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Formação de Professores de Meditação - por Gabriella Rivetti!

A meditação nas
culturas antigas
A meditação nas culturas antigas
GABRIELLA RIVETTI

A meditação é uma prática milenar que possibilita o desenvolvimento humano. Desde a antiguidade
as pessoas praticam a meditação com o objetivo de alcançar a paz interior.
No entanto, a meditação que praticamos hoje em dia possivelmente não é exatamente a mesma que
era praticada a milhares de anos atrás. Por ser uma prática milenar difundida no mundo todo, por
diferentes povos e culturas, ela passou por algumas modificações e foi sendo aperfeiçoada com base
nas necessidades de cada povo.
Da mesma maneira que ela foi e é utilizada das mais diversas formas, seja como uma oração, uma
reza ou uma reflexão intimista que normalmente é praticada em silêncio baseada em algum tema
espiritual ou transcendente.
A palavra meditação vem do latim, meditare, que significa voltar-se para o centro no sentido de
desligar-se do mundo exterior e voltar a atenção para dentro de si. Em sânscrito, é chamada dhyana,
obtida pelas técnicas de dharana (concentração), no chinês dhyana torna-se Ch'anna e sofre uma
contração tornando-se Ch'an e Zen em japonês.
No entanto o seu conceito vai muito além disso. A meditação é uma técnica que desenvolve
habilidades como a concentração, tranquilidade e o foco no presente.
Os primeiros registros históricos que temos das práticas meditativas são de quando ela ainda era
associada a religiões orientais.
É muito difícil definir um número exato de culturas e povos que utilizavam a meditação na
antiguidade. Assim como os diversos tipos de meditação, mas podemos definir algumas
principais.Entre as primeiras referências escritas sobre a meditação estão os Vedas Hinduístas.

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Iogues das cavernas e sábios védicos
GABRIELLA RIVETTI

Acredita-se que a meditação tenha se desenvolvido na Índia, entre 5000 a 3500 a.C.. Data desse
período as evidências documentadas mais antigas que se tem conhecimento em forma de pinturas
nas paredes, mostrando pessoas sentadas em posturas de meditação e com os olhos semicerrados.
Nessa época, a meditação era uma prática para pessoas religiosas e ascetas errantes, que buscavam
transcender as limitações da vida humana, conectar-se com as forças universais e unir-se à realidade
transcendental chamada Brahman no Vedas.
A cultura védica caracteriza-se pelas práticas de meditação como o Yoga e mantras. Estudos antigos
mostram que essa cultura era fundamentada no Hinduísmo e sua prática de vida era a busca pela
Verdade Absoluta.
Segunda a tradição védica é possível adquirimos sabedoria através dos estudos da cultura e práticas
de mantras e meditações, acelerando, assim, o processo de alcance da Verdade Absoluta.
A tradição hindu de meditação inclui tanto os iogues meditando em cavernas quanto os sábios da
cultura védica. A religião védica evoluiu nos caminhos hindus da Ioga e do Vedanta.
Surgiram, então, várias escolas de ioga visando estabelecer harmonia entre corpo e mente. Dentre
elas, destacou-se a Pranayama, que enfatiza a respiração como sendo a vitalidade do corpo, com
poder de manipular a mente e garantir serenidade, utilizando mantras, ou seja, a mentalização de
algo nos processos meditativos.
O “Yoga” é uma tradição de sabedoria cujo núcleo é a meditação e o desenvolvimento espiritual, não
um sistema de alongamentos e práticas respiratórias como é enfatizado no momento atual.

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O Buda e o início da meditação budista
GABIELLA RIVETTI

O budismo surgir cerca de 2500 anos atrás através dos ensinamentos do Buda.
Siddhartha Gautama, o Buda, foi um príncipe muito rico que, ao se deparar pela primeira vez com a
velhice, a doença, a morte e um asceta, renunciou ao reinado de seu pai e saiu em busca de
conhecimentos.
Durante seis anos, aprendeu técnicas de meditação, filosofia e interrogou os melhores sábios da
região, mas nenhum deles podia responder a todas as suas dúvidas. Insatisfeito com tudo o que
aprendeu, decidiu criar a sua própria metodologia.
Posteriormente, o budismo migrou para o Japão e a China, ficando conhecido como budismo Zen,
que compartilha técnicas meditativas, de concentração, pintura e artes marciais.
A meditação como fator essencial e a Vipassana (enxergar as coisas como elas realmente são) são
práticas presentes em todas as vertentes do budismo.
Hoje em dia, os estilos budistas de meditação (Vipassana , Samatha, Loving-Kindness) são talvez as
formas mais amplamente praticadas de meditação no Ocidente.

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Taoísmo

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O taoísmo foi fundado na China por Lao-tsé, por volta do século VI a. C.


É considerado como um estilo de vida filosófico e religioso e não propriamente uma religião.
O taoísmo enfatiza a união com o Tao, ou vida e natureza cósmica através de um caminho que
se alinha com seu fluxo universal.
Nesta filosofia, o Yin e o Yang se manifestam através de opostos – masculino e feminino, luz e
escuridão, forte  e fraco – pela concentração na respiração, o que é um tipo de meditação.
O taoísmo propõe vários tipos de meditação, sendo a mais conhecida no ocidente a Tai Chi,
onde a mente é esvaziada de preocupações e outros pensamentos. A técnica é composta por
exercícios e movimentos de todo o corpo, sempre atentos à respiração em ritmo sincronizado.

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Jainismo e Confucionismo
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O jainismo é uma religião que foi fundada na Índia no século VI a.C. por Mahavira. É uma
tradição muito ascética que coloca grande ênfase na auto-purificação, autodisciplina,
contemplação e não-violência. 
A meditação é a prática central do Jainismo e busca alcançar a iluminação.
As técnicas de meditação Jain envolvem repetição de mantras, contemplação, percepção da
respiração, visualizações e auto-questionamento.
Os jainistas acreditam que sua religião começou com 24 Tirthankaras.
Mahavira, que provavelmente viveu no século VI ou V a.C., foi o último deles. Ele ensinou as
pessoas a purificar a alma e converteu muitos hinduístas às suas ideias, posteriormente
chamadas de jainismo.
O Confucionismo foi a doutrina oficial na China durante quase 2 mil anos, e  se concentra mais
na moralidade e na vida comunitária. A meditação foi desenvolvida nesta tradição séculos
depois, com foco na auto-contemplação e auto-aperfeiçoamento.
Mêncio, seguidor de Confúcio, utilizou os conceitos do Confucionismo, como a benevolência,
para criar uma teoria de que o homem tem uma doutrina inata, que precisa ser aprimorada
através da meditação.

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Judaísmo
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O judaísmo foi a primeira religião monoteísta, influenciando significativamente o cristianismo e


o islamismo.
A tradição esotérica judaica da Cabalá, especialmente sob a influência de Abraham Abulafia
(1240-1291) e alguns contemplativos posteriores, também desenvolveu suas próprias formas de
meditação. Estes são baseados principalmente na profunda contemplação de princípios
filosóficos, nomes de Deus, símbolos, orações e a Árvore da Vida.
Rico em preces e cânticos, o judaísmo funde o exercício devocional diário à prática meditativa,
canal direto de comunhão com Deus e seus desígnios. 
A entonação de rezas, cânticos e preces musicais chamadas nigun, conjunto de sílabas
desprovidas de sentido, mas reconhecidas como poderoso canal de expressão espiritual –
induz, assim como os mantras, a estados de consciência elevados. A repetição dos dizeres
aliada ao alto nível de concentração explica o fenômeno. Logo, qualquer semelhança com as
ferramentas meditativas orientais não é mera coincidência.
No entanto, os judeus não se restringem apenas às práticas meditacionais cabalísticas; podem
ser utilizadas técnicas de respiração iguais às da Vipassana para se obter acesso e controle das
emoções e tranquilidade à mente.

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Sufismo
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A tradição dos Sufis (os místicos do Islã) chega a 1.400 anos atrás. O sufismo, sob alguma
influência das tradições contemplativas indianas, desenvolveu práticas de meditação baseadas
na respiração, mantra e contemplação.
O sufismo  busca a Deus através da dança, da música, dos retiros espirituais e da meditação.
Acreditam que a busca pela felicidade, o controle da mente e a experiência com o divino
podem ser adquiridos através de técnicas meditativas, usando mantras e exercícios de
respiração e movimento do corpo, como o Rodopio Sufi. Nessa técnica, o meditador faz um
movimento de giro em torno do seu próprio eixo como se fosse uma roda gigante, começando
de forma lenta e aumentando a velocidade por cerca de trinta minutos e, então, o meditador
irá testemunhar várias imagens periféricas desfocadas.

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Filósofos Gregos
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Os filósofos gregos, parcialmente sob a influência viva dos sábios e iogues da índia,
desenvolveram sua própria versão da meditação. Praticavam o olhar para o umbigo
(omphaloskepsis), como uma ajuda para a contemplação filosófica.

Mais tarde, os filósofos Filo de Alexandria e Plotino também desenvolveram técnicas de


meditação, especialmente envolvendo concentração.

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Misticismo Cristão
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A meditação pode ser usada como um formulário da oração na fé cristã, para conectar e
refletir em cima da palavra de deus. Consiste geralmente em centrar-se sobre uma série de
pensamentos, tais como uma passagem da Bíblia, e refletir em seu significado.
Os místicos cristãos desenvolveram sua própria forma de meditação, baseada principalmente
na repetição de uma palavra ou frase religiosa e na contemplação silenciosa de Deus.
Um método, utilizado para atingir estado alterado de consciência, foi ensinado no tratado
cristão intitulado “The Cloud of Unknowing” (século XIV), onde se sugeriu eliminar todas as
atividades físicas, distrações e pensamentos, com a ajuda da repetição de uma palavra tal
como “love”(amor) ou “god”(Deus).
Outros desenvolvimentos da meditação cristã ocorreram pelo trabalho de monges
beneditinos, Inácio de Loyola, Teresa de Ávila (século 16) e os monges trapistas.

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Zen Budismo
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O zen é uma escola popular de budismo fundada pelo monge indiano / persa Bodhidharma,
que no século VIII viajou para a China para ensinar meditação.
Em todas essas linhagens, há uma forte influência do taoísmo e da cultura chinesa, o que
explica parcialmente a singularidade do zen em relação a outras tradições budistas.
Hoje em dia, os muitos tipos de Zazen, que é a técnica de meditação do Zen japonês, ainda
são formas populares de meditação no Ocidente. Algumas linhagens do Zen também
enfatizam a prática de koans como uma forma de meditação.
Foi somente nos anos 1700 que vários textos da filosofia oriental começaram a ser traduzidos
para as línguas européias. Naquela época, o estudo do budismo no Ocidente era um tema
para intelectuais, como o filósofo Schopenhauer, um dos mais famosos admiradores.
Nos Estados Unidos, a Ioga e a meditação só foram introduzidas no final do século XX, por um
iogue chamado Swami Vivekananda. Como resultado da sua influência, vários professores
espirituais indianos famosos migraram para os EUA.
Assim como representantes de várias escolas de budismo também fizeram seu caminho para
ensinar no Ocidente, os principais são o Zen, o Theravada e o Budismo Tibetano.
Com isso, a prática da meditação começou a ser ensinada de maneira mais ocidentalizada,
muitas vezes simplificada e dissociada de seu contexto espiritual. Os estudos científicos
começaram a surgir, e as pessoas perceberam que a meditação não é apenas para aqueles
que buscam a iluminação espiritual.
Levou milhares de anos para a meditação transformar-se na prática estruturada que
conhecemos hoje. Conforme o tempo foi passando, as pessoas foram percebendo que assim
como o exercício físico é essencial para manter o corpo em plena saúde, a nossa mente
também precisa de treino, como a meditação.
Para meditar não é preciso pertencer a alguma religião específica, nem mesmo deixar de
pertencer a alguma religião. Para meditar basta querer harmonizar o seu corpo com a sua
mente e escolher uma das diversas técnicas existentes hoje em dia.

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Material de apoio exclusivo aos alunos da
Formação de Professores de Meditação.
Proibida a cópia ou distribuição.

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