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COSMOVISÃO: CONCEITOS, ASPECTOS CENTRAIS E

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA TEMÁTICA

Prof. Daniel Justiniano Andrade

E-mail: danieljustinianoandrade@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

Um gâ ngster da Califó rnia, chamado Mickey Cohen, foi a uma


campanha evangelística de Billy Graham e afirmou publicamente que
estava ser tornando um cristã o, contudo, continuou sua trajetó ria de
criminalidade. Ao ser questionado sobre isso, retrucou dizendo que
haviam artistas e políticos cristã os e que ele seria o primeiro gâ ngster
cristã o. Suas palavras apresentam uma questã o central pra essa
disciplina. A visã o de mundo de um criminoso e o sistema de crenças,
valores e princípios cristã o podem ser harmonizados ou se excluem
mutuamente? O que é uma cosmovisã o? (NASH, 2008, p. 13).
COSMOVISÃO: “Em termos simples, uma cosmovisã o é um
conjunto de crenças envolvendo os MAIS IMPORTANTES
ASSUNTOS NA VIDA [...] Algumas vezes parece que poucos têm
alguma noção do que seja uma cosmovisã o ou mesmo de que
possuam uma. (MORELAND. 2006, p. 242)
COSMOVISÃO: “Quer saibamos ou nã o, quer gostemos ou nã o,
cada um de nó s possui uma cosmovisã o. Essas cosmovisõ es
funcionam como esqueletos conceituais interpretativos para
explicar por que enxergamos o mundo da maneira que
enxergamos e por que, em geral, temos determinada maneira de
PENSAR E AGIR. Com frequência, há CONFLITOS ENTRE
COSMOVISÕES CONCORRENTES (MORELAND, 2006, p. 242).
COSMOVISÃO: “respostas de uma dada pessoa à questões
principais da vida” [...] infraestrutura conceitual, padrõ es ou
arranjos das crenças dessa pessoa” [...] funcionam de modo
semelhante aos ó culos. As lentes corretas, tal como a
cosmovisã o correta, podem mostrar o mundo de maneira mais
clara (NASH, 2008, p. 13).
COSMOVISÃO: “conjunto de pressuposições (hipó teses que
podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou
inteiramente falsas) que sustentamos (consciente ou
inconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a
formaçã o bá sica de nosso mundo”. (SIRE, p. 21).
COSMOVISÃO: é um compromisso, uma orientação
fundamental do coração, que pode ser expresso como uma
estória ou num conjunto de pressuposições (suposiçõ es que
podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou
totalmente falsas) que sustentamos (consciente ou
subconscientemente, consistente ou inconsistentemente)
sobre a constituiçã o bá sica da realidade, e que fornece o
fundamento no qual vivemos, nos movemos e existimos.
(SIRE, 2012, p. 149).
COSMOVISÃO: “um ESQUEMA CONCEITUAL que contém
nossas CRENÇAS FUNDAMENTAIS, sendo o meio pelo qual nó s
INTERPRETAMOS E JULGAMOS A REALIDADE [...]
Cosmovisõ es contém pelo menos cinco conjuntos de crenças:
sobre Deus, Metafísica (realidade ú ltima), Epistemologia
(conhecimento), É tica e Antropologia. (NASH, 2008, p. 13).
COSMOVISÃO
Outra maneira de entender o que é cosmovisã o é vê-la como o
conjunto de nossas respostas mais simples e essenciais a estas sete
perguntas:
1. Qual é a realidade primordial — o realmente real? Ao que
poderíamos responder: Deus, os deuses ou o cosmo material.

2. Qual é a natureza da realidade externa, isto é, do mundo à


nossa volta? Aqui, nossas respostas apontam se vemos o mundo
como criado ou autô nomo, como caótico ou ordenado, como
matéria ou espírito, se enfatizamos nosso relacionamento pessoal e
subjetivo com o mundo ou a sua objetividade à parte de nó s.
COSMOVISÃO
3. Que é um ser humano? Ao que poderíamos responder: uma má quina
altamente complexa, um deus adormecido, uma pessoa feita à imagem de
Deus, um “macaco nu”.

4. O que acontece às pessoas quando morrem? Ao que poderíamos


responder: extinçã o pessoal, transformaçã o a um estado mais elevado, ou
reencarnaçã o ou partida para uma existência sombria no “outro lado”.

5. Por que é possível conhecer de fato alguma coisa? Exemplos de


respostas incluem a ideia de que somos feitos à imagem de um Deus
onisciente, ou que essa consciência e racionalidade se desenvolveram sob
as contingências da sobrevivência em um longo processo de evoluçã o.
COSMOVISÃO
6. Como sabemos o que é certo e o que é errado? Mais uma vez, talvez
sejamos feitos à imagem de um Deus cujo cará ter é bom; ou certo e errado
sã o determinados apenas pela escolha humana ou por aquilo que nos faz
sentir bem; ou as noçõ es simplesmente se desenvolveram num impulso
para a sobrevivência física ou cultural.

7. Qual é o significado da história humana? Ao que poderíamos


responder: realizar os propó sitos de Deus ou dos deuses, construir um
paraíso na Terra, preparar um povo para uma vida em comunhã o com um
Deus amoroso e santo, e assim por diante.
COSMOVISÃO

8.Dentro de várias cosmovisões básicas surgem frequentemente


outras perguntas: Quem está no comando deste mundo — Deus, os
seres humanos ou de fato ninguém? Somos seres humanos
determinados ou livres? Somos apenas nó s os criadores de valores?
Deus é realmente bom? Deus é pessoal ou impessoal? Deus existe de
fato?
METAFÍSICA: “É o estudo do ser ou da realidade. Eis algumas
questõ es metafísicas: O que significa a existência de algo? Quais
sã o as condiçõ es ú ltimas das coisas que existem? O que é uma
substâ ncia? O que é uma propriedade? A matéria é real? A mente é
real? O que sã o o tempo, o espaço e a causalidade? Qual é o
significado linguístico?” (MORELAND; CRAIG, 2005, p. 30).

TEORIA DO VALOR. É o estudo do valor; por exemplo, valor ético


e estético. O que significa dizer que algo é certo ou errado, belo ou
feio? Como justificamos nossas convicçõ es nessas á reas?
(MORELAND; CRAIG, 2005, p. 30).
LÓGICA: “Investiga os princípios do raciocínio correto e enfoca
questõ es como “Quando uma conclusã o pode ser
legitimamente extraída de premissas e por quê?” (MORELAND;
CRAIG, 2005, p. 30).

EPISTEMOLOGIA: “Estudo do conhecimento e da crença


justificada. O que é conhecimento? Podemos obtê-lo? Como
conhecemos as coisas e justificamos nossas crenças? Que tipos
de coisas podemos conhecer?” (MORELAND; CRAIG, 2005, p.
30).
COSMOVISÃO: O PONTO DE PARTIDA determina tudo o que se
segue. Fica bastante claro como se deve testa a validade de um
silogismo, mas como se pode testar a premissa original? Devemos
começar por assumir a autoridade dos SENTIDOS, a
AUTORIDADE DA LÓGICA ou a AUTORIDADE DE DEUS”
(CLARK. 2013, p. 46).

“O racionalismo, entã o, é a teoria de que todo o conhecimento, e,


portanto, de que todo o conhecimento religioso, pode ser
deduzido apenas pela ló gica, isto é, a ló gica para além tanto da
revelaçã o quanto da experiência sensorial”. (CLARK, 2013, p. 29).
COSMOVISÃO: “A forma mais estrita de empirismo baseia
todo o conhecimento apenas nos sentidos...Todos os filó sofos
empiristas, nã o apenas Tomá s de Aquino, mas o mesmo Kant,
na medida em que seu conhecimento esteja em questã o, fazem
seu bá sico apelo aos sentidos (CLARK. 2013, p.26).

“O termo dogmatismo, portanto designa, aquele método de


proceder que tenta sistematizar crenças referentes a Deus,
ciência, imortalidade, etc. com base em informaçõ es
divinamente reveladas nos escritos sagrados” (CLARK, 2013,
p.26).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CLARK. Gordon H. Três tipos de filosofia religiosa. Brasília,


Distrito Federal: Editora Monergismo, 2013.

MORELAND. J. P.; CRAIG, William Lane. Filosofia e cosmovisão


cristã. Sã o Paulo: Vida Nova, 2005.

MORELAND. J. P. Ensaios apologéticos: um estudo para a


cosmovisão cristã. Sã o Paulo: Hagnos, 2006.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NASH, Ronald. Questões últimas da vida: uma introdução à


Filosofia. Sã o Paulo: Cultura Cristã , 2008.

SIRE, James W. Dando Nome ao Elefante. Brasília, DF: Editora


Monergismo, 2012.

SIRE, James W. O Universo ao Lado: A Vida Examinada, Um


Catálogo Elementar de Cosmovisões. Sã o Paulo: Editora United
Press.

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