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Espiritualidade Cristã
Introdução
Objetivos
Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mesmo nas
piores condições, como saber que a vida da gente tem um sentido;
O que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e
a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente. O que ele necessita
não é a descarga de tensão a qualquer custo, mas antes o desafio de um sentido em potencial
à espera de ser cumprido;
O sentido de vida difere de pessoa para pessoa, de um dia para o outro, de uma hora para
outra. O que importa, por conseguinte, não é o sentido da vida de um modo geral, mas antes o
sentido específico da vida de uma pessoa em dado momento;
As pessoas têm o suficiente com o que viver, mas não têm nada por que viver; têm os meios,
mas não têm o sentido;
O niilismo não afirma que não existe nada, mas afirma que tudo é desprovido de sentido.
Portanto, o elemento místico da religião vem suprir e satisfazer a vida do homem, afinal o
Deus cristão se relaciona com seu povo, e relacionamento é intimidade e experiência. O
mundo de hoje está saturado de uma concepção de Deus meramente racional e
sistematicamente compreendido em tratados de teologia. Isso deve fazer parte da vida cristã,
mas sem ofuscarmos o elemento não-racional que não pode ser compreendido, mas
experimentado no coração. (Sobre isso trataremos mais adiante na aula sobre “Espiritualidade
e academia”)
Há um caminho a seguir em busca dessa experiência transcendental com Deus, Henri Nouwen,
o chama de “O Caminho do coração”. Você está preparado para penetrar o mistério e ser
imerso em Deus? Vamos progressivamente compreender os caminhos da mística cristã. “A
mística sempre foi considerada como a busca pela descoberta do caminho interior que conduz
o ser humano ao encontro pessoal com Deus.” 1 A mística cristã está fundamentada na Palavra
e no que revela acerca de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo, e o modo como nos
tornamos um com a Trindade santa. A gnose combatida no evangelho de João é aquela dos
iniciados e herméticos relacionada ao conhecimento intuitivo e transcendental sem vínculo
1
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com a existência histórica. João fala da “gnose” enquanto relacionamento com a Palavra e a
concretude histórica do homem Jesus. Para nosso evangelista,
“a Escritura de Israel é para ela uma referência constante. Seu itinerário se inscreve na história,
que a gnose rejeita; o cuidado histórico aparece em numerosas passagens do evangelho e
notadamente no relato da Paixão. O que salva alguém não é conhecimento reencontrado de
sua natureza original, mas a adesão crente ao mistério do Filho. Decerto, João insiste no
conhecimento que é vida eterna, mas trata-se do conhecimento do Pai em continuidade com os
anúncios dos profetas. (...) O que ele propõe é a fé cristã, esclarecida por uma experiência
espiritual profunda, como entendeu a Igreja antiga que reconheceu João no cânones das
Escrituras.” (Xavier Leon Dufour. Leitura do evangelho segundo João. p.231)
Nós nos tornamos um com Cristo mediante a Palavra e o Espírito! Como já mencionado na aula
01 temos visto um retorno às práticas espirituais tradicionais. Uma busca por livros de
espiritualidade nas Livrarias tem aumentado significativamente, conforme gráfico abaixo:
Intelecto. Esse tipo de espiritualidade é praticada por aqueles que utilizam o método da Lectio
Divina que baseia-se na leitura, meditação e orar a Palavra.
Todos esses caminhos foram abstraídos por questão didática apenas. Cada um deles se
entrecruzam com outro (ou outros) visando o tornar-se um com Deus. O sentido de buscar e
experimentar Deus é bem definido no livro do “Anselm Grun. Mística: descobrir o espaço
interior” na pág. 37, que diz:
“Em Cristo, Paulo encontrou uma nova identidade, passou a ser sua própria essência. Em sua
mística do Cristo, está expresso que não se trata apenas de chegar a um contato pessoal e
íntimo com Cristo, porém, mais que isso, alcançar um ser em Cristo, uma plena transformação
no Cristo, passando a ser Cristo o nosso verdadeiro ser, o cerne de nossa personalidade
interior, vivemos em função dele, e não mais em função do ego.” (Anselm Grun)
Modelos de espiritualidade
Nasceu em Fontiveros, em data desconhecida. Teve uma infância difícil e pobre e foi obrigado
a trabalhar como pintor e entalhador. Sua formação educacional desenvolveu-se no Colégio
dos Jesuítas, posteriormente vincula-se a concepção de vida religiosa dos carmelitas, e celebra
sua primeira missa em Medina em 1567. Em 1968 conhece Teresa de Ávila mantendo amizade
continua. Em 1577 ficou preso em Toledo durante 8 meses e depois fugiu de madrugada.
Nesse período da prisão escreveu seu poema mais conhecido “A noite escura da alma”, e
morreu em 1591. Viveu 49 anos.
2. Na escuridão, segura,
Na escuridão, velada,
Aonde me esperava
Quedou-se adormecido,
8. Esquecida, quedei-me,
São João da Cruz, depois de passar pela noite escura, fria e aterrorizante escreve esse poema
como expressão de sua experiência religiosa. A noite escura não é uma mera prova para testar
a nossa fé, mas a ausência completa de Deus de nossa vida para transformar existencialmente
o nosso ser. Na cruz Jesus bradou: “Deus meu, Deus meu porque me abandonastes”. Deus
estava sozinho na cruz! Aquele que é onipresente está completamente sozinho e abandonado
(a antinomia aparentemente permanece!). Deus não olhou para ele. A solidão de Jesus foi a
sua noite escura.
No livro de Cantares (5:3-8), a moça amada está deitada na cama com os pés e as roupas
limpas, quando seu amado bate a porta. Ela não levanta porque não quer sujar-se, e ele insiste
mais uma vez. Quando decide abrir a porta, ele já não estava mais lá, ela desesperada sai a sua
procura pelas ruas, acabando por ser presa pelos guardas. A alegoria é inevitável. Nós somos
essa moça amada em cujo coração o Senhor constantemente bate, mas por inúmeras
desculpas não abrimos a porta, e quando decidimos encontrá-lo ele já se foi. “sair pelas ruas”
é o equivalente a buscá-lo em oração, clamar, chorar, fazer de tudo para senti-lo e ser
encontrado novamente, mas Deus está ausente. Ai começa a noite escura da nossa alma, o
sofrimento de não sentir mais sua presença é desolador.
Nesses momentos, nada nos faz sentido e o que nos resta é tentar sossegar nossa alma e ouvir
Deus. A noite escura esmaga a nossa vida e a refaz por completo. Essa escuridão é a ausência
de Deus em nós, como diz o livro de Lamentações: “Deus me levou por caminhos de
escuridão... construiu um muro de sofrimento e amargura... grito pedindo socorro, mas ele não
quer ouvir a minha oração... ele esfregou o meu rosto no chão e quebrou os meus dentes nas
pedras... já não sei mais o que é paz... fico sempre abatido. (3:1-20)2. Nessas dias cabe apenas
isso: “deixa Deus trabalhar” “Quando Deus nos faz sofrer, devemos ficar sozinhos, pacientes e
em silêncio” (Ibid. 3:28)
Quantas vezes o Senhor quis juntar Israel sob suas asas como a galinha faz com seus pintinhos
e o povo de Deus não quis? Sempre fugindo, sempre em busca de outras coisas, e quase
sempre rejeitando a Deus. Mas o Eterno não desiste de nós e ele mesmo disse que “aquele
que começou a boa obra há de terminar”, portanto Deus nos conduz, às vezes, ao deserto e a
solidão de sua presença, ao vazio existencial do ser para recebermos o tratamento terapêutico
de suas mãos que extrai de nós os carrapichos impregnados em nossa vida, os hábitos
arraigados que escondemos dentro de nós e que nunca os encaramos, os quais fingimos que
não existem. O Senhor é o único médico que não usa anestesia, mas é o único que cura de
uma vez por todas.
Quando vivenciamos a noite escura ao longo de nossa caminhada sentimentos como “aridez
espiritual, solidão, sentimento de perda, medo”3 surgem em nosso íntimo. É Deus nos
tratando, a noite escura não vem para nos destruir, mas para nos libertar, para levar-nos a
maior intimidade com Deus. Normalmente quem vive isso é aquele que busca, clama, chora,
procura, decide levar a vida cristã a sério, mas não alcança sucesso e em seguida sofre uma
“queda inevitável”4. Essa tentativa de fazer e querer sair por forças próprias da noite sempre
acaba em fracasso, pois é o sinal de que não está deixando Deus trabalhar, e Ele não tem
pressa, e levará o tempo que for necessário para curar nosso ser. Na noite escura surge uma
sensação de “uma nuvem densa e deprimente que aflige a alma e a mantém afastada de Deus”
5
, é como buscar e não encontrar.
O próprio são João da cruz elenca três sinais da noite escura: 1) não ter mais prazer nas coisas
de Deus; 2) ter a sensação de que não está servindo a Deus; 3) agora você não consegue mais
orar e você deseja Deus desesperadamente. Há um desejo em meio a tudo isso de saudade e
busca por Deus, você quer experimentá-lo, mas não consegue, se angustia, mas ainda não é o
momento e a noite escura está apenas começando. Tem a sensação que não se considera mais
digno de Deus e do seu amor, e quando olha ao passado e vê o quanto Deus já fez sente mais
sofrimento e parece que tudo foi em vão. Surge a sensação de que toda a nossa vida é contra
Deus e que Ele é contra nós! Ele diz: “Com efeito, quando a contemplação purificadora aflige a
alma de verdade, a alma sente as [dores] sente-se sem Deus, castigada, rejeitada e indigna
Dele”.6 Não temas! Pois parece que o Senhor está ausente, muito pelo contrário, sua ausência
é a presença Dele de forma mais forte e profunda, é o seu amor e a sua luz levados as
entranhas do nosso ser a tal ponto que deseja mudar-nos por completo, e fazer-nos confiar,
descansar e viver somente Nele e para Ele.
2
Davi passou por isso: (salmos 88) (v.16) “ A tua ira e teu furos caem sobre mim;/ os teus ataques
terriveis acabam comigo. (17) O dia todo eles me cercam como uma enchente; eles me rodeiam por
todos os lados. (v.18) Tu fizeste com que os meus queridos e os meus vizinhos me abandonassem, e
agora tenho como companhia a escuridão”. BTLH.
3
Foster, Richard. Celebração da disciplina. Ed.Vida. p, ?
4
Ibid. p, ?
5
CRUZ, são João. Obra completa.
6
STINESSEN, Wilfried. A noite escura segundo são João da cruz. Loyola, p?
Que a noite escura, guie-nos a intimidade com Ele, a tal ponto que em nós não exista mais
nada a não ser Ele!
Madame Guyon
Morreu em 1717 em plena paz de espirito. Defendeu e praticou o “quietismo”, que era um
relacionamento com Deus a partir da intuição, que passivamente recebia a luz divina em seu
interior. Essa atitude nos leva a refletir o texto do evangelho de João 11:42a, que diz: “Eu sei
que sempre me ouves...”
Há dois exercícios espirituais bem conhecidos por todos nós: a leitura bíblica e a oração. Em
nossos cultos somos constantemente convidados a essas práticas. Desenvolver o hábito
saudável da leitura bíblica diária e a oração é aprofundar em intimidade com Deus. E quem
não gostaria de ser amigo de Deus como o foi o pai da fé Abraão e Jesus o Autor e consumador
da fé? Todos nós desejamos isso! Madame Guyon, esta francesa que amava a Jesus, pode nos
indicar o caminho para uma vida cristã plena da presença de Deus. Letra Viva e oração com
sentido inflama o coração desejoso de paz e poder de Deus!
Guyon, afirma que a Palavra de Deus é fundamental para alimentar a nossa alma. Sem ela é
como se faltasse algo. Assim como sentimos fome quando não nos alimentamos fisicamente.
Nosso desejo de ingerir a Palavra deve ser tão forte como alimentar o corpo. Se não comemos
morremos de fome. Se a leitura e a meditação na Palavra não for um hábito ficaremos
desfigurados espiritualmente e esqueceremos das promessas de Cristo e a consequência será
uma vida cansada, triste, insatisfeita e vulnerável a qualquer situação que se apresente. Ler e
saborear a Palavra são o caminho para uma vida de oração prazerosa. Guyon sugere meditar
em pequenas porções das escrituras; degustá-la calmamente, compreendendo-a com a mente
e o coração (Lectio Divina). Investir tempo com a Palavra é concomitantemente investir tempo
em oração. Antes de orar deveríamos meditar na Escritura e “orar a Palavra.” Não recitamos
os textos para lembrar Deus de suas promessas, mas para lembrar a nós mesmos. Quantas
vezes a angústia entra em nosso coração e tenta dominar nossa vida, nos faz até mesmo
pensar que Deus não está perto de nós e isso acontece porque “a maioria dos cristãos não
percebe que é chamado para uma relação mais profunda, interior, com o seu Senhor. Mas
todos nós fomos chamados às profundezas de Cristo, tão certo como fomos chamados para a
salvação" (Guyon)
Como homens e mulheres de oração precisamos dizer o que está em nosso coração a Deus.
Falar, clamar, interceder e depois ouvir o que Deus quer falar conosco. Falamos muito
enquanto oramos e até estranhamos não ouvirmos Deus. A palavra chave aqui é quietude.
Na presença santa Dele precisamos do silêncio para ouvir sua terna voz que esquenta nosso
coração e nos orienta em sua vontade, de forma intima e pessoal. “Aquietai-vos e sabei que
sou Deus.” E nesse instante “Não procure nada de Deus durante estes momentos quietos a
não ser amá-lo e agradá-lo.” (Guyon). Haverá momentos de silêncio por parte de Deus. Guyon,
menciona o recurso didático do deserto utilizado por Deus para aperfeiçoar nossa
espiritualidade. Ela menciona o silêncio divino e o seu não-falar, seu silêncio terrível é o seu
grito mais poderoso de amor por nós. Ele nos ensina berrando silenciosamente aos nossos
corações que nos ama e que esse momento “longe” é para nosso bem. E é quando estamos
fracos que “Ele aperfeiçoa seu poder”. Deus nos ensina a depender só Dele e não das nossas
forças, ou do tanto que fazemos afinal o Senhor está mais interessado no que somos do que
fazemos, pois quanto mais nos tornamos Nele mais faremos por Ele.
Guyon, fala que nas belas flores do jardim sempre cresce uma erva daninha, e às vezes esta
erva está tão junto a flor que temos receio de extrair achando que machucaremos a flor. A
metáfora é evidente, a erva está dentro do nosso coração! E o comodismo nos faz acostumar
com ela de tal maneira que se torna uma parte de nós, assim é o pecado, a angustia, o medo, a
falta de fé e tantas outras coisas mais são digeridas e mecanicamente reafirmadas em nosso
ser como parte integrante da nossa psique. Longe de nós continuarmos assim. Vamos
renunciar tudo o que nos prejudica em nosso relacionamento com Deus, como disse Lutero no
seu hino “Castelo Forte”:
Se temos de perder
Família, bens, poder,
E, embora a vida vá,
Por nós Jesus está,
E dar-nos-á seu reino.
E a recompensa será obter as maravilhas da “vida futura” aqui no mundo. Confiantes no poder
de Deus derramado em nós pelo Espírito Santo podemos com sinceridade confessar nossas
culpas diante de Deus, não de maneira mecânica, mas analisando a maldade em nós
impregnada e lançando sobre Jesus nossos pecados, com a certeza absoluta que já somos
perdoados.
Creio que a oração nos faz íntimos de Deus. Ele se revela a nós com seus mistérios e
maravilhas, e gera no nosso coração por meio do Espírito Santo, dependência divina sendo
guiados por Ele conforme a Sua vontade aonde for o melhor lugar para realizarmos Sua obra.
Por fim temos que prosseguir sempre sem nunca olhar para trás, com a convicção gerada em
nós por Deus, por meio da obra de Cristo e pelo Espírito Santo que o Seu amor é o fundamento
existencial do nosso ser, enquanto somos diariamente transformados e mais parecidos com
Jesus, até poder dizer como Jesus: “Eu sei que sempre me ouves...” (Jo. 11:42)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bem, chegamos ao final da aula de hoje. Espero que os exemplos vistos tenham trazido grande
inspiração.
Introdução
Vamos estudar, Turma!!
Nada melhor do que desenvolvermos uma espiritualidade sadia por meio do
relacionamento com Jesus. Hoje falaremos sobre as Disciplinas espirituais ou práticas
devocionais ou exercícios espirituais.
Pronto para começar?
Então vamos em frente!
Objetivos
Oração
“Orar é viver”, afirmou Henri Nouwen. É como o oxigênio da alma que a mantém
lúcida diante das paixões e das necessidades da carne. Orar é desnudar-se diante de
Deus e tornar-se um com Ele por meio do diálogo, e nesse dialogo falamos e ouvimos.
No conceito de Eugene Peterson “a oração é uma aventura ousada rumo à linguagem,
que coloca nossas palavras juntas com aquelas palavras cortantes, vivas, que penetram
e dividem alma e espírito, juntas e medulas e, impiedosamente, expõem cada
pensamento e propósito do coração”. (Eugene Peterson. Um pastor segundo o coração
de Deus. p.41). Essa aula ficaria imensa se fossemos oferecer todas os conceitos do
que é orar. Portanto, citaremos D. A. Carson, em seu livro “Reforma espiritual”, e os
empecilhos à prática da oração, como segue:
Indicação de vídeo
Aprendendo a orar com Jesus
Assista à aula do Rev. Augustus Nicodemus sobre o tema oração.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=PtpKoFvPuiw
Oração sem cessar. O dia todo!
Gratidão. Oramos com ações de graça reconhecendo a bondade de Deus em nossas
vidas, ou por uma bênção recebida;
Oração por cura. Normalmente por imposição de mãos clamando em nome de Jesus
que a cura seja estabelecida em alguma área da vida;
Intercessão. Quando colocamos uma ou mais pessoas diante de Deus orando por
salvação, cura, milagres ou outra bênção;
Oração de guerra. Diante de situações claras do ataque do inimigo. Pode ser num culto
de libertação, na expulsão de um demônio, ou quando evangelizamos. Uma guerra
espiritual mais forte está ocorrendo;
Confissão. Confessar pecado diante de Deus ou nossa pequenez diante da sua
majestade e santidade;
Clamor. Em situações limites diante de todas as possibilidades humanas esgotadas
clamamos pela interversão divina;
Adoração. Em reconhecimento do poder de Deus O adoramos pelo que Ele É.
Contemplativa. Nível mais profundo de oração. Nesse estado não pedimos e nem
desejamos mais nada a não ser, ser um com Deus em união mística. É o estado de
entrega total diante daquele que tem poder sobre todas as coisas.
Meditação
O termo “meditação” em latim “meditare” é um olhar para dentro de si. Uma auto
reflexão. Portanto, meditar na Palavra é fazer uma auto reflexão tendo como base as
Escrituras e permitir que nosso ser seja confrontado e transformado por Ela. Para,
Dallas Willard meditar é: “não só lemos, ouvimos e inquirimos, mas também
meditamos naquilo que está diante de nossos olhos. Isso significa que nos retiramos
em silêncio para, em atitude de oração e com intensidade, nos concentrarmos no que
estamos lendo, desta forma, o significado do que lemos pode emergir e nos formar
enquanto Deus trabalha no íntimo do nosso coração, mente e alma.” (Dallas Willard, O
Espírito das Disciplinas. Ed.Danprewan, p. 177. D. A.
Carson, compara a meditação nas Escrituras como o ruminar de um boi que morde a
grama, mastiga, engole, vomita novamente para sua boca, mastiga e engole de novo.
Embora, a ilustração seja um pouco desconfortável meditar na Palavra seria mastigá-la
até extrairmos todas as suas vitaminas para nossa alma e mente, porque de fato é
alimento vivo conforme disse Jesus em João 6:63 “minhas palavras são espírito e vida”.
Foster, propõe um ambiente preparatório para meditação na Palavra, ele sugere,
separar um momento do dia num lugar calmo, limpo e silencioso, estando em postura
adequada para não cansar o corpo. Depois para melhor aproveitar a meditação
imaginar a cena do texto bíblico lido, e ao divagar da mente ore em silêncio a Deus
para trazê-la novamente ao estado inicial do exercício; mantenha o ritmo da
respiração calma e constante.
Falaremos especificamente de maneira detalhada da Lectio Divina (Leitura Divina) que
consiste no exercício de leitura e meditação da Escrituras praticado ao longo da
história da igreja, com ênfase maior na Idade Média. Precisamos deixar claro de
imediato que a Lectio Divina não é um estudo exegético da Palavra que esteja pautado
em regras acadêmicas de interpretação, mas uma experiência com Deus mediada pela
Palavra viva do Senhor. Para realizarmos esse exercício deve-se seguir os passos
abaixo:
1. Leitura (Lectio). Leitura da perícope escolhida. Leia várias vezes até que o texto
esteja na sua mente e coração. Peça ao Espírito Santo iluminar sua
compreensão da leitura;
2. Meditação (Meditatio). Pense cuidadosamente no sentido do texto e aplique-o
ao seu coração. Deixe que a Palavra molde sua vida e transforme sua realidade
interior;
3. Oração (Oratio). Ore pedindo a Deus para que o auxilie a praticar a Palavra lida,
se for confrontado pelo texto, reconheça que precisa mudar, se o texto o
confortou, louve a Deus em gratidão;
4. Contemplação. (Contemplatio). Nesse momento permaneça em absoluto
silêncio e deixe Deus falar ao seu coração.
Jejum
Esse exercício espiritual provavelmente é o menos praticado entre os cristãos. As
referências que temos do jejum na história da igreja estão atrelados ao estilo de vida
ascética e dolorosa. Óbvio, que ao iniciarmos a prática do jejum certo desconforto
físico ocorrerá, mas como é um exercício, logo o corpo de habitua à fome. Na
sociedade de consumo como a nossa, ensinar sobre jejum é quase um paradoxo. O
mundo pós-moderno incansável em sua busca por satisfação e prazer a qualquer
custo, vê na prática do jejum algo relegado ao Antigo Testamento e sem uma
finalidade pratica. Aqui estou falando de cristãos! No A.T. o jejum estava relacionado
ao arrependimento e a humilhação como podemos ver o caso de Davi em 2Sm.2:16 -
“E Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou e, entrado em casa, passou a
noite deitado no chão.” No Novo Testamento Jesus jejuou 40 dias (Mt.4) como
exemplo a todos seus discípulos e ensinando os benefícios de prática.
O jejum e oração estão unidos. Não há como praticar um sem o outro. O propósito do
jejum é a abstinência consciente total ou parcial (como fez Daniel) de alimentos como
modo de mortificar a carne e se submeter ao poder de Deus como sustentador da
nossa vida. Jesus disse que certos demônios são renitentes e só serão expulso com
“jejum e oração.” Segundo, Dallas Willard: “O jejum ensina a temperança ou o auto
controle e, portanto, ensina moderação e abstenção em relação a todos os nossos
impulsos básicos. Desde que o alimento tem grande influência em nossa vida, os
efeitos do jejum se difundirão por toda a nossa personalidade.” Foster, nos alertar
sobre a “arrogância espiritual” que a prática do jejum pode criar naqueles cujos
corações buscam o louvor dos homens. Não jejuamos para os homens, mas para Deus
e em consagração a Ele.
Estudo da Palavra
Vamos começar esse último tópico com algumas estatísticas alarmantes sobre o nível
de estudo dos pastores:
72% dos pastores afirmaram que só estudam a Bíblia quando para preparar
sermões ou lições. Isso deixou apenas 38% que leem a Bíblia em devocionais e
estudos pessoais;
Indicação de vídeo
Consumismo e Materialismo Destroem a Sociedade
https://www.youtube.com/watch?v=yXaqZ6GBnhw
O centro da simplicidade é relativizar tudo por causa de Jesus e do seu Reino. Foster
oferece sugestões para uma vida em simplicidade, as quais são:
1) Compre as coisas pela sua utilidade e não pelo seu status (automóveis devem ser
comprados por sua utilidade e não pelo seu prestigio);
2) Rejeite qualquer coisa que o esteja viciando;
3) Não acumule coisas. Dê!
4) Não se deixe dominar por propagandas de nenhuma espécie “compre agora,
pague depois”. Não seja consumista;
5) Desfrute das coisas sem que elas o possuam;
6) Aprecie a natureza;
7) Seja sincero e gentil em suas opiniões, sem negligenciar a verdade;
8) O objetivo da sua vida é Cristo, então não deixe sua mente divagar em outras
coisas;
9) Recuse tudo o que gera opressão nos outros.
Resumindo. Você compra coisas por sua utilidade ou por status? Se Jesus fosse ao
shopping com você como acha que ele se comportaria? (Apenas para pensarmos!)
Solitude
Iniciaremos esse tópico assistindo o vídeo do Pr. Ricardo Agreste:
Submissão - “Há uma crise de autoridade no mundo, desde o topo da pirâmide até sua
base. Desde os governantes até os governados. A crise mais aguda que presenciamos é
a de integridade. Há líderes fortes em influência, mas fracos em ética. Têm muito poder
nas mãos, mas nenhuma consciência moral. Líderes que se servem do povo em vez de
servi-lo. Líderes que se abastecem do povo em vez de usá-lo para promover o bem dos
liderados.” Rev. Hernandes Dias Lopes.
Indicação de música
Antes de darmos continuidade ao assunto medite na letra desta música do cantor João
Alexandre: https://www.youtube.com/watch?v=5MKNLndp-MM&list=RD5MKNLndp-
MM#t=12
Pra mim, essa música é extremamente atual, pois a inversão de papeis é evidente. Os
que detêm o poder, seja em qual esfera for, deveriam servir ao próximo, e não usá-lo
em benefício próprio. Se dermos uma rápida olhada nas páginas dos evangelhos,
perceberemos o maior líder da história servindo em submissão a Deus, seu Abba. A
disciplina da submissão é em primeiro lugar a Deus e ao próximo: expressa-se em
humildade e serviço.
A falta de submissão a autoridade de Deus iniciou-se com Lúcifer (Is.14) e a
maquinação em querer ser Deus (hybris=orgulho). A consequência foi sua queda
tornando-se o arquetípico de insubmissão, ou seja, de uma forma ou de outra os
rebeldes estão ligados a ele! Na Bíblia encontramos vários exemplos de rebeldia e
insubmissão, tais como: Adão e Eva, Cam (Gn.9:20-17), Nadabe e Abiu (não
respeitaram a autoridade de Arão), Arão e Miriã (criticaram Moisés), Corá, Datã e
Abirão (Nm.16:1-50).
Por outro lado devemos sempre olhar para o maior exemplo de submissão e
obediência a Deus: Jesus. O Texto clássico é Fl.2:1 - “E, sendo encontrado em forma
humana humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz.”
Watchamn Nee, fez um interessante comentário sobre a submissão de Jesus
contrapondo a queda de Adão: “Como último Adão ele coloca fim à velha criação caída
pelo pecado e a rebeldia, como segundo homem, ele dá começo a uma nova criação
submissa e obediente à autoridade de Deus. Assim, o princípio da autoridade foi
definitivamente estabelecido pelo nosso Senhor Jesus Cristo.” (Do seu livro:
Autoridade espiritual). Jesus nos ensinou a submissão em relação a:
Autoridade civis. Jo.19:11 - “Nenhuma autoridade teria sobre mim, se de cima não te
fosse dada.” O governo deve ser respeitado enquanto representa a vontade de Deus,
caso contrário podemos lutar por nossos direitos.
Autoridade no Corpo de Cristo. Obedecer a Cristo como nosso cabeça e guia.
Sujeitarmos aos nossos irmãos e irmãs, pois Deus delegou autoridade ao Corpo para
nos instruir e exortar.
Autoridade no trabalho. Obedecer mesmo quando o patrão não está perto, conforme
recomendação de Paulo: Ef.6:5 - “Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a
carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo.”
Autoridade no lar. O marido amar a esposa como Cristo amou a Igreja, e a esposa ser
submissa como Cristo. Ef.5:22-25 - “Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao
Senhor, por o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja,
que é o seu corpo, do qual ele é o salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo,
também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos. Maridos, amem suas
mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela.”
Vamos fechar mais esse tópico com as palavras de Jesus sobre submissão e em seguida
o comentário de Dietrich Bonhoeffer sobre o mesmo texto: Mc.8:34,35 - “Então ele
chamou a multidão e os discípulos e disse: ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-
se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a
perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará.” Essas
palavras são fortes e incisivas! É um chamado radical (John Stott tem um ótimo livro
sobre esse assunto) ao discipulado e a completa submissão à vontade de Deus. Veja o
comentário de Bonhoeffer: “Soa o chamado, e imediatamente segue o ato obediente
da pessoa que foi chamada. A resposta do discípulo não é uma confissão oral da fé em
Jesus, mas sim um ato de obediência.” A disciplina espiritual da submissão é um negar-
se por completo por causa da vontade de Deus!