devemos voltar-lhe também a outra.
Fazer isso indica que não há resistência. O versículo
40 diz: “E ao que quer demandar contigo e tirar-te a
túnica, deixa-lhe também a capa”. Se alguém pede
sua túnica, uma roupa de baixo, tipo camisa, dê a ele
também sua capa. Isso provará que você não tem
resistência. No versículo 41 o Senhor diz: “Se alguém
te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas”.
Voltar a outra face ao agressor, deixar a capa ao que
exige e andar a segunda milha com quem o obriga,
prova que o povo do reino tem o poder; poder para
sofrer e ser manso em vez de resistir, e para não
andar na carne nem na alma pelos seus próprios
interesses, mas no espírito por causa do reino.
Suponha que alguém venha a você e queira sua
camisa e você também dá a ele sua jaqueta. Talvez
você possa dar-lhe dez jaquetas. O ponto aqui não é
se sua condição financeira lhe permite dar sua
jaqueta; é se seu temperamento o deixa fazê-lo. Se
alguém pede sua camisa, sua ira pode ser despertada.
Assim, não é a questão de uma camisa ou jaqueta,
mas do seu temperamento. É o mesmo princípio de
ferir na face direita ou compelir a andar uma milha.
Resistir rei vindicando olho por olho significa
que você está liberando seu temperamento. Aqui o
Senhor está dizendo que não podemos satisfazer
nosso temperamento. Em vez de liberar o “cupim” do
nosso temperamento, devemos matá-lo. Não trate
quem lhe faz uma reivindicação; trate seu
temperamento. O problema não é o seu opositor; é o
seu temperamento. O Senhor permite que alguém
peça sua túnica como um teste para expor onde você
está, para provar que o “cupim” do seu
temperamento ainda está escondido dentro de você.
Somos pessoas espirituais, até mesmo pessoas do
reino, mas nosso temperamento ainda está escondido
dentro de nós e precisa ser exposto. Os que exigem de
você expõem esse pequeno “cupim”. Se alguém pede
sua túnica, você pode dizer: “Não lhe devo coisa
alguma! Por que você vem a mim?” Não repreenda
alguém que lhe faz uma rei vindicação-o Senhor o
enviou-, mas mate o “cupim” do seu temperamento.
Em vez de se irar, diga-lhe: “Já que você quer minha
camisa, dar-lhe-ei minha jaqueta também”. Isso
prova que seu temperamento foi morto. Todas as
pessoas do reino devem ser capazes de dizer: “Não
importa quantas exigências injustas você coloque
sobre mim, minha ira não é despertada. Eu ainda o
amo e estou disposto a repartir com você tudo o que
tenho. Se quiser minha camisa, dar-lhe-ei
alegremente a jaqueta também”. A atitude do povo
do reino deveria ser sempre essa.
Digo novamente, o ponto aqui não é dinheiro,
mas nosso temperamento. Todas as questões
mencionadas nos versículos 39 a 41 tocam o nosso
temperamento. Os milionários podem dispor de
bilhões de reais. Mas freqüentemente expõem o seu
temperamento com um motorista de táxi por apenas
alguns centavos. O dinheiro não significa nada; é
uma questão de temperamento. Nós, o povo do reino,
devemos estar acima do nosso temperamento.
No versículo 42 o Senhor disse: “Dá a quem te
pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe
emprestes”. Dar e não voltar as costas ao que pede
emprestado prova que o povo do reino não se
importa com as riquezas materiais e não é possuído
por elas. Entretanto, o verdadeiro problema não são
as riquezas materiais. Dar aos que pedem ou que
querem emprestado toca o nosso ser. O Senhor não
está dizendo que deve nos faltar discernimento e que
devemos comportar-nos de maneira tola quanto às
possessões materiais. Ele está nos dizendo que
devemos estar acima das coisas materiais e do nosso
temperamento. Nunca devemos ser provocados em
nosso temperamento por esse tipo de coisa nem
tocados pelas coisas materiais. Essa é a atitude
vencedora do povo do reino. Isso não significa que
seremos excessivamente generosos ou descuidados
ao administrar o dinheiro. Embora possa ser muito
cuidadoso na maneira de gastar o dinheiro, você
estará acima das possessões materiais e acima do seu
temperamento quando tal ocasião vier como descrito
no versículo 42. Nenhuma solicitação despertará sua
ira. A velha lei não tocava a ira do povo ou o coração
deles. Mas a nova lei, a lei mudada, toca nosso
temperamento e nosso coração.

I. Com Respeito aos Inimigos

1. A Velha Lei – Amar Seu Próximo e Odiar


Seu Inimigo
Agora chegamos a última lei mudada pelo
Senhor: a lei com respeito ao inimigo. O versículo 43
diz: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e
odiarás o teu inimigo”. Legalmente falando, a velha
lei é boa e justa, porque o próximo merece nosso
amor e o inimigo, nosso ódio. Assim, amar o próximo
e odiar o inimigo é justo e bom.

2. A Nova Lei – Amar Seus Inimigos e Orar


pelos Seus Perseguidores
O versículo 44 diz: “Eu, porém, vos digo: Amai
os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.
Uma vez mais, essa é uma questão que toca o nosso
ser. A razão por que você ama seu próximo é que ele
é bom segundo o seu sentimento. Embora seus
próximos correspondam ao seu sentimento, um
inimigo, não. Antes, ele incita seu temperamento.
Assim, a questão de amar nossos inimigos é um teste.
Se ler os capítulos 5 a 7 de Mateus, você verá que essa
constituição celestial não admite nem mesmo um
pouco do nosso ser natural. Antes, mata cada germe
em nós. Você odeia seu inimigo porque ele não
concorda com sua escolha natural, e ama seu bom
próximo porque ele concorda com ela. Se o Senhor
lhe providenciasse ter apenas pessoas bondosas ao
seu redor, você agiria como um anjo e diria: “Senhor,
graças Te dou por dar-me tais próximos amáveis”.
Mas o Senhor jamais prepararia apenas boas pessoas
para serem seus próximos. Pelo menos alguns deles
serão impertinentes e o Senhor os usará para expor o
que está dentro de você. Ele pode perguntar-lhe se
você ama essas pessoas difíceis. Talvez você diga que
isso é muito difícil. A razão dessa dificuldade é que
eles são contra seu ser e sentimento natural. Isso é
um teste para prová-lo se vive por si mesmo ou por
Cristo. Algumas vezes Cristo pode amar seus
inimigos mais do que seu próximo, e você deve segui-
Lo. Entretanto, isso não é meramente uma ação
exterior.
Todas essas leis tocam nosso ser e põem-nos na
cruz. Um único mandamento quanto ao divórcio é
suficiente para crucificar todos os esposos e esposas.
Ainda mais, a palavra sobre dizer sim e não, também
nos põe na cruz. O mesmo é verdade sobre não
resistir ao perverso e especialmente acerca de não
odiar nossos inimigos. Todas essas leis matam nosso
homem, gosto e temperamento naturais.

a. Agir como os Filhos do Pai Celeste


O versículo 45 diz: “Para que vos tomeis filhos
do vosso Pai que está nos céus”. O título “filhos do
vosso Pai” é uma forte prova que o povo do reino, que
é a audiência aqui para o decreto do novo Rei, no
monte, são os crentes regenerados do Novo
Testamento. Como filhos do nosso Pai, devemos
proceder com o perverso e o injusto do mesmo modo
que procedemos com o bom e o justo (v . 45), amar
não apenas os que nos amam, mas os que não nos
amam (v. 46), e saudar não apenas os irmãos, mas
também os outros (v. 47).
O versículo 45 também diz do Pai: “Ele faz
nascer o Seu sol sobre maus e bons, e vir chuvas
sobre justos e injustos”. Enviar chuvas sobre justos e
injustos é na era da graça, mas na era vindoura, a era
do reino, nenhuma chuva virá sobre os injustos (Zc
14:17-18).
No versículo 46 o Senhor fez uma pergunta:
“Porque se amardes os que vos amam, que
recompensa tendes? não fazem os cobradores de
impostos também o mesmo?” Ao povo do reino que
observa a nova lei do reino em sua realidade será
dado um galardão na manifestação do reino. O
galardão difere de salvação. Alguns podem ser sal vos,
mas não estar qualificados a receber uma
recompensa.

b. Ser Perfeito como o Pai Celeste


O versículo 48 diz: “Portanto, sede vós perfeitos
como perfeito é o vosso Pai celeste”. Para que o povo
do reino seja perfeito tal como seu Pai celeste, eles
devem ser perfeitos em Seu amor. Eles são os filhos
do Pai, tendo a vida e a natureza divinas do Pai.
Conseqüentemente, podem ser perfeitos como o Pai.
A exigência da nova lei do reino é muito superior aos
requisitos da lei da velha dispensação. Essa exigência
elevada pode ser satisfeita apenas pela vida divina do
Pai, não pela vida natural. O reino dos céus tem a
exigência mais elevada e a vida divina do Pai tem o
suprimento mais elevado para satisfazer essa
exigência. Os Evangelhos primeiramente apresentam
amais elevada exigência do reino dos céus no
Evangelho de Mateus e, por fim, nos proporcionam o
suprimento mais elevado da vida divina do Pai
celestial no Evangelho de João, de modo que
possamos vi ver a vida do reino dos céus. A exigência
da nova lei do reino em Mateus 5 a 7 é
verdadeiramente a expressão da nova vida interior, a
vida divina, do povo regenerado do reino. Essa
exigência, revelando o ser interior do povo
regenerado, é para mostrar-lhes que são capazes de
alcançar tal estágio elevado.
Todas as exigências dessas leis mudadas revelam
o quanto a vida divina no nosso interior consegue
realizar por nós. Essas leis não são meramente uma
exigência; são uma revelação, mostrando-nos que a
vida divina pode até mesmo fazer-nos perfeitos como
nosso Pai celeste. Temos dentro de nós essa vida que
nos aperfeiçoa. Temos uma vida com tal natureza
divina que pode fazer-nos tão perfeitos como nosso
Pai celeste.
Vimos que, de acordo com o versículo 45, o Pai
faz nascer o Seu sol sobre maus e bons e vir chuvas
sobre justos e injustos. Primeiro o Pai faz nascer o sol
sobre os maus, então sobre os bons. Se fosse o Pai,
você faria seu sol nascer primeiro sobre os maus ou
sobre os bons? Certamente primeiro o faria nascer
sobre os bons. Esse versículo também diz que o Pai
envia Sua chuva sobre os justos e injustos. Note que a
ordem dessa parte do versículo está trocada. Isso
indica que aos olhos do Pai celeste não há diferença
entre enviar a luz do sol primeiro sobre os maus e
então sobre os bons ou enviar a chuva primeiro sobre
o justo e, então, sobre o injusto.
Apliquemos isso à questão de tratar nossos filhos.
Mesmo ao lidar com seus próprios filhos, você tem a
sua escolha. Isso indica quão natural é. Suponha que
tenha três filhos. Um deles pode ser amável, o outro
travesso, e o outro neutro. Dia após dia esses três
filhos expõem você, revelando o quanto o
desobediente o desagrada, e o repreende. Embora
você não goste dele, o Pai celestial ama-o mais do que
ao que é amável. Ele o enviou para expor o seu gosto
natural.
Também temos nosso gosto natural na vida da
igreja. Gostamos dos irmãos que são gentis e das
irmãs que são simpáticas. Queremos que todos os
irmãos e irmãs sejam assim. Mas isso é apenas um
sonho, porque sempre haverá alguns que nos
aborrecem. Considere a questão dos presbíteros.
Muitos irmãos são agradáveis e gentis, mas não estão
aptos a ser presbíteros. Entretanto, os que são aptos
podem ser um pouco rudes. Deus usa isso para expor
sua escolha natural.
Agora entendemos a implicação e significado da
palavra do Senhor nos versículos 31 a 48. Não é
simplesmente uma questão de amar nossos inimigos
exteriormente. Não, é uma questão de ter nosso ser
natural exposto. Após termos sido expostos, diremos:
“Senhor, tem misericórdia de mim. Como preciso da
Tua libertação! Quero ficar perto de Ti e confiar em
Ti. Então serei perfeito como meu Pai”.
Não tome a palavra do Senhor como um
ensinamento de como deve proceder. Isso não
funcionará. A palavra do Senhor é para tocar nosso
ser, nossa escolha natural, e expor o que somos e
onde estamos. Quando formos expostos e subjugados,
daremos uma ótima oportunidade para a vida divina
viverem nós. Isso nos fará perfeitos como nosso Pai
celeste. Não podemos imitar o Pai. Quando jovem,
ensinava que nosso Pai celeste ama os que são maus
e que devemos amar nossos inimigos assim como
nosso Pai os ama. Embora isso pareça bom, na
verdade é como tentar ensinar um macaco a agir
como uma pessoa. Você pode ensinar um macaco a
agir como um amável cavalheiro. Os macacos,
entretanto, falharão, porque eles não são filhos de
homem. Somos os filhos do nosso Pai celeste. Assim,
a vida e natureza do Pai estão dentro de nós. Todos
os inimigos exteriores, os que nos compelem a fazer
coisas, e os opositores expõem o que somos. Porque
eles expõem nosso ser natural, aprendemos a não
confiar mais em nós mesmos, mas a olhar para nosso
Pai e perceber que temos Sua vida e natureza dentro
de nós. Por intermédio dessa exposição vemos que
devemos estar próximos a Ele e viver por Sua vida e
natureza. Desse modo seremos perfeitos como nosso
Pai celeste. Essa é a vida do reino, o vi ver do reino.
Interpretando mal esses versículos, muitos
cristãos os têm tomado como instruções a respeito da
sua conduta exterior. Essa é a razão por que tantos
ficaram desapontados e disseram: “Isso é demais
para nós. Estamos longe disso e somos incapazes de
cumpri-10”. Essa não é uma palavra comum dada
pelo Senhor Jesus, é a constituição do reino celestial.
Porque somos povo do Seu reino, certamente
podemos cumprir essas exigências. Temos a vida do
reino dentro de nós, e podemos cumprir essas leis,
não por nós mesmos, mas pela vida e natureza do Pai.
Portanto, devemos agradecer-Lhe por permitir tantas
coisas adversas em nosso ambiente a fim de tocar
nosso ser e expor o que somos de modo que sejamos
completamente subjugados, voltemos a Ele,
permaneçamos próximos a Ele, confiemos Nele e
vivamos por Ele. Então seremos o genuíno povo do
reino com a vida do reino para um vi ver do reino
adequado. Esse é o reino de Deus hoje na terra, e essa
é a vida adequada da igreja.
MENSAGEM 20

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(8)
Por séculos, os cristãos não têm tido um
entendimento claro da lei. Por um lado, em Romanos
e Gálatas é-nos dito que a lei já passou. Por exemplo,
Romanos 10:4 diz: “Porque o fim da lei é Cristo, para
justiça de todo aquele que crê”. Baseado nisso,
muitos cristãos pensam que podem esquecer a lei.
Por outro lado, em Mateus 5:17 o Senhor Jesus disse:
“Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas;
não vim para revogar, mas para cumprir”. Essa
palavra tem incomodado muitos cristãos. Louvamos
ao Senhor porque Ele nos concedeu um
entendimento claro dessa questão.

OS TRÊS ASPECTOS DA LEI


Afim de compreender essa questão da lei,
devemos conhecer os três aspectos da lei: o seu
princípio, os seus mandamentos e os seus rituais. Se
não diferenciar essas três coisas, você nunca terá um
entendimento adequado da lei. Como vimos, o
princípio da lei já passou. Hoje, na dispensação da
graça, Deus não lida conosco segundo o princípio da
lei; antes, Ele nos trata segundo o princípio da fé. Se
seremos ou não justificados, salvos e aceitos por
Deus depende do princípio da fé, não do princípio da
lei. Uma vez que temos fé em Cristo, somos
justificados por Deus, aceitos por Ele e salvos. Isso é
o que significa o princípio da lei ser abolido em Cristo
sob a dispensação da graça.
Embora o princípio da lei tenha sido abolido, os
mandamentos da lei não foram anulados. Antes, o
padrão desses mandamentos foi elevado. Portanto,
os mandamentos relacionados às regras morais não
foram abolidos; eles permanecerão pela eternidade.
Mesmo pela eternidade não iremos adorar ídolos,
matar, roubar ou mentir. Em Seu reino celestial, o
Rei elevou o padrão da lei de duas maneiras:
complementando e mudando as leis inferiores em
leis mais elevadas. Dessa maneira, amoralidade dos
mandamentos da lei foi elevada a um padrão
superior.
O próprio Salvador real guardou todos os
mandamentos da lei quando esteve na terra. Então
Ele foi à cruz para morrer por nós. Por Sua morte
substitutiva, Ele cumpriu a lei do lado negativo. Além
disso, por meio da Sua morte substitutiva, Ele liberou
Sua vida para dentro de nós, e agora temos essa vida
de ressurreição em nosso espírito. Porque somos
capazes de viver por essa vida de ressurreição, temos
o poder, a habilidade e a capacidade para ter o mais
alto padrão de moralidade. Quando andamos
segundo o espírito (Rm 8:4) cumprimos as justas
exigências da lei, fazemos até mesmo mais do que a
lei requer. Assim, não abolimos a lei, antes a
cumprimos da maneira mais elevada.
O terceiro aspecto da lei são os seus rituais. Por
exemplo, oferecer sacrifícios e guardar o sábado são
rituais exteriores da lei. Esses rituais foram também
terminados porque eram parte da velha dispensação
de sombras, figuras e tipos, os quais foram todos
cumpridos por Cristo como a realidade. Não somos
mais obrigados a observar os rituais da lei. Portanto,
o princípio da lei e os seus rituais foram terminados,
mas os mandamentos da lei, que requerem um alto
padrão moral, não foram terminados. Antes, esses
mandamentos foram elevados. Por meio de Cristo
como a vida de ressurreição em nosso espírito,
podemos cumprir o padrão de moral idade exigido
pela lei superior do reino dos céus. Essa palavra deve
esclarecer-nos quanto à lei em seus três aspectos: o
princípio, os mandamentos e os rituais da lei.

VIVER PELA VIDA E NATUREZA DO PAI


No final de Mateus 5, o Senhor Jesus disse:
“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso
Pai celeste” (v. 48). Essa palavra conclui essa seção
da constituição, uma seção que é
extraordinariamente elevada. Após ler todas essas
exigências, todos diríamos que possivelmente não
podemos cumpri-las. Então chegamos ao versículo
48 que nos diz que devemos ser perfeitos como nosso
Pai celeste é perfeito. Esse versículo é um indicador
de que temos a vida e natureza do Pai dentro de nós.
Nascemos Dele e somos Seus filhos. Porque somos
Seus filhos possuindo Sua vida e natureza, não há
necessidade de imitá-Lo ou copiá-Lo. Se crescermos
em Sua vida, seremos iguais a Ele. Assim, todas as
exigências da lei do reino dos céus revelam quanto
essa vida e natureza divinas podem realizar por nós.
Nossa única necessidade é sermos expostos de modo
que possamos abandonar toda esperança em nós
mesmos. Quando formos expostos, perceberemos
que nossa vida natural é sem esperança. Então
renunciaremos a ela, voltaremos à vida do nosso Pai
e ficaremos com a natureza divina. Espontaneamente,
essa vida crescerá em nós e cumprirá as exigências
dessa lei superior. Nossa necessidade hoje é voltar ao
nosso espírito e andar nele. Sempre que fizermos isso,
viveremos pela vida e natureza do nosso Pai; então
espontaneamente cumpriremos as justas exigências
da lei. É crucial entendermos essa questão, porque
ela é absolutamente diferente do nosso conceito
natural.
Por minha experiência posso testificar que hoje
não estou sob o princípio da lei. Aleluia! estou sob o
princípio da fé e tenho a vida do meu Pai celestial
dentro de mim! Essa vida nada mais é que o Filho
querido do Pai. Estou agora vi vendo por essa vida
em meu espírito e andando segundo o espírito. Por
essa vida em meu espírito espontaneamente cumpro
as exigências elevadas da lei do reino dos céus. Isso
não é orgulho, é meu humilde testemunho para
glorificar o Senhor. Isso não significa que sou capaz
de fazer algo, mas que Ele é capaz, porque está em
mim como minha vida. Ele é capaz de fazer o mesmo
em você e para você. Para que isso seja a sua
experiência, você precisa ter uma visão da
desesperança da sua vida natural. Depois de sua vida
natural ser completamente desenterrada e exposta,
você perceberá que é um caso sem esperança, que
não deve confiar nela e que deve voltar-se à vida e
natureza divinas do Pai em seu interior. Volte à vida
do Pai, permaneça com a vida do Pai e viva pela vida
do Pai. Você pode facilmente voltar-se à vida do Pai
porque nesse exato momento ela está em seu espírito.
Simplesmente ande segundo o seu espírito e todas as
justas exigências da lei serão cumpridas em você.

CUMPRIR AS JUSTAS EXIGÊNCIAS DA LEI


POR ANDAR SEGUNDO O ESPÍRITO
Nesse ponto precisamos considerar alguns
versículos em Romanos 8. Romanos 8:3 diz:
“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava
enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu
próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e
no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus,
na carne, o pecado”. Por causa da fraqueza da nossa
carne é-nos impossível cumprir a lei. Não podemos
fazernada. No que diz respeito à lei, somos um caso
perdido. Portanto, Deus enviou Seu próprio Filho em
semelhança da carne do pecado e, no tocante ao
pecado, condenou o pecado na carne, “a fim de que o
preceito da lei se cumprisse em nós que não andamos
segundo a carne, mas segundo o Espírito” (v. 4).
Porque era impossível, pela fraqueza da nossa carne,
que a lei fosse cumprida, Deus enviou Seu Filho para
guardar a lei do lado positivo, e morrer pela nossa
fraqueza do lado negativo. Seu propósito ao fazer isso
era que as justas exigências da lei se cumprissem em
nós. O “nós” no versículo 4 se refere aos que não
andam segundo a carne, mas segundo o espírito.
Deus enviou Seu Filho para guardar a lei e morrer
por nós para que andemos no espírito e cumpramos
as justas exigências da lei.

COMO É FORMADO NOSSO ESPÍRITO


Romanos 8:16 revela como é formado o nosso
espírito. “O próprio Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus”. Este versículo
revela que nosso espírito, no qual andamos para
cumprir as justas exigências da lei, é formado pelo
testemunho do Espírito Santo com o nosso espírito.
Isso indica que o Espírito Santo de Deus entrou no
nosso espírito. Isso ocorre no momento da nossa
regeneração. O Espírito de Deus entrou no nosso
espírito para regenerar-nos. Desde então, o Espírito
Santo tem testificado com o nosso espírito que somos
filhos de Deus. Assim, o versículo 14 diz: “Pois todos
os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus”.

NÃO APENAS CRIATURAS DE DEUS, MAS


TAMBEM SEUS FILHOS REGENERADOS
Com esses versículos diante de nós, podemos
entender por que o Senhor concluiu Sua palavra em
Mateus 5 dizendo: “Portanto, sede vós perfeitos como
perfeito é o vosso Pai celeste”. Não somos apenas
criaturas de Deus; somos também Seus filhos
regenerados, possuindo Sua vida e natureza.
Portanto, não somos criaturas de Deus tentando
copiá-Lo e imitá-Lo; somos os filhos do Pai vivendo a
vida do Pai. Como nos tornamos os filhos do Pai? Foi
pela vinda do Espírito de Deus para dentro de nosso
espírito a fim de regenerar-nos e fazer do nosso
espírito a habitação d2:22). Aqui, em nosso espírito,
tomamo-nos os filhos de Deus tendo a Sua vida e
natureza. Se andarmos segundo o espírito
regenerado, somos os filhos de Deus vivendo pela
vida de Deus. Quando vi vemos e andamos no
espírito, espontaneamente seremos perfeitos como
nosso Pai celeste.
Considere um irmão que tem quatro filhos.
Quanto mais esses pequenos crescem, mais vivem
como o pai deles. Essas crianças não são quatro
macacos tentando imitar um ser humano. Não, eles
são filhos do seu pai crescendo à imagem dele.
Quanto mais crescem, mais vivem a vida do pai.
Semelhantemente, não somos macacos-somos filhos
de Deus. Embora alguns de nós possam ser infantis e
imaturos, estamos, no entanto, crescendo. As
crianças podem ser travessas, mas estão crescendo.
Espere por alguns anos e verá que todos esses
pequenos travessos serão perfeitos como Seu Pai
celeste. Estou muito feliz porque todos os santos nas
igrejas não são macacos, mas filhos queridos. Deixe-
os ser travessos por um pouco. Por fim crescerão.
Não estamos tentando imitar Deus. Antes, somos os
filhos do Pai crescendo na vida do Pai. É por isso que
o Senhor Jesus disse que devemos ser perfeitos como
nosso Pai celeste.
Agora podemos entender por que em Mateus 5 o
Senhor dirige-se a nós como os filhos de Deus. Ele
não estava falando aos incrédulos, aos que eram
simplesmente criaturas de Deus; estava falando aos
filhos de Deus. Deus não é mais simplesmente o
nosso Criador; Ele é também nosso Pai celeste.
Portanto, temos Sua vida e natureza. Finalmente,
pelo nosso crescimento em vida, seremos iguais a Ele.
Espere por mais um tempo e você verá que muitos de
nós nos tomaremos perfeitos como o Pai.

PARA DEUS NÃO HÁ O ELEMENTO TEMPO


Alguns podem se perguntar como os discípulos
no monte puderam ser regenerados. Uma vez que o
Espírito da vida ainda não havia entrado neles, como
podemos dizer que aqueles discípulos foram
regenerados? Lembre-se, não há o elemento tempo
para Deus. Antes, há o princípio. Quando o Senhor
Jesus estava falando com os discípulos no monte,
dando-lhes o decreto da constituição do reino, Ele
falou segundo o princípio, não segundo o elemento
tempo. Deus não tem o elemento tempo; Ele faz as
coisas uma vez por todas. Em nossa mente há tal
coisa como antes e depois, mas na mente de Deus,
não. Sim, um dia Cristo realizou a obra de redenção
na cruz e um dia o Espírito que dá vida formou-se.
Mas aos olhos de Deus é difícil determinar quando
essas coisas ocorreram, porque na economia de Deus
elas são eternas. A cruz e o Espírito que dá vida são
eternos. Porque os discípulos no monte creram no
Senhor Jesus e decidiram segui-Lo, em princípio eles
foram regenerados, e o Senhor os considerou como
pessoas regeneradas.
MENSAGEM 21

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(9)
Nesta mensagem chegamos à quarta seção do
decreto do Rei no monte, Mateus 6:1-18, com
respeito aos feitos justos do povo do reino.

V. COM RESPEITO AOS FEITOS JUSTOS DO


POVO DO REINO

A. O Princípio – Não Exercer Sua Justiça


Diante dos Homens
Em 5:17-48 vimos a complementação e a
mudança da lei. Nesses versículos, todas as novas leis
do reino dos céus escavaram e expuseram nosso
temperamento, lascívia e ser natural. Assim, esses
versículos não tratam nossas ações exteriores, mas o
que está oculto no mais íntimo do nosso ser: nossa
ira, lascívia e ser natural.
Mateus 6:1 diz: “Guardai-vos de exercer a vossa
justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos
por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de
vosso Pai que está nos céus”. Justiça aqui denota
feitos justos, tais como dar esmolas, mencionado nos
versículos 2a4; orar, nos versículos 5 a 15, e jejuar,
nos versículos 16 a 18. Sem dúvida, esses versículos
falam sobre os feitos justos do povo do reino. Porém
mais do que isso eles expõem o ego e a carne. Temos
algo dentro de nós que é pior que a carne e a lascívia.
Todos sabem quão horrenda é a lascívia; no entanto,
muitos cristãos não sabem quão horrendos são o ego
e a carne. Obviamente, as palavras “ego” e “carne”
não são usadas nesses versículos. Entretanto, o ego e
a carne estão expostos aqui. Nesses dezoito
versículos, o Senhor usa três ilustrações dar esmolas,
orar e jejuar-para revelar como estamos cheios de
ego e carne.
A carne do homem buscando glorificar-se,
sempre quer realizar boas obras diante dos homens
com o fim de ser louvada por eles. Mas ao povo do
reino, que vive em um espírito esvaziado e humilde e
porta-se com um puro e singelo coração sob o
governo celestial do reino, não é permitido fazer algo
na carne para o louvor dos homens, mas devem fazer
tudo no espírito para a satisfação do seu Pai celestial.
Para o povo do reino, Deus não é apenas o seu
Deus, mas também o seu Pai. Eles não são apenas
criados por Deus, são também regenerados pelo Pai.
Eles não têm apenas a vida humana natural criada,
têm também a vida divina espiritual incriada.
Portanto, a nova lei do reino, decretada pelo Rei no
monte, foi entregue a eles não para que a guardassem
pela sua vida humana caída, mas pela vida eterna do
Pai, não para obter a glória do homem, mas para
receber a recompensa do Pai.
Referindo-se a cada uma dessas três ilustrações,
o Senhor usa a palavra “secreto” (vs. 4, 6, 18).
Devemos realizar nossos feitos justos em secreto,
porque o nosso Pai está em secreto. No versículo 4, o
Senhor diz que nosso Pai vê em secreto. O povo do
reino, como filhos do Pai celestial, deve vi ver na
presença do Pai e importar-se com Sua presença. O
que quer que façam em secreto para o reino do Pai, o
Pai vê em secreto. O olhar do Pai celestial em secreto
deve ser um incentivo para fazerem suas obras justas
também em secreto. Nesse versículo, o Senhor
também disse que o Pai nos recompensará. Isso pode
ocorrer como uma recompensa nesta era (2Co 9:10-
11) ou na vindoura (Lc 14:14).
O resultado de realizar nossos feitos justos em
secreto é que o ego e a carne são mortos. Se não for
permitido que as pessoas na sociedade de hoje façam
uma exibição das suas boas ações, elas não as farão.
Uma vez que tenham oportunidade de fazer uma
exposição pública dos seus feitos justos, as pessoas
ficam alegres em realizá-las. Essa é a prática
lamentável do cristianismo degradado de hoje,
especialmente na questão de angariar fundos, que dá
aos doadores uma excelente oportunidade de fazer
uma exibição. Quanto maior a demonstração pública,
mais dinheiro as pessoas se dispõem a dar. Tal
exibição, certamente, é algo da carne. Dar esmolas
aos pobres a fim de mostrar quão generoso você é
não é uma questão de ira, lascívia ou do seu ser
natural; é uma questão do ego, da carne. Fazer uma
exibição assim é simplesmente vangloriar-se.
Portanto, para nós como povo do reino, um princípio
básico quanto aos feitos justos é nunca fazer uma
exibição de nós mesmos. Tanto quanto possível
esconda-se, mantenha-se oculto e faça as coisas em
secreto. Devemos ser de tal modo ocultos que, como
o Senhor Jesus disse, a nossa mão esquerda não
saiba o que a direita está fazendo (v. 3). Isso significa
que não devemos permitir que os outros saibam o
que estamos fazendo. Por exemplo, se você jejuar por
três dias, não desfigure sua face ou demonstre um
semblante triste. Antes, dê aos outros a impressão de
que não está jejuando, para que o seu jejum possa ser
em secreto. Não jejue na presença dos homens, mas
na presença secreta do seu Pai celestial. Fazer isso é
matar o ego e a carne.
Encorajamos os santos a funcionar nas reuniões
da igreja. Entretanto, há o perigo de funcionarmos a
fim de nos exibir. Má o risco de fazer coisas na
presença do homem. Se considerar sua própria
experiência, perceberá que talvez das dez vezes que
funcionou nas reuniões, nove foram diante dos
homens. Isso é para glorificar o ego e a carne. Mas a
constituição do reino celestial não cede um passo
sequer para a nossa ira, lascívia ou ser natural; nem
concede qualquer base para o nosso ego e carne. Pela
misericórdia e graça do Senhor, devemos fazer tudo
quanto possível de maneira oculta. Procure sempre
fazer as coisas que são agradáveis a Deus e justas ao
homem de maneira secreta. Tente fazer com que eles
não saibam. Simplesmente faça seus feitos justos na
presença de Deus.
N osso Pai vê em secreto. Quando está orando
sozinho em seu quarto, ninguém mais pode vê-l o,
senão seu Pai celestial. Não ore nas esquinas ou nas
sinagogas para ser visto pelos homens. Ore em
secreto para ser visto por seu Pai que vê em secreto.
Então você também receberá uma resposta Dele em
secreto. Preocupo-me que muitos de nós têm apenas
experiências públicas e nenhuma experiência em
secreto. Não apenas o Pai vê nossas experiências;
todos as vêem também. Isso indica que não estamos
rejeitando o ego ou repudiando a carne. Devemos
sempre fazer as coisas de modo a continuamente
rejeitar o ego e repudiar a carne. Se possível, faça
tudo em secreto, não dando qualquer oportunidade
para seu ego ou concedendo alguma base para sua
carne.
Embora o Senhor fale aqui da questão de
recompensa (vs. 1, 5) o mais importante não é a
recompensa, mas o crescimento em vida. Os santos
que crescem publicamente não o fazem de maneira
saudável. Todos precisam de algum crescimento de
vida secreto, algumas experiências secretas de Cristo.
Precisamos orar, adorar, contatar e ter comunhão
com o Senhor de maneira secreta. Talvez nem mesmo
as pessoas mais próximas a nós saibam ou entendam
o que estamos fazendo. Precisamos dessas
experiências secretas do Senhor, porque elas matam
nosso ego e nossa carne. Embora ira e lascívia sejam
horrendas, a coisa que mais nos frustra crescer em
vida é o ego. O ego é especialmente visível pelo fato
de gostar de fazer coisas de maneira pública, na
presença do homem. O ego gosta de realizar obras
justas diante do homem. Sem exceção, todos
devemos admitir que temos tal ego. Os que sempre
querem realizar coisas de modo a fazer uma exibição
pública são cheios de ego, cheios de carne. O ego ama
ser glorificado e a carne ama ser contemplada.
Provavelmente você nunca ouviu uma mensagem
sobre esses versículos que tratam com o ego e a carne.
Sempre que viermos a essa porção da Palavra,
devemos perceber que ela expõe nosso ego e nossa
carne.
Repito, a questão crucial aqui não é a
recompensa, mas o crescimento em vida. Os santos
que sabem apenas fazer uma exibição do ego e uma
demonstração da carne não crescerão em vida. O
genuíno crescimento em vida é matar o ego. Aqueles
cujo ego tem sido morto e a carne tratada, podem
algumas vezes falar a respeito dos seus feitos.
Todavia, é com muita cautela que digo isso. Não é
saudável expor nossos feitos justos. Antes, devemos
orar muito, mas não deixe os outros saberem o
quanto você ora. Isso é saudável. Se orar cada dia
sem contar aos outros ou permitir que saibam sobre
isso, significa que você é saudável e está crescendo.
Entretanto, suponha que sempre diga aos outros o
quanto ora. Se fizer isso, não apenas perderá seu
galardão, mas não crescerá em vida nem será
saudável. Todos devemos admitir que temos o ego e a
carne sutis dentro de nós. Todos temos tal ponto
fraco. Quando oramos sozinhos em nosso quarto,
freqüentemente gostaríamos que outros pudessem
ouvir-nos. Semelhantemente, fazemos nossos feitos
justos com a intenção de que outros possam vê-los.
Tal desejo e intenção não são saudáveis; indicam que
não estamos crescendo em vida. Fazer uma exibição
diante dos homens nunca nos ajudará acrescerem
vida. Se quiser crescer e ser saudável na vida
espiritual. você deve matar o ego ao realizar obras
justas. Não importa que tipo de obra justa façamos-
dar coisas materiais aos santos, orar, jejuar, fazer
algo que agrade a Deus-, devemos fazer o máximo
para realizá-las em secreto. Se seus feitos justos são
realizados em secreto, pode estar certo de que você
está crescendo em vida e é saudável. Mas toda vez
que se exibir em suas obras justas, você não é
saudável. Tal exibição frustra grandemente o seu
crescimento em vida.
O universo indica que Deus é oculto, que Deus é
secreto. Embora Ele tenha feito muitas coisas, as
pessoas não percebem isso. Podemos ver as coisas
feitas por Deus, mas jamais O vimos, porque Ele
sempre está oculto, sempre secreto. A vida de Deus
possui tal natureza secreta e oculta. Se amamos a
outros pela nossa própria vida, essa vida buscará
exibir-se diante dos homens. Mas se amamos a
outros mediante o amor de Deus, esse amor sempre
ficará oculto. Nossa vida ama fazer uma exibição,
demonstração diante dos outros, mas a vida de Deus
é sempre oculta. Um hipócrita é aquele que tem uma
manifestação exterior sem ter algo no interior. Tudo
o que ele tem é meramente uma exibição exterior;
não há realidade interior. Isso é absolutamente
contrário à natureza de Deus e à Sua vida oculta.
Embora Deus tenha tanto dentro Dele, apenas um
pouco é manifestado. Se vivermos por essa. Vida
divina, podemos orar muito, mas os outros não
saberão o quanto temos orado. Podemos ajudar
bastante os outros, mas ninguém saberá o quanto
temos feito. Podemos jejuar muitas vezes, mas isso
também não será conhecido pelos outros. Podemos
ter muito dentro de nós, mas muito pouco será
manifestado. Essa é a natureza do povo do reino ao
realizar seus feitos justos.
Isso é totalmente diferente da natureza do povo
do mundo. Quando as pessoas do mundo doam cem
mil reais, elas fazem propaganda disso, fazendo
parecer que deram uma enorme quantia. Mas
quando nós, cristãos, damos cem mil reais, é melhor
que pensem que demos apenas um real. Fazemos
mais do que é visível aos outros. Jamais podemos
praticar isso em nossa vida natural. Isso apenas é
possível na vida divina, a vida que não se deleita em
fazer exibição. Esse é o ponto crucial nessa porção da
Palavra.
Se encararmos seriamente a questão de sero
povo do reino, devemos aprender a viver pela vida
oculta do nosso Pai. Não devemos vi ver pela nossa
vida natural, que sempre está fazendo uma exibição
de si mesmo. Se vivemos pela vida oculta do Pai que
está em nós, faremos muitas coisas, mas sem
nenhuma demonstração pública. Antes, tudo o que
faremos será em secreto, escondido dos olhos dos
outros. A biografia de muitos santos revela que eles
fizeram determinadas coisas em secreto coisas que
muitas vezes só se tornaram conhecidas após a morte
deles. Essa é a maneira correta. Conheci muitos
queridos santos que fizeram algo pelo Senhor, pela
igreja e pelos santos em secreto. Eles nunca quiseram
fazer uma exibição ou deixar que outros soubessem o
que haviam feito. Esses feitos são segundo a natureza
do nosso Pai e segundo a Sua vida secreta e oculta.

B. Com Respeito às Esmolas

1. Não Tocar Trombeta


Mateus 6:2 diz: “Quando, pois, deres esmola,
não toques trombeta diante de ti, como fazem os
hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: Eles
já receberam por completo a sua recompensa”.
Certamente o espírito do povo do reino regido pelo
céu restringe-os de tal ostentação carnal. Em
determinada denominação da qual participava, o
prato de ofertas passava em cada culto de domingo
de manhã. Naquele tempo, moedas de cobre ou
dólares de prata eram usados em vez de cédulas.
Algumas pessoas costumavam colocar suas ofertas no
prato de um modo a atrair a atenção sobre elas. Isso
era uma exibição do ego. É claro, elas não diziam
nada. Antes, jogavam as moedas no prato de uma
maneira barulhenta. Fazendo assim, estavam
tocando trombeta diante de si. Quando chegava o
momento de afixar no saguão o boletim com respeito
às contribuições, os que davam mais eram
registrados primeiro, e os que davam menos, por
último. Se aquele que tivesse dado mais fosse
arrolado por último, ele provavelmente não daria
tanto no futuro.
Por essa razão, nas igrejas não guardamos
registros das ofertas dos santos. O dinheiro é
colocado na caixa de ofertas e não há oportunidade
para o ego ou a carne ser glorificado. O uso de cheque,
entretanto, provoca alguns problemas. Em nossa
prática da vida da igreja na China, muitos anos atrás,
não usávamos cheques com muita freqüência. Mas o
uso de cheque não deve ser controlado por uma regra.
Tudo depende da nossa intenção e atitude. Não estou
dizendo que os santos não devam usar cheques. O
princípio é não ofertar com a intenção de fazer uma
exibição ou receber glória do homem. Antes, façamos
tudo em secreto na presença do nosso Pai celestial.
Nesse caso, você sabe quais são suas intenções e
atitudes.

2. Não Permitir à Mão Esquerda Saber o que


Faz a Direita
O versículo 3 diz: “Tu, porém, ao dares esmola,
não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita”. Essa
palavra indica que os feitos justos do povo do reino
devem ser, tanto quanto possível, mantidos em
segredo. O que eles fazem no espírito sob o governo
celestial para agradar exclusivamente o Pai não deve
ter interferência da concupiscência carnal que visa à
glória do homem.

3. Dar Esmolas em Secreto


No versículo 4 o Rei disse: “Para que a tua
esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto,
te recompensará”. O viver do povo do reino é pela
vida divina do Pai que está em seu espírito. Por isso
é-lhes dito que façam as coisas em secreto, não em
público. Qualquer exibição diante dos outros não
corresponde à misteriosa natureza ocultada vida
divina.

C. Com Respeito à Oração

1. Não Fazer Exibição Diante dos Homens


Quer orando ou dando esmolas, o povo do reino
não deve fazer exibição para os outros. O versículo 5
diz: “E, quando orardes, não sereis como os
hipócritas, porque gostam de orar em pé nas
sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos
dos homens. Em verdade vos digo: Eles já receberam
por completo a sua recompensa”. A oração que busca
o louvor do homem obtém recompensados homens,
mas não uma resposta do Pai. Portanto, é uma
oração sem valor.

2. Orar em Secreto
Nossa oração deve ser em secreto. No versículo 6
o Rei decretou: “Tu, porém, quando orares, entra no
teu aposento íntimo e, fechada a porta, ora a teu Pai,
que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará”. O povo do reino deve ter alguma
experiência de orar em seu quarto, contatando o Pai
celestial em secreto, experimentando um desfrute
secreto e recebendo uma resposta secreta Dele.

3. Não Usar de Vãs Repetições


Ao orar não devemos usar de vãs repetições. O
versículo 7 diz: “E, orando, não useis de vãs
repetições, como os gentios, porque presumem que
pelo seu a muito falar serão ouvidos”. Isso não
significa, entretanto, que não devemos repetir nossas
orações. O Senhor repetiu Sua oração no Getsêmani
(26:44), o apóstolo Paulo orou a mesma oração três
vezes (2Co 12:8), e a numerosa multidão no céu
louvou a Deus com aleluia repetidamente (Ap 19:1-6).
O significado é que não devemos usar de vãs
repetições, palavras vazias.
O versículo 8 diz: “Não vos assemelheis pois, a
eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes
necessidade antes que lho peçais”. Embora Deus,
nosso Pai, conheça nossas necessidades, ainda
precisamos pedir-Lhe, pois todo o que pede recebe
(7:8).

4. O Modelo de Oração
Nos versículos 9 a 13 encontramos o modelo de
oração. Todavia, não é o modelo de todas as orações.
A oração apresentada aqui em Mateus 6 é
absolutamente diferente da oração ensinada em João.
Em Mateus 6 não nos é dito para orar no nome do
Senhor, mas em João capítulos 14 a 17 o Senhor
Jesus nos fala repetidamente para orar no nome Dele.
A razão para essa diferença é que a oração aqui em
Mateus não está relacionada à vida; está relacionada
ao reino. Nesse curto modelo de oração, o reino é
mencionado pelo menos duas vezes. O versículo 10
diz “venha o Teu reino”, e o versículo 13 diz “pois Teu
é o reino”. A oração em João, ao contrário, relaciona-
se à vida. Orar no nome do Senhor não é uma
questão do reino, mas de vida. Orar no nome do
Senhor significa que somos um com o Senhor.
Orando ao Pai, somos um com o Senhor.
Conseqüentemente, estamos orando em Seu nome.
Orar no nome do Senhor é, na verdade, orar na
Pessoa do Senhor. Estamos orando com Ele em um
nome e em uma vida. Portanto, somos um com Ele
em vida, orando a Deus, o Pai. Mas como vimos, a
oração em Mateus 6 é absolutamente diferente,
porque é uma oração do reino.
Se você deseja ter fortes orações em vida, deve ir
a João.
Deve habitar no Senhor e ser um com Ele. Deve
permanecer em seu espírito e orar em unidade com
Ele. Isso é o que significa orar em Seu nome. Mas a
oração em Mateus 6 diz respeito ao reino. Em outras
palavras, é uma oração de luta, uma oração de
combate contra o inimigo de Deus por causa do reino
de Deus.
O versículo 9 começa com as palavras: “Portanto,
orai vós assim”. A palavra “assim” não significa
recitar. Em Atos e nas Epístolas não há exemplo de
tal repetição. Entretanto, em algumas denominações
cristãs essa oração é recitada em todo culto de
domingo de manhã. Recitei essa oração muitas vezes
quando jovem na denominação em que me reunia.
Isso não é dizer que os que repetem essa oração não
são sinceros ao fazê10. Sem dúvida, havia um bom
número que era muito sincero ao repetir essa oração.

a. Orar para que o Nome de Deus Seja


Santificado
No modelo de oração mostrado pelo Senhor, as
três primeiras petições envolvem a Trindade da
Deidade. “Santificado seja o Teu nome” está
principalmente relacionado ao Pai; “venha o Teu
reino”, ao Filho, e “seja feita a Tua vontade” ao
Espírito. Isso está sendo cumprido nesta era, e será
cumprido na era do reino vindouro, quando o nome
de Deus será excelente em toda a terra (Sl 8-:1), o
reino do mundo se tomará o reino de Cristo (Ap
11:15) e a vontade de Deus será realizada.
O versículo 9 diz: “Portanto, orai vós assim: Pai
nosso que estás nos céus, santificado seja o Teu
nome”. Hoje o nome de Deus não é santificado; antes,
é profanado e vulgarizado. Os incrédulos podem
perguntar: “Que é Deus? Quem é Deus?” As pessoas
falam sobre Jesus Cristo da mesma maneira que
falam sobre Platão ou Hitler. Elas vulgarizaram o
nome do Senhor Jesus. Mas sabemos que dia virá, no
milênio, quando o nome de Deus será santificado.
Mas antes dessa época, o nome do nosso Pai é
totalmente santificado na vida da igreja hoje. Não
invocamos o Pai ou falamos o nome do Senhor de
maneira comum. Antes, quando dizemos “Pai” ou
“Senhor” santificamos esses nomes santos. Assim,
precisamos orar:-ó Pai, santificado seja o Teu nome”.

b. Orar para que Venha o Reino de Deus


O versículo 10 diz: “Venha o Teu reino”. Embora
o reino esteja aqui na vida da igreja hoje, a
manifestação do reino está ainda por vir. Assim,
devemos orar pela vinda do reino. Essa questão do
reino está inteiramente relacionada a Deus, o Filho.

c. Orar para que a Vontade de Deus Seja


Feita na Terra
O versículo 10 também diz: “Seja feita a Tua
vontade, assim na terra como no céu”. Após a
rebelião de Satanás (Ez 28:17; Is 14:13-15), a terra
caiu na mão usurpadora dele. Por isso, a vontade de
Deus não poderia ser feita na terra como no céu.
Assim, Deus criou o homem com a intenção de
recuperar a terra para Si (Gn 1:26-28). Após a queda
do homem, Cristo trouxe o governo celestial à terra
para que esta fosse recuperada pela justiça de Deus, a
fim de que Sua vontade fosse feita na terra como no
céu. Essa é a intenção do novo Rei ao estabelecer o
reino dos céus com Seus seguidores. O povo do reino
deve orar por isso até que a terra seja completamente
recuperada para o desejo de Deus na era vindoura do
reino.
Quando o nome do Pai for santificado, o reino do
Filho terá chegado e a vontade do Espírito será feita
na terra como no céu; essa será a época da
manifestação do reino. Mas nós que estamos na
realidade do reino hoje devemos orar por essas coisas.

d. Orar para que Deus nos Dê o Alimento de


Cada Dia
O versículo 11 diz: “O pão nosso de cada dia dá-
nos hoje”.
Essa oração é todo-inclusiva. O modelo de
oração mostrado primeiramente cuida do nome de
Deus, do reino de Deus e da vontade de Deus; então,
em segundo lugar, cuida da nossa necessidade. Isso
revela que em nossa oração de luta o Senhor ainda
cuidará das nossas necessidades. De acordo com o
versículo 11 pedimos “hoje” pelo nosso pão de cada
dia. O Rei não quer que Seu povo se preocupe com o
amanhã (v. 34); Ele apenas quer que eles orem pelas
suas necessidades diárias. O termo “pão de cada dia”
indica vi ver pela fé. O povo do reino não deve viver
do que tem acumulado; mas pela fé eles vivem do
suprimento diário do Pai.

e. Orar para que Deus nos Perdoe os Pecados


O versículo 12 diz: “E perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como nós também temos perdoado
aos nossos devedores”. Em terceiro lugar, o modelo
de oração mostrado cuida das faltas do povo do reino
diante de Deus e das suas relações com os outros.
Eles devem pedir ao Pai para perdoar suas dívidas,
suas faltas e transgressões, como eles perdoam seus
devedores a fim de preservar a paz. O versículo 12
indica que nessa oração de luta devemos admitir e
confessar que temos' fraquezas, erros e injustiças.
Somos devedores aos outros. Portanto, devemos
pedir ao Pai para nos perdoar como perdoamos os
outros por causa Dele.

f Orar para que Deus Não nos Deixe Cair em


Tentação e Livre-nos do Maligno
O versículo 13 diz: “E não nos deixes cair em
tentação; mas livra-nos do maligno”. Em quarto
lugar, o modelo de oração mostrado cuida da
maneira como o povo do reino lida com o maligno.
Eles devem pedir ao Pai para não deixá-los cair em
tentação, mas livrá-los do maligno, Satanás, o diabo.
Lembre-se, o Rei foi conduzido à tentação. Algumas
vezes o Pai leva-nos a uma situação onde somos
provados e tentados. Assim, quando oramos ao Pai,
devemos reconhecer nossas fraquezas e dizer:
Pai, sou muito fraco. Não me deixe cair em
tentação”. Isso implica você admitir que é fraco. Se
não reconhecer essa fraqueza, provavelmente não
orará dessa maneira. Antes, você poderá sentir-se
forte, será nessa hora que o Pai o levará a uma
tentação para mostrar-lhe que você não é totalmente
forte. Portanto, é melhor indicar ao Pai nas nossas
orações que sabemos das nossas fraquezas. Devemos
dizer: “Pai, reconheço plenamente que sou fraco. Por
favor, não me deixe cair em tentação. Não há
necessidade de fazer isso, porque reconheço a minha
fraqueza”. Nunca diga a si mesmo: “Não importa o
que aconteça, estou confiante que posso resistir”. Se
essa é sua atitude, esteja preparado para ser
conduzido ao deserto para enfrentar a tentação. Em
vez de ter essa atitude, ore para que o Pai não o deixe
cair em tentação, mas que Ele o livre do maligno.

g. Reconhecer o Reino, o Poder e a Glória de


Deus
De acordo com esse modelo de oração, o povo do
reino deve reconhecer o reino, o poder e a glória de
Deus. O versículo 13 também diz: “Pois Teu é o reino,
o poder e a glória para sempre. Amém”. O reino é a
esfera onde Deus exercita Seu poder para expressar
Sua glória.

5. A Condição da Oração Perdoar as Ofensas


dos Outros
Os versículos 14 e 15 revelam que a condição
para orar é perdoar as ofensas dos outros. Esses
versículos dizem: “Porque se perdoardes aos homens
as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos
perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as
suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as
vossas ofensas”. “Porque” indica que a palavra nos
versículos 14 e 15 é uma explicação do por quê o povo
do reino deve perdoar seus devedores (v. 12). Se eles
não perdoarem as ofensas dos homens nem o Pai
celestial perdoará as ofensas deles; portanto, as suas
orações serão frustradas.

D. A Respeito do Jejum
Nos versículos 16 a 18 o Rei fala sobre o jejum.
Em vez de mostrar aos homens que jejuamos,
devemos jejuar em secreto. O versículo 16 diz:
“Quando jejuardes, não vos mostreis sombrios como
os hipócritas, porque desfiguram o rosto com o fim
de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos
digo: Eles já receberam por completo a sua
recompensa”. Jejuar não é abster-se de comer, é ser
incapaz de comer por estar desesperadamente
oprimido para orar por algumas coisas. É também
uma expressão de auto-humilhação em busca da
misericórdia de Deus. Dar esmolas é dar o que temos
direito de possuir, enquanto jejuar é desistir do que
temos direito de desfrutar.
Os versículos 17 e 18 dizem: “Tu, porém, quando
jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, para não
parecer aos homens que jejuas, e, sim, ao teu Pai que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará”. Isso indica que nosso jejum, assim
como o dar esmolas e orar, deve ser feito em secreto,
não diante dos homens. O Pai vê em secreto e Ele nos
recompensará.
MENSAGEM 22

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(10)
Nesta mensagem chegamos à quinta seção do
decreto do Rei, 6:19-34, que diz respeito ao
tratamento dado pelo povo do reino às riquezas.

VI. COM RESPEITO AO TRATAMENTO DADO


PELO POVO DO REINO ÀS RIQUEZAS

A.Não Armazenar Tesouros na Terra, mas no


Céu
Nos versículos 19 e 20 o Rei decreta que o povo
do reino não deve acumular para si tesouros na terra,
mas no céu. Acumular tesouros no céu é dar coisas
materiais aos pobres (19:21) e cuidar dos santos
necessitados (At 2:45; 4:34-35; 11:29; Rm 15:26) e
dos servos do Senhor (Fp 4:16-17).

1. O Coração Está Onde Está o Tesouro


Mateus 6:21 diz: “Porque onde está o teu tesouro,
aí estará também o teu coração”. O povo do reino
deve enviar seu tesouro para o céu para que seu
coração possa também estar lá. Antes de ir para lá,
seu tesouro e seu coração devem ir primeiro.

2. Se o Olho for Singelo Todo o Corpo será


Luminoso
O versículo 22 diz: “A lâmpada do corpo é o olho.
Se, pois, o teu olho for singelo, todo o teu corpo será
luminoso”. Nossos olhos podem focalizar apenas
uma única coisa de cada vez. Se tentarmos ver duas
coisas ao mesmo tempo, nossa visão ficará embaçada.
Ao focalizarmos os olhos numa única coisa, a visão
será simples e todo o corpo será iluminado. Se
acumularmos nosso tesouro no céu e na terra, nossa
visão será embaçada. Se quisermos ter uma visão
simples, devemos acumular nosso tesouro em um
único lugar.

3. Se o Olho For Mau, Todo o Corpo Será


Tenebroso
O versículo 23 diz: “Se, porém, o teu olho for
mau, todo o teu corpo será tenebroso. Portanto, caso
a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas
serão!” Ver dois objetos de uma vez é tornar maus
nossos olhos. Nesse caso, todo o nosso corpo estará
em trevas. Se nosso coração está apegado ao tesouro
acumulado na terra, a luz que há em nós se tornará
trevas, e grandes serão as trevas.

B. Ninguém Pode Servir a Dois Senhores


o versículo 24 diz: “Ninguém pode servir a dois
senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro,
ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis
servir a Deus e a Mamom” (VRC). A palavra mamom
é uma palavra aramaica que significa prosperidade,
riquezas. Aqui mamom encontra-se em oposição a
Deus, indicando que prosperidade ou riquezas são
opositores de Deus, usurpando o povo de Deus para
que não O sirva.

C. Não Andar Ansiosos pela Nossa Vida

1. A Vida É Mais do que o Alimento e o Corpo


Mais do que o Vestuário
O versículo 25 diz: “Por isso vos digo: Não andeis
ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de
comer ou que haveis de beber; nem pelo vosso corpo,
quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do
que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?”
Nesse versículo o Senhor nos diz para não andarmos
ansiosos pela nossa vida. A palavra grega traduzida
para “vida” aqui é alma, na qual está o desejo, o
apetite por alimento e vestes (Is 29:8). Nossa vida é
mais do que o alimento e nosso corpo é mais do que
as vestes. Nossa vida e corpo vieram à existência por
Deus, não pela nossa ansiedade. Uma vez que Deus
nos criou com uma vida e um corpo, certamente Ele
cuidará das nossas necessidades. O povo do reino
não precisa estar ansioso acerca dessas coisas.

2. Não Andar Ansioso pelo Comer, Beber e


Vestir
Agora, nos versículos 19 a 34 chegamos à
questão crucial. Aparentemente, nessa seção da
constituição, o Senhor está falando sobre o
tratamento dado pelo povo do reino às riquezas
materiais. Na verdade, Ele está tratando da questão
da ansiedade. O Senhor é sábio. Após tocar nosso
temperamento, lascívia, ser natural, ego e carne, Ele
prossegue para tocar a nossa ansiedade. No original
grego, a palavra “ansiedade” é usada seis vezes (vs.
25, 27, 28, 31 e 34). Pode também parecer que o
Senhor está tocando nosso coração, porque onde está
o nosso tesouro, aí estará também o nosso coração.
Entretanto, nosso coração está relacionado não
apenas às riquezas, mas a muitas outras coisas.
A constituição do reino dos céus é composta da
vida e natureza do Pai. Embora esses capítulos, na
verdade, não usem as palavras “vida” e “natureza”, de
acordo com o contexto podemos ver que se tirarmos
a vida e natureza do Pai, esses capítulos são vãos.
Ninguém seria capaz de cumprir as exigências do
reino dos céus se não tivesse a vida e natureza do Pai.
Toda constituição é baseada num certo tipo de vida.
Suponha que você queira fazer uma constituição para
cachorros. Certamente tal constituição seria baseada
na vida canina. Seria irracional se essa constituição
decretasse que todas as manhãs os cachorros
fizessem a ronda matinal voando. Porque não podem
voar, ps cachorros não poderiam cumprir tal
exigência. Mas se a constituição recomendasse aos
cães que fizessem a ronda matinal latindo, não
haveria problema. Semelhantemente, a constituição
dada pelo Senhor Jesus no monte era para os filhos
de Deus, baseada na vida e natureza do Pai. Dois
versículos no capítulo cinco indicam esse fato. O
versículo 9 diz: “Bem-aventurados os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus”, e o versículo
48 diz: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é
o vosso Pai celeste”.
Muitos cristãos não entendem essa seção da
Palavra porque não viram que ela é baseada na vida e
natureza divinas. Mesmo muitos incrédulos
mencionaram versículos desses capítulos nos escritos
deles, como se essas fossem palavras faladas a todos
os seres humanos. Não, assim como a vida canina
não pode voar, a vida humana não pode cumprir as
exigências da constituição do reino dos céus. Essa é
uma constituição baseada na vida e natureza divinas.
Na vida e natureza divinas não há ansiedade. A
ansiedade não pertence à vida divina, mas à humana,
assim como o latir pertence à vida de cão, não à de
pássaro. Nossa vida humana é de ansiedade,
enquanto a vida de Deus é uma vida de desfrute,
descanso, conforto e satisfação. Para Deus, ansiedade
é um termo estranho. Nele, não há tal coisa como a
ansiedade. Você acha que Deus já ficou ansioso? Já
foi afligido pela ansiedade? Embora Deus tenha
muitos desejos, Ele não tem ansiedade. A vida
humana, ao contrário, é virtualmente composta de
ansiedade, é constituída dela. Tire a ansiedade do ser
humano e o resultado será morte. Um morto não tem
ansiedade. Uma imagem num museu de cera ou uma
estátua em frente de uma catedral católica não tem
ansiedade, mas se você é uma pessoa viva, não pode
escapar dela.
Se considerarmos a maneira de o Senhor falar no
Novo Testamento, veremos que é absolutamente
diferente do falar dos apóstolos. Dentre os apóstolos,
principalmente Paulo escreveu muitos livros
espirituais. Embora Paulo fale de muitas coisas
divinas, espirituais e celestiais, contudo seu estilo é
humano. O mesmo é verdade com os escritos de
Pedro e João. Não importa quanto os escritores do
Novo Testamento falassem de coisas espirituais e
divinas, o estilo deles ainda era humano. Mas o estilo
do falar do Senhor no Novo Testamento é único. É
absolutamente impossível descrevê-lo. Se ler Mateus
5, 6, 7, 13, 24 e 25 e João 14 a 17, você verá que o
estilo do falar do Senhor é extraordinário. Não é
humano ou comum; é profundo, contudo, breve,
simples e no ponto. Esse é o falar divino com o estilo
divino. Quando jovem, li uma afirmação escrita por
um grande filósofo francês que dizia que se os quatro
Evangelhos fossem falsos, então a pessoa que os
escreveu estaria qualificada para ser o Cristo.
Concordo com essa palavra.
Em Seu falar no capítulo 6 de Mateus,
aparentemente o Senhor está tratando da questão
das riquezas. Na realidade, entretanto, Ele está
tocando a questão da ansiedade, o problema básico
do nosso viver. Como vimos, em 6:1-18 Ele
aparentemente estava tratando os feitos justos do
povo do reino, mas, na verdade, Ele estava tocando o
ego e a carne. Vim a saber disso não por ler livros,
mas por minha experiência na vida da igrej a. Pela
experiência, aprendi que fazer uma exibição de obras
justas é certamente algo do ego e da carne. Se
permanecemos na cruz, nunca faremos tal exibição.
No mesmo princípio, 6:19-34 aparentemente toca
nossa prosperidade, nossas riquezas; na verdade, a
intenção do Senhor aqui é tocar a ansiedade, a fonte
do problema do nosso viver diário. O mundo todo
está envolvido com a ansiedade. A ansiedade é a
engrenagem que move o mundo, é o incentivo para
toda cultura humana. Se não fosse pela ansiedade
quanto ao nosso vi ver, ninguém faria coisa alguma.
Antes, todos ficariam ociosos. Assim, ao tocar nossa
ansiedade, o Senhor toca a engrenagem da vida
humana.
Ao ouvir essas palavras os jovens podem dizer:
“Aleluia! Porque o Senhor Jesus tocou a ansiedade, a
engrenagem da vida humana, não precisamos
estudar ou trabalhar muito. Se tivermos fome,
podemos simplesmente comer algumas sobras”. Esse
conceito está errado. Em6:260 Senhor Jesus disse:
“Olhai para as aves do céu: não semeiam, não colhem,
nem ajuntam em celeiros; contudo vosso Pai celeste
as alimenta”. Se o Senhor Jesus estivesse aqui, eu
perguntaria a Ele: “Senhor, Tu nos assemelhaste a
pássaros. Os pássaros não semeiam nem colhem;
apenas voam e nada fazem. Senhor, isso significa que
não deveríamos fazer nada? Os pássaros se
alimentam do labor humano. Senhor Jesus, Tu
queres dizer que devemos tirar vantagem dos outros?
Devemos esquecer de trabalhar e simplesmente ser
pássaros no ar, desfrutando a vida e tirando
vantagem do labor dos outros?” Também gostaria de
perguntar ao Senhor: “Tu também nos assemelhaste
a lírios. Lírios não fazem nada, mas se vestem mais
gloriosamente do que Salomão (vs. 28-30). Tu estás
dizendo que não deveríamos fazer nada, senão
simplesmente desfrutar o ar, a luz do sol, o solo e a
água?” Esse é o conceito defendido por muitos jovens
que citam essas palavras do Senhor Jesus. Eles
dizem: “Sejamos pássaros no ar e lírios no vale”. Há
uma dificuldade de entender a palavra do Senhor
aqui. Novamente digo, se o Senhor estivesse aqui, eu
perguntaria a Ele: “Tu queres dizer que deveríamos
apenas ser como pássaros voando, tirando vantagem
do labor dos outros? Eles semeiam e ceifam, e nós
simplesmente chegamos para desfrutar? Isso está
correto? Isso é justo? Parece que todos os pássaros
são ladrões. Tenho apenas uma pequena área, mas os
pássaros vêm e tiram vantagem do que está
crescendo ali. Tu estás dizendo que deveríamos fazer
a mesma coisa?” Fiz essas perguntas porque conheço
a psicologia dos jovens. Após despender tantos anos
na escola, eles podem estar cansados de estudar.
Quando passam do ensino fundamental para o
ensino médio, deste para a faculdade e dessa para a
pós-graduação, o labor torna-se maior. Em vez de
estudar tanto, muitos jovens prefeririam ser como
pássaros voando. Se forem honestos, os jovens
admitirão que têm tal conceito.
Vamos considerar a intenção do Senhor nos
versículos 19 a 34. O Senhor quer que os jovens
terminem seus estudos ou os abandonem e sejam
como pássaros no ar? É errado ter ansiedade, porque
a ansiedade não pertence à vida divina. Não há
ansiedade na vida de Deus. Todavia, o Senhor não
quer dizer que não devemos cumprir nossa obrigação.
Quando o Senhor levou os filhos de Israel para a boa
terra, todos tinham de trabalhar na terra. Aquela era
a obrigação deles. Se a boa terra produziria ou não
uma rica colheita, dependeria de vários fatores:
tempo, luz do sol, quantidade adequada de chuva e
temperatura correta. Nenhum desses fatores estava
sob o controle dos filhos de Israel Sua
responsabilidade era apenas laborar na terra. Eles
laboravam, não apenas para si mesmos, mas também
para os pássaros. Se não cultivassem, seria difícil
para os pássaros viverem. Cumprir suas obrigações
era justo e necessário, mas ter ansiedade era errado.
Semelhantemente, devemos fazer nossa obrigação
hoje, mas fazê-la sem estarmos ansiosos pelo nosso
viver. A razão por que você é tão relutante em dar aos
outros é a sua ansiedade. Por causa da ansiedade,
você ama as coisas materiais. Se não tivesse
ansiedade, não se preocuparia com as coisas
materiais. Antes, você deixaria que outros as
tivessem. É a ansiedade que nos causa problemas.
Na economia de Deus todos devemos trabalhar.
Não somos como os filhos de Israel, porque não
podemos trabalhar literalmente na boa terra. Em vez
disso, os jovens hoje devem estudar e adquirir uma
boa educação. Estudar é como lavrar o solo e o
diploma da faculdade é como fazer a colheita. Jovens,
estudar é sua obrigação e vocês devem fazê-lo. Nos
tempos antigos, os filhos de Israel tinham de
trabalhar lavrando o solo, semeando, irrigando e
ceifando. Esse era o dever deles. Mas se receberiam
ou não a colheita dependeria de Deus. A
responsabilidade deles era trabalhar sem qualquer
ansiedade. Se fossem ansiosos, isso teria sido uma
ofensa para Deus. Não havia necessidade de serem
ansiosos. Simplesmente tinham de fazer tudo quanto
Deus lhes recomendava. Por exemplo, de acordo com
Deuteronômio, Deus ordenou-lhes que separassem
dez por cento para Ele, outros dez por cento para os
levitas e ainda outros dez para um propósito
diferente. Não lhes era permitido reservar toda a
produção para o seu desfrute. Eles não deviam ter
qualquer ansiedade. Se não tivessem ansiedade, eles
conseguiriam ser generosos, prontos a dar aos outros
e a pôr suas coisas materiais na mão do Senhor.
Precisamos ler Mateus 6:19-34 com essa luz. Sob
a soberania de Deus, os filhos de Israel tinham de
laborar na terra. Sob a soberania de Deus, os jovens
hoje devem estudar e terminar os estudos. Se
queremos ter a vida da igreja adequada, todos os
nossos jovens devem terminar a faculdade. Não fazê-
lo é como semear e não ceifar. Os requisitos para se
ganhar a vida hoje são muito diferentes do que há
centenas de anos. Hoje os jovens devem cultivar o
solo, semear e irrigar a plantação estudando
diligentemente e formando-se no ensino médio e
faculdade. Mas não devem fazê-lo por ansiedade.
Devemos diferenciar ansiedade de dever. Seu dever é
terminar sua tarefa de cultivar isto é, formar-se no
ensino médio e faculdade. Caso contrário, será difícil
viver. A fim de viver para Deus nesta terra, você deve
concluir os estudos. Mas enquanto estuda e conclui
os estudos, você deve diferenciar-se das pessoas do
mundo. Estas estudam por causa da ansiedade, mas
você não deve estudar por ansiedade, mas para
cumprir sua obrigação. Se não vir esse ponto, essa
porção da Palavra será simplesmente uma questão de
lei para você.
Boaz, um antepassado de Davi, é um exemplo de
alguém que fez sua obrigação sem ansiedade. Boaz
era um fazendeiro rico; ele tinha uma grande
produção. Entretanto, esse homem não produzia por
ansiedade, mas para cumprir sua obrigação. Quando
chegou a hora, o Senhor disse-lhe para doar certa
quantia, e ele o fez. Certamente Boaz entesourou
coisas no céu. Ao vencer a ansiedade, ele acumulou
tesouros no céu.
Após vários anos, muitos dos nossos jovens terão
diploma universitário. Creio que debaixo da bênção
soberana do Senhor muitas riquezas serão
introduzidas. Nessa hora você precisará lembrar-se
de que foi à escola não por causa da ansiedade, mas
para cumprir sua obrigação. Portanto, as riquezas
que você produziu não devem ser usadas para sua
ansiedade, mas para seu dever. Seu dever é dar,
acumular tesouros no céu. Não aspire ser milionário.
Não se empenhe para ter uma poupança de um
bilhão de reais. Em vez disso, aprenda a dar e a
acumular tesouros no céu. Transfira seus tesouros da
terra para os céus. Desse modo, você não será um
milionário na terra, mas um milionário nos céus. Seu
dever é obter seu diploma e, então, ganhar riquezas.
Mas não procure ser um milionário. Antes, seja um
bom doador, segundo a vida e a natureza do seu Pai
celestial. Esse é o significado dessa porção da Palavra.
Meu encargo nesta mensagem é extrair esse
ponto básico. Todos temos nossas obrigações.
Quando estamos cumprindo nosso dever, não
devemos fazer nada por causa da nossa ansiedade,
porque temos uma vida divina que não conhece
ansiedade. E temos um Pai celestial Todo-poderoso e
Todo-inclusivo que cuida de nós em cada aspecto. O
mundo hoje está cheio de ansiedade, mas o povo do
reino não deve estar ansioso de coisa alguma. Não
podemos acrescentar um côvado à nossa estatura
pela nossa ansiedade (v. 27). Quanto à moralidade,
temos a vida e a natureza do nosso Pai dentro de nós
que nos capacitam a cumpriras mais elevadas
exigências morais. Quanto ao nosso viver, temos o
próprio Pai celestial que cuida de nós. Todavia, isso
não significa que não temos necessidade de cumprir
nosso dever. Embora devamos cumprir nosso dever,
não devemos ter ansiedade. Como os filhos de Israel
que tinham o suficiente para viver e que doavam
certas porções para vários fins, também devemos ter
uma ceifa e estar dispostos a ceder determinada
quantidade para vários fins. Finalmente, tudo o que
dermos será depositado no banco celestial, e todas as
nossas riquezas estarão lá. Isso também está
relacionado ao nosso crescimento de vida diário.
Desleixo e ansiedades atrasarão nosso crescimento
em vida. Nenhum preguiçoso, que não cumpre seu
dever, crescerá em vida. Todos os que crescem em
vida são diligentes e laboriosos. É claro, essa
diligência produzirá uma recompensa e algumas
riquezas materiais virão a você. Todas essas riquezas
devem ser usadas, não para sua ansiedade, mas para
que possa ofertar. A ansiedade tem de ir embora. Não
permita que ela ocupe seu viver diário. Porque a vida
do Pai em você não conhece ansiedade, você não deve
ter qualquer ansiedade. Todo “extra” que tem não
deve ser usado para sua ansiedade. Use-o para fazer
poupança no banco celestial. Asseguro-lhe que se
fizer isso, você crescerá em vida. O único tipo de
pessoa que cresce em vida é aquele que é diligente,
contudo não usa seu dinheiro extra para sua
ansiedade. Você precisa estudar diligentemente,
obter boas notas e alcançar o título mais elevado.
Entretanto, as riquezas que obtiver não devem ser
usadas para sua ansiedade. Trabalhamos e
cumprimos nosso dever, mas não temos ansiedade.
Essa é a maneira adequada de crescer na vida do Pai.

3. O Pai Celeste Conhece Todas Essas


Necessidades
No versículo 32 o Senhor disse: “Porque todas
essas coisas os gentios procuram ansiosamente; pois
vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas”.
O povo do reino tem a vida divina do seu Pai celestial
como o seu poder para guardar a nova lei do reino.
Eles também têm o Pai celestial que cuida de suas
necessidades materiais, para que não fiquem
ansiosos acerca dessas coisas. O Pai celeste é a fonte
de poder e suprimento deles. Conseqüentemente,
eles não devem ser fracos ou carentes de coisa
alguma.

4. Buscar Primeiro o Reino do Pai e a Sua


Justiça
O versículo 33 diz: “Buscai, porém, em primeiro
lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas essas coisas
vos serão acrescentadas”. O reino do Pai é a realidade
do reino dos céus hoje e a manifestação do reino dos
céus na era vindoura. A justiça do Pai é a justiça por
guardar a nova lei do reino, como mencionado em
5:20 e 6:1. Se o povo do reino buscar primeiro o reino
e a justiça do seu Pai celestial, não apenas o Seu reino
e a Sua justiça serão dados a eles, mas também todas
as coisas lhes serão acrescentadas.

5. Não Andar Ansioso pelo Dia de Amanhã


Finalmente, o versículo 34 diz: “Portanto, não
andeis ansiosos pelo dia de amanhã, pois o amanhã
se preocupará consigo mesmo; basta ao dia o seu
próprio mal”. O povo do reino nunca deve viver pelo
dia de amanhã, mas sempre pelo dia de hoje. A
palavra “mal” aqui denota problemas e aflição. Isso
indica que o Rei do reino deixou claro ao povo do
reino que os dias deles na terra a favor do reino serão
dias de problemas e aflição, não de bem-estar e
conforto.
MENSAGEM 23

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(11)
Chegamos agora à sexta seção do decreto do
novo Rei no monte, 7:1-12.

VII. COM RESPEITO AOS PRINCÍPIOS DO


POVO DO REINO EM TRATAR COM OS
OUTROS
Aparentemente, a intenção do Senhor em 7:1-12
é tratar dos princípios segundo os quais o povo do
reino lida com os outros. Na verdade, Sua intenção
aqui é encorajar-nos a esquecer de nós mesmos e a
nos preocupar com os outros. Nos dois capítulos
anteriores, o Senhor expôs nosso temperamento,
lascívia, ser natural, ego, carne e ansiedade. Agora
Ele nos conduz à questão onde devemos aprender a
nos importar com os outros. Quando julga a outros,
faça-o tal como você gostaria que eles o julgassem.
Considerar a questão dessa maneira é importar-se
com os outros.
O governo celestial sobre o povo do reino exige
que eles se importem com os outros. Embora tenham
sido tratados vários pontos negativos nos capítulos 5
e 6, a questão de importar-se com os outros não foi
tratada até o capítulo 7. Em tudo quanto fazemos,
devemos pensar nos outros. Temos uma verdadeira
carência nessa questão porque em nossa vida natural
não levamos os outros em consideração. Do princípio
ao fim, apenas nos importamos com nós mesmos.
Nossos pensamentos e considerações se concentram
em nós. Por isso, estamos sempre centralizados em
nós mesmos e nunca nos importamos com os outros.
Pediria a você que recordasse como viveu no passado.
Você costumava levar os outros em consideração? Se
levássemos os outros em consideração quando
fôssemos criticá-los ou julgá-los, não os criticaríamos
ou julgaríamos. A razão por que julgamos e
criticamos os outros é porque não nos importamos
com eles. Se nos importássemos, nós nos
compadeceríamos deles.

A. Não Julgar para que não Sejamos Julgados


com o mesmo Critério com que Julgamos
Em 7:1 o Senhor disse: “Não julgueis, para que
não sejais julgados”. O povo do reino, vivendo em um
espírito humilde sob o governo celestial do reino,
sempre julga a si mesmo, não aos outros. A palavra
do Senhor não julgar para não ser julgado não parece
ser uma palavra sobre se preocupar com os outros.
Entretanto, quando nos aprofundamos nela, vemos
que na verdade esse é o seu significado. Quando
estiver a ponto de julgar os outros, você deve antes
preocupar-se com eles.
Vamos tentar descobrir o segredo dessa palavra
sobre não julgar. Como podemos afirmar que o
verdadeiro significado aqui é importar com os
outros? Você teme ser julgado? Se teme, então deve
perceber que os outros também temem. Sente-se mal
em ser julgado pelos outros? Se isso acontece, então
deve saber que os outros sentem-se da mesma
maneira ao serem julgados por você. Ninguém gosta
de ser julgado. Se você não gosta de ser julgado, que
dizer dos outros, então? Você precisa importar-se
com eles. Se não gosta de ser julgado pelos outros,
por que julga as outras pessoas? Se está temeroso de
ser julgado, então deve levar os outros em
consideração, pois também estão temerosos. Sempre
se importe com os outros.
O versículo 2 diz: “Pois com ajuízo com que
julgardes, sereis julgados; e com a medida com que
medirdes medir-se-vos-á também”. Sob o governo
celestial, o povo do reino será julgado com o mesmo
critério com que julgam. Se julgam a outros com
justiça, serão julgados pelo Senhor com justiça. Se
julgam com misericórdia, serão julgados pelo Senhor
com misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o
juízo (Tg 2:13). Não julgue tanto os outros, porque
você será julgado na mesma proporção. Se você se
preocupa com os outros, não será julgado por eles.
Mateus 7:2 diz que com a medida com que
medirmos nos medirão também. O princípio aqui é o
mesmo que o do julgamento. Aparentemente, nesses
versículos o Senhor não nos encarrega de nos
importarmos com os outros, na verdade, entretanto,
esses versículos nos mostram que devemos nos
importar com os outros. Você teme ser medido pelos
outros? Se teme, então deve considerar os outros,
porque eles também estão temerosos de serem
medidos por você. Se você se importar com os outros,
você não os julgará, não os criticará nem os medirá.
No passado conheci determinado grupo de
cristãos que falava muito sobre espiritualidade. De
certo modo, o falar deles era genuíno. Entretanto,
esse grupo tinha um ponto fraco: o costume de medir
os outros. Parecia que todos nesse grupo tinham uma
pequena régua no bolso. Quando o convidavam para
um chá, mediam você com a régua invisível deles.
Mais tarde se reuniam para falar a seu respeito.
Alguns indagariam: “Você descobriu onde ele está?”
Isso significa: “Você o mediu?” Também aprendi que
esse grupo não se preocupava com os sentimentos
dos outros, preocupava-se apenas com o costume de
medir os outros. O medir deles era, na verdade, a sua
crítica e o seu julgamento. Gostaria de tomar essa
oportunidade para encorajá-los a não medir os
outros. Não tente determinar quão espiritual os
outros são, quanto crescimento têm ou qual a sua
condição em vida. Se deixar de medir os outros, você
será guardado de criticá-los e julgá-los. Isso está
baseado no princípio de importar-se com os outros.
Aquelas pessoas do grupo ao qual me referi há
pouco tinham dificuldade de ajudar os outros. A
razão por que eles não conseguiam ajudar os outros é
que os outros estavam sob sua medição, julgamento e
crítica. Ao ajudar os outros, devemos ser cegos. Se
quiser ajudar os outros na vida da igreja, você precisa
ser cego. Se deseja ser um bom esposo ou esposa, seja
cego em seu cuidado com ele ou ela. Não meça nem
julgue ou critique. Não tenha qualquer medida dos
outros. Essa é a maneira de mostrar misericórdia por
eles. Se mostrar misericórdia aos outros, você
receberá misericórdia. Mas se medir os outros sem
misericórdia, você também será medido sem
misericórdia. O critério com que medir, você será
medido.
A misericórdia não faz nenhuma medição. Isso
significa que a misericórdia não impõe exigências.
Qualquer coisa que exija uma medição não é
misericórdia. A misericórdia não sabe matemática,
não sabe somar ou subtrair. A misericórdia é
absolutamente cega. Por que você me trata tão bem
se sou miserável? É porque você é misericordioso
comigo.
Algumas vezes, pela misericórdia do Senhor, fui
misericordioso com os outros. Mais tarde alguns dos
meus filhos, cujos olhos estavam tão claros sobre a
situação, disseram-me: “Pai, você não sabe quão
indigna essa pessoa é? Por que foi tão bom para ela?”
Fui bom porque estava cego. Meus filhos, entretanto,
eram muito perspicazes. Mas os que são perspicazes
não podem ser misericordiosos. Se deseja ser
misericordioso, você deve ser como Isaque, que
abençoou Jacó de uma maneira cega.
Semelhantemente, nós, o povo do reino, devemos ser
cegos ao lidar com os outros. Então, seremos
misericordiosos e sempre nos importaremos com eles.
Quando meus filhos me perguntavam porque fui bom
com os que não mereciam bondade, eu respondia:
“Vocês não entendem o que estou fazendo. Seus
olhos são tão grandes e abertos. Por que o tratei
daquela maneira? Porque tenho consideração por
ele”. Esse é o princípio do povo do reino ao tratar
com os outros. Para lidar com os outros, devemos
levá-los em consideração, compadecer-nos deles e ser
misericordiosos com eles. O povo do reino deve
cuidar dos outros em seu relacionamento com eles.
Se ler esses versículos várias vezes, você verá que
o princípio básico oculto aqui é que devemos
esquecer a nós mesmos e importarmo-nos com os
outros. Você sabe por que critica e julga os outros? É
porque você considera-se melhor. Você negligencia
os sentimentos dos outros e não se importa com eles.
Você se importa apenas com o seu sentimento.
Conseqüentemente, julga e critica os outros. Portanto,
se quisermos ser preservados de julgar os outros,
devemos cuidar deles. Isso requer que esqueçamos
de nós mesmos e os levemos em consideração. Se nos
centralizarmos em nós mesmos e ignorarmos o
sentimento dos outros, nós os criticaremos. Mas se
cuidarmos deles, não os julgaremos.

1. Considerar a Trave no Seu Próprio Olho


Quando Olha para o Argueiro no Olho do Seu
Irmão
No versículo 3 o Senhor disse: “Por que vês tu o
argueiro que está no olho de teu irmão, porém não
consideras a trave que está no teu olho?” Como o
povo do reino, que vive em um espírito humilde sob o
governo celestial do reino, devemos considerar a
trave em nossos próprios olhos sempre que olhamos
para o argueiro nos olhos do nosso irmão. O argueiro
nos olhos do nosso irmão deve lembrar-nos de que
temos uma trave em nosso próprio olho.

2. Remover Primeiro a Trave do Seu Olho


O versículo 4 continua: “Ou como dirás a teu
irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando
tens a trave no teu?” A palavra do Senhor nos
versículos 3 e 4 é muito profunda. A intenção Dele
aqui não é incumbir-nos de cuidar de nós mesmos,
mas de cuidar dos outros.
O versículo 5 diz: “Hipócrita, tira primeiro a
trave do teu olho e então verás claramente para tirar
o argueiro do olho de teu irmão”. Uma vez que a
trave permanece em nosso olho, nossa visão é
embaçada e não podemos ver claramente. Ao atentar
para a falha do irmão, devemos perceber que temos
uma falha maior. A falha do nosso irmão é
semelhante a um argueiro e a nossa semelhante a
uma trave. Assim, uma vez mais, a intenção do
Senhor é que cuidemos dos outros. Sempre que tenta
apontar a falha de alguém, você se importa com a
falha, não com a pessoa. Quando faz com que a falha
de alguém seja tão grande como uma trave, isso mos
tra que você se preocupa apenas com a falha dele,
não com ele. Se você se importar com seu irmão, não
se importará apenas com sua falha. Antes, dirá: “A
falha dele é meramente um argueiro quando
comparada à minha, que é uma enorme trave.
Portanto, fico feliz de deixar passar a falha dele”.
A intenção do Senhor em 7:1-12 é que cuidemos
dos outros. O princípio do povo do reino ao lidar com
os outros é que devemos nos preocupar com os
outros. Devemos observar esse princípio em todos os
nossos relacionamentos com as pessoas. Não aja
simplesmente segundo o seu sentimento, mas
considere a outra pessoa. Esse é o princípio básico.

B.Não Dar aos Cães o que E Santo nem Lançar


Pérolas aos Porcos
O versículo 6 diz: “Não deis aos cães o que é
santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas,
para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos
dilacerem”. “O que é santo” deve referir-se à verdade
objetiva que pertence a Deus, e “vossas pérolas” deve
referir-se às nossas experiências subjetivas. Os cães
não têm casco nem ruminam, e os porcos têm casco
dividido, mas não ruminam. Assim, ambos são
impuros (Lv 11:4, 7). Conforme é revelado em 2
Pedro 2:12, 19-22 e Filipenses 3:2, os cães e os porcos
referem-se às pessoas que são religiosas, mas não
limpas.
Mateus 7:6 está também relacionado à questão
de importar-se com os outros. Muitas vezes quando
vê certa verdade doutrina ou luz, você fala a outros
sobre ela, sem qualquer consideração se eles são
“cães”, “cordeiros” ou “lobos”. Você considera apenas
a sua empolgação. Você pode dizer: “Oh! eu vi a luz
quanto à vida da igreja! A igreja é gloriosa e
maravilhosa!” Por estar empolgado, você pode
compartilhar com a pessoa errada. Isso é dar aos cães
o que é santo. Quando estiver prestes a dar algo santo
aos outros, você deve considerar com quem está
falando. Não dê aos cães o que é santo nem lance aos
porcos as suas pérolas. Quando fala aos outros sobre
as coisas santas sobre as verdades ou sobre as pérolas,
as experiências, você deve observar o princípio básico
de importar-se com os outros. Você deve definir se as
pessoas podem ou não receber o que pretende
compartilhar. Deve também perceber o quanto eles
podem receber. Em outras palavras, quando fala
sobre as coisas espirituais, não fale segundo os seus
sentimentos ou desejos; antes, fale segundo a
capacidade deles de receber o que você tem a dizer.
Muitas vezes os jovens saíram para falar às
pessoas sobre a igreja ou sobre certas coisas
espirituais que experimentaram. Eles consideravam
apenas o seu sentimento, não o sentimento dos
outros. Infelizmente, várias vezes as pessoas eram
cães ou porcos, incapazes de receber o que foi dito.
Antes, eles atacaram os que compartilhavam,
pisavam sobre as pérolas e tentavam morder os
irmãos. Assim, quando vemos a luz sobre
determinadas verdades ou experimentamos algumas
coisas preciosas do Senhor e desejamos compartilhá-
las com outros, devemos cuidar daqueles com quem
vamos compartilhar. Devemos perguntar-nos: “Essas
pessoas podem receber meu testemunho? Podem
receber o que pretendo compartilhar com eles?” Se
cuidar dos outros, você não compartilhará tudo com
todos; haverá alguns para quem você não dará seu
testemunho. Esse é o princípio do povo do reino em
relacionar-se com os outros.
Freqüentemente, falamos aos outros de acordo
com os nossos sentimentos sem nos importarmos
com os sentimentos deles. Talvez num certo dia você
possa estar muito zeloso quanto à vida da igreja e à
restauração do Senhor. Mas em seu zelo você ofende
alguns “cães”. Em outras vezes, por causa de algumas
experiências novas, você pode dizer: “Oh! Cristo é
maravilhoso! Cristo é o bronze, o ferro e as armas
para derrotar o inimigo”. Você está tão excitado com
a sua experiência que diz a todos sobre ela. Mas
alguém pode se voltar para atacá-lo, dizendo: “Quê?!
Nunca ouvimos que Cristo é arma. Onde você
aprendeu isso? E como pode dizer que Cristo é
bronze e ferro? Isso é blasfêmia!” Entretanto, se
considerar os outros, você não dirá uma palavra da
sua nova experiência de Cristo. Antes, será sábio ao
lidar com eles, considerando quais “cães” podem
receber ou quais “porcos” podem entender. Mas se
você se empolgar e se importar apenas consigo
mesmo e não com os outros, você terá problemas ou
mesmo provocará problemas! No passado alguns dos
nossos jovens foram a outras reuniões e,
considerando apenas o seu zelo, falaram
imprudentemente. Eles eram fervorosos, mas porque
não consideraram os outros causaram apenas
problemas.
O povo do reino deve ser o mais sábio. Quando
contatamos os outros, devemos saber qual a
temperatura deles, e devemos nos importar com a
situação deles. Devemos fazer as coisas de maneira
adequada e não provocar os cães para morder-nos ou
os porcos para atacar-nos. Eles podem voltar-se e
dilacerar-nos.

C. Pedir, Buscar e Bater


Os versículos 7 a 11 apresentam uma dificuldade,
porque parece que esses versículos não deveriam
estar aqui. Por alguns anos, pulei-os, indo do
versículo 6 para o 12, porque o versículo 12, é uma
continuação dos versículos 1 ao 6. O versículo 12 diz:
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam,
assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei, e
os profetas”. Esse versículo é a continuação e a
conclusão dos primeiros seis versículos. Entretanto,
entre os versículos 6 e 12, temos os versículos 7 a 11
fazendo uma evidente inserção. Qual o significado
disso? Como enfatizamos, 7:1-12 diz respeito ao
princípio do povo do reino em lidar com os outros.
Vimos que o povo do reino deve principalmente
observar o princípio de considerar os outros. Ao
julgar as pessoas ou falar sobre as coisas santas,
devemos considerar os outros. Vejamos como os
versículos 7 a 11 se ajustam a essa questão.
Os versículos 7 e 8 dizem: “Pedi, e dar-se-vos-á,
buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”. É preciso
experiência para entender esses versículos. Ao lê-los
repetidas vezes à luz da nossa experiência, podemos
perceber que eles mostram que devemos olhar para o
Pai celestial ao lidarmos com os outros. Devemos
pedir-Lhe, buscá-Lo e bater. Muitas vezes temos
falhado em fazer isso. Mas esses versículos indicam
que no exato momento em que estamos contatando
as pessoas e lidando com elas, devemos olhar para o
Senhor e dizer: “Senhor, diga-me como contatar
essas pessoas. Senhor, mostre-me como lidar com
elas”. Algumas vezes simplesmente pedir não será
adequado. Devemos buscar e bater. Isso indica que
contatar as pessoas é uma questão séria. Nunca
pense que é uma coisa insignificante. Nós, o povo do
reino, devemos tratar disso seriamente, nunca de
maneira leve ou desleixada ou simplesmente segundo
o nosso sentimento. Antes, devemos fazer de modo a
nos importarmos com os outros. Devemos pedir,
buscar e até mesmo bater na porta celestial por uma
maneira; então teremos a maneira adequada para
contatar as pessoas.
Em Mateus, a maneira adequada para contatar
as pessoas é segundo o princípio do reino. Após usar
os exemplos de um filho pedindo pão e peixe nos
versículos 9 e 10, o Senhor diz, no versículo 11: “Se
vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos
céus dará boas coisas aos que Lhe pedirem?” Porque
Mateus é um livro do reino, sem dúvida, as “boas
coisas” no versículo 11 são as coisas do reino.
Entretanto, Lucas 11:13, o versículo irmão de Mateus
7:11 diz: “Pois, se vós, que sois maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial
dará o Espírito Santo aos que Lhe pedirem?” Em
Lucas 11:13 as “boas coisas” foram mudadas para “o
Espírito Santo”. Se colocarmos esses dois versículos
juntos, veremos que a melhor maneira para o povo
do reino contatar outros é segundo o reino e segundo
o Espírito Santo. O reino e o Espírito Santo são a
maneira de contatarmos os outros. A sabedoria que
precisamos para contatar adequadamente os outros é
do reino e do Espírito. Ao lidarmos com os outros,
devemos pedir, buscar e bater. Finalmente,
receberemos a direção para lidar com as pessoas
segundo o reino e o Espírito. Assim, o princípio
governante para nosso contato com os outros é o
reino e o Espírito. Se nosso contato com os outros
está baseado nesse princípio, não cometeremos erros.
Se considerarmos o passado, teremos de admitir
que temos cometido erros ao contatar as pessoas.
Alguns daqueles contatos não foram proveitosos para
ninguém. Mas agora estamos sendo treinados pelo
reino. Não somos crentes desleixados, mas povo do
reino sérios e estritos. Nosso contato com os outros
está de acordo com o princípio do reino e o princípio
do Espírito Santo. Recebemos a liderança que
precisamos para contatar os outros pedindo,
buscando e batendo. Se pedirmos, receberemos; se
buscarmos, encontraremos; e se batermos, a porta
será aberta.
Segundo nosso pensamento, primeiro tomamos
o caminho e, então, chegamos à porta. Mas o
conceito divino na Bíblia é exatamente o oposto.
Primeiro passamos pela porta, e então tomamos o
caminho. O Senhor disse: “Batei e abrir-se-vos-á”.
Isso significa que a porta nos será aberta e, então,
estaremos no caminho. Se pedirmos, buscarmos e
batermos, a porta nos será aberta e o caminho será
posto diante de nós. Então saberemos como contatar
os outros. A fim de contatar as pessoas, precisamos
de uma porta aberta e um caminho reto como nosso
guia. Podemos ter essa porta aberta e o caminho reto
apenas por pedir, buscar e bater. Quanto todos nós
precisamos descobrir um caminho adequado e
proveitoso para contatar os outros, quer sejam
incrédulos, santos ou as igrejas.
Todos devemos aprender a cuidar dos outros e
orar: “Senhor, mostra-me o caminho”. Primeiro você
precisa pedir. Se o caminho não se abrir, então você
deve buscar. Se o caminho ainda assim não se abrir,
então deve bater. Bater significa aproximar-se
Daquele a quem está buscando. Quando você pede,
ainda pode haver uma distância, mas quando bate,
não há distância. Antes, você está diretamente diante
Daquele a quem está buscando. Portanto, você
precisa gastar tempo para buscar o Senhor. Ao
contatar os outros, precisamos pedir, buscar e bater.
Então a porta se abrirá, um caminho reto será dado
para contatar as pessoas, nosso contato será
proveitoso, e seremos salvos de cometer erros.
Também saberemos como acautelar-nos dos cães e
dos porcos. Esse é o significado da inserção dos
versículos 7 a 11 entre os versículos 6 e 12.
Antes de considerarmos o versículo 12,
precisamos acrescentar uma palavra sobre o pedir,
buscar e bater. Pedir é orar de maneira comum,
buscar é suplicar de maneira específica, e bater é
tocar a porta bem de perto. A questão de pedir e
receber no versículo 8 é útil para a oração do povo do
reino no que diz respeito a guardar a nova lei do
reino. Eles pedem e receberão. A questão de buscar e
alcançar é útil para 6:3 3. O povo do reino busca o
reino do Pai e Sua justiça e os achará. A questão de
bater e ter a porta aberta é útil para 7:14. A porta
estreita se abrirá ao povo do reino por causa do bater
deles.
O versículo 11 contém uma grande promessa.
Essa promessa assegura que o povo do reino está sob
o cuidado e suprimento do Pai que está nos céus.
Assim, eles são perfeitamente capazes de cumprir a
nova lei do reino e vi ver em sua realidade para que
possam entrar em sua manifestação.
Nos versículos 9 e 10, o pão e peixe que foram
pedidos indicam a necessidade de quem pede.
Quando pedimos, buscamos e batemos, sempre
temos uma necessidade. Nosso Pai celestial conhece
a nossa necessidade e nos dará o que precisamos.
Nenhum pai humano daria ao filho uma pedra em
lugar de pão ou uma serpente em vez de peixe, mas
sempre daria a eles boas coisas. Quanto mais nosso
Pai celestial nos dará coisas que Ele considera boa.
Até mesmo ao buscarmos a maneira para contatar
outros, Ele nos dará a melhor maneira, o caminho
que precisamos.

D. Fazer às Pessoas o que Queremos que Elas


nos Façam
Agora chegamos ao versículo 12, a conclusão da
seção dos princípios do povo do reino em lidar com
os outros. Esse versículo diz: “Tudo quanto, pois,
quereis que os homens vos façam, assim fazei-O vós
também a eles; porque esta é a lei e os profetas”. A
nova lei do reino não contradiz a lei e os profetas;
antes, cumpre-os e até mesmo completa-os.
MENSAGEM 24

O DECRETO DA CONSTITUIÇÃO DO REINO


(12)
Nesta mensagem chegamos à última seção do
decreto do reino, 7:13-29.

VIII. COM RESPEITO À BASE DO VIVER E


OBRA DO POVO DO REINO
Antes de considerarmos 7:13-29, vamos rever o
que já foi tratado nessa constituição. Devemos ser
profundamente impressionados com o fato de que a
constituição do reino dos céus está baseada na vida e
natureza Divinas do povo do reino. Precisamos ter
em mente que a constituição de qualquer povo está
sempre de acordo com a vida e natureza daquele
povo. Ninguém pode cumprir as exigências dessa
constituição a menos que tenha sido regenerado e
possua a vida e natureza do Pai celestial. Os filósofos
e mestres incrédulos que citam alguns versículos de
Mateus 5 a 7 não entendem essas palavras. Essa
constituição não é dada a incrédulos. Porque ela está
baseada na vida e natureza espiritual, celestial e
divina do povo do reino, apenas o povo do reino pode
viver em conformidade com ela. Além do mais, nem
mesmo o povo do reino pode cumprir as exigências
dessa constituição se não viverem segundo a vida e
natureza divinas dentro deles. Essa constituição não
é dada segundo a vida natural ou a natureza humana
do povo do reino. Repetindo, ela é estabelecida
conforme a vida e natureza divinas.
Essa constituição primeiramente revela a
natureza do povo do reino, como desvendado nas
nove bem-aventuranças em 5:312. Aqueles itens da
constituição que descrevem o que o povo do reino
deve fazer e como deve agir, todos eles correspondem
à natureza do povo do reino. Tudo o que o povo do
reino faz é uma expressão da sua natureza. As suas
ações, comportamento, conversas e feitos exteriores
são a expressão da vida e natureza divinas deles. O
que está dentro deles é manifestado em seu
comportamento exterior. A primeira seção da
constituição, a seção concernente à natureza do povo
do reino, é, portanto, muito básica. A segunda seção
abrange a influência do povo do reino sobre o mundo,
e a terceira trata da lei do reino dos céus. Como
vimos, todas as leis mudadas e complementadas
expõem nossa ira e lascívia. Iniciando no capítulo 6, a
constituição do reino celestial prossegue em tratar a
maneira do povo do reino realizar seus feitos justos.
Essa porção da constituição expõe o ego e a carne.
Em seguida, a próxima seção nos fala que o povo do
reino deve viver na terra sem qualquer ansiedade.
Não estamos aqui para ansiedade, mas para o
cumprimento do nosso dever sob o cuidado do nosso
Pai celestial. Ele nos alimentará, vestirá e suprirá
todas as nossas necessidades. Entretanto, devemos
cumprir nossa responsabilidade para o cumprimento
do propósito de Deus, contudo, sem ansiedade. Em
7:1-12 a constituição revela a atitude que devemos ter
para com os outros, como devemos tratá-los e como
devemos importar-nos com eles. Até alcançarmos
7:12, quase todos os aspectos do nosso viver e
comportamento foram tratados. Parece que a
constituição está agora completa, perfeita e todo-
inclusiva.
Entretanto, há um fato que deve ficar
estabelecido: o povo do reino está na terra fazendo a
vontade de Deus, nosso Pai. Portanto, na última
seção não se fala de ira, lascívia, ser natural, ego,
carne, ansiedade ou nossa atitude para com os outros.
Antes, nessa seção fala-se de entrar pela porta
estreita e andar o caminho apertado (7:13-14).
Também vemos que devemos edificar uma casa e
fazer a vontade do Pai celestial (vs. 24-27, 21).
Portanto, a conclusão da constituição do reino
celestial conduz-nos pela porta estreita e pelo
caminho restrito. Assim podemos fazer a vontade do
Pai celestial e edificar uma casa.
Quando consideramos a constituição do reino
dos céus como um todo, vemos que ela revela de
maneira completa o que é o povo do reino, o que eles
devem ser e o que devem fazer. Também revela onde
eles estão e para onde irão. Revela que no caminho
apertado devemos fazer a vontade do Pai celestial e
edificar uma casa conforme a palavra do Rei celestial.
Na última seção da constituição não há ira, lascívia,
ego, carne, ansiedade nem qualquer palavra de nossa
atitude para com os outros. Antes, há quatro palavras
cruciais: porta, caminho, vontade e casa. Aqui temos
a porta estreita, o caminho apertado, a vontade do
Pai celestial e a casa edificada sobre a rocha, que é a
palavra sábia do Rei celestial. Se não somos o povo
descrito nas nove bem-aventuranças e se não somos
os que cumprem a lei complementada e mudada, não
podemos entrar pela porta estreita, andar pelo
caminho apertado, fazer a vontade do Pai celestial ou
edificar uma casa sobre a rocha. Assim, essa última
seção é a consumação da constituição.

A. Entrar pela Porta Estreita e Tomar o


Caminho Apertado
Os versículos 13 e 14 dizem: “Entrai pela porta
estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho
que conduz para a destruição e são muitos os que
entram por ela; porque estreita é a porta e apertado o
caminho que conduz para a vida, e são poucos os que
a encontram”. Quem pode entrar pela porta estreita
citada no versículo 13? Apenas o povo do reino com a
natureza descrita nas nove bem-aventuranças no
capítulo 5. Os que entram pela porta estreita devem
ser pobres em espírito, os que choram, mansos,
famintos e sedentos pela justiça, misericordiosos,
puros de coração, que promovem a paz com todos os
homens, dispostos a ser perseguidos por causa da
justiça e dispostos a ser injuriados por causa de
Cristo. Somente aqueles com tal natureza podem
entrar pela porta estreita. Ainda mais, os que entram
por essa porta estreita devem estar sob as leis mais
elevadas do reino, as leis complementadas e
mudadas, e não devem ter qualquer ansiedade
quanto ao viver. Antes, devem ter a confiança de que
o Pai celestial está cuidando deles. E mais, não
devem ser preguiçosos e inativos, mas diligentes e
produti vos. Essas são as pessoas que entram pela
porta estreita e andam pelo caminho apertado.
Esse caminho é apertado, limitado por todos os
lados. A porta é estreita e o caminho é apertado
porque a nova lei do reino é mais rigorosa e a
exigência do reino é mais elevada do que a da velha
aliança. Ela não apenas trata da conduta exterior,
mas também da motivação interior. O velho homem,
o ego, a carne, o conceito humano e o mundo com
sua glória estão todos excluídos. Apenas o que
corresponde à vontade de Deus pode entrar. O povo
do reino precisa primeiramente entrar em tal porta
estreita e, então, andar em tal caminho apertado.
Não é andar o caminho primeiro e, então, entrar pela
porta. Entrar pela porta é simplesmente começar a
andar no caminho, o qual é por toda a vida.
Todos estamos felizes por estar na restauração
do Senhor e a apreciamos muito. Mas permita-me
perguntar-lhe: “Como alguém na restauração do
Senhor, você está andando no caminho apertado?”
Todos devemos ser capazes de dizer que não estamos
tomando o caminho do cristianismo, mas o caminho
apertado. Somos pressionados por todos os lados. Os
do cristianismo podem usar música rock ou outros
métodos mundanos para servir, mas nós não
podemos, porque nosso caminho é apertado. Todos
os jovens desejam ser livres, isto é, livrarem-se de
toda restrição. Quando se formam no segundo grau,
eles são como pássaros engaiolados desejando ser
livres. Entretanto, muitos são tão livres que não têm
nenhuma restrição. Nós, na restauração do Senhor,
ao contrário, estamos tomando um caminho
apertado. Devemos até mesmo ter alguma restrição
na prática de orar-ler. Em nosso orar-ler não
devemos ser como as pessoas mundanas jogando
bola sem restrição. Nós, na restauração do Senhor,
devemos andarem nosso espírito. Viver no espírito e
andar no espírito restringe-nos. Mesmo quando
estamos amando, regozijando-nos e felizes, devemos
estar sob restrição. Não devemos ser como os que
quando empolgados libertam-se de toda restrição.
Antes, devemos ficar empolgados dentro do limite do
espírito. Isso também deve ser verdade nas reuniões.
Embora possamos liberar completamente o espírito,
devemos ser restritos no que diz respeito à atividade
física. Em tudo precisamos tomar o caminho
apertado, não o largo.
Devemos tomar o caminho apertado em nossa
comunhão cornos irmãos. Você quer elogiar um
irmão? Faça-o de maneira restrita. Você vai
repreender um irmão? Repreenda-o, mas tome um
caminho apertado. Você está tendo comunhão com
alguns irmãos? Isso é excelente, mas você deve ter
comunhão com eles de modo restrito. Algumas vezes
quando está tendo comunhão, você esquece toda
limitação. Avança hora após hora sem se importar
com a necessidade de se alimentar ou descansar.
Ainda mais, em sua comunhão você fala sobre tudo,
do arcanjo Miguel a Martinho Lutero e de todos os
irmãos e irmãs da igreja. Você tem comunhão sobre
todos sem qualquer restrição. Louvado seja o Senhor
que somos, de fato, livres! Entretanto, ainda temos as
limitações, as restrições e os “apertos”.
Considere o exemplo do Senhor Jesus em João
capítulo 7. Quando Seus irmãos propuseram-Lhe que
entrasse na Judéia e se fizesse conhecido ao público,
o Senhor disse: “O Meu tempo ainda não chegou,
mas o vosso sempre está pronto” (v. 6). A palavra do
Senhor indica que Ele estava limitado, que Ele estava
andando de maneira restrita. Como o povo do reino,
também devemos andar de maneira restrita. Nosso
caminho é apertado, cheio de limitações e restrições.
Mas não considere toda limitação como uma
frustração. Antes, as limitações nos ajudarão em
nosso caminho. Se recusarmos ser restringidos,
nosso progresso será lento. Entretanto, se estivermos
dispostos a ser limitados e restringidos, nosso
progresso será mais rápido. Após ter passado por
todas as seis seções anteriores da constituição, na
última seção somos conduzidos à porta estreita e ao
caminho apertado.

1. A Porta Larga e o Caminho Espaçoso


Levam à Destruição e Muitos Entram por Ela
No versículo 13 O Senhor disse: “Entrai pela
porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o
caminho que conduz para a destruição, e são muitos
os que entram por ela”. A destruição aqui não se
refere à perdição da pessoa, mas à destruição dos
seus feitos e obras (1Co 3:15). Sem dúvida, o
cristianismo de hoje leva as pessoas à destruição. O
tempo provará que isso é verdade. Pela misericórdia
do Senhor, nunca tomarei o caminho do cristianismo,
porque no meu interior tenho a convicção de que é
um caminho largo que leva à destruição. Mas a porta
estreita e o caminho apertado conduzem para a vida.
Se você tomar o caminho do cristianismo, o caminho
espaçoso, seu espírito será imediatamente
amortecido. Por fim, tudo o que fizer será destruído,
porque aquele caminho espaçoso leva para a
destruição. Essa não é a minha opinião, é a palavra
do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 3.
Em 1 Coríntios 3:10 Paulo diz que ele lançou o
fundamento, o qual é Cristo, e que outros estão
edificando sobre ele. Paulo, então, diz: “Porém cada
um veja como edifica”, porque podemos edificar
sobre esse fundamento com ouro, prata, pedras
preciosas ou com madeira, feno e palha. Nos
versículos 13 a 15 Paulo diz: “Manifesta se tomará a
obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque
está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de
cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a
obra de alguém que sobre o fundamento edificou,
esse receberá galardão; se a obra de alguém se
queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será
salvo, todavia, como que através do fogo”. Nesses
versículos Paulo parece estar dizendo: “Atente para
como você está edificando. Se edifica com ouro, prata
e pedras preciosas, você será recompensado”. Essa é
a obra do caminho apertado que conduz a uma viva
recompensa em vida. Entretanto, Paulo também
parece estar dizendo: “Se sua obra é de madeira, feno
e palha, ela será queimada pelo fogo e você não
receberá galardão”. Em outras palavras, tal obra
resultará em destruição. Você pode alegar ser um
obreiro cristão, mas com que tipo de material está
edificando? Nesses versículos de 1 Coríntios 3 vemos
que não apenas os que edificam teatros e cassinos
serão destruídos, mas os que edificam catedrais e
capelas também. O fogo provará a natureza da sua
obra. Se sua obra é de madeira, feno e palha, ela está
certamente no caminho largo que leva à destruição.
Porque não estamos no caminho largo, mas no
caminho apertado, há muitas coisas que não
podemos fazer. Preferiria ter alguns gramas de ouro
do que muitos quilos de madeira. Não quero ter uma
imensa pilha de madeira, feno e palha, porque isso
apenas resultará numa grande fogueira. Preferiria ter
uma pequena quantidade de ouro, prata e pedras
preciosas. Embora queiramos ver o aumento em
todas as igrejas, não queremos um aumento no
caminho espaçoso. Antes, queremos o aumento no
caminho apertado, o aumento do ouro, prata e
pedras preciosas. Se temos esse tipo de aumento, o
Senhor terá um testemunho no caminho apertado.
2. A Porta Estreita e o Caminho Apertado
Conduzem para a Vida e Poucos a
Encontram
Mateus 7:14 diz: “Porque estreita é a porta e
apertado o caminho que conduz para a vida, e são
poucos os que a encontram”. Vida aqui refere-se à
eterna condição bem-aventurada do reino, que é
cheio da vida eterna de Deus. Essa vida está na
realidade do reino hoje e estará na sua manifestação
na era vindoura (19:29; Lc 18:30). Na restauração do
Senhor hoje estamos tomando o caminho apertado
que conduz para a vida.

B. Discernir os Falsos Profetas pelos Seus


Frutos
O versículo 15 diz: “Acautelai-vos dos falsos
profetas, que vêm a vós com vestes de ovelhas, mas
por dentro são lobos vorazes”. Enquanto estamos
tomando o caminho apertado, devemos discernir
quem são os falsos profetas. Isso significa que nesse
caminho devemos estar alertas para todo tipo de
falsidade. O Senhor disse com respeito aos falsos
profetas: “Pelos seus frutos os conhecereis” (v. 16).
Conhecemos um profeta não pelo seu falar, pregar ou
obra, mas pelo seu fruto. Hoje todos os cristãos
costumam ser influenciados pelo falar das pessoas.
Um orador eloqüente com palavras persuasivas é
capaz de seduzir a muitos. Não ouça o orador
eloqüente ou as palavras persuasivas. Antes, espere e
veja que tipo de fruto é produzido. Essa é a maneira
de discernir se um profeta é verdadeiro ou falso.
A igreja está prosseguindo e o testemunho do
Senhor está se espalhando por todo o mundo. Porque
as portas estão abertas, alguns que se
autodenominam profetas podem tentar entrar,
dizendo que eles sabem algumas coisas e podem
fazer algumas obras. Deixe-os dizer tudo o que
queiram, porque nós confiaremos que o Senhor os
provará pelos seus frutos. Precisamos aplicar esse
princípio a todos esses casos. Não ouça o falar
eloqüente, mas considere o fruto. Toda árvore boa
produz frutos agradáveis, mas a árvore má produz
fruto mau. Toda árvore que não produz frutos bons
será cortada e lançada ao fogo (7:17-19).

C. A Condição para Entrar no Reino dos Céus

1. Não Simplesmente Invocar o Senhor, mas


Fazer a Vontade do Pai Celestial
O versículo 21 diz: “Nem todo o que Me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos
céus”. Isso não se refere à realidade do reino dos céus
hoje, mas à manifestação vindoura do reino, no
futuro. Para entrar no reino dos céus precisamos
fazer duas coisas: invocar o Senhor e fazer a vontade
do Pai celestial. Para sermos salvos basta invocar o
Senhor (Rm 10:13), mas para entrar no reino dos
céus precisamos também fazer a vontade do Pai
celestial. Portanto, “Nem todo o que Me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus”, mas aquele que
invoca o Senhor e faz a vontade do Pai celestial. Para
entrar no reino de Deus é preciso ser regenerado (Jo
3:3, 5), mas para entrar no reino dos céus, além de
ser regenerado, é preciso fazer a vontade do Pai
celestial. Entrar no reino de Deus é pelo nascimento
da vida divina; entrar no reino dos céus é pelo viver
dessa vida.
No versículo 21 o Senhor não diz “seu Pai”, mas
“Meu Pai”. Aqui o Senhor parece estar dizendo: “Eu,
o Filho do Homem e o Filho de Deus, tenho feito a
vontade de Meu Pai. Vocês também são filhos de
Deus e Meus irmãos. Portanto, vocês devem ser Meus
parceiros e tomar o mesmo caminho que Eu tomo.
Agora vocês não devem fazer a vontade do seu pai,
mas a vontade do Meu Pai. Vocês são Meus irmãos,
Meus companheiros e Meus parceiros. Vocês e Eu
estamos andando no mesmo caminho e fazendo a
mesma vontade. Vocês estão vivendo Comigo
segundo a vontade de Meu Pai”. Essa última seção da
constituição, não é mais a questão negativa de trata;
nosso temperamento, lascívia, ego, carne e ansiedade.
E absolutamente uma questão positiva de fazer a
vontade do Pai que está no céu. O povo do reino não
está aqui para fazer nada além da vontade do Pai.
Não estamos aqui meramente para vencer nosso
temperamento, lascívia, ego e carne e para sermos
amáveis e simpáticos com outros. Estamos aqui para
o cumprimento da vontade do Pai celestial. Para
fazer a vontade do Pai, precisamos andar no caminho
apertado. Nos ensinamentos dos filósofos mundanos,
não há a vida e natureza divinas nem a maneira
divina. Mas aqui o objetivo máximo da constituição
do reino dos céus é a vontade do Pai celestial. Isso
significa que temos um Pai celestial e que somos os
filhos do Pai. Entretanto, a última seção da
constituição não é apenas uma questão de vida, mas
também uma questão da vontade do Pai. Nosso Pai
tem uma vontade a cumprir, mas podemos realizá-la
apenas pela Sua vida. Precisamos vi verna vida do Pai
celestial e também por essa vida. Esse modo de viver
é para fazer a vontade do Pai. Na constituição do
reino dos céus não podemos ver qual é, de fato, a
vontade do Pai. Entretanto, ela está totalmente
revelada no capítulo 16. A vontade do Pai é edificar a
igreja sobre o Filho como a rocha. Isso está
inteiramente desenvolvido em Atos, nas Epístolas e
no livro de Apocalipse. O Novo Testamento revela
que a vontade eterna e divina de Deus é edificar a
igreja.

2. Muitos Profetizam, Expulsam Demônios e


Fazem Milagres em Nome do Senhor, mas
não Segundo a Vontade do Pai Celestial
O versículo 22 diz: “Muitos, naquele dia,
Medirão: Senhor, Senhor! não foi em Teu nome que
profetizamos, e em Teu nome expulsamos demônios,
e em Teu nome fizemos muitos milagres?” As
palavras “naquele dia” referem-se ao dia do
julgamento do trono de Cristo (1Co 3:13; 4:5; 2Co
5:10). No dia do julgamento, quando todos os crentes
comparecerem diante do tribunal de Cristo, muitos
dirão ao Senhor que profetizaram, expulsaram
demônios e fizeram milagres em Seu nome, mas eles
serão rejeitados pelo Senhor.

3. O Senhor não os Aprova, antes Considera-


os como Praticantes de Iniqüidade
Mateus 7:23 diz: “Então lhes declararei: Nunca
vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a
iniqüidade.” Aqui a palavra “conheci” significa
“aprovei”. A mesma palavra grega em Romanos 7:15
é traduzida para “aprovo” na Versão Corrigida de
João Ferreira de Almeida. Nesse versículo Paulo diz:
“Porque o que faço não o aprovo.” O Senhor nunca
aprovou os que profetizaram, expulsaram demônios e
fizeram milagres em Seu nome, mas não segundo a
vontade do Pai celestial (Mt 7:21). O Senhor não nega
que eles tenham feito essas coisas, mas considerou-as
como iniqüidades, porque não estavam de acordo
com a vontade do Pai celestial. Elas não foram feitas
na linha da vontade divina. O Senhor parecia estar
dizendo: “Você profetizou em Meu nome, expulsou
demônios em Meu nome e realizou milagres em Meu
nome, mas nunca permiti-lhe fazê-las. Nunca o
aprovei porque você fez todas aquelas coisas de
maneira iníqua. Você fez em si mesmo, em seu
próprio desejo e conforme a sua própria intenção,
não segundo a vontade do Meu Pai”. Portanto, os que
fazem tais coisas, mesmo em nome do Senhor, não
entrarão no reino dos céus, mas serão apartados do
Senhor, isto é, ser-lhes-á recusado participar da
manifestação do reino na era vindoura.
Vemos aqui pelas palavras do Senhor que certas
obras podem ser feitas no nome do Senhor e,
contudo, não estar de acordo com a vontade de Deus.
Você está fazendo esse tipo de obra ou está fazendo a
vontade de Deus? Temos falado muito sobre ir às
universidades, mas você está indo lá para fazer
alguma obra ou para fazer a vontade do nosso Pai
celeste? Jovens irmãos e irmãs, como vocês
responderiam a essa questão? Iriam à universidade
para fazer a vontade do Pai celestial? Devemos ter a
segurança de que em tudo o que fazemos, estamos
fazendo a vontade do Pai celestial. Caso contrário, o
Senhor Jesus nos dirá: “Praticantes de iniqüidade”.
Mesmo profetizar no nome do Senhor, mas não
conforme a vontade do Pai, é um tipo de iniqüidade.
Além disso, expulsar demônios no nome do Senhor e
fazer milagres no nome do Senhor, mas não
conforme a vontade de Deus, é também considerado
aos olhos do Rei celestial como iniqüidade.
Em qualquer corrida os atletas devem correr nas
raias certas. Embora você possa correr mais rápido
do que os outros, sua corrida não será reconhecida se
correr fora da sua raia. Antes, essa maneira de correr
será considerada iniqüidade. Você deve correr a
corrida entre as raias, isto é, deve correr de maneira
restrita. Hoje a obra de muitos obreiros cristãos não
está restrita pelas raias celestiais. Aos seus próprios
olhos, eles fizeram muito em nome do Senhor e para
o Senhor. Aos olhos do Senhor, entretanto, a obra
deles é um tipo de transgressão, uma violação das
regras celestiais. Assim, a obra deles é iniqüidade. A
palavra do Senhor em 7:21-23 é uma palavra forte de
advertência a todos nós para que não nos
preocupemos apenas em profetizar, expulsar
demônios ou fazer milagres. Devemos cuidar das
regras celestiais. Se transgredir as regras corno um
corredor na corrida celestial, você será desqualificado.
Há regras que nos constrangem na restauração do
Senhor e devemos ser constrangidos em nosso correr.
Se corrermos nas raias, não fora delas, seremos
aprovados pelo Senhor.
Mais uma vez afirmo que a consumação da
constituição do reino dos céus é introduzir-nos na
porta estreita e no caminho apertado. Agora estamos
correndo nesse caminho estrito. Não devemos nos
preocupar com profecia, expulsar demônios ou
milagres. Antes, devemos nos preocupar apenas em
fazer a vontade do nosso Pai celeste. Você pode estar
se perguntando corno podemos saber a vontade do
Pai. Podemos conhecê-la por meio da vida e natureza
do Pai dentro de nós. A natureza do Pai sempre nos
dirá “sim” ou “não”. Se está correndo conforme a
natureza divina e dentro das raias apertadas, a
natureza divina indicará: “Sim, você está certo;
prossiga”. Mas se não está correndo segundo a
natureza divina ou se anda fora das raias, a natureza
divina dirá: “Não ande dessa maneira”. Não há
necessidade de alguém falar-lhe o que fazer, porque a
natureza divina restritiva e que dita as regras está
dentro de você. Essa natureza diz onde você está. Um
corredor pode ver as raias quando corre, por isso ele
não precisa que ninguém lhe diga se está dentro dos
seus limites. Semelhantemente, ternos as linhas
demarcatórias dentro de nós, as raias da vida e
natureza divinas, e podemos saber onde estamos. De
acordo com a natureza divina em nós, não podemos
usar música rock em nossas reuniões. Embora
possamos tentar vários métodos mundanos, a
natureza divina discordaria de todos eles e indicaria
que você está transgredindo as regras. Todos que são
povo do reino, todos que foram regenerados pelo Pai,
têm Sua vida e natureza dentro de si. A vida e
natureza do Pai indicam se estamos ou não no
caminho apertado. Vamos todos correr a corrida
conforme a natureza do Pai.

D. Dois Tipos de Edifícios Sobre Dois Tipos de


Fundação

1. A Edificação na Rocha Conforme as


Palavras do Senhor
No versículo 24 O Rei disse: “Todo aquele, pois,
que ouve estas Minhas palavras e as pratica, será
comparado a um homem prudente, que edificou a
sua casa sobre a rocha”. A rocha aqui não se refere a
Cristo, mas à Sua palavra sábia, a palavra que revela
a vontade de Seu Pai que está nos céus. O viver e obra
do povo do reino deve estar fundamentado na
palavra do novo Rei para a realização da vontade do
Pai celeste. Isso é para entrar na porta estreita e
andar o caminho apertado que conduz para a vida.
O versículo 25 diz: “E caiu a chuva, vieram as
torrentes, sopraram os ventos e deram contra aquela
casa, e ela não caiu, porque fora fundada sobre a
rocha”. A chuva é de Deus, descendo dos céus; os rios
são do homem, vindo da terra, e os ventos são de
Satanás, soprando do ar. Tudo isso testa o viver e
obra do povo do reino. Embora a chuva possa descer,
os rios possam vir e os ventos soprarem, a casa
edificada sobre a rocha não cairá porque está
edificada conforme o caminho apertado, o caminho
de fazer a vontade do Pai. A casa edificada na rocha
que não cai é como a obra de edificação com ouro,
prata e pedras preciosas, que pode suportar o teste
do fogo (1Co 3:12-13).

2. A Edificação na Areia não Conforme as


Palavras do Senhor
Mateus 7:26 diz: “E todo aquele que ouve estas
Minhas palavras e não as pratica, será comparado a
um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a
areia”. A areia aqui se refere aos conceitos humanos e
métodos naturais. Se vivemos e trabalhamos segundo
os nossos conceitos humanos e métodos naturais,
nosso vi ver e obra serão construídos na areia. Isso é
entrar pela porta larga e andar no caminho espaçoso
que conduz à perdição. O versículo 27 diz: “E caiu a
chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e
deram contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a
sua queda”. A casa edificada na areia e que cai é
como a obra de edificação feita com madeira, feno e
palha, que será queimada pelo teste do fogo.
Entretanto, o próprio edificador será salvo (1Co 3:12-
15). Edificar nossa casa sobre nossa opinião e
conceito é edificar a casa sobre a areia. Quando a
chuva, os rios e os ventos testarem a casa edificada
sobre a areia, essa, não tendo uma sólida fundação,
cairá. Essa é a conclusão do Senhor da constituição
do reino dos céus.
O conceito básico da constituição do reino dos
céus é que o povo do reino deve ser estrito de
maneira justa consigo mesmo, misericordiosamente
bom para com outros e secretamente puro para com
Deus.
Não posso dizer quanto essa constituição tem me
controlado por todos esses anos. Posso testificar que
meu viver, meu andar e minha obra estão sob essa
constituição. Espero que todos sejamos introduzidos
nesse caminho apertado para edificar uma casa sobre
a rocha sólida conforme a vontade do nosso Pai.

IX. AUTORIDADE NO FALAR


Os versículos 28 e 29 dizem: “E aconteceu que,
ao terminar Jesus essas palavras, estavam as
multidões atônitas do Seu ensinamento, porque as
ensinava como quem tem autoridade, e não como os
escribas”. Cristo, como o novo Rei do reino dos céus,
falou com autoridade ao decretar a nova lei do reino.
MENSAGEM 25

A CONTINUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO REI


(1)
Na constituição do reino dos céus há quatro
versículos que nos dizem como entrar no reino dos
céus. O primeiro é Mateus 5:3, que diz: “Bem-
aventurados os pobres em espírito, porque deles é o
reino dos céus”. O segundo diz: “Bem-aventurados os
que são perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o reino dos céus” (v. 10). Esses dois versículos
referem-se ao presente. Se quisermos estar na
realidade do reino hoje, precisamos ser pobres em
nosso espírito e ser perseguidos por causa da justiça.
A realidade do reino hoje baseia-se principalmente
na justiça. Somos introduzidos na realidade do reino
por sermos pobres em espírito. Após termos uma
mudança na mente, voltamo-nos ao Senhor e nos
tomamos vazios em nosso espírito. Desse modo o
Senhor entra em nosso espírito com Seu reino
celestial. A partir desse momento, começamos a viver
na realidade do reino. Por sermos justos, seremos
conservados nesta realidade. Entretanto, se formos
injustos, estamos fora da realidade do reino. Uma vez
que mantenhamos a justiça, somos preservados na
realidade do reino. Examine sua vida diária. Se for
relaxado, descuidado, negligente quanto à justiça,
você estará imediatamente desligado da realidade do
reino. Para estarmos na realidade do reino hoje,
devemos ser pobres em espírito e conservar-nos em
justiça, dispostos, até mesmo, a sofrer por causa da
justiça. Os outros dois versículos que nos falam de
como entrar no reino referem-se ao futuro, a entrar
na manifestação do reino dos céus no futuro. Mateus
5:20 diz: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder em muito a dos escribas e fariseus, de modo
algum entrareis no reino dos céus”. Isso diz respeito
a participar na manifestação do reino. Se quisermos
entrar na manifestação do reino dos céus, precisamos
da justiça excedente. Portanto, a justiça não apenas
nos preserva na realidade do reino hoje, mas também
nos introduzirá na manifestação do reino no futuro.
O último versículo é 7:21 que diz: “Nem todo o
que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos
céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai que
está nos céus”. Este versículo revela que para entrar
no reino dos céus, devemos fazer a vontade do Pai.
Portanto, é a justiça e o fazer a vontade do Pai que
nos introduzirá na manifestação do reino. Justiça
refere-se principalmente ao nosso viver e fazer a
vontade do Pai, à nossa obra. Ambos, nosso viver e
obra, devem estar de acordo com a constituição do
reino dos céus. Se nosso viver for de acordo com essa
constituição, ele será justo. E se essa nossa obra
estiver de acordo com a constituição, ela será o
operar da vontade de Deus. Esse tipo de viver e obra
nos qualifica a entrar na manifestação do reino.
Portanto, sendo pobres em espírito, somos
introduzidos na realidade do reino, e, por meio da
justiça somos conservados nessa realidade. Pela
justiça excedente e fazendo a vontade do Pai,
entraremos na manifestação do reino dos céus.
Após pronunciar a constituição do reino dos céus
no monte, o Senhor Jesus desceu para continuar Seu
ministério. Nesta mensagem, consideraremos a
continuação do ministério do Rei (8:1-9:34).
I. SINAIS COM SIGNIFICADO
DISPENSACIONAL
Após o novo Rei descer do monte para levar a
cabo Seu ministério real, a primeira coisa que fez foi
purificar os impuros, curar os doentes e expulsar os
demônios dos possessos a fim de que todos se
tomassem povo do reino dos céus (8:2-17).
Os milagres ou sinais, registrados nos versículos
2 a 17, têm um significado dispensacional. A ordem
dos quatro casos registrados em Mateus 8:2-16 difere
dos de Marcos 1:29-2:1 e Lucas 4:38-41; 5:12-14 e
7:1-10. A ordem do registro de Marcos, mostrando
que Jesus é o Servo de Deus, está de acordo com a
história. A ordem do registro de Mateus, provando
que Cristo é o Rei do reino dos céus, é segundo a
doutrina. Em seu Evangelho Mateus reuniu alguns
casos a fim de apresentar uma doutrina. A ordem do
registro de Lucas, revelando que Jesus é o homem
adequado para ser o Salvador dos homens, é segundo
a moralidade. A seqüência do registro de João,
testificando que Cristo é o Filho de Deus e até mesmo
o próprio Deus, está também um pouco de acordo
com a história. Portanto, nos quatro Evangelhos há
três tipos de seqüências: histórica, doutrinária e
moral. Em Mateus 8:1-17 três milagres-a purificação
do leproso, a cura do servo paralítico de um
centurião gentio e a cura da sogra de Pedro-e a cura
de tantos outros são colocados juntos para
apresentar uma doutrina significativa, isto é, eles têm
um significado dispensacional. Primeiramente
consideraremos a curado leproso (vs. 1-4).

A. A Cura do Leproso
1. O Rei Desce do Monte
O versículo 1 diz: “Ora, descendo ele do monte,
grandes multidões o seguiram”. Descer do monte
significa que o Rei celestial desceu dos céus para a
terra. Ele veio primeiramente para alcançar os judeus,
porque, sem dúvida, o leproso aqui representa o povo
judeu. O Rei celestial desceu dos céus para trazer a
salvação primeiramente aos leprosos judeus. De
acordo com Romanos capítulo 1, a salvação é
primeiro para os judeus e, então, para os gentios (v.
16).

2. Um Leproso Aproximou-se Dele para


Purificar-se e Adorá-Lo
Mateus 8:2 diz: “E eis que um leproso, tendo-se
aproximado, adorou-O, dizendo: Senhor, se quiseres,
podes purificar-me”. O leproso adorou o novo Rei e
chamou-O Senhor, reconhecendo que Ele é o Senhor
Deus. Em realidade, o novo Rei é Jeová Deus (1:21,
23).
As enfermidades curadas nos casos registrados
em Mateus 8 são significativas, porque cada uma
delas representa uma doença espiritual específica. A
primeira classe de pessoas salvas pelo Salvador real
para ser o povo do reino é representada por um
leproso. Conforme os exemplos das Escrituras, a
lepra vem da rebelião e desobediência. Miriã tornou-
se leprosa devido à sua rebelião contra Moisés, o.
autoridade representativa de Deus (Nm 12:1-10). A
lepra de Naamã foi purificada por causa da sua
obediência (2Rs 5:1, 9-14). Todos os seres humanos
caídos tornaram-se leprosos aos olhos de Deus por
causa da rebelião deles. A lepra é a expressão da
rebelião. A rebelião é interior e a lepra é a
manifestação exterior. Agora o Salvador real veio
para salvar os homens da rebelião deles e purificá-los
da sua lepra para que possam tornar-se o Seu povo
do reino.
A lepra é uma doença imunda. No Antigo
Testamento um leproso tinha de ser excluído do
acampamento dos filhos de Israel até que estivesse
purificado. Isso indica que alguém que é rebelde no
meio do povo de Deus e, portanto, torna-se leproso,
será excluído da comunhão do povo de Deus até que
seja curado. O leproso aqui representa os judeus. Os
judeus tornaram-se rebeldes contra Deus. Assim, aos
olhos de Deus eles são leprosos. Entretanto o Rei
celestial veio primeiro para eles não para julgá-los,
mas para curá-los. Conforme o Senhor indicou em
9:12, Ele veio como um Médico para curar o doente.
Ele veio primeiramente para alcançar os judeus a fim
de curá-los e trazer-lhes salvação.

3. O Rei Estende Sua Mão e Toca-o para


Purificá-lo
O versículo 3 diz: “E Jesus, estendendo a mão,
tocou-o, dizendo: Quero, fica limpo! E
imediatamente ele ficou limpo da sua lepra”. De
acordo com a lei, um leproso deveria ser excluído do
povo por causa da sua impureza. Ninguém poderia
tocá-lo (Lv 13:45-46). Mas o novo Rei, como um
homem e como o Salvador real tocou-o. Que
misericórdia e compaixão! Por um único toque Seu,
imediatamente a lepra dele foi purificada. Que
purificação maravilhosa!

4. O Leproso Purificado Foi Instruído pelo


Rei para Fazer uma Oferta a Fim de Servir de
Testemunho ao Povo
Mateus 8:4 diz: “Disse-lhe então Jesus: Olha,
não o digas a ninguém, mas vai, mostra-te ao
sacerdote e apresenta a oferta que Moisés
determinou, para servir de testemunho a eles”. O
novo Rei disse ao leproso purificado para ainda fazer
as coisas segundo os regulamentos da lei antiga para
a sua purificação, porque o período transitório ainda
permanecia, uma vez que a velha lei ainda não fora
cumprida pela Sua morte redentora.

B. A Cura do Criado de um Centurião

1. Um Centurião Aproximou-se Dele e Rogou-


Lhe pela Cura de Seu Criado
Após o Senhor ter entrado em Cafarnaum,
“aproximou-se Dele um centurião, implorando-Lhe:
Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico,
horrivelmente atormentado” (vs. 5-6). Um centurião
era um oficial sobre cem soldados no exército
romano. O leproso nos versículos 2 a 4 representa os
judeus, enquanto o centurião nos versículos 5 a 13
representa os gentios. Diante de Deus, os judeus
tornaram-se leprosos, impuros, por causa da sua
rebelião e desobediência, enquanto os gentios
tornaram-se paralíticos, mortos em função, por causa
da pecaminosidade deles. O Salvador real veio
primeiramente para os judeus e, então, para os
gentios (At 3:26; 13:46; Rm 1:16; 11:11). Os judeus
crentes são salvos pelo Seu toque direto (v. 3),
enquanto os crentes gentios são salvos pela fé em Sua
palavra (vs. 8, 10, 13).
2. O Centurião, que Conhece Autoridade,
Rogou apenas por uma Palavra
Quando o Senhor disse ao centurião que Ele iria
e curaria seu servo, o centurião respondeu: “Senhor,
não sou digno de que entres debaixo do meu teto;
mas apenas dize uma palavra, e o meu criado será
curado” (v. 8). O centurião gentio reconheceu a
autoridade do Salvador real e percebeu que a
autoridade para curar estava em Sua palavra. Assim
ele creu não apenas no Salvador real, como também
em Sua palavra, pedindo-Lhe não para ir
pessoalmente, mas apenas para enviar Sua palavra.
Essa é uma fé poderosa e foi admirada pelo Salvador
(v. 10).

3. A Admiração do Rei pela Fé do Centurião


Gentio e a Indicação de que Muitos Gentios
Participarão do Desfrute do Reino
O versículo 10 revela que o Senhor Jesus
admirou-se da fé do centurião e disse: “Em verdade
vos afirmo: Em ninguém de Israel achei tamanha fé”.
Portanto, nos versículos 11 e 12 o Senhor disse que
muitos viriam do Oriente e do Ocidente para
reclinar-se com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos
céus, mas que os filhos do reino seriam lançados para
fora, nas trevas exteriores. Isso indica que os gentios
participarão do evang3:6, 8; Gl 2:8-9; Rm 1:13-16). A
referência ao reino dos céus no versículo 11 diz
respeito à manifestação do reino dos céus. Será na
manifestação do reino que os crentes gentios
vencedores festejarão com Abraão, Isaque e Jacó.
Os filhos do reino no versículo 12 referem-se aos
judeus que são a boa semente (13:38), mas que não
têm a fé poderosa que os capacita a entrar pela porta
estreita e a andar no caminho apertado (7:13-14).
Eles perderão a festa na manifestação do reino (Lc
13:24-30). As trevas exteriores serão as trevas fora do
esplendor da glória na manifestação do reino dos
céus (25:30; 16:28). Ser lançado nas trevas exteriores
no reino vindouro difere de ser lançado no lago de
fogo após o milênio e pela eternidade (A20:15).

4. O Criado do Centurião Foi Curado


Conforme a Fé do Centurião
Mateus 8:13 diz: “Então disse Jesus ao
centurião: Vai-te; faça-se contigo conforme creste. E
naquela mesma hora o seu servo foi curado”. O
leproso judeu foi curado pelo contato direto do Rei. O
Rei estendeu a mão e o tocou, e o leproso foi curado.
Mas o servo do centurião não foi curado pelo toque
direto do Rei. Antes, foi curado pela palavra do Rei.
O centurião gentio creu nessa palavra e seu servo foi
curado. Os judeus sempre são salvos pelo toque do
Rei, mas os gentios são salvos, não pelo Seu toque
direto, mas pelo enviar da Sua palavra salvadora.
Cremos nessa palavra e somos curados. Nenhum de
nós, gentios, tivemos um contato direto do Senhor.
Fomos salvos por crer na palavra vivificante e
regeneradora do evangelho. Portanto, o servo do
centurião representa todos os crentes gentios. O
Senhor não elogiou a fé do leproso, porque ali a fé
não era a característica importante. A questão
significativa era o toque do Rei. Mas com a cura do
criado do centurião, a fé é muito importante.
Portanto, o Senhor louvou a fé do centurião.
Conseqüentemente, o criado foi curado.
O rapaz era paralítico. Ser paralítico significa
que o corpo está sem função. Antes de nós gentios
sermos salvos, estávamos completamente sem função.
Os judeus eram leprosos, mas nós éramos paralíticos,
sem função, por causa da nossa pecaminosidade.
Precisamos da salvação curadora do Rei celestial. Ele
nos enviou uma palavra, e nós cremos nela. Portanto,
fomos curados, nossa função foi recobrada, e agora
podemos começar a servir nosso Mestre. Somos tal
como o criado que foi curado e capacitado a servir
novamente.

C. A Cura da Sogra de Pedro


Os versículos 14 e 15 dizem: “Tendo Jesus
entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste acamada
e com febre. E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou.
Ela se levantou e pôs-se a servi-Lo”. A sogra de Pedro
representa os judeus no final desta era que serão
salvos por receber o Salvador real. Naquele tempo,
durante a grande tribulação, aos olhos de Deus os
judeus estarão febris (v. 14), quentes em outras
coisas além de Deus. O Salvador real, após a
plenitude da salvação dos gentios, voltará a esse
remanescente judeu para que possam ser salvos (Rm
11:25-26; Zc 12:10). A sogra de Pedra foi curada na
casa de Pedro, que representa a casa de Israel. No
final desta era, todo o remanescente dos judeus será
salvo na casa de Israel. Eles também serão salvos
pelo toque direto do Salvador real (v. 15), como foi o
judeu leproso (v. 3).
No final desta era a salvação voltará dos gentios
para os judeus. Entretanto, não voltará aos judeus
dispersos, mas aos judeus na casa de Israel. Naquele
tempo, os judeus estarão enfermos com febre. Isso é
até mesmo verdade aos judeus hoje. Tantos deles
estão fervendo de ciência, finanças, educação e com
todas as atividades mundanas. Mas aos olhos de
Deus tudo isso é febre. A temperatura dos judeus
hoje é muito alta no fervor deles pela política,
indústria, agricultura e guerra. Eles são
representados pela sogra febril de Pedro. Mas nesse
calor e febre eles não confiam em Deus nem se
importam com amoralidade. Assim como o Senhor
curou a sogra de Pedro, igualmente Ele voltará
novamente no final desta era para curar os judeus
que estarão ardentes, queimando em febre. Ele não
os curará pela fé deles, mas por intermédio do Seu
toque direto. Na segunda vinda do Senhor, os judeus
serão tocados diretamente pela Sua vida e serão
salvos.
Imediatamente após a sogra de Pedro ter sido
curada, ela se levantou e serviu ao Senhor (v. 15).
Isso significa que na volta do Senhor, o remanescente
dos judeus, após ser salvo, se levantará e servirá a Ele
no milênio.

D. A Cura de Muitos – A Restauração de Toda


a Terra no Milênio

1. Chegada a Tarde
O versículo 16 diz: “Ao cair da tarde, trouxeram-
Lhe muitos endemoninhados; e Ele, com a Sua
palavra, expulsou os espíritos, e curou todos os que
estavam doentes”. As palavras “muitos” e “todos os”
representam todas as pessoas da terra no milênio. O
milênio será a última dispensação do velho céu e
velha terra; assim é considerado o entardecer do
velho céu e velha terra. Após essa “noite” haverá um
novo dia, isto é, o novo céu e nova terra com a Nova
Jerusalém.

2. Muitos Endemoninhados e Todos os


Enfermos Foram Curados – um Antegozo do
Poder da Era Vindoura
N o milênio, haverá o máximo de poder para
expulsar os demônios e curar os enfermos. Portanto,
todos os endemoninhados e os enfermos serão
curados. As profecias de Isaías testificam isso (Is
35:5-6). Isso será uma verdadeira restauração. A
expulsão de demônios e a cura de doentes nesta era
são apenas um antegozo do vasto poder da era
vindoura. No versículo 16, após o Senhor haver
curado a sogra de Pedro, quando a noite veio, Ele
curou muitos que estavam endemoninhados e todos
que estavam doentes. Isso indica que após Cristo vir
e os judeus serem salvos, terá início o milênio.
Naquele período, todas as enfermidades serão
curadas. Assim, os sinais registrados nos versículos 2
a 17 têm um significado dispensacional.

3. O Cumprimento da Palavra do Profeta


O versículo 17 diz: “Para que se cumprisse o que
fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele
mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou
com as nossas doenças”. Todas as curas realizadas
nas pessoas caídas são graças à redenção do Senhor.
Ele tomou nossas enfermidades e carregou nossas
doenças na Sua cruz e realizou lá para nós uma cura
total. Entretanto, a aplicação da cura pelo poder
divino apenas pode ser um ante gozo nesta era; a
amostra completa ocorrerá na era vindoura.

II. O CAMINHO PARA SEGUIR O REI


A. O Rei Ordena Apartar-se da Multidão
O versículo 18 diz: “Vendo Jesus uma multidão
ao Seu redor, ordenou passar para a outra margem”.
Em Seu ministério, como registrado nos quatro
Evangelhos, o Senhor sempre afastou-se das
multidões. Ele não queria que os curiosos estivessem
com Ele. Ele não se interessava por grandes
multidões, mas apenas por aqueles que O buscavam
sinceramente.

B. Um Escriba Veio para Seguir o Rei


Nos versículos 18 a 22 vemos a maneira de
seguir o Rei celestial. A maneira é revelada por
intermédio do caso dos dois que vieram ao Rei. O
primeiro, um escriba, disse-Lhe: “Mestre, seguir-te-ei
para onde quer que fores”. Ao dizer isso, ele não
considerou o custo. Por isso, o Rei respondeu no
versículo 20 de modo a levá-lo a considerar o custo.

C. o Rei Desvenda ao Escriba que Não Tem


Onde Descansar
No versículo 20 o Senhor disse ao escriba que
queria segui-Lo: “As raposas têm covis e as aves do
céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde
reclinar a cabeça”. Aqui o Senhor referiu-se a Si
mesmo como o Filho do Homem. O novo Rei em Seu
ministério real toma continuamente a posição de
Filho do homem até 16:13-17. O Rei do reino não tem
nem mesmo um lugar de descanso, como as raposas
e as aves têm. Isso prova que o reino que Ele estava
estabelecendo não possuía material de natureza
terrena, mas espiritual, de natureza celestial. O
Senhor parecia estar dizendo ao escriba: “Você quer
seguir-Me? Você subestimou o preço. Você, um
escriba, uma pessoa instruída com uma elevada
posição na sociedade deve perceber que Eu não sou
nada e que não tenho nada. Possuo até mesmo
menos do que os pássaros e as raposas, porque não
tenho onde descansar a cabeça”. Creio que o escriba
ficou desapontado e não O seguiu. O princípio de
seguir o Senhor é o mesmo hoje. Devemos considerar
o custo. Ao seguir esse Rei, não há desfrute material.

D. Outro Discípulo Pede Permissão para


Primeiro Sepultar Seu Pai
O versículo 21 diz: “E outro dos discípulos Lhe
disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu
pai”. Ao dizer isso, esse discípulo, que não era um
escriba, superestimou o preço de seguir o Rei do
reino celestial. Esse discípulo, aparentemente
prevenido pelo primeiro caso, superestimou o preço.
Ele parecia dizer ao Senhor: “Eu Te seguirei, mas
meu pai morreu. Deixe-me primeiro voltar para
enterrá-lo, e, então, voltarei para seguir-Te'.

E. O Rei Diz ao Discípulo para Segui-Lo e


Deixar os Mortos para os Mortos
Porque esse discípulo superestimou o preço de
seguir o Rei, este responde-lhe de modo a encorajá-lo
a segui-Lo e desistir de considerar o custo, deixando
o enterro de seu pai para outros. O Senhor disse:
“Segue-Me, e deixa os mortos sepultar os seus
próprios mortos”. Quão maravilhoso é o Senhor
Jesus! Ele propositadamente desapontou o primeiro
e deliberadamente encorajou o segundo. O Senhor
era muito sábio ao lidar com as pessoas. Se eu fosse o
Senhor Jesus, teria ficado empolgado em ouvir que
um escriba queria seguir-me, e o teria encorajado a
fazê-lo. O Senhor, entretanto, foi frio com ele e não o
encorajou. Antes, Ele parecia dizer: “Você me
seguirá? Você tem uma boa cama, um lugar
confortável para repousar a cabeça. Mas se você Me
seguir, não terá nem lugar para descansar a cabeça.
Tenho até mesmo menos do que as aves e as raposas
têm”. Assim, Ele desencorajou essa pessoa da alta
classe. Mas ao discípulo que foi advertido por esse
caso de não seguir o Senhor de uma maneira leve ou
desleixada, o Senhor deu uma palavra de
encorajamento. A palavra do Senhor encorajou-o a
esquecer de todas as preparações que estava fazendo,
para deixar os mortos enterrarem os mortos, e segui-
Lo.
Por esses dois casos vemos que não é fácil
contatar as pessoas. Como trataria com esses dois se
eles viessem a você hoje? Provavelmente aceitaria a
ambos. Entretanto, o Senhor fez distinção entre eles,
desencorajando um e encorajando outro.
Nesses dois casos vemos a maneira de seguir o
Rei celestial. Primeiro, quando O seguimos, não
devemos esperar ter qualquer desfrute material.
Segundo, para segui-Lo, devemos ignorar as
exigências dos mortos. O Senhor disse aos discípulos
para “deixar os mortos sepultar os seus próprios
mortos”. O primeiro morto refere-se às pessoas
espiritualmente mortas, como mencionado em
Efésios 2:1-5; o segundo refere-se ao pai fisicamente
morto do discípulo. Finalmente, aqueles que são
espiritualmente mortos cumprirão a tarefa de
enterrar os fisicamente mortos. Por meio dessa
experiência aprendemos que não devemos voltar
para realizar a tarefa pelos mortos. Deixe os mortos
fazerem essas tarefas em benefício dos mortos.
Somos os vivos e devemos continuar a seguir o Rei.
Mas não espere qualquer desfrute material, porque
você poderá não ter nenhum ninho, nenhum abrigo,
nenhum lugar para descansar a cabeça. Se não
esperar qualquer desfrute material e se deixar a
tarefa dos mortos para os mortos, você poderá
continuar a segui-Lo.
MENSAGEM 26

A CONTINUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO REI


(2)

III. A AUTORIDADE DO REI


Em 8:23-9:8 vemos a autoridade do Rei. A
seqüência de Mateus é maravilhosa. Após o Rei ter
revelado que nada possuía, nem mesmo um lar ou
um lugar para descansar, e de não permitir a Seus
seguidores realizar as obrigações dos mortos, o
registro de Mateus revela a autoridade desse Rei.
Embora nada tivesse, Ele tinha autoridade. Em 8:23-
9:8 essa autoridade tem três aspectos: a autoridade
sobre o vento e o mar (8:23-27), sobre os demônios
(8:28-34) e a autoridade para perdoar pecados (9:1-
8).

A. Sobre o Vento e o Mar


A autoridade do Senhor foi manifestada sobre o
vento e o mar. Essa não é uma autoridade comum;
antes, deve ser considerada como uma autoridade
extraordinária. O Senhor e Seus discípulos estavam
em um barco, e “eis que se levantou no mar uma
grande tempestade, de sorte que o barco era
encoberto pelas ondas” (v. 24). Quando os discípulos,
temendo perecer, foram acordar o Senhor (v. 25), Ele
disse: “Por que sois covardes, homens de pouca fé?”
(v. 26). A fé vem da palavra do Senhor e está baseada
nessa palavra (Rm 10:17). O Senhor deu a eles a
palavra no versículo 18 ordenando “passar para a
outra margem”. Se tivessem crido naquela palavra,
não haveria necessidade de orar como fizeram no
versículo 25. A percepção deles da palavra do Senhor
não foi completa; assim eles eram os de pouca fé.
O versículo 26 diz: “Então, levantando-se,
repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande
bonança”. Enquanto o Senhor e os discípulos
estavam navegando pelo mar para expulsar os
demônios, alguma coisa no ar e sob o mar começou a
causar-lhes dificuldade. No ar havia os anjos caídos,
e na água havia os demônios. Assim, a ordem do
Senhor não foi, na verdade, dada ao vento ou ao mar,
mas aos anjos caídos no ar e aos demônios debaixo
da água. Uma repreensão nunca é dada a coisas sem
vida, mas a coisas com personalidade. O Rei
repreendeu os ventos e o mar porque no vento estão
os anjos caí6:12), e no mar estão os demônios (Mt
8:32). Os anjos caídos no are os demônios na água
cooperaram para impedir o Rei de ir ao outro lado do
mar, porque eles sabiam que lá Ele expulsaria os
demônios (vs. 28-32). Tão logo o Rei ordenou aos
anjos caídos e aos demônios que parassem, eles
imediatamente obedeceram, e houve grande bonança.
A grande bonança era um contraste à medida da fé
deles, que era pouca (v. 26).
O versículo 27 diz: “E maravilharam-se os
homens, dizendo: Quem é este que até os ventos e o
mar lhe obedecem?” Na verdade, não era o vento e o
mar, mas os anjos caídos no céu e os demônios sob o
mar que obedeceram à autoridade do Rei. Portanto,
nos versículos 23 a 27 vemos uma manifestação da
autoridade sobrenatural do Rei. Ele não tinha ninho
nem covil nem lugar para descansar a cabeça;
entretanto, Ele tinha a autoridade sobrenatural sobre
o ambiente natural. Ele está inteiramente qualificado
para ser o Rei celestial do reino celestial. Além Dele,
jamais houve na terra um Rei com tal autoridade
extraordinária.

B. Sobre os Demônios
Quando o Senhor Jesus veio à terra dos
gadarenos, vieram-Lhe ao encontro dois deles que
estavam possuídos por demônios. Ao encontrarem o
Senhor Jesus, gritaram dizendo: “Que temos nós
Contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos
antes do tempo?” (v. 29). O Rei chamou a Si mesmo
de Filho do Homem (v. 20), mas os demônios O
chamaram Filho de Deus, tentando-O a apartar-se da
Sua posição de Filho do Homem. Os demônios
perguntaram-Lhe se tinha vindo atormentá-los antes
do tempo. As palavras “antes do tempo” implicam
que Deus havia determinado um tempo para que os
demônios fossem atormentados e que os demônios
conheciam esse tempo. Será após o milênio e pela
eternidade 1.
Os demônios, não querendo ser atormentados
antes do tempo, rogaram ao Senhor Jesus, dizendo:
“Se nos expulsas, manda-nos para a manada dos
porcos” (v. 31). O fato de os demônios rogarem-Lhe
indica que eles estavam sob o poder e autoridade do
Rei. O versículo 32 diz: “Ide, disse-lhes Jesus. E eles,
saindo, entraram nos porcos; e eis que toda a
manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para
dentro do mar, e nas águas pereceram”. A palavra
“ide” era uma ordem oficial do Rei, e os demônios a
obedeceram. O Rei aceitou o clamor dos demônios
para entrar nos porcos, porque os porcos são
impuros aos olhos de Deus (L v 11:7). Incapazes de
tolerar ser possuídos pelos demônios, os porcos
lançaram-se ao mar. Os demônios concordaram com
isso, porque a água é o lugar de habitação deles
(12:43-44).
'Ver Estudo-Vida de Apocalipse, mensagem 57.
(N. T) A intenção do Senhor ao permitir que os
demônios entrassem nos porcos, não era prejudicar o
trabalho dos seus criadores. Os porcos são sujos aos
olhos de Deus, por isso o Senhor Jesus destruiu a
ocupação impura deles na expectativa de que os que
se ocupavam com isso fossem salvos e voltassem a
Ele. Os porcos, sendo impuros e condenados por
Deus, não deveriam estar presentes.
Quando a notícia sobre os porcos chegou aos
seus proprietários, eles ficaram ofendidos. O
versículo 34 diz: “E eis que a cidade toda saiu para
encontrar-se com Jesus; e, vendo-O, rogaram-Lhe
que se retirasse das suas fronteiras”. Eles rogaram ao
Senhor Jesus para se retirar, e Ele partiu (9:1). O
povo da cidade, tendo perdido os seus porcos,
rejeitou o Rei. Eles queriam os seus porcos impuros,
mas não o Rei do reino celestial. Provavelmente
fossem gentios (Gadara ficava às margens do mar da
Galiléia, do lado oposto à Galiléia dos gentios-4:15).
Eles rejeitaram o Rei celestial por causa da maneira
impura deles de ganhar a vida.
A vinda do Rei a essa região pôs tudo em ordem.
Não apenas os demônios foram expulsos dos dois
homens, mas os porcos foram afogados.
Conseqüentemente, toda a região foi purificada e os
demônios retomaram ao seu lugar de habitação. Essa
foi uma exibição da autoridade do Senhor.

C. Perdoar Pecados
Em 9:1-8 vemos a autoridade do Rei para
perdoar pecados. Após o Senhor ter chegado à Sua
cidade, Cafarnaum, onde Ele agora habitava (4:13),
um paralítico foi levado a Ele. O versículo 2 diz: “E
eis que Lhe trouxeram um paralítico deitado num
leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Tem
ânimo, filho; perdoados são os teus pecados”. Os
homens que trouxeram o paralítico ao Senhor Jesus
descobriram o telhado sobre o lugar onde o Senhor
estava e fizeram uma abertura (Me 2:4). Por meio
disso o Senhor viu a fé deles. A menção de pecados
no versículo 2 indica que o paralítico estava doente
por causa dos seus pecados.
O versículo 3 diz: “Mas alguns escribas diziam
consigo: Este blasfema”. Os escribas, supondo que
conheciam as Escrituras, pensavam que apenas Deus
tinha autoridade para perdoar pecados, e que Jesus,
que aos olhos deles era apenas um homem,
blasfemava contra Deus quando dizia “estão
perdoados os teus pecados”. Isso indica que eles não
perceberam que o Senhor era Deus. Ao proferir tal
palavra, eles rejeitaram o Rei do reino celestial. Essa
foi a primeira rejeição dos líderes da religião judaica.
De acordo com os escribas, o Senhor Jesus estava
arrogando-se ser Deus e blasfemando contra Ele.
Mas o Senhor Jesus, é claro, absolutamente não
blasfemava, porque Ele é Deus. Como Deus, Ele não
apenas tem autoridade sobre o ambiente natural e
sobre os demônios; Ele também tem toda a
autoridade para perdoar as pessoas dos seus pecados.
O Senhor percebeu em Seu espírito (Me 2:8) o
arrazoamento dos escribas. Os versículos 4 e 5 dizem:
“E Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse:
Porque cogitais coisas malignas em vossos corações?
Pois qual é mais fácil, dizer: Perdoados são os teus
pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?” A expressão
grega aqui traduzida para “pensamentos” também
significa cogitações, suspeitas maldosas com
sentimentos fortes ou passionais. Os escribas não
precisaram expressar seus pensamentos porque o
Senhor Jesus, pela percepção do Seu espírito, foi
capaz de discernir os pensamentos no interior do
coração deles, e interrogou-os acerca disso. A
percepção do Senhor dos pensamentos dos escribas
indica que verdadeiramente Ele é Deus. Se Ele não
fosse Deus, como poderia ter conhecimento dessas
coisas? Note que o Senhor não disse “Que é mais
difícil?”, porque para Ele nada é difícil. Para Ele,
dizer “Perdoados são os teus pecados” era mais fácil
do que dizer “Levanta-te e anda”, porque ninguém
sabe se os pecados de alguém estão perdoados ou não.
Portanto, é fácil dizer isso. O levantar e andar do
paralítico provam que seus pecados foram perdoados.
A salvação do Senhor não apenas perdoa nossos
pecados, mas também nos faz levantar e andar. Não é
levantar e andar primeiro e, então, ser perdoado de
nossos pecados; isso seria por obras. Antes, é ser
primeiro perdoado de nossos pecados e, então,
levantar e andar; isso é pela graça.
O versículo 6 diz: “Mas para que saibais que o
Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para
perdoar pecados disse então ao paralítico: Levanta-te,
toma o teu leito e vai para tua casa”. Perdoar pecados
é uma questão de autoridade na terra. Apenas esse
Salvador real, que foi autorizado por Deus e que
morreu para redimir os pecados, tem tal
autoridad5:31; 10:43; 13:38). Essa autoridade era
para o estabelecimento do reino dos céus (Mt 16:19).
O Senhor capacitou o paralítico não apenas a
andar, mas também a pegar o seu leito e andar.
Outrora o leito o carregou; agora ele carrega o leito.
Esse é o poder da salvação do Senhor. Esse paralítico
foi trazido ao Senhor pelos outros, mas foi para casa
por si mesmo. Isso indica que por si mesmo o
pecador não consegue ir ao Senhor, mas que
mediante a salvação do Senhor o pecador pode partir
por si mesmo.
O versículo 7 diz: “E, levantando-se, foi para sua
casa”. O fato de o paralítico levantar-se e partir
provou que ele foi curado, e a sua cura provou que
seus pecados foram perdoados. Essa era uma prova
forte de que o Senhor Jesus tinha a autoridade para
perdoar os pecados do povo. O que esses casos
revelam a nós não é o poder de Cristo, mas a
autoridade do Rei celestial. A autoridade, é claro, é
sustentada pelo poder. Entretanto, a autoridade é
mais elevada que o poder. Alguns podem ter poder,
mas sem autoridade. Para que Jesus, o Senhor, fosse
vindicado como o Rei celestial, havia necessidade de
que Ele mostrasse a Seus seguidores Sua autoridade.
Essa autoridade é para lidar com as coisas negativas,
o ambiente de oposição instigado pelos espíritos
malignos, os demônios e os pecados que corrompem.
Cristo, como o Rei celestial, tem toda a autoridade
para lidar com tudo isso, e todos são subjugados sob
a Sua autoridade. Isso traz o estabelecimento do Seu
reino celestial na terra.
Se reunirmos esses casos registrados em 8:1-9:8,
vemos uma clara figura de quem é esse Rei celestial.
Ele é o Salvador dos judeus e também dos gentios.
Ele será o Salvador dos judeus arrependidos e
também será Aquele que restaurará toda a terra no
milênio. Ele tem autoridade sobre o vento, o mar e os
demônios. Ele também tem autoridade para perdoar
às pessoas seus pecados e fazer essas pessoas
levantar e andar. Se quisermos seguir esse Rei
celestial, não devemos esperar qualquer desfrute
material, e também precisamos ignorar as obrigações
dos mortos e suas tarefas. A visão panorâmica dessa
porção da Palavra fornece um retrato vívido de quem
é o Rei celestial.
MENSAGEM 27

A CONTINUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO REI


(3)

IV. BANQUETEIA COM OS PECADORES


Em 9:9-17 chegamos a uma bela, doce e íntima
porção do Evangelho de Mateus. Depois que o Rei
decretou a constituição do reino dos céus e
manifestou a Sua autoridade como o Rei em muitas
situações, em 9:9-13 nós O vemos banqueteando com
pecadores.

A. O Chamamento de Mateus
Em 9:9 temos o chamamento de Mateus. Este
versículo diz: “Partindo Jesus dali, viu um homem,
chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe:
Segue-Me! Ele se levantou e O seguiu”. Mateus era
também chamado de Levi (Me 2:14; Lc 5:27). Ele era
um coletor de impostos que se tornou um apóstolo
pela graça de Deus (Mt 10:2-3; At 1:13, 26). Ele foi o
escritor desse Evangelho.
O chamamento de Mateus foi um pouco
diferente do chamamento de Pedra, André, Tiago e
João. Quando Pedro e André foram chamados, eles
estavam lançando redes ao mar; e quando Tiago e
João foram chamados, eles estavam remendando
suas redes. O Senhor os chamou, eles deixaram seu
trabalho e seguiram-N o. Quando o Senhor Jesus
estava passando pela coletoria, onde os coletores de
impostos ficavam, Ele viu Mateus e o chamou, e
Mateus seguiu-O. De acordo com o registro em 9:9
parece que aquela era a primeira vez que o Senhor
encontrava Mateus. Deve ter havido algum poder de
atração no Senhor ou em Sua palavra ou aparência
que fizesse com que Mateus O seguisse.
Seguir o Senhor inclui crer Nele. Ninguém O
segue a menos que creia Nele. Crer no Senhor é ser
salvo (At 16:31), e segui-Lo é entrar pela porta
estreita e andar no caminho apertado para parti7:13-
14).

B. Uma Festa Preparada para o Rei


O versículo 10 diz: “E sucedeu que, estando Ele
reclinado à mesa na casa, eis que muitos cobradores
de impostos e pecadores vieram e reclinaram-se com
Jesus e Seus discípulos”. A casa mencionada nesse
versículo era a casa de Mateus (Lc 5:29; Me 2:15).
Como o escritor desse Evangelho, Mateus
propositadamente não registrou que aquela era a sua
casa e que foi ele quem fez um grande banquete para
o Senhor. Com isso ele demonstrou sua humildade.
Mas Lucas 5:29 disse claramente que Levi, isto é,
Mateus, “Lhe ofereceu (...) um grande banquete em
sua casa”. Portanto, Mateus abriu sua casa e
preparou uma grande festa para o Senhor e Seus
discípulos.

C. Muitos Cobradores de Impostos e


Pecadores Participaram do Banquete com o
Rei e Seus Discípulos
O versículo 10 diz que “muitos cobradores de
impostos e pecadores vieram e reclinaram-se com
Jesus e Seus discípulos”. Isso revela que tipo de
pessoa Mateus era. Ele era um pecador, um coletor
de impostos desprezado, que tinha muitos pecadores
como seus amigos. Se ele não fosse essa pessoa
vulgar, por que haveria somente coletores de
impostos e pecadores e não os da alta sociedade
banqueteando na casa de Mateus com o Senhor
Jesus? Embora Mateus fosse tal pessoa vulgar, ele
tomou-se não apenas um discípulo, mas um dos doze
apóstolos.
Um coletor de impostos era uma pessoa
desprezada. Quase todos os coletores de impostos
abusavam da sua posição para exigir mais do que
poderiam por meio de falsas acusações (Lc 3:12-13;
19:2, 8). Pagar impostos aos romanos era muito
doloroso para os judeus. Aqueles contratados para
cobrá-los eram desprezados pelo povo e considerados
indignos de respeito (Lc 18:9-1 O).
Conseqüentemente, eles eram inclui dos entre os
pecadores (Mt 9:10-11). Como devemos adorar o
Senhor porque mesmo uma pessoa de tão pouca
dignidade como Mateus, debaixo da misericórdia de
Deus e pela Sua graça, pôde tomar-se um apóstolo!
Após ser salvo, Mateus ficou tão grato ao Senhor que
abriu sua casa e preparou uma festa para Ele e Seus
discípulos. Assim, essa seção da Palavra inicia de tal
maneira doce e íntima.

D. Os Fariseus Condenam o Rei por Comer


com Cobradores de Impostos e Pecadores
O versículo 11 diz: “Vendo isso os fariseus,
perguntavam aos discípulos Dele: Por que come o
vosso Mestre com os cobradores de impostos e
pecadores?” Os fariseus, a seita religiosa mais
rigorosa dos judeus, se orgulhavam da sua santidade
de vida superior, devoção a Deus e conhecimento das
Escrituras. Enquanto o Senhor Jesus estava
desfrutando o banquete com todos os cobradores de
impostos e pecadores, os fariseus criticavam e
condenavam-No, e perguntavam aos discípulos por
que o mestre deles comia com tais pessoas. Essa
questão indica que os fariseus que se consideravam
justos não conheciam a graça de Deus. Eles
supunham que Deus lida com o homem apenas
segundo a justiça. Ao perguntar isso, eles foram
expostos como dissidentes do Rei celestial,
rejeitando-O assim. Essa é uma continuação da
rejeição do Rei celestial iniciada no versículo 3 pelos
lideres da religião judaica.

E. O Senhor Revelou-se como o Médico

e como Aquele que Veio Chamar Pecadores


O Senhor aproveitou a oportunidade propiciada
pela pergunta dos fariseus para dar uma revelação
muito doce de Si mesmo como o Médico. No
versículo 12 vemos a resposta do Senhor à pergunta
dos fariseus: “Os sãos não precisam de médico, e, sim,
os doentes”. O Senhor estava mostrando aos fariseus
que esses publicanos e pecadores eram os pacientes,
os doentes, e que para eles o Senhor não era um juiz,
mas um médico, Aquele que cura. Ao chamar as
pessoas para segui-Lo por causa do reino, o Rei do
reino celestial ministrou como um médico, não como
um juiz. O julgamento do juiz é conforme a justiça,
enquanto a cura do médico é segundo a misericórdia
e graça. Aqueles a quem Ele tomou pessoas do Seu
reino celestial eram leprosos (8:2-4), paralíticos (8:5-
13; 9:2-8), febris (8:14-15), endemoninhados (8:16,
28-32), afligidos com toda espécie de enfermidade
(8:16), publicanos desprezados e pecadores (9:9-11).
Se Ele tivesse visitado essas pessoas miseráveis como
um juiz, todos teriam sido condenados e reeitados, e
ninguém teria sido qualificado, escolhido e chamado
para ser o povo do Seu reino celestial. Mas Ele veio
para ministrar como um médico, para curar,
restaurar, avivar e salvar as pessoas, de tal modo que
possam ser reconstituídas para serem Seus novos e
celestiais cidadãos, com quem Ele poderia
estabelecer Seu reino celestial nesta terra corrupta. A
palavra do Senhor aqui implica que os fariseus que se
consideram justos não reconheciam que
necessitavam Dele como um médico. Eles
consideravam-se sãos; assim, cegados pela sua
justiça própria, eles não sabiam que estavam doentes.
Os fariseus que se consideravam justos
criticavam o Senhor Jesus e condenavam todas
aquelas pessoas impuras. Mas o Senhor parecia
dizer: “Essas pessoas não são impuras; são enfermas.
Eu não vim como um juiz para condená-las, mas
como um médico, como Aquele amável, querido e
intimo que cura”. Quando o Senhor Jesus estava
falando essas palavras, Ele estava certamente
indicando que os fariseus, que se consideravam
justos, eram, na verdade, doentes tanto quanto os
outros.
O Senhor Jesus deu uma palavra adicional no
versículo 13: “Ide, porém, e aprendei o que significa:
“Misericórdia quero, e não sacrifício”; pois não vim
chamar justos, e, sim, pecadores”. Os fariseus que se
consideravam justos pensavam que conheciam tudo
com respeito aDeus. A fim de humilhá-los, o Senhor
disse-lhes para aprenderem mais.
Misericórdia é uma parte da graça e é algo que o
homem recebe de Deus. Mas a justiça própria do
homem não gosta de receber misericórdia ou graça
de Deus; prefere oferecer sacrifícios a Deus, dar algo
a Deus. Isso contradiz a maneira de Deus em Sua
economia. Assim como Deus deseja mostrar
misericórdia aos pecadores miseráveis, assim Ele
quer também mostrar misericórdia a outros em amor
(Mq 6:6-8; Me 12:33).
O Senhor diz aqui que Ele não veio chamar
justos, mas pecadores. Na verdade, não há justo, nem
sequer um (Rm 3:10). Todos os justos justificam-se
como os fariseus (Lc 18:9). O Salvador real não veio
chamá-los, mas aos pecadores. Os fariseus se
orgulhavam do seu conhecimento das Escrituras, e
achavam que conheciam a Bíblia muito bem. Mas
aqui o Senhor Jesus disse-lhes para ir e aprender
algo, aprender o significado da palavra “Misericórdia
quero, e não sacrifício”. O Senhor parecia estar
dizendo aos fariseus: “Vocês, fariseus, que se
consideram justos, condenam essas pessoas sem
misericórdia. Mas Deus deseja misericórdia. Agora é
a hora para Eu exercitar a misericórdia de Deus sobre
esse povo miserável, sendo um médico para eles. Eu
não estou aqui como um juiz. Estou aqui como um
médico amável para cuidar dos seus problemas, e
agora Eu os estou curando”.
Você é justo? Se disser: “Não, eu não sou justo”,
você é bem-aventurado. Bem-aventurados são os que
não se consideram justos, mas que reconhecem que
são pecadores. A razão para isso é que o Senhor não
veio chamar os justos, mas os pecadores. O Senhor
podia dizer aos que se consideram justos: “Se você se
considera justo, minha vinda não é para você, porque
Eu vim para os pecadores. Não se considere justo.
Antes, você deve perceber quão pecador é. Se você se
considera um pecador, então está preparado para
Minha vinda”.
Sem o ambiente retratado nesses versículos, o
Senhor Jesus não teria tido a oportunidade para
revelar-se como o Médico. O Senhor não disse
simplesmente aos Seus discípulos: “Você deve saber
que Eu não vim como um juiz, mas como um
médico”. Isso teria sido meramente uma doutrina.
Enquanto o Senhor estava banqueteando com todos
aqueles enfermos, Ele revelou-se como o Médico.
Aqueles publicanos e pecadores não eram
fisicamente doentes; eram espiritualmente doentes.
Enquanto o Senhor Jesus estava banqueteando com
eles, Ele os estava curando. O Senhor estava falando
aos fariseus: “Fariseus, vocês são os juízes, mas Eu
sou o Médico. Como um Médico, posso curar apenas
os doentes. Se acham que não estão doentes, então
nada tenho a ver com vocês, Eu não posso curá-los.
Eu vim aqui para chamar os pecadores, os doentes,
não os justos, os sadios. De qual lado vocês estão do
lado dos justos ou do lado dos pecadores? Se tomar o
lado dos pecadores, então Eu estou aqui para ser seu
Médico”.
Mateus revela mais de trinta e três aspectos de
Cristo, um dos quais é Cristo como o Médico. Ele não
é apenas nosso Rei, nosso Salvador e nossa vida; Ele
é também nosso Médico. Se ti vermos essa visão,
teremos fé Nele e confiaremos Nele sempre que
estivermos doentes fisicamente, espiritualmente ou
mentalmente. Precisamos confiar Nele como nosso
Médico.
O Evangelho de Mateus é um livro do reino;
contudo, é também um livro cheio das riquezas do
Rei celestial. Esse Rei celestial é nosso Médico com
autoridade de curar. Sua cura não é simplesmente
uma questão de poder, é uma questão de autoridade.
Para curar-nos Ele não precisa tocar-nos diretamente.
Ele precisa apenas falar uma palavra e Sua
autoridade virá com a Sua palavra. Lembre-se do
caso da cura do servo do centurião. O centurião disse
ao Senhor: “Apenas dize uma palavra, e o meu criado
será curado” (8:8). Além disso, o centurião podia
dizer: “Eu sou também um homem sujeito à
autoridade e muitos outros estão sob minha
autoridade. Simplesmente falo uma palavra, e eles
obedecem, porque na minha palavra há autoridade.
Senhor, Tu não precisas vir à minha casa.
Simplesmente dize uma palavra, e a Tua autoridade
virá com a Tua palavra”. A palavra do Senhor nos
cura não com poder, mas com autoridade. Muitos
cristãos pensam que o Senhor nos cura porque Ele é
capaz de curar. Esse é um conceito natural. A cura do
Senhor não é uma questão da Sua habilidade de
curar; Sua cura é uma questão de autoridade. Ele
simplesmente precisa dizer: “Enfermidades, vão
embora”. Isso é autoridade. Com essa mesma
autoridade Ele é também inteiramente capaz de
ordenar às doenças mentais que desapareçam. Assim,
Ele nos cura com autoridade. Porque os fariseus
eram religiosos e se consideravam justos, o Senhor
lidou com eles. Os fariseus pensavam que os
publicanos e pecadores eram rejeitados. Esse era o
conceito religioso deles. O Senhor aproveitou-se da
expressão dos conceitos religiosos dos fariseus para
revelar-se como o Médico. Ele parecia dizer: “Vocês,
fariseus, vocês, povo religioso, estão errados. Não
estou aqui como um juiz condenando o povo. Estou
aqui como um Médico para curá-los. E gostaria de
curá-los também, se estivessem dispostos a ser
curados”. Quão doce e íntima é essa porção da
Palavra!

V. BANQUETEAR COM O NOIVO

A. Os Discípulos de João e os Fariseus


Como um livro de doutrina, Mateus nos
apresenta um outro casoem9:14-17: ocaso de
banquetear sem o Noivo. O versículo 14 diz: “Então
chegaram-se a Ele os discípulos de João,
perguntando: Por que jejuamos nós e os fariseus
muitas vezes, mas os Teus discípulos não jejuam?”
Os versículos 10 a 13 registram o tratamento do
Senhor na questão dos fariseus, que estavam na velha
religião. Agora nos versículos 14 a 17 o Senhor trata o
problema dos discípulos de João que estavam na
nova religião. João Batista renunciou à velha religião
e começou seu ministério no deserto, fora da religião.
Entretanto, após curto tempo, seus discípulos
formaram uma nova religião para frustrar o homem
de desfrutar Cristo, assim como fizeram os fariseus
na velha religião. O ministério de João Batista era
apresentar o homem a Cristo para que Ele pudesse
tornar-se o Redentor, a vida e tudo para eles.
Entretanto, alguns dos seus discípulos se desviaram
do seu alvo, Cristo, para algumas das práticas de
João, e fizeram daquelas práticas uma religião. Ser
religioso significa fazer algo para Deus sem Cristo.
Fazer alguma coisa sem a presença de Cristo, ainda
que isso seja escritural e essencial, é religioso. Tanto
os discípulos de João, os da nova religião, como os
fariseus, os da velha religião, jejuavam muito, todavia
sem Cristo. Eles não confessavam Cristo como o
Noivo, mas faziam do jejum uma questão de religião.
Entretanto, eles condenavam os discípulos de Cristo
que não jejuavam, mas que tinham Cristo com eles e
viviam em Sua presença.
João Batista nasceu sacerdote, mas depois
abandonou totalmente todas as coisas religiosas.
Contudo, em menos de três anos depois de ter sido
posto na prisão, seus discípulos formaram uma nova
religião, Ter uma religião é adorar a Deus, servir a
Deus e fazer coisas para agradar a Deus; todavia, sem
Cristo. Uma religião é algo que você faz para Deus
sem o Espírito, sem Cristo. Os fariseus fizeram
muitas coisas para Deus, mas Cristo não estava neles.
Eles faziam muitas coisas para servir a Deus, mas
sem o Espírito. Agora os discípulos de João Batista
estavam jejuando sem Cristo, sem o Espírito. No
entanto, esse jejum era para Deus. Portanto, eles
formavam uma outra religião. Assim, no versículo 14
temos a velha religião, a religião dos fariseus, e a
nova religião, a religião dos discípulos de João.
Como é fácil ter uma religião! Não pense que
você pode ficar livre da religião simplesmente
renunciando à velha maneira e se apegando a outra
maneira. Não importa se a maneira é velha ou nova, é
uma religião uma vez que não tem Cristo e o Espírito
nela. Sua nova maneira pode simplesmente ser sua
nova religião. Lembre-se o que é religião: é fazer
coisas para agradar a Deus sem Cristo e o Espírito.
Os fariseus que se consideravam justos, os da
velha religião, ficaram incomodados pelo fato de
Cristo fazer-se um companheiro dos publicanos e
pecadores, que eram condenados por eles (v. 11). Eles
O condenavam por comer com os pecadores. Os
discípulos jejuadores de João, os da nova religião,
foram perturbados pelo banquete de Cristo e Seus
discípulos (v. 10) e condenaram-nos por não
jejuarem. A situação de hoje é semelhante. Por todos
os lados os religiosos nos condenam. Que, então,
devemos fazer? Devemos ficar com o Médico.

B. Não Jejuar com o Noivo


No caso da nova religião, o Senhor não é apenas
o Médico, mas também o Noivo. No versículo 15 o
Senhor Jesus disse a eles: “Podem acaso prantear os
companheiros do noivo enquanto o Noivo está com
eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o
Noivo, e então jejuarão”. O Médico e o Noivo são
agradáveis. Aprecio a sabedoria do Senhor. No caso
dos fariseus, Ele comparou-se a um médico. Agora no
caso dos discípulos de João, Ele compara-se a um
noivo numa festa de casamento. O Senhor perguntou
se os convidados do casamento podem prantear
enquanto o noivo está com eles. Esse é um tempo
alegre com o Noivo. Mas quando o Noivo vai embora,
eles podem jejuar.
A frase “companheiros do noivo” refere-se aos
discípulos do Senhor. No período transitório do
ministério do Senhor na terra, Seus discípulos eram
os convidados para o casamento. Mais tarde eles se
tomarão a Noiva (103:29; Ap 19:7). O Noivo foi tirado
dos convidados quando o Salvador real ascendeu aos
céus à vista dos discípulos (At 1:11). Depois disso, eles
jejuaram (At 13:2-3; 14:23).
Ao tratar com os dissensores fariseus da velha
religião, e que se consideravam justos, o Salvador
real indicou que Ele era um Médico para curar os
doentes (v. 12). Ao tratar o jejum e a discordância dos
discípulos de João que tinham formado a nova
religião, Ele revelou-se como um Noivo para receber
a Noiva. João Batista disse a Seus discípulos que
Cristo era o Noivo para receber a Noiva (Jo 3:25-29).
Agora Cristo, o Salvador real, lembrou alguns deles
disso. O Salvador real primeiramente curou Seus
seguidores, então fê-los convidados para o casamento.
Finalmente, Ele fará deles a Sua Noiva. Eles devem
apropriar-se Dele não apenas como Médico para a
recuperação da vida deles, mas também como Noivo
para um viver de desfrute em Sua presença. Eles
estavam numa alegre festa de casamento com Ele,
não num triste funeral sem Ele. Como, então,
poderiam jejuar e não festejar diante Dele? Essa
pergunta discordante indica que alguns dos
discípulos de João caíram numa nova religião e
também rejeitaram o Salvador real.
A pergunta dos discípulos de João parecia ser
sobre doutrina. Mas o Senhor não respondeu com
uma doutrina, mas com uma Pessoa, a Pessoa mais
amável, o Noivo. As pessoas religiosas sempre se
preocupam com sua doutrina, com seus raciocínios
doutrinários. Mas Cristo se importa apenas com Ele
mesmo. O viver e andar dos Seus seguidores deviam
ser regulados e dirigidos apenas por Sua Pessoa e Sua
presença, não por qualquer doutrina.
Seria ridículo para alguém jejuar no casamento.
Além do mais, jejuar enquanto outros estão
desfrutando na festa de casamento seria um insulto
para o noivo. Aqui vemos a sabedoria do Senhor. Ele
não os acusou, mas certamente condenou os
religiosos. O Senhor parecia estar dizendo: “Vocês,
pessoas religiosas, perderam o alvo. Não percebem
que Eu sou o Noivo e que todos os Meus discípulos à
Minha volta são os convidados do casamento? Eles
não deveriam estar em jejum. Eles devem banquetear
Comigo”. Sem esses dois casos, o Senhor Jesus nunca
poderia ter sido revelado como o Médico e o Noivo.
Devemos agradecer ao Senhor pelos fariseus e pelos
discípulos de João. Devemos até mesmo agradecer ao
Senhor por todas as religiões, pois sem as ocasiões
oferecidas pela religião o Senhor não poderia ser
revelado em tantos diferentes aspectos. É o mesmo
hoje.
MENSAGEM 28

A CONTINUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO REI


(4)
Esta mensagem é a continuação da anterior, no
trecho de 9:9-17.

C. Não Pôr Remendo de Pano Novo em V este


Velha
Em 9:16 o Senhor continua com algo ainda mais
belo, doce e íntimo. Ele disse: “Ninguém põe
remendo de pano novo em veste velha, porque o
remendo tira parte da veste, e fica pior a rotura”. A
palavra grega traduzida para “novo” é agnaphos,
formado por um a, que dá um sentido de negação, e
gnapto, que significa cardar ou pentear a lã, portanto,
preparar, encolher o pano. Assim, a palavra significa
nãocardado, não-franzido, sem acabamento, não-
encolhido, nãotratado. O tecido novo representa
Cristo desde a Sua encarnação até a Sua crucificação
como um pedaço de pano novo, não-tratado, cru,
enquanto a nova veste em Lucas 5:36 significa Cristo
após ser tratado em Sua crucificação como uma nova
veste (a palavra grega para “novo” em Lucas 5:36 é
kainos, o mesmo que a palavra para “novo” em
Mateus 9:17). Cristo era primeiramente o tecido cru
para fazer uma nova veste, e, então, por Sua morte e
ressurreição, Ele foi feito uma nova veste para cobrir-
nos como nossa justiça diante de Deus a fim de que
possamos ser justificados por Deus e aceitos por Ele
(Lc 15:22; GI3:3:9). Um pedaço de pano cru posto em
uma veste velha tira parte do vestido pela sua força
de encolhimento, fazendo, assim, a rotura. Fazer isso
significa imitar o que Cristo fez em Sua vida humana
na terra. Isso é o que os modernistas hoje estão
fazendo. Eles apenas imitam os feitos humanos de
Jesus para melhorar o comportamento deles; eles
não crêem no Jesus crucificado como seu Redentor
ou no Cristo ressurreto como a nova veste deles, para
cobri-los como a justiça deles diante de Deus.
A veste velha no versículo 16 significa o bom
comportamento do homem, os feitos bons e as
práticas religiosas por sua velha vida natural. O
Senhor Jesus era muito sábio. No versículo 16 Ele
não disse: “Vocês, discípulos de João, devem
perceber que suas vestes estão rotas e cheias de
buracos. Ao jejuar vocês estão, na verdade, cortando
um pedaço de veste nova e usando-a para remendar
os buracos em suas vestes”. Em vez de dizer isso
diretamente, o Senhor Jesus indicou aos discípulos
de João que eles não tinham uma veste perfeita. Ele
indicou que as vestes deles tinham buracos e que, ao
jej uar, eles estavam tentando remendar os buracos.
Nenhum ser humano poderia proferir tal palavra
como essa falada pelo Senhor Jesus no versículo 16.
Sua palavra de sabedoria é cheia de significado,
exortação, revelação e instrução. O Senhor estava
dizendo aos discípulos: “Por que vocês perguntam-
Me sobre o jejum? O jejum de vocês é uma maneira
de remendar sua veste rota. Pelos jej uns, vocês
mostram que percebem que há buracos em suas
vestes que precisam ser remendados. O mestre de
vocês, João, apresentou-os a Mim. Agora estão Me
utilizando para remendar seus buracos. Isso significa
que estão cortando um pedaço do Meu tecido cru
para remendar os buracos em suas vestes. Mas Meu
tecido está cheio de força de encolhimento. Não
ponha qualquer parte dele em sua velha veste rota.
Se o fizer, o buraco se tornará maior”.
A narrativa em Lucas 5:36 é um tanto diferente
da de Mateus 9:16. Lucas 5:36diz: “Ninguém rasga
um retalho de veste nova e o põe em veste velha”.
Note que Mateus diz “pano” e Lucas, “veste”. O
Senhor Jesus assemelhou-se a um pedaço de tecido
cru. Isso aponta para o que Ele era entre Sua
encarnação e crucificação. Nesse período Ele era um
tecido cru, novo, que nunca tinha sido enrugado ou
tratado. Por meio de Sua morte e ressurreição esse
novo tecido foi tratado e tornou-se uma nova veste. A
intenção do Senhor era dar-se a nós não como um
pedaço de pano cru, mas como uma veste terminada,
concluída, que podemos vestir como nossa justiça
para sermos justificados diante de Deus. Após Sua
morte e ressurreição, Ele tornou-se a veste pronta
para vestirmos, a fim de que possamos estar
presentes na Sua festa de casamento.
Por que o Senhor Jesus, após dizer-nos que Ele é
o Noivo, continuou falando do tecido novo, da veste
nova? Devemos olhar mais profundamente para
discernir seu significado. O Senhor nos disse que o
Noivo está conosco. Mas olhe para si mesmo-você é
digno da Sua presença? Você acha que a sua
verdadeira condição aos olhos de Deus é digna da
presença do Noivo? Devemos todos responder “Não”.
Tudo o que temos e tudo o que somos não é digno da
presença do Senhor. Para desfrutar a presença do
Senhor precisamos de certas qualificações;
precisamos estar em certa condição e em certa
situação. O que somos por nascimento, o que somos
naturalmente, tudo o que podemos fazer e tudo o que
temos, não nos qualifica a estar na presença do Noivo.
O Noivo é Cristo e Cristo é o próprio Deus. Suponha
que Deus apareça a você hoje. Você poderia
realmente estar lá? Ele é o Deus santo, o Deus justo,
e como tal é o Noivo. Lembre-se da história do filho
pródigo em Lucas 15. O filho pródigo voltou para
casa. O pai, sem dúvida, amava-o profundamente,
mas a condição do filho era absolutamente imprópria
para a presença do pai. Por isso, o pai imediatamente
disse a seus servos para pegar a melhor veste e pôr
nele, tomando-o, assim, digno da sua presença.
Nosso Noivo é o próprio Deus. Como podemos nós,
pobres pecadores, desfrutar a presença do Rei
celestial? Devemos lembrar o contexto desses
versículos em Mateus 9: O Senhor Jesus estava
comendo com os publicanos e pecadores. Somos
“publicanos” e pecadores. Não estamos qualificados;
precisamos de algo para cobrir-nos a fim de que
possamos estar na presença do Senhor. Por isso, após
o Senhor ter falado de Si mesmo como o Noivo, Ele
disse que precisamos estar vestidos de uma nova
veste. Quando vestimos a nova veste, somos dignos
da Sua presença. Quando o filho pródigo foi vestido
com a melhor roupa, ele pôde imediatamente ficar na
presença do seu honrado pai. A melhor roupa
qualificou-o a desfrutar a presença do pai. Como
pecadores e “publicanos” precisamos estar vestidos
com uma nova veste para que possamos ser dignos
da presença do Noivo.
Não gosto de apresentar meros ensinamentos e
doutrinas-prefiro a prática, a experiência. Deixem-
me conferir com vocês: uma vez que Cristo tomou-se
a nova veste após a Sua ressurreição, como, então,
podemos vesti-Lo? Gálatas 3:27 diz: “Porque todos
quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos
revestistes”. Devemos revestir-nos de Cristo, e a
maneira de fazê-lo é ser batizado para dentro Dele.
Agora devemos ver como podemos ser batizados para
dentro de Cristo. Vimos que após a Sua ressurreição
Cristo tornou-se uma nova veste, mas a Bíblia
também nos diz que após a Sua ressurreição Ele
tornou-se um Espírito que dá vida (1Co 15:45). Se
Cristo não fosse o Espírito, como poderíamos ser
batizados para dentro Dele? Ao ser crucificado,
sepultado e ressuscitado, Cristo tomou-se um
pneuma que dá vida, um sopro que dá vida, o ar que
vive. Como o sopro, é tão fácil Ele entrar em nós, e
como o ar, é tão fácil nós entrarmos Nele. Cristo em
ressurreição tomou-se um Espírito. Esse Espírito que
dá vida é o Todo-inclusivo. Nesse Espírito está tudo o
que Cristo é e tudo o que Ele realizou. Esse Espírito
todo-inclusivo é o próprio Cristo todo-inclusivo, e
esse Cristo como o Espírito é a nova veste para
vestirmos. Portanto, a veste é o Espírito. Fomos
batizados para dentro de Cristo como o Espírito-é
assim que vestimos Cristo. Cristo é o pneuma, o
Espírito todo-inclusivo. Quando somos batizados
para dentro Dele, nós O vestimos. Imediatamente Ele,
como o Espírito, torna-se nossa roupa, nossa
cobertura, e somos qualificados. Portanto, a nova
veste que devemos vestir é o próprio Cristo como o
Espírito todo-inclusivo.
Esse é o significado da palavra do Senhor em
Mateus 28:19: “Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os no nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo”. A realidade do nome está
no Espírito. Batizar as pessoas para dentro do nome
significa batizá-las para dentro do Espírito, que é
Cristo como o pneuma todo-inclusivo. Cristo
encarnou-se, viveu na terra, foi crucificado e realizou
a redenção, e foi ressuscitado. Depois de tudo
concluído, Ele tomou-se o pneuma todo-inclusivo em
Sua ressurreição. A encarnação está incluída nesse
pneuma; a crucificação e redenção estão incluídas
nesse pneuma; a ressurreição, o poder da Sua
ressurreição e a vida de ressurreição estão todos
incluídos nesse pneuma. Quando fomos batizados
Nele, fomos batizados para dentro desse pneuma.
Quando fomos batizados Nele, nós O vestimos.
Devemos vestir Cristo como a nova veste, e essa nova
veste é o Espírito todo-inclusi vo. Cristo não é mais o
tecido cru. Ele é agora a veste terminada. Nessa veste
terminada temos a redenção, o poder de ressurreição
e todos os elementos da Pessoa divina. Essa nova
veste não é apenas um pedaço de pano, mas o
pneuma divino, o Espírito todo-inclusivo, incluindo a
encarnação de Cristo, Sua crucificação, Sua obra
redentora, Sua ressurreição e Seu poder de
ressurreição. Agora Ele é a veste concluída para
vestirmos. Aleluia! podemos vestir tal Cristo!

D. Não Pôr Vinho Novo em Odres Velhos


Mateus 9:17 diz: “Nem se põe vinho novo em
odres velhos; do contrário, rompem-se os odres,
derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas, põe-
se vinho novo em odres novos, e ambos se
conservam”. A palavra grega traduzida para “novo”
nesse versículo é neos, que significa novo em tempo,
recente, jovem. O vinho novo aqui representa Cristo
como a nova vida, plena de vigor, que empolga as
pessoas. O vinho novo é a vida encorajadora de Cristo.
A vida divina é comparada ao vinho que tem poder
animador. Quando recebemos Sua vida, ela opera
dentro de nós o dia todo para nos animar e empolgar.
Esse vinho novo fortalece-nos, energiza-nos e nos faz
muito felizes. O Salvador real não é apenas o Noivo
para o desfrute do povo do reino, é também a nova
veste para equipá-los e qualificá-los externamente a
fim de participarem da festa de casamento. Ainda
mais, Ele é também a nova vida para animá-los
interiormente para o desfrute Dele como o Noivo. Ele,
como o Rei celestial, é o Noivo para o desfrute das
pessoas do reino, e o Seu reino celestial é a festa de
casamento (22:2) para que possamos desfrutá-Lo.
Para desfrutá-Lo como o Noivo na festa do reino, eles
precisam Dele como a nova veste exterior e o vinho
novo interior.
Considere novamente o exemplo do filho
pródigo. Após vestir a melhor roupa, o filho pródigo
ainda poderia dizer: “Ó pai, a melhor roupa satisfaz a
ti, mas não a mim. Eu ainda estou faminto e preciso
ser satisfeito”. Imediatamente o pai ordenou ao servo
para matar o novilho cevado e disse: “Comamos e
regozijemo-nos”. Assim, a provisão do pai não é
apenas para algo exterior, mas também para algo
interior. Precisamos de algo para nos cobrir, e
também precisamos de algo para nos preencher.
Somos tão pobres exteriormente e tão vazios
interiormente. Precisamos da veste sobre nós por
causa do Pai e do novo vinho dentro de nós por nossa
própria causa. Precisamos tanto da nova veste como
do vinho novo. O Senhor é a nova veste para nós, e
Ele é também o novo vinho. Ele é nossa cobertura e
também nosso conteúdo. Ele não apenas nos
qualifica, Ele também nos satisfaz. Portanto, Ele é
nossa qualificação e nossa satisfação, a provisão para
nossa necessidade exterior e para toda nossa fome e
sede interiores.
No versículo 17 o Senhor disse que não
deveríamos colocar o vinho novo em odres velhos.
“Odres velhos” significam práticas religiosas, tal
como o jejum defendido pelos fariseus na velha
religião e pelos discípulos de João na nova religião.
Todas as religiões são odres velhos. Vinho novo
colocado em odres velhos arrebenta os odres pelo seu
poder fermentador. Pôr vinho novo em odres velhos
é pôr Cristo como a vida estimulante dentro de algum
tipo de religião. Isso é o que os assim chamados
fundamentalistas e pentecostais estão praticando
hoje. Eles tentam colocar Cristo dentro das suas
diferentes práticas de rituais e formalidades
religiosas. O povo do reino nunca deve fazer isso.
Eles devem pôr vinho novo em odres novos.
O vinho novo necessita de um odre, um
recipiente. Porque o vinho novo é cheio de poder
fermentador, se você colocá-lo num odre velho, o
poder fermentador do vinho novo romperá o odre
velho. Toda prática religiosa é um odre velho. Nesse
versículo Cristo parece estar dizendo aos fariseus e
aos discípulos de João: “Jejuar é um odre velho. Não
tente colocar o vinho novo da Minha vida dentro do
odre das suas velhas práticas religiosas. O vinho
romperá suas práticas religiosas. O vinho novo da
Minha vida requer um odre novo”.
Alguns, de fato, receberam o vinho novo, mas
tentaram tomara vinho novo de volta e derramá-la
num odre velho. Tenho visto esse tipo de tolice por
mais de quarenta anos. Muitas pessoas vieram à
igreja em sua expressão local e provaram o vinho
novo. Eles disseram: “Isso é realmente maravilhoso.
É disso que a 'minha igreja' precisa”. Então eles
tentaram levar de volta esse vinho novo para aquele
odre velho. Sabe que aconteceu? O odre velho
rompeu-se e o vinho novo foi derramado. Entretanto,
se você colocar o vinho novo num odre novo, ambos
serão preservados.
Temos visto que o vinho novo pertence ao odre
novo. Mas hoje o assim chamado movimento
carismático foi trazido ao velho odre católico. Mesmo
algumas igrejas católicas têm missas carismáticas. As
coisas carismáticas foram misturadas com a missa e
com a adoração a Maria. Que confusão! Isso é o
fermento misturado com a fina flor de farinha (13:33).
Em outras palavras, é o vinho novo colocado dentro
do odre velho. Desconfio que esse vinho não seja
mais o vinho novo, porque ele parece não ter mais
poder fermentador. Se ti vesse, o odre velho
romperia. Se o movimento carismático fosse o
genuíno vinho novo cheio do poder fermentador,
romperia aquele velho odre católico.

E. Pôr o Vinho Novo em Odres Novos


No versículo 17 o Senhor também disse: “Mas,
põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se
conservam”. A palavra grega para “novo” é kainos
que significa novo em natureza, qualidade ou forma;
sem hábito, sem uso; portanto, novo. O odre novo
representa a vida da igreja na base da localidade
como o recipiente do vinho novo, que é o próprio
Cristo como a vida estimulante. O povo do reino está
edificado na igreja (16:18), e a igreja é expressa na
base da localidade na qual eles vivem (18:15-20). Eles
são pessoas regeneradas constituindo o Corpo de
Cristo para ser a igreja (Rm 12:5; Ef 1:22-23). Esse
Corpo de Cristo como a Sua plenitude é também
chamado “O Cristo” (1Co 12:12, lit. ), o Cristo
corporativo. O Cristo individual é o vinho novo, a
vida que estimula interiormente, e o Cristo
corporativo é o odre novo, o recipiente para reter o
vinho novo exteriormente. Ser o povo do reino não é
uma questão de jejuar ou de qualquer outra prática
religiosa, mas é uma questão da vida da igreja com
Cristo como seu conteúdo. Cristo veio não para
estabelecer uma religião com rituais terrenos, mas
uma celestial vida do reino, não com algumas
práticas religiosas mortas, mas Consigo mesmo, a
Pessoa viva, como o Médico, o Noivo, o tecido cru e o
vinho novo para ser o desfrute dos Seus seguidores, e
eles, o odre novo para contê-Lo e tomarem-se os
constituintes do Seu reino.
Vimos, então, que o odre novo é a vida da igreja.
A igreja é, na verdade, a expansão de Cristo. O Cristo
individual é o vinho dentro de nós. Quando esse
Cristo individual é expandido e se toma um Cristo
corporativo, isto é a igreja. Esse Cristo corporativo é
o odre, o recipiente para conter o Cristo individual
como nosso vinho. Nunca considere a igreja uma
religião; a igreja é uma entidade corporativa cheia de
Cristo, porque a igreja é Cristo expandido.
Cristo não é apenas nossa veste nova e vinho
novo, mas sendo expandido, Ele é também nosso
odre novo para conter o vinho. Ele é nossa
qualificação exterior, Ele é nossa satisfação interior e
Ele é, de uma maneira corporativa, a igreja, o Corpo
(1Co 12:12), capaz de reter o vinho. Cristo é tudo. Ele
é o Noivo, a veste nova, o vinho novo e também o
vaso corporativo para conter o que desfrutamos Dele.
O significado aqui é muito profundo.
Precisamos ver algo mais com respeito a Cristo
corno o odre novo. A Primeira Epístola aos Coríntios
12:12 diz: “Porque, assim corno o corpo é um, e tem
muitos membros, e todos os membros, sendo muitos,
são um só corpo assim é Cristo também” (VRC).
Lemos neste versículo não apenas que os membros
compostos juntos são o único Corpo, mas que esse
Corpo é Cristo. Ternos sempre considerado Cristo
corno o Cabeça, mas ternos considerado pouco, se é
que o ternos, que Cristo é também o Corpo. Corno,
falando de maneira prática, Cristo é o Corpo? Ele é o
Corpo porque o Corpo é composto de muitos
membros que estão preenchidos com Cristo. Cristo
está em você, Cristo está em mim e Cristo está em
cada um de nós. Todos ternos Cristo dentro de nós.
Em 1 Coríntios 1 Paulo disse que Cristo não está
dividido. O Cristo em você é um com o Cristo em
mim e o Cristo em nós é um com o Cristo em todos os
outros cristãos. Portanto, Cristo é o Corpo composto
de muitos membros que são preenchidos com Ele.
Esse é o odre novo, que é a vida da igreja para conter
Cristo corno o vinho novo.
Sem o odre, corno poderíamos guardar avinha?
Não considere que você, por si mesmo, corno um
indivíduo é o vaso. Não, você é apenas urna parte do
vaso. Corno pode um copo conter água se ele está
partido em pedaços? Corno podem os pedaços conter
a água? É impossível. Não considere que você seja
alguém. Você não é ninguém. Você é apenas um
membro do Corpo, urna minúscula parte do Corpo. É
certo que alguma quantidade de sangue está em meu
dedo mínimo, mas esse dedo mínimo é apenas urna
parte do meu corpo. Se separá-la do corpo, a corrente
sangüínea nele imediatamente cessará. Em vez de
conter o sangue, o dedo perderá o sangue. No dia em
que deixar a vida da igreja, você começará a perder
Cristo; o vinho novo começará a escorrer. Nada
senão a vida da igreja pode conter o próprio Cristo
que desfrutamos. Nunca considere a igreja como
urna questão insignificante.
Devemos também perceber que o odre não é
apenas o recipiente do vinho, mas também o meio
para bebermos o vinho. Muitos de nós podem
testificar que sempre que chegamos à reunião da
igreja, descobrimos que ali é, de fato, o lugar onde
podemos beber Cristo. É aqui que bebemos o Senhor
corno nunca antes. A vida da igreja não é meramente
um recipiente, mas um vaso no qual podemos beber.
Precisamos de Cristo corno a nova veste, precisamos
de Cristo corno o vinho novo e também precisamos
de Cristo de urna maneira corporativa corno o odre
novo. Precisamos da vida da igreja. Não nos
importamos com a religião, formas ou rituais.
Importamo-nos apenas com Cristo em você e com
Cristo em mim. Esse é o odre novo.
Nesse ponto, gostaria de dizer urna palavra aos
jovens. Os jovens podem dizer: “Se ficarmos com os
mais velhos, estaremos na religião. Porém se
escaparmos deles, não seremos religiosos”. Esse
conceito está errado. Tudo depende de a igreja ser ou
não a expansão de Cristo. Não é urna questão de
idade. Mesmo se todos os bebês se reunissem, eles
ainda poderiam estar na religião, porque não têm
Cristo corno seu conteúdo. Se os mais velhos estão
cheios de Cristo e saturados Dele, eles são a igreja,
não importa quão velhos possam ser. Lembre-se que
religião é alguma coisa para Deus, sem Cristo. Mas a
igreja é Cristo expandido, é a expansão de Cristo. E o
odre novo é Cristo expandido numa expressão
corporativa. Isso é a igreja. A igreja não é algo para
Deus sem Cristo e sem o Espírito. A igreja é urna
entidade que é a expansão de Cristo e que é cheia de
Cristo. A igreja é enchida com Cristo e constituída
com Cristo. Não importa qual seja nossa idade,
devemos ser preenchidos com Cristo. Então quando
nos reunirmos, seremos a expressão local da igreja.
Isso é o odre. Não importa quanto poder fermentador
haja na vida divina de Cristo, ele nunca poderá
arrebentar a igreja.
Hoje há quatro tipos de cristãos. O primeiro tipo
são os chamados cristãos, mas que não são
verdadeiramente cristãos. Eles são os modernistas,
os assim chamados cristãos modernistas. Eles apenas
tomam Cristo como a nova veste. Eles dizem: “Vejam
como Jesus viveu. Ele foi tão pleno de amor e
sacrifício. Devemos imitá-Lo e segui-Lo”. Mas fazer
isso é apenas tirar um pedaço de tecido novo e
remendar uma veste velha. Os modernistas estão
tentando tomar o tecido cru do viver humano do
Senhor e usá-lo para remendar os buracos no
comportamento deles. Mas esse tecido cru encolhe e
torna maior os buracos. Os modernistas não crêem
que Cristo morreu pelos pecados deles na cruz, não
crêem que Cristo seja Deus e não crêem em Sua
ressurreição. Eles simplesmente crêem que devem
imitar o viver humano de Jesus.
Os fundamentalistas são o segundo tipo de
cristãos. Eles crêem que Cristo é Deus, que Cristo é o
Redentor deles, que Cristo morreu na cruz pelos seus
pecados e que Ele ressuscitou. Os fundamentalistas
recebem e aceitam o Cristo ressurreto como sua
justiça. Eles tomam Cristo, não como um pedaço de
tecido novo, mas como a veste nova, concluída.
Entretanto, eles sabem pouco da vida interior, o
vinho interior. Eles vestem Cristo como a veste
exterior, mas não O bebem como o vinho interior.
O terceiro tipo de cristãos pode ser chamado
cristãos da vida interior. Eles não apenas vestem
Cristo como sua nova veste, mas também O
conhecem como sua vida interior. De fato, eles dão
muita ênfase à vida interior. Os cristãos da vida
interior são um progresso em relação aos dois grupos
anteriores. Entretanto, apesar de serem bons, falta-
lhes uma coisa: falta o odre, a vida da igreja. O quarto
tipo é o povo da igreja. O povo da igreja não é
modernista. Além disso, eles não são meramente
fundamentalistas nem o povo da vida interior. Eles
estão “igrejando”, porque têm o odre novo.
Nos últimos dias o Senhor está restaurando não
apenas a veste nova-isso Ele restaurou por
intermédio de Martinho Lutero na questão da
justificação pela fé. Tampouco está apenas
recuperando a vida interior-isso Ele restaurou por
intermédio de alguns, tal como Madame Guyon,
William Law, Andrew Murray e Jessie Penn-Lewis.
Agradecemos ao Senhor por todos esses itens que
foram restaurados. Todavia, no final desta era o
Senhor está restaurando o último e máximo item, a
vida da igreja. Os que desfrutam a vida da igreja são
o povo da igreja. Entre o povo da igreja a nova veste,
o novo vinho e o odre novo todos têm sido
restaurados. Temos Cristo de uma maneira
corporativa como nossa vida da igreja. O Senhor não
parou com a nova veste ou com o vinho novo. Ele
prosseguiu do Noivo para o tecido novo, do tecido
novo para a veste nova, da veste nova para o vinho
novo e do vinho novo para o odre novo. Depois do
odre, a igreja, não há nada mais. A igreja é o objetivo
máximo de Deus. Quando chegamos na igreja,
estamos na consumação máxima do propósito de
Deus. Assim, após o odre, o Senhor não mencionou
nada além.
Louvado seja o Senhor por ser Ele o nosso
Médico! Depois que Ele nos cura, Ele se torna o
nosso Noivo. Ele é também nossa veste para
qualificar-nos e nosso vinho novo para estimular-nos.
Quando vejo o rosto dos irmãos e irmãs nas reuniões,
posso dizer que eles foram estimulados pelo vinho
novo. Como louvamos ao Senhor por esse vinho novo
estar em Sua expansão, o odre novo. Cristo é tudo
para nós! Precisamos conhecer nosso Senhor a tal
ponto. Ele não é apenas nosso Rei, nosso Salvador e
nossa vida. Ele é também nosso Médico, e esse
querido Médico é nosso Noivo amado. E esse Noivo
tornou-se nossa veste, nosso vinho novo e,
finalmente, o odre. Estamos agora no odre, na vida
da igreja, desfrutando-O em tal alta medida. Aleluia
por Cristo e a Igreja!
MENSAGEM 29

A CONTINUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO REI


(5)

E A EXPANSÃO DO MINISTÉRIO DO REI (1)

A CONTINUAÇÃO DO MINISTÉRIO DO REI


(5)
Em Mateus 9 Cristo é revelado como o Médico, o
Noivo e mesmo como o pano novo, o vinho novo e o
odre novo. A seguir, é necessária uma revelação
adicional de Cristo. Essa revelação requer certo
ambiente que capacitará Cristo a ser revelado num
outro aspecto. Ter Cristo revelado a nós não é uma
questão de doutrina. Para que Cristo seja revelado,
há sempre a necessidade de um ambiente especial.
No capítulo 9 Cristo é revelado em tantos aspectos
doces, amáveis e agradáveis. O ambiente necessário
para a revelação de Cristo no capítulo 9 foi produzido
pelo Seu ministério. Para que Cristo seja revelado a
nós, deve haver certo ambiente e esse ambiente
sempre resulta do ministério de Cristo.
Cristocomeçouaministrarnocapítul04. Após chamar
os primeiros quatro discípulos e atrair grandes
multidões, Ele subiu ao monte e lá decretou a
constituição do reino dos céus. Depois que desceu do
monte, Ele continuou Seu ministério. Antes de dar a
constituição no monte o ministério de Cristo foi útil
para a constituição, mas não foi suficiente para a
revelação adicional de quem Ele é e do que Ele é. A
fim de que Ele fosse revelado como os itens amáveis
encontrados no capítulo nove, havia a necessidade da
continuação do Seu ministério. Esse ministério
adicional criou o ambiente para que Ele fosse
revelado não apenas como o Rei, mas também como
o Médico, o Noivo, o pano novo, o vinho novo e o
odre novo. Se você não vir esse ministério de tal
maneira, se não vir o ambiente criado por esse
ministério para a revelação de Cristo, e não vir todos
os itens do que Cristo é, você poderá ler o Evangelho
de Mateus umas cem vezes e não ganhar nada. Ele
poderá parecer a você um livro de histórias ou de
doutrinas. Mas nunca receberá alguma vida desse
livro. Se quiser ver a luz do Evangelho de Mateus,
você deve primeiro ver o Rei celestial. Depois que foi
ungido e testado, Ele iniciou Seu ministério. O
ministério Dele é crucial, porque é absolutamente
necessário para Sua revelação. Cristo gostaria de
dizer-nos não apenas que Ele éo Médico, o Noivo, o
pano novo, o vinho novo e o odre novo. Isso seria
como ensinamento dado em seminário. Quão pobre
seria simplesmente reunir um grupo de pessoas e
meramente dizer a elas o que Cristo é. Repito, para
receber a revelação de Cristo, é necessário o
ambiente criado pelo Seu ministério.
Na continuação do Seu ministério o Rei fez
muitos sinais. Ele curou o leproso, curou o servo de
um centurião romano e curou a sogra de Pedro.
Depois disso, Ele curou muitas outras pessoas. Esse
era o Seu ministério. A continuação do ministério do
Rei foi diferente do início do Seu ministério, porque
no início não havia sinais dispensacionais. Antes, Ele
contatou pessoas, atraiu-as e capturou-as. Porque
uma grande multidão O seguiu, Ele pôde promulgar
o decreto da constituição do reino dos céus.
Embora Mateus seja um livro sobre o reino, é
também uma revelação de Cristo. Um dia Cristo
levou Seus discípulos à Cesaréia de Filipe e lhes
perguntou: “Quem dizem os homens ser o Filho do
Homem?” (16:13). Depois que deram algumas
respostas, Ele perguntou-lhes: “Mas vós (...) quem
dizeis que Eu sou?” (v. 15). Isso indica que o livro do
reino revela quem Cristo é. Que bênção é ver as
revelações de Cristo neste livro! A genealogia de
Cristo no capítulo um é uma revelação de Cristo. Ela
revela que Cristo é o Filho de Davi, o Filho de Abraão,
e o resultado de um casamento que uniu as duas
linhagens dos descendentes de Davi. De acordo com
Mateus capítulo 1, Jesus não é alguém tão comum.
Ele é Jeová, o Salvador, e Emanuel, Deus conosco.
Cristo é o Filho de Davi, o Filho de Abraão, a semente
da mulher, Jeová o Salvador, e Emanuel, Deus
conosco. No capítulo 2 Ele é visitado como um rei.
Assim, o capítulo 2 revela que Ele é o Rei. No
capítulo 3 esse Rei é designado e ungido, e no
capítulo 4 Ele é testado, qualificado e aprovado.
Então, após Seu teste, esse Rei foi introduzido em
Seu ministério. Por meio do Seu ministério Ele atraiu
multidões. Após dar a constituição do reino dos céus,
Ele continuou Seu ministério fazendo alguns sinais
com um significado dispensacional. Esses milagres
significam que Ele veio com a salvação
primeiramente para os judeus e, então, se voltou dos
judeus para os gentios. Esses sinais também
significam que após a plenitude da salvação dos
gentios, Cristo trará de volta Sua salvação para os
judeus. Então ocorrerá a restauração de toda a terra
durante o milênio. Naquele tempo todas as doenças
serão curadas. Por meio dessa continuação do
ministério do Rei, um ambiente-uma festa foi
preparado. Essa festa resultou do ministério de
Cristo. Por intermédio do Seu ministério, o Senhor
conquistou um pecador, um cobrador de impostos
chamado Mateus, que preparou uma grande festa
para o Senhor e Seus discípulos. Para essa festa
Mateus também convidou muitos dos seus amigos,
que também eram pecadores e cobradores de
impostos. Há um provérbio que diz que olhando para
seus amigos sabemos que tipo de pessoa você é.
Mateus, um cobrador de impostos, tinha amigos que
eram cobradores de impostos e pecadores. A festa
preparada por Mateus era o ambiente exato para o
Senhor revelar-se como o Médico, o Noivo, o pano
novo para cobrir-nos, o vinho novo para encher-nos,
e o odre novo para preservar o vinho que temos
recebido. Cristo foi revelado em todos esses aspectos
por intermédio do ambiente gerado por Seu
ministério.
A situação é a mesma hoje. Sem o ministério,
nada de Cristo e nada da igreja poderia ser revelado.
Não posso simplesmente reunir algumas pessoas e
liberar uma conferência. Nesse tipo de ambiente eu
simplesmente nada tenho a dizer. Mas no ambiente
adequado posso dizer a vocês um item de Cristo após
outro. Que Cristo temos nós! Precisamos agradecer
ao Senhor pelo Seu ministério e pelo ambiente que
Ele cria por meio do Seu ministério. Mesmo os
fariseus da velha religião e os discípulos de João da
nova religião foram usados pelo Senhor. A velha
religião deu ao Senhor Jesus a oportunidade para
revelar-se como o Médico, e a nova religião deu-Lhe
a oportunidade para revelar-se como o Noivo, o pano
novo, o vinho novo e o odre novo. Precisamos dizer:
“Obrigado a vocês, fariseus, e obrigado a vocês,
discípulos de João. Sem vocês jamais teríamos tal
visão de Cristo. Nunca saberíamos que nosso Rei
celestial é o Médico, o Noivo, o pano novo, o vinho
novo e o odre novo”.
Quando jovem, li Mateus capítulos 8 e 9 sem ver
nada. Li sobre o pano novo, o vinho novo e sobre o
odre novo, mas nenhuma dessas coisas causou
alguma impressão em mim. Mais tarde, no ambiente
adequado, meus olhos foram abertos para ver quão
doce e agradável o Senhor Jesus é. Oh! Ele é o nosso
Noivo! Que agradável! Ele é o pano novo, nossa
cobertura, e o vinho novo para saturar-nos. E Ele é
também o odre novo, o recipiente. Também vim a
perceber os quatro tipos de cristãos representados
por esses itens: os modernistas, os fundamentalistas,
os da vida interior e os da igreja. Estou alegre de
estar entre os da igreja. Alegro-me por estar no odre
novo. Estou coberto pela nova veste, estou bebendo o
vinho novo, e estou no odre novo desfrutando a
presença do Noivo. Que maravilhoso! Esse é o nosso
Cristo! Hoje sabemos o que a igreja é. Estamos
igrejando Cristo! Na restauração do Senhor, Cristo é
nosso Noivo, nossa veste nova, nosso vinho novo e
nosso odre novo. Portanto, podemos inventar uma
nova frase: estamos “igrejando Cristo”.

VI. SINAIS COM SIGNIFICADO


DISPENSACIONAL REPETIDO
Em 9:18-34 temos a repetição de sinais com
significado dispensacional. Esses versículos dão uma
breve figura desta era e da vindoura. Portanto, esse
registro possui também significado dispensacional,
assim como 8:1-17. A filha do chefe da sinagoga
representa os judeus e a mulher com hemorragia
representa os gentios. Quando a filha morreu, a
mulher foi curada. Depois que a mulher foi curada, a
filha ressuscitou. Após isso, dois cegos e um mudo
foram curados. Isso é uma figura, mostrando que
quando os judeus são cortados, os gentios são salvos
e que após a plenitude da salvação dos gentios, os
judeus serão salvos (Rm 11:15, 17, 19, 23-26). Depois
disso, começará o milênio, e naquele tempo todos os
cegos e os mudos serão curados (Is 35:5-6).

A. A Morte da Filha do Chefe da Sinagoga


O versículo 18 do capítulo 9 diz: “Enquanto lhes
dizia essas coisas, eis que chegou um chefe e O
adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo;
mas vem, impõe a Tua mão sobre ela, e ela viverá”. O
chefe aqui era o chefe da sinagoga (Me 5:22; Lc 8:41)
chamado Jairo, que significa “ele iluminará” ou
“iluminado”, indicando que o Senhor iluminará os
gentios, e eles serão iluminados (At 13:46-48). De
acordo com o registro em Marcos e Lucas, essa filha
do chefe tinha doze anos. Esse chefe estava
interessado no Rei celestial, mas ele não tinha tanta
fé como o centurião. O centurião disse ao Senhor
Jesus que Ele não precisava ir à sua casa. Bastava-
Lhe apenas falar uma palavra. Se esse chefe da
sinagoga ti vesse essa fé, sua filha teria sido curada.
Entretanto, ele pediu ao Senhor para ir à sua casa e
impor a mão sobre a sua filha. A sua fé pôde chegar
até esse ponto, não mais. Compadecendo-se dele, o
Senhor Jesus levantou-se e o seguiu.

B. A Cura de uma Mulher com Hemorragia


Enquanto o Senhor estava a caminho da casa do
chefe, uma mulher que sofria de hemorragia por doze
anos “veio por trás dele e lhe tocou na orla da veste”.
Essa mulher sofria de um fluxo de sangue, um
derramamento ou uma perda de sangue (Lv 15:25). A
vida da carne está no sangue (Lv 17:11). Portanto,
essa doença representa a vida que não pode ser
contida. A mulher estava enferma por doze anos, a
idade da filha do chefe (Lc 8:42). Essa mulher
aproximou-se do Senhor por detrás e tocou a orla da
Sua veste, dizendo para si mesma: “Se eu apenas Lhe
tocar a veste, serei curada”. A mulher aqui e o
centurião em 8:5-1 0, ambos representando os
gentios, vieram contatar o Senhor da mesma maneira,
com fé. Ela foi curada enquanto o Senhor estava a
caminho da casa do chefe. Isso significa que os
gentios são sal vos enquanto Cristo está a caminho da
casa de Israel.
A veste do Senhor representa os feitos justos de
Cristo, e a orla, o governo celestial. De acordo com
Números 15:38-40, os israelitas do sexo masculino
tinham de ter uma orla azul nas suas vestes, uma tira
de cor azul. Isso significava que o vi ver e o andar
deles eram restringidos pela limitação celestial.
Quando o Senhor Jesus estava na terra,
provavelmente Ele vestia-se dessa maneira. As vestes
representam virtude no comportamento humano. Na
virtude humana do Senhor Jesus havia poder de cura.
Portanto, quando a mulher enferma tocou a orla da
veste Dele, o poder da Sua virtude alcançou-a e ela
foi curada. Dos atos de Cristo, celestialmente regidos,
saíram as virtudes que se tornaram o poder de cura
(Mt 14:36).
A cura da mulher com hemorragia indica que o
Senhor foi encontrado e capturado pelos gentios
enquanto Ele estava a caminho dos judeus. De
acordo com a história, os gentios estão enfermos, e os
judeus estão crescendo para morrer. Em outras
palavras, os gentios estão doentes e os judeus estão
morrendo. A menina judia tinha doze anos, e a
mulher esteve doente por doze anos. Por doze anos a
mulher sofreu do fluxo de sangue, e por doze anos a
menina estava crescendo para morrer. Isso significa
que enquanto os gentios estão doentes de coisas
pecaminosas, os judeus estão crescendo a fim de
morrer. Depois que a mulher foi curada, o Senhor
Jesus chegou na casa do chefe judeu, significando
que quando a salvação dos gentios estiver completa,
Cristo alcançará a casa de Israel.

C. A Cura da Filha do Chefe da Sinagoga


Nos versículos 23 a 26 temos a cura da filha do
chefe da sinagoga. A filha aqui e a sogra de Pedro em
8:14-15, ambas representando os judeus no final
desta era, foram curadas em uma casa pela vinda do
Senhor e por Seu toque direto. Isso indica que no
final desta era todo o remanescente dos judeus será
salvo na casa de Israel pela vinda do Senhor e por
Seu toque direto (Rm 11:25-26; Zc 12:10). Quando
Jesus veio para a casa do chefe e viu os tocadores de
flauta e o povo em alvoroço, disse: “Tendo Jesus
chegado à casa do chefe, e vendo os tocadores de
flauta e o povo em alvoroço, disse: Retirai-vos,
porque não morreu a menina, mas dorme. E riam-se
Dele” (vs. 23-24). Em Seu ministério, o Senhor nunca
se importou com qualquer multidão. O versículo 25
diz: “Mas, posto o povo para fora, entrou Jesus,
tomou a menina pela mão, e ela se levantou”. Aqui
vemos que o Senhor Jesus pretendia levantar os
judeus, mas eles não tinham fé. Isso deu uma
excelente oportunidade aos gentios para contatar o
Senhor a fim de receberem salvação. Após a
plenitude da salvação dos gentios, o Senhor Jesus
alcançará a casa de Israel, e todos os judeus mortos
serão curados.

D. A Cura do Cego e do Mudo


Imediatamente após se ter levantado a filha do
chefe, dois cegos e um mudo foram levados ao
Senhor (vs. 27-33).

1. A Cura dos Dois Cegos


Nos versículos 27 a 31 temos a cura dos dois
cegos.
Enquanto o Senhor Jesus passava, “seguiram-No
dois cegos, clamando: Tem misericórdia de nós, Filho
de Davi 1” Cegueira significa falta de visão para ver
Deus e as coisas relacionadas a Ele (2C04:4; A3:18).
Esses dois cegos chamaram o Senhor de Filho de
Davi. No reino milenar, o qual será o tabernáculo
restaurado de Davi (At 15:16), o reino Messiânico, os
judeus reconhecerão Cristo como o Filho de Davi, e a
cegueira deles será curada. Isso é prefigurado pelos
dois cegos reconhecendo Cristo dessa maneira. Os
dois cegos foram curados na casa pelo toque direto
do Senhor (v. 29), como foram a filha do chefe (v. 25)
e a sogra de Pedro (8:14-15). Abrir os olhos do cego
significa a restauração da visão interior para ver Deus
e as 9:17-18; 26:18; Ef 1:18; Ap 3:18).

2. A Cura do Mudo Endemoninhado


Nos versículos 32 e 33 vemos a cura do mudo
endemoninhado. Mudez por possessão demoníaca
significa a inabilidade de falar por Deus (Is 56:10) e
louvar a Deus (Is 35:6) devido a adoração a ídolos
mudos (1Co 12:2). O falar de um mudo significa a
restauração da capacidade de falar e louvar por ser
enchi do com o Senhor no espírito (Ef 5:18-19).

3. Uma Sombra do Milênio


A cura do cego e do mudo representa a
restauração das pessoas na terra durante o milênio.
Assim, essas curas são uma sombra do milênio. No
milênio todos os cegos verão e a boca dos mudos se
abrirá. Isaías 35:5 e 6 diz: “Então se abrirão os olhos
dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos;
os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos
cantará”. Os cegos verão a glória de Deus e os mudos
falarão da glória de Deus. Eles O louvarão
continuamente. O milênio, portanto, será uma época
de restauração, um tempo de reavivamento. Sempre
que há reavivamento entre os cristãos hoje, os olhos
dos cegos são abertos e a boca dos mudos também.
Antes de tal reavivamento, tantos cristãos estão cegos,
incapazes de ver a Deus ou as coisas de Deus, e
mudos, incapazes de falar uma palavra para Deus. Se
pedirmos para os que se reúnem nas denominações
que façam uma oração, muitos são incapazes de fazê-
lo e responderão: “Essa não é minha função, minha
profissão. Peça ao pastor para orar.” Isso indica que
eles estão possuídos por um demônio mudo. A
Primeira Epístola aos Coríntios capítulo 12 revela que
não estamos servindo a ídolos mudos. Assim,
devemos estar falando, borbulhando. Nossos olhos
são abertos para ver as coisas de Deus, e nossa boca é
aberta para louvá-Lo e testificar Dele. Todos
devemos ser esse tipo de pessoa. Essa cura é uma
sombra, uma miniatura, do milênio vindouro.

4. A Rejeição dos Fariseus ao Rei


O versículo 34 diz: “Mas os fariseus diziam: É
pelo príncipe dos demônios que Ele expulsa os
demônios”. O príncipe dos demônios é o diabo, que é
chamado Belzebu (12:24). Essa blasfêmia dos
fariseus é uma continuação mais forte da rejeição do
Rei celestial pelos líderes do judaísmo.

A EXPANSÃO DO MINISTÉRIO DO REI (1)


Agora chegamos à expansão do ministério do Rei
(9:3510:15).

I. A NECESSIDADE DE PASTOREAR E
CEIFAR
A continuação do ministério do Rei no capítulo 9
produziu outra situação que permitiu ao Senhor se
revelar. Após a cura da mulher com o fluxo de sangue,
o ressuscitar da menina, e a cura dos dois cegos e do
mudo, o Senhor é revelado como o Pastor e como o
Senhor da colheita.

A. O Rei Percorre Todas as Cidades e Vilas,


Ensinando, Pregando e Curando
O versículo 35 diz: “E percorria Jesus todas as
cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles,
pregando o evangelho do reino e curando toda sorte
de doença e toda sorte de enfermidade”. Todas as
doenças e enfermidades nesse versículo significam
um mal espiritual.
B. O Rei é Movido de Compaixão pelo Povo
porque Eram como Ovelhas sem Pastor
O versículo 36 diz: “Vendo Ele as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e
errantes como ovelhas que não têm pastor”. Isso
indica que o Rei celestial considerava os israelitas
como ovelhas e a Si mesmo como o Pastor. Quando
Cristo veio para os judeus a primeira vez, eles eram
como leprosos, paralíticos, endemoninhados e todo
tipo de pessoas deploráveis, porque não tinham
pastor para cuidar deles. Agora em Seu ministério
real para o estabelecimento do Seu reino celestial, Ele
ministrou-lhes não apenas como Médico, mas
também como Pastor, como profetizado em Isaías
53:6 e40:11.
No meio da situação retratada no versículo 36 o
Senhor revelou-se como o Pastor. Essa é uma
revelação mais além. Ele não é apenas o Médico e o
Noivo, mas também o Pastor. Sem a continuação
adicional do Seu ministério, esse ambiente não teria
sido produzido. Portanto, vemos mais uma vez que
para ter Cristo revelado em nós, devemos ter o
ministério de produzir certo ambiente. A grande festa
freqüentada por cobradores de impostos e pecadores
foi uma excelente oportunidade para o Senhor
revelar-se como o Médico. Além do mais, o ambiente
em que tantos regozijaram-se e festejaram juntos deu
ao Senhor a oportunidade para revelar-se como o
Noivo, o pano novo, o vinho novo e o odre novo.
Então, no versículo 36, quando o Senhor foi movido
de compaixão por ter visto o povo cansado e
abandonado como ovelhas que não têm pastor, Ele
pôde revelar-se como o Pastor.
C. A Seara é Grande, mas os Trabalhadores
São Poucos
No versículo 37 o Senhor disse a Seus discípulos:
“A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”.
O Rei celestial considerava o povo não apenas como
ovelhas, mas também como a seara. As ovelhas
precisavam ser pastoreadas e a seara precisava ser
colhida. Embora os líderes da nação de Israel
rejeitassem o Rei celestial, havia ainda um bom
número dentre o povo que precisava ser colhido.

D. Rogar ao Senhor da Seara que Mande


Trabalhadores para a Sua Seara
O Rei do reino celestial considerava-se não
apenas o Pastor das ovelhas, mas também o Senhor
da seara. Seu reino é estabelecido com coisas de vida
que possam crescer e se multiplicar. Ele é o Senhor a
quem pertence essa colheita. Somos ambos, o
rebanho e a colheita. O rebanho é composto de
animais e a colheita de vegetais, todos seres vivos. Na
mão do Senhor Jesus, nada é sem vida. Ele não se
importa com coisas sem vida, mas com coisas que são
vivas. Todas as coisas sob o cuidado do Rei celestial
são vivas.
Todos precisamos ter uma visão do Senhor Jesus
como o Senhor da seara. No versículo 38 o Senhor
nos disse para rogar ao Senhor da seara que envie
trabalhadores para Sua seara. Primeiramente, em
Sua economia, Deus tem um plano a cumprir. Então,
Sua economia requer que Seu povo rogue, ore por
isso. Respondendo à oração deles, Ele realizará o que
eles oraram com respeito a Seu plano. Muitas vezes
quando sentimos que precisamos de trabalhadores,
pedimos socorro. Mas de agora em diante, sempre
que você sentir necessidade de trabalhadores, deve
primeiramente orar ao Senhor da seara, dizendo:
“Senhor, aqui está a Tua seara. Tu és o Senhor da
seara. Invocamos a Ti para enviar alguns ceifeiros.
Senhor, envie alguns ceifeiros para a Tua seara”.
Orações como essa farão diferença. Orar assim
significa que tivemos a visão de que nosso Cristo, o
Majestoso, o Pastor, é o Senhor da seara. Sempre que
orar para que o Senhor envie ceifeiros para a Sua
seara, você O honrará muito. Quão diferente é de
convidar pessoas para ajudá-lo em sua obra! Quando
faz isso, você não honra Cristo como o Senhor da
seara. Antes, é uma questão da sua obra, não da
colheita Dele. Você torna-se o dono daquela obra e
Ele não é mais considerado como o Senhor da seara.
Portanto, precisamos invocá-Lo e dizer: “Senhor, Tu
és o Senhor da seara. Tua é a obra desse campo, e
essa seara é a Tua colheita. Clamamos a Ti pela Tua
colheita. Senhor, envia os Teus ceifeiros”.
Recentemente, um irmão contou-me que a vida
da igreja em sua cidade estava maravilhosa e que eu
deveria ir lá para uma visita. Embora o falar desse
irmão fosse bom, era, no entanto, natural. Não tinha
qualquer visão. Em vez de convidar-me, esse irmão
deveria ter orado: “Senhor, a igreja em minha cidade
é a seara do Rei celestial. Senhor da seara, clamo a Ti
para enviar ceifeiros”. A igreja em sua cidade é sua
seara ou seara Dele? Uma vez que é a seara do
Senhor, você não tem o direito de convidar os outros
para ir lá trabalhar. Fazer isso é violar a honra do
Senhor. Ao fazer isso você deixa de reconhecer que
você não é o Senhor. Ele é o Senhor da seara. A única
coisa que você pode fazer é pedir a Ele para enviar
ceifeiros. Precisamos de uma revelação adicional com
respeito a esse aspecto do Senhor. Creio que os doze
discípulos oraram segundo a palavra do Senhor.
Embora a Bíblia não nos diga isso, creio que eles
oraram. É um princípio na Bíblia que, sempre que
você orar ao Senhor por algo, o Senhor o enviará a
realizar aquilo pelo qual tem orado. Os doze
discípulos oraram ao Senhor da seara para enviar
ceifeiros, e o Senhor respondeu à oração enviando-os.
Todo aquele que ora será um enviado. Por exemplo,
você pode orar ao Senhor quanto à falta de
presbíteros. (Todavia, não ore segundo a sua ambição,
senão o Senhor não responde. ) Pode simplesmente
orar: “Senhor, há necessidade de presbíteros”. Após
certo período, o Senhor pode dizer: “E quanto a você?”
Esse é o princípio. Os doze oraram e por fim os doze
foram enviados.

II. A ESCOLHA DOS DOZE APÓSTOLOS


Em 10:1-4 temos a escolha dos doze apóstolos.
Antes do capítulo dez o Senhor levou a cabo sozinho
o Seu ministério. A partir desse capítulo os doze
apóstolos foram acrescentados para a expansão, o
espalhar, do ministério.

A. Deu-lhes Autoridade para Expulsar


Demônios e Curar Doenças
O versículo 1 diz: “Tendo chamado a Si os Seus
doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre
espíritos imundos para os expulsar e para curar toda
sorte de doença e enfermidade”. A autoridade aqui
para expulsar espíritos imundos e curar
enfermidades é uma antecipação do poder da era
vindoura (Hb 6:5), isto é, do milênio, no qual todos
os demônios serão expulsos e todas as doenças
curadas (Is 35:5-6).

B. Uniu-os Dois a Dois


Nos versículos 2 a 4 são dados os nomes dos
doze apóstolos. Um apóstolo é um enviado. Agora os
doze discípulos (v. 1) foram enviados, tomando-se,
assim, os doze apóstolos. Ao enviar os doze apóstolos,
o Senhor arranjou-os em pares: Simão Pedro e André,
Tiago e João, Filipe e Bartolomeu, Tomé e Mateus,
Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, Simão o Zelote e Judas
Iscariotes. Precisamos ser impressionados com esse
princípio. Todos devemos andar aos pares. Nenhum
de nós, especialmente os jovens, deveriam ir a
qualquer lugar sozinhos. Precisamos de outra pessoa
conosco. Olhe para seus olhos, ouvidos, narinas,
lábios, ombros, braços, mãos, pernas e pés: seu corpo
está organizado aos pares. Sempre que o Senhor te
der um encargo de ir a certo lugar, não vá sozinho.
Antes, vá aos pares. Se não tem um outro
companheiro, você perderá a bênção. Para receber a
bênção, você deve ter um par. Essa não é minha
opinião, é a economia do Senhor. Portanto, todos
devemos aprender a lição de sermos emparelhados,
estar unidos com os outros.
Marcos e Lucas citam Mateus antes de Tomé
(Me 3:18; Lc 6:15), mas Mateus, o autor desse livro,
coloca-se depois de Tomé. Isso mostra sua
humildade. No versículo 3 Mateus especificamente
aponta ele mesmo como o cobrador de impostos,
lembrando de sua salvação, talvez com gratidão.
Mesmo um cobrador de impostos e pecador
desprezado pôde tomar-se um apóstolo do Rei do
reino celestial. Que salvação!
Simão o Zelote (Cananita) era par de Judas
Iscariotes, aquele que traiu o Senhor. “Cananita” vem
do hebraico kanna, zeloso, referindo-se a uma seita
galiléia conhecida como os Zelotes e não à terra de
Canaã (ver Lc 6:15; At 1:13). Iscariotes é uma palavra
grega, provavelmente do hebraico, que significa um
homem de Queriote. Queriote fica em Judá (Js 15:25).
Assim, Judas era o único apóstolo da Judéia; todos
os restantes eram galileus.

III. A MANEIRA DE ESPALHAR O


EVANGELHO DO REINO PARA A CASA DE
ISRAEL

A. O Rei Enviou os Doze Apóstolos Apenas


para a Casa de Israel
Em 10:5-15 temos a maneira de espalhar o
evangelho do reino para a casa de Israel. Nos
versículos 5 e 6 vemos que o Senhor Jesus
recomendou os doze apóstolos a não se dirigirem
para os gentios ou para a cidade de samaritanos, mas
apenas procurar as ovelhas perdidas da casa de Israel.
As nações eram os gentios, e os samaritanos, uma
mistura de gent4:10; J04:9).
Os doze apóstolos foram enviados para a casa de
Israel e foram instruídos a não irem para os gentios
nem aos samaritanos. Os que são enviados pelo
Senhor têm a autoridade do Senhor. Quando o
Senhor enviou os doze, Ele deu-lhes autoridade.
Sempre que somos enviados devemos crer que a
autoridade do Senhor está conosco.

B. Pregar que o Reino do Céu Está Próximo


O versículo 7 diz: “E, à medida que seguirdes,
proclamai, dizendo: Está próximo o reino dos céus”.
Naquele tempo o reino dos céus não tinha chegado,
mas apenas estava próximo.

C. Exercer a Autoridade do Reino


Uma vez que foram enviados para pregar o reino
dos céus, os apóstolos estavam autorizados a curar os
doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e
expulsar os demônios (v. 8). Eles deveriam exercer
tal autoridade na comissão deles.

D. Digno é o Trabalhador do Seu Alimento


Nos versículos 9 e 10 o Senhor disse: “Não vos
provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos
vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de
duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão:
porque digno é o trabalhador do seu alimento”. Os
doze apóstolos (enviados para a casa de Israel, não
para os gentios), como trabalhadores dignos do seu
alimento, não precisavam carregar suas necessidades
vitais com eles. (Entretanto, os trabalhadores do
Senhor enviados para os gentios não deveriam
receber nada dos gentios-3 João 7). Esse princípio foi
mudado quando o Senhor foi totalmente rejeitado
pela casa de Israel (Lc 22:35-38).

E. Trazer Paz à Casa Onde Estão


Os versículos 12 e 13 dizem: “Ao entrardes na
casa, saudai-a; se a casa for digna, venha sobre ela a
vossa paz; se, porém, não for digna, torne para vós a
vossa paz”. Quando o Senhor nos envia, temos a
presença, a paz. Sempre que somos enviados, a
autoridade, a presença do Senhor e a paz nos seguem.
É por isso que o Senhor disse aos apóstolos para
procurar alguém digno da paz deles. Ele parecia estar
dizendo: “Veja quem é digno de sua paz. Se eles não
os receberem, sua paz irá com vocês quando forem”.
Isso é de grande significado. Receber os enviados do
Senhor, os apóstolos, significa receber a presença do
Senhor e a paz. Rejeitá-los significa rejeitar a
presença do Senhor e a paz. Não é uma questão
insignificante ser enviado pelo Senhor, porque como
enviados tomamo-nos os representantes do Senhor.
Temos Sua autoridade, Sua presença e Sua paz.
Aonde quer que vamos, levamos essas coisas conosco.
Quem quer que nos receba terá a presença e a bênção
do Senhor. É dessa maneira que o ministério do Rei é
propagado.

F. O Julgamento sobre os que Rejeitam


Nos versículos 14 e 15 o Senhor disse: “Se
alguém não vos acolher, nem ouvir as vossas palavras,
ao sairdes daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos
vossos pés. Em verdade vos digo: No dia do juízo
haverá menos rigor para a terra de Sodoma e
Gomorra do que para aquela cidade”. Isso indica que
a punição do julgamento de Deus varia de
intensidade. Rejeitar os apóstolos do Senhor e suas
palavras trará maior punição que o pecado de
Sodoma e Gomorra.
Essa é a maneira de expandir o ministério do Rei.
Ele expandiu-se da viagem de um para a viagem dos
doze. Essa expansão do ministério produzirá outro
ambiente para uma revelação adicional do Rei
celestial. Veremos esse ambiente e essa revelação nos
capítulos 10 e 12. Agradecemos ao Senhor pelo Seu
ministério, pela continuação do Seu ministério e
especialmente pela expansão do Seu ministério. É
por meio do ministério que o ambiente é produzido
para a revelação do Cristo real.
MENSAGEM 30

A EXPANSÃO DO MINISTÉRIO DO REI (2)


A palavra do Senhor em Mateus 10 é uma
palavra dita aos enviados. Em 10:16-11:1 muitas
coisas são trazidas à superfície. Ao vê-las, podemos
entender a situação na qual nos encontramos hoje.

IV. A PERSEGUIÇÃO E A MANEIRA DE


ENCONTRÁ-LA
Nos versículos 16e 17 o Senhor previu a
perseguição que viria do judaísmo sobre Seus
apóstolos. A profecia do Rei celestial aqui, a respeito
da perseguição aos Seus apóstolos pelo judaísmo,
indicava que o reino que Ele estava estabelecendo
por intermédio da pregação dos Seus apóstolos seria
rejeitado pelo judaísmo. Isso também prova que Seu
reino não é terreno, mas celestial.

A. Os Apóstolos Enviados como Ovelhas para


o Meio de Lobos
O versículo 16 diz: “Eis que eu vos envio como
ovelhas no meio de lobos; sede, portanto, prudentes
como as serpentes e símplices como as pombas”. Os
apóstolos do Senhor, como ovelhas e não como
serpentes no meio de lobos, precisam ser prudentes
como serpentes a fim de escapar dos ataques dos
lobos, mas símplices como pombas para não ferir
outros.

B. Entregues ao Sinédrio e Açoitados nas


Sinagogas
A palavra do Senhor revela que o mundo todo
está sob a mão usurpadora do inimigo, e, portanto se
opõe à economia de Deus. a mundo todo, quero
mundo judeu ou o gentio, opõe-se ao reino de Deus. a
versículo 17 diz: “Acautelai-vos, dos homens; porque
eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas
suas sinagogas”. Esse versículo indica que até mesmo
a nação judaica foi tomada pelo inimigo de Deus.
Quando o Senhor Jesus estava na terra, essa nação
pertencia a Deus em nome, mas não em realidade.
Portanto, no versículo 17, o Senhor falou de
perseguição vinda do sinédrio e das sinagogas. O
sinédrio era o mais elevado conselho entre os filhos
de Israel. A sua função era ver se os judeus estavam
seguindo alei do Antigo Testamento. A sinagoga era
uni lugar onde a Palavra de Deus era ensinada aos
filhos de Israel. É muito significativo que o Senhor
tenha exposto o sinédrio e as sinagogas como sendo
contrários à economia de Deus. Ele disse que Seus
apóstolos, Seus enviados, seriam entregues aos
sinédrios e açoitados nas sinagogas. Uma sinagoga
obviamente não é um teatro, cassino ou templo de
ídolos. De certo modo, ela era um lugar santo, um
lugar onde a santa Palavra de Deus era ensinada ao
povo de Deus. Todavia o Senhor disse que os
apóstolos do Rei dos céus seriam açoitados até
mesmo nas sinagogas. Por aqui vemos que coisa
maligna as sinagogas se tornaram. Embora os judeus
fossem lá para aprender a Palavra de Deus, os das
sinagogas perseguiam os apóstolos do Rei celestial. E
mais, o sinédrio, organizado com a intenção de
supervisionar os filhos de Israel na questão de
guardar as Escrituras, era um lugar que também se
opunha aos apostólos do Rei celestial.
A situação é a mesma hoje. Se o antigo sinédrio e
as sinagogas se opunham aos enviados do Rei, que
dizer do sistema religioso atual? Se somos de fato os
enviados do Rei celestial, sofreremos oposição das
organizações religiosas de hoje, assim como os
apóstolos sofreram oposição por parte do judaísmo.
Nos tempos antigos os apóstolos eram perseguidos
primeiramente não pelos gentios, mas pelo assim
chamado povo santo no sinédrio e nas sinagogas. Em
nossa experiência por esses anos, quase todas as
perseguições, rumores, oposições e ataques vieram
das organizações religiosas, não dos gentios.
De acordo com o versículo 16, o Senhor Jesus
comparou os do sinédrio e das sinagogas a lobos,
dizendo que estava enviando Seus apóstolos “como
ovelhas no meio de lobos”. Você acredita que os do
sinédrio e das sinagogas, que expunham e ensinavam
a santa Palavra de Deus e exortavam os outros a
obedecê-la, eram lobos? Se o próprio Senhor Jesus
não tivesse dito isso, eu certamente não creria nisso.
Antes diria: “Os do sinédrio e das sinagogas podem
ter cometido alguns erros, mas eles certamente são o
povo de Deus, porque diariamente falam das
Escrituras e ensinam o povo a temer a Deus, a adorar
a Deus, a honrar a Deus e a glorificar a Deus. Eles
não são tão maus. Como você pode dizer que são
lobos?” Mas o Senhor Jesus chamou-os de lobos. N
aquele tempo, os lobos, mencionados no versículo 16,
eram os do sinédrio e das sinagogas, mencionados no
versículo 17.
Saulo de Tarso estudou aos pés de Gamaliel, um
grande mestre da Bíblia, “mestre da lei, acatado por
todo o povo” (At 22:3; 5:34). Gamaliel era um dos
líderes no sinédrio. Gamaliel era por Deus? Sim, era.
Ele temia a Deus e era por Deus, mas estava num
ambiente que era absolutamente contrário à
economia de Deus. Ele fazia parte de um sistema, o
sinédrio, que se opunha a Deus. Tem sido essa a
situação por séculos até hoje. Não importa o quanto
determinadas pessoas são para Deus, elas estão num
sistema, numa organização que é contra a economia
de Deus. Em Apocalipse 2:9 e 3:9 o Senhor Jesus
falou da “sinagoga de Satanás”. Em Mateus 10 o
Senhor indicou que havia lobos nas sinagogas, e em
Apocalipse Ele falou da sinagoga de Satanás. Isso
indica que as sinagogas se tomaram satânicas.
O Senhor Jesus não veio primeiramente para o
mundo gentio. Ele veio para uma nação que se
supunha ser o povo de Deus. Essa nação tinha as
santas Escrituras, a cidade santa, o templo santo, o
sacerdócio santo e os sacrifícios santos. Ele veio para
essa nação com o propósito de estabelecer o reino
dos céus. Parece que não haveria qualquer
dificuldade. Mas quando esse Rei celestial estava
enviando Seus apóstolos para a expansão do Seu
ministério, Ele os advertiu que os estava enviando
como ovelhas para o meio de lobos. O Senhor parecia
estar dizendo: “Os do sinédrio, os que se importam
com as santas Escrituras, perseguirão vocês, e os das
sinagogas, os que ensinam a Palavra de Deus, os
açoitarão. Cuidem-se! Eles não são o povo de Deus-
são lobos. Eles não são para Deus-são contra Ele”.
Suponha que você estivesse entre os judeus enviados
pelo Rei celestial e ouvisse que os do sinédrio e das
sinagogas eram lobos. Não ficaria chocado?
Entretanto é exatamente isso que o Senhor estava
dizendo aqui. O Senhor não disse que os soldados do
exército romano eram lobos, mas que os do sinédrio
e das sinagogas, aqueles que manejavam a Palavra de
Deus e a ensinavam ao povo de Deus, eram lobos. Em
princípio, por séculos a situação tem sido a mesma.
Em 9:36 o Senhor comparou o povo a ovelhas.
Entre o povo de Israel, havia ovelhas e lobos. Esses
lobos estavam no sinédrio e nas sinagogas. Eram
cultos, civilizados e religiosos. Aqueles lobos
conheciam a Bíblia muito bem. Embora pudessem
citar versículos e adorar a Deus segundo as
Escrituras, o Senhor Jesus não os considerou como
ovelhas, mas como lobos. Portanto, na época de
Mateus 10 havia uma situação complicada entre os
filhos de Israel, porque as ovelhas e os lobos estavam
misturados. Não haveria problema uma vez que as
ovelhas acompanhassem os lobos. Entretanto, o
Pastor veio e enviou os co-pastores para reunir as
ovelhas. Se lermos cuidadosamente esses capítulos
veremos que a reunião das ovelhas é o ceifar da
colheita. Todas as ovelhas, a colheita, estavam
espalhadas entre os lobos e misturadas com os lobos.
Quando as ovelhas desejassem ir com os co-pastores
enviados pelo Pastor, os lobos se levantariam e
diriam: “Quê”! Isso é proselitismo. Vocês estão
incitando as ovelhas!” Assim a natureza de lobo é
exposta e os lobos atacam os co-pastores. Portanto o
Senhor disse que, como ovelhas no meio de lobos,
Seus enviados devem ser prudentes como as
serpentes e símplices como as pombas. Quando os
lobos atacam, os enviados devem ser prudentes como
as serpentes para escapar. Ao mesmo tempo, eles
devem também ser inofensivos como as pombas.

C. Levados à Presença de Governadores e


Reis como um Testemunho por causa do Rei
Celestial
O versículo 18 diz: “Por Minha causa, também
sereis levados à presença de governadores e reis, para
lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios”. Sem
dúvida isso se refere aos gentios. Assim o Senhor
indicou que o reino de Deus sofreria oposição por
parte não apenas do mundo religioso judeu, mas
também pelo mundo secular gentio. Por fim, os
apóstolos foram levados à presença de governadores
romanos e reis. Eles foram perseguidos e se tomaram
um testemunho. Isso revela que tanto o mundo
religioso como o político concordam ao se opor ao
reino dos céus, porque ambos estão sob a mão
usurpadora do inimigo de Deus. A intenção do Rei
celestial é estabelecer Seu reino na terra dentro do
território da religião e da política. Isso certamente
levantará oposição e perseguição.
Nos versículos 19 e 20 o Senhor disse: “Mas,
quando vos entregarem, não vos preocupeis em como
ou o que haveis de falar, porque, naquela hora, vos
será concedido o que haveis de falar; porque não sois
vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem
fala em vós”. Os apóstolos têm não apenas
autoridade do Rei celestial (v. 1), mas também o
Espírito do seu Pai celestial. A autoridade do Rei
trata com os espíritos imundos e enfermidades; o
Espírito do Pai trata da perseguição dos opositores. O
Senhor estava encarregando Seus enviados anão falar
por si mesmos sempre que encontrassem perseguição.
Ele parecia estar dizendo: “Não fiquem ansiosos e
não falem por si mesmos. O Espírito do Pai está com
vocês”. Se temos o Espírito do Senhor, temos a
presença do Senhor. A presença do Senhor aqui é o
Espírito para falar. Devemos aprender a enfrentar a
perseguição não em nós mesmos, mas aprender a
voltar ao nosso espírito e confiar no Espírito que
habita interiormente. Devemos crer que o Espírito do
Pai está conosco e que Ele tratará com os opositores e
perseguidores. Isso não é algo fácil de aprender.
Devemos enfrentar oposição e ataque, não em nós
mesmos, mas voltando-nos ao nosso espírito onde o
Espírito de Deus habita. Devemos confiar Nele,
deixá-Lo guiar-nos e deixá-Lo falar.

D. Odiados pelos Parentes


O Senhor também disse aos Seus enviados que
seriam odiados pelos seus parentes. O versículo 21
diz: “Um irmão entregará à morte outro irmão, e o
pai ao filho; filhos se levantarão contra os pais e os
farão morrer”. Para serem apóstolos do Rei celestial
para a pregação do evangelho do reino, os enviados
devem suportar os rompimentos dos laços humanos
mais íntimos.
No versículo 22 o Senhor continuou: “Sereis
odiados de todos por causa do Meu nome; aquele,
porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”. Ser
salvo aqui não significa ser salvo do inferno. Pode
incluir ser salvo daqueles que odeiam, mas por fim
significa ser salvo para dentro da manifestação do
reino dos céus, uma recompensa para os crentes
vencedores. Significa ser salvo da punição
dispensacional durante o milênio. Isso difere da
salvação eterna revelada em Efésios 2:8.

E. Fugir de Cidade em Cidade


O versículo 23 diz: “Quando, porém, vos
perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em
verdade vos digo: De modo algum acabareis de
percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho
do Homem”. Essa palavra não foi cumprida pela
pregação dos doze apóstolos antes da crucificação de
Cristo. Ela não será cumprida até a grande tribulação
(24:21). O que é pregado nos versículos 17 a 23 é
muito parecido com 24:9-13. Aqui o Rei celestial
enviou os apóstolos para pregar o evangelho do reino
aos judeus. Após Sua ressurreição, Ele enviou Seus
apóstolos para pregar o evangelho aos gentios. Após
a plenitude da salvação dos gentios, Ele enviará Seus
apóstolos para pregar novamente o evangelho do
reino aos judeus. Naquele tempo essa palavra será
cumprida e Ele virá.

F. Não Acima do Seu Mestre


No versículo 24 o Rei disse aos Seus enviados:
“O discípulo não está acima do seu mestre, nem o
servo acima do seu senhor”. De acordo com o
contexto, a palavra aqui significa que ao sofrer
perseguição Seus apóstolos não podem estar acima
Dele, porque a Sua perseguição foi a maior de todas.
O versículo 25 diz: “Basta ao discípulo tornar-se
como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se
chamaram Belzebu ao Dono da casa, quanto mais aos
de Sua casa?” Belzebu significa “o senhor das
moscas”, o nome do deus dos ecromitas (2Rs 1:2).
Por desprezo foi mudado pelos judeus para Baalzebel,
que significa senhor da esterqueira, termo usado
para o maioral dos demônios (12:24, 27; Me 3:22; Lc
11:15, 18-19). Os fariseus, os líderes da religião
judaica, insultaram o Rei celestial dizendo que Ele
expulsava demônios pelo maioral dos demônios
(9:34). Esse nome mais blasfemo expressou o forte
desprezo e rejeição deles.
G. Não Temer os Perseguidores, mas do
Eirado Pregar a Mensagem do Rei Celestial
Nos versículos 26 e 27 o Rei disse aos Seus
enviados para não temer os perseguidores, antes
falar a plena luz e proclamar dos eirados. No
versículo 28 Ele disse: “Não temais os que matam o
corpo mas não podem matar a alma; temei, antes,
Aquele que pode destruir na Geena tanto a alma
como o corpo”. Deus é o único capaz de fazer perecer
no inferno tanto a alma como o corpo. Essa palavra
implica que se os apóstolos enviados pelo Senhor
fracassarem ao sofrer perseguição, eles serão
disciplinados por Deus. Isso ocorrerá na era vindoura,
após o julgamento, no trono de julgamento de Cristo,
quando os crentes receberão galardão ou punição
(2Co 5:10; Ap 22:12).
Nos versículos 32 e 33 o Senhor disse: “Portanto,
todo aquele que, em Mim, Me confessar diante dos
homens, também Eu, nele, o confessarei diante de
Meu Pai que está nos céus. Mas aquele que Me 1
anegar diante dos homens, também Eu o negarei
diante de Meu Pai que está nos céus”. Essa palavra
foi dita pelo Rei celestial a Seus apóstolos que foram
enviados por Ele para pregar o evangelho do reino. O
Senhor predisse que eles seriam perseguidos (vs. 17,
21-23). Se qualquer pessoa que sofre perseguição O
nega, Ele o negará. Isso ocorrerá na Sua vinda (16:27).
Ele negar ou confessar Seus apóstolos naquele tempo
determina se eles são ou não dignos de entrar no
reino dos céus na era vindoura como recompensa.
Aqui o Rei parecia estar dizendo: “Se você temer essa
perseguição e não confessar Meu nome diante dos
perseguidores, Eu não confessarei seu nome diante
do Pai quando voltar e o milênio começar”. Isso quer
dizer que tal pessoa será colocada nas trevas
exteriores (25:30) e não participará na manifestação
do reino.

V. OS TRANSTORNOS CAUSADOS PELO REI


E O CAMINHO DA CRUZ PARA SEGUI-LO

A. O Rei Celestial Veio não para Trazer Paz,


mas Espada
No versículo 34 o Senhor disse: “Não penseis
que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas
espada”. Toda terra está sob a usurpação de Satanás
(1 J05:19). O Rei celestial veio chamar alguns para
fora dessa usurpação. Isso certamente despertou a
oposição de Satanás. Satanás instigou as pessoas
usurpadas por ele, para lutar contra os chamados do
Rei celestial. Portanto a vinda do Rei não trouxe paz,
mas espada. Para o reino dos céus ser estabelecido,
deve haver um confronto entre o reino dos céus e o
reino do mundo. Esses dois reinos não podem
coexistir. Porque o Rei celestial está estabelecendo
Seu reino na terra, o combate entre esses dois reinos
é inevitável. Nos versículos 35 e 36 o Senhor disse:
“Pois vim pôr em dissensão o homem contra seu pai,
a filha contra sua mãe e a nora contra sua sogra; e os
inimigos do homem serão os da sua própria casa”. A
luta instigada pelo Satanás usurpador contra os
chamados do Rei celestial é travada até mesmo na
própria casa deles. Os celestialmente chamados são
atacados em seus lares, por seus familiares que
permanecem sob a mão usurpadora do maligno.
Quando alguns são atraídos e capturados pelo Rei
celestial e decidem segui-Lo, alguns de sua família
podem ser instigados por Satanás contra eles, até
mesmo para matá-los.
Deixe-me falar de um irmão que foi perseguido
pela esposa incrédula. Esse homem tinha um
excelente emprego nos escritórios alfandegários do
governo, e era muito rico. Depois que foi trazido ao
Senhor, sua esposa começou a persegui-lo. Uma
noite, esse irmão convidou vários de nós para ir à sua
casa jantar. Sempre que ele convidava colegas de
trabalho para jantar, a esposa ficava muito feliz e
preparava a melhor comida. Mas agora como um
crente ele havia convidado algumas pessoas da igreja
para ir a casa deles. Na noite em que nos convidou,
ela propositadamente não fez comida. Antes, pôs
sobras de comida fria na mesa. O irmão olhou para
nós com lágrimas nos olhos. Olhamos para ele e
dissemos: “Louvado seja o Senhor! Esse jantar está
delicioso. Vamos todos comê-lo”, Então comemos
todas aquelas sobras. Esse foi um exemplo da
perseguição da esposa.
Os enviados do Senhor devem perceber que a
perseguição os espera. O Senhor Jesus não nos deixa
em trevas. Antes, Ele torna todas as situações muito
claras. A nação judaica está cheia de opositores, e
mesmo os parentes dos enviados se levantarão para
se opor; eles até mesmo matarão os seguidores do
Rei celestial.

B. A Maneira de Seguir o Rei Celestial

1. Não Amar aos Parentes mais do que a Ele


Nos versículos 37 a 39 temos a maneira de seguir
o Rei celestial. No versículo 37 o Senhor disse:
“Quem ama pai ou mãe mais do que a Mim, não é
digno de Mim; quem ama filho ou filha mais do que a
Mim, não é digno de Mim”. Nosso amor pelo Senhor
deve ser absoluto. Nada deve estar acima Dele. Ele é
Aquele absolutamente digno do nosso amor e
devemos ser dignos Dele.
2. Tomar a Cruz e Seguir após Ele
O versículo 38 continua: “E quem não toma a
sua cruz e segue após Mim, não é digno de Mim”.
Cristo foi crucificado tomando a vontade do Pai
(26:39, 42). Ao ser batizado, Ele foi considerado
como crucificado, e desde então carregou Sua cruz
para fazer a vontade de Deus. Seus chamados foram
identificados com Ele. Elepediu-lhes que tomassem
sua cruz e seguissem-No, isto é, que tomassem a
vontade de Deus pondo a si mesmos de lado. Isso
exigia que eles, a qualquer custo, dessem seu
primeiro amor a Ele para que fossem dignos Dele.
3. Perder a Vida da Alma por causa Dele
O versículo 39 diz: “Quem acha a sua vida da
alma, perdê-la-á; e quem perde a vida da alma por
Minha causa, achá-la-á”. Achar a vida da alma é
permitir que a alma tenha desfrute e não sofra.
Perder a vida da alma é fazê-la perder seu desfrute.
Se os seguidores do Rei celestial permitem que a
alma tenha desfrute nesta era, eles farão com que ela
perca o desfrute na era vindoura do reino. Se eles
permitirem que a alma sofra a perda do desfrute
nesta era por causa do Rei, sua alma terá desfrute na
era vindoura do reino, isto é, compartilhará a alegria
do Rei, governando sobre a terra (25:21, 23).

VI. IDENTIFICAÇÃO COM O REI

A. Quem Recebe os Apóstolos do Rei Celestial


O Recebe
Em 10:40-11:1 temos a questão de identificação
com o Rei celestial. O versículo 40 diz: “Quem vos
acolhe, a Mim Me acolhe; e quem Me acolhe, acolhe
Aquele que Me enviou”. Os apóstolos enviados pelo
Rei celestial, que foram outorgados com Sua
autoridade (v. 1) e paz (v. 13) e que receberam o
Espírito do Pai (v. 20) e foram identificados com o
Rei em Seu sofrimento (vs. 22, 24-25) e morte (vs. 21,
34-39), eram um com Ele. Assim, quem os recebe,
recebe a Ele. Para participarmos em tal identificação
com o Rei celestial temos de amá-Lo acima de tudo a
qualquer preço, e segui-Lo tomando o caminho
estreito da cruz, como revelado nos versículos 37 a 39.
Os enviados não apenas têm a autoridade e a paz do
Rei e o Espírito do Pai, mas eles são também um com
o Rei e são identificados com Ele. Receber os
enviados do Rei significa receber o próprio Rei,
porque os enviados estão identificados com o Rei.
Isso é um encorajamento para os que são enviados.
Na restauração do Senhor temos a autoridade, a paz,
o Espírito e a identificação com o nosso Rei. Somos
um com Ele. Todo aquele que nos recebe, recebe o
Rei e todo aquele que nos rejeita, rejeita o Rei. Isso
não é algo insignificante. É muito sério. Todos
precisamos ter a certeza de que temos a autoridade, a
paz, o Espírito e a identificação. Tudo isso é para a
expansão do ministério do Rei. O Rei ainda está
expandindo Seu ministério hoje, e nós somos os Seus
enviados com a autoridade, a paz, o Espírito e a
identificação.

B. O Galardão de Acolher um Profeta ou um


Justo
O versículo 41 diz: “Quem acolhe um profeta na
qualidade de profeta, receberá galardão de profeta;
quem acolhe um justo na qualidade de justo,
receberá galardão de justo”. Um profeta é alguém que
fala por Deus e fala Deus. Um justo é alguém que
busca a justiça, que pratica a justiça e que é
perseguido por causa da justiça a favor do reino (5:6,
10, 20; 6:1). O Rei celestial era tal Profeta enviado
por Deus (Dt 18:15) e tal homem justo (At 3:14). Seus
apóstolos, enviados por Ele, estando identificados
com Ele, eram também tais profetas e justos.
Portanto, todo aquele que os acolhe, receberá um
galardão. Quem acolher um profeta está ligado a
palavra do profeta, e aquele que acolhe um justo une-
se à justiça e ao justo. Então, tal pessoa receberá um
galardão assim como o profeta e o justo.
Os enviados do Rei sairão como profetas e como
justos. O profeta sempre vem com a palavra de Deus
e o justo sempre vem com a justiça. Se você recebe o
profeta, receberá a palavra de Deus; e se recebe o
justo receberá a sua justiça. Quão bom é ter a palavra
de Deus e a justiça! Isso nos ajudará a ser
introduzidos na realidade do reino hoje e também na
manifestação do reino no futuro.

C. O Galardão por Dar um Copo de Água Fria


a um Pequeno Discípulo
O versículo 42 diz: “E qualquer que der a beber,
ainda que seja um copo de água fria, a um destes
pequeninos na qualidade de discípulo, em verdade
vos digo, de modo algum perderá o seu galardão”.
Esse galardão será dado na era vindoura (Lc 14:14).

VII. O REI CELESTIAL ENSINA E PREGA NAS


CIDADES
Mateus 11:1 diz: “E sucedeu que, quando Jesus
acabou de dar instruções a Seus doze discípulos,
partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles”.
Depois que o Senhor designou os doze e enviou-os a
espalhar a pregação do reino, Ele mesmo prosseguiu
em Seu ministério ensinando e pregando nas cidades.
MENSAGEM 31

O RESULTADO DO MINISTÉRIO DO REI


Em Mateus 11 vemos o resultado do ministério
do Rei. O registro do capítulo 10 indica que tanto o
ministério do Rei como a expansão desse ministério
pelos doze apóstolos foram rejeitados. No capítulo 10,
o Senhor disse aos apóstolos que eles seriam
perseguidos e odiados, até mesmo pelo assim
chamado povo santo no sinédrio e nas sinagogas. Ele
preveniu-os de que seriam perseguidos pelos seus
parentes. No capítulo 11 vemos que três ministérios
são rejeitados: o ministério de João Batista, o
ministério do Rei e o ministério dos enviados do Rei,
os doze apóstolos. João foi rejeitado, o Senhor Jesus
foi rejeitado, e de acordo com Sua instrução aos doze
apóstolos, o ministério deles também seria rejeitado.
No capítulo 11 vemos como o Rei lida com essa
rejeição. O ponto principal nesse capítulo é como
devemos enfrentar a rejeição.

I. FORTALECER SEU PRECURSOR


APRISIONADO

A. O Precursor Aprisionado Envia Seus


Discípulos para Provocar o Rei
Nos versículos 2 e 3 vemos que a paciência de
João Batista, o precursor do Rei rejeitado, estava
esgotada. Assim, João “mandou por seus discípulos
perguntar-Lhe: És Tu Aquele que havia de vir ou
devemos esperar outro?” A palavra de João Batista
aqui não significa que ele estava em dúvida com
respeito a Cristo. Ele indagou Cristo dessa maneira a
fim de provocá-Lo para que Ele o libertasse. Ele sabia
que Cristo era Aquele que havia de vir e
enfaticamente O apresentou ao povo (Jo 1:26-36).
Em seguida ele foi colocado na prisão (Mt 4:12) e
esperou, contando que Cristo faria algo para livrá-lo.
Embora Cristo tenha feito muito para ajudar outras
pessoas, Ele nada fez por ele. Por essa razão, João
estava em perigo de tropeçar (v. 6). Por isso ele
enviou seus discípulos a Cristo com tal pergunta
provocadora. No pensamento de João não havia
dúvida de que Cristo era o Messias. Ele não enviou
seus discípulos para perguntar ao Senhor se Ele era
ou não o Messias. Ele estava tentando provocar
Cristo para tirá-lo da prisão. Mas é muito difícil
provocar o Senhor Jesus. Quanto mais você tenta
provocá-Lo, mais Ele se torna indiferente a você.
Você nunca O moverá provocando-O. Se tentar fazer
isso, Ele ficará menos disposto a fazer algo por você.

B. A Resposta do Rei Celestial


Nos versículos 4 a 6 temos a resposta do Senhor
a João. Os versículos 4 e 5 dizem: “Ide anunciar a
João o que estais ouvindo e vendo: os cegos vêem e
os coxos andam; os leprosos são purificados e os
surdos ouvem; os mortos são ressuscitados e aos
pobres está sendo anunciado o evangelho”. O Senhor
mencionou primeiro o cego recebendo a visão,
porque não houve tal milagre no Antigo Testamento.
Com isso, Ele deu uma clara evidência a João que
nenhum outro poderia ter feito tal milagre senão o
Messias (Is 35:5). No sentido espiritual, o cego
receber visão também vem primeiro. Na salvação do
Senhor, Ele primeiramente abre nossos olhos (At
26:18); então podemos recebê-Lo e andar para segui-
Lo. O coxo significa aqueles que não podem andar no
caminho de Deus. Após serem salvos eles podem
andar pela nova vida (9:5-6; Jo 5:8-9). O leproso
purificado significa aqueles que foram salvos da sua
rebelião (lepra) para tornarem-se o povo do reino. O
surdo significa aqueles que não podem ouvir a Deus.
Após serem salvos eles podem ouvir a voz do Senhor
(Jo 10:27). Os mortos significam aqueles que estão
mort2:1, 5), incapazes de contatar a Deus. Após
serem regenerados, com seu espírito regenerado eles
podem ter comunhão com Deus. Os pobres
significam todos os sem Cristo, sem Deus, que não
têm esperança no mundo (Ef 2:12). Ao receber o
evangelho eles se tornam ricos em Cristo (2Co 8:9;
Ef3:8). O versículo 6 diz: “E bem-aventurado é
aquele que não achar em Mim motivo de tropeço”.
Essa palavra indica que João Batista estava correndo
risco de tropeçar no Senhor, porque o Senhor não
agiu em seu benefício conforme sua maneira. Aqui o
Senhor encorajou-o a tomar o caminho que Ele havia
lhe ordenado para que fosse abençoado. Essa bênção
tem muito a ver com a participação no reino dos céus.
Nesses versículos o Senhor parecia estar dizendo
a João: “Não há dúvida de que sou o Messias. Eu ser
o Messias ou não, não depende de Eu fazer algo por
você ou não. Curei o cego, o surdo e o enfermo.
Também ressuscitei o morto. Mas não quero fazer
nada por você. Não espere algo de Mim. Deixarei
você na prisão até que seja decapitado. Bem-
aventurado é aquele que não achar em Mim motivo
de tropeço”. Na restauração do Senhor precisamos
aprender essa lição. Sempre que o Senhor faz algo
positivo por nós, ficamos empolgados. Mas muitas
vezes o Senhor não fará nada por nós. A razão por
que Ele nada fez para libertar João da prisão era que
se João tivesse sido libertado, o seu ministério estaria
competindo com o ministério do Senhor Jesus. o
aprisionamento de João foi soberanamente
arranjado pelo Senhor para terminar seu ministério,
que era um ministério de apresentação. Após a obra
de apresentação ter sido realizada, o ministério dele
deveria ter terminado. Assim, Deus soberanamente
terminou o ministério de João, aprisionando-o.

II. AVALIA SEU PRECURSOR


As perguntas dos discípulos de João ao Senhor
podem ter dado aos apóstolos do Senhor uma
impressão negativa de João. Por isso nos versículos 7
a 15 o Senhor publicamente avaliou Seu precursor.
Oculta na resposta do Senhor a João havia uma
indicação da fraqueza dele. Entretanto, Suas palavras
à multidão testificaram publicamente por João.
Lembre-se que os primeiros quatro discípulos foram
introduzidos por intermédio do ministério de
apresentação de João. João declarou: “Eis o Cordeiro
de Deus”, e João e André seguiram o Senhor Jesus.
Por fim eles trouxeram Tiago e Pedro ao Senhor.
Assim, os primeiros quatro discípulos foram trazidos
a Cristo por intermédio do ministério de João Batista.

A. Não um Caniço no Deserto Agitado pelo


Vento ou um Homem Vestido de Roupas
Delicadas
Em Sua avaliação pública de João Batista o
Senhor Jesus vindicou-o. No versículo 7 o Senhor
disse: “Que saístes a ver no deserto? um caniço
agitado pelo vento?” Um caniço significa uma pessoa
frágil e fraca (12:20; 1Rs 14:15). Quando João Batista
estava testificando por Cristo no deserto, ele não era
como um caniço, uma pessoa fraca. Entretanto agora
na prisão ele era como um caniço agitado pelo vento.
O Senhor Jesus é sábio, 1 amável e misericordioso. Se
fôssemos o Senhor teríamos sido ofendidos por João.
Porque o Senhor sabia que João estava um tanto
fraco, Ele o encorajou. Ele parecia estar dizendo:
“João, cuidado. Parece que você está um tanto
enfraquecido a Meu respeito”. Esse foi o significado
da palavra do Senhor a João. Mas quando falou às
multidões e aos outros discípulos, Ele vindicou João,
indicando que ele não era uma pessoa fraca, uma
pessoa tímida, mas uma testemunha forte. No
versículo 8 o Senhor perguntou: “Mas que saístes a
ver? um homem vestido de roupas delicadas? Eis que
os que vestem roupas delicadas estão nas casas dos
reis”. Após testificar ousadamente por Cristo no
deserto, João Batista tomou-se fraco quando foi
aprisionado por um tempo. Alguns podem pensar
que ele desejaria vestir-sede roupas finas nos
palácios reais. Mas o Senhor testificou que ele não
era um caniço agitado pelo vento nem um homem
vestido de roupas finas.

B. Muito Mais que um Profeta


O versículo 5 diz: “Mas porque saístes? Para ver
um profeta? Sim, Eu vos digo, e muito mais que
profeta”. O Senhor testificou que João foi muito mais
que um profeta. Ele foi um grande profeta, maior do
que todos os outros que foram antes dele.

C. Ser Um Mensageiro Diante da Face do Rei


Celestial, para Preparar-Lhe o Caminho
João foi enviado por Deus como um mensageiro
diante de Cristo para preparar-Lhe o caminho (11:10)
a fim de que o povo pudesse voltar a Deus e receber o
Rei celestial e o reino celestial. O ministério dele era
o de pavimentar o caminho para o reino.

D. Maior do que Todos os que Nasceram


Antes do Reino dos Céus, mas Menor que
Aqueles que Estão no Reino dos Céus
No versículo 11 o Senhor diz: “Em verdade vos
digo: Entre os nascidos de mulher, não se levantou
nenhum maior do que João Batista; mas o menor no
reino dos céus é maior do que ele”. Embora João
fosse maior do que todos os profetas, ele não estava
no reino dos céus. Comparado aos profetas do Antigo
Testamento João era maior; mas comparado ao povo
do Novo Testamento ele era menor. João estava num
período transitório, era maior que os que o
precederam, mas menor que os que viriam depois
dele. Todos os profetas do Antigo Testamento antes
de João profetizaram apenas que Cristo estava para
vir, mas João testificou que Cristo tinha vindo. Os
profetas estavam procurando Cristo, mas João viu
Cristo. Portanto, João era maior do que todos os
profetas. Embora João tenha visto o Cristo
encarnado e apresentado-O ao povo, ele não tinha o
Cristo ressurreto habitando nele. Mas o povo do
reino tinha. João apenas poderia dizer: “Aqui está
Cristo”, mas o povo do reino pode dizer: “Para mim o
viver é Cristo” (Fp 1:21). Por isso o menor no reino
dos céus é maior que ele. Se alguém é maior ou
menor depende do seu relacionamento com Cristo.
Cristo é o fator decisivo. Quanto mais próximo
alguém está de Cristo, maior ele é.
Os profetas profetizaram com respeito à vinda de
Cristo e João introduziu o Cristo que viera. Os
profetas disseram que Cristo estava vindo e João
disse que Cristo estava lá. Embora João Batista
estivesse próximo a Cristo, ele não estava tão
próximo a Ele como nós estamos, porque temos
Cristo dentro de nós. Cristo está em nós e nós
estamos Nele. Porque Cristo está mesclado conosco,
nosso relacionamento com Ele é o mais íntimo.
Estamos em Cristo, Cristo está em nós, e estamos
mesclados com Ele, até mesmo unidos a Ele. A
Primeira Epístola aos Coríntios 6:17 diz: “Aquele que
se une ao Senhor é um espírito com ele”. Que pode
ser mais íntimo do que isso? Esse relacionamento
íntimo com Cristo nos faz maiores do que todos os
que nos precederam. Que grande bênção isso é!
Precisamos perceber em que era estamos vi
vendo. Pedro, João e mesmo Paulo estavam no
princípio da era do reino, mas nós estamos no
encerramento desta era. Onde você preferiria estar
no início, no meio ou na conclusão? Martinho Lutero
estava no meio, mas não estamos nem no princípio
nem no meio, estamos no final. Grandes homens
como Martinho Lutero estiveram nos ombros dos
primeiros apóstolos, mas agora estamos nos ombros
de Martinho Lutero e de outros notáveis. Portanto,
estamos acima de todos eles. Mesmo o menor entre
nós é capaz de dar um forte testemunho de sermos
justificados pela fé objetivamente e subjetivamente.
Não considere esses dias como dias insignificantes.
Quando estava buscando o Senhor há cinqüenta
anos, a situação era muito pobre. Gastávamos muito
dinheiro em livros e viajávamos para ver certas
pessoas. Não há comparação com a situação de hoje.
Hoje todos vocês estão cheios de riquezas. Minha
única preocupação é que vocês não têm o apetite
adequado. Estamos banqueteando todos os dias. Não
estamos no período transitório, não estamos no
princípio nem no meio da era do Novo Testamento;
estamos na conclusão desta era. Na conclusão tudo é
melhor, mais elevado e mais rico. Louvamos ao
Senhor que estamos tão próximos a Cristo! Muitas.
das mensagens que ouviram sobre Cristo não foram
ouvidas por outros no passado. Muitos de vocês
estiveram no cristianismo por anos. Foi-lhes dito
algo do Cristo todo-inclusivo? Ouviram acerca de
comer Jesus? Mas agora estamos comendo-O e
desfrutando-O. Assim, somos maiores. Você ousa
dizer que é maior? De acordo com o princípio na
Bíblia, o último é sempre o maior. Os últimos serão
os primeiros. Porque somos os últimos somos os
maiores.

E. Ser Elias
o versículo 14 diz: “E, se o quereis aceitar, ele é o
Elias que há de vir”. Malaquias 4:5 profetizou que
Elias viria. Quando João Batista foi concebido, foi
dito que ele iria adiante do Senhor no espírito e
poder de Elias (Lc 1:17). Portanto, de certo modo,
João pôde ser considerado o Elias que estava por vir
(Mt 17:1O-l3). Entretanto, a profecia de Malaquias
4:5 será verdadeiramente cumprida na grande
tribulação, quando o verdadeiro Elias, uma das duas
testemunhas, virá para fortalecer o povo de Deus (Ap
11:3-12).

F. Os Profetas e a Lei Profetizaram até João


O versículo l3 diz: “Porque todos os profetas e a
lei profetizaram até João”. Isso prova que a
dispensação do Antigo Testamento terminou com a
vinda de João.

G. Desde os Dias de João até Agora o Reino


dos Céus é Tomado por Violência
O versículo 12 diz: “Desde os dias de João Batista
até agora, o reino dos céus é tomado por violência, e
os violentos se apoderam dele”. Dos dias de João
Batista até agora, os fariseus violentamente têm
tentado impedir as pessoas de entrar no reino dos
céus. Assim, os que desejam entrar, devem fazê-lo
por violência.

H. A Necessidade de Ouvidos para Ouvir


A palavra de Cristo com respeito ao Seu
precursor João Batista relacionava-se
profundamente a Ele próprio e ao reino celestial. Era
diferente de qualquer dos ensinamentos velhos e
tradicionais. Portanto, havia necessidade de ouvidos
para ouvir (1l:15).

III. REPROVA A GERAÇÃO OBSTINADA


Após o Senhor ter elogiado João, Ele voltou-se
para a geração que o rejeitou e reprovou-a. Seu elogio
lembrou-os de que João fora rejeitado. A despeito de
quão grande fosse João, ele estava na prisão, por
causa da rejeição daquela geração.

A. A Geração Não Reagiu à Pregação do


Precursor nem à do Rei Celestial
Nos versículos 16 e 17 o Senhor disse: “Mas a que
compararei esta geração? É semelhante a crianças
sentadas nas praças, que chamam pelas outras,
dizendo: Nós vos tocamos flauta, e não dançastes;
entoamos lamentações, e não pranteastes”, Cristo e
João Batista “tocaram flauta” pregando o evangelho
do reino, mas os judaizantes “não dançaram”
regozijando-se com a salvação. João e Cristo
“entoaram lamentações” pregando o arrependimento,
mas os judaizantes “não prantearam” como resultado
de tristeza pelo pecado. A justiça de Deus exigia-lhes
arrependimento, mas eles não quiseram obedecer. A
graça de Deus provia-lhes salvação, mas não
quiseram recebê-la.
Os versículos 18 e 19 dizem: “Pois veio João, que
não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio. Veio o
Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí
um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores
de impostos e de pecadores! Mas a sabedoria é
justificada por suas obras”. João, que veio para levar
os homens ao arrependimento (Me 1:4) e fazê-los
entristecer-se pelo pecado, não comia nem bebia (Lc
1:15-17); enquanto Cristo, que veio para trazer
salvação aos pecadores e levá-los a se regozijar nela,
alegrou-se ao beber e comer com eles (Mt 9:10-11). O
povo do reino, sem regulamentos, segue a sabedoria
divina, concentrando sua atenção no Cristo que
habita interiormente o qual é a sabedoria deles (1Co
1:30), e não na sua maneira de vida exterior.
Porque João Batista viveu de maneira estranha e
peculiar, não comendo e bebendo de maneira normal,
os opositores diziam: “Tem demônio”-ele é
endemoninhado. Mas eles chamaram Cristo de
glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de
impostos e pecadores. Cristo não é apenas o Salvador,
mas também o amigo de pecadores, compadecendo-
se de seus problemas e entendendo sua tristeza.
No versículo 19 o Senhor disse: “Mas a sabedoria
é justificada por suas obras”. A sabedoria é Cristo
(1Co 1:24, 30). Tudo o que Cristo fez foi pela
sabedoria de Deus, que é Ele próprio. Essa sabedoria
foi justificada, vindicada, pelas Suas obras sábias,
Seus feitos sábios. Nesse versículo algumas
autoridades lêem “filhos” em vez de “obras”. O povo
do reino são os filhos da sabedoria, os que justificam
Cristo e Seus feitos e seguem-No como a sabedoria
deles. Cristo é justificado pelo povo do reino, que
sabe quando comer e quando não comer e que
reconhece o tocar da flauta e o entoar das
lamentações, sabendo quando se regozijar e quando
se arrepender. Nós, o povo do reino, os filhos da
sabedoria, temos a sabedoria para discernir quando
nos arrepender e quando nos regozijar. Mas a
geração que rejeita é absolutamente tola. Se você
tocar uma canção, eles não respondem. Se cantar
uma lamentação por arrependimento, eles não
reagem a isso também. Eles são obstinados e tolos,
são carentes de sabedoria.

B. As Cidades Não se Arrependeram


O versículo 20 diz: “Começou, então, a increpar
as cidades nas quais se operara a maior parte de Seus
milagres, pelo fato de não se terem arrependido”. O
Senhor prosseguiu: “Ai de ti, Corazim! ai de ti,
Betsaida!”, porque de modo geral todas elas O
rejeitaram. Quanto a Cafamaum Ele disse: “Até o
Hades serás abatida”. Hades, assim como ([Seol]
sepultura, sepulcro-JFA) no Antigo Testamento (Gn
37:35, Sl 6:5), é o lugar onde a alma e o espírito dos
mortos estão guardados (Lc 16:22-23; At 2:27). Ele
também disse de Cafamaum: “No dia do juízo haverá
menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti”
(v. 24). Isso indica que Cafamaum era pior que
Sodoma.

IV. RECONHECER A VONTADE DO PAI COM


LOUVOR

A. Responde ao Pai em Sua Comunhão com


Ele quando Ia Repreender a Geração
Obstinada
O versículo 25 começa com as palavras:
“Naquele tempo”. Isso se refere ao tempo que o
Senhor estava repreendendo as cidades. O versículo
25 diz: “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse:
Eu Te enalteço, ó Pai, Senhor do céu e da terra”. A
palavra “respondendo” é muito significativa. A quem
o Senhor respondeu? Ele respondeu ao Pai.
Enquanto o Senhor estava repreendendo as cidades,
Ele teve comunhão com o Pai. Naquele tempo,
respondendo ao Pai, Ele proferiu-Lhe louvores.
Enquanto o Senhor estava repreendendo as cidades,
um terceiro partido estava presente. O Senhor era o
primeiro partido, as cidades eram o segundo, e o Pai,
que estava com Ele, era o terceiro. Enquanto o
Senhor estava repreendendo Corazim, Betsaida e
Cafamaum, o Pai Lhe pode ter perguntado: “Você
está feliz por isso?” Então o Senhor respondeu e
disse: “Eu Te enalteço, ó Pai”. O Pai pode ter dito ao
Filho: “Estás repreendendo essas cidades porque elas
Lhe rejeitaram. Sente-se bem com isso?” O Senhor
imediatamente respondeu e louvou ao Pai, o Senhor
do céu e da terra.
Às vezes um terceiro partido está presente
enquanto você está falando com sua esposa. Você é o
primeiro partido, sua esposa é o segundo, e o Senhor
é o terceiro. Talvez diga à sua esposa: “Ontem você
não me tratou muito bem, seu comportamento foi
medíocre”. Enquanto está dizendo essas palavras, o
terceiro partido ao seu lado pode perguntar: “Que tal
isso? Você gosta? Sim, sua esposa não foi tão bem
ontem”. Nessa hora você poderia dizer: “Eu te
enalteço, ó Pai”. Isso não é algo fácil de fazer. Mas o
Senhor Jesus pôde fazê-lo, dizendo: “Graças te dou, ó
Pai, Senhor do céu e da terra. Reconheço a Tua
autoridade. Se isso não procedesse de Ti, nenhuma
dessas cidades Me rejeitariam. Mesmo essa rejeição
procede de Ti. Pai, Eu fico do Teu lado. Essa situação
é muito boa. Eu Te digo que Me sinto bem a esse
respeito e posso louvar-Te por isso”.

B. Reconhece a Vontade do Pai com Louvor


A palavra grega traduzida para “enaltecer” no
versículo 25 significa fazer confissão com louvor . O
Senhor reconheceu com louvor a maneira do Pai
realizar a Sua economia. Embora o povo, em vez de
responder ao Seu ministério, O tenha difamado (vs.
16-19), e as cidades principais O tenham rejeitado (vs.
20-24), Ele louvou ao Pai, reconhecendo a Sua
vontade. Ele não buscou prosperidade em Sua obra,
mas empenhou-se na vontade do Pai. Ele desejava
estar satisfeito e descansado, não segundo o
entendimento e bem-estar do homem, mas segundo a
compreensão do Pai (vs. 26-27). Cristo creu que a
rejeição Dele pelas cidades provinha do Pai. E quanto
à nossa situação hoje? Quando somos rejeitados,
resistidos, criticados, atacados e condenados,
podemos louvar o Pai? Você alguma vez disse: “Pai,
louvo a Ti pela rejeição e oposição de meus pais e
amigos”? Precisamos reconhecer que tal rejeição
soberanamente provém do Senhor e louvá-Lo por
isso.
No louvor do Senhor, “Pai” refere-se ao
relacionamento do Pai com Ele, o Filho; enquanto
“Senhor do céu e da terra” refere-se ao
relacionamento de Deus com o universo. Quando o
povo de Deus era derrotado por Seu inimigo, Ele era
chamado o Deus dos céus (Ed 5:11-12; Dn 2:18, 37).
Mas quando havia um homem na terra
posicionando-se por Deus, Ele era chamado o
Possuidor dos céus e da terra (Gn 14:19, 22). Agora, o
Senhor, como o Filho do homem, também chamou o
Pai de “Senhor dos céus e da terra”, indicando que
Ele estava na terra pelos interesses de Deus.

1. O Pai Ocultou dos Sábios e Entendidos o


Conhecimento do Filho e do Pai
O versículo 25 também diz que o Pai ocultou
“essas coisas aos sábios e entendidos”. “Essas coisas”
referem-se às coisas com respeito ao conhecimento
do Filho e do Pai (v. 27). Os “sábios e entendidos”
referem-se às pessoas das três cidades condenadas
nos versículos 20 a 24, que eram sábias e entendidas
aos seus próprios olhos. A vontade do Pai era ocultar
de tais pessoas o conhecimento do Filho e do Pai.

2. O Pai Revelou Essas Coisas aos


Pequeninos
O Senhor louvou ao Pai por ter revelado essas
coisas aos pequeninos. A palavra “pequeninos”
refere-se aos discípulos, que eram os filhos da
sabedoria. O Pai se agradou de revelar o Filho e o Pai
a eles. Conhecer o Filho e o Pai é totalmente uma
questão da soberania do Pai. Em 16:17, após Pedro
ter recebido a revelação que Jesus era o Cristo, o
Filho do Deus vivo, Jesus disse-lhe: “Bem-
aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne
e sangue quem to revelou, mas Meu Pai que está nos
céus”. Assim, conhecer o Filho é uma questão da
revelação do Pai.

3. Agradável ao Pai
O versículo 26 diz: “Sim, ó Pai, porque assim foi
do Teu agrado”. Era do agrado do Pai que o Filho
fosse rejeitado. O Pai agradava-se de ver a rejeição do
Filho. É muito difícil crermos nisso. Se seus pais e
parentes quisessem ser um com você na restauração
do Senhor, você ficaria empolgado e louvaria ao
Senhor. Mas você deve louvar ao Senhor pela sua
experiência de rejeição, dizendo: “Louvo-Te, ó Pai,
porque Tu és o Senhor dos céus e da terra. Todas as
coisas provêm de Ti, e eu Te louvo por essa situação”.

4. Todos os Restantes Foram Entregues ao


Filho pelo Pai
O versículo 27 diz: “Tudo Me foi entregue por
Meu Pai”. “Tudo” se refere ao restante, a quem o Pai
deu ao Filho (J03:27; 6:37, 44, 65; 18:9). Essa
palavra implica que os sábios e entendidos rejeitaram
o Filho, porque o Pai não se agradou em dá-los ao
Filho. Entretanto, todos os restantes foram entregues
ao Filho pelo Pai. Pedro, João, Tiago e André eram
alguns daqueles que foram dados ao Filho pelo Pai. O
Senhor Jesus disse: “Todo aquele que o Pai Me dá,
virá a Mim; e o que vem a Mim, de modo nenhum o
lançarei fora” (Jo 6:37). O fato de estarmos na
restauração do Senhor é absolutamente uma questão
da soberana misericórdia de Deus. Precisamos
adorar ao Senhor por isso. Dentre tantos cristãos no
mundo, nós estamos na restauração. Tenho o
profundo sentimento interior de que nesses anos que
a restauração do Senhor tem estado neste país, Ele
tem ceifado uma colheita. Ele tem ajuntado um
remanescente entre os cristãos. Nos anos em que
estivemos no salão da rua Elden em Los Angeles, o
Senhor estava ajuntando seus remanescentes. Mês
após mês, o Senhor trouxe seus remanescentes de
várias cidades, estados e países. Aquele era um
verdadeiro ajuntamento de remanescentes. Todos os
que foram ajuntados podem testificar que fomos
libertados pelo Pai. A restauração do Senhor não é
uma obra cristã comum; é o ajuntamento dos
remanescentes do Senhor para restaurar o reino de
Deus na vida da igreja. O Senhor ainda está fazendo a
obra de reunir Seus remanescentes hoje.

5. Ninguém Conhece o Filho senão o Pai e


Ninguém Conhece o Pai senão o Filho e
Aquele que Recebe a Revelação do Filho
No versículo 27 o Senhor disse: “Ninguém
conhece plenamente o Filho senão o Pai; e ninguém
conhece plenamente o Pai senão o Filho, e aquele a
quem o Filho O quiser revelar”. A palavra grega
traduzida para “conhece” neste versículo significa
pleno conhecimento, não mero entendimento
objetivo. No que diz respeito ao Filho, apenas o Pai
tem tal conhecimento; e no que se refere ao Pai,
apenas o Filho tem tal conhecimento. Portanto, para
conhecer o Filho temos de ter a revelação do Pai
(16:17), e para conhecer o Pai é necessário a revelação
do Filho (Jo 17:6, 26). A palavra grega traduzida para
“quiser” significa exercitar intencionalmente a
vontade por meio de decisão. “Essas coisas”
mencionadas no versículo 25 são difíceis para o
homem natural entender. A restauração do Senhor é
absolutamente contra o reino das trevas do inimigo.
Sem dúvida, o maligno não está disposto a permitir
que as pessoas conheçam as coisas do Pai, do Filho e
da restauração do Senhor. Por isso, há a necessidade
da misericórdia soberana do Pai. É soberania do
Senhor que vimos certas coisas e fomos levados a elas.
Embora outros as condenem, temos gozo porque as
vimos. Nosso ver não é devido à nossa inteligência,
mas pela misericórdia do Pai. O Pai mostrou-nos
todas essas coisas.

V. CHAMA OS SOBRECARREGADOS A
DESCANSAR E INDICA O MODO DE FAZÊ-LO

A. o Chamamento
No versículo 28 o Senhor fez um chamamento:
“Vinde a Mim todos os que labutais e estais
sobrecarregados, e Eu vos darei descanso”. O Senhor
parecia dizer: “Todos os que labutam e estão
sobrecarregados, venham a Mim e descansem. Todos
os religiosos e todos vocês, pessoas do mundo, que
labutam e estão sobrecarregados, venham a Mim e
Eu lhes darei descanso”. Que palavra graciosa! O
cansaço mencionado no versículo 28 refere-se não
apenas ao esforço de guardar os mandamentos da lei
e os regulamentos religiosos, mas também o
empenho de ser bem sucedido em toda obra. Os que
assim fazem estão sempre excessivamente
sobrecarregados. Após o Senhor ter louvado o Pai,
confessando a Sua vontade e declarando a economia
divina, Ele chamou essas pessoas para ir a Ele e
descansar. Descansar não se refere apenas a estar
livre do cansaço e de sob a carga da lei e da religião
ou de qualquer obra e responsabilidade, mas também
à perfeita paz e total satisfação.

B. O Caminho

1. Tomar o Jugo do Rei Celestial


Nos versículos 29 e 30 temos o caminho para
descansar: “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei
de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e
achareis descanso para as vossas almas. Porque o
Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve”. Tomar o jugo
do Senhor é tomar a vontade do Pai. Não é ser
regulado ou controlado por qualquer obrigação da lei
ou da religião, nem ser escravizado por qualquer obra,
mas ser constrangido pela vontade do Pai. O Senhor
viveu tal vida, não se importando com nada senão
coma vontade de Seu Pai (104:34; 5:30; 6:38). Ele se
submeteu totalmente à vontade do Pai (26:39, 42).
Por isso Ele nos pede para aprender Dele. A vontade
de Deus é o nosso jugo. Assim, não estamos livres
para fazer o que nos agrada; antes estamos sob jugo.
Jovens, não pensem que são tão livres ou liberados.
Na restauração do Senhor todos fomos subjugados.
Quão bom é ser subjugado! O jugo do Senhor é suave
e Seu fardo é leve. O jugo do Senhor é a vontade do
Pai, e Seu fardo é realizar a vontade do Pai. Tal jugo é
suave, não penoso, e o Seu fardo é leve e não pesado.
A palavra grega traduzida para “suave” significa
própria para uso; conseqüentemente, boa, amável,
branda, delicada, confortável, agradável, em
contraste ao que é difícil, desagradável, brusco e
penoso.

2. Aprender Dele
No versículo 29 o Senhor nos fala de aprender
Dele. Ele é manso e humilde de coração. Ser manso
significa não resistir a qualquer oposição, e ser
humilde significa não se considerar em alta conta.
Em toda oposição o Senhor era manso e em toda
rejeição Ele era humilde de coração. Ele submetia-se
totalmente à vontade do Pai, não pretendendo fazer
algo por Si nem esperando obter algo para Si. Por
isso, apesar da situação, Ele tinha descanso no
coração. Ele estava totalmente satisfeito com a
vontade do Pai.
O Senhor disse que se tomarmos sobre nós o Seu
jugo e aprendermos Dele, encontraremos descanso
para nossa alma. O descanso que achamos tomando
o jugo do Senhor e aprendendo Dele é para a nossa
alma. É um descanso interior; não algo meramente
exterior.
Se quando ministramos sofremos oposição, e
resistimos, não teremos paz. Mas se em vez de
resistir, submetemo-nos à vontade do Pai,
testificando que a oposição procede Dele, teremos
descanso em nossa alma. João Batista não
considerou seu aprisionamento como proveniente do
Pai; por isso, ele não teve descanso. Se tivesse
percebido que sua prisão procedia da vontade do Pai,
ele estaria descansando, ainda que na prisão. Cristo,
o Rei celestial, sempre se submeteu à vontade do Pai,
tomando a vontade de Deus como Sua porção e não
resistindo a coisa alguma. Assim, Ele descansava
todo o tempo. Devemos aprender Dele e também
ganhar essa visão. Se o fizermos teremos descanso
em nossa alma.
MENSAGEM 32

A OFICIALIZAÇÃO DA REJEIÇÃO AO REI (1)


Nesta mensagem chegamos à oficialização da
rejeição ao Rei (12:1-50).

I. A RAZÃO DA REJEIÇÃOA QUEBRA DO


SÁBADO
A razão da rejeição ao Senhor foi a quebra do
sábado (12:1-14).

A. Colher e Comer as Espigas nas Searas, no


Sábado

1. O Rei Celestial e Seus Discípulos Passaram


pelos Campos de Trigo no Sábado e os
Discípulos Colheram Espigas para Comer
Mateus 12:1 diz: “Por aquele tempo, em dia de
sábado, passou Jesus pelas searas. Ora, os Seus
discípulos estavam com fome, e começaram a colher
espigas e a comer”. “Por aquele tempo” une o
capítulo 12 ao 11. No tempo que o Senhor chamou as
pessoas para descansar do esforço de guardar a lei e
os regulamentos religiosos, Ele passou pelos campos
de trigo no sábado, e Seus discípulos começaram a
colher espigas e a comer, aparentemente quebrando
o sábado. Lembre-se que Mateus une determinados
fatos para apresentar uma doutrina em seus registros.
O relato nos outros Evangelhos não é exatamente
igual ao daqui. A frase “por aquele tempo” é muito
importante. Ela se refere ao tempo do chamamento
das pessoas para o Seu descanso. Por aquele tempo
todos os Seus discípulos estavam famintos. Sempre
que estamos famintos não temos descanso. Descanso
inclui satisfação. Quando você está satisfeito, você
está no descanso. Mas se não tem satisfação, você
não tem descanso.
Quando o Senhor chamou as pessoas ao
descanso, Seus discípulos estavam famintos. Por essa
razão, Ele os levou às searas, lavouras de trigo. Sem
dúvida, eles sabiam que esses campos estavam
maduros, cheios de espigas boas para comer. O
Senhor Jesus fez isso propositadamente. Percebendo
que Seus discípulos estavam famintos, Ele os levou às
searas para descansar. Isso é um sinal. O
chamamento do capítulo 11 para vir a Ele e descansar
foi feito no dia de sábado. Isso é provado pelas
palavras “por aquele tempo” que começa no capítulo
12. O sábado era um dia de descanso. No dia de
descanso o Senhor chamou o povo para descansar.
Ele parecia dizer: “Vocês estão guardando o sábado,
todavia ainda estão labutando e esforçando-se para
guardar a lei. Vocês estão sobrecarregados com todas
as leis, rituais, formas e regulamentos. Embora
estejam guardando o sábado exteriormente, de fato,
vocês não têm nenhum descanso. Vocês precisam vir
a Mim. Vocês laboram e se sobrecarregam com
guardar a lei. Venham a Mim e acharão descanso”.
Pedro e João talvez tenham dito: “Estamos famintos
e não podemos descansar. Precisamos de algo para
comer”. Mas aquele di a era sábado e todas as
atividades tinham cessado. Por isso era difícil aos
discípulos encontrar algo para comer. Sabendo disso,
o Senhor Jesus levou-os às searas. Anos atrás não
podia entender por que o Senhor Jesus fez isso.
Agora entendo que Ele o fez porque tinha chamado
as pessoas ao Seu descanso, no sábado. Ele sabia que
Seus discípulos estavam famintos e que, porque era
sábado, era difícil achar algo para comer. Eles não
poderiam comprar nada, fazer qualquer coisa ou ir a
qualquer lugar. Os discípulos poderiam ter dito:
“Senhor Jesus, que faremos? Tu nos chamastes para
vir a Ti e descansar; mas estamos famintos e parece
que não há maneira de arranjarmos algo para comer.
Como podemos descansar com tamanha fome?” Eles
estavam sob a carga de guardar os regulamentos do
sábado. Esses regulamentos se tomaram uma carga
pesada para os discípulos famintos. Assim, o Senhor
Jesus tomou a iniciativa de não guardar esses
regulamentos, conduzindo Seus discípulos de uma
situação de guardar regulamentos para uma seara. A
intenção do Senhor ao fazer isso era liberá-los dos
regulamentos de guardar o sábado. Quando entraram
nas searas, todos foram libertados dessa carga e
ficaram satisfeitos. Todos entraram no descanso.
Esse é o pano de fundo da rejeição ao Senhor no
capítulo 12. Os discípulos deveriam ficar com fome e
guardar o sábado ou esquecer o sábado e encontrar
algo para comer e satisfazer sua fome? O Senhor
tomou a iniciativa de levar Seus discípulos famintos à
seara onde eles achariam algo para comer.

2. Os Fariseus Viram e Condenaram


O versículo 2 diz: “Os fariseus, porém, vendo
isso, disseram-Lhe: Eis que os Teus discípulos fazem
o que não é lícito fazerem dia de sábado”. Os fariseus,
“a patrulha do sábado”, pegaram o Senhor Jesus e os
Seus discípulos. Eles deviam estar vigiando o Senhor.
Caso contrário, porque estariam nas searas no
sábado? Os fariseus deviam estar deliberadamente
seguindo o Senhor e espionando-O. Os fariseus
condenaram o que os discípulos do Senhor estavam
fazendo, dizendo que não era lícito fazê-lo no sábado.
O sábado era para os judeus lembrarem a conclusão
da criação de Deus (Gn 2:2), para guardar o sinal da
aliança de Deus com eles (Ez 20:12), e lembrar a
redenção de Deus para eles (Dt 5:15). Portanto
profanar o sábado era uma questão séria aos olhos
dos fariseus religiosos. Para eles não era lícito, não
era bíblico. Mas eles não tinham o conhecimento
adequado das Escrituras. De acordo com seu pobre
conhecimento, eles se importavam com o ritual de
guardar o sábado e não com a fome das pessoas. Que
insensatez observar um ritual vazio!

3. A Defesa do Rei
Esse ambiente proporcionou ao Senhor Jesus a
oportunidade de revelar-Se mais. Para os fariseus,
Jesus tinha sido pego. Mas para o Senhor Jesus
aquela foi uma oportunidade de revelar a eles e aos
discípulos quem Ele era. Até aqui, Ele tinha sido
revelado como o Médico, o Noivo, o Pastor e o
Senhor da seara. Após ser pego pelos fariseus, o
Senhor revelou-se em pelo menos cinco outros
aspectos principais.

a. Davi e Seus Homens Entraram na Casa de


Deus e Comeram o Pão da Proposição
De acordo com os versículos 3 e 4, o Senhor
perguntou aos discípulos: “Mas Ele lhes disse: Não
lestes o que fez Davi quando teve fome, ele e os que
com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e
comeram os pães da proposição, os quais não lhe era
lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam,
senão só aos sacerdotes?” Os fariseus disseram que
não era lícito que os discípulos do Senhor colhessem
as espigas nas searas e as comessem, condenando-os
por agirem contrário às Escrituras. Mas o Senhor
respondeu: “Não lestes”, enfatizando outro aspecto
das Escrituras que O justificava e a Seus discípulos.
Isso condenou os fariseus, por carecerem do
conhecimento adequado das Escrituras. O Senhor
Jesus parecia dizer: “Vocês vieram aqui para me
pegar segundo as Escrituras. Não pensem que
conhecem tanto a Bíblia. Vocês a conhecem apenas
em parte, de modo muito superficial. Vocês nunca
tocaram as profundezas das Escrituras. Podem tê-la
lido, mas não a entendem. Leiam sobre o que fez
Davi quando e1e e aqueles que com ele estavam
sentiram fome. Eles comeram algo, o pão da
proposição no templo, o qual, de acordo com os
regulamentos levíticos, não deveriam ter comido.
Vocês fariseus pensam que Eu fiz algo ilegal. Mas não
leram que Davi e seus seguidores fizeram o mesmo?”
Devemos admirar o conhecimento do Senhor da
Bíblia.
A palavra do Senhor aqui implica que Ele era o
verdadeiro Davi. Nos tempos antigos, Davi e seus
seguidores, quando rejeitados, entraram na casa de
Deus e comeram o pão da proposição, aparentemente
quebrando a lei levítica. Agora o verdadeiro Davi e
Seus seguidores foram também rejeitados e tomaram
a iniciativa de comer, aparentemente, contra o
regulamento sabático. Assim como Davi e seus
seguidores não foram culpados, também Cristo e
Seus seguidores não deveriam ser condenados.
Ambos os casos estavam relacionados ao comer. O rei
Davi era uma prefiguração de Cristo, o verdadeiro
Davi. Davi tinha seguidores, e Cristo, o verdadeiro
Davi, também tinha discípulos como Seus seguidores.
O rei Davi e seus seguidores foram rejeitados pelo
povo, e o verdadeiro Davi e Seus seguidores foram
rejeitados também. Assim como Davi e seus
seguidores estavam famintos, Cristo e Seus
discípulos tiveram fome também. Além disso, nem
Davi e seus seguidores nem Cristo e os seguidores
Dele tinham algo para comer, mas existia um lugar
onde havia algo para comer. Para Davi era a casa de
Deus e para Cristo era a seara. Tudo isso significa que
Davi e seus seguidores eram uma prefiguração, uma
sombra, de Cristo e Seus discípulos.
Além disso, a palavra do Senhor aqui também
implica na mudança dispensacional do sacerdócio
para a realeza. Nos tempos antigos, a vinda de Davi
mudou a dispensação da era dos sacerdotes para a
era dos reis, na qual os reis estavam acima dos
sacerdotes. Na era dos sacerdotes, o líder do povo
deveria ouvir o sacerdote (Nm 27:21-22). Mas na era
dos reis, o sacerdote deveria submeter-se ao rei (1Sm
2:35-36). Assim, o que o rei Davi fez com os seus
seguidores não foi ilegal. Agora com a vinda de Cristo,
a dispensação também foi mudada, dessa vez da era
da lei para a era da graça, na qual Cristo estava acima
de tudo. O que quer que Ele fizesse era correto. A
questão de guardar o sábado pertencia à velha
dispensação da lei. Mas na era da graça, Cristo tem a
palavra final. Não é uma questão da lei, mas de Cristo.
Por isso o Senhor parecia dizer aos fariseus: “Vocês
não devem condenar-me ou aos Meus discípulos.
Não é mais a lei que dá a palavra final, mas Eu, o
Cristo, Eu dou a vocês a palavra final. Eu sou o
verdadeiro Rei, o verdadeiro Davi. Eu sou também o
Cristo que trouxe a dispensação da graça. Assim,
tudo o que digo ou faço é a decisão final”.
Supostamente os fariseus conheciam a Bíblia, mas
aqui eles perderam a questão completamente. Quão
forte foi a defesa do Senhor!

b. Os Sacerdotes Profanam o Descanso no


Sábado no Templo
No versículo 5, O Senhor disse aos fariseus: “Ou
não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no
templo violam o sábado e ficam sem culpa?” O
Senhor atraiu a atenção dos fariseus a um outro caso
nas Escrituras para provar-lhes quão pouco
realmente conheciam a Bíblia. Ele mostrou que o que
quer que os sacerdotes fizessem no templo no sábado,
não os tornava culpados.

c. O Rei Celestial é Maior que o Templo


Então, no versículo 6, o Senhor declarou: “Aqui
está algo maior do que o templo”. Que ousadia o
Senhor tinha! Ele era um Nazareno, mas diante dos
fariseus Ele parecia dizer: “Olhem para Mim. Eu sou
maior que o templo”. Os fariseus devem ter ficado tão
chocados que não puderam dizer nada.
A revelação do Senhor aos fariseus de que Ele
era maior que o templo, era outra mudança, uma
mudança no cumprimento da tipologia, do templo
para uma Pessoa. No caso de Davi, foi uma mudança
de uma era para outra. Neste caso que diz respeito
aos sacerdotes, foi uma mudança do templo para
uma Pessoa que é maior que o templo. Já que os
sacerdotes eram inocentes ao fazer coisas no sábado,
no templo, como poderiam os discípulos do Senhor
serem culpados ao fazer coisas no sábado, Nele que é
maior que o templo? No primeiro caso era o rei
quebrando o regulamento levítico; no segundo, eram
os sacerdotes quebrando o regulamento sabático. Na
Bíblia, nenhum dos dois eram culpados. Portanto o
que o Senhor fez aqui era biblicamente correto.
Aparentemente, os sacerdotes estavam
profanando o sábado, mas, de fato, não estavam,
porque estavam no templo. Naquela esfera todos os
dias e todas as coisas eram santas. Fora do templo
tudo era comum. Mas uma vez que algo era trazido
ao templo, era santificado pelo templo. Semelhante
mente, cada dia era santificado pelo templo. Fora do
templo havia dias comuns e dias santos, mas dentro
do templo não havia tal distinção. Todas as coisas,
todos os dias, todos os assuntos e todos no templo
eram santos. O templo, todavia, era uma sombra, não
uma realidade. A realidade é Cristo, o templo maior.
O Senhor parecia estar dizendo: “Eu sou o templo
maior, o verdadeiro. Em Mim, Pedro, João, e todos
os pescadores galileus são santificados, são santos.
Em Mim todo dia é dia santo. Se os sacerdotes eram
livres para agir e se ocupar em várias atividades no
sábado, no templo, então quanto mais podem esses
amados fazer coisas livremente em Mim? O templo
protegia os sacerdotes, e Eu, o templo maior, protejo
todos os Meus discípulos. Fariseus, não me
incomodem. Deixem Meus discípulos em paz, porque
eles estão todos no templo maior”. Essa era uma
mudança do tipo para a realidade. A defesa do
Senhor era muito profunda para os fariseus
discutirem com Ele. Eles nada tinham para contestar
à defesa do Senhor. Por isso, ficaram em silêncio.
d. Deus Prefere Misericórdia a Sacrifício
Depois disso o Senhor disse: “Mas se vós
soubésseis o que significa: “Misericórdia quero, e não
sacrifício”, não teríeis condenado a inocentes” e v. 7).
Com isso o Senhor mostrou-lhes que o que os
fariseus faziam não estava de acordo com o coração
de Deus. Eles eram rigorosos nos regulamentos, mas
negligenciavam a misericórdia de Deus. Mas Deus
prefere misericórdia a sacrifício.

e. O Filho do Homem é Senhor do Sábado


Por fim, no versículo 8, o Senhor disse: “Porque
o Filho do Homem é Senhor do sábado”. Quão
ousado era o Senhor Jesus! Ele ganhou a causa e os
fariseus, que ficaram chocados e temerosos, se
calaram. Eles nada tinham a dizer. O falar do Senhor
aos fariseus dizendo que Ele era Senhor do sábado
era como alguém hoje dizer a um policial rodoviário
que ele é o senhor da rodovia. Suponha que um
guarda rodoviário ordene que você pare. Então, você
lhe diz: “Não me aborreça, eu sou o senhor da
rodovia, e ela pertence amimo Você é simplesmente
um policial contratado por mim. Como o senhor da
rodovia posso mudar todos os regulamentos. Sim, dei
a você algumas instruções quanto à estrada, mas
agora estou mudando-as. Porque sou o senhor da
rodovia, não preciso notificá-lo acerca disso”.
No versículo 8 o Senhor indicou uma terceira
mudança, uma declaração de mudança do sábado
para o Senhor do sábado. Como o Senhor do sábado,
Ele tinha o direito de mudar os regulamentos no que
diz respeito ao sábado. Por isso, o Senhor deu aos
fariseus condenadores uma tripla sentença. Ele era o
verdadeiro Davi, o templo maior e o Senhor do
sábado. Portanto, Ele poderia fazer tudo o que
quisesse no sábado, e tudo o que fizesse seria
justificado por Ele mesmo. Ele estava acima de todos
os rituais e regulamentos. Porque Ele estava ali,
nenhuma atenção deveria ser dada aos rituais e
regulamentos.

B. Curar uma Mão Ressequida na Sinagoga,


no Sábado

1. O Rei Celestial Entra na Sinagoga


O versículo 9 diz: “Tendo Jesus partido dali,
entrou na sinagoga deles”. Após ganhar a causa dos
fariseus, o Senhor Jesus entrou na sinagoga deles.
Isso ocorreu num outro sábado (Lc 6:6). O Senhor
Jesus certamente era um “encrenqueiro”. Após
causar problemas nas searas, derrotando a “patrulha
do sábado”, conforme o relato de Mateus, Ele foi com
os Seus discípulos à sinagoga para causar ainda mais
problemas.

2. Um Homem de Mão Ressequida


Na sinagoga havia um homem de mão
ressequida. Quando os fariseus perguntaram ao
Senhor Jesus se era lícito curar no sábado, Ele lhes
disse: “Qual dentre vós será o homem que, . tendo
uma ovelha, e se, num sábado, esta cair numa cova,
não irá tomá-la e tirá-la dali? Ora, quanto mais vale
um homem do que uma ovelha! Logo, é lícito fazer o
bem aos sábados” (vs. 11-12). Aqui vemos a sabedoria
do Senhor. Dessa vez Ele não citou nenhum versículo,
mas referiu-se à prática deles. Em outras palavras, no
primeiro caso o Senhor citou a Bíblia, e no segundo,
Ele apelou para a história. Uma vez mais a boca dos
fariseus foi fechada.

3. A Mão Ressequida Foi Restaurada


o versículo 13 diz: “Então disse ao homem:
Estende a tua mão. Ele a estendeu, e ela foi
restabelecida, e ficou sã como a outra”. O Senhor
disse ao homem uma palavra: “Estende a tua mão”.
Na palavra do Senhor estava a vida que vivifica. Ao
estender a mão o homem tomou a palavra do Senhor
que dá vida, e sua mão ressequida foi restaurada pela
vida nessa palavra.
Levar os discípulos às searas indica que o Senhor
se importa Consigo mesmo como a Cabeça do Corpo.
Como a Cabeça Ele é tudo-o verdadeiro Davi, o
templo maior e o Senhor do sábado. Restaurar a mão
ressequida significa que Ele se importa com Seus
membros. Ele curou um homem de mão ressequida,
comparando-o a uma ovelha. A mão é um membro
do corpo e a ovelha é um membro do rebanho. O
Senhor faria qualquer coisa para a cura dos Seus
membros, para o resgate das Suas ovelhas caídas.
Sábado ou não, o Senhor está interessado em curar
os membros mortos do Seu Corpo. Regulamentos
não importam, mas resgatar Suas ovelhas caídas é
tudo para Ele.
Em vez de ler Mateus como um livro de história
ou meramente como um livro de doutrina, devemos
entrar nas profundezas deste livro. Reunindo esses
dois casos, vemos que no primeiro caso Cristo cuidou
de Si mesmo como a Cabeça e, no segundo, Ele
cuidou dos membros do Seu Corpo. A mão é um
membro do corpo, e a ovelha é uma parte do rebanho,
que também se refere ao Corpo. No primeiro caso o
Senhor Jesus cuidou do Seu senhorio, do Seu
encabeçamento. No segundo Ele cuidou de um de
Seus membros fraco e doente. Ele não se importava
com o sábado. Importava-se apenas com Seu
encabeçamento e com os membros do Seu Corpo.
Portanto devemos concluir que o Senhor se importa
apenas com Cristo e a igreja. O Senhor poderia dizer:
“O sábado nada significa. Não Me importo com isso.
Eu Me interesso com o Meu encabeçamento e com os
membros do Meu Corpo. Porque sou a Cabeça, o
Senhor, tudo o que Eu digo está certo. Eu Me
interesso com o Meu encabeçamento. E também Me
importo com os Meus membros. Eu quero vivificar os
Meus membros. Quero resgatá-los, erguê-los e curá-
los. Não Me importo com todas essas práticas
religiosas e doutrinárias. Interesso-Me apenas que os
Meus membros sejam fortes e vivos”. No coração
desse Rei celestial não estava o sábado, nem qualquer
tipo de doutrina ou regulamento. Antes, no Seu
coração estava o Seu senhorio. Devemos ver que Ele é
o Senhor e que Ele está acima do sábado. O sábado é
meramente um instrumento usado por Ele, mas Ele
mesmo é o Senhor do sábado. O Senhor também
cuida dos Seus membros incluindo todo membro do
Seu Corpo que está doente, fraco ou em situação
difícil Ele fará algo por aquele membro para resgatá-
lo, curá-lo e vivificá-lo. Espero no Senhor que todos
vejamos isso.
O princípio é o mesmo hoje. Se somos por Cristo
e pela igreja com todos os membros, tudo está
correto. Não há fardo ou regulamento. No sábado os
doze apóstolos estavam satisfeitos e descansando, e
no sábado o homem com a mão ressequida também
descansou. Estes foram verdadeiros sábados para os
discípulos e para o homem de mão ressequida,
porque eles receberam a alimentação e a cura de
Cristo. Tudo o que precisavam eles receberam Dele.
Hoje ocorre o mesmo.

4. A Conspiração dos Fariseus para Tirar a


Vida do Rei Celestial
O versículo 14 diz: “Saindo, porém, os fariseus,
deliberaram em conselho contra Ele, sobre como O
destruiriam”. Aos olhos dos fariseus religiosos, ao
quebrar o sábado, o Senhor estava destruindo a
aliança de Deus com a nação de Israel, isto é,
destruindo o relacionamento entre Deus e Israel. Por
isso, conspiraram contra Ele em como tirar-Lhe a
vida. Quebrar o sábado levou os judeus religiosos a
rejeitar o Rei celestial. Os fariseus, os bíblicos,
maquinaram matar Jesus para Deus! É difícil de
acreditar. Mas eles estavam cegos por sua religião.
Não podiam ver nem Cristo nem a igreja nem a
Cabeça nem os membros. Estavam absolutamente
cegos, velados, cobertos pela religião. De acordo com
o entendimento deles, o Senhor Jesus tinha de ser
morto e conspiraram juntos para esse exato
propósito. Por fim crucificaram Cristo; entretanto,
eles o fizeram segundo a soberania de Deus.
Nesse ponto, 12:14, a rejeição de Cristo pela
religião alcança seu ápice. A religião rejeitou
totalmente o Rei celestial e maquinou destruí-Lo.

II. A REJEIÇÃO CAUSOU O VOLTAR-SE AOS


GENTIOS

A. O Rei Afastou-se dos que O Rejeitavam


Essa rejeição fez com que o Rei com Sua salvação
real se voltasse dos judeus para os gentios (12:15-21).
O versículo 15 diz: “Mas Jesus, sabendo disso,
retirou-se dali”.

B. O Rei Cura Todos os Doentes


O versículo 15 também diz que muitos O
seguiram e que Ele a todos curou. De acordo com o
versículo 16, Ele advertiu-os “que não O tornassem
conhecido”. Ele os advertiu a esse respeito porque os
fariseus estavam maquinando destruí-Lo. Por isso, a
partir desse acontecimento, o Senhor Jesus procurou
ao máximo ocultar-se,

C. A Profecia de Isaías com Respeito ao


Voltar-se do Rei às Nações
Os versículos 17 e 18 dizem: “Para se a cumprir o
que foi dito por intermédio do profeta Isaías: “Eis
aqui o Meu Servo, a quem escolhi, o Meu Amado, em
quem a Minha alma se compraz. Porei sobre Ele o
Meu Espírito, e Ele anunciará a justiça aos gentios”.
Isso indica claramente que devido à rejeição dos
judeus, o Rei celestial com Seu reino celestial voltar-
se-á às nações, os gentios, e os gentios O receberão e
confiarão Nele (v. 21).

1. Não Contender nem Gritar


O versículo 19, também uma citação de Isaías
diz: “Não contenderá, nem gritará, nem alguém
ouvirá nas praças a Sua voz”. Isso indica que Ele já
não era livre para ministrar abertamente. Antes, Ele
tinha de ocultar-se. A razão para a rejeição e a causa
de o Senhor precisar esconder-se foi a quebra dos
regulamentos . religiosos. Isso foi devido ao cuidado
com o Seu encabeçamento e com os membros do Seu
Corpo. Por esse motivo, a rejeição atingiu o máximo.
É o mesmo princípio hoje. Quanto menos nos
preocupamos com os regulamentos religiosos e mais
com Cristo e Seu Corpo, mais intensa será a oposição.

2. Não Quebrar a Cana Rachada e Não


Apagar a Mecha que Fumega
O versículo 20, uma citação adicional de Isaías,
diz: “Não quebrará a cana rachada, nem apagará a
mecha que fumega, até que faça triunfar a justiça”.
Como o Ungido com o Espírito, Cristo não apenas
não gritará nas praças, mas Ele não quebrará a cana
rachada nem apagará a mecha que fumega. Isso
indica que enquanto estava sendo rejeitado e
resistido, Ele ainda era cheio de misericórdia. Os
judeus que estavam se opondo a Ele eram como
canas rachadas e mechas fumegantes. Os judeus
costumavam fazer flautas ou canas. Quando uma
cana rachava, eles a quebravam. Também faziam
tochas com linho para queimar o óleo. Quando o óleo
acabava e a mecha fumegava, eles a apagavam.
Alguns dentre o povo de Deus são como a cana
rachada que não podem emitir um som musical;
outros são como a mecha que fumega que não podem
produzir uma luz resplandecente. Contudo, o Senhor
não quebrará a cana rachada ou apagará a mecha que
fumega. Embora o Senhor tenha sido rejeitado, Ele
ainda era misericordioso. Mesmo aos que se
tomaram cana rachada Ele não quebraria, e aos que
se tomaram mecha fumegante, Ele não apagaria.
Antes, Ele ainda mantinha aberta as portas da
misericórdia e da graça para todos eles. Hoje entre
Seus seguidores e crentes, muitos se têm tomado
cana rachada que não pode mais emitir uma canção.
Normalmente, essas canas rachadas deveriam ser
quebradas e lançadas fora. Mas Cristo não fará isso.
Além disso, muitos dos Seus crentes não mais
queimam como luz que brilha. Via de regra, Ele
deveria apagá-los e lançá-los fora. Mas não fará isso
também. Antes, Ele é misericordioso. Não importa
quanto haja de oposição, perseguição e ataque, esse
Rei celestial é sempre misericordioso. Ele é um
Salvador real, misericordioso. Você pode rejeitá-Lo
hoje, mas Ele ainda será misericordioso com você. Se
disser amanhã: “Senhor Jesus, eu me arrependo”, Ele
será amoroso com você. Que Salvador misericordioso
Ele é! Nunca quebrará uma cana rachada ou apagará
uma mecha que fumega. Antes, Ele o espera para que
receba Sua misericórdia e graça.

D. Os Gentios Esperam em Seu Nome


O versículo 21 diz: “E no Seu nome esperarão os
gentios”. Por causa da rejeição dos judeus religiosos,
o Rei celestial com a Sua salvação voltou-se para os
gentios. Agora os gentios põem a esperança no Seu
nome, crendo Nele e O recebendo como seu Salvador
real.
Essa porção da Palavra revela que, por um lado,
o Senhor é ousado, e que por outro, Ele é
misericordioso. Por um lado Ele é forte; por outro, é
misericordioso e manso. Esse é o Rei que estabeleceu
o reino dos céus, e essa é a maneira de Ele
estabelecer Seu reino. Não pense que no capítulo 12 o
Senhor foi derrotado. Esse é um conceito errôneo.
Ele não foi derrotado; Ele estava estabelecendo Seu
reino. O mesmo ocorre conosco. Não diga: “Há tanto
ataque e oposição. Muitos rumores estão sendo
espalhados contra nós. Quão difícil isso é para a
restauração do Senhor. A restauração será derrotada”.
Isso está errado. Embora sejamos ainda tão
pequenos, parece que todos do cristianismo estão se
levantando contra nós. Mas, na verdade, não estamos
errados. Quem ama a Bíblia e a conhece mais do que
nós? Não vivemos na presença de Deus e amamos o
Senhor Jesus? Não O tomamos como nossa vida dia
após dia? Então por que tantos queridos cristãos se
nos opõem e não a outros? O mesmo que ocorre
conosco acontecia com o Senhor Jesus quando estava
na terra. Embora Ele fosse um pequeno homem, o
inimigo de Deus sabia que Ele era Aquele que o
derrotaria e estabeleceria o reino dos céus. O
princípio hoje é o mesmo. O inimigo sabe que essa é
a restauração do Senhor e que a restauração o
derrotará e estabelecerá o reino dos céus. Nunca
considere a restauração do Senhor como uma obra
cristã comum. Quanto mais oposição, perseguição,
críticas e ataques houver, mais seremos confirmados.
Não espere que a oposição diminua. Se ninguém se
opusesse a nós, seria um sinal de que estamos
errados e perdemos o testemunho. Mas uma vez que
estamos sofrendo oposição e ataques esse é um sinal
de que estamos certos. Em vez de perder por sermos
atacados, estamos ganhando. Essa é a maneira de o
reino dos céus ser edificado. Ele é edificado mediante
ataques, perseguições e críticas. Em Mateus capítulo
12 o Senhor Jesus não estava perdendo a batalha
estava ganhando. O mesmo ocorre hoje. Louvado seja
o Senhor porque não lutamos a batalha de maneira
humana, mas à maneira do Senhor Jesus. Enquanto
estava sendo atacado, Ele estava obtendo vitória.
Semelhantemente, quanto mais a restauração é
atacada, mais o reino dos céus está sendo
estabelecido. Sem dúvida, ele está sendo estabelecido
entre nós na restauração do Senhor! Louvado seja
Ele!
MENSAGEM 33

A OFICIALIZAÇÃO DA REJEIÇÃO AO REI (2)


Vimos que Mateus é um livro com respeito à
doutrina do reino. Mateus, em seu Evangelho, não dá
um relato histórico; ele toma os fatos da história e os
coloca juntos para revelar a doutrina do reino. Até
aqui vimos que Cristo nasceu, foi ungido, testado,
iniciou Seu ministério, atraiu uma multidão,
decretou a constituição celestial e continuou Seu
ministério. O Seu ministério produziu o ambiente
que O capacitou a revelar-Se em muitos aspectos. E
mais, Seu ministério fez com que Ele fosse
totalmente rejeitado por aquela geração maligna.
Vimos também que o Senhor chamou os que labutam
e estão sobrecarregados para vir a Ele e descansar.
Ele mostrou-lhes que o caminho para descansar é
quebrar os regulamentos da religião e se importar
com o Cabeça e com os membros do Corpo. É por
intermédio de todas essas coisas que o reino dos céus
é estabelecido na terra entre os homens. Todos
precisamos ser impressionados com tal visão clara.
Agora devemos ver que para o reino dos céus ser
estabelecido há a necessidade de uma batalha
espiritual, de um combate espiritual. Essa luta está
implícita em 12:22-37. Enquanto o reino é
estabelecido, uma luta está sendo travada. Embora
tenhamos tratado de muitas coisas, ainda não vimos
que o estabelecimento do reino requer um combate
espiritual. Enquanto Cristo, oRei celestial, estava
estabelecendo o reino celestial entre os homens na
terra, Ele estava combatendo. As pessoas, entretanto,
não viam essa batalha. Elas viam o que Ele fazia
exteriormente, mas não percebiam o que estava
acontecendo interiormente. Por isso Mateus escolheu
um outro fato histórico para salientar a luta que
estava ocorrendo enquanto o Rei estabelecia o reino
celestial.

III. O CLÍMAX DA REJEIÇÃO


Em 12:22-37 o ministério do Senhor já não era
tão público. Em vez de cumprir Seu ministério
publicamente, Ele o fazia de uma maneira cuidadosa,
calma. Todavia, o que o Senhor fez no versículo 22,
ao curar um homem endemoninhado, foi um fato da
história e não podia ser encoberto.

A. Um Endemoninhado Foi Levado ao Rei


Celestial e Ele o Curou
O versículo 22 diz: “Trouxeram-Lhe então um
endemoninhado, cego e mudo; e Ele o curou, de
modo que o mudo falava e via”. Uma pessoa cega e
muda é aquela que não consegue ver Deus e as coisas
espirituais; assim ele é incapaz de louvar a Deus e
falar por Deus. Essa é a verdadeira condição do
homem caído. Tal pessoa foi trazida ao Rei que
expulsou o demônio, e o homem foi capaz de ver e
falar. Ele expressou o que viu. Isso sem dúvida foi um
milagre e um sinal. No Antigo Testamento não há
relato de um cego milagrosamente receber a visão.
Um homem cego receber a visão é um grande sinal.

B. Todas as Multidões se Admiravam e se


Perguntavam se o Rei

Era o Filho de Davi


o versículo 23 diz: “E todas as multidões estavam
pasmadas e diziam: Não será este o Filho de Davi?” O
milagre realizado ao curar a pessoa cega e muda
surpreendeu as multidões, e eles diziam: “Não será
este o Filho de Davi?” Ao dizer isso, eles estavam
reconhecendo Cristo como Messias e Rei.

C. Os Fariseus Disseram que o Rei Expulsa os


Demônios por Belzebu – o Príncipe dos
Demônios
Embora a multidão se tenha maravilhado, os
fariseus se ofenderam, incapazes de tolerar o fato de
que, por meio de um milagre extraordinário, o
Senhor Jesus conquistou toda a multidão. Por isso,
esses fariseus tinham de dizer algo para lidar com a
situação. De acordo com o versículo 24, disseram:
“Este não expulsa os demônios senão por Belzebu,
príncipe dos demônios”. Essa foi a maior de todas as
blasfêmias dirigidas pelos opositores fariseus ao Rei
celestial. Belzebu significa o senhor das moscas. Foi
mudado em desacato pelos judeus para Baalzebel,
que significa o senhor da esterqueira, e foi usado
para o maioral dos demônios (Mc 3:22; Lc 11:15, 18-
19). O rei da esterqueira, o lugar mais sujo, cheio de
moscas, era Satanás. Portanto aos olhos dos anciãos
judeus, Belzebu referia-se a Satanás como o rei dos
demônios e como o rei das moscas sujas na
esterqueira. Dizer que Cristo expulsa os demônios
por Belzebu significa que Ele os expulsa por Satanás.
Que blasfêmia era acusar o Rei celestial disso!

D. A Resposta do Rei Celestial


A acusação dos fariseus proporcionou a Cristo a
oportunidade de revelar algo mais. Uma vez mais Seu
ministério produziu uma situação que O capacitou a
revelar algo que de outra forma seria impossível ver.
Aparentemente o Senhor tinha expulsado um
demônio. Na verdade, aquilo não era uma expulsão
de demônio; era uma luta.

1. O Reino de Satanás É Incapaz de Subsistir


se Satanás Expulsa Satanás
Os versículos 25 e 26 dizem: “Jesus, porém,
conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino
dividido contra si mesmo ficará desolado, e toda
cidade, ou casa, dividida contra si mesma, não
subsistirá. Se Satanás expulsa a Satanás, dividido
está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu
reino?” O Senhor parecia estar dizendo aos fariseus:
“Como posso expulsar um demônio por Satanás? Se
fizesse isso, então Satanás estaria lutando contra
Satanás e seu reino não poderia subsistir”. O
versículo 26 é único em toda a Bíblia, na qual
nenhum outro desvenda o segredo de que Satanás
tem seu reino. Satanás é o príncipe deste mundo (Jo
12:31) e o príncipe das potestades do ar (Ef 2:2). Ele
tem sua autoridade (At 26:18) e seus anjos (Mt 25:41),
que são seus subordinados como principados,
poderes e os dominadores deste mundo tenebroso
(Ef 6:12). Portanto ele tem seu reino, a autoridade
das trevas (Cl 1:13-lit. ). O reino de Satanás é
edificado na terra e entre os homens. Mas o Rei
celestial veio para estabelecer um reino celestial
também entre os homens na terra. Portanto, esses
dois reinos estão em conflito. O reino de Satanás é o
velho reino, mas o Rei celestial está prestes a
estabelecer um novo reino, o reino dos céus. Por isso
vemos que uma batalha está sendo travada.

2. Os Filhos dos Fariseus Expulsam


Demônios por Belzebu
No versículo 27 o Senhor falou aos fariseus: “E,
se Eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os
expulsam vossos filhos? Por isso eles mesmos serão
os vossos juízes”. De fato, não era o Senhor Jesus,
mas os filhos dos fariseus que expulsavam demônios
por Belzebu. Essa palavra do Senhor indica que os
fariseus eram um com Satanás, o maioral dos
demônios.

3. O Rei Expulsa os Demônios pelo Espírito


de Deus para que o Reino de Deus Venha
O versículo 28 diz: “Se, porém, eu expulso os
demônios, pelo Espírito de Deus, então é chegado o
reino de Deus sobre vós”. O Espírito de Deus é o
poder do reino de Deus. Onde o Espírito de Deus está
em poder, lá está o reino de Deus, e lá os demônios
não têm lugar. Pela palavra do Senhor aqui vemos
que a batalha pelo reino não é lutada pelo próprio
homem, mas por um homem com o Espírito de Deus.
No versículo 28 o Senhor disse que Ele expulsa os
demônios pelo Espírito de Deus e que essa é a
chegada do reino de Deus. Onde quer que o Espírito
de Deus exerça Sua autoridade sobre a situação de
oposição, isso é o reino de Deus. o Senhor é sempre
cuidadoso com Suas palavras. No versículo 28 Ele
fala do reino de Deus, não do reino dos céus. Mesmo
naquela época o reino dos céus não havia chegado. O
reino de Deus, entretanto, já estava lá.

4. Amarrar o Homem Forte, Entrar na Casa


Dele e Saquear-lhe os Bens
O versículo 29 revela que antes de o Senhor
expulsar os demônios, Ele primeiramente lutou
contra Satanás. Esse versículo diz: “Ou como pode
alguém entrar na casa do homem forte e saquear-lhe
os bens se primeiro não amarrar o homem forte? e
então lhe saqueará completamente a casa”. “Casa”
aqui significa o reino de Satanás e o “homem forte” é
Satanás, o maligno. A palavra grega traduzida para
“bens” também significa instrumentos, vasos; daí,
bens, pertences. O povo caído sob a usurpação de
Satanás são bens dele, instrumentos para seu uso.
Eles são seus pertences guardados na sua casa, seu
reino. A palavra sobre amarrar o homem forte indica
que quando o Senhor expulsou os demônios, Ele
primeiramente amarrou Satanás. As pessoas viram
apenas a expulsão do demônio. Elas não viram
Satanás, o homem forte, sendo amarrado. Assim, o
Senhor aproveitou a oportunidade que Lhe fora
proporcionada, pela acusação dos fariseus, para
revelar o segredo da batalha espiritual.
Aparentemente, o Senhor estava apenas expulsando
o demônio; na verdade, Ele estava combatendo,
amarrando o homem forte. Isso mostra que se
quisermos edificar o reino hoje, devemos primeiro
amarrar o homem forte.
A maneira de amarrar o homem forte é orar.
Quando chegamos ao capítulo 17, vemos que todos os
discípulos vieram ao Senhor e perguntaram-Lhe por
que Ele pôde expulsar os demônios e eles não. Em
17:21 o Senhor disse aos discípulos: “Mas esta casta
não sai senão por meio de oração e jejum”. Se não
orar e jejuar, você simplesmente não pode expulsar
esse tipo de demônio. A palavra do Senhor aos
discípulos indica que, antes de expulsar um demônio,
Ele certamente jejuava e orava. Para amarrar o
homem forte devemos orar e jejuar. O Senhor jejuou
e orou secretamente. Os discípulos não viram isso.
Devemos aprender com o Senhor a jejuar e orar em
secreto. Creio que quando o Senhor Jesus estava na
terra, Ele freqüentemente jejuava e orava para lutar a
batalha e amarrar o homem forte. Todos devemos
estar no mesmo espírito hoje. Cada dia nosso espírito
deve ser um espírito de jejum e oração a fim de que
possamos diariamente amarrar o homem forte, que é
Satanás, o rei do reino das trevas.
Satanás tem um reino de trevas na terra, e toda a
terra está sob a sua usurpação. É difícil tirar alguém
das mãos de Satanás. Toda pessoa caída é um vaso na
mão de Satanás. A casa de Satanás é seu reino e em
sua casa há muitos vasos, as muitas pessoas caídas.
Para tirar uma pessoa caída das mãos de Satanás,
devemos amarrar o homem forte orando e jejuando.
Esse é o combate da batalha espiritual para o
estabelecimento do reino dos céus.
O capítulo 12 de Mateus ocupa um lugar especial
no Novo Testamento porque revela que Satanás tem
um reino, que Satanás é o homem forte que usurpa
todas as pessoas criadas por Deus, e que para tirar as
pessoas da sua mão usurpadora há a necessidade de
amarrá-lo. A maneira de amarrar o homem forte é
orando e jejuando. A batalha desvendada no capítulo
12 não é vista nos onze capítulos anteriores. Naqueles
capítulos vemos o descanso e a quebra dos
regulamentos por causa do Cabeça e dos membros do
Corpo. Mas não vemos o reino das trevas. Há dois
reinos na terra: um é o reino das trevas e o outro é o
reino dos céus na luz. Esses dois reinos estão agora
enfrentando um ao outro na terra. Por isso há a
necessidade de lutar a batalha. Todos devemos orar e
jejuar para amarrar o homem forte. Então seremos
capazes de saquear sua casa.
Isso é uma verdadeira revelação. Muitos cristãos
não lêem Mateus 12 dessa maneira porque não vêem
o reino. Para eles, o reino é simplesmente um termo
doutrinário ou algo suspenso para um tempo futuro.
Mas percebemos que tudo o que o Senhor está
fazendo conosco hoje é para o estabelecimento do
reino dos céus. Somos o povo do reino. Hoje uma
batalha está sendo travada entre dois reinos. A
continuação do ministério do Senhor produziu a
oportunidade para essa revelação adicional.

5. Quem Não é pelo Rei é contra o Rei e quem


com Ele Não Ajunta, Espalha
No versículo 30 o Senhor diz: “Quem não é
Comigo, é contra Mim; e quem Comigo não ajunta,
espalha”. Naquele tempo os fariseus não eram um
com o Rei celestial, então eles eram contra Ele. Eles
não estavam ajuntando com Ele, mas espalhando.
Portanto, estavam absolutamente separados Dele e
unidos a Seu inimigo, Satanás.

6. A Blasfêmia contra o Espírito não É


Perdoada
No versículo 31 o Senhor disse aos fariseus:
“Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos
homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será
perdoada”. A blasfêmia contra o Espírito difere de
ultraje ao Espírito (Hb 10:29). Ultrajar o Espírito é
desobedecê-Lo intencionalmente. Muitos crentes
fazem isso. Se eles confessam esse pecado, serão
perdoados e purificados pelo sangue do Senhor (1Jo
1:7, 9). Mas blasfemar contra o Espírito é difamá-Lo,
como os fariseus fizeram no versículo 24. Era pelo
Espírito que o Senhor expulsava um demônio. Mas os
fariseus, vendo isso, disseram que o Senhor
expulsava os demônios por Belzebu, o maioral dos
demônios. Essa era uma blasfêmia contra o Espírito.
Com tal blasfêmia, a rejeição dos fariseus ao Rei
celestial alcançou o clímax.
O Senhor parecia estar dizendo aos fariseus: “A
blasfêmia de vocês é imperdoável. Eu expulso os
demônios pelo Espírito de Deus, mas vocês dizem
que expulso por Satanás, o rei dos demônios. Foram
longe demais ao dizer isso. Vocês disseram uma
blasfêmia que é imperdoável. Não apenas insultaram
ou desobedeceram o Espírito, mas blasfemaram
contra o Espírito. Ele é o Espírito de Deus, até
mesmo o próprio Deus. Eu expulso os demônios pelo
próprio Deus como o Espírito; contudo vocês dizem
que isso é Satanás, o rei dos demônios e o rei das
moscas imundas da esterqueira. Ao dizer isso
cometeram um pecado imperdoável”.

7. Falar contra o Espírito Santo não É


Perdoado Nesta Era nem na Era Vindoura
No versículo 32 o Senhor continuou: “Ao que
disser uma palavra contra o Filho do Homem, ser-
lhe-á isso perdoado; mas ao que falar contra o
Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste
século nem no vindouro”. Na economia do Deus
Triúno, o Pai concebeu o plano de redenção (Ef 1:5,
9), o Filho aplicou a redenção de acordo com o plano
do Pai (1Pe 2:24; Gl 1:4); e o Espírito alcança os
pecadores para aplicar a redenção realizada pelo
Filho (1Co 6:11; 1Pe 1:2). Se os pecadores blasfemam
contra o Filho como Saulo de Tarso fez, o Espírito
ainda tem base para trabalhar nele e levá-lo a se
arrepender e crer no Filho a fim de que possa ser
perdoado (ver 1Tm 1:13-16). Mas se os pecadores
blasfemarem contra o Espírito, o Espírito não terá
base para trabalhar neles e nada será deixado para
fazê-los arrepender-se e crer. Por isso, é impossível
que tal pessoa seja perdoada. Isso não é apenas
lógico, segundo a razão, mas governamental segundo
o princípio administrativo de Deus, como revelado
aqui pela palavra do Senhor.
Na administração governamental de Deus, Seu
perdão é dispensacional. Por causa da Sua
administração, Ele planejou diferentes eras. O
período da primeira vinda de Cristo até a eternidade
é dividido dispensacionalmente em três eras: esta era,
a era presente, da primeira vinda de Cristo à Sua
segunda vinda; a era vindoura, o milênio, os mil anos
para restauração e para o reino celestial, da segunda
vinda ao final do velho céu e velha terra; e a
eternidade, a era eterna do novo céu e nova terra. O
perdão de Deus nesta era é para a salvação eterna dos
pecadores. Esse perdão é dado para os pecadores e
crentes. O perdão de Deus na era vindoura está
relacionado ao galardão dispensacional dos crentes.
Se um crente após ser salvo, cometer algum pecado,
mas não quiser limpar-se confessando e se
purificando com o sangue do Senhor (1Jo 1:7, 9)
antes que ele morra ou que o Senhor volte, esse
pecado não será perdoado nesta era, mas
permanecerá para ser julgado no tribunal de Cristo
(2 C05:10). Ele não será recompensado com o reino
para participar na glória e desfrute com Cristo na
manifestação do reino dos céus, mas será
disciplinado para fazer uma limpeza desse pecado e
será perdoado na era vindoura (Mt 18:23-35). Esse
tipo de perdão garantirá sua salvação eterna, mas
não o qualificará a participar na glória e desfrute do
reino vindouro.

8. A Árvore é Conhecida pelos Frutos


No versículo 33 O Senhor disse: “Ou fazei a
árvore boa e o seu fruto bom, ou fazei a árvore
corrupta e o seu fruto corrupto; porque pelo fruto se
conhece a árvore”. Uma árvore é conhecida pelo seu
fruto. A malignidade dos fariseus foi exposta pelos
seus feitos maus.

9. A Boca Fala do que Está Cheio o Coração


Os versículos 34 e 35 dizem: “Raça de víboras,
como podeis falar coisas boas sendo maus? Porque
da abundância do coração fala a boca. O homem bom,
do seu bom tesouro, tira coisas boas; e o homem mau,
do seu mau tesouro, tira coisas más”. Os fariseus
estavam com o coração cheio de maldade. Assim,
seus lábios expressavam a maldade do seu coração.

10. Toda Palavra Ociosa Será Julgada no Dia


do Juizo
O versículo 36 diz: “Digo-vos que de toda palavra
ociosa que falarem os homens, dela darão conta no
dia do juízo”. A palavra grega traduzida para ociosa é
argos, composta de duas palavras: a significa não e
ergon, trabalho. Uma palavra ociosa é uma palavra
que não trabalha, uma palavra inoperante, que não
tem função positiva, inútil, não proveitosa, infrutífera
e estéril. No dia do juízo, os que falam tais palavras
terão de prestar contas de cada uma delas. Sendo
assim, quanto mais devem os homens prestar contas
de cada palavra pecaminosa! o Senhor parecia estar
dizendo aos opositores: “Cuidado com o falar. Cada
palavra frívola, cada palavra inoportuna será julgada.
Haverá um dia de julgamento e tudo o que você
disser será julgado naquele tempo”. Essa é uma
questão muito séria.

11. Pelas Palavras Seremos Justificados ou


Condenados
No versículo 37 o Senhor conclui: “Porque pelas
tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras
serás condenado”. Que advertência! Devemos
aprender a controlar e restringir o nosso falar.
Os fariseus opositores não foram apenas
derrotados, mas também subjugados. Eles não
tinham mais nenhuma pergunta. Uma vez que o
Senhor dá a resposta, não há mais argumento.
MENSAGEM 34

A OFICIALIZAÇÃO DA REJEIÇÃO AO REI (3)


Nesta mensagem consideraremos Mateus 12:38-
50.

IV. O SINAL PARA A GERAÇÃO QUE


REJEITOU O REI

A. A Geração que Rejeitou o Rei Espera Ver


um Sinal
Uma vez que os fariseus não puderam
argumentar com o Senhor, eles mudaram
aparentemente a questão do aspecto negativo para o
positivo. O versículo 38 diz: “Então alguns dos
escribas e fariseus replicaram-Lhe: Mestre, queremos
ver de Tua parte algum sinal”. Porque não puderam
derrotar o Senhor Jesus por meio de argumentações,
para salvar as aparências, eles mudaram o assunto;
eles pediram ao Senhor um sinal. Essa foi uma
proposta sutil. Um sinal é um milagre com algum
significado espiritual. Os judeus sempre buscam
sinais (1Co 1:22). Mais uma vez isso deu ao Senhor a
oportunidade de revelar a todo o universo algo mais
sobre Si mesmo.

B. Nenhum Sinal É-lhes Dado senão o Sinal


da Morte do Rei
O versículo 39 diz: “Ele, porém, lhes respondeu:
Uma geração maligna e adúltera busca um sinal; mas
nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta
Jonas”. Se você fosse um daqueles fariseus, não se
teria aborrecido com a resposta do Senhor? Os
fariseus pareciam estar dizendo: “Queremos que nos
mostre um sinal, e você nos chama de geração
maligna e adúltera. Antes nos chamou de raça de
víboras. Reconhecemos que você é um bom mestre.
Mestre, mostra-nos um sinal. Mostra-nos um milagre
com algum significado”. O Senhor Jesus parecia
dizer: “Sim, vocês verão um sinal. Embora não sejam
uma geração nem honesta nem pura, mas maligna e
adúltera, há um sinal para vocês-o sinal de Jonas”.
O Senhor Jesus prosseguiu mostrando-lhes o
significado do sinal de Jonas. No versículo 40 Ele
disse: “Porque assim como esteve Jonas três dias e
três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho
do Homem estará três dias e três noites no coração
da terra”. Isso seria um sinal muito significativo para
eles. “O coração da terra” é chamado de as regiões
inferiores da terra (Ef 4:9) e Hades (At 2:27-VRC),
onde o Senhor foi após Sua morte. O Hades, o
mesmo que Seol no Antigo Testamento, tem duas
seções: a seção de sofrimento e a seção de descanso
(Lc 16:23-26). A seção de descanso é o paraíso, onde
o Senhor foi com o malfeitor após a morte (Lc 23:43).
Assim, o coração da terra, as regiões inferiores da
terra, o Hades e o paraíso são sinônimos, referindo-
se a um único lugar onde o Senhor esteve três dias e
três noites após Sua morte e antes da Sua
ressurreição.
No versículo 41 o Senhor continuou: “Varões
ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a
condenarão; porque se arrependeram com a
pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do
que Jonas”. A palavra grega traduzida para “maior”
nos versículos 41 e 42 é pleion, que significa maior
em qualidade e quantidade; portanto, maior. Difere
de meizon, a palavra para maior no versículo 6, que
significa maior em tamanho ou em medida. Cristo,
corno o profeta enviado por Deus para Seu povo (Dt
18:15, 18), é maior do que Jonas, o profeta. Jonas era
o profeta que se voltou de Israel para os gentios e foi
colocado no ventre do grande peixe. Após ter
permanecido ali por três dias, ele saiu para tornar-se
um sinal para aquela geração, a fim de que se
arrependessem (Jn 1:2, 17; 3:2-10). Isso era uma
prefiguração de Cristo que se voltaria de Israel para
os gentios e que seria enterrado no coração da terra
por três dias, e, então, seria ressuscitado, tornando-
se para essa geração um sinal para salvação.
No versículo 41 o Senhor parecia estar dizendo:
“Os ninivitas se arrependeram por causa do sinal de
Jonas. No entanto vocês, uma geração adúltera e
maligna, que verão tal sinal como o do Filho do
homem enterrado no coração da terra por três dias e
três noites, não se arrependerão”. A palavra do
Senhor nos versículos 40 e 41 não foi uma palavra
comum; foi uma predição. Antes de ser enterrado no
coração da terra, Ele profetizou dessa maneira,
dizendo que estaria três dias e três noites no coração
da terra. Creio que foi por misericórdia que o Senhor
Jesus lhes disse isso. Ele parecia estar dizendo: “Fiz a
vocês uma predição da Minha morte e sepultamento.
Isso lhes será um sinal, tal como Jonas foi um sinal
aos ninivitas que fez com que todos se
arrependessem. Predigo isso agora a fim de que
vendo, vocês possam se arrepender”. Entretanto, eles
não se arrependeram. Assim vemos quão obstinada
era essa geração.

C. o Rei como o Salomão Maior em


Ressurreição
Na conversação do Senhor com os fariseus
inesperadamente um outro sinal apareceu: o sinal de
Salomão. Oversícul042diz: “A rainha do Sul se
levantará no juízo com esta geração e a condenará,
porque veio dos confins da terra para ouvir a
sabedoria de Salomão. E eis aqui algo mais do que
Salomão”. Cristo, como o Filho de Davi para ser o Rei,
é maior do que Salomão, o rei. Salomão edificou o
templo de Deus e falou a palavra de sabedoria, e a
rainha gentia veio a ele (1Rs 6:2; 10:18). Isso também
é um tipo de Cristo que está edificando a igreja para
ser o templo de Deus e fala a palavra de sabedoria, e
a Ele vem os gentios sequiosos.
Esses tipos indicam que Cristo, quer como o
Profeta enviado por Deus, quer como o Rei ungido
por Deus, se voltaria de Israel para os gentios, como
profetizado nos versículos 18 e 21.
De acordo com a história, o rei Salomão
precedeu Jonas, o profeta. Mas de acordo com o
significado espiritual, Jonas veio primeiro, como
registrado em Mateus. Isso também prova que o
relato de Mateus não está de acordo com a seqüência
histórica, mas com a seqüência doutrinária. De
acordo com a doutrina, Cristo deve primeiro morrer e
ser ressuscitado; então Ele edifica a igreja e fala a
palavra de sabedoria. Esse é o verdadeiro sinal para
esta geração, tanto para os judeus como para os
gentios (1Co 1:22, 24).
Pela Sua palavra nos versículos 40 a 42 o Senhor
profetizou detalhadamente com respeito a Sua morte,
sepultamento e ressurreição. Jonas era uma
prefiguração de Cristo em Sua morte e sepultamento,
e Salomão era um tipo de Cristo em Sua ressurreição.
Se os fariseus não fossem obstinados teriam
percebido que tais palavras não foram faladas
levianamente. Antes, as palavras do Senhor eram
muito graves, importantes e significativas. Os
fariseus não deveriam tê-las considerado sem
importância. Se estivéssemos lá e ouvíssemos essas
palavras, certamente as teríamos considerado sérias,
pesadas e cheias de significado. Se os fariseus
tivessem recebido a palavra do Senhor, teriam se
arrependido e crido após o Senhor ser crucificado,
sepultado e ressuscitado. Em Sua resposta aos
fariseus o Senhor foi misericordioso. Embora pareça
que Ele os estava repreendendo, Ele foi muito mais
misericordioso que reprovador. Deu-lhes os sinais de
Jonas e de Salomão, indicando que Ele estava para
ser morto, sepultado e ressuscitado. Sua morte e
ressurreição seria o único sinal para esta era e para
aquela geração. Isso é também verdade hoje, no
século XX. A morte e a ressurreição de Cristo são
ainda os únicos sinais para esta era. Sua morte é
verdadeiramente significativa e Sua ressurreição é
cheia de significado. Todavia, os fariseus obstinados,
representando aquela geração maligna e adúltera,
não se importaram.
A palavra do Senhor com respeito a Jonas e
Salomão também indicava que daquele momento em
diante Ele não faria nenhum milagre para o povo
judeu. Até que morresse e fosse sepultado, Ele não
lhes daria nenhum sinal. Sua morte e ressurreição
tomou-se o verdadeiro sinal para todos os judeus
obstinados. Eles foram os únicos sinais para aquela
geração.
V. A GERAÇÃO QUE REJEITOU O REI
TORNA-SE PIOR
Os versículos 43 a 45 indicam que a geração que
rejeitou o Rei tomou-se pior. O versículo 43 diz:
“Quando o espírito imundo sai do homem, anda por
lugares áridos, procurando repouso, e não o
encontra”. O espírito imundo, um demônio (v. 22),
busca descanso, mas não pode encontrá-lo em
lugares áridos, porque o lugar de habitação dos
demônios, após o julgamento de Deus pela água em
Gênesis 1:2, é o mar. Uma vez que o demônio não
pode achar descanso em lugares secos, ele retoma ao
corpo do homem que originalmente o possuiu e faz
ali sua morada (vs. 44-45).
Os versículos 44 e 45 continuam: “Então diz:
Voltarei para minha casa donde saí. E, chegando, a
encontra desocupada, varrida e ornamentada. Então
vai, e leva consigo outros sete espíritos, mais
malignos do que ele, e, entrando, habitam ali; e o
último estado daquele homem toma-se pior do que o
primeiro. Assim também acontecerá a esta geração
maligna”. Doutrinariamente o versículo 43 é uma
continuação do versículo 22. Entre eles há um relato
da rejeição dos judeus a Cristo e do abandono de
Cristo em relação a eles. Aqui o Senhor comparou a
geração maligna dos judeus que O rejeitaram a
homens possessos. Aos olhos do Senhor, os judeus
que O rejeitaram eram como endemoninhados. Os
dois sinais, o de Jonas e o de Salomão indicavam que
os gentios se arrependeriam, mas o caso do homem
possesso indicava que os judeus não se
arrependeriam. Eles apenas removeriam a sujeira e
adicionariam algumas coisas agradáveis para
embelezarem-se, mas não receberiam Cristo para
enchê-los. Antes eles permaneceram vazios e
desocupados. Essa é a condição dos judeus hoje.
Próximo ao fim desta era se tomarão sete vezes mais
endemoninhados, e o estado deles se tomará pior do
que antes.
O Senhor Jesus comparou aquela geração
maligna a uma pessoa de quem o demônio tinha
saído. Porque aquela pessoa não quis se arrepender e
aceitar Cristo, ela permaneceu vazia. Embora o
demônio tenha sido expulso, Cristo não pôde entrar.
Portanto aquela pessoa era como uma casa vazia. O
Senhor Jesus disse que esta geração era como tal
pessoa. O Senhor descreve essa casa com três
palavras: vazia, varrida e ornamentada. Essa palavra
era também uma profecia que foi cumprida; contudo
ainda está para ser cumprida. Os judeus que
retomaram para formar a nação de Israel são
varridos, ornamentados e vazios. Toda a nação de
Israel hoje tem sido limpa e muitas coisas foram
expulsas. Além disso, eles têm sido ornamentados
com várias coisas boas; os judeus se sobressaem na
ciência e em outras áreas. Entretanto, a nação de
Israel permanece vazia. A palavra do Senhor nesses
versículos é uma predição da atual geração obstinada.
Amo Israel, mas devo falar segundo a revelação
de Deus. Em recente visita a Israel, vimos que os
judeus estão varridos, limpos e ornamentados, mas
estão vazios. Estou de acordo com a palavra do
Senhor. Quando o demônio percebeu que a pessoa
estava vazia, ele levou outros sete espíritos mais
malignos que ele, e agora todos eles vieram ocupar a
vaga. Isso indica que ano após ano a nação de Israel
se tornará mais demoníaca. Mais e mais coisas
demoníacas serão encontradas lá. Os judeus são
como uma casa limpa, mas eles não aceitam Cristo e
não O recebem. Antes, permanecem vazios.
Considere a nação de Israel hoje. Qual é a meta dos
judeus? Muitos diriam que eles não têm outro
objetivo senão o de manter a existência da sua nação.
Mas esse não deve ser o objetivo deles. Se a nação de
Israel existe ou não, não depende do esforço dos
judeus; depende da misericórdia de Deus. Não estou
preocupado com a existência da nação de Israel.
Deus a restaurou e ninguém pode revogá-la. Tudo o
que os árabes estão fazendo é em vão, porque a
restauração da nação de Israel é obra de Deus.
Entretanto, a nação de Israel hoje não tem uma
meta; conseqüentemente, ela está vazia.
Ti ve clareza quanto a essa porção sobre Israel há
mais de quarenta e cinco anos. Naquele tempo, é
claro, não pude ver a restauração de Israel ou o
retomo de Jerusalém. Nunca esquecerei o dia quando
li, no jornal, em Xangai, sobre a restauração de
Israel; nem esquecerei o dia, em 1967, quando ouvi
que Jerusalém retornara para Israel. Sem dúvida
Israel existirá como nação até a volta do Senhor.
Minha preocupação é que Israel permaneça vazio.
Por que os judeus não aceitam o Messias deles? Por
que eles não querem permitir que Cristo os ocupe?
Hoje eles permanecem vazios e sua situação se
tornará cada vez pior.

VI. A REJEIÇÃO RESULTOU NO ABANDONO


DO REI CELESTIAL
Depois disso, enquanto o Senhor Jesus estava
falando às multidões, Sua mãe e Seus irmãos estavam
do lado de fora, procurando falar-Lhe, e alguém
disse-Lhe: “Eis que Tua mãe e Teus irmãos estão lá
fora e procuram falar-Te” (vs. 46-47). Esse também
foi um ambiente que proporcionou ao Senhor a
oportunidade de revelar algo. O Senhor disse: Quem
é Minha mãe e quem são Meus irmãos? E,
estendendo a mão para os Seus discípulos, disse: Eis
Minha mãe e Meus irmãos! Porque qualquer que
fizer a vontade de Meu Pai que está nos céus, esse é
Meu irmão, irmã e mãe” (vs. 48-50). Isso indica que
o Rei celestial abandonou Seu relacionamento com os
judeus na carne. Nesse capítulo, a rejeição dos judeus
a Cristo, tendo alcançado seu clímax, resultou no
abandono total de Cristo a eles. Nesse ponto, o
rompimento entre eles e Cristo começou, e eles
foram separados de Cristo (Rm 11:17, 19-20). Após o
rompimento com os judeus, Cristo se voltou aos
gentios. Então Seu relacionamento com Seus
seguidores não era mais na carne, mas no espírito.
Todo aquele que faz a vontade de Seu Pai é Seu irmão
para ajudar, Sua irmã para compadecer-se e Sua mãe
para amar ternamente. Nos versículos 46 a 50 vemos
uma grande virada, até mesmo uma virada
dispensacional. Daí em diante, o relacionamento de
Jesus com as pessoas já não é baseado no nascimento
natural, mas no nascimento espiritual. Todo aquele
que faz a vontade do Pai que está nos céus é um
parente de Jesus. Em outras palavras, no final do
capítulo 12, o Senhor indicou fortemente que Ele
tinha abandonado toda a raça de Israel. Após isso,
Seu relacionamento comas pessoas deveria ser
baseado em algo espiritual. Todos aqueles que fazem
a vontade do Pai são Seus parentes. Aleluia! somos
não apenas parentes de Cristo, mas Seus membros!
Somos Seus membros não pelo sangue ou
nascimento naturais, mas pelo nascimento espiritual
em nosso espírito. Aquele que se une ao Senhor é um
espírito com Ele (1Co 6:17). Agora somos não apenas
Seus irmãos e irmãs; somos um espírito com Ele, um
só Corpo Nele e um novo homem Nele.
No final do capítulo 12 o Senhor Jesus fez uma
clara declaração a todo o universo que Ele desistiu de
Israel segundo o sangue natural. Assim, Romanos 11
diz que Israel foi cortado. Esse corte ocorreu no final
de Mateus 12. Romanos 11 também diz que os gentios
foram enxertados. Isso também ocorreu no final de
Mateus 12. Na próxima mensagem veremos os
mistérios do reino. Naquele capítulo não mais vemos
Israel, mas os gentios que foram enxertados como a
igreja.

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