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Ficha de Educação Literária 12

Poetas contemporâneos: Eugénio de Andrade

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Unidade 3

Texto A
Lê o poema seguinte e responde às questões.

Os amantes sem dinheiro


Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
5 de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente


o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
10 e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,


e silêncio
15 à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços. Edvard Munch, O beijo, à janela, 1892.

Eugénio de Andrade, Primeiros poemas –


As mãos e os frutos – Os amantes sem dinheiro,
Assírio & Alvim, 2022, p. 86.

1. Explica de que forma se estabelece um contraste aparente entre a repetição anafórica


presente no poema e o título.
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2. Identifica, no poema, uma personificação e uma metáfora, esclarecendo os respetivos valores


expressivos.
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3. Explicita o sentido dos três últimos versos e o valor do conector que os introduz.
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Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 59


Texto B
Lê o poema seguinte e responde às questões.

Poema à mãe
No mais fundo de ti, ainda aperto contra o coração
eu sei que traí, mãe 20 rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido ainda oiço a tua voz:
5 no fundo dos teus olhos. Era uma vez uma princesa
[…] no meio de um laranjal...
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração 25 Mas – tu sabes – a noite é enorme,
no retrato da moldura. e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Se soubesses como ainda amo as rosas, dei às aves os meus olhos a beber,
10 talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Não me esqueci de nada, mãe.
Mas tu esqueceste muita coisa; 30 Guardo a tua voz dentro de mim.
esqueceste que as minhas pernas cresceram, E deixo-te as rosas.
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração Boa noite. Eu vou com as aves.
15 ficou enorme, mãe!

Olha – queres ouvir-me? –


às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
Eugénio de Andrade, op. cit., p. 97.

1. Indica o tema do poema e explicita a forma como ele é desenvolvido.


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2. Explicita as causas do atual desencontro afetivo do sujeito poético e da sua mãe.


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3. Interpreta as metáforas que expressam essas causas, centrando a tua atenção nas palavras
«retrato», «moldura», «rosas brancas» e «aves».
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4. O último verso parece anunciar uma escolha definitiva. Comenta-a.


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60 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano

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