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Teste de avaliação Versão A

sumativa 3 · Matriz

Domínios Conteúdos N.º de itens Tipologia de questões Cotação

Oralidade Texto jornalístico (notícia): Itens de seleção:


4 12
(Compreensão) – sentido global do texto. – escolha múltipla.

Texto de carácter Itens de seleção:


Leitura expositivo: 5 – ordenação; 15
– sentido global do texto. – escolha múltipla.

Texto narrativo:
– ideias principais;
– caracterização direta e Itens de seleção:
Educação indireta de – escolha múltipla.
9 29
Literária personagens; Itens de construção:
– comportamentos e – resposta curta.
sentimentos de
personagem;
– recursos expressivos.

Frase ativa/passiva. Itens de seleção:


Funções sintáticas. – escolha múltipla.
Gramática 5 14
Pronominalização. Item de construção:
Pontuação. – resposta curta.

Texto de opinião
– extensão;
– tema;
– pertinência da
informação;
– estrutura; Item de construção:
Escrita 1 30
– coesão textual; – resposta extensa.
– vocabulário;
– sintaxe;
– morfologia;
– pontuação;
– ortografia.

Professor(a) Turma
Livro aberto, 9.º ano –
Testes de avaliação
sumativa
Para responderes aos itens abaixo, ouve a gravação e segue as instruções.

TEXTO A

Fonte: www.publico.pt (18-05-2022).

1. Assinala com , nos itens 1.1. a 1.4., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.

1.1. A 34.ª edição do evento de teatro em Guimarães

a. segue a configuração de eventos anteriores.

b. centra-se na nova geração do teatro nacional.

c. privilegia atores e encenadores consagrados.

1.2. Alguns dos temas abordados são:

a. o racismo e o papel da mulher na sociedade.

b. as tradições e o seu papel na sociedade.

c. o racismo e o patriarcado.

1.3. Um dos objetivos expressos pelo diretor artístico dos Festivais Gil Vicente é

a. a descoberta de novos talentos nacionais no âmbito do teatro.

b. a promoção de figuras emergentes no panorama do teatro nacional.

c. a seleção dos melhores atores e encenadores nacionais e internacionais.

1.4. Paralelamente aos espetáculos, os Festivais Gil Vicente organizam um programa

a. destinado a jovens estudantes de teatro e produção.

b. a jovens encenadores de teatro que se encontram na fase inicial da sua carreira.

c. a professores de teatro que iniciaram recentemente a sua atividade.


Lê o Texto B e as notas.

TEXTO B

Judiarias
Antes mesmo de eu saber que era uma prática imemorial, embora já então pratica-
mente abolida, apartar a população de origem judaica em zonas delimitadas das cidades
(as judiarias ou guetos), a palavra judiarias entrou no meu vocabulário por via popular e
graciosa: na conversa doméstica, “fazer judiarias” era o mesmo que “pregar partidas”,
5 como se fosse um exclusivo dos judeus, ainda que há muitos séculos cristianizados (os
chamados cristãos-novos). Este sentido figurado de judiarias não era, no entanto, de ori-
gem popular: já Aulete1 (1881) lhe atribuía o valor de “mofa, chacota, perraria, tormento,
apoquentação” – e registava, a título de exemplo, “fazer judiarias”.
Eu nascera na mouraria2 e isso, ainda que imprecisamente, dizia-me que era naquela
10 área que há muitos séculos se acumulavam os mouros, cuja existência inescapável me era
comunicada pelo ensino da história tal como então se praticava […]. Mas não tinha
ainda notícias de judiarias criadas nas cidades portuguesas (sobretudo na minha), onde
outror se tinham arrumado os seguidores (praticantes ou não) do credo3 judaico. No
meu tempo os mouros eram tratados como “perros infiéis”, os judeus eram praticamente
15 ignorados. […]
Um primo direito meu nascera de uma senhora de ascendência judaica; e um dos
grandes amigos dos meus pais era um abastado comerciante judeu da Baixa lisboeta, que,
por coincidência, vivia numa rua que levava o nome dum dos mais distintos membros
da comunidade israelita na geração anterior: José de Esaguy. À minha mãe ouvia eu, de
20 vez em quando, lamentar a sorte dos judeus, “que sofreram muito”. No entanto, foi dela
que bebi a referência continuada às judiarias, no sentido de brincadeira feita por pirraça,
sempre inócua4, quase sempre divertida. Jamais a ouvi aplicar o qualificativo às malfeito- rias
maliciosas feitas por terceiros. […]
Não é difícil apurar de onde vinha esta associação (benigna) entre os judeus e as pati-
25 farias, pretensamente maléficas. As judiarias buscavam alimento na narrativa dominante
sobre os judeus, cujos traços se encontram nos numerosos processos da Inquisição, mas
que persistiram para lá da extinção do Santo Ofício.
António Mega Ferreira, Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas, Tinta da China, 2022 (págs. 125-126, com supressões)

1. Aulete: dicionário da língua portuguesa. 2. mouraria: bairro do Lisboa onde habitavam antigamente os mouros.
3. credo: religião. 4. inócua: inofensiva.

2. Numera os tópicos de 1 a 4, respeitando a ordem pela qual são abordados no texto:

Referência aos conhecimentos e representações do autor sobre mouros e judeus.


Entrada da palavra judiarias no vocabulário do autor.
Origem da associação entre os judeus e o sentido figurado de judiarias.
Identificação de um notável membro da comunidade judaica de Lisboa.

Livro aberto, 9.º ano –


Testes de avaliação
sumativa
3. Assinala, nos itens 3.1. a 3.6., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.

3.1. Neste texto, o autor discorre sobre uma palavra

a. que relaciona com o local ocupado pelos judeus na cidade de Lisboa.

b. que lhe era familiar na infância, mas cuja origem não conhecia.

c. cuja origem se encontra nos processos realizados pela Inquisição.

d. que foi objeto de muitas conversas com a mãe durante a sua infância.

3.2. A única expressão cujo significado apresentado no texto não corresponde ao de “fazer
judiarias” é:

a. fazer travessuras.

b. pregar partidas.

c. fazer maroteiras.

d. enganar por traição.

3.3. No segundo parágrafo do texto, ao referir-se a judeus e mouros, o autor refere que

a. tinha adquirido conhecimentos sobre os mouros na disciplina de História.

b. tinha conhecido praticantes do credo judaico que o informaram sobre as judiarias.

c. tinha adquirido muita informação sobre os judeus, que eram tratados por “perros infiéis”.

d. tinha convivido com vários familiares que praticavam o credo judaico.

3.4. Da mãe do autor, ele recorda as referências

a. ao sofrimento dos judeus e ao uso da palavra judiarias.

b. à Inquisição e às suas consequências para os judeus.

c. às malfeitorias cometidas pelos judeus.

d. ao comportamento dos judeus na mouraria.

3.5. A frase ativa correspondente à frase passiva “A existência inescapável dos mouros tinha-me
sido comunicada pelo ensino da história” é

a. O ensino da história comunicou-me a existência inescapável dos mouros.

b. Pelo ensino da história comunicaram-me a existência inescapável dos mouros.

c. O ensino da história tinha-me comunicado a existência inescapável dos mouros.

d. O ensino da história comunicava-me a existência inescapável dos mouros.

3.6. Na frase “A palavra judiarias entrou no meu vocabulário por via popular”, as expressões
sublinha- das desempenham, respetivamente, as funções sintáticas de

a. modificador e complemento oblíquo.

b. complemento oblíquo e modificador.

c. complemento direto e modificador.


d. complemento direto e complemento agente da passiva.
Lê o Texto C e as notas.
TEXTO
C
Deus
sabe o
que faz
A ilustre dama, no fim de dois meses, achou-se a mais desgraçada das mulheres; caiu em
profunda melancolia, ficou amarela, magra, comia pouco e suspirava a cada canto. Não ou-
sava fazer-lhe nenhuma queixa ou reproche1, porque respeitava nele o seu marido e senhor,
mas padecia calada, e definhava a olhos vistos. Um dia, ao jantar, como lhe perguntasse o
5 marido o que é que tinha, respondeu tristemente que nada; depois atreveu-se um pouco, e
foi ao ponto de dizer que se considerava tão viúva como antes. […]
Não acabou a frase; ou antes, acabou-a levantando os olhos ao teto – os olhos, que eram
a sua feição mais insinuante – negros, grandes, lavados de uma luz húmida, como os da
aurora. […] E não se irritou o grande homem, não ficou sequer consternado2. O metal de
10 seus olhos não deixou de ser o mesmo metal, duro, liso, eterno, nem a menor prega veio
quebrar a superfície da fronte quieta como a água de Botafogo. Talvez um sorriso lhe descer-
rou os lábios, por entre os quais filtrou esta palavra macia como o óleo do Cântico:
– Consinto que vás dar um passeio ao Rio de Janeiro.
D. Evarista sentiu faltar-lhe o chão debaixo dos pés. Nunca dos nuncas vira o Rio de Ja-
15 neiro, que posto não fosse sequer uma pálida sombra do que hoje é, todavia era alguma
coisa mais do que Itaguaí. Ver o Rio de Janeiro, para ela, equivalia ao sonho do hebreu ca-
tivo3. Agora, principalmente, que o marido assentara de vez naquela povoação interior,
agora é que ela perdera as últimas esperanças de respirar os ares da nossa boa cidade; e jus-
tamente agora é que a convidava a realizar os seus sonhos de menina e moça. D. Evarista
20 não pôde dissimular o gosto de semelhante proposta. Simão Bacamarte pegou-lhe na mão e
sorriu, – um sorriso tanto ou quanto filosófico, além de conjugal, em que parecia traduzir-se
este pensamento: – “Não há remédio certo para as dores da alma; esta senhora definha, por-
que lhe parece que a não amo; dou-lhe o Rio de Janeiro, e consola-se”. E porque era homem
estudioso tomou nota da observação.
25 Mas um dardo4 atravessou o coração de D. Evarista. Conteve-se, entretanto: limitou-se a
dizer ao marido, que, se ele não ia, ela não iria também, porque não havia de meter-se sozi-
nha pelas estradas.
– Irá com sua tia – redarguiu o alienista5.
Note-se que D. Evarista tinha pensado nisso mesmo; mas não quisera pedi-lo nem insi-
30 nuá-lo, em primeiro lugar porque seria impor grandes despesas ao marido, em segundo
lugar porque era melhor, mais metódico e racional que a proposta viesse dele.
– Oh! mas o dinheiro que será preciso gastar! – suspirou D. Evarista sem convicção.
– Que importa? Temos ganhado muito, disse o marido. Ainda ontem o escriturário pres-
tou-me contas. Queres ver?
35 E levou-a aos livros. D. Evarista ficou deslumbrada. Era uma Via Láctea de algarismos. E
depois levou-a às arcas, onde estava o dinheiro.
Deus! Eram montes de ouro, eram mil cruzados sobre mil cruzados, dobrões sobre do-
brões; era a opulência.
Machado de Assis, O Alienista, Porto Editora, 2014 (págs. 21-23, com supressões)

1. reproche: censura, crítica. 2. consternado: abatido, triste. 3. sonho do hebreu cativo: ânsia de liberdade dos judeus que se
tornaram escravos no Egito. 4. dardo: lança. 5. alienista: psiquiatra.
4. Assinala as opções que caracterizam o estado psicológico de D. Evarista no início do texto.

a. forte melancolia

b. magreza

c. agressividade

d. sofrimento em silêncio

e. solidão

f. irritação

5. Que acontecimento alterou o estado de espírito que D. Evarista revelava no início do texto?
Justifica a tua resposta.

6. Assinala com , nos itens 6.1. a 6.5., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o
sentido do texto.

6.1. Na repetição do advérbio “agora” (linhas 17-19) foi utilizado o seguinte recurso expressivo:

a. metáfora.

b. anáfora.

c. hipérbole.

6.2. O sentido metafórico da frase “Mas um dardo atravessou o coração de D. Evarista.” (linha 25)

a. intensifica o receio que subitamente sentiu perante um possível obstáculo à sua viagem.

b. demonstra a sua tristeza pelo facto de o marido não a poder acompanhar na viagem.

c. revela a sua preocupação com os perigos que a viagem poderia representar.

6.3. A passagem “mas não quisera pedi-lo nem insinuá-lo, em primeiro lugar porque seria impor
grandes despesas ao marido, em segundo lugar porque era melhor, mais metódico e racional
que a proposta viesse dele” (linhas 29-31) permite, indiretamente, caracterizar D. Evarista como
uma mulher

a. sincera e tímida.

b. frontal e perseverante.

c. premeditada e decidida.
6.4. Ao usar a frase “Era uma via Láctea de algarismos.” (linha 35), o narrador refere o valor muito
elevado dos ganhos, recorrendo a

a. uma anáfora.

b. uma hipérbole.

c. um eufemismo.

6.5. A frase que está corretamente pontuada é

a. D. Evarista que sonhara toda a vida com a viagem ao Rio de Janeiro, ficou deslumbrada.

b. D. Evarista, que sonhara toda a vida com a viagem ao Rio de Janeiro, ficou deslumbrada.

c. D. Evarista, que sonhara toda a vida com a viagem ao Rio de Janeiro ficou deslumbrada.

7. Na passagem “não quisera pedi-lo nem insinuá-lo” (linhas 29-30), a que se referem os pronomes
pessoais sublinhados?

8. Observa a frase: O marido levou-a às arcas.

Os constituintes sublinhados na frase desempenham, respetivamente, as funções de

a. complemento direto e complemento indireto.

b. complemento direto e modificador.

c. complemento direto e complemento oblíquo.

9. Qual é o sentido da observação do marido de D. Evarista na passagem “Não há remédio certo


para as dores da alma; esta senhora definha, porque lhe parece que a não amo; dou-lhe o Rio
de Janeiro, e consola-se.” (linhas 22-23)? Justifica a tua resposta.

10. O que nos permitirão inferir sobre o carácter de D. Evarista os dois últimos parágrafos do texto?
Lê o Texto D e as notas.
TEXTO D
Tanto que Brísida Vaz se embarcou, veio um Judeu, com um bode1 às costas; e,
chegando ao batel dos danados, diz:

Jud. Que vai cá? Hou marinheiro!


Dia. Que má-hora vieste!
Jud. Cuj’é2 esta barca que preste?
Dia. Esta barca é do barqueiro.
Jud. Passai-me por meu dinheiro.
Dia. E o bode há cá de vir?
Jud. Pois também o bode há de ir.
Dia. Que escusado passageiro!

Jud. Sem bode, como irei lá?


Dia. Nem eu nom passo cabrões.
Jud. Eis aqui quatro testões
e mais se vos pagará.
Por vida do Semifará3
que me passeis o cabrão!
Querês mais outro testão?
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, Porto Editora, 2021 (págs. 43-44)

1. bode: o bode fazia parte dos sacrifícios rituais da religião judaica. 2. Cuj’é: de quem é. 3. Semifará: talvez o nome do próprio Judeu ou de outro
judeu conhecido.

11. Os judeus foram, ao longo do tempo, marginalizados por praticarem rituais diferentes dos cristãos,
como o sacrifício de animais. Alguns mitos sobre os judeus prolongaram-se no tempo: o apego
exagerado ao dinheiro, as pretensas malfeitorias, as práticas religiosas ocultas, etc.

Como relacionas o texto B, Judiarias, com este excerto do Auto da Barca do Inferno (texto D)?
Refere-te à forma como o tema dos judeus é abordado em ambos os textos.
12. Faz o resumo do texto abaixo.

O teu resumo deverá:


• ter entre 80 e 110 palavras;
• manter o conteúdo e as ideias expressas;
• excluir transcrições e informação acessória.

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