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Os fariseus eram uma classe de religiosos que

procuravam viver a lei ao “pé da letra”; contudo, foram


duramente condenados por Jesus. A sua religiosidade
era baseada em obras próprias e procuravam cumprí-
las com práticas e mais práticas, ritos e mais ritos,
métodos e mais métodos.
Sobrecarregavam o povo com fardos pesados de
leis que eles mesmos criavam e, normalmente, nem
eles próprios cumpriam, porém, empunhava-as ao
povo, ensinando que assim eles estariam cumprindo a
lei de Deus.
Sabemos da relação conflitiva de Jesus com o
legalismo hipócrita dos fariseus. Neste sentido, o autor
Brennan Manning [1] detalha com muita propriedade o
que é hoje um cristianismo legalista:
 "O Deus do cristão legalista, por outro lado, é com
frequência imprevisível, errático e capaz de toda sorte de
preconceito. Quando enxergamos Deus dessa forma,
sentimo-nos compelidos a praticar algum tipo de mágica
para aplacá-lo.

O Culto Dominical [semanal] passa a ser uma apólice de


seguro supersticiosa contra seus caprichos. Esse Deus
espera que as pessoas sejam perfeitas e sejam a todo
instante capazes de controlar sentimentos e pensamentos.
Quando os dilacerados que detêm esse conceito de Deus
fracassam — o que inevitavelmente ocorrerá em geral —
contam que serão punidos.
Assim, perseveram nas práticas religiosas ao mesmo tempo
que lutam por manter uma imagem oca de um eu perfeito.
A luta em si é exaustiva. Os legalistas nunca conseguem
viver à altura das expectativas que projetam para
Deus".
O próprio Jesus descreveu a hipocrisia da
religiosidade sem Deus dos fariseus na época com
muitos respingos para os dias de hoje em Mc 7:6-7:
 "Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas;
como está escrito: 'Este povo me honra com os lábios,
mas o seu coração está longe de mim. Em vão me
adoram; seus ensinamentos não passam de regras
ensinadas por homens".
Legalismo é uma falsa disciplina religiosa,
enquanto que a vida cristã autenticamente vivida em
Cristo, sob Seu amor e obediência, sem passar a mão
na cabeça dos pecadores, é a “verdadeira religião”, o
modo autêntico de cristianismo.
Neste sentido, no artigo abaixo, com mestria e
inspiração do Espírito Santo, o autor coloca com
objetividade e clareza o que significa ser "escravo
preso" e "escravo liberto":

LIVRES OU ESCRAVOS?
 “Vivam como pessoas livres. Não usem a liberdade para
encobrir o mal, mas vivam como escravos de Deus” (1Pe
2:16).
Pedro está ordenando a seus leitores que “vivam
como pessoas livres”, de cabeça erguida, sem
qualquer sentimento de inferioridade, sem timidez, sem
medo, sem o peso da tirania de alguma coisa ou
alguma pessoa.
É assim que deve ser a vida de quem acaba de
nascer do Espírito [conversão]. Esse pecador, agora
salvo, é filho de Deus e, como filho de Deus e irmão de
Jesus Cristo, é também herdeiro de Deus e coerdeiro
com Cristo:
¶“[...] Se somos filhos de Deus [convertidos: I Jo 1:12],
somos também seus herdeiros. Nós somos filhos de Deus e
herdeiros juntamente com Cristo. Mas, se queremos
participar da glória de Cristo, devemos participar também
dos seus sofrimentos” (Rm 8:17/BLT).
Na mesma frase, porém, Pedro também ordena:
“Vivam como escravos de Deus”. Talvez os irmãos
da Ásia Menor tenham ficado confusos: Somos livres
ou somos escravos?
Os mais espertos, os mais experientes devem ter
dado toda razão a Pedro, raciocinando: “Se não formos
escravos de Deus, seremos escravos das tais paixões
carnais das quais Pedro manda que nos afastemos” . É a
obediência ao Senhor que torna possível a
desobediência ao demônio.
A verdade nua e crua é que o ser humano não tem a
liberdade de comer ou não comer da árvore do bem e do mal.
Desde a Queda, ele é obrigado a comer desse maldito
fruto, a não ser que ele mude de patrão, por meio de
uma conversão autêntica. Aí ele deixa de ser escravo
da serpente para ser escravo de Cristo.
Enquanto o compromisso com a carne
machuca, humilha, rebaixa, adoece e mata, o
compromisso com Cristo acaba com a dor de
consciência, com a dominação “estrangeira" (não
somos deste mundo), com a necessidade de uma
eterna fuga, com o rebaixamento moral, com o
desespero.
A pouquíssima liberdade que o ser humano tem é
a de sair da dominação das trevas e ir para a
dominação da luz. É aquela que Moisés propôs ao povo
de Israel no fim do êxodo: “Eu lhes dou a oportunidade
de escolherem entre a vida e a morte, entre a bênção e a
maldição” (Dt 30:19).
Na versão de Jesus, a escolha é entre a porta
estreita e a porta larga, entre o caminho fácil e o
caminho difícil, entre a casa sobre a rocha e a casa
sobre a areia (Mt 7:13-14, 24-27). [Tu já escolheste?]

(Elben M. Lenz César, retirado de Refeições Diárias com os Discípulos, Editora Ultimato).
[1] Meditações Para Maltrapilhos/Ed. Mundo Cristão.

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