Você está na página 1de 12

Fórum sobre 20

a Formação 24

Lectio Orionita 1

“Preciso de
filhos santos”
Fórum sobre a Formação 2024

Lectio Orionita 1

“Preciso de filhos santos”

Esta é a primeira de uma série de Lectio Orionitas que, se realizadas em comu-


nidade, podem nos ajudar a renovar o nosso sentido de pertença a Deus com
um compromisso religioso mais sincero, à congregação com o compromisso de
viver mais profundamente e desenvolver nosso carisma, e à comunidade para
construir relacionamentos cada vez mais profundos.
A Lectio Orionita foi pensada seguindo os 5 pontos tradicionais da Lectio Divina.
Lectio
Escutemos o pai fundador
(O espírito de Dom Orione, vol. 2, n.1)

Um programa de vida
(...) Queremos estar ferventes de fé e de caridade.
Queremos ser santos que estão vivos para os outros e mortos para nós.
Cada palavra nossa deve ser um sopro de céu aberto: todos devem sentir a chama
que queima em nosso coração e a luz do nosso incêndio interior, todos devem en-
contrar Deus e Cristo em nós.
A nossa devoção não deve deixar os outros frios e aborrecidos, porque deve ser
verdadeiramente viva e cheia de Cristo.
Seguir os passos de Jesus até o Calvário e depois subir com ele até a cruz ou até os
pés da cruz para morrer de amor com ele e por ele.
Ter sede de martírio.
Servir nos homens o Filho do Homem.
Para conquistar Deus e conquistar os outros, devemos primeiro viver uma vida in-
tensa de Deus dentro de nós mesmos, ter dentro de nós uma fé dominante, ter um
ideal grande como uma chama que nos ilumina – renunciar a nós mesmos pelos
outros – fazer arder a nossa vida num ideal e num amor sagrado mais forte. Quem
obedece a dois senhores – os sentidos e o espírito – nunca conseguirá descobrir o
segredo da conquista das almas.
Devemos falar palavras e criar obras que nos perpetuem.
Mortificar-nos em silêncio e em segredo.
Siga sua vocação e permaneça fiel aos seus votos.
Tenhamos a honra em poder realizar os mais humildes serviços domésticos.
Devemos ser santos, mas tornar-nos tão santos que a nossa santidade não pertença
apenas ao culto dos fiéis, nem esteja apenas na Igreja, mas transcenda e lance na
sociedade tanto esplendor de luz, tanta vida de amor a Deus e aos homens para
sermos mais que os santos da Igreja, os santos do povo e da saúde social.
Devemos ser como uma veia profundíssima de espiritualidade mística que per-
meia todas as camadas sociais: espíritos contemplativos e ativos, “servos de Cristo
e dos pobres”.

2
Não cedam à vaidade das letras, não se deixem inflar pelas coisas do mundo.
Comunicar com os irmãos apenas para edificá-los, comunicar com os outros ape-
nas para espalhar a bondade do Senhor:
1) amar a Cristo em todos;
2) servir a Cristo nos pobres;
3) renovar Cristo em nós e restaurar tudo em Cristo;
4) salvar sempre, salvar todos, salvar à custa de cada sacrifício, com paixão reden-
tora e com holocausto redentor.
Grandes almas e grandes e magnânimos corações; consciências cristãs fortes e li-
vres que sintam a sua missão de verdade, de fé, de grandes esperanças, de amor
santo a Deus e aos homens, e que à luz de uma grande, grande fé, precisamente
(daquela) na Divina Providência, caminhem sem mácula e sem medo, per ignem
et aquam, mesmo estando entre um lamaçal de tanta hipocrisia, de tanta perver-
sidade e devassidão.
Levemos conosco e bem dentro de nós, o tesouro divino daquela caridade que é
Deus, e embora caminhando entre o povo, guardemos o silêncio celestial em nos-
sos corações, o silêncio que nenhum barulho do mundo possa quebrar (...), onde a
alma fale com os anjos e com Cristo, o Senhor.
Já não temos mais o tempo que passou. Não podemos nos assegurar do tempo que
está por vir. Portanto, só temos este tempo presente, e nada mais. Ao nosso redor
não faltarão os escândalos e a falsa modéstia dos escribas e dos fariseus, nem as
insinuações maliciosas, nem as calúnias e perseguições.
Mas, ó meus filhos, não devemos ter tempo de “olhar para trás (o arado)”, pois
tanto nos impulsiona e impele a nossa missão de caridade, tanto nos impulsiona e
queima o amor ao próximo e tanto nos consome o fogo divino ardente de Cristo.
Somos os embriagados da caridade e os loucos da cruz de Cristo crucificado.
Sobretudo com uma vida humilde, santa e cheia de bem, ensinando aos pequenos
e aos pobres a seguirem o caminho de Deus.
Vivamos numa esfera luminosa, inebriados pela luz e pelo amor divino de Cristo e
dos pobres e do orvalho celestial, como a cotovia que voa, cantando ao sol. A nossa
mesa seja como uma antiga ágape cristã.
Almas! Almas!
Ter um grande coração e a divina loucura das almas.

3
Meditatio

Apresentação do texto

Dom Orione nunca publicou este texto, nem o inseriu em nenhuma carta.
São anotações que ele fez para si mesmo, talvez para refletir pessoalmente,
talvez porque pensou em desenvolvê-las mais tarde. Eles foram recolhidos
por Dom Zambarbieri, que então se tornou Superior Geral e inseriu este tex-
to em uma publicação intitulada: “Servir nos homens o Filho do Homem”
(Tortona, 13/04/1972). O estilo sucinto destas anotações torna possível a re-
flexão mais direta e mais ampla, mesmo que talvez dificulte a compreensão
do que estava passando por sua mente e alma quando ele as escrevia e as lia.
As anotações foram provavelmente feitas em 1939. Estamos assim, no final
da vida de Dom Orione, onde ele já tinha graves problemas de saúde, mas seu
espírito não desiste, está mais ardente do que nunca e sente mais do que nun-
ca a necessidade de fazer o bem, de salvar as almas, mas também se dá conta
disso: que precisamos ir à raiz, ao essencial que ele encontra no amor a Cris-
to. 1939 é também o ano da guerra mundial. Em 1938, Hitler tinha invadido
a Áustria e estava claro que não iria parar por aí. No dia 1º de setembro de
1939, Hitler invade a Polônia e dois dias depois, França e Inglaterra declaram
guerra à Alemanha. A Congregação continua a crescer sob o olhar atento do
Visitador Apostólico.
No fundo, Dom Orione está mais consciente de que “só a Caridade salvará o
mundo”, mas esta caridade tem a C maiúscula porque para ser eficaz deve ser
participação na própria natureza de Deus/Amor.
Nesta primeira Lectio somos chamados a concentrar-nos no aspecto espiri-
tual da nossa vida.
Nos consagramos a Deus, oferecemos a Ele toda a nossa vida, mas Deus ain-
da é relevante em nossa vida, em nossas atividades?
Quanto tempo dedicamos ao nosso relacionamento pessoal com Ele?
Vamos refletir sobre a nossa situação espiritual ajudados por algumas pro-
vocações.

4
Cada religioso deve ler e refletir o tex-
to pessoalmente alguns dias antes da
Para a reflexão reunião comunitária, talvez durante a
meditação pessoal, como preparação para
pessoal a reunião da Lectio Orionita comunitá-
ria em si, mas também como momento de
exame pessoal sobre sua própria situação.
Dom Orione me provoca com seu fogo. Qual
é a minha situação? O que posso fazer para rea-
cender o fogo dentro de mim? As perguntas a seguir são apenas ferramentas
para um exame de consciência. Muitas outras poderiam ser usadas ou muitas
delas podem até ser inúteis para mim. O importante é que eu me coloque com
sinceridade diante do Senhor.

✓✓ Meu coração ainda está em chamas por Cristo?

✓✓ Quanto tempo dedico à oração pessoal (fora os momentos de oração


comunitária)?

✓✓ Que tipo de oração faço quando estou face a face com Deus?

✓✓ Como faço minha meditação (quanto tempo dedico a ela, quais textos
uso, quanto tempo passo lendo e quanto tempo pensando)?

✓✓ Quanta relevância tem o exame de consciência diário na minha vida?

✓✓ A Palavra de Deus que proclamo todos os dias na liturgia e da qual


talvez dou alguma explicação na homilia, também toca a minha vida
ou eu faço e digo apenas para os outros?

✓✓ Tenho um confessor fixo e busco a confissão regularmente?

✓✓ Tenho um diretor espiritual com quem verifico regularmente os meus


progressos ou regressos na minha vida espiritual?

✓✓ Consigo manter minha espiritualidade atualizada com alguns “novos


nutrientes” de leitura espiritual?

5
Para Como explicamos para a reflexão pessoal, o
o momento da texto de Dom Orione é o ponto de partida,
mas não deve permanecer em temas genéri-
celebração comu- cos. Não precisamos falar sobre o texto ago-
nitária da ra, mas de nós mesmos: do que podemos fazer
Lectio Orionita para ser fiéis a este texto e o que o seu exemplo
nos inspira a sermos mais enraizados em Cristo.

✓✓ Breve partilha do que aconteceu nos dias


anteriores e do que cada um de nós refletiu pessoalmente.

✓✓ Qual frase de Dom Orione me marcou?

✓✓ O que essa frase significa para mim e o que ela inspira em mim?

✓✓ Como comunidade, quanto rezamos juntos?

✓✓ Podemos em sã consciência, dizer que isto é suficiente ou poderíamos


fazer mais?

✓✓ Além da recitação do breviário ou de outras “orações corriqueiras”,


existem outros momentos de partilha espiritual (Lectio Divina, parti-
lha durante os retiros mensais, homilias participadas)?

✓✓ Os momentos de celebração feitos em comunidade como a recitação


diária do breviário, é feito com calma, dando espaço para reflexão ou
é feito apressadamente e mecanicamente?

✓✓ Podemos verdadeiramente dizer que a nossa comunidade se alimenta


de encontros com Deus que nos beneficiam?

✓✓ Que uso fazemos dos numerosos recursos que o Capítulo, o Conselho


Geral e o Conselho Provincial nos enviam?

Para que a Lectio seja frutífera é bom manter um diálogo aberto e sincero
sobre estes e outros pontos que julgarmos apropriados. Não é um simples exer-
cício verbal, mas deve estabelecer as bases para um sentimento sincero de “em
sã consciência, devo fazer algo para mudar”.

6
Contemplatio
Depois do diálogo comunitário, cada um de nós reconhece que fomos enrique-
cidos da contribuição dos outros confrades. Então é oportuno deixar um mo-
mento de silêncio (cerca de 5 minutos), para que todos reabram o seu diálogo
interior com Deus. Dom Orione nos provocou, sinto-me distante do seu nível
de santidade e sinto necessidade de fazer algo mais.

Oratio
O encontro com Deus não pode permanecer apenas interno ou ao nível da
mente; precisa transformar-se em duas direções concretas. A primeira é a ora-
ção. Então é bom neste momento, abrir espaço para algumas invocações. A
forma pode variar. Há quem saiba usar o estilo das orações dos fiéis, há quem
consiga criar uma oração mais longa e complexa, há quem saiba cantar ou
quem prefira dar espaço ao Espírito que age em nós.

Actio
Esta é a segunda forma de ação concreta à qual a Lectio nos deve conduzir.
Aquilo que o Espírito despertou em nós durante a reflexão, deve agora trans-
formar em ações concretas. Podem ser coisas pequenas, mas concretas e dura-
douras. A gota d’água caindo constantemente durante 24 horas por dia, sacia
mais a sede da terra do que uma tempestade.

✓✓ O que podemos fazer como comunidade para melhorar e aumentar a


nossa união com Deus, para colocar Cristo no centro da nossa vida,
dos nossos dias e do nosso apostolado?

✓✓ O que posso fazer pessoalmente?

7
Importante:
Para que o compromisso de vocês
não permaneça uma experiência isolada,
comuniquem e enviem os frutos da sua
reflexão comunitária para a Província, como
um enriquecimento para outras comunidades.
Pedimos também que evidenciem os aspectos
que vocês considerarem mais importantes
para o crescimento da Província e
da Congregação.

8
Pequena Obra da Divina ProvidÊncia
Cúria Geral
Via Etruria 6, 00183 Roma
Tel. + 39 06 7726781 - e-mail: fdp@pcn.net

9
«Levemos conosco e bem dentro de nós, o tesouro divino
daquela caridade que é Deus, e embora caminhando entre o
povo, guardemos o silêncio celestial em nossos corações, o
silêncio que nenhum barulho do mundo possa quebrar (...), onde
a alma fale com os anjos e com Cristo, o Senhor».

Você também pode gostar