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1. Introdução
Para podermos responder a esta pergunta, será necessário nos posicionarmos quanto ao
mundo em que vivemos, ou seja, como este mundo pensa, quais suas aflições e desejos, e
quais respostas realmente desejam encontrar para que desta maneira, nossa mensagem e ações
possam de verdade alcançar e impactar as pessoas, caso contrário, corremos o risco de
falarmos uma linguagem que não seja entendida pelos ouvintes, ou ações que de verdade não
impactam com as boas novas do Reino trazendo salvação, mesmo que sejam boas ações. É
claro, que contamos sempre com a atuação do Espírito Santo, mas isso não exclui o fato de
pensarmos em ações e metodologias para proclamação do evangelho.
Para então entendermos o mundo em que vivemos, trataremos de uma forma geral, o
movimento ou a maneira como nosso mundo chegou ao que vivemos hoje, focando
principalmente a maneira como vivem e pensam os moradores das grandes metrópoles, que
são o maior alvo dos movimentos de proclamação do evangelho entendendo também que, ao
compreendermos as alegrias e angústias deste grupo, conseguiremos entender também, pelo
menos em grande parte, as alegrias e angústias de grupos que vivem em comunidades mais
rurais uma vez que a globalização tem definido uma cultura específica para grande parte do
mundo.
Após entendermos o mundo em que vivemos, trataremos do que significa ser
testemunha de Jesus Cristo, ou o que significa fazer missões.
Finalmente, pensaremos em estratégias e ações práticas que podem nos ajudar a
sermos de fato testemunhas de Jesus Cristo de maneira relevante, sendo sal e luz e levando a
mensagem de salvação com palavras e ações.
Neste capítulo, tentaremos traçar de maneira breve, os caminhos trilhados pelo ser
humano para que chagássemos a este momento em que vivemos e desta maneira entendermos
também o ser humano atual para podermos então responder a pergunta proposta.
Basicamente são duas as histórias, conforme nos diz Lesslie Newbigin no livro “O
Evangelho em uma Sociedade Pluralista”, que nos contam ou nos explicam a maneira como
iniciamos nossa caminhada até nosso tempo atual, uma das maneiras é a evolução das
espécies, onde o mais forte e mais inteligente, ou o melhor preparado sobreviveu e evoluiu,
até chegarmos aos primórdios da civilização. Outra história é a história narrada no livro de
Gênesis, a história bíblica, que nos conta sobre a criação como um feito de Deus, e a partir da
criação, a narrativa da queda e a narrativa da história da reconciliação de toda a criação por
parte de Deus. Partindo desta narrativa, cremos que o início de toda crise humana acontece
logo após a criação, quando o homem tenta tornar-se igual a Deus, e desta maneira conhece a
decadência e a morte.
Ao longo de toda sua existência, o ser humano procurou respostas para a crise que ele
mesmo iniciou, muitas destas tentativas de explicação perderam-se nos milênios da
caminhada, mas a partir basicamente do século VI A.C., temos o surgimento dos primeiros
filósofos que, embora tão distantes de nossos dias, começaram a influenciar a maneira de
viver e pensar, influências estas que se estenderam até nossos dias.
Considerado pela tradição clássica como o primeiro filósofo, Tales é conhecido por
buscar respostas racionais para o mundo em que vivemos, como por exemplo, um elemento
inicial para o mundo. Com tales, inicia-se a busca por respostas racionais para questões que
até então eram atribuídas ao sobrenatural ou aos “deuses”.
Outro grande filósofo que contribui para maneira como pensamos é Sócrates, que mais do
que pensamentos, contribui com métodos de questionamento que tentem buscar as respostas
na essência das coisas. Sócrates também contribui na questão da ética, ao dize que as questões
morais não podem ser tratadas como convenções baseadas nos costumes que se modificam
conforme as circunstâncias ou interesses, mas sim tratadas como resultado de uma explicação
lógica e racional.
Platão é talvez o mais importante dos filósofos, a ponto de grandes filósofos do século
XX dizerem que a história da filosofia não passa de uma sucessão de notas de rodapé da obra
de Platão (A HISTÓRIA DA FILOSOFIA, São Paulo, Ed. Nova Cultuta Ltda, 2004 – pg 46).
Entre os principais pensamentos e influências de Platão, a ideia de que existem dois
mundos diferentes, um real e um sensível, é a que mais influenciou os pensadores futuros.
Dando um grande salto, podemos chegar ao Renascimento, já no século XIV, onde o
racionalismo tem grande valor, tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência, o homem é
visto como o centro do universo e o conceito de individualismo começa a substituir a ideia do
coletivo, os valores individuais passam a ter maior valor do que os valores coletivos.
O homem no período renascentista continua a acreditar em Deus, mas para este homem,
Deus parece cada vez mais indiferente com o que acontece com o mundo.
Outro importante período que influenciou o mundo, foi o Iluminismo, ( sec. XVII e
XVIII), que questionava os valores religiosos, combatia os poderes da igreja, e principalmente
trazia a ideia de que tudo deve ser questionado, defendiam o poder da razão acima da religião
e da fé.
Todos estes caminhos levaram a humanidade a duvidar de qualquer afirmação, e a
entender que as coisas precisam ser provadas pela razão ou experimento científico, a fé não
pode ser provada por experimentos científicos, portanto passou a ser uma questão de
sentimento interior o que abriu as portas para o pluralismo religioso tornando ainda mais
relevante a necessidade de sermos testemunhas verdadeiras de Jesus Cristo e seus
ensinamentos. Não é difícil vermos como o homem foi distanciando-se de Deus, buscando em
si mesmo respostas que não pode encontrar.
Podemos pensar também nas características de nossa sociedade pós-moderna, onde temos
uma mistura de filosofias e culturas, não existem verdades absolutas, um individualismo cada
vez maior e a negação da culpa e responsabilidades pessoais.
O secularismo também é marcante em nossos dias, embora as pessoas estejam em busca
de uma espiritualidade, é uma busca em que não se deseja nenhum tipo de compromisso, uma
busca que satisfaça seus desejos interiores e individuais, os valores materiais tem uma
importância maior do que os valores espirituais, comunitários ou mesmo familiares e a igreja
ou religião passou a ter uma imagem negativa na sociedade.
O cidadão urbano, este que vive nas grandes metrópoles, está cada vez mais inserido nas
mídias, é altamente influenciado por filmes, séries e até mesmo telenovelas, possui uma carga
alta de horas de trabalho, tem uma tendência a morar em residências cada vez mais fechadas,
tornando-se cada vez mais individualistas e hedonistas.
Diante deste cenário, precisamos entender como podemos alcançar estas pessoas com as
boas novas do evangelho, como podemos continuar cumprindo a grande comissão de sermos
testemunhas de Jesus Cristo.
3. Definindo Missões
5. Bibliografia