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Teologia da

Espiritualidade Cristã
Caros alunos, as vídeo aulas desta disciplina encontram-se no
AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem).

Unidade 4
Aula 01 - Disciplinas Espirituais Comunitárias
e a Espiritualidade Latino – Americana
Introdução

Que aventura maravilhosa estudar a espiritualidade cristã, e como ela é rica, não é
verdade, Pessoal?

O relacionamento com Deus gerou ao longo da história muitas reflexões de


homens e mulheres que “andaram de joelhos” na presença divina!

Pensando nessa atitude, falaremos nesta aula sobre confissão, adoração, celebração
e orientação, que formam a disciplina espiritual comunitária, obviamente porque está
intimamente relacionada com o povo de Deus: Comunidade cristã! Conversaremos
também sobre a espiritualidade latino-americana, fazendo um recorte, ou seja,
trataremos da espiritualidade do ponto de vista latino-americano.

Objetivos

• Conhecer as disciplinas espirituais comunitárias, identificar e analisar


suas contribuições;

• Discutir e examinar conceitos e contribuições da espiritualidade latino-


americana
1 Confissão

Em Tg. 5:16 está escrito: “Portanto, confessai vossos pecados uns aos outros e orai uns
pelos outros para serdes curados.” (KJ).

Em relação a essa declaração precisamos pontuar duas questões


aqui:

1) Quando confesso meu pecado a Deus sou


perdoado;

2) Quando confesso meu pecado ao meu irmão sou


curado.

Essas duas realidades não podem ser negligenciadas. Se confesso a Deus meus
pecados e não faço isso ao meu irmão (a), teologicamente estou perdoado, mas
emocionalmente ainda estou doente. Essa é a razão de um número considerável de
pessoas não alcançarem maturidade cristã e é também a raiz das doenças da alma: as
enfermidades psicossomáticas. Só pode haver remissão de pecados por meio da morte
reconciliatória de Jesus na cruz. O efeito objetivo da sua morte expressa-se num ato
jurídico, no qual Deus nos tornou justos e curados, conforme Is.53:5 - “(...) o castigo que
nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados.” E o efeito
psicológico é a paz com Deus e com o próximo. Da mesma maneira, quando
confessamos a Deus nossa culpa, objetivamente o perdão é decretado, porque já foi
conquistado, e ao confessarmos ao outro, emocionalmente somos transformados para
uma vida nova, conforme expressou Foster:

“Sem a cruz a Disciplina da confissão seria apenas psicologicamente terapêutica.


Porém ela é muito mais. Realiza uma mudança objetiva em nosso relacionamento com
Deus e uma mudança subjetiva em nós. É um meio de curar e transformar a disposição
interior.”

Seguem alguns exemplos para ilustrar como a confissão é


compreendida:

• Na religião: Admitir a culpa pessoal;

• Na psicologia: Desabafar para aliviar a consciência;

• Na vida profissional: Reconhecer o erro;

• Na sociedade: Admitir a limitação pessoal;

• Diante de Deus: Reconhecer que pecou;

• Com o próximo: Reconhecer para ele que pecou;

(Disp.em: http://www.webservos.com.br/)

Vocês já ouviram falar do ciclo vicioso do pecado? Pois é... Pessoas que não confessam
seus pecados a Deus e ao próximo não conseguem libertação de pecados específicos e
constantemente retornam à velha prática. Eles confessam a Deus, choram e clamam por
misericórdia, mas não confessam aos seus líderes, ou pastor e justamente por isso, não
são curados, e não rompem com o ciclo, e inevitavelmente vivem com o coração
pesado, culpado e sem forças espirituais para prosseguirem, caindo num marasmo
existencial, que os deixa no nível raso da fé cristã: a imaturidade.
Assista aos vídeos Importância da confissão
https://www.youtube.com/watch?v=nS8pmYB09R0
Devo confessar meu pecado?
https://www.youtube.com/watch?v=lp6xbSA7eKA

Agora que você assistiu aos dois vídeos pode formar a sua própria opinião, ainda
assim continuaremos a falar sobre o modo como devemos ouvir uma confissão.

Como ouvir uma


confissão

Ouça com empatia e compaixão e não com superioridade espiritual e moral. Aquele que
confessa espera libertação em seu coração e leveza e não um fardo de acusações!
Enquanto ouve pense em Cristo e em você confessando seus pecados a Ele e imagine
como seria tratado. Se chegar à conclusão de que Ele o perdoaria, abraçaria e oraria por
você, faça então o mesmo! Não prive o confessor da certeza de que Deus o ama apesar
do que tenha feito e nem da confiança de que Seu amor eterno apaga todas as manchas.
Assim, livres do peso da culpa e curados, podemos viver em novidade de vida!

Lembrem-se de que só devemos confessar nossos pecados a pessoas maduras na fé


e com quem desenvolvemos um relacionamento de confiança e cumplicidade.

2 Adoração

“Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade porque são estes
que o Pai procura para seus adoradores.” (Jo.4:23)

Vídeos O pós- modernismo e a música no culto


https://www.youtube.com/watch?v=fQ_7VwPztGE
Adoração ou confusão.

https://www.youtube.com/watch?v=BtU3a2gze58

Adoração é expressão de gratidão a Deus por tudo o que Ele é e tem


feito!

O Dr. Russel Shedd, em seu livro Adoração bíblica, identificou alguns tipos de
“adoração”:

• Carismática - altamente emocional e gestual;

• Didática - adora-se a Deus por meio da racionalidade, objetiva-se a compreensão


da Palavra.

• Católica - em sua vertente tradicional, ou seja, não-carismática, a adoração


está associada com a celebração da eucaristia;

• Evangelística - busca alcançar pessoas - elas são o


foco!
• Diaconal - Jesus é presentificado no próximo. Obras sociais são vistas como
ato de adoração a Deus.

Para buscar um meio termo entre a formalidade extremada e a contemporaneidade da


cultura brasileira, Shedd oferece um conceito de adoração, ou seja, aquele “que se
aproxima do Senhor, para adorá-lo, guarde-se de uma vida pecaminosa, indiferente aos
seus mandamentos, porquanto sua adoração será sem sentido; será uma falsa adoração,
mesmo que os atos sejam completos.” (p.10). O verdadeiro adorador o faz em santidade
diante de um Deus Santo! Sob esse prisma as formas, citadas acima do modo de adorar,
só se legitimam enquanto a realidade interior, ou seja, a disposição do coração em adorar
a Deus em Espírito e em verdade, for real. Caso, contrário qualquer ato de adoração será
mera performance pública na igreja.

Shedd, destaca algumas características do adorador bíblico, que


são:

1) A gratidão por tudo o que Deus é, e o nosso amor para com Ele, “uma adoração,
que se realiza sem o objetivo de expressar e aumentar nosso amor por aquele de
quem e por meio de quem e para quem são todas as coisas, falha completamente.”
(p.27)

2) “O culto verdadeiro requer amor integral da mente” (p.32)

3) “O culto verdadeiro requer todo nosso esforço” (p.34)

Ou seja, corpo, alma e espirito, todo nosso ser deve estar envolvido na adoração a Deus!
O “amor integral da mente”, refere-se a nosso culto inteligente e não meramente
emocionalista, mas emocional, já que a presença de Deus toca toda a nossa vida, assim
como toda nossa vida adora a Deus! O entendimento e a pratica correta de adorar a
Deus gera no adorador três benefícios: segurança pessoal; comunhão com a igreja;
desejo por uma vida santa.

Vídeo Adoração - Dr. Russel Shedd


https://www.youtube.com/watch?v=FjzFZ9-
bYCU

3 Celebração

Iniciaremos a exposição desta disciplina –Celebração- com a afirmação de


Foster, “A celebração traz alegria à vida, e a alegria faz-nos fortes.”

Nosso Deus é o grande celebrador da


vida!

Você sabia que Deus se alegra em


você!?

Imagine praticar todas as disciplinas aprendidas até o momento sem satisfação.


Imagine orar sem vontade, jejuar sem ânimo, ler a Palavra com sono.

Seria tempo perdido! Mas, o propósito das disciplinas é encher seu coração de jubilo
diante do “Deus que dança”, esse é o título do livro do professor Silas Barbosa Dias,
doutor em Teologia, em nossa instituição (Unifil), e o que está por trás dessa afirmação é
o conceito grego de trindade como “pericorese”, ou seja, um Deus que celebra a
comunhão Trina eternamente
num círculo dançante em alegria perene. Celebrar a Deus é experimentá-lo em nós
como alegria da salvação! Alegria é fruto do Espírito Santo!

Para Foster, o caminho da alegria é a obediência à vontade de Deus. Àqueles à margem


da vontade de Deus não podem ser saciados pela presença de Dele. Ser alegre em Deus
é tão importante que levou C.S. Lewis a afirmar que “alegria no céu é coisa séria”. O
senso comum imagina um Deus furioso sentado em seu trono de glória pronto para nos
punir ao errarmos. A Bíblia fala de um Deus amoroso que acolhe o pródigo em seu
desespero e tristeza e restaura- lhe a vida. “Há festa no céu quando o pecador se
arrepende”. Na obediência experimentamos alegria e contentamento. Foster, lista os

benefícios da celebração e ter satisfação somente em Deus: • Livramos da demasia de

sermos constantemente sérios;

• Tira-nos do enfado;

• Rimos de nós mesmos;

• Oferece nova perspectivas;

• Aprendemos a ter prazer na rotina.

Daqui para frente celebre com todo o seu ser todas as coisas. Aproveite para vivenciar os
detalhes da vida, os quais às vezes, deixamos de lado por causa da rotina enfadonha.
Observe as árvores, as flores em frente à sua casa de uma maneira diferente. Invente
celebrações! Deus o chamou para alegria!

Orientação

A característica da orientação é caminhar juntos por um longo tempo. Jesus, durante


três anos, orientou e ensinou seus discípulos mais chegados. A multidão, que não
tinha compromisso com Ele, foi informada por meio da sua mensagem, enquanto os
discípulos foram orientados e ouviram peculiaridades que outros não ouviram, assim
como dentre os doze apenas três presenciaram a transfiguração de Jesus “enquanto
ele orava”.

Somos orientados pela Palavra, pelo Espirito Santo e por mentores. A Palavra sempre
será o nosso guia e nela encontraremos direção na jornada da vida. Foi, e é, pela Palavra
que Cristo ofereceu luz em meio ao caos existencial do coração humano. A “Palavra é
lâmpada para nossos pés!” Jesus, o verbo feito carne, é a luz que ilumina o mundo. Em
sua época quem o viu pessoalmente viu a Palavra, a verdade, que nunca sofreu variação
e nem mudança em sua expressão. A disciplina de meditação na Palavra é fundamental
para manter a mente focada em Cristo e no caminho correto.

O Espírito Santo tem papel fundamental no processo de compreensão da Palavra, por


meio do processo de iluminação. Os reformadores, já falaram sobre isso quando
utilizaram o método gramatico-histórico na interpretação da Bíblia que consistia em
entender o sentido do texto em seu contexto histórico cultural especifico, mediante
análise linguística e social, atrelada ao agir no Espírito Santo, que é fundamental em
nossa compreensão hermenêutica. O terceiro elemento é o mentor. Aquele colocado por
Deus em sua vida para desenvolver um relacionamento de cuidado e orientação, do
mesmo modo como Paulo fez com Timóteo, chamando-o de filho. Orientação nesse
sentido não é apenas no âmbito da espiritualidade,
pois como já vimos nas aulas passadas, espiritualidade é holística e abarca toda a
realidade do ser, portanto é fundamental que o mentor seja alguém provado na Palavra e
íntimo do Espirito Santo, por meio das disciplinas espirituais. Para, Foster, esse pai
espiritual “é um instrumento de Deus para abrir o caminho ao ensino interior do Espírito
Santo. Sua função é pura e simplesmente carismática. Ele guia somente pela força de
sua própria santidade. Não se trata de um superior ou de alguma autoridade nomeada
pela igreja.”

Orientação é ouvir na solitude a voz de Deus confirmada na Palavra em auxílio de


outro.

Bom, Pessoal, espero que possam valorizar e estudar constantemente sobre as


disciplinas espirituais. O que apresentamos a vocês é a ponta do “iceberg”, o
restante dele está nas profundezas, onde os livros podem ajudar.

Agora que conversamos a partir do mais amplo, vamos concentrar nossa atenção
em um contexto mais específico e que muito nos interessa:

A espiritualidade na cultura local, em nosso caso no contexto latino-


americano.
Espiritualidade e Cultura
local

Vamos pensar: se Deus é um só e se manifesta a todos como podemos ter


“espiritualidades”? O revelar de Deus não excluí a cultura local daqueles que
experimentam sua revelação, e justamente por isso, a leitura latina da Bíblia se torna tão
peculiar e “popular”, porque nasce da espiritualidade do povo e não de um teólogo
aprisionado na torre da exegese bíblica e distante do povo. Abaixo, segue uma tabela
apenas para informação das ramificações da teologia da espiritualidade latino-americana
como demonstração das possibilidades interpretativas.

TEÓLOGO TEMA

Hugo Assmann,Jung Mo Sung Teologia e economia

Frei Betto, Miguez Bonino Teologia e politica

Elza Tamez, Maria Clara Bingemer Teologia feminista

Jon Sobrino Diálogo teológico entres as religiões

Antônio Aparecido da Silva Teologia negra

Leonardo Boff Eco-teologia


“Teologia da Libertação” Assista ao vídeo sobre que é a base da
espiritualidade latino - americana. https://www.youtube.com/watch?
v=DGTBvFRmj1c

A espiritualidade cristã não é simplesmente o engajamento a serviço da libertação do


povo, mas também a motivação e a mística que impregnam e inspiram o compromisso.
A Espiritualidade cristã não consiste, somente, na entrega a uma vida militante, mas,
sim, nos motivos evangélicos que levam a fazer essa entrega. A mística cristã é a
motivação fundamental que anima a nossa vida e o nosso engajamento, com referência
explícita a Jesus, seu evangelho e a justiça de seu Reino. (Em busca de uma
espiritualidade libertadora. p.6)

A espiritualidade latino-americana desenvolve-se no relacionamento com Deus e com o


próximo. Cada pessoa tem “compromisso” com sua realidade histórica e cultural, a
partir do relacionamento com os demais, sob uma tensão de um vir a ser!

Todos estamos em processo de aperfeiçoamento espiritual e moral, em busca de uma


sociedade mais humanizada e menos mecanicista. Portanto, a espiritualidade latino-
americana é engajada nas entranhas da vida e da comunidade civil. Notavelmente, a
religião pode ser vista como ideológica no sentido de que legitime o “status quo” de
determinada classe social em detrimento a outra.

Observando o modo de ser de Jesus percebemos que a religião judaica


institucionalizada estava aquém da vontade de Deus, e foi duramente criticada por Ele.
Fomos chamados para destronar, mediante o poder da pregação, da oração, e do
protesto qualquer sistema político injusto estabelecido no poder que utiliza o povo como
massa de manobra em prol de uns poucos.

Na sociedade tradicional a ordem estabelecida é tolerada. Numa sociedade utópica da


espiritualidade de engajamento pode-se identificar o problema e combatê-lo. Essa é
conhecida como a sociedade solidária, libertadora e engajada. Para o teólogo Leonardo
Boff, três são os passos de atuação que viabiliza a transformação da sociedade:

• Vivência da fé (espiritualidade e ação);

• Inteligência da fé (reflexão teológica da práxis cristã);

• Nova vivência da fé (neo práxis cristã) (Do livro “Teologia do


cativeiro).

No passo [1], Boff compreende que a espiritualidade nasce da consciência dos cristãos
em busca de uma “práxis libertadora”, visando uma sociedade mais justa e igualitária. A
igreja institucionalizada ainda advoga uma teologia idealista que contrapõe e combate as
“comunidades eclesiais de base” de onde surge essa conscientização. No [2], o papel do
teólogo é fundamental devido seu treinamento acadêmico na ciência que cultiva aliado as
ciências sociais na análise social da realidade em busca de identificar as raízes dos
problemas de injustiça social em todos os níveis. Após essa leitura o teólogo fará uso das
conclusões das pesquisas sociais e “cristianizará” lendo-as, obviamente, da perspectiva
“história da salvação”. No passo [3] temos o resultado da práxis [1] da reflexão [2] =
engajamento!
“Assim a teologia da libertação nasce da prática cristã animada pela Espiritualidade - E
desta reflexão teológica nasce uma nova prática cristã, uma espiritualidade renovada.”
(Em busca de uma espiritualidade libertadora. p. 17).

O documento de Puebla, conferência realizada em 1979, diz assim sobre o


engajamento: “o leigo deverá buscar e promover o bem comum, na defesa da dignidade
do homem e dos seus inalienáveis direitos, na proteção dos mais fracos e necessitados,
na construção da paz, da liberdade, da justiça; na criação de estruturas mais justas e
mais fraternas sempre iluminado pela fé e guiado pelo evangelho.” (Puebla no 792,793)

A partir disso vamos traçar as principais características da espiritualidade latino-


americana. Iniciaremos pelo modo como Jesus é visto.
Jesus Cristo

Para espiritualidade latino-americana Jesus é o modelo: 1) Conhecê-lo; 2) Segui-lo. A


ideia de conhecer Jesus [1] está vinculada à práxis da libertação social. Somos
transformados dentro (ser) para transformarmos fora (contexto social).

A espiritualidade latino-americana questiona a teologia europeia justamente por sua


epistemologia abstrata, ou seja, um conhecer do Jesus ressurreto. Sua proposta é
enfatizar o Jesus histórico e fazer o que ele fez na realidade da vida: conhecê-lo
enquanto prática. Carlos Mesters, em seu livro “A prática libertadora de Jesus”, diz:
“Trata-se de conhecer a Cristo em todas as dimensões: humana, divina, histórica
(contexto político, religioso, cultural, social, e econômico).” É, como já dito,
espiritualidade de engajamento com os mais fracos e excluídos socialmente, que
desdobra-se em [2] segui-lo, a partir da: empatia com o pobre; na libertação social e
existencial; na afirmação do poder de Deus contra os poderes políticos, econômicos e
religiosos injustos.

Termino com a seguinte citação: “Jesus Cristo é o ponto de partida da militância. Ele
desperta para ação, para o engajamento. Ele é a motivação inicial para participar de
lutas populares, sindicato, partidos políticos. É ótimo começar com Jesus Cristo. Mas a
arte é continuar com Jesus e terminar com Jesus Cristo. Jesus é mesmo o fundamento
da nossa vida e da nossa militância.” (Ibid. p.28)

Vídeo Espiritualidade e Utopias Libertárias - Leonardo Boff – no Congresso de


Espiritualidade:
https://www.youtube.com/watch?v=J92aBNzcNME

Espírito Santo

Para a espiritualidade latino-americana, o Espírito Santo é um com o povo de Deus e a


força que movimenta as revoluções sociais. Como vimos, a espiritualidade de
engajamento visa transformação social em todos os níveis e é por meio do Espirito,
conduzido por ele, que o objetivo será alcançado. Um exemplo: diante de um governo
injusto e explorador, as greves e as passeatas contra a visão opressora, são
impulsionadas pelo Espírito que leva a igreja e os não crentes (comunidade de pessoas)
a agiram, como bem expressou Y. Congar:
“A pneumatologia da libertação que privilegia o mundo dos pobres é compreendida em
sua totalidade religiosa, eclesial, politica, cultural, econômica e social. A pneumologia
parte da experiência do Espírito Santo no mundo dos pobres. As categorias de ação,
liberdade, palavra, comunidade e vida são elementos fundamentais para manifestação
da experiência do Espírito.” (Paulo Sérgio Gonçalvez. O projeto sistemático da teologia
da libertação. p.207).
Acima, mencionei a participação dos não-crentes no engajamento pela libertação da
sociedade, conforme: “A transformação da sociedade, a renovação da face da terra tanto
pelos cristãos, como pelos não-cristãos, mas é o Espírito de Deus que age em todos.”
(Em busca de uma espiritualidade libertadora. p.31). O Espírito Santo gera a consciência
do pecado social impregnado em estruturas demoníacas e conclama o povo (eclesial e
civil) para luta!

Reino de Deus

No documento de Puebla no 787 e 789 diz: “O leigo acha-se comprometido na


construção do Reino em sua dimensão temporal (...). Pelo testemunho de sua vida, por
sua palavra oportuna e sua ação concreta, o leigo tem a responsabilidade de ordenar as
realidades temporais para pô-las a serviço da instauração do Reino de Deus.” Ou seja,
buscar “em primeiro lugar o Reino de Deus” é buscar uma sociedade justa, fraterna,
nova e igualdade social.

O Reino de Deus não é compreendido como um lugar almejado após a morte, mas nessa
vida sendo cada dia estabelecido. E como isso por ser feito? Por meio da libertação! A
tensão entre o “já” e o “ainda não” perdura! Escatologicamente o Reino já foi
estabelecido, porém no presente explicitamente presenciamos sua não completude.

Há um processo em andamento do qual a espiritualidade latino-americana chama para


fazermos parte: expulsar os demônios estruturais, libertar os cativos e marginalizados e
reintegrá-los a sociedade. Conforme o autor Segundo Galileia em seu livro: “O caminho
da espiritualidade”, na página 84, as marcas da espiritualidade do Reino de Deus é o
sermão da Montanha de Jesus: “O sermão da montanha é o resumo da espiritualidade
evangélica. Aí está a fonte da Espiritualidade do engajamento. Quem quiser ser sal da
terra e luz do mundo encontrará aí, não receitas, nem metodologia, mas a espiritualidade
que pode animar sua vida militante.” O Reino de Deus está entre vós.

Espiritualidade do
conflito.

Muitas vezes Jesus foi criticado e esteve em relação de conflito com o poder religioso
de sua época. Ao expulsar a legião de demônios que habitavam o jovem que vivia no
cemitério foi convidado a se retirar da cidade sem convite de retorno. Os citadinos
fizeram uma escolha entre a vida sã do jovem e o lucro da venda dos porcos, já que os
mesmos lançaram-se precipício abaixo.

Toda estrutura social injusta pode ideologicamente manter a “paz” como um mecanismo
de controle da população como a “pax romana” estabelecida na época de Jesus. Os
imperadores, sob o poder bélico, permitiam vida tranquila aos povos conquistados desde
que não se rebelassem contra o Império! A “espiritualidade do conflito” acontece a partir
de duas realidades ontológicas paradoxais, seja Jesus e os mestres da lei que o
criticavam, Paulo e o dono da escrava adivinhadora que foi liberta por meio dele, um
povo em busca de melhorias e o Estado, sua fé em Jesus e as críticas da sua família,
enfim... Os conflitos sempre ocorrerão e não devemos apenas espiritualizá-los como, por
exemplo, “Vamos orar pela nação” e nada
fazer, mas orar pela nação e ir para ruas assumindo as consequências dos nossos atos
em favor do bem e da libertação social.

Segue uma orientação da espiritualidade latino-americana, criada pela “Comissão


Nacional de Assessores da Pastoral Jovem”, sobre como gerenciar conflitos:

“Tentar exprimir o conflito na sua extensão e verdadeira dimensão; saber avaliar as


pessoas envolvidas no conflito. A verdade talvez não esteja de um lado só; tomar
consciência de que muitas vezes aqueles com que estamos em conflito são irmãos ou
companheiros nossos. Às vezes temos que renunciar certas ideias nossas para
evitarmos rachas e somarmos forças dispersas e assim fazermos avançar uma luta,
uma comunidade; descobrir estratégias de crescimento para superar os conflitos;
descobrir a presença e o chamado de Jesus Cristo dentro do conflito.”

Idealizador da TL

Queridos alunos, caras alunas... Estou caminhando para o final desta nossa aula, mas
antes quero falar de Rubens Alves.

Não é preciso ser muito atencioso para perceber que toda nossa aula teve como pano
de fundo a “Teologia da Libertação”. Porém, o idealizador inicial dessa proposta
hermenêutica preferencial pelos pobres foi o pastor presbiteriano Rubens Alves”, com
sua tese de doutorado, editada em 1969, com o título: “Towards a Theology of
liberation” (“Por uma teologia da libertação”), sob a influência do seu professor Richard
Shaull, docente do “Seminário Presbiteriano de Campinas.”

Como estava num ambiente acadêmico conservador sofreu resistência (Lembre aqui da
“espiritualidade do conflito”) em relação ao seu modo de pensar a fé cristã, tendo que
alterar o tema da tese para “A Theology of Human Hope” (“Uma teologia da esperança
humana”).

O tema “libertação” era com certeza muito melhor do que “esperança”, pois esse remete
à interiorização, é muito subjetivo, enquanto “libertação” pensa-se em prática, e o
contexto social e político da época era propício ao tema primeiro escolhido; era época
de ditadores! A consequência foi a ruptura com a teologia tradicional por uma teologia
política, que segundo Alves, era o locus de melhor reflexão teológica. Você já havia
imaginado que um pastor pudesse ser o mentor intelectual da espiritualidade latino-
americana!?
Indicação de vídeo O pai da Teologia da Libertação (TL) Conheça um pouco mais
do pioneiro da “Teologia da Libertação”, que influenciou consideravelmente o
catolicismo latino - americano. https://www.youtube.com/watch?v=cnJQilAgR70

Chegamos ao final de mais uma aula e a proposta aqui não é tomar posição por esta ou
outra forma de ver espiritualidade, mas sim trazer um mínimo de conhecimento a todos.

Espero que os conteúdos deste encontro tenham acrescentado conhecimento em sua


vida.

Bons estudos!

Aula 02 - A Espiritualidade na Pós –


Modernidade Espiritualidade
Terapêutica, Quem é Você
Espiritualmente?

Introdução

Olá, Turma!

Com esta aula, finalizamos nossos encontros e encerramos nossa disciplina


Teologia da Espiritualidade Cristã.

Hoje conversaremos sobre a espiritualidade, questão tão “em alta” na atualidade.


Lembram-se de que discorremos sobre a crença dos filósofos iluministas e a
certeza deles de que a religião seria extirpada da sociedade e da consciência
humana? Bom, Já deu para perceber que eles erraram nessa previsão, afinal a
religião está “na moda!”

Objetivos

Queremos que você seja capaz de discorrer, explicar e demonstrar sobre a


espiritualidade na pós-modernidade, sobre a comunidade terapêutica e sobre
quem somos nós espiritualmente.
Vamos começar assistindo a dois vídeos que servirão para fomentar o assunto
de hoje, ok!

Vídeos 1 Sociedade pós modernista


https://www.youtube.com/watch?
v=1xd61nGKJSc

2 Invenção do Contemporâneo - O Diagnóstico de Zygmunt Bauman


para a pós- modernidade https://www.youtube.com/watch?
v=ETcC9hIGibY&list=PLD073A197C6E8E9D0

I - Cultura pós-
moderna

A filosofia Iluminista lançou as bases para a modernidade e seu projeto de


desconstrução do fenômeno religioso. Como já visto, o racionalismo seria a
salvação do mundo e a felicidade da sociedade. O Deus medieval foi
considerado obsoleto! Infelizmente, para eles, as duas grandes guerras mundiais
provaram o contrário do objetivo iluminista. Porém, devemos levar em
consideração a necessidade do homem racionalista diante de um mundo
religioso (medieval), hipócrita e explorador, em buscar um novo sentido de vida
que não fosse o tipo de religiosidade cristã institucional do catolicismo romano
medieval.

Convenhamos que não deram um bom testemunho do Cristo! Também não


podemos deixar de reconhecer que naquele período surgiram grandes teólogos. É
difícil datar o momento exato da transição entre a época moderna para a pós-
moderna. Como a vida é um processo, seria melhor indicarmos um evento e não a
cronologia como referência para nossa compreensão.
Ao que tudo indica, a engenharia da computação e a mídia de grande massa
“inaugurou” a cultura pós-moderna “doutrinando” o povo nas características da
mesma. Interessante que a filosofia pós-moderna não considera as grandes
narrativas da sociedade tradicional e religiosa como verdade a ser crida e
introjetada, mas como possibilidade hermenêutica, ou seja, tudo é linguagem e
tudo pode ser interpretado sob pontos de vistas multiformes.

Nesse, sentido a palavra do pós-moderno é “desconstrução”. Há necessidade de


desconstruir qualquer sistema que advogue conhecimento universal e propõe
estruturas modelos. Na pós-modernidade foca-se em “especializações” e nas
minorias sociais como objeto de estudo. Segundo, Giovani Vatimo “a verdade só
existe enquanto relação dialógica entre os pares.”
Vídeo 1 Aprendendo sobre Relativismo -
Hermisten Maia https://www.youtube.com/watch?
v=JUI7soIsLM0

2 Pós modernidade
https://www.youtube.com/watch?v=X6k_nlqbanQ

E justamente por essa relativização da verdade que surge a pluralidade religiosa


pós- moderna.

Inúmeras crenças pagãs ressurgem com força e conquistam boa aceitação na


sociedade “cristã” Ocidental. A razão disso é a insatisfação da sociedade com o
cristianismo institucionalizado e ditador de regras. O homem pós-moderno é
hedonista não somente no prazer físico, mas no êxtase proporcionado pelas
religiões. Sentem necessidade de prazer estético, (“aisthésis” = sensação), para
suprir o vazio existencial. Eles estão com fome e sede, mas estão se alimentando
em pratos e bebidas erradas. Abaixo, trataremos especificamente da religião na
pós-modernidade. Marcos Antonio Farias de Azevedo, faz um interessante resumo
do que estamos conversando, segue:

“A multiplicação de opções e a fragmentação de significados são altamente


estimuladas pela tecnologia em constante expansão e mudança, o que nos
conduz a uma frequente sensação de necessidade e inaptidão para com o
conceito de “fidelidade”. As imagens e os símbolos estão substituindo cada vez
mais discursos e textos. Por exemplo, logotipos de empresas são mundialmente
reconhecidos sem uma palavra sequer.

Programas de computadores são inteiramente iconizados. Vivemos sob o signo da


era imagética. O imediatismo se faz presente de forma acentuada nas mais
variadas áreas da vida humana. Dos cartões magnéticos às redes de “fast food”,
das compras pela TV e internet aos telejornais com novas notícias a cada 15
minutos. Isso nos conduz a uma silenciosa perda de referenciais do passado ou
mesmo de perspectivas para o futuro. O
tempo presente é a única realidade que existe. Perdemos a noção de tempo e
história. (Do seu artigo: “pós-modernidade”. p. 127,128. PUC)

Assista aos vídeos indicados: 1 Modernidade x pós-modernidade - Este vídeo


é bem interessante sobre nosso tema: https://www.youtube.com/watch?
v=nCYZZ3-BvYo

2 A religião pós-moderna - Esse sobre a religião pós-moderna é muito


bom! https://www.youtube.com/watch?v=lH1E9PtH6k0

A religiosidade pós-moderna: O retorno do


sagrado

A racionalidade moderna foi superada pelo irracionalismo pós-moderno e a busca a


todo custo por prazer e o sentido de pertencer a determinado grupo social ou
religioso é característica marcante desse movimento.

Essa afirmação é o pano de fundo existencial para a religiosidade que mais se


identifica com a pós-modernidade, conhecida como “Nova Era”. O historiador das
religiões Aldo Natale Terrin, escreveu duas obras: “O sagrado off limitis”, onde
dedica um capítulo a historiar as origens do movimento da “Nova Era” analisando-
o sob a perspectiva da funcionalidade terapêutica das doenças psicossomáticas.
Na sua outra obra “Nova era: a religiosidade do pós-moderno”, dedicado no todo a
análise do tema.

A pergunta é: Por que num curso de “teologia da espiritualidade” estamos


falando de Nova Era?

Como já observamos em outra aula, o conceito de espiritualidade varia a partir


da relação do indivíduo com o sagrado. No cristianismo, embora as variantes
também existam, o essencial permanece: Cristo!

Já na pós-modernidade a busca por satisfação existencial alternativa, ou seja,


não em igrejas tradicionais cujo o elemento místico é racionalizado, mas em
religiosidades extremamente subjetivas, paganizadas, experiencial e carregado
de misticismo. Diante disso temos um dilema: Quem alcançara essa geração pós-
moderna: o cristianismo racionalizado, o cristianismo carismático, ou as
religiosidades da Nova Era? É para pensarmos!

Segue a análise de Silas Guerreiro, sobre a Nova Era, extraído do site da


“Associação Brasileira de História das Religiões”,

“Uma das características mais fortes das novas espiritualidades, é a centralidade


no indivíduo, uma verdadeira religião do self. A percepção de que a divindade
encontra-se no interior do sujeito levou a uma desconfiança e uma ruptura com os
modelos tradicionais centrados na instituição, notadamente as formas
eclesiásticas tradicionais. As instituições produtoras de sentido perdiam seu poder
e o indivíduo se via, cada vez mais, sem amarras e com a possibilidade dele
próprio constituir seu universo de
crenças. Porém, aos poucos percebemos que mesmo dentro das novas
espiritualidades encontramos, também, uma postura contrária. Aquela errância e
provisoriedade foram sendo substituídas por adesões permanentes, ou ao menos
vivenciadas como permanentes enquanto durarem. Muitos indivíduos fazem
questão de permanecerem no interior de instituições tradicionais, mas o seu
ethos impõe alternativas à maneira de pertencer e vivenciar essa mesma
religião.”

Destaco o grifo para fazer uma observação: na pós-modernidade é viável, e


até normal, transitar entre religiosidades diferentes. – um exemplo é a
possibilidade de um cristão, católico ou protestante, participar do culto
dominical, na quarta ir num centro espírita, em outro dia procurar uma
“profeta”!
Indicação de leitura 1 O novo retrato da fé no Brasil – que inclui o caso do
pastor evangélico que se tornou Pai de Santo. No texto indicado você encontrará
relatos de “migração religiosa”. Faça a leitura na integra. Valerá a pena:
http://www.istoe.com.br/reportagens/152980_O+NOVO+RETRATO+DA+FE+NO+

BRASI L Indicação de vídeo 2 O novo retrato da fé no Brasil - entrevista com o


ex-pastor e agora Pai de santo: https://www.youtube.com/watch?
v=9pNKDQYd_co

3 Censo 2010 aponta migração de fiéis da Universal do Reino de Deus para


outras igrejas evangélicas – http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-
noticias/2012/06/29/censo-2010-aponta- migracao-de-fieis-da-universal-do-reino-
de-deus-para-outras-igrejas.htm

Isso são apenas alguns exemplos da consequência da pós-modernidade


referente a pluralidade religiosa disponível. O homem de hoje busca encontrar-se
no transcendente indo por caminhos extremados e perigosos do misticismo. O
cristianismo é racionalizado e não consegue atingir o coração da geração imersa
no irracionalismo das novas religiosidades, especificamente a Nova Era, sendo
necessário repensarmos a fé, mantendo a ortodoxia viva que alcance corações.

Vamos conversar sobre a “Nova Era”, para posteriormente criarmos uma ponte
entre o evangelho e a cultura objetivando a conversão dos nossos
contemporâneos.

Religiosidade pagã pós-moderna: Nova


Era

A Nova era é uma mescla de misticismo Oriental, em sua maior influência e


Ocidental quando conveniente. Seu início “sistematizador” deu-se a partir do
século XIX, em regiões marcadamente cristã protestante como a Europa e o
EUA. A Europa já afetada
pela teologia liberal que visou desconstruir a historicidade do cristianismo e os
seus principais dogmas (ortodoxia) a partir do método histórico-crítico, que grosso
modo, é uma leitura meramente acadêmica das Escrituras, ignorando, ou não
levando em consideração, num primeiro momento sua inspiração divina.

A consequência desastrosa da teologia liberal na Europa foi a apatia espiritual e o


fechamento de muitas igrejas protestantes. Concomitante, o coração do homem
europeu necessitava de vigor existencial tornando-se uma porta escancarada as
novas religiosidades do momento.

Por outro lado, temos a rigidez fundamentalista dos EUA, ligado ao seu discurso
puritano (no sentido negativo da palavra!) que impossibilitava o acesso a
experiências religiosas ligadas ao êxtase (veja por ex. as críticas ao “avivamento
da rua Azusa” na aula 07).

Essa rigidez conceitual levou muitos a se “enfeitiçarem” pelas novas


religiosidades. Consequentemente, no EUA o elemento irracional do sagrado é
forte! (“Irracional” não dever ser entendido como “estupidez” ou “ignorância”, mas
diz respeito ao aspecto da experiência religiosa que não pode ser racionalizada,
ou traduzida em proposições teológicas axiomáticas).

A Nova Era, filosoficamente falando, está vinculado a filosofia romântica idealista


dos alemães, e o seu culto a natureza. Foi na década de 70 que a Nova Era
encontrou seu auge, explicitamente publicada e vinculada na mídia, revistas e
jornais.

Leia a reportagem: A “religião” do indivíduo


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fe/fe43.htm

Azeise M. Y. Medeiros, no artigo “Buscadores da Nova Era: um universo


sem fronteiras”, publicado na revista eletrônica “Ciberteologia”, afirma:

“O ser humano pós-moderno se defronta paulatinamente com uma dolorosa e


inquietante certeza de perda de significados. Os referenciais postulados pelas
tradições já não oferecem respostas tranquilizadoras. O ser humano recolhe-se,
portanto, à sua individualidade em busca de sentido para o caos produzido pelos
riscos externos e fabricados.”

Nesse anseio do autoencontro (vazio existencial já citado), Terrin afirma: “é


“o surgimento de uma mais ou menos poderosa força experiencial e
religiosa, sem necessidade de religiões” (Nova Era e pós-modernidade.
p.222).

A subjetividade é o motor que movimenta o homem pós-moderno. Ele vive em


busca de aventuras religiosas, êxtases, drogas psicodélicas, orgias.
O que é a seita Meninos de Deus?
http://www.cacp.org.br/o-que-e-a-seita-meninos-de-deus/

Se quiser ler sobre a Nova Era, acesse:


http://solascriptura-tt.org/Seitas/NovaEra-
Desconhecido.htm

Veja bem, estamos abordando assuntos polêmicos - e para alguns até chocantes
- mas a intenção aqui é despertar-nos na busca do pastoreio adequado, pois
como estudantes de teologia poderemos ser uma influência positiva, tornando-
nos formadores de opinião.

Vamos em frente com nosso conteúdo, abordando agora sobre


espiritualidade terapêutica. Você sabe o que é?

II - Espiritualidade
terapêutica

Espiritualidade e doença: breve esboço


histórico

A palavra terapia - therapeúo, em grego - significa trazer cura para alguma


doença. Os meios para a realização desse processo de cura variam, desde a
homeopatia, relacionada à natureza no paganismo, e a medicina tradicional,
cientificamente pesquisada e testada.

A relação entre saúde, espiritualidade, doença e cura sempre esteve


presente nos povos antigos até os dias de hoje, em menor ou maior
aceitação, essa relação permanece.

Somente em alguns momentos da história o ser humano deixou de ser


compreendido holisticamente, ou seja, alma e corpo estavam ligados, e um
afetava o outro, por uma cosmovisão binomial, alma e corpo separados não
interligados.

Na compreensão holística, a espiritualidade ocupava lugar importante na cura


do indivíduo, sendo assim, a cura do corpo está ligada a cura da alma, do
mesmo modo que a cura da alma está ligada a cura do corpo.

Esse tipo de compreensão tem suas raízes histórico-culturais no


Oriente.

Já no Ocidente o dualismo grego que separou alma e corpo gerou um tipo de


medicina unilateral (o corpo é mais um objeto a ser estudado): trata-se o corpo e
a cura acontecerá, deixando de lado os aspectos psicossomáticos.
Como analisa João Luiz Correia Júnior, no artigo “Corpo: uma abordagem
bíblico- teológica”:

“Contudo, em termos gerais, no conjunto da obra platônica a relação corpo-alma


trará consequências predominantemente negativas sobre o modo de olhar o ser
humano. E é essa visão que influenciará o pensamento ocidental cristão,
especialmente mediante o neoplatonismo médio. Temos, então, a concepção de
que no ser humano coexistem, em conflito, a alma (realidade que define o ser
humano propriamente dito, em sua
essência) e o corpo (pertencente ao mundo enganoso dos sentidos e das
coisas sensíveis). Temos, portanto, graças à influência da dicotomia grega
(platônica) uma dolorosa autopercepção humana: um ser dividido e carente de
harmonia, no qual coexistem dois mundos radicalmente antagônicos.”

Práticas religiosas e bem


estar

Teóricos da área de psicologia clínica, em pesquisa sobre a relação entre


“espiritualidade e saúde”, apontaram que indivíduos com práticas religiosas
apresentaram “aumento do bem estar físico e psicológico, maior qualidade de
vida, diminuição da ansiedade, depressão, e ainda considerável redução de
pensamentos suicidas, (...) auxílio no tratamento de viciados, e melhoria na
recuperação de doentes”.

Fonte: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0241.pdf

Eles sugerem que é indispensável, no atendimento clínico, conhecer a


espiritualidade do paciente para um diagnóstico mais preciso, como concluem:
“relativamente ao sistema de cuidados de saúde defendemos que é cada vez
mais importante que os médicos encarem os pacientes segundo uma visão
holística, em que a visão da saúde/doença é feita através da integração da
mente, corpo e espiritualidade, no seu contexto familiar e comunitário.” (Ibid.)

Leitura: Leia esse pequeno artigo e muito útil sobre as enfermidades na Bíblia:
http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?
script=thes_chap&id=00001803&lng=pt& nrm=iso

Vídeos A seguir, disponibilizamos dois vídeos para sua apreciação. Assista-


os. Vídeo 1: https://www.youtube.com/watch?v=1bwcUztJrGM (Hernades
D.Lopes) Vídeo 2: https://www.youtube.com/watch?v=GAOJ-T1sjCM (Fábio
de Mello)

Essa complexa relação entre espiritualidade e saúde se dá no corpo, e é sobre


ele – o corpo - que falaremos agora.
O corpo

O corpo, criação de Deus, é valorizado na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo


Testamento. Somos chamados ao cuidado de si e do outro. Na antropologia do A.
T. as palavras-chave para entendermos melhor o “corpo” é “Adamáh” e “Adam”.
Esse se refere ao corpo criado por Deus e vivificado pelo seu sopro e “adamáh”
ao pó da terra, conforme Gn.2:7 formando uma unidade complexa e
sistematicamente elaborada. Deus se doa ao homem por meio do seu hálito
“neshamah”. Nós somos o locus onde Deus se encontra conosco!

No A.T. há várias teofanias onde Deus se apresentou aos homens, mas é no ser
que Ele quer se mostrar. A valorização do corpo no vetero-testamento evidencia-
se a partir das leis cerimoniais que, obviamente estão vinculadas à religião, mas
também à saúde física. Não era apenas um meio de purificação ritual, mas o
cuidado de Deus por seu povo ao nível de corpo, como criação de Deus, como
sua obra. Também há exortação do Senhor ao povo de Deus para que não se
misturem aos povos pagãos e suas práticas religiosas fundamentadas na
prostituição e adoração a deuses falsos. O corpo dos israelitas deve ser santo,
assim como o Senhor é Santo. A seguir, apresentamos uma análise de Geraldo
Lucchese, sobre o conceito sanitário no Antigo Testamento escreve:

“Com as noções bíblicas das impurezas do corpo e da alma – entidades


inseparáveis nas culturas pré-modernas – foram instituídos princípios e leis que
tanto fundamentavam os rituais de diagnóstico e purificação (cura) quanto
normatizavam a vida em sociedade. As uniões ilícitas (entre membros da família)
e as doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo, eram energicamente
reprovadas e penalizadas porque ameaçavam a sobrevivência, comprometendo
a vida futura, como se pode perceber nos escritos do Levítico, no Antigo
Testamento.” Fonte: http://portalteses.icict.fiocruz.br/
Vai um alerta para o estilo de vida ascética radical, que demoniza a criação de
Deus em prol de uma espiritualidade não encarnacional!

No Novo Testamento, conforme


Gl.5:16

26, a palavra grega para “corpo” é “soma”, mesmo sentido do A.T. A encarnação
de Jesus é a evidência mais notável da sua solidariedade pela humanidade, pelas
pessoas, pelo sofrimento infligindo no corpo, via enfermidades, e na alma, por
meio da opressão. Em sua “kenosis” abre mão de sua glória para tornar-se um de
nós, sem pecado! A valorização de Jesus ao corpo humano gerou cura de muitas
enfermidades. Se o corpo fosse mal não haveria necessidade de curá-lo, já que o
mais importante é o céu! Todavia, o toque de Jesus demonstrava o cuidado do
outro como obra da criação de Deus, embora corrompida pelo pecado herdado do
primeiro Adão.

Paul Tillich, em sua obra “Teologia Sistemática”, fala do pecado como alienação
de Deus, do próximo e do cosmos. Essa alienação leva o indivíduo a
descaracterizar-se como pessoa humana (racionalidade) e se animalizar (instinto)
subvertendo a si mesmo no erro do pecado, conforme Paulo afirmou em
Romanos 1:16,17, que a prática consciente do pecado levou alguns homens e
mulheres a “receberem o castigo merecido pela sua perversão”, o castigo no
corpo!

A alienação em relação ao próximo o instrumentaliza como objeto a ser usado


e jogado fora, e o cosmos explorado para fins utilitarista e mercantil.

A compreensão antropológica paulina valorizava o cuidado de si - corpo, ao


convocar o povo de Deus para um viver santo, como em 1 Co.3:

“O corpo, porém, não é para a prostituição, ele é para o Senhor. (...) e Deus,
que ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará também a nós.”

A realidade escatológica do corpo é a glorificação do mesmo. No fim de tudo


seremos livres da nossa natureza corrompida e voltaremos ao estado inicial da
criação divina! Um corpo são! É na cruz, em seu corpo moído por nós, que Ele
valorizava a humanidade!

Abordaremos, a partir de agora, alguns princípios para elaboração de


uma espiritualidade terapêutica.

Princípios para elaboração de uma espiritualidade


terapêutica

A afirmação de Aldo Natale Terrin, em “O sagrado off limits”, é contundente: “O


homem de hoje é sobretudo um homem psicologicamente doente. [...] é fraco, é
esquizofrênico, não têm referências [...] vive a ‘infelicidade’ do sentido, que leva
inevitavelmente a doenças psicológicas e espirituais, com graves reflexos
somáticos.”
Algumas das principais doenças da pós-modernidade, que são consideradas
“cheias de estranhíssimo”, citados a partir de artigos do site da autora Ana Beatriz
Barbosa, http://draanabeatriz.com.br/?page_id=487

Transtorno mental;

Obesidade;
TOC - Transtorno Obsessivo
Compulsivo;
• Pânico;

• Consumo de drogas para fugir da realidade;

• Insônia;

• Depressão;

Ansidade;

Nomofobia - Desespero por não estar conectado na


rede!

Anorexia;

Vigorexia - Vicio em musculação. Síndrome do


espelho!

Dismorfia corporal - Alteração do corpo por cirurgia ou “prazer”


estético;

A alma pós-moderna está doente e carente de sentido justamente porque não tem
valores, raízes na tradição religiosa e nem objetivos claros e definidos para sua
vida. Vive-se, apenas, como a possibilidade de ser e não com a certeza de que foi
chamado à vida por Deus.

Sem a referência do Eterno que fundamenta tudo o que é, a vida do homem de


hoje, dilui-se na possibilidade de ser ou não-ser!
Todavia, diante do desespero instalado e do medo da vida que gera muitas
doenças, como algumas citadas acima, o homem pós-moderno necessita do
sentir-se bem, e

“o homem de hoje sente que precisa pedir um ‘suplemento da alma’ ao seu


estado, em certos aspectos, agônico, resignado, às vezes cético e às vezes
quase niilista. Nasce, assim, dentro do projeto de procura por saúde uma
pergunta que ultrapassa a esfera do bem-estar físico, para tornar-se questão de
verdade e de valores num contexto quase religioso [...] propondo assim um
retorno às velhas concepções religiosas, naturalmente enriquecidas com novos
registros válidos e legítimos. [...] A psicossomática atual não se envergonha de
voltar-se às velhas teses de inspiração religiosa; crer, ter fé na vida e ter fé em
Deus não são fatores separados, mas ajudam a vencer as doenças e a superar
os estados de sofrimento e de angústia de maneira bem determinante”. (Terrin,
1998, p.276, 277)

Na mesma linha de pensamento o monge Anselm Grun, em “A saúde como tarefa


espiritual”, afirma: “A tarefa da vida espiritual não consiste apenas em tornar-se
livre de erros e dominar instintos e paixões, mas em levar uma vida saudável para
o corpo e a alma. Quando compreendemos a nossa saúde como tarefa espiritual,
isto tem consequências para nossa espiritualidade.” (p.69). O autor enumera os
seguintes passos para a relação entre espiritualidade e saúde:

• A vida espiritual não pode ficar dissociada do nosso


corpo;

• Precisamos conhecer o nosso corpo e os sinais que


emite;

• Evitar o exagero em todas as áreas da vida;

• Manter o equilíbrio;

• Relacionamento com Deus;

• Contentamento com a vida;

• Evitar a poluição visual e sonora. Ter momentos de


solitude;

• Conscientizar-nos que em Cristo somos livres do poder do pecado,


portanto podemos viver sem medo da vida;

• Promover a paz e a união;

• Não separar espiritualidade de vida;

• Buscar a Deus pelo o que Ele é e não pelo que pode


oferecer;

• Viver em humildade.

Assuntos bastante densos e tensos, não é,


Pessoal?!

Diante de tudo o que vimos até agora, chegamos à seguinte conclusão: a


humanidade precisa de Deus! Mas não de um Deus fabricado
pela religião que neurotiza as pessoas e coloca mais medo e culpa em seus
corações, mas de um Deus de amor que perdoa pecados.

Leve em consideração o fundamentalismo islâmico e o evangélico, dos EUA e do


Brasil, que, devido a uma hermenêutica equivocada, creem em um Deus que é
contra a vida e incentiva a subjugação do outro.

Constantemente, recebo no whatsApp vídeos de cristãos sendo mortos diante de


muçulmanos sorrindo, num claro gesto de insensibilidade à vida humana. Por
outro lado, também há notícias de um “protestantismo de repressão”, para
usarmos o termo de Rubens Alves, em que ideologicamente os fiéis são
dominados por interpretações fundamentalistas da Bíblia, impondo às pessoas um
jugo que nem eles mesmos querem carregar.

Cito aqui o exemplo da filha de um pastor que cometeu suicídio após apanhar
do pai por ter cortado o cabelo, considerado como um pecado gravíssimo! (Ver
o livro: “Ricardo Gondim. É Proibido: O que a Bíblia permite que a igreja
proíbe.Ed. Mundo cristão, do prefácio.”

A religião mal compreendida tem poder para aprisionar a consciência, e


causar doenças da alma, tal a sua força, por outro lado, pode trazer
liberdade e sarar as doenças da alma, tudo dependerá da “compreensão”
da fé cristã.

O mundo pós-moderno precisa urgentemente compreender corretamente quem


Deus é! Como afirmou João Calvino “O correto conhecimento de Deus leva - nos
ao correto conhecimento de nós mesmos.”

A cura da alma é uma questão hermenêutica da cruz de


Cristo!

Muita coisa pra pensar, certo, Pessoal? Isso é


ótimo!

Bom, vamos finalizar esta aula e está disciplina, acrescentando mais uma
questão de profunda relevância:

Quem é você espiritualmente?


Quando pensamos em escrever nossa autobiografia espiritual temos de
levar em consideração o processo de seleção das memórias.

A grosso modo, podemos dizer que temos a tendência de selecionar fatos e


eventos que marcaram positivamente nossa vida cristã, deixando de lado os
fracassos.

Não raras vezes lemos em autobiografias, ou um biógrafo apaixonado por


determinada personalidade, a exaltação do biografado. Uma das provas
inconteste da veracidade dos evangelhos é a narrativa das quedas dos discípulos
de Jesus expostas nas páginas do Novo Testamento. O mecanismo de fuga mais
simples da psicologia é o famoso “bode expiatório.”
Arquetipicamente, não gostamos de identificar nossos erros em público e
nem mencioná-los no privado, damos um jeitinho de colocar a culpa em
outrem.

Os escritores dos quatro evangelhos não fizeram


isso!

Eles venceram esse modelo psíquico de fuga e tornaram-se transparentes e


toda a humanidade pode ler sobre suas quedas, fracassos, traições e bem-
aventuranças! Portanto, ao escrever sobre sua trajetória espiritual não maquie
as quedas e nem potencialize pequenas vitórias, apenas as relate com
naturalidade.

O pastor Mário Antonio Silva sugere uma sequência para a realização da sua
trajetória espiritual.

Acompanhe passo a
passo:

Esquematize de forma cronológica os pontos importantes da sua vida que


deseja relatar na sua trajetória espiritual. Isso vai ajudá-lo a situar-se dentro
da história.

Utilize um evento importante da sua existência, como marco inicial para a sua
história. Procure sempre fugir do óbvio: “Eu nasci no dia tal em tal hora”, por
exemplo. Evidente que sua biografia deve conter informações sobre onde e como
você nasceu, mas esse não precisa necessariamente ser o ponto de partida.

Tenha um gancho para a sua história. A sua autobiografia não é uma história de
ficção, porém as mesmas regras valem aqui para prender o leitor. Você precisa
de um argumento, um motivo que convença sobre a necessidade da sua escrita,
bem como algo que justifique a atenção solicitada ao leitor. Seria algo como:
“Reflexão sobre a vida missionária”, “O sentido de ser diácono;” ou “Sou um servo
de Cristo”; ou “Estudante de teologia, como cheguei até aqui;” ou ainda “Minha
Conversão à fé evangélica.”

Não dê muitos detalhes logo no início, pois pode tornar a leitura maçante.
Escrever sua autobiografia não significa, necessariamente, incluir minuciosamente
cada aspecto de sua história. Tenha um foco e procure descrever os fatos que
sejam importantes. Nesse caso fale das suas experiências religiosas.

Estabeleça um tom para o seu trabalho nas páginas iniciais e tente permanecer
fiel a ele ao longo de toda a obra. Assim, estará apresentando, ao leitor, a forma
como compartilhará os detalhes de sua vida com eles. Deixe-os saber que tipo
de narrativa os espera, e aproveite para utilizar tal recurso também como forma
de prender a atenção das pessoas.
SETE PASSOS PARA A SUA
ELABORAÇÃO

1o Passo: Encontrar

Analise cada etapa da sua faixa etária rememorando sua relação com a
espiritualidade. Verifique quedas, acertos, tensões, expectativas.

a) Infância.

b) Adolescência.

c) Fase adulta.

d) Atualidade.

Explorando essas fases vai permitir que consiga analisar de forma isenta cada
um dos momentos da sua história de vida de uma forma objetiva e consciente.

2o Passo – Dividir

Depois de escrever o conteúdo dessas quatro partes, divida-as. Isto é, para


cada uma das partes descreva o que são vivências pessoais, profissionais e
sociais.

Procure sempre explorar em sua escrita, um contexto social, econômico e


cultural. Pode, por exemplo, tomar como base os anos em que determinado
lugar, destacar os acontecimentos locais, regionais, nacionais ou internacionais
de maior relevância.

Você pode ainda destacar as mudanças profissionais ocorridas no contexto em


que se encontrava ou encontra, nos momentos em que esteve em determinado
lugar.

Em uma palavra, explique o que o rodeia/rodeava nos momentos mais


determinantes da sua vida.

3o Passo: Documentar

Antes de avançar é bom que realize uma pausa. Em seguida, comece por reunir
todos os documentos que comprovam os seus relatos, desde fotografias, a
cartas, a certificados, a contratos, tudo o que possa demonstrar sem sombra de
dúvida, aquilo que relata.

Pense que está fazendo prova de tudo o que conta como verdade, e que para
tal, precisa apresentar documentos. É uma forma de descobrir novas coisas e
ao mesmo tempo de relembrar partes que podiam estar esquecidas.

4oPasso: Problematizar

Releia agora tudo o que já escreveu. Faça essa leitura tendo como base dois
pontos de vista:

a) O que foram vivências pessoais e o que foram aprendizagens profissionais.


(Registre na sua história de vida).
b) O que aprendi em cada um dos momentos mais importantes da minha vida ao
nível pessoal, profissional e no relacionamento com os outros.

5oPasso: Reescrever

Agora que pensou todas estas vertentes da sua vida, reescreva as partes que
acha que merecem ser melhoradas, acrescentadas e/ou destacadas.

Lembre-se que tem de explicar o que aprendeu com os certificados que agora
tem na sua posse, assim como, as fotografias, não bastando fazer uma legenda.

Imagine que está contando a história daquele momento. Mais do que indicar,
procure descrever.

6.o Passo - Propor


Uma das atividades a ser realizada e que, geralmente, dá muito resultado na
melhoria da autobiografia/história de vida é bastante simples:

Dê o que escreveu a alguém que o/a conheça bem para que leia. Solicite que
realize uma análise crítica, destacando o que falta dizer e não foi escrito por si.
Desse modo, perceberá que, no final, terá muito mais para escrever do que
pensa. Procure pensar dentro da sua esfera familiar e também na esfera
profissional.

7.o Passo - Rever

Depois de reescrever as partes que considera úteis do que lhe foi indicado
pelas pessoas que leram o seu texto, faça uma revisão completa de tudo o que
conseguiu fazer.

Lembre-se que deve constantemente responder à pergunta: por quê?


Lembre-se também que deve acabar de ler a sua história de vida e dizer:
Este sou eu!

Você percebeu que para as orientações acima necessitará de um bom


investimento do seu tempo!

Provavelmente, se você tem uma vida corrida como a minha, deve ter pensado
se é possível escrever sobre “Quem sou eu espiritualmente?”. Mas, fique
tranquilo! Trata- se, apenas, um modo de desenvolva, posteriormente, uma
autobiografia para análise pessoal.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS

Chegamos à nossa última


aula!

Procurei nesta disciplina demonstrar a relevância da espiritualidade para o viver


cristão no século XXI, em particular para a realidade da espiritualidade e teologia
brasileira. Ao apresentar as mais diversas bibliografias, apontamos para muitos
aspectos que podem ser explorados, pois, como vimos, incluem aspectos
históricos, sociais, políticos, teológicos e filosóficos que permitem uma amplitude
da temática proposta, bem como a abertura de novos questionamentos,
apontamentos e perspectivas de pesquisa que contribuam para a discussão em
torno da espiritualidade e vida cristã hodierna.

A meu ver, espiritualidade é como se expressa a fé. É a forma como vivemos os


ensinos de Jesus em perfeita consonância com a Bíblia, mas infelizmente temos
visto nos nossos dias contradições e incoerências. Convido você querido(a)
aluno(a) a ir na contramão do sistema, alinhando a sua vida aos ensinos das
Sagradas Escrituras. Todo aquele que se diz um seguidor de Jesus deve refletir o
caráter de Cristo na sua vida. Creio que a nossa oração e o nosso compromisso
como igreja de Cristo é ensinar a irmãos e amigos a refletir de forma prática as
atitudes que Cristo teria se estivesse em nosso lugar, creio que Deus não espera
menos que isso dos seus discípulos.

Que bom ter tido a oportunidade de caminhar com você por meio desta
disciplina “Teologia da espiritualidade cristã”! Como pastor, sinto-me lisonjeado
em ter vocês como companheiros e companheiras da caminhada cristã, e
apesar da distância que nos separa em Cristo estamos ligados.

Sejam vocês uma bênção!

Abraços e sucesso!
REFERÊNCIAS
:

ALVES. Rubens. Protestantismo e Repressão.Ed. Ática, Coleção


ensaios no 55.

CALVINO, João. As instituas da religião cristã. Ed. Cultura Cristã.


2006, p.36.

CORREIA JUNIOR, João Luiz. Corpo: uma abordagem bíblico-teológica.


Disponível em:

http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/index.php/artigos/corpo-
uma- abordagem-biblico-teologica>. Acesso em 26/11/2015.

TERRIN, Aldo Natale. O sagrado off limits. São Paulo: Loyola,


1998, p.251

TILLICH, Paulo. Teologia Sistemática. 2o ed. Ed.


Paulinas/Sinalda.1987. p.279.
Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o
funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas ao
curso serão disponibilizadas pela coordenação.

Grande abraço e sucesso!

Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a


organização e o funcionamento de seu curso. Outras questões
importantes relacionadas ao curso serão disponibilizadas pela
coordenação.

Grande abraço e
sucesso!

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