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Espiritualismo da moda (Colossenses 2.

20-23)
INTRODUÇÃO
Objetivos
● Ter entendido que nem toda espiritualidade é saudável;
● Ter compreendido que espiritualidade cristã é demonstrada na
vida comunitária e não no isolamento;
● Desenvolver uma vida espiritual segundo a Palavra.
Para início de conversa, eu gostaria de fazer um teste bem rápido com vocês.
Eu direi três frases e vocês me dirão qual dessas três é um versículo. Ok?
1 - “Diga-me com quem tu andas que eu te direi quem és.”
2 - “Faça a tua parte que eu te ajudarei.”
3 - “Quem dá aos pobres empresta a Deus.” (Pv 19.17)
As duas primeiras frases são comumente vistas por muitos como se fossem
versos das Escrituras, quando na verdade não são. Isso nos revela que há um
conceito de espiritualidade difundido na nossa cultura capaz de nos enganar
com alguma aparência de verdade, mas que não está fundamentada na
revelação de Deus nas Escrituras. Lembra da famosa frase “Nem tudo é o que
parece”. E é exatamente isso que a nossa lição vem nos esclarecer. O
mundo está se tornando espiritualista. Já vi pessoas das mais variadas
religiões, dizerem essas frases e atribuí-las à Bíblia.

Hoje em dia, é muito comum ouvir falar sobre espiritualismo ou


espiritualidade. Mas eu não digo em um contexto cristão, digo até mesmo em
outras áreas, como na política, economia, saúde, cultura, etc. Eu fiz uma
rápida busca sobre espiritualismo no YouTube, e me deparei com cada vídeo,
que chega ser até cômico, se não fosse trágico. Tinha gente ensinando
métodos espirituais para ganhar mais dinheiro. Métodos espirituais para
curar doenças e várias outras coisas. No meio “gospel” não é diferente. Os
livros mais vendidos, muitas vezes, são aqueles que tratam da
espiritualidade. “Como ser espiritual”, “desenvolvendo a espiritualidade”,
“exercícios espirituais de 30 dias”. Esses, dentre outros, são títulos que
atraem a grande maioria do público. O fato, é que estamos vivendo dias em
que muito se fala sobre espiritualidade, sobre buscar nossa melhor versão,
sobre reconexão com a natureza, meditação e todas essas coisas, se
relacionam, no fim das contas, porque todas estão em busca de algo
sobrenatural, algo mágico, místico, para que a experiência de vida seja
diferente.
I - O QUE É? COMO SURGIU?
A. O que é espiritualismo?
No meio cristão o espiritualismo é nada mais, nada menos que um
movimento de busca por aquilo que é místico, emocional, subjetivo, ou seja,
baseado na experiência individual.
Existe uma ênfase naquilo que é místico; Igrejas que usam shofar, vestes.
Existe uma ênfase no emocional: O que importa é o que eu sinto, a
experiência.

B. Onde e como surgiu?


O espiritualismo surgiu no misticismo católico do período medieval
praticado por monges e freiras. Eles se isolavam buscando uma experiência
de santificação, ou alguma experiência sobrenatural e mística. Prática
totalmente divorciada das Escrituras. Mas isso não ficou só no passado, ainda
hoje existem “cristãos” que são adeptos do isolamento.

(Falar dos Amish)

A motivação é boa, porque eles buscam ter uma vida mais próxima de Deus.
Mas acontece que os métodos estão equivocados, porque o isolamento social
não pode produzir uma santidade verdadeira. Não dá pra se isolar fisicamente
do pecado. O pecado está dentro de nós, o pecado está em nosso coração.

Esse misticismo passou a adentrar à igreja no período medieval, mas após a


reforma protestante, esse tipo de espiritualidade perdeu força, tendo em
vista que o enfoque era o Estudo Bíblico. Mas infelizmente, com o passar dos
séculos, o movimento ressurgiu com uma nova roupagem. Ele veio com as
vestes do movimento “carismático” (anos 60), depois veio no movimento
“gospel” (anos 80), depois veio no movimento do “neopentecostalismo” (anos
90) e por fim, ressurgiu com o movimento da “teologia do coaching” que tem
um enfoque no homem, nas emoções e coisas do gênero.

Infelizmente, esses movimentos são muito fortes, eles têm um apelo


emocional muito grande e uma carga altamente mística. Eles impactaram
tanto a igreja cristã que conseguiram atingir até mesmo as igrejas históricas e
reformadas. Hoje é possível encontrar “Igreja Presbiteriana Renovada”.
II - MANIFESTAÇÕES DO ESPIRITUALISMO HOJE
Irmãos, o neopentecostalismo é a fonte de muita baboseira que escutamos por
aí. Existe uma ênfase muito grande na busca por experiências
extraordinárias, por movimentações do espírito, por operações de milagres,
por falar língua estranha e assim por diante. A grande disseminadora disso é
a IURD. Nós, IPB, não reconhecemos a IURD como sendo uma igreja e sim
uma seita. A ênfase dela não é a pregação da Palavra de Deus e sim o desejo por
bens materiais. A ênfase no místico, na experiência sobrenatural.

Existem até pessoas que acreditam que o cristianismo se resume a isso, essas
experiências sobrenaturais e coisas do tipo.

(Contar minha história com a IURD)

Uma das manifestações do espiritualismo hoje são:


1 - Riso desenfreado; Unção do riso, inventada por Kenneth Hagin.
2 - Queda provocada pelo paletó do pregador; contar causo sobre o pregador.
Contar da minha experiência na ICAR carismática;
3 - Identificação das entidades demoníacas e demarcação de territórios;
4 - Utilização de jargões que alegam possuir valor espiritual; “eu amarro”, “eu
repreendo”, “eu declaro a vitória!”, etc.
5 - Orar no alto do monte, por achar que ali terão mais contato com Deus; orar
3h da manhã porque a fila é menor.
6 - Unção dos objetos; O pastor faz a oração sobre o objeto e então ele fica
abençoado. Feijão ungido que cura covid. Toalha suada do “apóstolo”.

Esses movimentos têm como o foco alcançar pessoas mais idosas, mais
ingênuas, mais vulneráveis. E pela ingenuidade, pessoas vão na onda desses
líderes religiosos. Eu tive estudando sobre o neopentecostalismo no
seminário que eu estava fazendo, e é comprovado que na IURD, na igreja da
graça e nessas outras seitas predomina-se as pessoas de mais idade. Os idosos
são mais fáceis de enganar, são menos instruídos, muitas vezes, e com isso,
caem na armadilha desses lobos disfarçados de cordeiros.
Por isso é importante o conhecimento das Escrituras. Para que não caiamos
nessas ciladas, nessas invenções e doutrinas humanas. A verdadeira
espiritualidade é vivida de acordo com a Bíblia.
III - A RESPOSTA BÍBLICA AO ESPIRITUALISMO
Até agora eu só falei acerca do espiritualismo errado, místico, emocional. Mas
o que a Bíblia tem a nos dizer acerca do espiritualismo correto?
Colossenses 2.20-23
20 Vocês morreram com Cristo, e ele os libertou dos princípios espirituais deste
mundo. Então por que continuar a seguir as regras deste mundo, que dizem:
21 "Não mexa! Não prove! Não toque!"?
22 Essas regras não passam de ensinamentos humanos sobre coisas que se deterioram
com o uso.
23 Podem até parecer sábias, pois exigem devoção, abnegação e rigorosa disciplina
física, mas em nada contribuem para vencer os desejos da natureza pecaminosa.

Colossenses é uma das cartas da prisão. Paulo estava preso em Roma


aguardando o julgamento, e então ele recebe a visita de um obreiro chamado
Epafras. Epafras, provavelmente foi convertido debaixo do ministério de
Paulo em Éfeso. Ele é o fundador da igreja de Colossos.

Epafras traz notícias da igreja até o conhecimento de Paulo, dizendo que


falsos mestres haviam entrado na igreja trazendo um falso ensino, diferente
daquilo que o próprio apóstolo havia ensinado. Epafras sente dificuldade em
confrontar os mestres, pois as heresias eram complexas. Então ele pede ajuda
a Paulo.

O foco de Paulo é responder esse falso ensino destacando a pessoa de Cristo:


1 - Quem Ele é;
2 - Suficiência da sua obra.

Era desejo de Paulo que essa carta fosse lida também em Laodiceia.

Essa epístola fala sobre a suficiência de Cristo, sobre a supremacia de Cristo.


Se Jesus é o Senhor da minha vida, eu não preciso de novena, eu não preciso
de sacrifício, eu não preciso pagar penitência me autoflagelando, eu não
preciso de experiências místicas, porque Ele é suficiente, Ele é TUDO que eu
preciso!
Então Paulo escreve essa carta, a fim de combater as heresias que assolavam
os crentes da época.
Havia basicamente quatro perigos, que tinham aparência de piedade mas
eram formas distorcidas de espiritualidade. São eles:

1 - O gnosticismo:
Os filósofos gregos da época acreditavam que a salvação só poderia ser
alcançada por meio do conhecimento. Mas esse conhecimento é secreto e
somente a algumas pessoas foi dado esse conhecimento; falar da ICAR.

2 - O legalismo:
A busca de agregar méritos à salvação por meio da prática da lei; Agora eu não
faço um monte de coisa que o mundo faz e por isso eu sou santo, por isso eu
mereço a salvação. É interessante como o foco não é o que você faz, mas o que
você não faz: eu não como carne de porco, eu não corto o cabelo, eu não uso
calça, eu não trabalho aos sábados. O legalismo é algo perigoso, porque leva a
pessoa a pensar que tem mais crédito com Deus do que os outros. Barganha

3 - O misticismo:
Era uma forma distorcida de espiritualidade. Eles achavam que era necessário
mortificar a carne, até mesmo por meio do autoflagelo como forma de elevar
o espírito; Citar experiência de ir à Aparecida do Norte e ver as pessoas
pagando penitência.

4 - O ascetismo
A abstinência de certas coisas, objetos ou comida, transmitiria um elevado
nível de espiritualidade. Os ascetas se privavam de comida, casamento, sono e
outras coisas excelentes que Deus criou. Relembrar dos Amish com ênfase
na privação da tecnologia, estudo, etc.

Essas práticas assolavam a igreja de Colosso. Alguns crentes da época


buscavam a verdadeira espiritualidade por meio do misticismo pagão e do
ascetismo. O que Paulo ensina é que nada disso é capaz de produzir uma
verdadeira espiritualidade, porque tudo isso é passageiro, tudo isso é
perecível. Somente uma pessoa em união mística com Cristo é capaz de
desfrutar da verdadeira espiritualidade. Solus Christus.
Gostaria de citar um trecho do devocional do Spurgeon, que achei muito
interessante. Fala sobre a beleza e o poder do nome de Jesus.

“Quer seja chamado Esposo da igreja, Noivo, Amigo “Cordeiro que foi morto desde a fundação
do mundo” (Apocalipse 13.8), Rei, Profeta, Sacerdote; cada título de nosso Mestre – Siló,
Emanuel, Maravilhoso, Poderoso Conselheiro – cada nome é como um favo de mel derramando
deliciosas gotas. Porém, se existe um nome mais precioso do que os outros, este nome é Jesus.

Jesus! Este é o nome que impulsiona as harpas do céu a ressoarem melodias! Jesus – a essência
de todas as nossas alegrias. Se existe um nome mais encantador, mais precioso do que outro,
este nome é Jesus; ele está entrelaçado na base de nossa salmodia. Muitos de nossos hinos
começam com este nome, e poucos dos hinos que são dignos de ser entoados não terminam com
este nome. O nome Jesus é a suma de todos os deleites. É a música que move os sinos do céu –
uma música em uma palavra; um oceano a ser compreendido, embora seja uma gota de
brevidade; uma oratória inigualável em duas sílabas; um coro de aleluias em cinco letras.
Jesus, eu amo Seu nome encantador, é música aos meus ouvidos.”

Mas qual é a resposta bíblica para isso tudo? Quais são as características da
espiritualidade bíblica?

Características da espiritualidade bíblica

1 - A verdadeira espiritualidade jamais pode estar divorciada da Palavra;


Existem igrejas em que a palavra humana tem mais autoridade do que a
Palavra de Deus. Igrejas onde há revelações de coisas absurdas, que não tem
nenhum respaldo bíblico para tal.

2 - A verdadeira espiritualidade jamais pode estar divorciada do corpo de


Cristo;
Nenhuma fé que me afaste da igreja, que me afaste do povo de Deus é
verdadeira. A verdadeira espiritualidade me traz para perto dos meus irmãos.
Eu quero servir vocês, quero estar juntos, quero ajudar, quero ser ajudado.

3 - A verdadeira espiritualidade jamais estará divorciada da plenitude do


Espírito.
A verdadeira espiritualidade é vivida na prática diária, na santificação, e isso,
só é possível pela operação do Espírito Santo. É Ele que nos dá força para
vencer as tentações, para dizer não ao pecado e sim para Deus.
CONCLUSÃO E APLICAÇÃO
A verdadeira espiritualidade não é resultado do misticismo religioso, de
práticas religiosas ou do emocionalismo. A verdadeira espiritualidade é fruto
e resulta, no conhecimento profundo da Palavra de Deus, na comunhão com
os santos e na plenitude do Espírito.

IMPLICAÇÕES
Buscar desenvolver a nossa espiritualidade. para isso:
Buscar a Palavra de Deus como alimento diário;
Buscar ouvir a Deus por meio da sua Palavra;
Manter uma vida de oração diária e constante;
Cultivar uma vivência na igreja local pode nos ajudar a desenvolver nossa
espiritualidade;
Buscar uma vida de santidade aplicada a nossa vida moral, profissional e
familiar.

(Oração)
S.D.G.

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