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SAMUEL HORVATH

LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O MUNDO EM


QUE VIVEMOS, COMO PODEMOS SER
VERDADEIRAMENTE, “TESTEMUNHAS” DO
SENHOR JESUS E DE TODO O SEU
ENSINAMENTO, EM TODO O MUNDO E EM
TODAS AS ESFERAS DA SOCIEDADE?
São Paulo, 2023
SAMUEL HORVATH

LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O MUNDO EM


QUE VIVEMOS, COMO PODEMOS SER
VERDADEIRAMENTE, “TESTEMUNHAS” DO
SENHOR JESUS E DE TODO O SEU
ENSINAMENTO, EM TODO O MUNDO E EM
TODAS AS ESFERAS DA SOCIEDADE?

Monografia apresentada em cumprimento ás exigências da


disciplina Entendendo o mundo em que vivemos do curso
de M. Div. em Estudos Bíblicos e Pastorais do Seminário
Teológico Servos de Cristo, ministrada pelo Prof° Marcos
Amado
São Paulo, 2023

1. Introdução

Para podermos responder a esta pergunta, será necessário nos posicionarmos quanto ao
mundo em que vivemos, ou seja, como este mundo pensa, quais suas aflições e desejos, e
quais respostas realmente desejam encontrar para que desta maneira, nossa mensagem e ações
possam de verdade alcançar e impactar as pessoas, caso contrário, corremos o risco de
falarmos uma linguagem que não seja entendida pelos ouvintes, ou ações que de verdade não
impactam com as boas novas do Reino trazendo salvação, mesmo que sejam boas ações. É
claro, que contamos sempre com a atuação do Espírito Santo, mas isso não exclui o fato de
pensarmos em ações e metodologias para proclamação do evangelho.
Para então entendermos o mundo em que vivemos, trataremos de uma forma geral, o
movimento ou a maneira como nosso mundo chegou ao que vivemos hoje, focando
principalmente a maneira como vivem e pensam os moradores das grandes metrópoles, que
são o maior alvo dos movimentos de proclamação do evangelho entendendo também que, ao
compreendermos as alegrias e angústias deste grupo, conseguiremos entender também, pelo
menos em grande parte, as alegrias e angústias de grupos que vivem em comunidades mais
rurais uma vez que a globalização tem definido uma cultura específica para grande parte do
mundo.
Após entendermos o mundo em que vivemos, trataremos do que significa ser
testemunha de Jesus Cristo, ou o que significa fazer missões.
Finalmente, pensaremos em estratégias e ações práticas que podem nos ajudar a
sermos de fato testemunhas de Jesus Cristo de maneira relevante, sendo sal e luz e levando a
mensagem de salvação com palavras e ações.

2. Como chegamos “onde chegamos”

Neste capítulo, tentaremos traçar de maneira breve, os caminhos trilhados pelo ser
humano para que chagássemos a este momento em que vivemos e desta maneira entendermos
também o ser humano atual para podermos então responder a pergunta proposta.
Basicamente são duas as histórias, conforme nos diz Lesslie Newbigin no livro “O
Evangelho em uma Sociedade Pluralista”, que nos contam ou nos explicam a maneira como
iniciamos nossa caminhada até nosso tempo atual, uma das maneiras é a evolução das
espécies, onde o mais forte e mais inteligente, ou o melhor preparado sobreviveu e evoluiu,
até chegarmos aos primórdios da civilização. Outra história é a história narrada no livro de
Gênesis, a história bíblica, que nos conta sobre a criação como um feito de Deus, e a partir da
criação, a narrativa da queda e a narrativa da história da reconciliação de toda a criação por
parte de Deus. Partindo desta narrativa, cremos que o início de toda crise humana acontece
logo após a criação, quando o homem tenta tornar-se igual a Deus, e desta maneira conhece a
decadência e a morte.
Ao longo de toda sua existência, o ser humano procurou respostas para a crise que ele
mesmo iniciou, muitas destas tentativas de explicação perderam-se nos milênios da
caminhada, mas a partir basicamente do século VI A.C., temos o surgimento dos primeiros
filósofos que, embora tão distantes de nossos dias, começaram a influenciar a maneira de
viver e pensar, influências estas que se estenderam até nossos dias.
Considerado pela tradição clássica como o primeiro filósofo, Tales é conhecido por
buscar respostas racionais para o mundo em que vivemos, como por exemplo, um elemento
inicial para o mundo. Com tales, inicia-se a busca por respostas racionais para questões que
até então eram atribuídas ao sobrenatural ou aos “deuses”.
Outro grande filósofo que contribui para maneira como pensamos é Sócrates, que mais do
que pensamentos, contribui com métodos de questionamento que tentem buscar as respostas
na essência das coisas. Sócrates também contribui na questão da ética, ao dize que as questões
morais não podem ser tratadas como convenções baseadas nos costumes que se modificam
conforme as circunstâncias ou interesses, mas sim tratadas como resultado de uma explicação
lógica e racional.
Platão é talvez o mais importante dos filósofos, a ponto de grandes filósofos do século
XX dizerem que a história da filosofia não passa de uma sucessão de notas de rodapé da obra
de Platão (A HISTÓRIA DA FILOSOFIA, São Paulo, Ed. Nova Cultuta Ltda, 2004 – pg 46).
Entre os principais pensamentos e influências de Platão, a ideia de que existem dois
mundos diferentes, um real e um sensível, é a que mais influenciou os pensadores futuros.
Dando um grande salto, podemos chegar ao Renascimento, já no século XIV, onde o
racionalismo tem grande valor, tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência, o homem é
visto como o centro do universo e o conceito de individualismo começa a substituir a ideia do
coletivo, os valores individuais passam a ter maior valor do que os valores coletivos.
O homem no período renascentista continua a acreditar em Deus, mas para este homem,
Deus parece cada vez mais indiferente com o que acontece com o mundo.
Outro importante período que influenciou o mundo, foi o Iluminismo, ( sec. XVII e
XVIII), que questionava os valores religiosos, combatia os poderes da igreja, e principalmente
trazia a ideia de que tudo deve ser questionado, defendiam o poder da razão acima da religião
e da fé.
Todos estes caminhos levaram a humanidade a duvidar de qualquer afirmação, e a
entender que as coisas precisam ser provadas pela razão ou experimento científico, a fé não
pode ser provada por experimentos científicos, portanto passou a ser uma questão de
sentimento interior o que abriu as portas para o pluralismo religioso tornando ainda mais
relevante a necessidade de sermos testemunhas verdadeiras de Jesus Cristo e seus
ensinamentos. Não é difícil vermos como o homem foi distanciando-se de Deus, buscando em
si mesmo respostas que não pode encontrar.
Podemos pensar também nas características de nossa sociedade pós-moderna, onde temos
uma mistura de filosofias e culturas, não existem verdades absolutas, um individualismo cada
vez maior e a negação da culpa e responsabilidades pessoais.
O secularismo também é marcante em nossos dias, embora as pessoas estejam em busca
de uma espiritualidade, é uma busca em que não se deseja nenhum tipo de compromisso, uma
busca que satisfaça seus desejos interiores e individuais, os valores materiais tem uma
importância maior do que os valores espirituais, comunitários ou mesmo familiares e a igreja
ou religião passou a ter uma imagem negativa na sociedade.
O cidadão urbano, este que vive nas grandes metrópoles, está cada vez mais inserido nas
mídias, é altamente influenciado por filmes, séries e até mesmo telenovelas, possui uma carga
alta de horas de trabalho, tem uma tendência a morar em residências cada vez mais fechadas,
tornando-se cada vez mais individualistas e hedonistas.
Diante deste cenário, precisamos entender como podemos alcançar estas pessoas com as
boas novas do evangelho, como podemos continuar cumprindo a grande comissão de sermos
testemunhas de Jesus Cristo.

3. Definindo Missões

Segundo Newbigin, (O EVANGELHO EM UMA SOCIEDADE PLURALISTA,


Viçosa, Ed. Ultimato, 2016, pg. 155), a ideia de tornarmos a missão da igreja como um
“mandamento missionário”, tende a tornar a missão um fardo, e não uma alegria, tende a
torna-la parte da lei e não uma alegria, o próprio apóstolo Paulo não impõe em nenhum
momento, a obrigação de sermos ativos no ato de evangelizar, embora ele mesmo diga; “Ai de
mim se não pregar o evangelho”.
Ainda discorrendo sobre o que diz Newbigin sobre missões, verificamos que o
derramamento do Espírito Santo provocou nas pessoas ao redor uma pergunta sobre o que
estava acontecendo, ao que Pedro responde anunciando o evangelho. Em todas as outras
ocasiões em que o evangelho é pregado, existe sempre uma pergunta sobre algo sobrenatural
que está ocorrendo, então podemos pensar que a proclamação do evangelho é uma resposta a
uma pergunta feita por pessoas que estão de fora da igreja, uma nova realidade exige uma
explicação, uma nova realidade produz uma pergunta para qual o evangelho é a resposta.
Quando olhamos para o mundo em que vivemos, somos tentados a entendermos por nós
mesmos quais as perguntas este mundo tem feito e tentamos assim “encaixar” o evangelho,
mas ao olharmos para o novo testamento, em especial ao início da igreja, vemos que as
perguntas eram feitas a partir do agir do Espírito Santo de Deus, o mundo em que vivemos
(vimos como a humanidade caminhou), não produzirá por si mesmo perguntas que levem ao
evangelho, no máximo perguntas que esperam respostas que satisfaçam seus próprios egos,
mas quando a igreja, em obediência a Deus, produz obras que glorifiquem o nome de Deus
através do agir do Espírito Santo, aí sim, as pessoas farão perguntas cuja resposta é o
evangelho, portanto, o início da missão é o Espírito Santo agindo em nossas vidas e na vida
da igreja, produzindo obras que glorificam o nome de Deus.
René Padilha e Tetsunato Yamamori, no livro “Projeto de Deus e as necessidades
humanas, Missão Integral e suas Práticas”, nos dizem que a missão de Deus tem sua fonte
N’Ele mesmo, e que depende D’Ele para sua realização plena, Deus continua atuando na
história por meio do Espírito Santo, que é o missionário por excelência, e que nós, somos
colaboradores, chamados a participar do que Ele tem feito para cumprir seu propósito.
Podemos entender então que missão é este ato de Deus de reconciliar consigo mesmo
todas as coisas (harmonia esta perdida na queda), e missões, são as ações com as quais
glorificamos o nome de Deus, ações estas realizadas por intermédio do Espírito Santo, e que
desperta nas pessoas de fora perguntas, cuja resposta é o evangelho.
Diante destas definições, cabe perguntarmos o que podemos fazer, sobre a direção do
Espírito Santo de Deus, para glorificarmos o nome de Deus e sermos verdadeiramente
testemunhas de Cristo Jesus e de seus ensinamentos.

4. Sendo Verdadeiramente Testemunhas de Jesus Cristo

No livro “Projeto de Deus e as necessidades humanas, Missão Integral e suas Práticas”,


René Padilha e Tetsunato Yamamori nos lembram que existe uma grande confusão quando se
fala em missões na igreja, pois alguns entendem que Deus somente está preocupado em
“salvar almas” e plantar igrejas, e isso, entre outras coisas, reduz a salvação á uma experiência
individual e subjetiva, deixando de fora o fato de que Deus quer reconciliar todas as coisas,
relacionamentos, dignidade, justiça, etc, e por outro lado, igrejas e instituições cristãs, que
separaram a pregação do evangelho de suas ações sociais, e suas ações sociais não levam a
mensagem do evangelho, tornaram-se um bom exemplo de trabalho secular, mas não
reconciliam o homem a Deus.
Em meio a esta discussão, somos lembrados de que missão, não é um trabalho da igreja,
seja o de proclamar e ensinar a palavra de Deus, seja o de realizar ações sociais, mas sim uma
obra poderosa de Deus da qual somos chamados a participar.
Já vimos que somente o ensino bíblico e plantação de igrejas ou somente ações sociais
não nos farão de verdade testemunhas de Jesus Cristo, pensaremos então em ações práticas
que podem nos levar de fato a sermos testemunhas relevantes de Jesus Cristo e seus ensinos
levando em conta principalmente o ambiente urbano conforme dissemos no início deste
trabalho.
Levando-se em consideração que missão é algo que parte do próprio Deus, o passo inicial
é a comunhão com o Deus da missão, o relacionamento que se obtém com a disciplina da
oração e leitura de bíblia, deixando-se encher com o Espírito Santo de Deus.
Sendo missões, (conforme o que definimos), este ato de glorificarmos a Deus com nossa
vida e com nossas ações, podemos nos perguntar em quais situações estamos envolvidos ou
podemos nos envolver e como podemos agir em tais situações para que assim glorifiquemos o
nome de Deus.
Ao lembramos que missão é este ato de Deus reconciliar consigo todas as coisas,
podemos observar ao nosso redor, quais situações necessitam de reconciliação e como
podemos agir, seja de maneira individual ou como igreja, para que ocorra reconciliação.
Hoje vemos lares destruídos necessitando de reconciliação, será que podemos de alguma
maneira colaborar com ações que ajudem na reconciliação? Podemos desenvolver projetos
que promovam reconciliação de lares? Ao verem lares sendo reconciliados, outros
perguntarão sobre o que está acontecendo. Este é um exemplo de como podemos ser
testemunhas de Cristo e de seus ensinos.
Ao olharmos para o perfil do cidadão urbano, vemos pessoas cada vez mais isoladas e
individualistas, mas ao mesmo tempo, estas pessoas estão necessitadas de verdadeiras
amizades e companhias, podemos glorificar a Deus oferecendo uma amizade verdadeira ao
nosso próximo, seja ele um cidadão do meu país ou cidadão de um país no qual eu me
proponho a levar o evangelho ou mesmo realizando encontros que promovam a amizade e
comunhão entre as pessoas.
Vemos desigualdades sociais, pessoas desabrigadas, refugiados, ao olharmos para estas
pessoas, podemos nos perguntar, como podemos glorificar a Deus em meio a estas situações?
Respondendo a pergunta, “LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO O MUNDO EM QUE
VIVEMOS, COMO PODEMOS SER VERDADEIRAMENTE, “TESTEMUNHAS” DO
SENHOR JESUS E DE TODO O SEU ENSINAMENTO, EM TODO O MUNDO E EM
TODAS AS ESFERAS DA SOCIEDADE?” com base em tudo o que pensamos, chegamos a
conclusão que existem muitas maneiras, e todas elas vão levar em consideração ações que
glorifiquem o nome de Deus, ações estas que geralmente partem de uma necessidade humana,
(algum tipo de reconciliação), ações realizadas pelo Espírito Santo de Deus e tudo somado ao
ensino da palavra de Deus.

5. Bibliografia

A HISTÓRIA DA FILOSOFIA. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda. 2004


LESSLIE, Newbigin. O evangelho em uma sociedade pluralista. Viçosa: Ultimato, 2016
SIDNEY, Costa. Compre cadeiras. Barueri: Alpha Conteúdos, 2015
PADILLA, C. R. & YAMAMORI, Tetsunato. Projeto de Deus e as necessidades humanas.
Missão Integral e suas práticas. Santo André: Academia Cristã, 2015

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