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INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 3
A Igreja versus o Mundo .................................................................................................................................... 5
Modernismo .................................................................................................................................................................. 7
Pós-modernismo............................................................................................................................................................ 7
Pós-modernismo e Igreja ............................................................................................................................................... 8
Tolerância Intolerante ................................................................................................................................................... 9
A verdade da Palavra de Deus ..................................................................................................................................... 10
QUE É COSMOVISÃO? ...................................................................................................................................... 14
Por que as cosmovisões são importantes?.................................................................................................................. 14
Quantas cosmovisões existem? ................................................................................................................................... 15
Em que diferem as cosmovisões?................................................................................................................................ 15
Em que acreditam os ateístas? .................................................................................................................................... 16
Em que acreditam os panteístas? ................................................................................................................................ 16
Em que acreditam os teístas? ...................................................................................................................................... 17
Que é confusão de cosmovisões?................................................................................................................................ 18
Como formular as perguntas certas? .......................................................................................................................... 22
A NATUREZA DE UMA COSMOVISÃO CRISTÃ .................................................................................................. 24
Filosofia Verdadeira Versus Falsa ................................................................................................................................ 24
Pressuposições Bíblicas ............................................................................................................................................... 26
Filosofia e Sabedoria .................................................................................................................................................... 28
CRISTIANISMO E OS ELEMENTOS BÁSICOS DE FILOSOFIA .............................................................................. 29
Os Elementos Básicos de uma Cosmovisão ................................................................................................................. 29
Epistemologia .............................................................................................................................................................. 29
Epistemologia Cristã .................................................................................................................................................... 34
Metafísica .................................................................................................................................................................... 35
Ética ............................................................................................................................................................................. 36
Política ......................................................................................................................................................................... 38
O MANDATO CULTURAL .................................................................................................................................. 41
A SOBERANIA DAS ESFERAS ............................................................................................................................. 47
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................. 50
INTRODUÇÃO
Todo mundo tem uma cosmovisão. Uma cosmovisão é uma série de crenças, um sistema de
pensamentos, sobre as questões mais importantes da vida. A cosmovisão de uma pessoa é sua filosofia.
“Cosmovisão” e “filosofia” são virtualmente palavras sinônimas. Grandes pensadores tais como Platão,
Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino, cada um deles tinha um sistema de crença com respeito à filosofia,
que foi escrito numa forma sistemática. Cada sistema expressou a cosmovisão do filósofo particular. Mas
mesmo que elas possam não perceber, todas pessoas (adultas) necessária e inescapavelmente têm uma
cosmovisão, um sistema filosófico de pensamento. A cosmovisão delas pode não ser escrita, ou sistematizada
como as dos quatro pensadores mencionados acima, mas elas têm uma cosmovisão apesar de tudo.
Cosmovisão, visão de mundo, mundividência, é um conjunto ordenado de valores, crenças, impressões,
sentimentos e concepções de natureza intuitiva, anteriores à reflexão, a respeito da época ou do mundo em que
se vive. Em outros termos, é a orientação cognitiva fundamental de um indivíduo, de uma coletividade ou de
toda uma sociedade, num dado espaço-tempo e cultura, a respeito de tudo o que existe - sua gênese, sua
natureza, suas propriedades. Uma visão de mundo pode incluir a filosofia natural, postulados fundamentais,
existenciais e normativos, ou temas, valores, emoções e ética.
Entendemos que a cosmovisão cristã, é a única cosmovisão ou filosofia confiável. O fim principal do
homem é glorificar a Deus (1Co 10.31; Rm 11.36), e gozá-lo para sempre (Sl 73.25-28). Sendo assim, estamos
obrigados a adotar uma filosofia que honre a Deus. Precisamos, como o apóstolo Paulo declarar, de uma
filosofia que esteja de “acordo com Cristo” (Cl 2.8). Temos uma filosofia cristã, que é baseada no axioma da
revelação divina: a Palavra de Deus.
Visão de mundo cristão, ou cosmovisão cristã refere-se ao conjunto das distinções filosóficas e
religiosas que caracterizam o Cristianismo em relação a questões como a natureza da verdade, a existência do
homem, o sentido do universo e da vida, os problemas da sociedade, dentre outros.
A forma como nós enxergamos o nosso mundo define como nós vamos nos relacionar com ele, como
vamos viver, usar nosso tempo, nossos talentos e habilidades, as escolhas que vamos fazer. Tudo isso é
definido por nossa cosmovisão, pela forma como nós percebemos a realidade.
Por isso que é tão importante nós refletirmos sobre isso. Nem sempre nós estamos cientes de que nossas
escolhas não são feitas pelas circunstâncias, elas são feitas a partir da forma como nós enxergamos nossa vida.
Quando a gente para pra pensar sobre uma cosmovisão cristã, nós estamos falando sobre a forma de ver o
mundo sob Cosmovisão cristã é enxergar o mundo com os olhos de Cristo, perceber a realidade não a partir
de uma filosofia niilista, não a partir de uma perspectiva espiritualista, mas perceber o mundo a partir dos
olhos de Cristo.
“Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto
para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito:
Ele apanha os sábios na própria astúcia deles” (1Co 3.18-19).
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”
(Jo 14.6)
Pós-modernismo
O modernismo é agora considerado como um modo de pensar do passado. A cosmovisão dominante
tanto no círculo secular quanto no acadêmico atualmente é chamada de pós-modernismo. Os pós-modernistas
têm repudiado a confiança absoluta dos modernistas na ciência como único caminho para a verdade. Na
realidade os pós-modernistas perderam completamente o interesse pela “verdade”, insistindo que não existe
tal coisa como verdade absoluta ou universal.
O modernismo era de fato insustentável com a fé cristã e precisava ser abandonado, mas o pós-
modernismo é um passo trágico na direção errada. Ao contrário do modernismo, que estava ainda preocupado
com a possibilidade de convicções básicas, crenças e ideologias serem objetivamente verdadeiras ou falsas, o
pós-modernismo simplesmente nega que qualquer verdade possa ser objetivamente conhecida.
Para o pós-modernista a realidade é o que o indivíduo imagina que seja. Isso significa que o que é
“verdadeiro” é determinado subjetivamente por cada um, e não existe tal coisa como a chamada verdade
objetiva, com autoridade que governa ou se aplica universalmente a toda humanidade. O pós-modernista
acredita naturalmente que não faz sentido debater se a opinião A é superior à opinião B. No final de contas, se
a realidade é meramente uma invenção da mente humana a perspectiva de verdade de uma pessoa é afinal tão
boa quanto a de outra.
Pós-modernismo e Igreja
Não obstante, a Igreja atualmente está cheia de gente que advoga ideias pós-modernistas. Alguns deles
fazem isso consciente e deliberadamente, mas a maioria o faz sem querer. Tendo embebido em demasia do
espírito dos tempos, eles estão simplesmente regurgitando opiniões do mundo. O movimento evangélico como
um todo, ainda se recuperando de sua longa batalha contra o modernismo, não está preparado para um
adversário novo e diferente. Muitos cristãos, portanto, não reconheceram ainda o perigo extremo colocado
pelo pensamento pós-modernista.
A influência pós-modernista claramente já infecta a Igreja. Os evangélicos estão baixando o tom da
sua mensagem para que as rígidas alegações de verdades do evangelho não soem tão desagradáveis aos
ouvidos pós-modernos. Muitos evitam fazer afirmações inequívocas de que a Bíblia é verdadeira e todos os
outros sistemas religiosos do mundo são falsos. Alguns que se intitulam cristãos foram ainda mais longe,
determinadamente negando a exclusividade de Cristo e abertamente questionando sua alegação de ser ele o
único caminho para Deus.
A mensagem bíblica é clara. Jesus disse, “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao
Pai senão por mim” (Jo 14.6). O apóstolo Pedro proclamou a uma audiência hostil, “... não há salvação em
nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa
que sejamos salvos” (At 4.12). O apóstolo João escreveu, “quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia,
se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36).
Repetidas vezes as Escrituras enfatizam que Jesus Cristo é a única esperança de salvação para o mundo. “...
há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). Somente Cristo
Tolerância Intolerante
A veneração da tolerância pelo pós-modernista é uma característica óbvia, mas essa versão da
“tolerância” é, na verdade, uma distorção perigosa da verdadeira virtude. Aliás, tolerância nunca é mencionada
na Bíblia como uma virtude, exceto no sentido de paciência, longanimidade e mansidão (ver Ef 4.2). De fato,
a noção contemporânea de tolerância é um conceito pateticamente fraco comparado ao amor que as Escrituras
ordenam aos cristãos que mostrem aos seus inimigos. Jesus disse, “amai os vossos inimigos, fazei o bem aos
que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam” (Lc 6.27,28; confira os
versículos 29-36).
Quando nossos avós falaram de tolerância como uma virtude, eles tinham isso em mente. A palavra
então significava respeitar as pessoas e tratá-las com bondade mesmo quando acreditamos que elas estão
erradas, mas a noção pós moderna de tolerância significa que nós nunca devemos considerar a opinião de
ninguém como errada. A tolerância bíblica é para as pessoas; a tolerância pós-moderna é para ideias.
Aceitar toda crença como igualmente válida dificilmente é uma virtude real, mas é praticamente o
único tipo de virtude que o pós-modernismo conhece. As virtudes tradicionais (incluindo humildade, domínio
próprio e castidade) são abertamente zombadas e até mesmo consideradas como transgressões, no mundo do
pós-modernismo.
Previsivelmente a beatificação da tolerância pós-moderna tem tido seus efeitos desastrosos sobre a
verdadeira virtude em nossa sociedade. Nestes tempos de tolerância, o que era proibido passou a ser
QUE É COSMOVISÃO?
A cosmovisão é análoga à lente intelectual através da qual as pessoas veem a realidade e que a cor da
lente é um fato fortemente determinante que contribui para o que elas creem acerca do mundo. Além disso,
cosmovisão é um sistema filosófico que procura explicar como os fatos da realidade se relacionam e se ajustam
um ao outro. Uma vez reunidos os componentes da lente, ela focalizará o plano geral da realidade que dá a
estrutura na qual as partes menores da vida se harmonizam. Em outras palavras, a cosmovisão dá forma ou
colore o modo que pensamos e fornece a condição interpretativa para entender e explicar os fatos de nossa
experiência.
Ainda mais importante que entender o que é uma cosmovisão, e mais crítico, é compreender as
consequências lógicas associadas a viver de acordo com as convicções que uma determinada cosmovisão
sustenta como verdadeira. Essa reflexão nos leva a nossa próxima pergunta.
1
Mein Kampf, 161-162.
2
־Jerry Adler, The last days of Auschwitz, Newsweek, 16/1/995, p. 47.
3
Making sense out of suffering, p. 27.
4
Deus no banco dos réus, p. 134.
5
Milagres, p. 96.
6
Deus no banco dos réus, p. 36.
Você avalia a pergunta por um instante e pensa com você: “Se eu responder ‘sim’, estarei admitindo
que Deus é poderoso bastante para criar a pedra, mas não o suficiente para movê-la! Porém, se disser ‘não’,
estarei admitindo que Deus não é todo-poderoso, porque não pode criar uma pedra de tal magnitude”. Parece
que qualquer uma das respostas vai forçá-lo a violar a Lei da não Contradição e contradizer sua concepção de
Deus, definida como um Ser todo-poderoso. Parece também que Pedro está usando os primeiros princípios
7
O Problema do sofrimento, p. 28.
Pressuposições Bíblicas
Todas as cosmovisões ou filosofias (como vimos, essas palavras são usadas como sinônimos virtuais)
têm pressuposições, que são fundacionais. Numa cosmovisão cristã logicamente consistente, a primeira e
absolutamente essencial pressuposição é que a Bíblia somente é a Palavra de Deus, e ela tem um monopólio
sistemático sobre a verdade. Esse é o ponto de partida axiomático8.
Nas palavras do apóstolo Paulo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Timóteo 3.16-17). Todo o conselho de Deus concernente a
todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente
declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em
tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens.
A palavra da qual o termo “filosofia” (philosophia) é derivado significa “o amor pela sabedoria”. A
Escritura nos ensina que somente Deus é sábio (Romanos 16.27; 1Timóteo 1.17). O Espírito Santo é “o
Espírito de sabedoria” (Isaías 11.2). E Jesus Cristo, o Filósofo Mestre, é a própria Sabedoria (Provérbios 8.22-
36; João 1.1-3,14; 1Coríntios 1.24,30). Nele “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos”
(Colossenses 2.3). E Cristo nos deu esses tesouros em sua Palavra, que é uma parte de sua mente (1Coríntios
2.16). Portanto, se alguém há de ser um filósofo cristão (um amante da sabedoria), ele deve ir até a Palavra de
Deus. É nela que uma pessoa aprende “o temor do Senhor [que] é o princípio da sabedoria” (Provérbios 9.10).
A Bíblia reivindica ser a Palavra de Deus infalível e inerrante (2Timóteo 3.16-17; 2Pedro 1.20-21), e
o Espírito Santo produz essa crença nas mentes (1Coríntios 2.6-16). A autoridade da Escritura Sagrada, razão
pela qual deve ser crida e obedecida, depende somente de Deus (que é a própria verdade) que é o seu autor;
tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus. Além do mais, nossa plena persuasão e certeza da
sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e
com a palavra testifica em nossos corações. Simplesmente não há maior autoridade que a Palavra de Deus.
8
Na lógica tradicional, um axioma ou postulado é uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é considerada
como óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção ou aceitação de uma teoria. Por essa razão, é aceito como
verdade e serve como ponto inicial para dedução de outras verdades.
Filosofia e Sabedoria
Como notado, a Bíblia ensina que a verdadeira sabedoria começa com “o temor do Senhor” (Provérbios
9.10). Assim, uma pessoa que não conhece salvificamente o “Senhor” Jesus Cristo, que é a sabedoria
encarnada (1 Coríntios 1.24,30; Colossenses 2.3), não pode ser “sábio” no sentido bíblico (confirme com João
14.6). A Bíblia descreve tal indivíduo como um “tolo”. O “tolo” é uma pessoa que odeia o conhecimento
(Provérbios 1.22), é infantil em seu pensamento, pronta para crer em qualquer coisa (Provérbios 14.15), e
confiar em si mesmo (Provérbios 28.26), antes do que em Deus (Salmos 14.1). Ele diz “no seu coração: Não
há Deus” (Salmos 14.1). O tolo pode ser um indivíduo altamente educado, uma pessoa que é bem versada na
disciplina da filosofia; todavia, ele é um tolo, pois ele rejeita o Deus da Escritura, e a Bíblia como a única fonte
de sabedoria (Mateus 7.26-27). Por conseguinte, ele “procura a sabedoria e não a encontra”, pois ele sempre
está procurando no lugar errado (Provérbios 14.6).
O apóstolo Paulo descreve a natureza dessa tolice, da filosofia secular, em Romanos 1.18- 25. O não-
cristão suprime o conhecimento de Deus que ele possui, ele rejeita a Palavra de Deus como o único padrão de
Como temos visto, uma cosmovisão ou filosofia é uma série de crenças concernentes às questões mais
importantes da vida. Portanto, qualquer cosmovisão bem modelada deve ser capaz de tratar adequadamente
com os quais elementos ou princípios mais básicos da filosofia: epistemologia, metafísica, ética e política.
Primeiro, epistemologia é aquele ramo da filosofia que está preocupado com a teoria do conhecimento.
Como conhecemos o que conhecemos? Qual é o padrão da verdade? A verdade é relativa? O conhecimento
sobre Deus é possível? Deus pode revelar coisas aos seres humanos? se sim, como?
Segundo, metafísica tem a ver com a teoria da realidade. Por que as coisas são como elas são? Por que
há algo, ao invés de nada? Como pode haver unidade no meio da diversidade no universo? O mundo é uma
criação? É um fato bruto? Há propósito no universo?
Terceiro, a ética se preocupa com como alguém deve viver. É o estudo dos pensamentos, palavras e
feitos certos e errados. Qual é o padrão para a ética? Há uma lei absoluta à qual todo homem deve se
conformar? Há uma razão lógica para perguntamos o porquê alguém “deve” fazer isso ou aquilo? A
moralidade é relativa para com indivíduos, culturas ou períodos históricos? Ou a moralidade transcende essas
fronteiras?
Quarto, política é aquele ramo da filosofia que tem a ver com a teoria de governo. Que tipo de governo
é o correto? O governo deve ser limitado? Os cidadãos têm um direito à propriedade privada? Qual é a função
do magistrado civil?
Epistemologia
9
Um argumento indutivo é aquele no qual se parte de experiências sobre fatos particulares e se infere daí conclusões gerais.
Quando dizemos que todos os homens que nascerem irão morrer porque até hoje ninguém deixou de morrer estamos usando um
argumento indutivo. Tais argumentos se baseiam na experiência passada para sustentar uma conclusão.
10
Citado em Gordon H. Clark, First Corinthians (Trinity Foundation, 1991), 128.
11
Citado em John W. Robbins, “An Introduction to Gordon H. Clark,” Parte 2, TheTrinity Review (Agosto, 1993).
12
Por revelação proposicional entende-se que a auto revelarão de Deus também foi feita através de palavras e palavras sugerem
informações. Deus através de palavras humanas se comunica e se dá a conhecer ao homem. Para ser mais claro Deus comunicou
informações sobre ele mesmo.
Epistemologia Cristã
Metafísica
Metafísica (do grego antigo μετα (meta) = depois de, além de tudo; e Φυσις [physis] = natureza ou
física). Como visto, metafísica tem a ver com a teoria da realidade; não apenas o físico, mas também o que
transcende o físico. Objetos físicos podem aparecer para os sentidos de várias formas, mas o metafísico está
preocupado com o que o objetivo verdadeiramente é. Metafísica é o estudo das questões últimas.
Agostinho continuou para ensinar que Jesus Cristo, o eterno Logos de Deus, é aquele que nos dá uma
coerência entre o infinito e o finito, o Criador e a criação. Em outras palavras, é Cristo quem revela a solução
para o problema do um e dos muitos. A parte de um entendimento apropriado da teologia do Logos (isto é,
Cristo como a eterna Palavra que veio para revelar a verdade de Deus ao homem), não há solução real.
Drasticamente diferentes das visões não-cristãs de metafísica, a Escritura ensina que todas as coisas
existem como elas são porque o Deus trino da Escritura é o Criador e Sustentador de todas as coisas. Pela sua
muito sábia providência, segundo a sua infalível presciência e o livre e imutável conselho da sua própria
vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça,
bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações e todas as
coisas, desde a maior até a menor.
Ética
Embora as pessoas algumas vezes considerem “ética” e “moral” como sendo virtudes sinônimas,
tecnicamente, há uma diferença entre as duas. Ética é uma disciplina normativa, que procura prescrever
obrigações para a humanidade. Ela tem a ver com o que uma pessoa “deve” fazer. Ética é uma questão de
autoridade. Moral, por outro lado, descreve o comportamento padrão de indivíduos e sociedades, isto é, o que
as pessoas fazem. A ética de alguém deve determinar sua moral.
A ética cristã depende da revelação. O Cristianismo mantém que há somente um padrão ético para a
humanidade. A lei moral de Deus obriga para sempre a todos a prestar-lhe obediência, tanto as pessoas
justificadas como as outras. E o pecado é apropriadamente definido, como qualquer falta de conformidade
com a lei de Deus, ou qualquer transgressão dessa lei. Se não houvesse nenhuma lei de Deus, então não haveria
nenhum pecado. Nossa conduta moral, então, deve ser guiada pelo padrão ético da Palavra de Deus. Boas
obras são somente aquelas que Deus ordena em sua santa palavra, não as que, sem autoridade dela, são
aconselhadas pelos homens movidos de um zelo cego ou sob qualquer outro pretexto de boa intenção. Atrás
da validade da lei moral de Deus, está, certamente, a autoridade do Deus que nos dá a lei. O prólogo dos Dez
Mandamentos é: “Eu sou o Senhor”. Teologia, e não ética, é primária. A distinção entre certo e errado é
inteiramente dependente dos mandamentos de Deus, pois ele é “o Senhor”. O sistema cristão de ética é baseado
na própria natureza de Deus. “Sereis santos, porque eu [Deus] sou santo” (Levítico 11.44; 1Pedro 1.16).
Como Paulo aponta nos primeiros dois capítulos de sua epístola aos Romanos, o homem tem suprimido
o conhecimento inato de Deus e sua Palavra, que ele sabe ser verdadeira, e suplantando-a com os seus próprios
falsos sistemas.
Já temos observado que o homem foi criado à imagem de Deus. A Queda, contudo, deixou o homem
eticamente num estado de depravação. O homem não-regenerado é agora incapaz de fazer algo que agrade a
Deus (Romanos 3.9-18; 8.7-8). Seu padrão ético é autônomo; ele não tem nenhum ponto de referência eterno.
O homem não-cristão está entre a foice e o martelo: ele está buscando construir um sistema ético sem uma
autoridade divina e eterna por detrás dele. Nas palavras de Cristo, o homem caído está edificado sobre a areia
(Mateus 7.26- 27).
As Escrituras são claras sobre esse assunto. Há um elo bíblico entre as cosmovisões não-cristãs e a
prática daqueles que aderem a ela. Salmo 14 declara o assunto claramente. É “o tolo quem diz no seu coração
[que] não há Deus”. E, como o salmista continua para dizer, é por causa dessa negação de Deus que eles “têm-
Política
A cosmovisão cristã sustenta que há três instituições bíblicas principais ordenadas por Deus: a família,
a Igreja e o magistrado civil (ou Estado). As instituições existem, assim como todas as coisas, para glorificar
a Deus (7 Coríntios 10.31). Elas são separadas para funcionar de acordo com uma autoridade, e não como a
autoridade. Todas as três devem ser governadas pela Escritura. A família é a instituição bíblica primária. Ela
O MANDATO CULTURAL
Quando Deus determinou criar a raça humana, ele estabeleceu alguns propósitos e parâmetros para um
bom relacionamento entre criador e criatura. Esses propósitos e parâmetros são descritos pela Bíblia e por
Vamos dar ênfase na quebra do terceiro mandato – o cultural. Como os cristãos podem e devem
relacionar-se com o que tem acontecido no nosso mundo? Quais devem ser os nossos limites e a nossa
influência na cultura em que vivemos? O que de fato tem acontecido com os cristãos na modernidade?
É fundamental que, antes de mais nada, o cristão conheça a sua cidadania: “Eles continuam no mundo...
Eles não são do mundo...” (João 17.11,16). Nós somos cidadãos dos céus, mas as nossas passagens para lá
ainda não chegaram, e enquanto estamos aqui temos muito o que fazer, sem, no entanto, esquecermos que
somos de lá. O problema é que além de sermos muitos parecidos com o pessoal do lado de cá, muitas vezes
nos deixamos influenciar com os erros do mundo, desobedecendo o mandato cultural.
Observando o que acontece nos Estados Unidos, de onde as missões que nos trouxeram o evangelho
saíram, pode-se observar como as coisas estão se deteriorando rapidamente, e mais rápido ainda, chegando
aqui. Ao contrário do nosso Brasil, os Estados Unidos nasceram de ideais religiosos, recebendo forte influência
da Palavra de Deus. Hoje é proibido falar em Deus nas escolas públicas (professores que por ventura o façam
correm o risco de ser demitidos); o mesmo povo que luta por salvar as baleias (o que se deve fazer), luta pela
legalização do aborto e igualdade para os homossexuais (algo semelhante acontecendo no Brasil). Onde
chegamos!? Ora, estes são apenas exemplos dos extremos. Muitas coisas bem pequeninas tem influenciado
comunidades inteiras de cristãos (estou falando de verdadeiros cristãos e não dos que apenas se chamam
assim), e essas pequenas influências vão se tornando imensos tropeços. Não estamos defendendo nenhum
Afinal, o que é Soberania das Esferas? O interesse redespertado pela teologia reformada (isso não
implica que não reformados, ou pentecostais não possam se aproveitar desse tema) tem trazido esse termo e
conceitos à tona, junto com “cosmovisão”, “neocalvinismo” e vários outros. Soberania das Esferas é uma
expressão encontrada na obra do filósofo holandês Herman Dooyeweerd (1894-1977). Seu tratado, extenso e
muito técnico, não disponível em português, é chamado “Uma Nova Crítica do Pensamento Teórico” (A New
Critique of Theoretical Thought, em 4 espessos volumes, tradução do original holandês publicada
originalmente em inglês por H. J. Paris, em 1957).
O pensamento expresso por Dooyeweerd é complexo, mas, simplificadamente, podemos dizer que ele
os construiu sobre os conceitos já apresentados anteriormente por João Calvino (1509-1564) e, com bastante
intensidade, na terminologia e escritos de Abraão Kuyper (1837-1920). Em resumo, ele ensina que cada
instituição criada por Deus (a família, a escola, o estado), possui uma área específica de autoridade e regência,
ou seja, são esferas bem delimitadas e específicas.
Isso não significa que tais esferas sejam autônomas. Ainda que independentes, cada uma deve
responder a Deus, o doador desta autoridade. A soberania de cada uma quer dizer que elas não devem usurpar
ou interferir na autoridade da outra esfera. Cada uma dessas esferas, autoridades em si, é responsável por sua
missão e pelas suas ações, na providência divina, perante Deus.
Por exemplo, no caso de uma escola cristã, ela deve entender que não usurpa a autoridade da família,
nem da igreja. Muito menos substitui essas outras esferas, mas deve trabalhar conjuntamente, em colaboração
e respeito. A esfera da escola, e nisso ela tem autoridade, é ministrar conhecimento, sendo responsável, perante
Deus, de transmitir esse conhecimento reconhecendo o Criador em todas as áreas do saber.
Outro exemplo, ao estado não cabe legislar moralidade, mas sim, trabalhar com base em princípios
universais (que procedem de Deus), reprimindo as atividades criminosas, protegendo os indivíduos de uma
sociedade – essa é a sua esfera legítima. No momento em que se intromete na esfera da família, ou da igreja
(postulando o que é certo ou errado), ultrapassa a sua “soberania”. O estado não tem poder ilimitado, mas deve
se reger sob uma estrutura específica, que emana da Graça Comum, derramada por Deus sobre todos os
homens.
O que ansiamos?
Nós, como cristãos, devemos lutar para que essa visão bíblica seja estabelecida e praticada em nosso país (uma
vez que nunca foi). Somos contra QUALQUER TIPO DE TOTALITARISMO, seja ele de esquerda ou de
direita. Como cristãos, entendemos que o Deus Trino Soberano Justíssimo criou esferas independentes e
harmônicas entre si, que devem coexistir de forma complementar umas às outras, sem que nenhuma avance o
território da outra, para que assim estabeleçamos uma sociedade baseada em uma cosmovisão bíblica, que
glorifique o Deus que a criou.
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